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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP

FACULDADE DE TECNOLOGIA - FT

PROJETO DE INICIÇÃO CIENTÍFICA - PIBIC

Tratamento de efluente de suinocultura com adição de inoculante Microgeo

Período: Agosto/2012 a Janeiro/2013

Aluno: Péricles Beserra Siriano – Ra 120029


Orientadora: Profª Drª Cassiana Maria Reganhan Coneglian

LIMEIRA– SP
Fevereiro/2013
1. INTRODUÇÃO

Os abatedouros de suínos , assim como outras atividades agropecuárias, são processos que
demandam alto consumo de água acarretando grandes volumes de efluentes, onde de 80 a 95% da
água consumida é descarregada como efluente líquido (CETESB, 2008).
O desenvolvimento da suinocultura trouxe a produção de grandes quantidades de dejetos,
que pela falta de tratamento adequado, se transformou em fonte poluidora dos mananciais de água.
(PERDOMO et al., 2013). Esses efluentes têm elevada concentração de carga orgânica, medida em
Demanda Química de Oxigênio (DQO) e Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e nutrientes
avaliados em termos de concentração de nitrogênio e fósforo. Todos causam potencial risco ao meio
ambiente, e são constituídos basicamente por fezes, urina e restos de ração e água. Por isso é
imprescindível realizar o tratamento dos efluentes para reduzir satisfatoriamente seu potencial
poluidor.
Vários estudos têm sido realizados objetivando-se diminuir o potencial poluidor da criação
de porcos. Para tanto diversas configurações de tratamento, principalmente biológico, tem sido
empregadas. Dentre as mais citadas estão às lagoas de estabilização, os digestores anaeróbios,
reatores anaeróbios de manta de lodo (UASB), os diversos tipos de reatores aeróbios e sistemas
combinados anaeróbios - aeróbios (BERNET e BÉLINE, 2009; BORTONE, 2009; RAJAGOPAL
et al., 2011; SCHOENHALS et al., 2007).
No tratamento biológico de rejeitos uma das maiores dificuldades está na etapa de partida do
sistema. Assim, no intuito de acelerá-la muitos trabalhos utilizam inóculo, o qual pode ter diversas
procedências. Tendo em vista sua composição rica em micro-organismos estabilizados e nutrientes,
biofertilizantes de uso agrícola, obtidos a partir de esterco bovino fermentado em meio líquido,
podem suprir a carência de nutrientes, potencializar o tratamento biológico de efluentes, atuando
como inóculo (MORETTI et al., 2012).
O tratamento biológico por lodos ativados adicionado do biofertilizante apresentou-se
efetivo para o rejeito de abatedouro e frigorífico de bovinos, com 84% de remoção de DBO quando
aplicado à taxa de 10% em tratamento de 8 horas, 6 horas de aeração e 2 horas de sedimentação
(MORETTI et al., 2011).
O objetivo deste trabalho é avaliar a capacidade do tratamento de efluente de suinocultura
em reatores anaeróbios e aeróbios com a adição do inoculante Microgeo pelo decaimento da DQO.
2. RESUMO DAS ATIVIDADES
Durante o segundo semestre de 2012, realizou-se:

 Várias coletas do efluente de suinocultura em granja de suínos no município de


Cordeirópolis, SP e do biofertilizante Microgeo utilizado como inóculo do tratamento na
empresa Microbiol Biotecnologia no município de Limeira, SP.

 O tratamento do efluente de suinocultura em reatores anaeróbios existentes no laboratório de


Microbiologia Ambiental da Faculdade de Tecnologia.

