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III-332 – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E ECOTOXICOLÓGICA DO

CONCENTRADO DE OSMOSE INVERSA DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO


DE LIXIVIADO DE ATERRO SANITÁRIO

Ronei de Almeida(1)
Engenheiro Químico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestre em Engenharia de Processos
Químicos e Bioquímicos (EPQB/UFRJ). Doutorando em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos na
EQ/EPQB – UFRJ.

Raphael Porto(1)
Graduando em Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (EQ/UFRJ). Bolsista de
iniciação científica da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).

Daniele Maia Bila(2)


Doutora em Engenharia Química pela COPPE/UFRJ. Professora associada do Departamento de Engenharia
Sanitária e do Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (DESMA/UERJ).

Bianca Ramalho Quintaes(3)


Doutora em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos (TPQB/UFRJ). Gerente do Centro de Pesquisas
Aplicadas da Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (Comlurb).

Juacyara Carbonelli Campos(1)


Doutora em Engenharia Química pela COPPE/UFRJ. Professora associada do Departamento de Processos
Inorgânicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (DPI/EQ/UFRJ).

Endereço(1): Av. Athos da Siveira Ramos, 149 – Cidade Universitária – Ilha do Fundão – Rio de Janeiro – RJ –
CEP: Brasil - Tel: (21) 2562-7346 – e-mail: ronei@eq.ufrj.br

RESUMO
Os processos de nanofiltração e osmose inversa (OI) têm sido utilizados para tratar eficientemente os
lixiviados de aterros sanitários. Entretanto, o gerenciamento do concentrado – corrente líquida formada pela
parcela de contaminantes retidos pela membrana – é um dos principais gargalos dos processos de separação
com membranas (PSM). A caracterização físico-química e ecotoxicológica do concentrado gerado nos PSM é
um instrumento essencial para definição de rotas e estratégias para gerenciamento do rejeito gerado. Neste
contexto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a composição físico-química e ecotoxicológica do
lixiviado e do concentrado de osmose inversa (COI) de uma estação de tratamento de lixiviado de aterro
sanitário de grande porte. O COI apresentou elevada concentração de matéria orgânica, quantificada através
dos parâmetros Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5) (3,40 g/L) e Demanda Química de Oxigênio
(DQO) (11,73 g/L), e reduzida biodegradabilidade – baixa relação DBO5/DQO (0,29) e elevada concentração
de Substâncias Húmicas (SH) (4,32 g/L). A concentração média de cloreto foi de 5,94 g/L. Além disso, o
resultado de ecotoxicidade do concentrado (CE50 = 0,1745%; FT ≌ 573) confirmou o elevado potencial
poluidor ecotoxicológico do COI para o ambiente aquático. Considerando os resultados desse estudo, do ponto
de vista dos autores, a recirculação do COI no corpo do aterro não é aceitável, visto que esse rejeito pode ser
considerado um resíduo perigoso e por isso, requer gerenciamento diferenciado. Prevê-se que os resultados
desse estudo avancem no entendimento das práticas de destinação do concentrado de PSM adotada em aterros,
bem como, contribua para o estabelecimento de protocolos relacionados ao tratamento de lixiviados mais
eficientes.

PALAVRAS-CHAVE: Concentrado, Ecotoxicidade, Lixiviado, Osmose Inversa, Vibrio fischeri

ABSTRACT
Nanofiltration and reverse osmosis (RO) have been used to treat landfill leachate efficiently. However, the
management of the concentrate - waste stream formed by the contaminants retained by the membrane - is one

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of the main bottlenecks of membrane separation processes (MSP). The physicochemical and ecotoxicological
characterization of the concentrate generated in the MSP is an essential tool for defining routes and strategies
for managing the generated reject. In this context, the present study aimed to evaluate the physicochemical and
ecotoxicological composition of the leachate and the reverse osmosis concentrate (ROC) of a full-scale landfill
leachate treatment plant. The ROC presented a high concentration of organic matter, reported as Biochemical
Oxygen Demand (BOD5) (3.40 g/L) and Chemical Oxygen Demand (COD) (11.73 g/L), and reduced
biodegradability – low BOD5/COD ratio (0.29) and high concentration of humic substances (HS) (4.32 g/L).
The average chloride concentration was 5.94 g/L. The ecotoxicity result of the concentrate (EC50 = 0.1745%;
TU ≌ 573) confirmed the high ecotoxicological pollutant potential of the ROC for the aquatic environment.
Considering the results of this study, in the authors' point of view, ROC recirculation onto the landfill body is
no longer acceptable as concentrated leachate can be considered a hazardous waste requiring special
management. It is expected that the results of this study will advance the understanding of the disposal
practices of the MSP concentrate adopted in landfills, as well as contribute to the establishment of protocols
related to leachate treatment more efficient.

