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IVAN SOUZA ISAEL DE BARROS

WELLINGTON TAFARELO ZITO


JONAS HENRIQUE MARCUSSO MICHELIN

ÁGUAS E SOCIEDADE

PRESIDENTE PRUDENTE
2022
IVAN SOUZA ISAEL DE BARROS
WELLINGTON TAFARELO ZITO
JONAS HENRIQUE MARCUSSO MICHELIN

ÁGUAS E SOCIEDADE

Trabalho apresentado à Universidade Estadual


Paulista Júlio de Mesquita Filho, orientado
pela Profa.Dra.Danielli Cristina Granado
Romero.

PRESIDENTE PRUDENTE
2022
SUMÁRIO

1. Introdução 1
1.1. Água no meio urbano 1
1.2. Qualidade da água e abastecimento humano 1
1.3. Esgoto, degradação ambiental e saúde 3
2. Desenvolvimento

2.1. Os sistemas de tratamento de água 4


⮚ Finalidade 4
⮚ Padrão de qualidade 5
Tabela 1: Alguns exemplos ilustrativos de padrões de potabilidade para 5
substâncias químicas da Portaria de Consolidação N° 5 de 28/09/2017 do
Ministério da Saúde (MS) do Brasil.
⮚ Tipos de tratamento 7
⮚ Etapas do tratamento convencional 8
2.2. Os sistemas de tratamento de esgoto 9
⮚ Poluição: pontual e difusa 9
⮚ Qual a finalidade do tratamento? 10
⮚ Tipos de tratamento 11

3. Considerações Finais 12

4. Bibliografia 13
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1. INTRODUÇÃO
1.1 Água no meio urbano
Sendo a água o recurso natural mais fortemente explorado, porém de fundamental para a
existência e a constância da vida e, sendo assim deve estar presente no ambiente em
abundância e qualidade apropriadas.Algumas regiões exigem uma maior demanda de água,
tais como os grandes centros urbanos, zonas de irrigação e os pólos industriai. Essa grande
demanda pelo recurso pode superar a oferta, tanto em termos quantitativos quanto
qualitativos (BRAGA et al. 2005).
O uso da água depende de diversos fatores, sendo eles sociais, econômicos e culturais, do
tratamento, e da forma de distribuição. Pela a Lei no 9.433/97 onde o abastecimento publico
e dessedentação de animais é prioridade do uso de recursos hidricos.Os principais vilões no
conflito do uso da água são abastecimento público, agricultura e energia. A da energia e do
abastecimento público, para a distribuição da água há uma relação de dependência da energia,
com isso só aumenta o conflito em relação a seu uso (BITTENCOURT, 2014).
1.2 Qualidade da água e abastecimento humano
Sendo a qualidade de vida intrinsecamente ligada à água dada sua função no corpo
humano, no preparo de alimentos, higienização de utensílios e pessoal (BRAGA et al. 2005).
Os mananciais ou nascentes são fontes de água doce, sendo elas superficiais ou
subterrâneas, com sua utilização para o abastecimento humano ou atividades com retorno de
capital. A eficácia desses mananciais é dependente da sua localidade, da demanda e da oferta
de água (BITTENCOURT, 2014).
Dentre as características da água para abastecimento doméstico pode se citar a ausência
de organismos patogênicos e substâncias tóxicas, a fim de prevenir danos ao bem-estar e à
saúde (BRAGA et al. 2005).
Os parametros para o abastecmento publico ou o IAP( Indice de Qualidade da Água
Bruta para fins de Abastecimento Público) dispoe de 3 grupos: Índice de Qualidade das
Águas (IQA): pH, temperatura d’água, oxigênio dissolvido, coliformes fecais, demanda
bioquímica de oxigênio, nitrogênio total, fósforo total, turbidez e resíduo total; Parâmetros
que avaliam a existência de substâncias tóxicas: cádmio, teste de mutagenicidade, chumbo,
potencial de formação de trihalometanos, mercúrio e níquel; Parâmetros que abalam a
qualidade organoléptica da água: manganês, fenóis, ferro, alumínio, zinco e cobre
(BITTENCOURT, 2014).
2