 O monitoramento do sistema de tratamento nos reatores e as análises físico-químicas das


amostras tratadas, assim como a interpretação dos dados e revisão de literatura sobre o
assunto objeto do presente trabalho.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Efluente de suinocultura

O efluente é obtido em granja localizado em Cordeirópolis-SP, e tem sua composição por


fezes, urina e restos de água e ração. A coleta do efluente foi feita diretamente nas canaletas, que
tem ligação direta com o local onde os animais permanecem até o abate.
O efluente é coletado com o auxilio de um balde e transferido para galões de 20L, passando
por uma peneira de 2,36 mm para separação dos sólidos mais grosseiros, a utilização de peneiras
mais finas impedem a passagem do efluente. A coleta foi realizada quinzenalmente e acondicionado
em sala especifica na Faculdade de Tecnologia da UNICAMP. Em cada coleta era coletados
aproximadamente 200 litros do efluente.
Após os testes, o efluente já utilizado era devolvido à granja, para que se passe pelo
procedimento de tratamento e destinação realizado pela granja.

3.2 Inóculo do sistema de tratamento – Biofertilizante líquido

O biofertilizante concedido pela Microgeo Biotecnologia, localizada em Limeira-SP, foi


coletado em galões de 5L, e mantido em sala especifica na Faculdade de Tecnologia da UNICAMP.

A utilização do biofertilizante (inóculo) no sistema de tratamento foi realizada inoculando os


reatores anaeróbios em relação ao volume do reator em batela nas concentrações de acordo com:
TC: tratamento controle sem adição de inóculo; T1: 1% de inóculo; T5: 5% de inóculo e T10: 10%
de inóculo.

3.3. Reatores Anaeróbios

O reator anaeróbio tem capacidade para 6 L de efluente, e confeccionada em PVC, e


possuem duas torneiras, uma localizada mais abaixo e outra mais a cima, possuem uma tampa que
ajuda a controlar a evasão da espuma produzida pelo efluente em decorrência da aeração.

Como os tratamentos anaeróbios foram conduzidos em sistema em batelada sequencial, para


que se mantivesse mistura completa dentro dos reatores montou-se um sistema de homogeneização
(Figura 1). O sistema foi concebido pela equipe técnica dos Laboratórios de Telecomunicações da
Faculdade de Tecnologia – Unicamp, campus Limeira-SP.
Foto Esquema

A B
FIGURA 1 – Foto do reator (A) e esquema do sistema de homogeneização (B) utilizado no
tratamento anaeróbio (Moretti et al., 2012).

4. RESULTADOS PARCIAIS

A caracterização do efluente de suinocultura encontra-se expresso na Tabela 1, e a


caracterização do biofertilizante na Tabela 2.

Tabela 1 - Característica da água residuária de suinocultura coletada em granja de criação de suino

Parâmetro Amplitude (mg/L)


pH 7,1 - 7,73
DQOTotal 12.000 – 44.000
DQOsoluvel 11.000 - 28.500
Alcalinidade Total 6.325 - 8.955
Alcalinidade parcial 2.610 - 5.288
Alcalinidade intermediaria 1.964 - 5523
N-amoniacal 2.210 - 2.830
Legenda: DQO - Demanda Química de Oxigênio; DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio.
Verifica-se que a qualidade do efluente é bastante variável principalmente em reação a
matéria orgânica carbonácea, avaliada pela DQO e DBO. As características do efluente de
suinocultura estão relacionadas à idade dos animais e sua dieta alimentar. As coletas foram
realizadas nas canaletas de escoamento final da granja, ou seja, após a mistura de todas as etapas de
lavagem das baias, desta forma ocorre variação no efluente tendo em vista o momento da coleta.

Com esta variação na qualidade final do efluente produzido não é possível estabelecer um
padrão de tratamento, o sistema precisa estar apto a receber diferentes concentrações de carga
orgânica. Diante disto este experimento foi realizado buscando sempre adequar a melhor taxa de
aplicação de biofertilizante, assim como a tempo de detenção hidráulica (TDH) do efluente nos
reatores.

