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Mestrado em Engenharia Química - Tecnologias de Protecção Ambiental

Optimização da Estação de Tratamento de Águas


Residuais de Crestuma

Maria de Fátima Rocha Meireles


Novembro 2011

Orientadores ISEP:
Doutora Leonilde Cristina de Pinho Morais
Doutora Sónia Adriana Figueiredo

Orientador Águas e Parque Biológico de Gaia, E.E.M.:


Engª Raquel Silva
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Agradecimentos

Agradeço aos meus filhos, Pedro e Joana, e ao meu marido pelo apoio que me
deram nas horas de maior dificuldade e desânimo.
Os meus agradecimentos às orientadoras desta tese, Doutora Cristina Morais e
Doutora Sónia Adriana Figueiredo, pelo apoio e disponibilidade prestada na realização
deste trabalho.
Agradeço os contributos dos meus colegas das Águas de Gaia, Eng.ª Raquel Silva,
Eng.ª Jorge Ribeiro e a todos os operadores, que cooperaram com os seus conhecimentos,
na resolução das dúvidas existentes.

Bem hajam!

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Resumo

O presente trabalho, elaborado entre Fevereiro e Julho de 2011, pretendeu analisar


o impacto de algumas estratégias de optimização, adoptadas no âmbito da gestão de
processo. As soluções estudadas tiveram como objectivo fazer face a alguns problemas de
funcionamento da estação de tratamento de águas residuais (ETAR) de Crestuma, com
recurso aos meios existentes.
Para esse efeito foi realizada uma análise ao histórico dos registos de exploração
referentes ao período de Janeiro de 2008 a Julho de 2011, pois foi considerado que este
seria o período necessário para a análise e apuramento de resultados conclusivos.
A ETAR fica situada na freguesia de Crestuma, actualmente com 2619 habitantes,
localizada na confluência do regato de Vessadas com o rio Douro. Destina-se a tratar as
águas residuais provenientes do sistema de drenagem de três localidades, S. Fioso, S.
Picoto e S. Vessada, contribuindo para a despoluição do rio Douro.
Genericamente, a ETAR tem apresentado um desempenho bastante satisfatório,
respeitando os valores limites de emissão previstos na legislação actual (Decreto-Lei
152/97).
A permanência de grandes quantidades de lama no processo, associada a uma
elevada idade das lamas, está na origem da sua má sedimentabilidade, dificultando, por
sua vez, a sua remoção do sistema. Com objectivo de se conseguir remover as lamas
biológicas de uma forma mais eficiente, foi adoptada uma estratégia que compreendeu
duas etapas.
Com a finalidade de melhorar a sedimentabilidade, numa primeira etapa foi
introduzido no processo um produto biológico, composto essencialmente por fungos,
comercialmente conhecido por Optibiom 7450L. Com vista a obter-se uma maior eficiência
na desidratação das lamas, a segunda etapa consistiu na substituição do polímero usado
na lama espessada, por outro, de composição diferente, comercialmente conhecido por
Easy 6040.
Com as alterações introduzidas, foi possível obter um melhor controlo do processo e
convergir para parâmetros de funcionamento mais próximos dos valores referidos na
bibliografia. As alterações mais relevantes foram verificadas nos valores de sólidos
suspensos totais (SST) no reactor biológico e na recirculação, tendo-se obtido valores
médios de 3846 e 9716 mg/L, respectivamente (correspondendo a valores anteriores ao
tratamento de 5301 e 7430 mg/L). Assim, a razão entre as concentrações de SST na
corrente de recirculação e no reactor biológico passou de 1,4 para 2,6. A idade das lamas
diminuiu de 42 para 36 dias com a adição do polímero Easy 6040 e o índice volumétrico de
lamas apresentou uma redução, de 134 mL/g para 100 mL/g, o que se traduziu numa
melhor sedimentabilidade das lamas.
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Desta forma, obteve-se uma diminuição de 33,3% no volume de lama produzida por
3
m de afluente tratado, bem como uma redução de 27% no número de horas de
funcionamento da centrífuga e um decréscimo ligeiro no consumo global de energia da
ETAR (0,89%).
Conclui-se que as alterações introduzidas no processo, adição de um produto
biológico composto por fungos (Optibiom 7450L) e substituição do polímero usado na lama
espessada por outro de composição diferente (Easy 6040), conduziram a uma melhoria no
funcionamento do tratamento biológico da ETAR de Crestuma.