Oxigênio dissolvido
O oxigênio dissolvido é um dos mais importantes pois está diretamente ligado a tipos de
organismos que podem sobreviver em um corpo d’água. Quando ausente, a existência de
organismos anaeróbicos é possibilitada o que confere um odor, aspecto e sabor indesejável
para à água. A concentração de oxigênio mínima para peixes e algumas espécies é de 2 mg/l
para a existência de formas de vida aeróbia superior. As variáveis que impossibilitam a
existência dessa de vida nos corpos de água está ligado a: características do despejo estão
ligados ao de consumo do oxigênio dissolvido no meio, como a natureza do material
biodegradável envolvido, com a facilidade com o mesmo é biodegradado pelos organismos
decompositores,a quantidade de poluente, a quantidade de oxigênio necessário para a
biodegradação, a vazão despejada etc.; características do corpo de água estão associadas à
disposição com que as cargas contaminadoras são misturadas ao meio aquático; e produção
de oxigênio: o oxigênio dissolvido no meio aquático pode ser criado pela ação fotossintética
dos organismos autótrofos ou pela reaeração, a qual forma-se na passagem do oxigênio
atmosférico para o meio aquático por meio da interface ar–água (BRAGA et al. 2005).
Demanda Bioquímica de Oxigênio
Demanda Bioquímica de Oxigênio ou DBO representa a quantidade de oxigênio
molecular necessário para a estabilização da matéria orgânica deteriorada aerobicamente por
via biológica (MOTA, 2012).
Altos valores de DBO representa geralmente lançamento de cargas orgânicas, em sua
maioria de esgotos domésticos. A ocorrência de altos valores desse parâmetro causa uma
diminuição dos valores de oxigênio dissolvido na água, o que pode provocar mortandades de
peixes e eliminação de outros organismos aquáticos ( BITTENCOURT, 2014).
Nitrogênio total
O principal problema de com suas altas concentrações de nitrogênio é relacionado a
eutrofização. Sendo ele um elemento indispensável para o crescimento de algas, sua
abundância causa o crescimento demasiado desses organismos, causando interferências aos
usos do corpo d’água, gerando redução do oxigênio, gosto, transparência, odor, mortandade
de peixes, obstrução de cursos d’água, etc. (VON SPERLING, 2005).
Segundo Bittencourt (2014) Nos corpos d’água, o nitrogênio pode aparecer nas formas de
nitrogênio orgânico, nitrito amoniacal e nitrato. Nitratos são danosos para o ser humano, e
podem causar uma doença chamada metahemoglobinemia infantil, que é fatal para crianças.
Coliformes Fecais (CF)
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As bactérias do grupo coliforme formam o indicador de infecção fecal mais recorrente,