Tabela 2 - Características do biofertilizante líquido utilizado como inóculo nos reatores

Parâmetro Amplitude (mg/L)


pH 5,82 - 6,79
DQOTotal 240,0 - 480,0
DQOsoluvel 70,0 - 380,0
Alcalinidade Total 33,4 - 42,0
Alcalinidade parcial 4,03 - 37,9
Alcalinidade intermediaria 1,58 - 33,9
N-amoniacal 0,29 - 3,32
Legenda: DQO - Demanda Química de Oxigênio; DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio.

Nota-se na Tabela 2 variação na composição do inóculo, mas as concentrações são baixas


quando comparadas com a variação do efluente, e não deve ter afetado o tratamento proposto.

Foram realizados 10 ciclos de tratamento com 72 horas de tempo de detenção hidráulica e o


melhor desempenho com relação remoção da DQOtotal ocorreu no 6º ciclo de tratamento, sendo
atingidas eficiências de 49, 38, 55 e 52% para os reatores TC, T1, T5 e T10 respectivamente, e a
aplicação de 10% de biofertilizante utilizado como inóculo parece satisfatória, visto que sua
eficiência foi mais elevada para a maioria dos ciclos.

5. CONCLUSÃO

O objetivo proposto no projeto está sendo comprido e o tratamento do efluente de


suinocultura nos reatores adicionados de inóculo (biofertilizante Microgeo) parecem contribuir para
a remoção da matéria orgânica carbonácea.
6. DIFICULDADES ENCONTRADAS E DESVIOS OCORRIDOS

A pesquisa teve um bom andamento desde seu inicio, mas ao final do semestre ocorreu um
problema com o motor do reator anaeróbio que parou de funcionar, mas esse problema já esta sendo
sanado.

7. ATIVIDADES FUTURAS

Para o período de Fevereiro a Julho de 2013 serão realizadas as seguintes atividades:

 Dar continuidade no tratamento de efluente de suinicultura nos reatoras anaeróbios;

 Iniciar o tratamento em reatores aeróbios após o anaeróbio;

 Realizar um teste com uma levedura que de acordo com a literatura é excelente para
degradar gordura, que causa o odor do efluente de suinocultura;

 Interpretar os resultados e escrever o relatório final;

 Apresentação no trabalho no congresso de IC e outros eventos científicos.

8. CRONOGRAMA

Item 2012 / 2013


1°Trimestre 2°Trimestre 3°Trimestre 4°Trimestre
Revisão da literatura x x
Coleta de Efluente x x
Montagem dos sistemas
anaeróbios x
Montagem dos sistemas
aeróbios de tratamento x
Monitoramento dos
sistemas de tratamento x x
Interpretação dos
resultados x
Relatório parcial x
Relatório final
Apresentação do
Trabalho no Congresso
de IC
x Já Realizado
9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo; Governo do Estado de São Paulo;SMA
- Secretaria do Meio Ambiente; FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Guia
técnico ambiental de abate (bovino e suíno) – serie P+L. São Paulo – SP, p.56-62, 2008.

BERNET, N.; BÉLINE, F. Challenges and innovations on biological treatment of livestock


effluents. Bioresource Technology, v.100, p.5431-5436, 2009.

MORETTI, E.R.; MORALES, D.A.; DRAGONI SOBRINHO, G.D.; SPADOTIM, R.F.;


REGANHAN-CONEGLIAN, C.M. Otimização da biodegradação de efluente de abatedouro de
bovinos mediante adição de biofertilizante. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e
Ambiental, 26, 2011, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: ABES, 2011.

MORETTI, E.R. Tratamento de efluente de suinocultura em reatores anaeróbios seguidos de


aeróbios inoculados com biofertilizante – Qualificação de Mestrado, Faculdade de Tecnologia da
Unicamp - Limeira – São Paulo, 2012.

PERDOMO, C.C.; LIMA, G.J.M.M. Dejetos de suinocultura. Ambiente Brasil. Disponível em:
http://ambientes.ambientebrasil.com.br/agropecuario/dejetos_de_suinocultura/dejetos_de_suinocult
ura.html . Acessado em: 06/02/2013.

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