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Acidentes em Barragens

Mariana - MG

Bianca Figueiredo, Catarina Melo e Thamara Cano


2023
Constituição da barragem
As barragens que se romperam em Mariana e Brumadinho, foram
erguidas com a mesma técnica, considerada obsoleta e de maior
risco por especialistas. No modelo de alteamento à montante, mais
econômico, a construção de novas etapas da barragem é feita
sobre os rejeitos depositados, na parte interna da estrutura. É o
formato mais comum de depósitos de rejeitos na mineração.
Segundo Bruno Milanez, professor do Departamento de
Engenharia de Produção e Mecânica da Universidade Federal de
Juiz de Fora (UFJF), esse é um modelo “bem mais arriscado”.
Como a barragem cresce sobre o próprio rejeito, não é tão estável.
A alternativa mais segura, diz, é o reservatório à jusante, erguido
do lado de fora.
Principais causas
Tem-se como resultado que as principais causas do rompimento
foram defeitos no sistema de drenagem, o que resultou na entrada de
lama nas galerias e fez com que essa lama se misturasse com o
material arenoso da barragem, gerando um processo de liquefação
do material. Além disso, aponta-se que o processo foi acelerado pela
ocorrência de três abalos sísmicos na região. Somado a isso, tem
também a retirada de minério de ferro das montanhas para vender
fora do país e obter lucro.
O Desastre
No dia 5 de novembro de 2015, às 16:20, a Barragem do Fundão
não conteve os 55 milhões de metros cúbicos de lama que
armazenava em seu interior e arrebentou.
A lama chegou em apenas 15 minutos à pequena localidade de
Bento Rodrigues, situada a 8 km da barragem, com uma
população de 620 habitantes. Esta cidade desapareceu soterrada
pela lama e hoje restam somente escombros daquilo que eram
casas. Houveram 19 mortes.
Por 16 dias, a lama seguiu o leito de 853 km do rio Doce e atingiu
as cidades ribeirinhas provocando escassez de água, diminuição da
pesca, do comércio e do turismo.
A lama chegou à bacia hidrográfica no dia 21 de novembro e os
dejetos se espalharam num raio de 80 quilômetros causando
graves prejuízos para a indústria local.
Ao todo, 39 municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo, onde
moram 1,2 milhões de pessoas, habitam nestas cidades e viram
suas vidas afetadas. Mais dois mil hectares de terras ficaram
inundadas e inutilizadas para o plantio.
Entendendo o que aconteceu…
Samarco e o desastre de Mariana
A Samarco é uma empresa brasileira de extração e beneficiamento
de minério de ferro criada em 1977 e administrada pela brasileira
Vale e a anglo-australiana BHP Billiton.
Para extrair o minério de ferro é preciso separá-lo da terra e
eliminar os resíduos. Neste processo, as empresas devem
adequar esses dejetos em barragens apropriadas seguindo
normas de segurança.
Após o desastre, a empresa alegou que seguia rigorosamente as
regras e que as barragens passavam periodicamente por
inspeções governamentais.
No entanto, há suspeita que várias licenças ambientais e as
fiscalizações tenham sido aprovadas como troca de favor da
empresa aos políticos interessados em financiamento nas suas
campanhas eleitorais.
A empresa foi multada pelo Ibama (Instituto Brasileiro de
Meio-Ambiente) em R$ 250 milhões, contudo, em 2017 só havia
pago cerca de 1% desse valor.
Impactos ambientais do desastre de Mariana
As consequências ambientais do desastre de Mariana foram
tão severas que os pesquisadores ainda buscam respostas
para entender os efeitos da ação e como a natureza poderá se
restabelecer.
A lama e os resíduos da mineração percorreram mais de 600
km até atingir o Oceano Atlântico, onde resultaram em
impactos ambientais ao ecossistema marinho, especialmente
aos recifes de corais.
Durante a avalanche de lama, a maioria dos peixes morreram e
como resultado 26 espécies desapareceram da área. Enquanto isso,
animais terrestres como pequenos mamíferos e anfíbios foram
soterrados pela lama. As árvores próximas aos trechos dos rios
foram arrancadas pela força da água ou ficaram submersas.
A lama também impediu a realização da fotossíntese pelo
fitoplâncton, base da cadeia alimentar aquática, e contaminou os
peixes e outros organismos. Os rios atingidos ainda tiveram
mudanças em suas características físicas como, diminuição da
profundidade, destruição da mata ciliar e soterramento de nascentes.
O solo foi contaminado pela enxurrada de lama, tornando-se infértil e
impedindo o desenvolvimento das espécies vegetais. A composição
química do solo foi alterada e não se sabe de que forma e quanto
tempo demorará para se restabelecer.
Muitas pesquisas apontam que a restauração da área é
impossível. Assim, a biodiversidade local foi perdida de forma
irreversível, com severas consequências ambientais para a
natureza e a população humana que dependia dos recursos
naturais.
Números da tragédia de Mariana
Quantidade de Lama 62 milhões de m3
Cidades Atingidas 41
Vítimas Fatais 19
Famílias Desabrigadas 600
Vegetação Destruída 1469 hectares
Peixes Mortos 14 toneladas
Índice de Desemprego na Região 23,5%
Processos Judiciais Contra a Samarco, 22
Vale e BHP
Previsão de Recuperação do Ano de 2032
Meio-Ambiente
Impacto econômico do desastre de Mariana
O desastre de Mariana deixou milhares de pescadores sem
emprego. Em Linhares (ES), a pesca está proibida desde 2015.
Com a paralisação da Samarco, o estado do Espírito Santo se
viu afetado, pois a empresa respondia por 5,8% do PIB capixaba
e gerava 20 mil empregos diretos e indiretos.
As cidades do sul do Espírito Santo como Guarapari e Anchieta,
viram sua receita diminuir drasticamente e vários fornecedores
perderam seu maior cliente.
Ações judiciais contra a Samarco
Após o desastre ambiental, o Ministério Público entrou com uma
ação judicial contra as mineradoras responsáveis pela Barragem
do Fundão.
Um dos meios encontrados para reparar os danos e agilizar os
atingidos foi criar a Fundação Renova. Esta entidade engloba
representantes civis, do governo e das empresas mineradoras que
trabalham juntos para encontrar uma solução para a tragédia de
Mariana.
Em 26 de junho de 2018, um novo acordo foi feito entre as
mineradoras e o Ministério Público. Este previa mudanças no
conselho da Fundação Renova, produção de laudos técnicos
independentes e a constituição de comissões locais para avaliar o
andamento dos programas de recuperação.
No entanto, esta decisão suspende a ação de 20 bilhões de reais
que estava sendo movida contra as mineradoras, assim como outra
de 2017, no valor de 155 bilhões de reais.
Recuperação do Rio Doce
Em 20 de setembro de 2018 foi lançada uma força-tarefa de
pesquisa para medir os impactos ambientais causados pela
contaminação da lama.
Os pesquisadores coletaram dados para avaliar o nível de
intoxicação das águas, sedimentos, vegetais e dos peixes. A cada
seis meses será elaborado relatórios com resultados apontando
as possíveis soluções para os problemas encontrados.
Referências

https://periodicos.univale.br/index.php/jae/article/view/141#:~:text=Resultados%3A%20Tem%2Dse
%20como%20resultado,processo%20de%20liquefa%C3%A7%C3%A3o%20do%20material.
Técnica de construção de barragem era igual em Brumadinho e Mariana | O TEMPO
Apresentação do PowerPoint (camara.leg.br)
Desastre de Mariana: tragédia ambiental e humana - Toda Matéria (todamateria.com.br)

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