Você está na página 1de 3

ANÁLISES QUÍMICAS DE ÁGUAS MINERAIS

Seja qual for a área de atuação da sua empresa, a água é um dos principais recursos utilizados. Desde
a alimentação dos seus funcionários, até a agregação como matéria prima, a água precisa seguir certos
parâmetros. Dessa forma, para evitar problemas de saúde pública e de eficiência é necessário uma
análise de água.

Legislação

Cada estado brasileiro, além de seguir as leis nacionais sobre a captação, uso e descarte, também tem
peculiaridades conforme a disponibilidade de recursos hídricos e os principais tipos de indústrias de
cada região. Dessa forma é difícil citar todas as regulamentações a respeito. A melhor saída é
abranger o que todas concordam, quando o assunto é qualidade da água. No Distrito Federal, o papel
de garantir a qualidade da água do consumidor é realizado pela CAESB.

Entretanto, existem dezenas de parâmetros necessários para se qualificar uma amostra no que diz
respeito à potabilidade. Portanto, se a água for usada como líquido de refrigeração, lubrificação ou
matéria-prima o mais importante é saber quais parâmetros o seu processo de fato necessita.

Principais parâmetros

De forma geral, os parâmetros mais utilizados para análise da água são:

pH

O pH é o equilíbrio entre os íons H + e OH–. Sendo que para valores acima de 7 têm-se uma água
alcalina e para medidas abaixo de 7 têm-se uma água ácida. Para usos comerciais, é importante
controlar o pH para evitar danos às tubulações e equipamentos metálicos.

O pH da água depende de sua origem e destinação, mas pode ser alterado pela presença de resíduos e
efluentes. Por isso é extremamente necessário conhecer a qualidade da fonte e como seu efluente está
indo para o sistema de captação.

Coliformes Totais

É uma forma de indicar a presença de microrganismos patogênicos na água. Visto que os coliformes
fecais estão presentes nas fezes de mamíferos. Sendo assim, uma grande quantidade de coliformes
fecais pode indicar que a água recebeu traços de esgoto doméstico e é potencialmente perigosa para o
consumo humano.

Condutividade
A condutividade elétrica é uma medida da concentração total de sais dissolvidos presentes na água.
Apesar de não fornecer medidas reais da concentração de um determinado íon presente, ela nos dá
uma boa noção da salinidade total. O que indiretamente sugere a origem e o grau de contaminação da
água.

A água salobra apresenta elevada condutividade e não é apropriada para consumo humano. Mas
dependendo do uso pode ser utilizada no seu processo industrial. De todas as formas, existem limites
aceitáveis de condutividade para a água residual, estipulados por lei.

Dureza (CaCO3)

É a presença de sais alcalinos terrosos, ou outros tipos de metais. Esses por sua vez, podem por
exemplo, causar a presença de um sabor desagradável e efeitos laxativos na água. Evidentemente,
águas duras não são boas para o consumo humano. Entretanto, em usos como refrigeração ou
lubrificação de equipamentos, podem significar a perda total de um maquinário devido a deposição
deste composto e entupimento das tubulações.

Nitrogênio Total

Nitrogênio em excesso pode ocasionar o crescimento de algas de forma exagerada. Dessa forma, há
surgimento de lodo e/ou o fenômeno conhecido como eutrofização, processo onde ocorre a morte
completa de todos os organismos complexos do curso hídrico e as algas dominam a paisagem. A
remediação de um processo de eutrofização, além de ser demorada, impacta a economia de uma
empresa de forma avassaladora. Tanto pelas multas, quanto pelo custo com reagentes e especialistas.

A preocupação com a qualidade da água, decorrente da progressiva poluição hídrica, é um dos