KEYWORDS: Concentrate, Ecotoxicity, Leachate, Reverse osmosis, Vibrio fischeri

INTRODUÇÃO
No que tange à administração dos aterros sanitários, uma das questões mais preocupantes é o efetivo
tratamento dos líquidos lixiviados gerados. O lixiviado – efluente líquido proveniente da decomposição de
substâncias contidas nos resíduos sólidos e infiltração de águas pluviais – é uma matriz aquosa potencialmente
poluidora e de extrema complexidade, visto que apresenta grande variabilidade na composição, pois seu
processo de geração pode ser influenciado por diversos fatores, tais como, características dos resíduos
dispostos no aterro, condições climáticas e hidrogeológicas (KJELDSEN et al., 2002).

No presente momento, não existe uma tecnologia de aplicabilidade geral que possa ser utilizada para
tratamento do lixiviado de quaisquer aterros. Nos últimos anos, a osmose inversa (OI) emergiu como
tecnologia mais promissora para tratamento desse efluente, seja como etapa complementar ou única
(CINGOLANI et al., 2018; TALALAJ et al. 2019; DE ALMEIDA et al., 2020). Entretanto, um dos principais
desafios dessa tecnologia é o gerenciamento do concentrado – corrente líquida formada pela parcela de
contaminantes retido pela membrana – gerado durante a filtração (LADEWIG & ASQUITH, 2012).

Geralmente, nos concentrados de osmose inversa (COI) provenientes do tratamento do lixiviado são
encontrados compostos orgânicos de elevada massa molar e íons inorgânicos (JOO & TANSEL, 2015). A
composição do COI também é influenciada pela quantidade e tipo de produto químico utilizado nos processos
de limpeza das membranas e/ou procedimentos de prevenção de fouling/biofouling, ou agentes químicos
utilizados para ajuste do pH do afluente (VÄISÄNEN et al., 2002), dessa maneira, atenção especial deve ser
dada a essas etapas durante operação das estações de tratamento. Dentro desse contexto, a caracterização
físico-química e ecotoxicológica do COI é uma ferramenta essencial para a definição de rotas e estratégias de
gerenciamento desse rejeito gerado no tratamento do lixiviado.

Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a composição físico-química e ecotoxicológica
do lixiviado e do COI de uma estação de tratamento de lixiviado de aterro sanitário de grande porte.

MATERIAIS E MÉTODOS
O aterro sanitário deste estudo localiza-se na Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro. Todas as
informações apresentadas nesta seção foram obtidas durante visitação técnica realizada em 01/04/2019. O
aterro sanitário ocupa uma área de 1.471.765 m2 e teve suas atividades iniciadas em janeiro de 2012, sendo seu
investimento inicial de construção de aproximadamente US$ 2,45 milhões. A capacidade de recebimento de
resíduos sólidos é de cerca de 2,5 toneladas por dia e a vida útil estimada é de 15 anos (ALMEIDA et al.,
2020).

A estação de tratamento de lixiviado opera desde 2014, consiste em um sistema modular de OI instalado em
container, possui capacidade de tratamento de 120 m3 dia-1 e é composto pelos seguintes sistemas de
tratamento: pré-tratamento físico (filtro de areia e filtro cartucho 0,45 µm) e OI em triplo-passo.

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O sistema de OI opera com vazão de alimentação em torno de 5,4 m3/h, pressão operacional de 50–55 bar e
recuperação de 71%. O COI é armazenado em duas lagoas e posteriormente enviado a três recipientes com
capacidade de 10 m3 e infiltrado no maciço do aterro. Durante a visita técnica, uma lagoa com capacidade de
1424 m3 operava, o concentrado era enviado à dois dos recipientes de armazenamento e infiltrado nas células
de disposição de resíduos do aterro. Estima-se que diariamente sejam infiltrados 30 m3 de concentrado. A
Figura 1 apresenta um diagrama do processo de OI em triplo-passo da estação.

Figure 1: Diagrama do sistema de OI da estação de tratamento de lixiviado do aterro sanitário do


estudo de caso. Pij: permeado; Cij: concentrado; OIij: módulo de membrana; i: passo; j: estágio.

