O documento descreve os impactos ambientais decorrentes do desastre da barragem de rejeitos de mineração de ferro em Mariana, Minas Gerais em 2015. O rompimento liberou mais de 60 milhões de m3 de rejeitos, poluindo rios por centenas de quilômetros e causando danos ambientais, sociais e econômicos graves. O documento analisa os tipos de impactos causados e falhas no licenciamento e planejamento que contribuíram para o desastre.
O documento descreve os impactos ambientais decorrentes do desastre da barragem de rejeitos de mineração de ferro em Mariana, Minas Gerais em 2015. O rompimento liberou mais de 60 milhões de m3 de rejeitos, poluindo rios por centenas de quilômetros e causando danos ambientais, sociais e econômicos graves. O documento analisa os tipos de impactos causados e falhas no licenciamento e planejamento que contribuíram para o desastre.
O documento descreve os impactos ambientais decorrentes do desastre da barragem de rejeitos de mineração de ferro em Mariana, Minas Gerais em 2015. O rompimento liberou mais de 60 milhões de m3 de rejeitos, poluindo rios por centenas de quilômetros e causando danos ambientais, sociais e econômicos graves. O documento analisa os tipos de impactos causados e falhas no licenciamento e planejamento que contribuíram para o desastre.
Prof. Dra. Larisa Ho Bech Gaivizzo larisa@faculdadelaboro.com.br Vídeos • https://youtu.be/NgVB190kemY • https://youtu.be/5FB91w694Hk • https://youtu.be/O7l7OSFyP2w Fontes • “Relatório preliminar de impactos ambientais decorrente do rompimento da barragem de Fundão”, IBAMA/Ministério do Meio Ambiente, 2015 • “Desastre ambiental da Samarco: impactos e recuperação”, Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, 2015 • “Vale de lama. Relatório de inspeção em Mariana após o rompimento da barragem de Fundão”. Justiça Global, Fundação Ford, 2016 Base conceitual e classificações • Impactos ambientais • Desastres • Mineração de ferro • Rejeitos de mineração de ferro • Barragem de rejeitos de mineração de ferro Impactos ambientas • Resolução CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) 001/1986: “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente afetam a saúde, a segurança e o bem estar da população, as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente, e a qualidade dos recursos naturais” Desastre • Resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre um ecossistema, causando danos humanos, materiais e/ou ambientais e consequentes prejuízos econômicos e sociais • A intensidade de um desastre depende da interação entre a magnitude do evento e o grau de vulnerabilidade do sistema receptor afetado • Desastres naturais e desastres tecnológicos • Poluição: como define a Lei 6.938/81, é: degradação da qualidade ambiental; alteração ecológica – difere de contaminação -impacto ambiental • Dano: não possui definição legal. A doutrina entende que: “o dano ambiental deve ser compreendido como toda lesão (destruição ou diminuição) intolerável causada por qualquer ação humana (culposa ou não) ao meio ambiente... .” Mineração Mina à céu aberto
Trituração e britagem do minério de Fe
produto (concentrado de oxido de Fe) rejeito (estéril, polpa) Barragem de rejeitos de mineração
• O que são rejeitos de mineração? Minerais sem
interesse econômico separados do minério de interesse por processos físicos e químicos e armazenados; no caso de Mariana constituído de quartzo; Polpa de sólidos e água; • O que são barragens? estrutura projetada para armazenar de forma segura e perene os rejeitos; construídas de diferentes materiais, a mais comum é com o próprio rejeito Como é construída uma barragem de rejeitos? Barragens de rejeitos são seguras? • Histórico
• Número de rupturas: queda no número total de
eventos das décadas de 60\70\80 para as décadas atuais 90\00 • contudo são eventos mais graves Barragens de rejeitos são seguras? Caso Data Volume Morte Ambiente afetado liberado Mm3
Stava, Italia (F) 10.07.1985 0,25 269 Corregos em área de
montanhas Los Fariles, França 24.03.1998 6,6 - 40Km de rio até a (Zn, Cu) costa, 4634 ha afetados, Parque Nacional Mt. Polley, Canadá 04.08.2014 4,5 - Córrego, lago (Cu, Au)
