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SUBTERRÂNEAS
Renato Fanha1
5.1.1 Introdução
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Discente do curso de graduação em geologia, UFBA. Email: fanhageologia@gmail.com
importância nas interpretações e resultados finais dos estudos hidroquímicos. O objetivo da
amostragem é coletar uma porção representativa, cuja análise fornecerá uma imagem do
universo estudado. É essencial que a amostragem seja feita com técnicas e equipamentos
adequados, para evitar todas as fontes possíveis de contaminação e perdas, devendo ser
orientada, preferencialmente, pelo químico responsável pela obtenção dos resultados
analíticos ou pelo biólogo responsável pelas determinações e/ou análises.
O tempo entre a coleta e a análise das amostras deve ser o mínimo possível, pois
efeitos causados pela temperatura e/ou luz podem acarretar a alteração de suas características
iniciais. Portanto, muitas vezes é preferível metodologias mais simples de análise in loco do
que análises mais sofisticadas em laboratório.
Para evitar, diminuir ou retardar essas modificações, faz-se necessário utilizar técnicas
adequadas de preservação e armazenamento das amostras. Os principais métodos de
preservação são o controle de pH, refrigeração e adição química, tendo como efeitos o
retardamento e/ou redução da ação biológica, da hidrólise dos complexos e compostos
químicos, a volatilização de constituintes e a absorção e/ou aderência ao material do
recipiente armazenador.
Do ponto de vista das características químicas, temos o pH, o Eh, resíduos secos,
sólidos totais dissolvidos, alcalinidade, acidez, dureza, demanda de oxigênio, carbono
orgânico total, íons dissolvidos, gases dissolvidos, nutrientes e compostos orgânicos
sintéticos.
Os padrões da água para uso na agricultura (irrigação) são mais simples, porque o
número de parâmetros a serem considerados é menor. A classificação das águas para fins
agrícolas é determinada pela concentração de alguns íons tais como o sódio, potássio, cloreto,
sulfato, bicarbonato e boro, e parâmetros como a concentração total dos sais dissolvidos
(STD), condutividade elétrica e a concentração total de cátions, que influenciam de maneira
diferenciada no crescimento de cada espécie vegetal.
Os efeitos dos tipos de água sobre os vegetais levam em consideração não só sua
composição físico-química, mas também as características da espécie vegetal (tolerância à
salinidade e seu ciclo de vida) e do solo (permeabilidade, porosidade, textura e composição
mineral). Existem alguns critérios que permitem verificar a adequabilidade da água para
agricultura, sendo atualmente o mais aceito e utilizado a classificação do United States
Salinity Laboratory - USSL. Esta classificação baseia-se na Razão de Adsorção de Sódio
(RAS), como indicador do perigo de alcalinização ou sodificação do solo, e na condutividade
elétrica da água (CE), como indicador do perigo de salinização do solo. Quanto maior o RAS,
menos apropriada é a água para fins de irrigação. O RAS indica a percentagem de sódio
contido numa água que pode ser adsorvido pelo solo.
5.2.1 Introdução
A ZNS pode ser dividida em três componentes: (a) a zona das raízes, uma faixa com
alta porosidade e permeabilidade, penetrada pelas raízes das plantas; (b) a zona vadosa ou
intermediária, de espessura variável e com sedimentos de granulometria variável, composta
das águas gravitacional, pelicular e capilar; (c) a franja capilar, que representa o limite entre a
ZNS e a ZS. Na ZNS coexistem três fases: o material sólido poroso de origem geológica ou
orgânica; a fase líquida, com água e os solutos; e a fase gasosa, composta pelo ar com vapor
d’água, etc.
A classificação da água é feita com base nas espécies mais abundantes. Dentre os
constituintes principais, o cátion ou ânion que perfaz mais de 50% do conteúdo iônico total,
classifica a água de acordo com a espécie predominante (e.g. sulfatada, cloretada,
bicarbonatada etc.), ou pelo cátion e ânion que predominam (e.g. bicarbonatada-sódica,
bicarbonatada-cálcica, etc.). Quando várias espécies se apresentam com concentrações
igualmente abundantes, a água exibe uma tipologia química mista (e.g. sulfatada-cloretada-
cálcica).