sendo usado como parâmetro bacteriológico básico na caracterização e na testagem da
qualidade das águas em geral (VON SPERLING, 1996)
Fósforo Total (PT
Presença de fósforo nas águas pode ter origem A presença de fósforo nas águas pode ter
sua fonte a dissolução de compostos do solo, detergentes, despejos domésticos e/ou
industriais, fertilizantes e excrementos de animais ( BITTENCOURT, 2014).
Potencial Hidrogeniônico (pH)
O pH é um dos indicativos mais consideráveis no monitoramento de recursos hídricos
sendo eles superficiais ou subterrâneos. Uma acidez exacerbada pode ser um indicador de
contaminação, enquanto a dureza elevada provocada pelo excesso de solubilização de sais
também pode tornar a água imprópria (BAIRD, 2011).
Temperatura da água
Viscosidade e tensão superficial são parâmetros influenciados pela temperatura da água,
sendo ela modificadora de parâmetros físico-químicos da água. Há uma variação de
temperatura nos corpos d’água perante dia e noite, ou estação. No entanto, sabe-se que
impactos significativos podem ser causados pelo lançamento de efluentes com altas
temperaturas em corpos d’água ( BITTENCOURT, 2014).
Turbidez
A turbidez é caracterizada pela existência de partículas com tamanho variados, a
depender do grau de turbidez da água. Sendo causada por detritos orgânicos, plâncton, algas,
bactérias e algas. A aparência nebulosa indesejável se dá pela ação de dispersão e absorção da
luz pelas partículas (RICHTTER; AZEVEDO NETTO, 2002).
Resíduo total
De acordo com Bittencourt (2014), resíduo total é a matéria que permanece após a
secagem, evaporação ou calcinação da amostra de água. Quando os resíduos sólidos se
depositam nos leitos dos corpos d’água, eles podem causar seu assoreamento, o aumento do
risco de enchentes e problemas para navegação.
1.3 Esgoto, degradação ambiental e saúde
Os esgotos apresentam inúmeros organismos vivos, dentre eles : bactérias, vírus,
vermes e protozoários. Em suma suas origens são os dejetos humano. Assim, esgotos podem
contaminar a água, os alimentos, os utensílios domésticos, o solo, as mãos ou serem
transportados por vetores, como moscas e baratas, provocando novas infecções. Diante disso,
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é preciso uma disposição adequada dos esgotos para a proteção da saúde pública (BRAGA et
al. 2005).
O saneamento básico tem como finalidade garantir a saúde, a segurança e o bem estar,
evitando a exposição de agentes contaminantes, resíduos, detritos, patógenos ou substâncias
tóxicas em geral ( BITTENCOURT, 2014). O saneamento básico constitui-se de
um conjunto de práticas que visam proporcionar níveis crescentes de salubridade ambiental
em um espaço geográfico, para o benefício da população que o habita. Efeitos positivos na
saúde e bem-estar da população podem ser gerados caso essas ações sejam implementadas
adequadamente ( Rosa et al, 2012).
A disposição inadequada de esgotos pode causar epidemias de febre tifóide, cólera,
hepatite, disenterias e diversos casos de verminoses. A grande mortalidade em píses em
desenvolvimentos por muitas vezes está ligado a disposição inadequada de esgotos, sendo as
crianças as principais vítimas (BRAGA et al. 2005).
Efeitos positivos do saneamento básico: melhoria da saúde da população e diminuição
dos custos aplicado ao tratamento de doenças; maior potencial produtivo das pessoas;
diminuição dos custos de tratamento da água para abastecimento; eliminação da poluição
estético-visual; geração de empregos, dinamização econômica e maior desenvolvimento do
turismo; conservação ambiental; etc.( Rosa et al, 2012).
Uma outra importante razão para o tratamento dos esgotos é a preservação do meio
ambiente. Uma exaustão de oxigênio dissolvido é ocasionado pela disposição de esgotos em
corpos hídricos onde exercem uma ação de deletéria, causando escurecimento da água,
mortandade dos peixes e outros organismos maus odores; pode haver a presença de uma
espuma podem ser causada pela presença de detergente nós esgoto e a agitação da massa
líquida. Os nutrientes fazem uma função ‘adubação’ da água, causando o crescimento
exacerbado de vegetais microscópicos que apresentam um odor e gosto desagradáveis
(BRAGA et al. 2005).

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Os sistemas de tratamento de água

Finalidade

Os sistemas de tratamento de água para o abastecimento humano são cada vez


maiores, onde nos últimos tempos verificou-se uma degradação da qualidade das
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águas dos mananciais devido ao aparecimento frequente de novos contaminantes


entre eles os agrotóxicos, advindos do avanço científico e tecnológico aliado ao
crescimento populacional e seu agrupamento nos centros urbanos, a qual torna os
problemas provenientes das atividades antrópicas junto às bacias hidrográficas
(CALIJURI et al. 2019).

Diante desse cenário, os desafios na área de tratamento de água para o consumo


exige constantes aprimoramentos de técnicas que sejam eficientes não só para a
remoção das impurezas da água, cujos malefícios a saúde humana já são conhecidos,
como também de novos contaminantes hoje qualificados como microcontaminantes
emergentes, que não se encontram devidamente monitorados e regulamentados.
Incluem-se nesse grupo os fármacos e os perturbadores endócrinos, entre outros
compostos oriundos das atividades antrópicas nas bacias hidrográficas (CALIJURI
et al. 2019).

Padrão de qualidade

A qualidade das águas deve sempre satisfazer aos padrões de potabilidade, os


quais são estabelecidos pelos órgãos competentes com base nos critérios que visam a
saúde do consumidor. No Brasil, encontra-se em vigência o Padrão de Potabilidade
fixado por meio da Portaria de Consolidação Nº 5 de 28/09/2017 do Ministério da
Saúde (MS). Essa portaria legítima critérios físicos, químicos, bacteriológicos,
organolépticos e radiológicos, determinando os valores máximos permitidos (VMP)
e estabelecendo a frequência mínima de amostragens. Na tabela 1, é apresentado
apenas alguns exemplos ilustrativos de padrões de potabilidade para substâncias
químicas (CALIJURI et al. 2019)

Tabela 1 - Alguns exemplos ilustrativos de padrões de potabilidade para


substâncias químicas da Portaria de Consolidação N° 5 de 28/09/2017 do
Ministério da Saúde (MS) do Brasil.