A caracterização do lixiviado e do concentrado foi realizada com base em parâmetros de poluição de efluentes
líquidos do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, publicado pela American Public
Health Association (APHA), pela American Water Works Association (AWWA) e pela Water Environment
Federation (WEF) (2012) e outros procedimentos analíticos descritos na literatura. A saber: potencial
hidrogeniônico (pH) (Método 4500-H+), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5) (Método 5210-B),
Demanda Química de Oxigênio (DQO) (Método 5220-D) e nitrogênio amoniacal (N-NH3) (Método 4500-
NH3), (APHA, 2012), Substâncias Húmicas (SH) (LIMA et al., 2017).

Os bioensaios de ecotoxicidade foram realizados utilizando o sistema Microtox® tendo-se realizado a


hidratação da bactéria liofilizada – Vibrio fischeri – e a leitura da intensidade da luminescência inicial (sem
contato com substância a amostra). Em seguida são realizadas as leituras de luminescência após a exposição
das bactérias por 30 minutos em diferentes concentrações das amostras. A análise estatística do ensaio baseia-
se no efeito perda de bioluminescência em função da concentração das amostras. Os bioensaios foram
realizados de acordo com as recomendações da Norma Técnica NBR 15411-3 (ABNT, 2012).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 2 são apresentados os resultados de caracterização físico-química do lixiviado de aterro e do COI. A
composição físico-química típica de COI do tratamento de lixiviado de aterro é mostrada na Tabela 1.

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Figura 2: Caracterização físico-química do lixiviado de aterro sanitário e do COI da estação de
tratamento de lixiviado.

Tabela 1: Composição físico-química típica de COI de estação de tratamento de lixiviado de aterro.


COI
PARÂMETRO UNIDADE REFERÊNCIA
(MÍN – MÁX)
CALABRÒ et al., 2018; HENDRYCH et al.,
2019; KALLEL et al., 2017; LABIADH et al.,
pH 6,17–8,3
2016; SHAH et al., 2017; WANG et al., 2016;
WU et al., 2010
FERNANDES et al., 2017; HUNCE et al., 2012;
DBO5 mg/L 549–17000
TALALAJ & BIEDKA, 2015
FERNANDES et al., 2017; HUNCE et al., 2012;
KALLEL et al., 2017; LABIADH et al., 2016;
DQO mg/L 1646–49521
LI et al., 2016; TALALAJ & BIEDKA, 2015;
WU et al., 2010
FERNANDES et al., 2017; SHAH et al., 2017;
N-NH3 mg/L 62,9–8300
WANG et al., 2016; WU et al., 2010
FERNANDES et al., 2017; LABIADH et al.,
DBO5/DQO 0,01–0,40 2016; TALALAJ & BIEDKA, 2015; WU et al.,
2010
FERNANDES et al., 2017; HENDRYCH et al.,
Cl- mg/L 1823–30768 2019; KALLEL et al., 2017;
SCANTAMBURLO, 2015

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O caracterização físico-química do lixiviado deste estudo indicou que o efluente apresenta elevada
concentração de matéria orgânica (DBO5, DQO) e SH. A faixa de concentração de DBO5 foi de 1992 a 2321
mg/L, com valor médio de 2220 mg/L e o valor médio da DQO foi de 9010 mg/L. Complementarmente, a
relação DBO5/DQO (0,25) indicou baixa biodegradabilidade da matéria orgânica, confirmada pela
concentração de SH obtida (2987 mg/L).

Em relação aos componentes inorgânicos, a concentração média de N-NH3 foi 3190 mg/L. Essa concentração
de nitrogênio amoniacal é condizente com os valores descritos na literatura para um aterro jovem (< 5 anos).
Além disso, os bioensaios realizados com Vibrio fischeri apontaram que o lixiviado apresenta elevada
ecotoxicidade, concentração de efeito (CE50) = 2,343% ou fator de toxicidade (FT) ≌ 43.

Em relação a composição do COI, em termos qualitativos, essa é idêntica à da corrente de alimentação do


processo de OI, com a diferença de que essa corrente é concentrada e, portanto, prevê-se que os valores dos
parâmetros de poluição sejam superiores. No COI, os parâmetros DQO e SH estavam em concentração
superior de 30% e 45%, respectivamente. Por outro lado, o parâmetro N-NH3 estava presente em concentração
inferior quando comparado a concentração do lixiviado (2,17 g N-NH3/L). Cabe ressaltar que os parâmetros de
caracterização físico-química obtidos estão dentro da faixa de concentração reportada na literatura e
apresentados na Tabela 1.

