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MÓDULO I – PARTE II

O Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto sobre o Meio


Ambiente são um conjunto. A diferença entre estes dois documentos é que
apenas o RIMA é de acesso público, pois o EIA contém maior número de
informações sigilosas a respeito da atividade. Assim, o texto do RIMA deve ser mais
acessível ao público, e instruído por mapas, quadros, gráficos e tantas outras
técnicas quantas forem necessárias ao entendimento claro das consequências
ambientais do projeto.

O EIA/RIMA é feito por uma equipe multidisciplinar, pois deve considerar


o impacto da atividade sobre os diversos meios ambientais: natureza,
patrimônio cultural e histórico, o meio ambiente do trabalho e o antrópico. O
EIA/RIMA cumpre o princípio da publicidade, pois permite a participação
pública na aprovação de um processo de licenciamento ambiental que contenha
este tipo de estudo, por meio de audiências públicas com a comunidade que
será afetada pela instalação do projeto. O conteúdo de um EIA/RIMA é estipulado
por termo de referências dos órgãos ambientais competentes e pela legislação
pertinente, como demonstra o extrato abaixo da Resolução CONAMA nº 001 de
1986.

Artigo 6º - O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no


mínimo, as seguintes atividades técnicas:

I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto,


completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas
interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação
ambiental da área, antes da implantação do projeto,
considerando:

a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando


os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os
corpos d'água, o regime hidrológico, as correntes marinhas,
as correntes atmosféricas;

b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e


a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade
ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas
de extinção e as áreas de preservação permanente;

c) o meio socioeconômico - o uso e ocupação do solo, os


usos da água e a socioeconomia, destacando os sítios e
monumentos arqueológicos, históricos e culturais da
comunidade, as relações de dependência entre a sociedade
local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura
desses recursos.

II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas


alternativas, por meio de identificação, previsão da magnitude e
interpretação da importância dos prováveis impactos
relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos
(benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a
médio e longo prazo, temporários e permanentes; seu grau
de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas;
a distribuição dos ônus e benefícios sociais.

III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos,


entre elas os equipamentos de controle e sistemas de
tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma
delas.

lV - Elaboração do programa de acompanhamento e


monitoramento (os impactos positivos e negativos, indicando os
fatores e parâmetros a serem considerados).

1.1.2.5 Legislação ambiental brasileira relevante

É sempre importante lembrar que é fundamental para um perito


ambiental conhecer a legislação da área, principalmente a pertinente ao caso
periciado, pois é a legislação que fornece o embasamento necessário para a
execução da perícia. Sendo assim, abaixo segue um levantamento de algumas das
principais leis, resoluções e portarias relevantes nas diferentes ramificações
existentes dentro da área ambiental:

Lei da Política Nacional do Meio Ambiente - Lei 6.938/1981;

Lei da Ação Civil Pública – Leis 7.347/1985 e 11.448/2007;

Água: Política Nacional de Recursos Hídricos – Lei 9.433/97: instituiu a Política


Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos;

Resolução CONAMA nº 357/2005: estabelece a classificação dos corpos


d’água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento;  Lei 9.966/2000:
estabelece a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por
lançamento de óleo e outras substâncias nocivas e perigosas em águas sob
jurisdição nacional;

Portaria do Ministério da Saúde nº 518/2004: estabelece os


procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade
da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade;

Saneamento Básico: Lei 11.445/2007: estabelece diretrizes nacionais para o


saneamento básico;

Lei de Crimes Ambientais – Lei 9.605/1998: dispõe sobre as sanções penais e


administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente;