Samarco, MG, Brasil 05.11.2015 62 11+(9?) 600 km rio, zona
(Fe) costeira Prevenção de risco • Origem tecnológica • Formula clássica
Risco = Probabilidade de ocorrência X
Magnitude das consequências Prevenção de Riscos – Reduzir as probabilidades de ocorrência Ciclo vida da barragem • Fase de projeto – Avaliação de terceiros – Análise de risco (cenários acidentais) • Fase de implantação e operação – Monitoramento geotécnico – Inspeções e auditorias por terceiros – Plano de Segurança Barragens (Lei 12.334/2010) • Fase de desativação Prevenção de Riscos
– Reduzir e controlar a magnitude da
consequências
• Tipo de dano causado
• Antes: Localização • Depois: Correção; Medidas de emergências • Inspeções e auditorias por terceiros Quando os controles falham • Legislação internacional – ONU (2001) Programa de Conscientização e Preparação para Emergências a Nível Local - APELL for Mining – “Participação, treinamento e aviso da comunidade” • Legislação nacional – Política Nacional de Segurança de Barragens (Lei 12.334/2010) obrigatoriedade do Plano de Ação Emergencial (PAE) • PAE: “identifica os procedimentos e os processos que serão seguidos pelos operadores de barragens e pelas autoridades públicas em uma situação de emergência. Ele é específico para cada barragem, considerando a individualidade de cada projeto, e também a especificidade das regiões adjacentes”, devem conter: • características físicas e hidráulicas do empreendimento • estudos hidrológicos • estudos de rompimento das estruturas • mapas de inundação decorrentes da propagação da onda de cheia • lista com os possíveis pontos a serem atingidos • fluxograma de notificação • sistemas de comunicação a serem utilizados • dimensionamento de materiais e equipamentos a serem utilizados na ocorrência de situações de emergência O rompimento • No dia 05/11/2015 ocorreu o rompimento da barragem de Fundão, pertencente ao complexo minerário de Germano, no município de Mariana/MG Desastre anunciado PAE – simulações de emergência (Samarco); Aviso e remoção (poder público); não havia sistema sonoros; EIA – somente Barra longa seria afetada diretamente A barragem Fundão passou por um processo de revalidação da sua Licença de Operação (LO) em 2013 Estudo encomendado pelo MP/MG realizado pelo Instituo Prístino afirma que havia um risco de rompimento da barragem do Fundão, em virtude da sinergia de impactos, causada pela sobreposição de áreas diretamente afetadas da Barragem do Fundão e da Pilha de Estéril União da Mina de Fábrica Nova da Vale Desastre anunciado Ainda assim, a LO foi concedida pelo COPAM/MG. Ou seja, é possível afirmar que a empresa e o Estado de Minas Gerais tinham ciência da possibilidade de ruptura das barragens, razão adicional para ter sido feito um plano efetivo de prevenção, com formação nas comunidades e sistema de alerta em caso de rompimento Licenciamento ambiental • Três etapas distintas: Licenciamento Prévio (LP), Licenciamento de Instalação (LI) e Licenciamento de Operação (LO) – LP - deve ser solicitada ao IBAMA na fase de planejamento da implantação, alteração ou ampliação do empreendimento. Aprova a viabilidade ambiental do projeto e autoriza sua localização e concepção tecnológica. Estabelece as condições do projeto executivo – LI - autoriza o início da obra ou instalação do empreendimento – LO - Deve ser solicitada antes de o empreendimento entrar em operação, pois é essa licença que autoriza o início do funcionamento do empreendimento. Sua concessão está condicionada ao atendimento de todas as exigências e detalhes técnicos descritos no projeto aprovado Classificação do desastre em Mariana • O desastre em Marina, quanto à intensidade, classifica-se como Desastre de Nível IV, “desastre de muito grande porte”, classificação da Defesa Civil • Os desastres desse último nível são caracterizados quando os danos causados são muito importantes e os prejuízos muito vultosos e consideráveis • Esses desastres não são superáveis e suportáveis pelas comunidades, mesmo quando bem informadas, preparadas, participativas e facilmente mobilizáveis, a menos que recebam ajuda de fora da área afetada • O restabelecimento da situação