Quanto a ecotoxicidade do concentrado (CE50 = 0,1745%; FT ≌ 573), os valores foram muito superiores,
demonstrado o elevado potencial poluidor ecotoxicológico do concentrado para o ambiente aquático. Nesse
contexto, é importante destacar o trabalho realizado por Wang et al. (2016). Os autores avaliaram os efeitos
genotoxicológicos do concentrado de processos de filtração por membranas em células hepáticas in vitro e
reportaram alterações citológicas e genéticas nas células HepG2, alertando também para os efeitos prejudiciais
do concentrado à saúde humana.

Na última década, várias tecnologias foram descritas na literatura para gerenciar o COI gerado nos aterros,
incluindo a recirculação (CALABRÒ et al., 2018), evaporação natural (ZHANG et al., 2019),
solidificação/estabilização (HUNCE et al., 2012), eletrocoagulação (FERNANDES et al., 2017), ozonização
(SHAH et al., 2017), processos oxidativos avançados (POAs) (e.g., Fenton, eletro-Fenton, oxidação anódica)
(FERNANDES et al., 2017; LABIADH et al., 2016) e tratamentos térmicos (e.g., incineração, evaporação por
combustão submersa e compressão mecânica por vapor) (ZHANG et al., 2019).

Do ponto de vista tecno-econômico, a infiltração no maciço do aterro sanitário é a técnica mais adotada devido
ao baixo custo e simplicidade. No entanto, Calabrò et al. (2018) reportaram que o conteúdo inorgânico do
lixiviado aumenta (N-NH3 e Cl-) e os poluentes podem acumular no lixiviado e atingir elevadas concentrações.
Consequentemente, impactos negativos poderão ser observados no tratamento do lixiviado no médio e longo-
prazo.

Em relação aos métodos de tratamento, observa-se que os processos físico-químico como a evaporação natural
e eletrocoagulação apresentam como principais limitantes o gerenciamento do lodo gerado no tratamento. Os
POAs apesar de serem efetivos para o aumento da biodegradabilidade do concentrado, podem levar a
formação de subprodutos de maior ecotoxicidade. Portanto, esses processos precisam ser compreensivamente
avaliados. Por fim, os processos térmicos apresentam o componente custo como principal limitante da sua
aplicação em escala plena (FERNANDES et al., 2017; ZHANG et al., 2019).

Nesse cenário, uma abordagem capaz de gerar benefícios ambientais e econômicos deve emergir no
gerenciamento dos concentrados gerado nos aterros sanitários. Na Figura 3 é apresentado um diagrama
esquemático baseado na recuperação de recursos do concentrado e nos conceitos da economia circular.

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Figura 2: Gerenciamento do concentrado de estação de tratamento de lixiviado no contexto da economia
circular.

O concentrado contém componentes recuperáveis como amônia, sais e metais, os quais possuem valor
econômico. Outra perspectiva no gerenciamento do concentrado gerado no tratamento do lixiviado é a
recuperação de substâncias húmicas que poderiam ser empregadas como biofertilizante (YE et al., 2019). Cabe
ainda frisar que o lixiviado tratado pode ser utilizado como água de reúso (DE ALMEIDA et al., 2020).

A produção de energia é outro enfoque promissor no gerenciamento dos concentrados de aterro. Além da
abordagem convencional que se dá através da aplicação de processos anaeróbios no tratamento do lixiviado e
do lodo para a produção de biogás, o qual pode ser empregado com fins energéticos (ABUABDOU et al.,
2020). O concentrado gerado nos PSM pode ser aplicado, por exemplo, em processos de osmose direta para
geração de energia utilizando o gradiente de salinidade (MERMIER & BORGES, 2016). A utilização do fluxo
osmótico permeado através da membrana permite o acionamento de geradores de energia elétrica e/ou térmica
que poderiam ser utilizados como fonte energética renovável nas estações de tratamento de lixiviado.

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CONCLUSÕES
A caracterização físico-química e ecotoxicológica do lixiviado e do COI confirmaram o elevado potencial
poluidor dessas matrizes líquidas. O lixiviado apresentou como características uma elevada concentração de
matéria orgânica, quantificada através dos parâmetros DBO5 e DQO, alta salinidade e reduzida
biodegradabilidade – baixa relação DBO5/DQO e elevada concentração de SH. O concentrado, com
composição qualitativamente semelhante ao lixiviado, apresentou concentrações de contaminantes até duas
vezes superior ao lixiviado. Considerando as análises ecotoxicológica, ambos os efluentes foram
caracterizados como tóxicos. A partir dos resultados obtidos, os estudos futuros investigarão rotas para
tratamento do COI de estações de tratamento de lixiviado de aterro. Espera-se que uma abordagem baseada na
recuperação de recursos (água de reúso, biofertilizante e energia) desempenhe papel central no gerenciamento
dos concentrados gerado em aterros sanitários.

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