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Abstract

This work, prepared between February and July 2011, aimed to analyse the impact
of the optimization strategies adopted in the management process. The studied solutions
intended to solve some operation problems in the Crestuma wastewater treatment plant
(WWTP), using the existing facilities.
For this purpose an analysis of the plant records history was performed in the period
from January 2008 to July 2011, which was considered the necessary time for analysis in
order to obtain conclusive results.
The WWTP is located in the parish of Crestuma, currently with 2619 inhabitants,
located at the confluence of the Vessadas stream with the Douro river. It is intended to treat
the wastewaters from three locations, S. Fioso, S. Picoto and S. Vessada, contributing to the
reduction of pollution of Douro river.
Generally, the treatment plant has been presenting a very satisfactory performance,
complying the limit emission values according to the current legislation (Decree-Law
152/97).
The persistence of large amounts of sludge in the process, associated with a high
sludge age, is the source of its poor settling, preventing its removal from the system. In order
to remove more efficiently the biological sludge, a two steps strategy has been adopted.
In order to improve the settleability of the sludge, in the first step a biological product,
composed mainly of fungi (Optibiom 7450L), was introduced into the process.
In order to increase the efficiency of sludge dewatering, the second stage was the
replacement of the polymer used in the sludge thickening by another of different composition
(Easy 6040).
The changes introduced led to obtain a better process control and converge to
operating parameters closer to the literature values. The most relevant changes were
observed in the values of total suspended solids (TSS) in the biological reactor and
recirculation, which correspond to average values of 3846 and 9716 mg/L, respectively
(corresponding to ancient values of 5301 and 7430 mg/L). Thus, the ratio of the
concentrations of TSS in the stream of recirculation and biological reactor increased from
1.4 to 2.6. The age of the sludge has been reduced from 42 to 36 days with the addition of
the polymer Easy 6040 and the sludge volume index showed a reduction of 134 mL/g to 100
mL/g, which improved the sludge settleability.
Thus, decrease of 33.3% was obtained in the volume of sludge produced per m 3 of
treated affluent as well as a 27% reduction in the number of hours of operation of the
centrifuge and a slight decrease in the overall energy consumption of the WWTP (0.89%).
It may be concluded that the process changes introduced, addition of a biological
product containing fungi (Optibiom 7450L) and the replacement of the polymer used in the
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sludge thickening by another of different composition (Easy 6040), led to an improvement in


the operation of the Crestuma WWTP biological treatment.

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Índice

1. Introdução....................................................................................................................... 1
1.1 Município de Vila Nova de Gaia e a empresa Águas e Parque Biológico de Gaia
E.E.M ……………………………………………………………………………………………….1
2. Tratamento de águas residuais urbanas ....................................................................... 9
2.1 Principais etapas de uma ETAR com tratamento biológico .................................... 10
2.1.1 Pré-Tratamento ..................................................................................................... 10
2.1.2 Tratamento Primário ............................................................................................. 10
2.1.3 Tratamento Secundário ........................................................................................ 11
2.1.3.1 Microbiologia das lamas activadas ....................................................................... 12
2.1.3.2 Factores que afectam a eficiência ........................................................................ 16
2.1.3.3 Vantagens e desvantagens das lamas activadas ................................................ 17
2.1.4 Tratamento Terciário ............................................................................................. 17
3. Descrição do processo da ETAR de Crestuma ........................................................... 19
3.1 Dados de projecto..................................................................................................... 19
3.1.2 Qualidade do efluente tratado .............................................................................. 20
4. Fluxo de tratamento da ETAR de Crestuma ............................................................... 22
4.1 Descrição geral da instalação .................................................................................. 23
4.1.1 Pré-tratamento (fase líquida) ................................................................................ 23
4.1.2 Medidor de caudal do afluente ............................................................................. 25
4.1.3 Tratamento secundário ......................................................................................... 26
4.1.4 Decantador secundário ......................................................................................... 28
4.1.5 Tratamento Terciário – Sistema de Desinfecção ................................................. 30
4.2 Processo de tratamento de lamas (fase sólida) ...................................................... 31
4.2.1 Estação elevatória de lamas................................................................................. 31
4.2.2 Espessamento de lamas ...................................................................................... 32
4.2.3 Desidratação mecânica de lamas ........................................................................ 33
4.2.4 Poço de escorrências e sobrenadantes ............................................................... 34
5. Monitorização da ETAR de Crestuma ......................................................................... 35
5.1 Objectivos de qualidade ........................................................................................... 35
5.2 Controlo analítico e processual ................................................................................ 35
5.2.1 Análise de resultados do Controlo Analítico ........................................................ 37
5.2.1.1 Caudal de água residual afluente á ETAR ........................................................... 37
5.2.1.2 Sólidos suspensos totais (SST) ............................................................................ 39
5.2.1.3 Variação do pH ..................................................................................................... 40
5.2.1.4 Variação da CQO .................................................................................................. 41
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5.2.1.5 Variação da Carência bioquímica de oxigénio (CBO5) ........................................ 42