de normalidade depende da mobilização e da ação coordenada dos três níveis de governo (municipal, estadual e federal) e em alguns casos, até de ajuda internacional • Quanto à evolução, o rompimento da barragem de Fundão classifica-se como súbito, ou seja, caracteriza-se pela subtaneidade, pela velocidade com que o processo evolui e pela violência dos eventos adversos causadores dos mesmos • Mais de 60 milhões de m³ de rejeitos foram lançados no meio ambiente, carreados aos poucos para jusante e em direção ao mar, no estado do Espírito Santo • Inicialmente, esse rejeito atingiu a barragem de Santarém logo a jusante, causando seu galgamento e forçando a passagem de uma onda de lama por 55km no rio Gualaxo do Norte até desaguar no rio do Carmo Antes do rompimento Antes do rompimento Depois do rompimento Depois do rompimento Percurso da lama • No rio do Carmo os rejeitos percorreram outros 22 km até seu encontro com o rio Doce. Através do rio Doce, foram carreados até a foz no Oceano Atlântico, chegando no município de Linhares, no estado do Espírito Santo, em 21/11/2015, totalizando 663,2 km de corpos hídricos diretamente impactados Por todo o trajeto...impactos • mortes de trabalhadores da empresa e moradores das comunidades afetadas, sendo que algumas ainda restam desaparecidas • desalojamento de populações • devastação de localidades e a consequente desagregação dos vínculos sociais das comunidades • destruição de estruturas públicas e privadas (edificações, pontes, ruas etc.) • destruição de áreas agrícolas e pastos, com perdas de receitas econômicas • interrupção da geração de energia elétrica pelas hidrelétricas atingidas (Candonga, Aimorés e Mascarenhas) • destruição de áreas de preservação permanente e vegetação nativa de Mata Atlântica • mortandade de biodiversidade aquática e fauna terrestre • assoreamento de cursos d´água • interrupção do abastecimento de água • interrupção da pesca por tempo indeterminado • interrupção do turismo • perda e fragmentação de habitats • restrição ou enfraquecimento dos serviços ambientais dos ecossistemas • alteração dos padrões de qualidade da água doce, salobra e salgada • sensação de perigo e desamparo na população Impactos Ambientais • Vegetação • Solo • Água • Ictiofauna • Fauna • Ecossistemas + Impactos Sociais Impactos Socioambientais Impactos à vegetação natural e às áreas de preservação permanente (APP)
• Novo Código Florestal (Lei Federal nº
12.651/2012): APP - faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, ao longo de corpos d'água, em zonas rurais ou urbanas • São partes intocáveis da propriedade, onde não é permitida a exploração econômica direta • As vegetações nessas áreas atenuam a erosão do solo, regularizam os fluxos hídricos e impedem o processo de assoreamento dos cursos da água, dentre outras funções vitais • As APPs e as áreas de reserva legal têm um papel fundamental no ciclo da bacia hidrológica como um todo • É crime ambiental destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção, de acordo com o art. 38 da Lei 9.605/98. • A bacia do rio Doce está inserida, em 98% da sua área, dentro do Bioma Brasileiro denominado Mata Atlântica, sendo o restante pertencente ao Bioma Cerrado • Conforme Ibama, o rompimento da barragem de Fundão causou a destruição de 1.469 hectares ao longo de cursos d´água, incluindo áreas de preservação permanente • O desastre causou a devastação de matas ciliares remanescentes (fragmentos/mosaicos), já o aporte de sedimentos (lama de rejeito da exploração de minério de ferro) imediatamente soterrou os indivíduos de menor porte do sub- bosque e suprimiu indivíduos arbóreos • Conforme estudos no processo de licenciamento ambiental do mineroduto Germano-Ponta Ubu, constam as seguintes espécies em listas oficiais de espécies ameaçadas: Dalbergia nigra (jacarandá-cabiúna), Melanoxylon brauna (braúna) e Euterpe edulis (palmito), todas na categoria vulnerável Impactos ao solo • Os rejeitos de mineração de ferro também têm potencial para afetar o solo ao longo do tempo por se tratarem de material inerte sem matéria orgânica, causando desestruturação química e afetando o pH do solo – Propriedades