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1.

O O Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD se refere a um


conjunto de atividades a serem executadas a fim de recuperar o equilíbrio
em áreas que sofreram degradação. Ele visa reunir informações,
diagnósticos, levantamentos e estudos que proporcionem avaliar a
degradação ou alteração ocorrida, e define as medidas adequadas para a
recuperação da área através do plantio e isolamento da mesma. O PRAD é
solicitado por órgãos ambientais como parte integrante do processo de
licenciamento de atividades degradadoras ou após o empreendimento ser
punido administrativamente por causar degradação ambiental. Para tal, a
elaboração do mesmo deve ser realizada por profissional habilitado,
vinculado a um registro de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) do
conselho de classe. Diante do exposto, responda as questões abaixo:
1.1.O que é um Área Degradada?
Definem-se como ecossistema degradado aquele que sofreu perturbações
antrópicas, levando-o a diminuição de sua resiliência e com perda de espécies e interações
importantes, mas mantendo meios de regeneração biótica (CARPANEZZI, 2005).

1.2.O que é Recuperação?


A visão científica e o espírito das leis concebem a recuperação ambiental como a
reaproximação, o quanto possível, das condições originais da flora, fauna, solo, clima e
recursos hídricos que existam originalmente no local. Segundo Durigan (2009),
recuperação ambiental boa é recuperação de ecossistema.
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC - Lei nº 9985 de 2000)
os conceitua assim: Recuperação: “restituição de ecossistema ou de uma população
silvestre degradada a uma condição não degradada que pode ser diferente de sua condição
original”.
Recuperação: associada à ideia de que o local alterado seja trabalhado de modo a
que as condições ambientais se situem próximas às condições anteriores à intervenção,
ou seja, trata-se de devolver ao local o equilíbrio e a estabilidade dos processos ambientais
ali atuantes anteriormente.
Recuperação é a restituição de uma área degradada e respectivo ecossistema a uma
condição mais próxima possível de sua condição original, mas que pode ser diferente
desta. Existem vários modelos e técnicas para a recuperação de uma área degradada, cuja
escolha depende da situação de degradação da área e das condições de regeneração do
ecossistema afetado. É por isso que há necessidade, para cada caso, de um Plano de
Recuperação de Área Degradada (PRAD) específico.
1.3.Qual a legislação e normas utilizadas para o PRAD?
Lei Federal n° 9.985/2000;
No caso de utilização de insumos para controle de pragas e doenças, estes deverão
estar de acordo com o anexo VIII da Instrução Normativa nº 64/ 2008 do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que regulamenta a agricultura orgânica no Brasil;
Lei da Mata Atlântica (Lei Federal nº 11.428, de dezembro de 2006);
Seguindo o estabelecido pelo Código Florestal, Lei N° 12.651/2012 (BRASIL, 2012);

1.5.A elaboração do PRAD consiste em quais etapas?


O Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) Neste roteiro, o PRAD é tratado
como um documento que orienta a execução e o acompanhamento ou monitoramento da
recuperação ambiental de uma determinada área degradada. O PRAD deve contemplar
aos seguintes quesitos:
a) Caracterização da área degradada e entorno, bem como do(s) agente(s)
causador(es) da degradação;
b) Escolha de proposta de recuperação para a área degradada;
c) Definição dos parâmetros a serem recuperados com base numa área adotada como
referência ou controle;
d) Adoção de um modelo de recuperação;
e) Detalhamento das técnicas e ações a serem adotadas para a recuperação;
f) Inclusão de proposta de monitoramento e avaliação da efetividade da recuperação;
e
g) Previsão dos insumos, custos e cronograma referente à execução e consolidação da
recuperação.
O PRAD deve ser elaborado e acompanhado por profissional habilitado e deve ser
vinculado a um registro de anotação de responsabilidade técnica (ART) no conselho de
classe.