A representação gráfica tem sido usada, também, para classificar a tipologia química
da água e verificar a abundância relativa dos elementos principais. É um método rápido para
avaliar a evolução química da água, indicando diferenças e similaridades entre amostras ou
processos e reações químicas. Os diagramas dos tipos colunares, radiais e ternários propostos
na literatura (Domenico e Schwartz, 1990, Hem, 1985, Szikszay, 1993), são úteis para ilustrar
a proporção dos íons em uma amostra. Contudo, para estudar a hidroquímica ou variação
espacial e temporal da água entre diferentes aqüíferos, um grande número de figuras pode ser
requerido. O tratamento das diferentes populações de amostras relacionadas a distintas
origens ou fácies minerais exige a aplicação de métodos estatísticos.
Nos trópicos, o intemperismo das rochas exibe suas particularidades e novos campos
de pesquisa nesta área estão emergentes. Diversos fatores afetam o movimento da água no
ciclo hidrológico nos trópicos e resultam em efeitos distintos daqueles fora dos trópicos. É
importante se considerar o balanço hídrico da região, a presença da vegetação, tempo e
distribuição das chuvas etc. Em geral, a gestão dos recursos hídricos ainda não tem sido
adequada a climas tropicais. Falta conhecimento mais consistente de aspectos relacionados à
estrutura, funcionamento e dinâmica da água nestas condições. Finalmente, embora muitas
pesquisas tenham sido desenvolvidas, existe ainda uma grande lacuna para a compreensão dos
problemas relacionados ao comportamento da água e migração dos constituintes químicos nas
condições diversificadas de clima tropical úmido, árido e semi-árido atuantes no Brasil.
5.3.1 Introdução
A importância da água para a vida na Terra e para as atividades humanas pode ser
avaliada pelas principais funções e usos dessa substância. Quanto à distribuição espacial, a
poluição (e a contaminação que pode originar) pode ser: pontual, difusa e linear. Em geral, as
contaminações pontuais dão origem a concentrações elevadas, localizadas em plumas que
podem permanecer estratificadas em um aqüífero. As contaminações difusas tendem a criar
uma estratificação regionalizada e os mananciais de superfície e poços produzem uma mistura
contaminada e não contaminada, em proporções crescentes com o tempo.
As contaminações das águas subterrâneas podem ter origens diversas, sendo
atualmente mais comuns aquelas relacionadas diretamente com atividades industriais,
domésticas e agrícolas. De acordo com a classificação estabelecida pelo Office of Technology
Assessment (OTA) do Congresso dos Estados Unidos, modificada por Fetter (1993), é
possível distinguir as seguintes fontes de contaminação: (a) Fontes projetadas para recepção
de substâncias, (b) Fontes projetadas para armazenar, tratar ou receber substâncias, (c) Fontes
projetadas para reter substâncias durante transporte, (d) Fontes produtoras de substâncias em
virtude de outras atividades, (e) Fontes que podem atuar como condutoras da água
contaminada, e (f) Fontes naturais cuja descarga é criada pela atividade humana.
• adsorção-desorção;
• ácido-base;
• solução-precipitação;
• oxidação-redução;
• associação iônica (complexação);
• síntese celular microbiana. No caso de poluentes radioativos, ocorrem fenômenos de
decaimento e processos não radiogênicos.
Durante dois anos, foi feito um monitoramento com coleta de amostras de água para
análise dos traçadores iônicos e orgânicos, com o objetivo de definir o movimento da pluma.
Globalmente foram feitas mais de 14.000 análises, onde o resultado é uma separação dos
componentes da pluma, fenômeno conhecido como efeito cromatográfico. A duração total do
experimento foi de 633 dias para os orgânicos e 647 dias para o cloreto. O cloreto moveu-se
muito mais do que os orgânicos e o tetracloreto de carbono moveu-se muito mais do que o
tetracloroetileno.
As velocidades relativas foram indicadas pelas posições dos centros de massa das
plumas no final do experimento, onde: