Você está na página 1de 9

ENGENHARIA AMBIENTAL

IVAN SOUZA ISAEL DE BARROS

CONCEITO DE RISCO, VULNERABILIDADE E DESASTRES NATURAIS:

UMA ANALISE DO DESASTRE DE MARIANA

PRESIDENTE PRUDENTE
2022
IVAN SOUZA ISAEL DE BARROS

CONCEITO DE RISCO, VULNERABILIDADE E DESASTRES NATURAIS:

UMA ANALISE DO DESASTRE DE MARIANA

Trabalho apresentado à Universidade Estadual


Paulista Júlio de Mesquita Filho, orientado pelo
Profa. Dra. Isabel Cristina Moroz Caccia Gouveia

PRESIDENTE PRUDENTE
2022
CONCEITO DE RISCO, VULNERABILIDADE E DESASTRE NATURAL:

Risco: É a probabilidade que uma determinada população e bens sejam


atingidos/prejudicados ou até mesmo perdas (mortes, lesões, danos em propriedades,
interrupções de atividade econômica, etc.) perante impactos de ameaças naturais
(terremotos, ciclones, etc.), ou por muitas vezes consequências de atividades
humanas como indústrias: poluição, explosão, entre outros.). Assim risco é um
possível dano, sendo diferente do desastre pois desastre é o risco que já se
concretizou (TRAJBER, 2015).

Desastres Naturais: Eventos adversos causadores de enormes impactos na


sociedade, sendo diferenciado em função da natureza do fenômeno. A Defesa Civil
no Brasil, seguindo as normativas da Política Nacional de Defesa Civil, classifica os
desastres como naturais, humanos e mistos. Como fenômenos naturais comuns que
podem resultar em desastres naturais, pode-se citar: ciclones, dilúvios, deslizamentos
de terra, endemias, epidemias, pandemias, erosão, erupção vulcânica, etc. Diferente
de um desastre ambiental é aquele que indefere de sua origem, porém, que agrida de
alguma forma o meio ambiente [1].

Vulnerabilidade: diz respeito ao conjunto de condições sociais, econômicas,


técnicas, culturais, educativas e ambientais que proporciona ao individuo uma
exposição ao perigo. Parafraseando, ser vulnerável é ser sensível a uma ameaça e
ter fragilidade perante a um dano. A forma de usar e ocupar um terreno, má qualidade
da construção de casas/prédios, desconhecimento de perigos, rede de serviços
básicos precário, etc.; correspondem a fatores de vulnerabilidade (TRAJBER, 2015).

1
ANALISE DO DESASTRE DE MARIANA:

O desastre em Mariana aconteceu no dia 5 de novembro de 2015 e foi


acarretada pelo rompimento da barragem do Fundão, que por sua era controlada pela
mineradora Samarco, uma joint-venture entre a empresa brasileira Vale S.A. e a
anglo-australiana BHP Billiton. Por muitos é considerado um dos maiores desastres
ambientais. A temática despertou preocupação nos diversos aspectos da sociedade
e interesse da mídia nacional e internacional (MEDINA, 2020).

CAUSAS:

Entre as causas o relatório final do Ministério Público do Estado de Minas


Gerais diz que, em 2013, na elevação aproximada de 864 metros, o eixo da barragem
foi recuado. Desta forma em relatórios técnicos, este recuo tem como finalidade
possibilitar os reparos na galeria secundária que apresentava preocupantes
problemas de vazamento. Com os relatórios técnicos, os alteamentos (Quando parte
do rejeito tóxico é utilizado na própria estrutura e ampliação da barragem, método
mais barato) prosseguiram nesta região do recuo (AQUINO, 2016).

No relatório da Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP( agosto de 2016), destaca
que aconteceram três incidentes graves, que precedeu a ruptura de novembro de
2015, por conta do método de construção da barragem (GUIMARÃES, 2019).

Em outro momento do relatório do Ministério Público do Estado de Minas Gerais


registra que “a ruptura da barragem teve início no chamado recuo, na região próxima
à ombreira esquerda, de forma abrupta, sem qualquer sinalização e rapidamente se
expandiu para todo o corpo da barragem”. O mesmo aponta também que construção
na parte da frente da represa juntamente o alteamento já citado aqui, tudo isso em
velocidade superior à de qualquer registro histórico ocasionou a ruína da obra
(AQUINO,2016).

“O primeiro incidente ocorreu em 2009, logo após o término do dique de partida.


Devido a defeitos de construção na base do dreno de fundo, a barragem foi tão
danificada que o conceito original já não poderia ser implementado”, afirma o texto do
relatório da Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP feito por especialistas em
engenharia geotécnica (2016).
2
Por fim, foi feita uma “improvisação” pela Samarco, em 2012, na área onde
aconteceu o rompimento, e isso é diretamente relacionado às causas da tragédia. A
empresa devia fechar e concretar um duto, parar assim prosseguir com o “alteamento”
da barragem (para armazenar ainda mais rejeitos), entretanto, para ganhar tempo e
“manter as operações neste período, o alinhamento da barragem na ombreira
esquerda foi recuado da sua posição anterior. Isto colocou o aterro diretamente sobre
a lama previamente depositada. Com isso, todas as condições necessárias para
desencadear a liquefação estavam presentes”, foi assinado por Norbet Morgenstern,
Steven Vick, Cássio Viotti e Bryan Watts relatório da Cleary Gottlieb Steen & Hamilton
LLP (2016) (GUIMARÃES, 2019).

CONSEQUENCIAS:

As consequências, no entanto, não foram apenas do ponto de vista ambiental.


Vários dos cidadãos de Bento Rodrigues acabaram desalojados, houve escassez de
água, além de vidas perdidas na tragédia. Os impactos ambientais incalculáveis e
como apontam especialistas, irreversíveis (BUNDE, 2018).

O desastre despejou cerca 56 milhões de metros cúbicos de rejeitos sobre o


Rio Doce, com isso, 663 quilômetros do curso do rio foram contaminados, que se
estende de Mariana, Minas Gerais, a Regência, no Espírito Santo, alastrando pelo
mar e estendendo até a costa norte do estado. No percurso desde o Complexo de
Germano até a foz do Rio Doce, a lama atingiu rigorosamente mais de um milhão de
habitantes de 47 municípios, sendo eles 37 de Minas Gerais e dez do Espírito
Santo. Os prejuízos econômicos foram estimados em US$ 5,2 bilhões, ou R$ 20
bilhões, apurado no valor estipulado pelo governo federal na época (MEDINA, 2020).

3
Fonte: Elaborado pela Fiocruz com base nos dados disponibilizados pela ANA (2016).

Figura 1: Percurso da lama proveniente do desastre de Mariana ao longo da bacia do rio Doce.

O barro proveniente do rompimento da barragem, destruiu com a vegetação


por onde passou e atingindo severamente o Rio Doce. Ambientalistas acreditam que
o efeito no mar continuará por mais cem anos, pontuando também os danos sociais,
de saúde físicos e psicológicos nas milhares de pessoas atingidas pelo acontecido.
Dezenove pessoas morreram e 700 ficaram desabrigados. Fauna e flora devastadas
pela tragédia, dentre outros danos ambientais (MEDINA, 2020).

Ao meio ambiente um dos principais problemas, inclusive, diz respeito à lama


que se acumulou na da região do acidente. Ao secar, toda essa concentração formará
uma camada espessa, que se assemelha ao cimento, impedindo assim o
desenvolvimento da fauna e flora. Essa espécie de “pavimentação” levará longos
anos para se concretizar dado o volume de dejetos na região. Contudo, para que se
consiga realizar construções e fazer as devidas manutenções é preciso aguardar
longas décadas para que o barro seque (BUNDE, 2018).

Desse modo, desastre ocasionou danos incalculáveis aos produtores rurais, às


comunidades e aos indígenas que as suas sobrevivências dependiam da pesca, do

4
turismo e do comércio. A arrecadação dos municípios que sofreram com o acontecido,
despencou, diminuindo assim investimentos na saúde, na educação e na segurança
pública. A como a tragédia afetou muito a infraestrutura dos municípios isso ocasionou
em um desemprego imenso. Estimativas dizem que mais de duas mil pessoas foram
afetadas (MEDINA, 2020).

Entre os impactos ao ecossistema local tem-se que levantamentos recentes


apontam que 11 espécies de peixes do Rio Doce agora estão em extinção, cerca de
10 toneladas de peixes mortos em virtude do desastre; 392 quilômetros quadrados
de área marinha foram atingidas, e o número segue crescendo dado novas
pesquisas. Além destes dados, foi observado um acréscimo 2600% de manganês
(metal tóxico e pesado) na região. Como também um acréscimo de 400% a
concentração de arsênio (semimetal tóxico e pesado) na região (BUNDE, 2018).