2. Um determinado bairro está localizado em uma área de risco. Após chuvas


intensas no local há a possibilidade de ocorrência de escorregamentos. Você
foi contratado para mapear feições indicadoras de riscos nesta área. Quais
feições você procuraria identificar no campo? Teoricamente, quais medidas
você poderia propor?
Antes de ocorrer um escorregamento, a encosta da sinais que está se
movimentando. A observação desses sinais é muito importante para a classificação do
risco e a retirada preventiva dos moradores e a execução de obras de contenção.
Primeiramente, deve ser identificados os indicadores naturais (ex: vegetação,
relevo, cobertura superficial e drenagem) e antrópicos (ex: número de moradias, padrão
urbano, tipologia das construções, distância das moradias em relação às encostas e ao
canal de drenagem, entre outros)
Sinais de Movimentação (Feições de instabilidade):
Algumas das principais feições a serem observadas são: Cicatrizes de
escorregamento, trincas, e os degraus de abatimento, outra feição importante é a
inclinação de estruturas rígidas como árvores, postes e muros e o “embarrigamento” de
muros e paredes. A inclinação pode ser fruto de um longo rastejo, denotando que a área
tem movimentação antiga
Medidas estruturais:
Drenagem: O ordenamento do escoamento das águas superficiais é uma das medidas
estruturais mais importantes para a prevenção de acidentes de escorregamentos em áreas
de risco que têm por objetivo captar e conduzir as águas superficiais e subterrâneas das
encostas, evitando a erosão, infiltração e o acúmulo da água no solo, responsáveis pela
deflagração de escorregamentos. (Oliveira et al., 1995)
Recobertura Vegetal: Plantio de espécies de arvores adequadas e gramíneas, a
recomposição da cobertura vegetal interfere no processo precipitação-vazão, reduzindo
as vazões máximas devido ao amortecimento do escoamento.
Contenção De Encostas: Retaludamentos e aterros
4. Solos e águas subterrâneas podem ser contaminados a partir de diversas
fontes, como atividades industriais e descarte inadequado de resíduos. Após
uma investigação detalhada e avaliação dos riscos é possível solucionar o
problema. Há tecnologias e profissionais disponíveis para remediar o passivo
ambiental e tornar a área apta para futuros empreendimentos. Você é este
profissional, como irá resolver?
O Brasil é um dos maiores produtores de etanol do mundo, e devido aos avanços
tecnológicos em que a produtividade aumenta com custos bem inferiores às produções
internacionais, o Brasil alcançou a liderança em produção de etanol de cana-de-açúcar.
(SILVA,2010)
As Usinas de Álcool e Açúcar Usinas produzem a vinhaça, um resíduo que devido
ao seu alto potencial poluidor e pela grande quantidade gerada, a vinhaça foi durante
muito tempo considerada como um problema ambiental, depositada inadequadamente
gerando contaminação e passivos ambientais. (CORAZZA, 2001; UNICA, 2013)
Entretanto por ser rica em água e nutrientes quando introduzida em quantidade adequada,
este efluente promove a melhoria da fertilidade do solo além da economia de água para
irrigação, sabendo que, em torno de 70% da água utilizada no mundo é destinada a
irrigação de culturas agrícolas. (BRAGA et al., 2005)
Para evitar alta contaminação do lençol freático, o órgão ambiental exige poços de
monitoramento em áreas de fertirrigação (MELLISSA, 2000; REGO, 2006).
O monitoramento ambiental tem grande impacto positivo pois permite avaliar, quali e
quantitativamente, as condições dos recursos naturais em um determinado momento,
assim como as tendências ao longo do tempo. Esta ferramenta pode ser realizada
isoladamente, quando se faz determinado estudo em uma área, mas também é um
instrumento de gestão ambiental de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) essencial, que
garante a melhoria e eficiência das medidas mitigadoras, definidas a partir do EIA,
assegurando o efetivo funcionamento dos processos estabelecidos para proteger o
ambiente e atingir os resultados esperados. (SANCHEZ, 2006; BRASIL, 1986)
Como profissional em Engenharia Ambiental, para resolver este problema realizaria um
diagnóstico da área de estudo para delimitação dos pontos de monitoramento dos cursos
d’água superficiais próximos às áreas: de aplicação de vinhaça, dos canais de distribuição
e dos tanques de armazenamento. Ainda na etapa de diagnóstico seria estudados alguns
pontos como: perfil litológico e construtivo dos poços de monitoramento; vazão e classe
do(s) corpo(s) d’água; tipo de solo; histórico de uso e ocupação do solo; bacia e sub-bacia
hidrográfica em que está inserida a área de estudo; bioma existente, clima e formação do
sistema aquífero.
Analisaria os parâmetros físico-químicos e microbiológicos em pontos de monitoramento
em área de fertirrigação com vinhaça no decorrer do período seco e no período chuvoso.
Os parâmetros a serem analisados serão: turbidez, nitrogênio total Kjeldahl, OD
(Oxigênio Dissolvido), pH, condutividade, cor aparente, DBO 5,20 (Demanda
Bioquímica de Oxigênio), DQO (Demanda Química de Oxigênio), amônia, magnésio,
alumínio, ferro e cloreto.
Alguns parâmetros serão avaliados in situ através de aparelhos como o oxímetro (para
medir OD); turbidímetro (turbidez) e fitas para medir pH. A metodologia utilizada nos
testes laboratoriais para os demais parâmetros será realizada de acordo com Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater (SMEWW), 21st Edition.
A captação de águas subterrâneas seguirá a metodologia da Norma 6410 da CETESB
(Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) do ano de 1988, que dispõe sobre
Amostragem e monitoramento das águas subterrâneas. Para amostragem das águas
superficiais será utilizada a metodologia descrita na Norma Brasileira da ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas) n° 9897 de 1987, que versa sobre o
Planejamento de amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores.
Procuraria analisar a qualidade da água subterrânea através do comparativo dos
parâmetros hidrobiológicos dos poços de monitoramento com os seus valores máximos
permitidos de acordo com a resolução CONAMA nº 396, de 03 de abril de 2008. O
mesmo processo seria aplicado com a qualidade da água superficial, entretanto, de acordo
com a resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005.
Após, buscaria captar as coordenadas geográficas e altitude de cada ponto de
monitoramento através de um GPS e medir o nível estático e profundidade de cada poço
tubular profundo para que possa ser elaborado o Mapa Potenciométrico de Fluxo no
programa Surfer. Os parâmetros serão analisados estatisticamente através da Análise de
Componentes Principais, utilizando o software vegan, plataforma R, aplicar-se-á
separadamente às amostragens nos períodos seco e chuvoso.
Espera-se que tanto as águas superficiais quanto as subterrâneas apresentem uma pequena
elevação em alguns parâmetros, entretanto que não apresentem variação na qualidade da
água, pois a aplicação de vinhaça deve ser realizada de forma adequada e, além disso, o
solo possui a capacidade de depuração.
Sendo assim, ao realizar o acompanhamento ambiental dos poços de monitoramento em
áreas com aplicação de vinhaça é possível verificar e dimensionar a magnitude dos
impactos ambientais que estão ocorrendo; auxiliar nas tomadas de decisões quanto às
correções que se fizeram necessárias durante o processo de implantação e operação, uma
vez que este permite a detecção de falhas durante a operação das atividades, tendo em
vista que a aplicação de vinhaça apresenta os melhores resultados para destinação, tanto
em termos ambientais quanto econômicos.

5. Referências Bibliográficas
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