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Impactos ambientais decorrentes do

desastre em Mariana, Minas Gerais


Prof. Dra. Larisa Ho Bech Gaivizzo
larisa@faculdadelaboro.com.br
Vídeos
• https://youtu.be/NgVB190kemY
• https://youtu.be/5FB91w694Hk
• https://youtu.be/O7l7OSFyP2w
Fontes
• “Relatório preliminar de impactos ambientais
decorrente do rompimento da barragem de
Fundão”, IBAMA/Ministério do Meio Ambiente,
2015
• “Desastre ambiental da Samarco: impactos e
recuperação”, Instituto de Estudos Avançados da
Universidade de São Paulo, 2015
• “Vale de lama. Relatório de inspeção em Mariana
após o rompimento da barragem de Fundão”.
Justiça Global, Fundação Ford, 2016
Base conceitual e classificações
• Impactos ambientais
• Desastres
• Mineração de ferro
• Rejeitos de mineração de ferro
• Barragem de rejeitos de mineração de ferro
Impactos ambientas
• Resolução CONAMA (Conselho Nacional de Meio
Ambiente) 001/1986:
“qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer
forma de matéria ou energia resultante das atividades
humanas que direta ou indiretamente afetam a saúde, a
segurança e o bem estar da população, as atividades
sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e
sanitárias do meio ambiente, e a qualidade dos recursos
naturais”
Desastre
• Resultado de eventos adversos, naturais ou
provocados pelo homem, sobre um ecossistema,
causando danos humanos, materiais e/ou
ambientais e consequentes prejuízos econômicos
e sociais
• A intensidade de um desastre depende da
interação entre a magnitude do evento e o grau
de vulnerabilidade do sistema receptor afetado
• Desastres naturais e desastres tecnológicos
• Poluição: como define a Lei 6.938/81, é:
degradação da qualidade ambiental; alteração
ecológica
– difere de contaminação -impacto ambiental
• Dano: não possui definição legal. A doutrina
entende que: “o dano ambiental deve ser
compreendido como toda lesão (destruição ou
diminuição) intolerável causada por qualquer
ação humana (culposa ou não) ao meio
ambiente... .”
Mineração
Mina à céu aberto

Trituração e britagem do minério de Fe

produto
(concentrado de oxido de Fe)
rejeito
(estéril, polpa)
Barragem de rejeitos de mineração

• O que são rejeitos de mineração? Minerais sem


interesse econômico separados do minério de
interesse por processos físicos e químicos e
armazenados; no caso de Mariana constituído de
quartzo; Polpa de sólidos e água;
• O que são barragens? estrutura projetada para
armazenar de forma segura e perene os rejeitos;
construídas de diferentes materiais, a mais
comum é com o próprio rejeito
Como é construída uma barragem de
rejeitos?
Barragens de rejeitos são seguras?
• Histórico

• Número de rupturas: queda no número total de


eventos das décadas de 60\70\80 para as décadas
atuais 90\00
• contudo são eventos mais graves
Barragens de rejeitos são seguras?
Caso Data Volume Morte Ambiente afetado
liberado
Mm3

Stava, Italia (F) 10.07.1985 0,25 269 Corregos em área de


montanhas
Los Fariles, França 24.03.1998 6,6 - 40Km de rio até a
(Zn, Cu) costa, 4634 ha
afetados, Parque
Nacional
Mt. Polley, Canadá 04.08.2014 4,5 - Córrego, lago
(Cu, Au)

Samarco, MG, Brasil 05.11.2015 62 11+(9?) 600 km rio, zona


(Fe) costeira
Prevenção de risco
• Origem tecnológica
• Formula clássica

Risco = Probabilidade de ocorrência X


Magnitude das consequências
Prevenção de Riscos
– Reduzir as probabilidades de ocorrência
Ciclo vida da barragem
• Fase de projeto
– Avaliação de terceiros
– Análise de risco (cenários acidentais)
• Fase de implantação e operação
– Monitoramento geotécnico
– Inspeções e auditorias por terceiros
– Plano de Segurança Barragens (Lei 12.334/2010)
• Fase de desativação
Prevenção de Riscos