5.2.1.6 Percentagem de remoção CBO5, CQO E SST .................................................... 43
5.2.1.7 Razão CBO5/CQO ................................................................................................ 43
5.2.1.8 Nutrientes - Azoto e Fósforo ................................................................................. 44
5.3 Caracterização das lamas ........................................................................................ 46
5.3.1 Índice volumétrico de lamas - IVL ........................................................................ 46
5.3.2 Tempo de Retenção Hidráulica – TRH ................................................................ 48
5.3.3 SST e SSV no reactor biológico e na corrente de recirculação........................... 49
5.3.4 Razão Alimento / Microrganismos (A/M) ou carga mássica ................................ 50
5.3.5 Idade das lamas .................................................................................................... 51
5.3.6 Matéria seca na lama espessada e nas lamas desidratadas .............................. 52
6. Análise e discussão...................................................................................................... 54
6.1 Enumeração dos principais problemas da ETAR .................................................... 54
6.2 Discussão ................................................................................................................. 55
7. Conclusões ................................................................................................................... 62
8. Sugestões..................................................................................................................... 64
Referências bibliográficas ................................................................................................... 65
Anexos ................................................................................................................................. 67
Anexo I – Ficha técnica da mistura fúngica, Optibiom 7450L ............................................ 67
Anexo II – Ficha técnica do polímero, Easy 25 .................................................................. 68
Anexo III – Ficha técnica do polímero, Easy 6040 ............................................................. 69
Anexo III – Dados 2008 ....................................................................................................... 70
Anexo IV – Dados 2009....................................................................................................... 71
Anexo V – Dados 2010........................................................................................................ 72
Anexo VI – Dados 2011....................................................................................................... 73