Observações: Quando a Lei Federal de crimes ambientais foi criada, além


de dar proteção para a fauna, flora, patrimônio cultural e o ordenamento
urbano e a administração ambiental, ela trouxe novidades como a prestação de
penas alternativas para pessoas jurídicas, como as do seu art. 23, que consistem
em recuperação de áreas degradadas, custeio de programas e projetos
ambientais, contribuição para entidades ambientais e culturais e manutenção de
espaços públicos. Inovou também ao trazer a desconsideração da pessoa
jurídica, que antes impedia que as punições passassem da figura da empresa, e
causando situações em que empresas apenas trocavam de nome ou usavam
nomes fantasmas para fugir das multas ambientais. Agora, mesmo que o dono
alegue que a empresa fechou as portas e não tem mais dinheiro, o patrimônio
pessoal do dono responde pela recuperação dos danos ambientais causados.
Na Lei de Crimes Ambientais a valoração das multas varia de R$ 50,00 a R$
50.000.000,00 e os valores arrecadados são destinados ao Fundo Nacional do
Meio Ambiente e outros fundos estaduais e municipais;

Áreas de Preservação Permanente: Código Florestal - Lei 4.771/1965: institui o


novo Código Florestal. Define áreas de preservação permanente e reserva legal;

Resolução CONAMA nº 302/2002: dispõe sobre os parâmetros,


definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios
artificiais e o regime de uso do entorno;

Unidades de conservação – Lei 9.985/2000: cria o Sistema Nacional de


Unidades de Conservação – SNUC;

Zoneamento Industrial nas Áreas Críticas de Poluição - Lei


6.803/1980: dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento
industrial nas áreas críticas de poluição;

Substâncias controladas e poluentes: Resolução CONAMA nº 23/1996:


regulamenta a importação e uso de resíduos perigosos;

Resolução CONAMA nº 257/1999: estabelece que pilhas e baterias que


contenham em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos
tenham os procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição
final ambientalmente adequados;

Resolução CONAMA nº 267/2000: proibição de substâncias que destroem


a camada de ozônio;

Resolução CONAMA nº 358/2005: dispõe sobre o tratamento e a


disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências;

Agrotóxicos: Lei 7.802/1989: Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação,


a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a
comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a
exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o
controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá
outras providências;

Resolução CONAMA nº 334/2003: Dispõe sobre os procedimentos de


licenciamento ambiental de estabelecimentos destinados ao recebimento de
embalagens vazias de agrotóxicos.

1.2 IMPACTOS E PASSIVOS AMBIENTAIS

Antes de aprofundar no conteúdo sobre Perícia Ambiental é necessário


introduzir alguns conceitos importantes, como impacto, poluição e passivo
ambiental. A definição de conceitos é fundamental nesta área do
conhecimento, pois uma Perícia Ambiental bem feita depende, acima de tudo, da
capacidade de fundamentação teórica do perito.

1.2.1 Impacto e Poluição Ambiental

A resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA nº 001


de 1986, em seu Artigo 1º, considera impacto ambiental como sendo:

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e


biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das atividades humanas que,
direta ou indiretamente, afetam:

I. a saúde, a segurança e o bem-estar da população;


II. as atividades sociais e econômicas;
III. a biota;
IV. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V. a qualidade dos recursos ambientais.

Todo impacto ambiental tem uma ou mais causas e são o resultado das
ações humanas sobre os aspectos ambientais (Vide figura 4).

FIGURA 3 – RELAÇÃO ENTRE AÇÕES HUMANAS, ASPECTOS E IMPACTOS


AMBIENTAIS.
A causa do impacto ambiental, muitas vezes, tem relação direta e
indireta com a poluição ambiental. A definição de poluição ambiental é muito
semelhante à definição de impacto ambiental, no entanto, um impacto
ambiental pode ser negativo ou positivo, ou seja, ele pode tanto trazer
prejuízos como benefícios.

Podemos dizer também que um impacto ambiental é significativo (IAS),


quando este é importante em relação a outros impactos, que poderiam ser
julgados mais como efeitos, ou seja, como simples consequências de uma
modificação induzida pelo homem, sem um valor econômico.

A Lei nº 6.938, de 1981, que trata da Política Nacional de Meio


Ambiente, traz duas definições fundamentais para qualquer Perícia Ambiental:

II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa


das características do meio ambiente;

III - poluição, a degradação da qualidade ambiental


resultante de atividades que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da


população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio
ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os
padrões ambientais estabelecidos.

É muito importante interpretar o item e) da definição acima: a poluição pode


ser causada por empreendimentos que disponham no meio ambiente efluentes,
emissões, resíduos ou energia acima dos padrões ambientais estabelecidos.
Lembrando que um dos instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente é
o estabelecimento de padrões ambientais, que é efetuado pelo Conselho
Nacional de Meio Ambiente por meio das suas resoluções.

Verificamos assim a importância do estabelecimento de padrões


ambientais como instrumento de controle e de manutenção da qualidade ambiental.
O estabelecimento de padrões ambientais está relacionado ao conceito de
capacidade de suporte do meio, que é o nível de utilização dos recursos naturais
que um sistema ambiental ou um ecossistema pode suportar, garantindo-se a
conservação de tais recursos. Não importa se o recurso é renovável ou não
renovável, o meio ambiente sempre tem uma capacidade máxima de suporte
relacionada ao tempo que aquele recurso leva para se regenerar naturalmente
(exemplo: capacidade de autodepuração de corpos d’água). Assim, o
estabelecimento de padrões ambientais visa manter a exploração dos recursos
naturais dentro da capacidade de suporte do meio.

A maneira de gerir a utilização dos recursos naturais é o fator que


determina os impactos ambientais das ações antrópicas que serão gerados
sobre o meio ambiente. O grau de impacto é função de três variáveis: a
diversidade dos recursos extraídos do ambiente, a velocidade de extração
destes recursos (se permite ou não a sua reposição), e a forma de disposição e
tratamento dos seus resíduos e efluentes. A figura 4 abaixo exemplifica o
processo de geração de um impacto ambiental.

FIGURA 4 – EXEMPLIFICAÇÃO DO PROCESSO DE GERAÇÃO DE UM IMPACTO


AMBIENTAL.
Juntamente com o aumento exponencial da população mundial e o seu
processo de urbanização, o avanço do consumo de energia e a intensificação do
processo de industrialização têm colaborado intensamente com a geração de
poluição e impactos ambientais por meio das emissões de poluentes e
resíduos gerados pela utilização de diferentes recursos naturais.

Em geral, empresas do ramo industrial possuem os mais altos impactos


ambientais justamente porque possuem processos produtivos que geram
inúmeros poluentes, o que explica também porque as indústrias oferecem mais
riscos ocupacionais para aos seus trabalhadores e para o meio ambiente. Neste
contexto torna-se importante a adoção de estudos técnicos, como o EIA/RIMA,
que visam criar projetos e programas para a diminuição dos
impactos ambientais das atividades. (Vide figura 5)

FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DE ESTUDOS


A grande conclusão é que a geração de impactos ambientais está
relacionada aos aspectos ambientais das atividades humanas, conforme
exemplifica a figura 6 abaixo.

FIGURA 6 – EXEMPLOS DE RELAÇÕES ATIVIDADE-ASPECTO-IMPACTO


AMBIENTAL

As áreas de influência são àquelas em que podem ser observados os efeitos


do impacto ambiental. Como vimos anteriormente, a avaliação é um processo
de exame dos impactos ambientes que podem ser gerados futuramente a partir
de uma ação proposta. Assim, em geral, é no âmbito do estudo de impacto
ambiental que são determinadas as futuras áreas de influência direta e indireta
do empreendimento.
A área de influência indireta compreende a faixa em que os efeitos são
sentidos de modo diluído ou indiretamente. Geralmente estes impactos estão
relacionados com os conflitos potenciais resultantes da instalação da atividade
no espaço rural ou urbano ou com a perturbação de usos consolidados da
área.

Já a área de influência direta geralmente envolve àquela em que o


empreendimento será instalado e que será afetada diretamente, por exemplo,
desmatamento e terraplanagem para a execução da obra. O rio que será o
corpo receptor do efluente da atividade, etc. É nessa área que aparecem os
principais impactos ambientais decorrentes da instalação e operação da
atividade. Os impactos ambientais significativos geralmente ocorrem na área de
influência direta do empreendimento.

1.2.3 Passivo Ambiental

Segundo Sánchez (2001), o passivo ambiental representa o acúmulo de


danos ambientais que devem ser reparados a fim de que seja mantida a
qualidade ambiental de um determinado local. Assim, o passivo ambiental
representa uma obrigação, a obrigação de promover investimentos em ações para a
extinção ou amenização dos danos causados por uma determinada atividade ao
meio ambiente.

O passivo ambiental também pode ser entendido como o valor


econômico de um impacto ambiental que não foi mitigado. Após o término da obra,
os impactos não mitigados passam a exigir um valor econômico para sua
recuperação, este valor é o passivo ambiental.

A essência do passivo ambiental está no controle e reversão dos


impactos das atividades econômicas sobre o meio natural, envolvendo,
portanto, todos os custos das atividades que sejam desenvolvidas nesse
sentido, podendo os danos ambientais serem relativos a recursos hídricos, à
atmosfera, ao solo e ao subsolo, perda da biodiversidade, danos à saúde e à
qualidade de vida, impactos na atividade econômica e, por fim, impactos sociais
e culturais. (MALAFAIA, 2004,p.21).

Analisando a figura 7 abaixo, percebemos que a avaliação de impacto


ambiental está relacionada aos danos futuros, enquanto a avaliação de dano
ambiental está relacionada a danos que já aconteceram no passado, portanto
precisam ser recuperados, constituindo-se assim no passivo ambiental da
atividade em questão.

A avaliação de danos ambientais é realizada por meio de um diagnóstico


ambiental, que é um estudo que objetiva descrever as condições ambientais
existentes em uma determinada área no momento presente. Para acabar com um
passivo ambiental é necessário um investimento financeiro, que muitas vezes
não trará nenhum outro benefício a não ser o ambiental, assim, ocorre
frequentemente de ninguém querer assumir a responsabilidade de um passivo
ambiental.

No entanto, os agentes degradadores deviam assumir sua


responsabilidade social, pois ainda que os investimentos na área ambiental e,
portanto, o reconhecimento de seus passivos ambientais possam gerar custos
diretos, com certeza em períodos futuros eles trarão alguns benefícios, já que
evitarão multas e todas as demais formas de penalidades, contribuirão para a
redução de custos e para a melhoria da imagem da empresa perante a
sociedade.

1.3 PERÍCIA

Segundo o Dicionário Aurélio, perícia quer dizer “habilidade, destreza,


conhecimento, ciência”, como também “vistoria ou exame de caráter técnico e
especializado”. Uma definição mais completa para perícia no sentido de vistoria ou
exame de caráter técnico e especializado é a seguinte:

Exame realizado por técnico, ou pessoa de comprovada aptidão e


idoneidade profissional, para verificar e esclarecer um fato, ou estado ou a
estimação da coisa que é objeto de litígio ou processo, que com um deles tenha
relação ou dependência, a fim de concretizar uma prova ou oferecer o
elemento que necessita a justiça para poder julgar. (CUNHA; GUERRA, 2000,
p.337-339).
Ou seja, em outras palavras, uma perícia é o procedimento de
investigação, feita por um profissional habilitado, que visa provar ou esclarecer um
fato, por intermédio de um exame, vistoria e avaliação de caráter técnico e
especializado. Na humanidade, o surgimento da perícia foi no ramo da
Medicina Legal visando esclarecer principalmente crimes a partir de vestígios
corporais. Com o passar dos anos e o aumento do conhecimento científico,
outros profissionais passaram a empregar a perícia em suas atividades,
principalmente na esfera criminal.