– Reduzir e controlar a magnitude da


consequências

• Tipo de dano causado


• Antes: Localização
• Depois: Correção; Medidas de emergências
• Inspeções e auditorias por terceiros
Quando os controles falham
• Legislação internacional
– ONU (2001) Programa de Conscientização e
Preparação para Emergências a Nível Local -
APELL for Mining
– “Participação, treinamento e aviso da
comunidade”
• Legislação nacional
– Política Nacional de Segurança de Barragens
(Lei 12.334/2010) obrigatoriedade do Plano de
Ação Emergencial (PAE)
• PAE: “identifica os procedimentos e os processos que
serão seguidos pelos operadores de barragens e pelas
autoridades públicas em uma situação de emergência.
Ele é específico para cada barragem, considerando a
individualidade de cada projeto, e também a
especificidade das regiões adjacentes”, devem conter:
• características físicas e hidráulicas do empreendimento
• estudos hidrológicos
• estudos de rompimento das estruturas
• mapas de inundação decorrentes da propagação da onda de cheia
• lista com os possíveis pontos a serem atingidos
• fluxograma de notificação
• sistemas de comunicação a serem utilizados
• dimensionamento de materiais e equipamentos a serem utilizados
na ocorrência de situações de emergência
O rompimento
• No dia 05/11/2015 ocorreu o rompimento da
barragem de Fundão, pertencente ao complexo
minerário de Germano, no município de
Mariana/MG
Desastre anunciado
 PAE – simulações de emergência (Samarco); Aviso e remoção
(poder público); não havia sistema sonoros;
 EIA – somente Barra longa seria afetada diretamente
 A barragem Fundão passou por um processo de revalidação
da sua Licença de Operação (LO) em 2013
 Estudo encomendado pelo MP/MG realizado pelo Instituo
Prístino afirma que havia um risco de rompimento da
barragem do Fundão, em virtude da sinergia de impactos,
causada pela sobreposição de áreas diretamente afetadas da
Barragem do Fundão e da Pilha de Estéril União da Mina de
Fábrica Nova da Vale
Desastre anunciado
 Ainda assim, a LO foi concedida pelo COPAM/MG. Ou seja, é
possível afirmar que a empresa e o Estado de Minas Gerais
tinham ciência da possibilidade de ruptura das barragens,
razão adicional para ter sido feito um plano efetivo de
prevenção, com formação nas comunidades e sistema de
alerta em caso de rompimento
Licenciamento ambiental
• Três etapas distintas: Licenciamento Prévio (LP),
Licenciamento de Instalação (LI) e Licenciamento
de Operação (LO)
– LP - deve ser solicitada ao IBAMA na fase de planejamento da implantação,
alteração ou ampliação do empreendimento. Aprova a viabilidade ambiental
do projeto e autoriza sua localização e concepção tecnológica. Estabelece as
condições do projeto executivo
– LI - autoriza o início da obra ou instalação do empreendimento
– LO - Deve ser solicitada antes de o empreendimento entrar em operação, pois
é essa licença que autoriza o início do funcionamento do empreendimento.
Sua concessão está condicionada ao atendimento de todas as exigências e
detalhes técnicos descritos no projeto aprovado
Classificação do desastre em Mariana
• O desastre em Marina, quanto à intensidade,
classifica-se como Desastre de Nível IV, “desastre
de muito grande porte”, classificação da Defesa
Civil
• Os desastres desse último nível são caracterizados
quando os danos causados são muito importantes e
os prejuízos muito vultosos e consideráveis
• Esses desastres não são superáveis e suportáveis
pelas comunidades, mesmo quando bem
informadas, preparadas, participativas e
facilmente mobilizáveis, a menos que recebam
ajuda de fora da área afetada
• O restabelecimento da situação de normalidade
depende da mobilização e da ação coordenada
dos três níveis de governo (municipal, estadual e
federal) e em alguns casos, até de ajuda
internacional
• Quanto à evolução, o rompimento da barragem
de Fundão classifica-se como súbito, ou seja,
caracteriza-se pela subtaneidade, pela velocidade
com que o processo evolui e pela violência dos
eventos adversos causadores dos mesmos
• Mais de 60 milhões de m³ de rejeitos foram
lançados no meio ambiente, carreados aos
poucos para jusante e em direção ao mar, no
estado do Espírito Santo
• Inicialmente, esse rejeito atingiu a barragem de
Santarém logo a jusante, causando seu
galgamento e forçando a passagem de uma onda
de lama por 55km no rio Gualaxo do Norte até
desaguar no rio do Carmo
Antes do rompimento
Antes do rompimento
Depois do rompimento
Depois do rompimento
Percurso da lama
• No rio do Carmo os rejeitos percorreram outros
22 km até seu encontro com o rio Doce. Através
do rio Doce, foram carreados até a foz no Oceano
Atlântico, chegando no município de Linhares, no
estado do Espírito Santo, em 21/11/2015,
totalizando 663,2 km de corpos hídricos
diretamente impactados
Por todo o trajeto...impactos
• mortes de trabalhadores da empresa e
moradores das comunidades afetadas, sendo que
algumas ainda restam desaparecidas
• desalojamento de populações
• devastação de localidades e a consequente
desagregação dos vínculos sociais das
comunidades
• destruição de estruturas públicas e privadas
(edificações, pontes, ruas etc.)
• destruição de áreas agrícolas e pastos, com
perdas de receitas econômicas
• interrupção da geração de energia elétrica pelas
hidrelétricas atingidas (Candonga, Aimorés e
Mascarenhas)
• destruição de áreas de preservação permanente
e vegetação nativa de Mata Atlântica
• mortandade de biodiversidade aquática e fauna
terrestre
• assoreamento de cursos d´água
• interrupção do abastecimento de água
• interrupção da pesca por tempo indeterminado
• interrupção do turismo
• perda e fragmentação de habitats
• restrição ou enfraquecimento dos serviços
ambientais dos ecossistemas
• alteração dos padrões de qualidade da água
doce, salobra e salgada
• sensação de perigo e desamparo na população
Impactos Ambientais
• Vegetação
• Solo
• Água
• Ictiofauna
• Fauna
• Ecossistemas
+ Impactos Sociais
Impactos Socioambientais
Impactos à vegetação natural e às áreas de
preservação permanente (APP)