I - Padrão para substâncias químicas


Parâmetro Chemical Unidade Valor Máximo
Abstract Service Permitido (VMP)
(CAS)
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Arsênio 7440-38-2 mg/L 0,01

Chumbo 7439-92-1 mg/L 0,01

Cianeto 57-12-5 mg/L 0,07

Fluoreto 7782-41-4 mg/L 1,5

Nitrato 14797-55-8 mg/L 10

Tricloroetano 79-01-6 mg/L 20


II - Padrão organoléptico de potabilidade
Alumínio 7429-90-5 mg/L 0,2

Cloretos 16887-00-6 mg/L 250

Ferro 7439-89-6 mg/L 0,3

Manganês 7439-96-5 mg/L 0,1

Sulfato 14808-79-8 mg/L 250


III - Padrão de cianotoxinas da água para consumo humano
Microcistinas - ug/L 1,0
(Total)

Saxitoxinas - ug equivalente 3,0


STX/L
IV - Padrão de radioatividade da água para consumo humano
Rádio-226 - Bq/L 1

Rádio-228 - Bq/L 0,1

Para escolher os processos e operações adequados para o tratamento de água, seja


ela oriunda de manancial superficial ou subterrâneo, é necessário levar em conta diversos
parâmetros gerais de qualidade da água bruta, dentre os quais é possível destacar (Edzwald &
Tobiason, 2010):

i) pH - Variável que apresenta efeito marcante na química constituintes da água e na


eficiência dos processos de tratamento. O pH também afeta a corrosividade e a qualidade da
água, devendo ser controlado na etapa final de tratamento, antes da distribuição de água.
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ii) Alcalinidade - É a medida da capacidade de neutralizar ácidos de uma solução. A


alcalinidade fator importante na coagulação e na seleção da metodologia para controle de
corrosão a ser implantada na ETA.

iii) Dureza - É causada pela presença de íons metálicos bi e trivalentes na água,


principalmente os íons Ca2 + e Mg2 +. O nível de dureza define os conceitos que deverão ser
aplicados na concepção do sistema de tratamento. Da mesma forma que a alcalinidade, afeta
a escolha do método de controle de corrosão.

iv) Turbidez - É uma medida do material particulado presente na água. Ela afeta a escolha
dos métodos de clarificação e pode definir se há ou não necessidade de pré-tratamento da
água a montante de outros processos.

v) Matéria Orgânica Natural (MON) - A presença de MON nas aguas apresenta relação
com a formação de subprodutos da desinfecção (principalmente durante a cloração), aumenta
a demanda de produtos coagulantes e oxidantes, e pode afetar numerosos processos de
tratamento.

vi) Sólidos Dissolvidos Totais (SDT) - Constituem uma medida do conteúdo de sais e de
minerais da água, o qual pode afetar tanto as necessidades de tratamento, em termos de
processos e operações, quanto a aceitabilidade de um manancial como fonte para
abastecimento.

vii) Oxigênio Dissolvido (OD) - É um importante regulador das condições de


oxidação-redução e da especiação química de inúmeras constituintes da água. Condições
oxidativas são produzidas mesmo quando o oxigênio estiver presente em baixas
concentrações.

Tipos de tratamentos:

De acordo com CONOMA N. 2557 as etapas de tratamento são:

“XXXII - tratamento avançado: técnicas de remoção e/ou inativação de constituintes


refratários aos processos convencionais de tratamento, os quais podem conferir à água
características, tais como: cor, odor, sabor, atividade tóxica ou patogênica;

XXXIII - tratamento convencional: clarificação com utilização de coagulação e floculação,


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seguida de desinfecção e correção de pH;

XXXIV - tratamento simplificado: clarificação por meio de filtração e desinfecção e correção


de pH quando necessário;”

Etapas do tratamento convencional

Tratar a água é um processo que necessita de um conjunto de procedimentos


específicos que requerem substâncias químicas. As principais etapas do processo de
tratamento convencional são: (SABESP, 2017)

Pré-cloração – O cloro é adicionado assim que a água chega à Estação de Tratamento de


Água (ETA) para facilitar a retirada de metais e matéria orgânica.