físicas, químicas e biológicas • Tal alteração dificultará a recuperação e o desenvolvimento de espécies que ali viviam, podendo modificar, a médio e longo prazos, a vegetação local, com o estabelecimento de ecossistemas diferentes dos originais • Com o “arranque” de indivíduos arbóreos pela força da onda de lama de rejeitos e a sedimentação da lama sobre a serapilheira e seus bancos de sementes, as matas de galeria atingidas pelo desastre tiveram sua resiliência e processos de sucessão comprometidos • A recuperação de cada trecho atingido dependerá de sua capacidade de resiliência (capacidade que um ecossistema perturbado/degradado possui de retornar, naturalmente, às suas características originais, ou o mais próximo possível, sem intervenção humana) • Trechos com baixa ou nenhuma capacidade de resiliência necessitarão de Planos de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD, a serem executados a longo prazo. Em ambas as situações – PRADS x Regeneração Natural – o monitoramento ambiental deverá ser constante até a completa regeneração do ambiente • O Parque Estadual do Rio Doce está localizado no sudoeste de Minas Gerais, a 248 km de Belo Horizonte. Com área total de 35.976 hectares, e a 300 m de altitude, é a maior área contínua de Mata Atlântica preservada em Minas Gerais, formando com o Pantanal Matogrossense e o sistema Amazônico os três maiores sistemas de lagos do país, com o mineiro recebendo a denominação de depressão interplanáltica do Rio Doce, constituída por cerca de 42 lagoas • Sítio Ramsar: Áreas Úmidas - tratado internacional • A lama de rejeitos do acidente e em suspensão na calha principal do rio tem o potencial de extravasar e atingir esse sistema de lagoas e as florestas ciliares a esses corpos de agua • Ações de restauração florestal, monitoramento e garantia das condições ambientais das lagoas são essenciais para a manutenção do Parque e suas atribuições de sitio global Impactos à água • A liberação de mais de sessenta milhões de metros cúbicos de rejeito no meio ambiente, alterou a qualidade e a quantidade das águas superficiais e subsuperficiais da região Por toda a extensão do Rio Doce nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, observou-se a mudança do aspecto de todo o rio Doce, demonstrando os altos níveis de turbidez gerados pela onda de lama de rejeitos • O laudo da composição da lama de rejeito das barragens Germano e Fundão, de 2014, informa que é composta basicamente por óxido de ferro e sílica • No entanto, as associações minerais presentes nos depósitos explorados, tanto do ouro como do ferro, são ricas em metais traço, os quais apresentam alto potencial tóxico • Além da exploração de minério de ferro pela empresa Samarco com início no ano de 1973 em Mariana/MG, a região é marcada pela forte presença de garimpo de ouro desenvolvido ao longo de séculos, e, embora grande parte esteja desativada, a atividade ainda é observada no Rio do Carmo (atingido pela lama de rejeito de Fundão) • Os elementos ferro e manganês e os metais pesados porventura oriundos de atividades de extração, quando entram na dinâmica do sistema hídrico, apresentam riscos consideráveis de contaminação porque não se degradam e permanecem solubilizados nas águas ou precipitados aos sedimentos de fundo • Mesmo que os estudos e laudos indiquem que a presença de metais não esteja vinculada diretamente à lama de rejeito da barragem de Fundão, há de se considerar que a força do volume de rejeito lançado quando do rompimento da barragem provavelmente revolveu e colocou em suspensão os sedimentos de fundo dos cursos d'água afetados, que pelo histórico de uso e relatos na literatura já continham metais pesados • O revolvimento possivelmente tornou tais substâncias biodisponíveis na coluna d'água ou na lama ao longo do trajeto alcançado, sendo a empresa Samarco responsável pelo ocorrido e pela consequente recuperação da área • Os resultados das amostras de água de rios afetados pelo desastre apontam para alteração dos seguintes parâmetros, segundo a Resolução Conama 357/05:
• Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências Metais Totais: Alumínio (Al); Bário (Ba); Cálcio (Ca); Chumbo (Pb); Cobalto (Co); Cobre (Cu); Cromo (Cr); Estanho (Sn); Ferro (Fe); Magnésio (Mg); Manganês (Mn); Níquel (Ni)
Metais dissolvidos: Alumínio (Al); Ferro (Fe);
Manganês (Mn)
Demais parâmetros alterados: Condutividade;
Fluoreto; Fósforo total; Sólidos Totais Dissolvidos; Sólidos Suspensos Totais; Sólidos Totais; Turbidez; Cloro Residual Total • É imprescindível a continuidade do monitoramento ambiental para avaliação sistêmica das alterações dos parâmetros no ambiente aquático, bem como do risco ambiental associado para que possa ser indicada a remediação ou recuperação da área afetada Impactos à ictiofauna • “Conjunto de peixes” • 80 espécies nativas - 11 são classificadas como ameaçadas de extinção, com base na Portaria MMA 45/2015; 12 são endêmicas ao rio Doce, isto é, ocorrem exclusivamente naquele corpo hídrico • Devido à magnitude do impacto é consenso que toda a ictiofauna que habita aos rios Gualaxo do Norte, Carmo e Doce tenha sido afetada drasticamente pelo desastre, inclusive devido à desestruturação da cadeia trófica • 8 milhões de toneladas • Evidencia-se que a mortalidade instantânea é apenas um dos impactos aos organismos aquáticos causados pelo desastre. Muito mais do que os organismos em si, os processos ecológicos responsáveis por produzir e sustentar a riqueza e diversidade do rio Doce foram afetados Impactos à fauna • Houve impacto sobre as espécies nativas da fauna • Acerca dos mamíferos, provavelmente as populações de animais fossoriais e de porte reduzido foram dizimadas naqueles locais onde as margens foram tomadas pela onda de lama • Os animais, domésticos ou silvestres, não conseguem acessar o curso d´água para dessedentação, devido à grande quantidade de rejeitos depositadas nas margens Impactos socioconômicos • No percurso entre a barragem de rejeitos em Mariana e a Foz do Rio Doce, a lama atingiu diversas comunidades • No trecho compreendido entre a barragem e a foz do rio do Carmo (77 km), a lama extravasou o leito do rio, causando a destruição de edificações, pontes, vias e demais equipamentos urbanos • Os danos causados pela onda de lama de rejeitos foram degressivos, ou seja, quanto mais próximos a barragem maior foi o dano e, por conseguinte, suas consequências • Em um primeiro momento o Distrito de Bento Rodrigues foi dizimado. Seguindo o curso do rio, a força da lama foi diminuindo seu poder de destruição impactando os Rios Gualaxo do Norte, Carmo e Rio Doce Distrito de Bento Rodrigues após o desastre. – das 251 edificações mapeadas em Bento Rodrigues, 207 apresentaram sobreposição com o polígono da área atingida, ou seja 82% das edificações atingidas Na foto acima, em sua porção inferior direita, destaca-se que houve um refluxo de lama rio acima, por um trecho de 7km no rio Piranga após a lama ter percorrido cerca de 70 km. Essa situação demonstra a força com que a lama percorreu os cursos d´água, destruindo edificações e estruturas de uso público e privado • Todos os municípios banhados pelos rios foram afetados, porém em intensidades diferentes • O impacto comum a todas as localidades refere- se à impossibilidade de uso da água para abastecimento rural e urbano, sendo que os municípios que são dotados de fontes de captação alternativas foram menos afetados Barra Longa, distante 70 km do local do rompimento da barragem • Além dos impactos de natureza física existem também impactos psicossociais que são de difícil mensuração, visto que se baseiam em características de cada indivíduo e como este é afetado por um desastre • O impacto de um desastre atinge não somente aquelas pessoas que foram desalojadas ou que perderam seus familiares. • A sensação de insegurança pós-rompimento afeta tanto as pessoas diretamente envolvidas como aquelas que permaneceram nas áreas adjacentes, que viverão sob a angústia ou o medo de novo rompimento. São afetadas em seus valores intangíveis também as populações que vivem próximas a outras barragens. • Usuários do rio Doce, do estuário, da área costeira impactada e também o mero espectador, que observam a evolução do maior desastre ambiental do Brasil sente-se privado de seu direito ao meio ambiente sadio e equilibrado e das belezas cênicas usufruídas, aspectos difíceis de valoração Impactos aos ecossistemas Ecossistemas são redes complexas Impactos aos ecossistemas • O rio Doce já vem sofrendo ataques – Teoria de redes • hacker , ao acaso, a probabilidade que desligue algo importante é pequena • cracker: ataque ao ponto nefrálgico da rede; a rede passa a existir com outro equilíbrio; caso em tela • Onda de impacto biológica • Aceleração do processo de adaptação, perda genética • Perda de serviços ecossistêmicos CONCLUSÕES • O rompimento da barragem de Fundão trouxe consequências ambientais e sociais graves e onerosas, em escala regional, devido a um desastre que atingiu 663,2 km de corpo d´água nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, além de impactos ao estuário do rio Doce e à sua região costeira Ao longo do trecho atingido foram constatados danos ambientais e sociais diretos, tais como:
• a morte e desaparecimento de pessoas
• isolamento de áreas habitadas • desalojamento de comunidades pela destruição de moradias e estruturas urbanas • fragmentação de habitats Ao longo do trecho atingido foram constatados danos ambientais e sociais diretos, tais como: • destruição de áreas de preservação permanente e vegetação nativa • mortandade de animais de produção e impacto à produção rural e ao turismo, com interrupção de receita econômica • restrições à pesca • mortandade de animais domésticos • mortandade de fauna silvestre • dizimação de ictiofauna silvestres em período de defeso Ao longo do trecho atingido foram constatados danos ambientais e sociais diretos, tais como:
• dificuldade de geração de energia elétrica pelas
hidrelétricas atingidas • alteração na qualidade e quantidade de água, bem como a suspensão de seus usos para as populações e a fauna, como abastecimento e dessedentação • além da sensação de perigo e desamparo da população em diversos níveis • Os impactos ambientais não se limitam aos danos diretos, devendo ser considerado que o meio ambiente é um sistema complexo, na qual diversas variáveis se interrelacionam, especialmente no contexto de uma bacia hidrográfica, sendo que as medidas de reparação dos danos, tangíveis e intangíveis, quando viáveis, terão execução a médio e longo prazo, compreendendo pelo menos dez anos O que é justiça ambiental?
Prof. Dra. Larisa Ho Bech Gaivizzo
larisa@faculdadelaboro.com.br O que fazer para a restauração e melhoria da qualidade ambiental da bacia do rio Doce? Acordo – Termo de ajustamento de conduta (TAC) • TAC assinado em 02/03/2016 entre a mineradora Samarco, os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo e o Governo Federal destina R$ 4,4 bilhões nos próximos três anos para reparação dos danos causados pelo desastre em Mariana (MG), sendo R$ 2 bilhões em 2016 Acordo - TAC • A previsão é de investimentos de R$ 18 bilhões a R$ 26 bilhões até 2030 para assegurar a recuperação integral dos danos sociais, econômicos e ambientais causados pelo rompimento da barragem de Fundão O que o acordo prevê? • Criação de uma fundação de direito privada que será responsável pela execução de cerca de 40 programas de reparação • Os programas serão reunidos em duas principais frentes de trabalho, uma socioeconômica e outra socioambiental Gestão, Auditoria e Perícia Ambiental
Qual o papel do especialista?
Como um especialista poderia ter atuado na
prevenção do desastre? E, na minimização dos impactos, monitoramento e recuperação da área? MBA em Gestão, Auditoria e Perícia Ambiental • O curso se orienta pelas principais correntes teóricas e práticas contemporâneas na área ambiental, tanto em nível nacional como internacional, consistentes com uma formação robusta de especialistas em gestão ambiental, com foco em auditoria e perícia ambiental • áreas com demanda de trabalho crescentes tanto no meio privado como público, bem como, para profissionais com interesse em docência na área ambiental • nos três níveis da federação – federal, estadual e municipal • meio jurídico, executivo e legislativo • meio urbano e rural Contatos Prof. Dra. Larisa Ho Bech Gaivizzo larisa@faculdadelaboro.com.br skype: Larisa.Laboro Fone: (61) 3442 6721