Atualmente, a perícia é um procedimento realizado nas mais diversas áreas


do conhecimento e no Brasil encontra-se incluso nas três esferas do direito
brasileiro: criminal, administrativa e civil. No direito brasileiro, o resultado das
perícias, conhecido como laudo pericial, é um dos meios de prova e elementos
subsidiários utilizados pelo juiz para proferir a sentença.

No entanto, a perícia não obriga o magistrado a decidir a favor da sua


conclusão, ele pode arbitrar livremente, a perícia apenas serve como
fundamentação para o seu processo de tomada de decisão. Concluímos, então,
que a perícia tem o importante papel de servir como geradora de subsídios,
práticos e verídicos sobre o caso, nos processos jurídicos.

1.3.1 Definição de Perícia Ambiental

Segundo Lazzarini (2005), a Perícia Ambiental é um importante


instrumento para a preservação do meio ambiente e destina-se à avaliação dos
danos ambientais, causados por ação de pessoa, seja ela física ou jurídica, de
direito público ou privado, que venham a resultar na degradação da qualidade
ambiental.

Como veremos no Módulo II, em termos de procedimento processual, as


perícias ambientais não diferem das perícias comuns, consistindo no exame,
vistoria e avaliação, utilizando as mesmas regras do Código de Processo Civil e
de legislações pertinentes, no entanto, elas atendem a demandas específicas
relacionadas às questões ambientais. É importante entender que a perícia
judicial ambiental é apenas um segmento da perícia judicial como um todo.

O histórico da Perícia Ambiental no Brasil por ser dividido em duas


fases:

Antes da Lei de Crimes Ambientais (9.605/98);

Depois da Lei de Crimes Ambientais (9.605/98): pois diversos tipos de


atividades relacionadas ao meio ambiente, como, por exemplo, o transporte de
madeira irregular, passaram a ser considerados crimes. Vários artigos desta lei
preveem a necessidade de Perícia Ambiental no âmbito administrativo, civil e
criminal.

1.3.2 Laudo Pericial

Podemos definir Laudo Pericial como:


O resultado da perícia, expresso em conclusões escritas e fundamentadas,
onde serão apontados os fatos, circunstâncias, princípios e parecer sobre a
matéria submetida ao exame do especialista, adotando-se respostas objetivas
aos quesitos. (BUSTAMANTE, 1994 apud QUEIROZ, 2006, p.95).

Na definição acima consta que o resultado da perícia deve ser expresso


em conclusões escritas e fundamentadas. Esta fundamentação constitui-se no
embasamento teórico e legal que o perito deve levantar sobre o caso. Em outras
palavras, o laudo pericial é o relatório final do profissional designado para
avaliar o caso por meio da perícia, que deve ser fundamentado através de teoria
comprovada e legislação pertinente. Segundo Almeida (2006), laudos “são
conclusões escritas e fundamentadas, nos quais serão apontados circunstâncias e
pareceres submetidos ao exame do especialista, adotando-se respostas objetivas ao
assunto.” (ALMEIDA, 2006).

No âmbito do Direito, o laudo pericial é utilizado como prova e subsídio para


ajudar a solucionar dúvidas em processos jurídicos. Na solicitação de uma perícia, o
juiz já determina os quesitos, ou as dúvidas sobre o caso, que devem ser
respondidos no âmbito do laudo pericial. Esse deve ter o formato de um
relatório, ou seja, conter uma descrição minuciosa do caso, como histórico,
objetivo, lista de documentos analisados, material e metodologias utilizadas na
perícia, constatações, fundamentação, discussão e conclusão.

É muito importante que o laudo pericial seja escrito de forma


compreensível ao leigo naquela matéria, visando perfeito entendimento de
qualquer pessoa que o leia e, principalmente, quando for o caso, do juiz e das partes
do processo. Além disso, o laudo pericial deve possuir clareza, objetividade,
precisão, ser conciso, veracidade (não pode contar alegações falsas), ordenação
lógica, esmero de apresentação e linguagem apurada e gramaticalmente correta.

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