Pré-alcalinização – Depois do cloro, a água recebe soda ou cal, que servem para ajustar o pH
aos valores exigidos nas fases seguintes do tratamento.

Coagulação – Nesta fase, é adicionado cloreto férrico, sulfato de alumínio ou outro


coagulante, seguido de uma agitação violenta da água para que as partículas coloidais
fiquem eletricamente desestabilizadas e tenham maior facilidade de se agregarem.

Floculação – Após a coagulação, há uma mistura lenta da água, que serve para
provocar a formação de flocos com as partículas coloidais.

Decantação – Neste processo, os flocos de sujeira formados na etapa anterior são


depositados no fundo do tanque.

Filtração – Logo após, a água atravessa tanques formados por pedras, areia e carvão
antracito (antracitoso) sendo responsáveis por reter a sujeira que restou da fase de decantação.

Desinfecção – É feita mais uma e última adição de cloro no líquido antes de sua saída da
Estação de Tratamento de Água para garantir que a água fornecida se livre de bactérias e
vírus até a casa do consumidor.

Fluoretação – O flúor é adicionado à água como forma de prevenção de cáries.

Pós-alcalinização – No final, é feita a correção final do pH da água, para evitar a corrosão


das tubulações. A Portaria 2914/11 determina que no sistema de distribuição, o pH da água
seja mantido na faixa entre 6,0 e 9,5.
9

2.2 Os sistemas de tratamento de esgoto

A problemática do saneamento básico no Brasil pode ser medida pelo número de


municípios existentes no país sem qualquer tipo de serviço de esgotamento sanitário.
Segundo o IBGE (2008), 52,2% das 5.507 cidades brasileiras estavam nesta situação
calamitosa. A imensa maioria dos municípios que se encontram em tal conjuntura possui
população inferior a 10.000 habitantes e corresponde a 48,4% de todas as cidades brasileiras,
nos quais 47,1% dos cidadãos vivem na zona rural. Em todo o Brasil, 18,8% dos habitantes
vivem na área rural, tal valor em termos absolutos equivale a mais de 31 milhões de pessoas,
número superior a toda a população da região Sul (IBGE, 2008). A maior parte dessas
localidades lança seus dejetos in natura nos corpos hídricos ou no solo, comprometendo a
qualidade da água utilizada para o abastecimento, irrigação e recreação (TONETTI et al.,
2010).

Poluição pontual e difusa

Ao contrário das fontes pontuais, as fontes difusas de poluição, também denominadas


não-pontuais, são aquelas cuja origem não pode ser facilmente identificada. Cargas difusas,
originadas em extensas áreas, podem ser transportadas de inúmeras maneiras até atingir o
corpo aquático receptor. Entretanto, na maioria das vezes, não é possível monitorar os agentes
poluentes a partir do ponto de origem, pois a fonte exata da descarga e os meios de difusão do
poluente são extremamente difíceis de identificar. Geralmente, a poluição difusa surge a
partir de operações consecutivas sobre extensas áreas, ao contrário das atividades pontuais
que tipicamente caracterizam-se por operações repetitivas concentradas sobre pequenas áreas.
Os poluentes originados a partir de fontes difusas não podem ser medidos em termos de
limitações do efluente, por exemplo, tal qual ocorre com fontes pontuais associadas ao
descarte de águas residuárias urbanas e industriais .A poluição difusa concentra-se quase que
totalmente próximos à guia e sarjetas, ou seja, 80% a 15 cm e 95% a 1 m (NOVOTNY e
CHESTERS, 1981 apud PORTO, 1995).

A maior parte dos resíduos é originada pelo sistema de transporte, ou seja, uma rua de
um bairro tem menos resíduos que uma grande avenida. Então, quanto maior a porcentagem
de ocupação do solo, maior será a quantidade de viagens e maior será a produção de resíduos
(TOMAZ, 2006).
10

As cargas difusas estão intimamente associadas à geologia, ao uso do solo (presença e tipo
de floresta, práticas agrícolas e pastagens) e à morfologia da bacia de drenagem (THOMANN
& MUELLER, 1987).

A identificação e o mapeamento das áreas fornecedoras de substâncias como o nitrogênio


e o fósforo são de grande importância no planejamento e na adoção de medidas de controle
da poluição, sendo que o monitoramento e a quantificação são fundamentais para uma
avaliação do estado trófico dos corpos de água em uma bacia hidrográfica. As águas
residuárias, que abrangem os efluentes domésticos e as descargas industriais, representam a
maior fonte artificial de poluição pontual de corpos hídricos. Essas fontes são consideradas
pontuais na medida em que os poluentes atingem um determinado corpo d' água de forma
concentrada no espaço, com localização definida e frequentemente com regime contínuo de
produção.(STEINKE & SAITO, 2008)

Qual a finalidade do tratamento?

De acordo com Von Sperling (2005) e Nuvolari (2011), a necessidade da implantação de


um sistema de esgotamento sanitário em uma cidade é baseada em quatro aspectos
considerados fundamentais, os aspectos higiênico, social, econômico e ambiental:- higiênico:
com o objetivo de prevenir o controle e a extermínio das muitas doenças de veiculação
hídrica, causadoras de mortalidade precoce, principalmente a mortalidade infantil;

- social: visando a melhoria da qualidade de vida da população, assim como a recuperação


dos corpos hídricos e de suas margens buscando seus usos para prática recreativa, esportes e
lazer;- econômico: buscando o aumento da produtividade geral, além da preservação dos
recursos hídricos e das terras marginais a jusante, considerando todos os usos econômicos da
água: abastecimento, irrigação, geração de energia, navegação, dessedentação de animais,
esporte, lazer, etc.- ambiental: visando a preservação dos mananciais, da fauna e flora,
terrestre ou aquática, e do solo, evitando a poluição e degradação ambiental.(Von Sperling
(2005) e Nuvolari (2011)).

Dias e Rosso (2012) definem o sistema de esgotamento sanitário como sendo “a


integração dos componentes responsáveis pela coleta, transporte, tratamento e disposição
final dos esgotos sanitários”. Já Tsutiya e Sobrinho (2011) dividem o mesmo sistema em:
rede coletora, órgãos acessórios, interceptor, emissário, sifão invertido, estação elevatória,
estação de tratamento e corpo d' água receptor.( Tsutiya e Sobrinho (2011).
11

Tipos de tratamento

Lagoas de Estabilização
Consideradas como uma das técnicas mais simples de tratamento de esgotos, as lagoas de
tratamento são mais comumente empregadas nas regiões quentes do Brasil. Estas utilizam
como fonte de energia a radiação solar, para a estabilização da matéria orgânica, sendo assim,
a temperatura é um fator importante para a implantação deste sistema. O tratamento por meio
das lagoas é constituído exclusivamente por processos naturais através de três zonas:
anaeróbia, aeróbia e facultativa (NASCIMENTO; FERREIRA, 2007).
De acordo com Von Sperling (1996) a utilização deste tipo sistema trata-se de uma forma
simples de tratamento de esgoto, baseada basicamente em movimentos de terra de escavação
e preparação de taludes. Além de ter como objetivo principal a remoção da matéria rica em
carbono, nas lagoas também pode ocorrer o controle de organismos patogênicos, em alguns
casos.
Ao longo do percurso do efluente por estas lagoas, que demora vários dias, uma série de
fenômenos contribui para a purificação do mesmo, sendo esses de maneira anaeróbia ou
aeróbia, conforme citado anteriormente. As lagoas de estabilização podem ser classificadas
com base na maneira em que a matéria orgânica é estabilizada, podendo ser classificadas
como: anaeróbias, facultativas ou maturação/polimento (VON SPERLING, 1996).
Lagoa Facultativa
A função das lagoas facultativas é a remoção de DBO, tendo eficiência de remoção na
faixa entre 75% e 80% (VON SPERLING, 1986). Estas lagoas necessitam de uma área
menor caso haja um pré-tratamento, como uma lagoa anaeróbia.
Esta lagoa possui profundidade na faixa entre 1,5 a 3,0 m, e como a estabilização da
matéria orgânica ocorre mais lentamente, implicando a necessidade de um elevado tempo de
detenção hidráulico, que pode variar de 15 a 45 dias. Nela, a DBO solúvel e finamente
particulada é estabilizada aerobicamente por bactérias dispersas no meio líquido, ao passo
que a DBO suspensa tende a sedimentar, sendo estabilizada anaerobiamente por bactérias no
fundo da lagoa. O oxigênio requerido pelas bactérias aeróbias é fornecido pelas algas, através
da fotossíntese. (Von Sperling (2002)
O processo de estabilização da matéria orgânica ocorre em três zonas distintas: nas zonas
aeróbica, facultativa e anaeróbia. A presença de oxigênio nessas lagoas é suprida pelas algas,
que produzem, por meio da fotossíntese, oxigênio durante o dia e o consomem durante a
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noite. Nestas lagoas ocorrem, de maneira simultânea, processos de fermentação anaeróbia,