Com todo esse impacto na sociedade e no meio ambiente medidas de


reparação e de compensação deveria de forma eficaz, tendo em vista situações
adversas de vulnerabilidade que foi produzida pelos efeitos do desastre. Contudo, o
que se tem observado mineradoras por meio da Fundação Renova é que, sobretudo
no que se refere ao campo socioeconômico, as mesmas sido marcadas por
morosidades e descumprimento das determinações dos acordos jurídicos. Além
disso, a morosidade das ações de reparação e compensação é contribuidora para
ampliação de danos e perdas ao longo do tempo, em um processo de abandono
social decorrer das reparações que incrementa gradualmente as chances de danos
serem irreparáveis. “Mais do que ações difusas ou reconhecimento parcial, são
necessárias políticas públicas integradas e intersetoriais para a recuperação
ambiental, a reestruturação socioeconômica, a garantia de segurança hídrica e
alimentar e a proteção à saúde. A multidimensionalidade dos impactos causados
pelo desastre da mineração torna premente a reparação integral e a garantia dos
direitos lesados de todas as comunidades e pessoas atingidas”, reforça Euzeneia
Carlos (MEDINA, 2020).

5
CONCLUSÃO:
O entendimento das definições de “Risco”, “Vulnerabilidade” e “desastre
natural/ambiental” faz-se primordial para a execução da análise de um desastre como
o de Mariana.

Conclui-se, portanto, que a má gestão da mineradora Samarco provocou danos


praticamente irreversíveis para o meio ambiente e totalmente inconvertível para
diversas famílias, ceifando vidas e destruindo seu lugar de origem.

REFERENCIAS:
TRAJBER, Rachel; OLIVATO, Débora; MARQUEZINE, V. Conceitos e termos para
a gestão de riscos de desastres na educação. São Paulo: CEMADEN, v. 201, 2015.
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais. Disponível em:
http://educacao.cemaden.gov.br/medialibrary_publication_attachment?key=EDtGLgx
TQiYlb8yFZUCUND1dSaw=. Acesso em: 27 fev. 2022.

[1] Governo do Estado do Paraná Secretaria da Educação. Desastres Naturais-


Geografia. [ac. 2017].
Disponível em:
http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=258.
Acesso em: 27 fev. 2022.

BUNDE, Mateus. Desastre de Mariana. Todo Estudo. 29 de jul. de 2018 Disponível


em: https://www.todoestudo.com.br/geografia/desastre-de-mariana. Acesso em: 27
fev. 2022.

MEDINA, Jorge. Comunidades ainda sofrem efeitos da tragédia de Mariana e


precisam de reparação, revela pesquisa. UFES, Vitória-SP, 18 set. 2020. Disponível
em:
https://portal.ufes.br/conteudo/comunidades-ainda-sofrem-efeitos-da-tragedia-de-
mariana-e-precisam-de-reparacao-revela. Acesso em: 27 fev. 2022.
AQUINO, Yara Aquino, Agência Brasil – Brasília. Publicado em 24 jun 2016 - 19:48.
Disponível em:
6
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-06/tragedia-em-mariana-foi-
causada-por-obras-em-barragem-da-samarco-diz-mp . Acesso em: 27 fev. 2022.

GUIMARÃES, Juca. Problemas na barragem da Samarco existiam desde sua


construção, aponta relatório. ln: Brasil de Fato . Brasil de Fato - UMA VISÃO
POPULAR DO BRASIL E DO MUNDO. São Paulo (SP) , 5 fev. 2019. Disponível
em:https://www.brasildefato.com.br/2019/02/05/problemas-na-barragem-da-
samarco-existiam-desde-sua-construcao-aponta-
relatorio#:~:text=%E2%80%9CO%20primeiro%20incidente%20ocorreu%20em,por%
20especialistas%20em%20engenharia%20geot%C3%A9cnica.Acesso em: 27 fev.
2022.
Comitê de Especialistas para Análise da Ruptura da Barragem de Rejeitos de Fundão-
relatório da Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP, 25 agos de 2016.

ANA – Agência Nacional de Águas. Encarte Especial sobre a Bacia do Rio Doce:
Rompimento da barragem em Mariana/MG, 2016. Disponível em: . Acessado em:
28/02/2022.

Você também pode gostar