• Novo Código Florestal (Lei Federal nº


12.651/2012): APP - faixas marginais de qualquer
curso d’água natural perene e intermitente,
excluídos os efêmeros, ao longo de corpos
d'água, em zonas rurais ou urbanas
• São partes intocáveis da propriedade, onde não é
permitida a exploração econômica direta
• As vegetações nessas áreas atenuam a erosão do
solo, regularizam os fluxos hídricos e impedem o
processo de assoreamento dos cursos da água,
dentre outras funções vitais
• As APPs e as áreas de reserva legal têm um papel
fundamental no ciclo da bacia hidrológica como
um todo
• É crime ambiental destruir ou danificar floresta
considerada de preservação permanente, mesmo
que em formação, ou utilizá-la com infringência
das normas de proteção, de acordo com o art. 38
da Lei 9.605/98.
• A bacia do rio Doce está inserida, em 98% da sua
área, dentro do Bioma Brasileiro denominado
Mata Atlântica, sendo o restante pertencente ao
Bioma Cerrado
• Conforme Ibama, o rompimento da barragem de
Fundão causou a destruição de 1.469 hectares
ao longo de cursos d´água, incluindo áreas de
preservação permanente
• O desastre causou a devastação de matas ciliares
remanescentes (fragmentos/mosaicos), já o
aporte de sedimentos (lama de rejeito da
exploração de minério de ferro) imediatamente
soterrou os indivíduos de menor porte do sub-
bosque e suprimiu indivíduos arbóreos
• Conforme estudos no processo de licenciamento
ambiental do mineroduto Germano-Ponta Ubu,
constam as seguintes espécies em listas oficiais
de espécies ameaçadas: Dalbergia nigra
(jacarandá-cabiúna), Melanoxylon brauna
(braúna) e Euterpe edulis (palmito), todas na
categoria vulnerável
Impactos ao solo
• Os rejeitos de mineração de ferro também têm
potencial para afetar o solo ao longo do tempo por
se tratarem de material inerte sem matéria orgânica,
causando desestruturação química e afetando o pH
do solo
– Propriedades físicas, químicas e biológicas
• Tal alteração dificultará a recuperação e o
desenvolvimento de espécies que ali viviam,
podendo modificar, a médio e longo prazos, a
vegetação local, com o estabelecimento de
ecossistemas diferentes dos originais
• Com o “arranque” de indivíduos arbóreos pela
força da onda de lama de rejeitos e a
sedimentação da lama sobre a serapilheira e seus
bancos de sementes, as matas de galeria
atingidas pelo desastre tiveram sua resiliência e
processos de sucessão comprometidos
• A recuperação de cada trecho atingido dependerá
de sua capacidade de resiliência (capacidade que um
ecossistema perturbado/degradado possui de
retornar, naturalmente, às suas características
originais, ou o mais próximo possível, sem
intervenção humana)
• Trechos com baixa ou nenhuma capacidade de
resiliência necessitarão de Planos de Recuperação de
Áreas Degradadas – PRAD, a serem executados a
longo prazo. Em ambas as situações – PRADS x
Regeneração Natural – o monitoramento ambiental
deverá ser constante até a completa regeneração do
ambiente
• O Parque Estadual do Rio Doce está localizado
no sudoeste de Minas Gerais, a 248 km de Belo
Horizonte. Com área total de 35.976 hectares, e
a 300 m de altitude, é a maior área contínua de
Mata Atlântica preservada em Minas Gerais,
formando com o Pantanal Matogrossense e o
sistema Amazônico os três maiores sistemas de
lagos do país, com o mineiro recebendo a
denominação de depressão interplanáltica do
Rio Doce, constituída por cerca de 42 lagoas
• Sítio Ramsar: Áreas Úmidas - tratado
internacional
• A lama de rejeitos do acidente e em suspensão
na calha principal do rio tem o potencial de
extravasar e atingir esse sistema de lagoas e as
florestas ciliares a esses corpos de agua
• Ações de restauração florestal, monitoramento e
garantia das condições ambientais das lagoas são
essenciais para a manutenção do Parque e suas
atribuições de sitio global
Impactos à água
• A liberação de mais de sessenta milhões de
metros cúbicos de rejeito no meio ambiente,
alterou a qualidade e a quantidade das águas
superficiais e subsuperficiais da região
Por toda a extensão do Rio Doce nos estados de Minas
Gerais e Espírito Santo, observou-se a mudança do
aspecto de todo o rio Doce, demonstrando os altos níveis
de turbidez gerados pela onda de lama de rejeitos
• O laudo da composição da lama de rejeito das
barragens Germano e Fundão, de 2014, informa
que é composta basicamente por óxido de ferro e
sílica
• No entanto, as associações minerais presentes
nos depósitos explorados, tanto do ouro como do
ferro, são ricas em metais traço, os quais
apresentam alto potencial tóxico
• Além da exploração de minério de ferro pela
empresa Samarco com início no ano de 1973 em
Mariana/MG, a região é marcada pela forte
presença de garimpo de ouro desenvolvido ao
longo de séculos, e, embora grande parte esteja
desativada, a atividade ainda é observada no Rio
do Carmo (atingido pela lama de rejeito de Fundão)
• Os elementos ferro e manganês e os metais
pesados porventura oriundos de atividades de
extração, quando entram na dinâmica do sistema
hídrico, apresentam riscos consideráveis de
contaminação porque não se degradam e
permanecem solubilizados nas águas ou
precipitados aos sedimentos de fundo
• Mesmo que os estudos e laudos indiquem que a
presença de metais não esteja vinculada
diretamente à lama de rejeito da barragem de
Fundão, há de se considerar que a força do volume
de rejeito lançado quando do rompimento da
barragem provavelmente revolveu e colocou em
suspensão os sedimentos de fundo dos cursos
d'água afetados, que pelo histórico de uso e relatos
na literatura já continham metais pesados
• O revolvimento possivelmente tornou tais
substâncias biodisponíveis na coluna d'água ou
na lama ao longo do trajeto alcançado, sendo a
empresa Samarco responsável pelo ocorrido e
pela consequente recuperação da área
• Os resultados das amostras de água de rios
afetados pelo desastre apontam para alteração
dos seguintes parâmetros, segundo a Resolução
Conama 357/05:

• Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e


diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem
como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes, e dá outras providências
Metais Totais: Alumínio (Al); Bário (Ba); Cálcio
(Ca); Chumbo (Pb); Cobalto (Co); Cobre (Cu); Cromo
(Cr); Estanho (Sn); Ferro (Fe); Magnésio (Mg);
Manganês (Mn); Níquel (Ni)

Metais dissolvidos: Alumínio (Al); Ferro (Fe);


Manganês (Mn)