oxidação aeróbia e redução fotossintética. Na zona fótica, parte superior, a matéria orgânica
dissolvida é oxidada pela respiração aeróbia, enquanto na afótica, zona inferior, a matéria
orgânica sedimentada é convertida em gás carbônico, água e metano (OLIVEIRA, 1990).
Lagoa de Maturação
Segundo Von Sperling (2002), o objetivo das lagoas de maturação é a remoção de
patógenos e também de nutrientes, tendo como objetivo principal a desinfecção do efluente
das lagoas de estabilização. Estas são mais rasas, permitindo que os raios ultravioletas
consigam agir sobre os microorganismos presentes em toda a coluna d’água. As principais
condições que influenciam o processo de remoção das bactérias, vírus e outros
microorganismos presentes na massa líquida que adentra nestas lagoas são: profundidades 11
menores, alta capacidade de penetração de radiação solar, pH elevado e alta concentração de
oxigênio dissolvido.
Como exposto anteriormente, nestas lagoas predominam condições ambientais hostis
para as bactérias patogênicas, como radiação ultravioleta, elevado pH, elevado OD,
temperaturas mais baixas que o corpo humano, falta de nutrientes e predação por outros
organismos (WHO, 1987). Ovos de helmintos e cistos de protozoários tendem a sedimentar
no fundo das mesmas.
Estas lagoas são utilizadas como pós-tratamento de processos que atuam na remoção da
DBO, sendo mais comumente projetadas como uma série de lagoas, ou como uma lagoa
única com dimensões por chicanas. A eficiência na remoção de coliforme é elevada, podendo
atingir 99,99%, para uma série de mais de 3 lagoas, segundo a afirmação de Von Sperling
(1986).
Ao final do tratamento secundário, o efluente tratado apresenta nível de poluição por
matéria orgânica bastante reduzido, o que proporciona, na maioria dos casos, que estes
possam ser lançados em um corpo hídrico receptor (NEVES, 1974).

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando a intrínseca dependência da vida, do desenvolvimento econômico e


de diversas atividades, perante a água, há uma relação de antagonismo entre o homem e a
natureza em geral onde a exploração e degradação exacerbada colocam em risco a vida de
todo ecossistema terrestre. Esse cenário afeta inclusive os mananciais onde prejudica a
potabilidade, assim, os sistemas de tratamento de água fazem-se essenciais para que se
13

atinja os padrões de qualidade da água adequados.


Conclui-se também que para a saúde, bem-estar da população e ambiental é de suma
importância sistemas de captação e tratamento de esgoto eficientes.

4. Bibliografia

AMARAL, C. L. C.; DA SILVA, I.; VASCONCELOS, T. N. H. Aplicação de uma


atividade experimental investigativa para o ensino de tratamento de água. Revista de
Ensino de Ciências e Matemática, v. 9, n. 1, p. 50-59, 5 abr. 2018.

BAIRD, Colin; CANN, Michael. Química Ambiental. 4. ed. Porto Alegre:


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desafio para o desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo: ABDR, 2005.

BITTENCOURT, Cláudia; PAULA, Maria Aparecida Silva, D. Tratamento de Água e


Efluentes - Fundamentos de Saneamento Ambiental e Gestão de Recursos
Hídricos. [São Paulo - SP]: Editora Saraiva, 2014. 9788536521770. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536521770/. Acesso em: 11
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CALIJURI, M. C.; CUNHA, D.G.F. Engenharia Ambiental: conceitos, tecnologia e


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RESOLUÇÃO CONAMA N° 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005. Brasília, 18 mar.
2005.

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