motivos que levam grande parte da população mundial ao consumo de água proveniente de fontes
minerais (Leclerc e Moreau, 2002). A percepção de que a ingestão desta água remete a um estilo de
vida saudável tem aumentado seu consumo no Brasil e no mundo (Mavridou, 1992). Na última década
sua produção duplicou nos EUA e na Suíça (Wynn et al., 2009). O Brasil é o sexto maior produtor do
mundo, com aproximadamente 3,5 bilhões de litros registrados no ano de 2000. A região Sudeste é
responsável pela maior produção (53%), sendo 36,9% só no estado de São Paulo. O Nordeste é o
segundo, respondendo por 25,1% (Resende e Prado, 2008). Isso se deve principalmente às
propriedades terapêuticas e medicinais atribuídas ao produto. O conceito de pureza associada é,
também, responsável por seu aumento de consumo, mas não se tem certeza sobre a superioridade
desta em relação à água de abastecimento público (Pontara et al., 2011). A RDC/274 (ANVISA, 2005)
caracteriza as águas minerais como obtidas diretamente de fontes naturais ou artificialmente captadas
de origem subterrânea. São determinadas pelo conteúdo definido e constante de sais minerais e
presença de oligoelementos. O elemento predominante na sua composição varia com as rochas e
terrenos pelos quais percorre enquanto infiltra-se no solo, podendo apresentar alterações devido às
condições hidrogeológicas, hidroclimáticas e a biota (Resende e Prado, 2008). Independente da fonte
(superficial ou subterrânea) a água pode servir de veículo para vários agentes biológicos e químicos
sendo necessário observar os fatores que podem interferir negativamente na sua qualidade (Di
Bernardo, 1993). Dentre as substâncias encontradas na água, o composto nitrogenado em seus
diferentes estados de oxidação (nitrogênio amoniacal, nitrito e nitrato) pode apresentar riscos à saúde
humana (Alaburda e Nishihara, 1998). A presença do nitrogênio na água pode ser de origem natural,
como matéria orgânica e inorgânica e chuvas; e antrópica, como esgotos domésticos e industriais. O
nitrato, um dos mais encontrados em águas naturais, apresenta-se em baixos teores nas águas
superficiais, podendo alcançar altas concentrações em águas profundas, como nas fontes minerais, por
ser altamente lixiviante nos solos, contaminando corpos d’água e aquíferos subterrâneos (Alaburda e
Nishihara, 1998). Na RDC/274 (ANVISA, 2005) o nitrato deve apresentar valor máximo permissível
(VMP) de 50 mg/L em águas minerais naturais. Seu consumo está diretamente relacionado com a
caracterização de dois fatores adversos à saúde, como indução à metemoglobinemia e a formação
potencial de nitrosaminas e nitrosamidas carcinogênicas.

O íon fluoreto, encontrado em águas minerais, deve apresentar concentrações abaixo de 1mg/L,
conforme a legislação. Sua ingestão acima de 2 mg/L é considerada inadequada para lactentes e
crianças com até 7 anos de idade, podendo acarretar o surgimento de fluorose dental e óssea. Por
outro lado, a presença de fluoreto em água de consumo, em níveis recomendados, é a forma mais
eficiente e coletiva para a prevenção de cáries (Brandão e Valsecki Júnior, 1998; Bulcão e Rebelo,
2009). Metais também podem comprometer a qualidade da água. Silva (1997) afirma que a
intoxicação por metais se desenvolve lentamente e muitas vezes só pode ser identificada após anos ou
decênios, e sua presença reduz a capacidade autodepurativa da água devido a ação tóxica sobre os
microorganismos que realizam esse processo. Os metais presentes na água, quando ingeridos, são
absorvidos pelo organismo humano pelo trato gastrintestinal e a absorção pode ser afetada pelo pH da
água, pelas taxas de movimentação no trato digestivo e pela presença de outros compostos (Freitas et
al., 2001). Sua ingestão também pode causar distúrbios gastrointestinais e até disfunção mental com
degeneração do sistema nervoso central. Dentre os mecanismos de sua toxicidade estão incluídas as
interações com sistemas enzimáticos, interações com membranas celulares e efeitos específicos sobre
certos órgãos e sobre o metabolismo celular em geral (Morgano et al., 2002). Em relação aos
microrganismos presentes na água mineral, Pontara et al. (2011). afirmam que a percepção de que a
água mineral é segura e isenta de impurezas deve ser repensada, sendo necessário avaliar critérios de
monitoramento e análise microbiológica. A população em geral considera a água mineral segura, mas
não existem estudos que comprovem esta hipótese para a maioria das cidades brasileiras. Pesquisas
realizadas em etapas curtas podem ser inadequadas para avaliar fontes de água (Alves et al., 2002;
Morgano et al., 2002; Pontara et al., 2011). Com o objetivo de estudar parâmetros físico-químicos e
microbiológicos da água mineral comercializada na cidade de Macapá, avaliou-se sua conformidade
em relação à legislação vigente. A partir desta perspectiva foi definida uma metodologia de
monitoramento mensal da qualidade da água num horizonte temporal de dois anos consecutivos.

Você também pode gostar