Demais parâmetros alterados: Condutividade;


Fluoreto; Fósforo total; Sólidos Totais Dissolvidos;
Sólidos Suspensos Totais; Sólidos Totais; Turbidez;
Cloro Residual Total
• É imprescindível a continuidade do
monitoramento ambiental para avaliação
sistêmica das alterações dos parâmetros no
ambiente aquático, bem como do risco ambiental
associado para que possa ser indicada a
remediação ou recuperação da área afetada
Impactos à ictiofauna
• “Conjunto de peixes”
• 80 espécies nativas - 11 são classificadas como
ameaçadas de extinção, com base na Portaria
MMA 45/2015; 12 são endêmicas ao rio Doce,
isto é, ocorrem exclusivamente naquele corpo
hídrico
• Devido à magnitude do impacto é consenso que
toda a ictiofauna que habita aos rios Gualaxo do
Norte, Carmo e Doce tenha sido afetada
drasticamente pelo desastre, inclusive devido à
desestruturação da cadeia trófica
• 8 milhões de toneladas
• Evidencia-se que a mortalidade instantânea é
apenas um dos impactos aos organismos
aquáticos causados pelo desastre. Muito mais do
que os organismos em si, os processos ecológicos
responsáveis por produzir e sustentar a riqueza e
diversidade do rio Doce foram afetados
Impactos à fauna
• Houve impacto sobre as espécies nativas da
fauna
• Acerca dos mamíferos, provavelmente as
populações de animais fossoriais e de porte
reduzido foram dizimadas naqueles locais onde
as margens foram tomadas pela onda de lama
• Os animais, domésticos ou silvestres, não
conseguem acessar o curso d´água para
dessedentação, devido à grande quantidade de
rejeitos depositadas nas margens
Impactos socioconômicos
• No percurso entre a barragem de rejeitos em
Mariana e a Foz do Rio Doce, a lama atingiu
diversas comunidades
• No trecho compreendido entre a barragem e a
foz do rio do Carmo (77 km), a lama extravasou o
leito do rio, causando a destruição de edificações,
pontes, vias e demais equipamentos urbanos
• Os danos causados pela onda de lama de rejeitos
foram degressivos, ou seja, quanto mais próximos
a barragem maior foi o dano e, por conseguinte,
suas consequências
• Em um primeiro momento o Distrito de Bento
Rodrigues foi dizimado. Seguindo o curso do rio, a
força da lama foi diminuindo seu poder de
destruição impactando os Rios Gualaxo do Norte,
Carmo e Rio Doce
Distrito de Bento Rodrigues após o
desastre.
– das 251 edificações mapeadas em Bento
Rodrigues, 207 apresentaram sobreposição com o
polígono da área atingida, ou seja 82% das
edificações atingidas
Na foto acima, em sua porção inferior direita, destaca-se que
houve um refluxo de lama rio acima, por um trecho de 7km no
rio Piranga após a lama ter percorrido cerca de 70 km. Essa
situação demonstra a força com que a lama percorreu os cursos
d´água, destruindo edificações e estruturas de uso público e
privado
• Todos os municípios banhados pelos rios foram
afetados, porém em intensidades diferentes
• O impacto comum a todas as localidades refere-
se à impossibilidade de uso da água para
abastecimento rural e urbano, sendo que os
municípios que são dotados de fontes de
captação alternativas foram menos afetados
Barra Longa, distante 70 km do local
do rompimento da barragem
• Além dos impactos de natureza física existem
também impactos psicossociais que são de difícil
mensuração, visto que se baseiam em
características de cada indivíduo e como este é
afetado por um desastre
• O impacto de um desastre atinge não somente
aquelas pessoas que foram desalojadas ou que
perderam seus familiares.
• A sensação de insegurança pós-rompimento afeta
tanto as pessoas diretamente envolvidas como
aquelas que permaneceram nas áreas adjacentes,
que viverão sob a angústia ou o medo de novo
rompimento. São afetadas em seus valores
intangíveis também as populações que vivem
próximas a outras barragens.
• Usuários do rio Doce, do estuário, da área
costeira impactada e também o mero espectador,
que observam a evolução do maior desastre
ambiental do Brasil sente-se privado de seu
direito ao meio ambiente sadio e equilibrado e
das belezas cênicas usufruídas, aspectos difíceis
de valoração
Impactos aos ecossistemas
Ecossistemas são redes complexas
Impactos aos ecossistemas
• O rio Doce já vem sofrendo ataques
– Teoria de redes
• hacker , ao acaso, a probabilidade que desligue algo
importante é pequena
• cracker: ataque ao ponto nefrálgico da rede; a rede
passa a existir com outro equilíbrio; caso em tela
• Onda de impacto biológica
• Aceleração do processo de adaptação, perda
genética
• Perda de serviços ecossistêmicos
CONCLUSÕES
• O rompimento da barragem de Fundão trouxe
consequências ambientais e sociais graves e
onerosas, em escala regional, devido a um
desastre que atingiu 663,2 km de corpo d´água
nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo,
além de impactos ao estuário do rio Doce e à sua
região costeira
Ao longo do trecho atingido foram constatados
danos ambientais e sociais diretos, tais como:

• a morte e desaparecimento de pessoas


• isolamento de áreas habitadas
• desalojamento de comunidades pela destruição
de moradias e estruturas urbanas
• fragmentação de habitats
Ao longo do trecho atingido foram constatados
danos ambientais e sociais diretos, tais como:
• destruição de áreas de preservação permanente
e vegetação nativa
• mortandade de animais de produção e impacto à
produção rural e ao turismo, com interrupção de
receita econômica
• restrições à pesca
• mortandade de animais domésticos
• mortandade de fauna silvestre
• dizimação de ictiofauna silvestres em período de
defeso
Ao longo do trecho atingido foram constatados
danos ambientais e sociais diretos, tais como:

• dificuldade de geração de energia elétrica pelas


hidrelétricas atingidas
• alteração na qualidade e quantidade de água,
bem como a suspensão de seus usos para as
populações e a fauna, como abastecimento e
dessedentação
• além da sensação de perigo e desamparo da
população em diversos níveis
• Os impactos ambientais não se limitam aos danos
diretos, devendo ser considerado que o meio
ambiente é um sistema complexo, na qual
diversas variáveis se interrelacionam,
especialmente no contexto de uma bacia
hidrográfica, sendo que as medidas de reparação
dos danos, tangíveis e intangíveis, quando viáveis,
terão execução a médio e longo prazo,
compreendendo pelo menos dez anos
O que é justiça ambiental?

Prof. Dra. Larisa Ho Bech Gaivizzo


larisa@faculdadelaboro.com.br
O que fazer para a restauração e
melhoria da qualidade ambiental da
bacia do rio Doce?
Acordo – Termo de ajustamento de
conduta (TAC)
• TAC assinado em 02/03/2016 entre a mineradora
Samarco, os governos de Minas Gerais e do
Espírito Santo e o Governo Federal destina R$ 4,4
bilhões nos próximos três anos para reparação
dos danos causados pelo desastre em Mariana
(MG), sendo R$ 2 bilhões em 2016
Acordo - TAC
• A previsão é de investimentos de R$ 18 bilhões a
R$ 26 bilhões até 2030 para assegurar a
recuperação integral dos danos sociais,
econômicos e ambientais causados pelo
rompimento da barragem de Fundão
O que o acordo prevê?
• Criação de uma fundação de direito privada que
será responsável pela execução de cerca de 40
programas de reparação
• Os programas serão reunidos em duas principais
frentes de trabalho, uma socioeconômica e outra
socioambiental
Gestão, Auditoria e Perícia Ambiental

Qual o papel do especialista?

Como um especialista poderia ter atuado na


prevenção do desastre? E, na minimização dos
impactos, monitoramento e recuperação da área?
MBA em Gestão, Auditoria e Perícia
Ambiental
• O curso se orienta pelas principais correntes
teóricas e práticas contemporâneas na área
ambiental, tanto em nível nacional como
internacional, consistentes com uma formação
robusta de especialistas em gestão ambiental,
com foco em auditoria e perícia ambiental
• áreas com demanda de trabalho crescentes tanto
no meio privado como público, bem como, para
profissionais com interesse em docência na área
ambiental
• nos três níveis da federação – federal, estadual e
municipal
• meio jurídico, executivo e legislativo
• meio urbano e rural
Contatos
Prof. Dra. Larisa Ho Bech Gaivizzo
larisa@faculdadelaboro.com.br
skype: Larisa.Laboro
Fone: (61) 3442 6721

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