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Índice de Tabelas

Tabela 2.1 - Situações particulares do funcionamento de estações de tratamento


biológico de águas residuais por lamas activadas…………………………………………. 16
Tabela 3.1 - Populações de projecto e actual (habitantes)……………………………….. 19
Tabela 3.2 - Caudais afluentes à ETAR: valores de projecto e actual………………… 19
Tabela 3.3 - Concentrações de projecto das águas residuais afluentes à ETAR ……. 20
Tabela 3.4 - Limites de descarga dos parâmetros legislados……………………………. 21
Tabela 4.1 - Principais características e condições de funcionamento do sistema de
gradagem……………………………………………………………………………………….. 24
Tabela 4.2 - Principais características e condições de funcionamento do sistema de
remoção de areias……………………………………………………………………………... 25
Tabela 4.3 - Parâmetros de funcionamento do tanque de arejamento………………… 28
Tabela 4.4 - Principais características do tanque de arejamento………………………... 28
Tabela 4.5 - Principais características do decantador……………………………………. 30
Tabela 4.6 - Características do sistema de desinfecção ultravioleta…………………….. 31
Tabela 4.7 - Principais características do espessador gravítico………………………….. 33
Tabela 5.1 – Frequência de monitorização do controlo analítico……………………….. 36
Tabela 5.2 - Métodos utilizados……………………………………………………………… 37
Tabela 5.3 - Capitações de água residual em 2006 para regiões hidrográficas de
Portugal continental e ilhas…………………………………………………………………… 38
Tabela 5.4 - Valores de referência de IVL…………………………………………..……… 47
Tabela 5.5 - Valores obtidos de V30, SST e IVL…………………………………………… 47
Tabela 5.6 - Valores de referência de TRH………………….……………………………… 48
Tabela 5.7 - Tempos de retenção do reactor biológico e decantador; taxa do caudal
recirculação........................................................................................…………………… 48
Tabela 5.8 - Valores de referência da razão A/M………….………………………………. 51
Tabela 5.9 - Calculo da carga mássica no reactor biológico…………………………...... 51
Tabela 5.10 - Valores obtidos da idade das lamas……………………………………….. 52
Tabela A III.1 – Dados obtidos durante o ano 2008……………………………………….. 70
Tabela A IV.1 – Dados obtidos durante o ano 2009……………………………………….. 71
Tabela A V.1 – Dados obtidos durante o ano 2010………………………………………... 72
Tabela A VI.1 – Dados obtidos durante o ano 2011……………………………………….. 73

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Índice de Figuras

Figura 1.1 - Limites do Município de Vila Nova de Vila Nova de Gaia ............................. 1
Figura 1.2 - Localização das ETAR de Vila Nova de Gaia ………………………………… 3
Figura 1.3 - Vista aérea da ETAR de Gaia Litoral ………………………………….............. 4
Figura 1.4 - Vista aérea da ETAR do Areínho................................................................... 5
Figura 1.5 - Vista aérea da ETAR de Febros ……………................................................. 6
Figura 1.6 - Vista aérea da ETAR de Lever ………………............................................... 7
Figura 1.7 - Vista aérea da ETAR de Crestuma ............................................................... 8
Figura 2.1 – Microthrix parvicella (a) e Nocardia (b) ……………………….…………….. 12
Figura 2.2 - Filamentosas: tipo 1863 (a) e tipo 021N (b)................................................. 13
Figura 2.3 – Ciliados nadadores: Trachellophyllum (a); Carnívoro: Coleps hirtus (b)…… 13
Figura 2.4 - Ciliados nadadores: Litonotus fasciola (a) e Paramecium caudatum (b)…… 14
Figura 2.5 - Ciliados móveis de fundo: Aspidisca (a) e Euplotes affinis (b)……................ 14
Figura 2.6 - Ciliados sésseis: Zoothamnium (a), Vorticella convallaria (b) e Opercularia
sp. (c)…………………………………………………………………………………………….. 14
Figura 2.7 - Mecanismo de filtração de bactérias por parte dos diferentes grupos de
ciliados bacteriófagos........................................................................................................ 15
Figura 4.1 - Diagrama esquemático do processo de tratamento da ETAR de
Crestuma…………………………………………………………………............................….. 22
Figura 4.2- Obra de entrada ……………………………………………………….................. 23
Figura 4.3 - Desarenador……………………………........................................................... 25
Figura 4.4 - Classificador de areias ……………................................................................ 25
Figura 4.5 - Caudalímetro ................................................................................................ 26
Figura 4.6 - Reactor biológico ........................................................................................... 26
Figura 4.7 - Decantador secundário………………………….............................................. 29
Figura 4.8 - Sistema desinfecção ultravioleta ……………................................................ 31
Figura 4.9 - Homogenizador e espessador………………….............................................. 32
Figura 4.10 - Centrífuga ……………………………………………...................................... 33
Figura 5.1 - Caudal médio afluente……………………...................................................... 38
Figura 5.2 - Variação dos SST do afluente e efluente ..................................................... 39
Figura 5.3 - Variação do pH afluente, efluente e reactor biológico ……………………… 40
Figura 5.4 - Variação da CQO afluente e efluente …………………………………………. 41
Figura 5.5 - Variação da CBO5 afluente e efluente …………………………………………. 42
Figura 5.6 - Variação da % de remoção da CBO5, CQO e SST........................................ 43
Figura 5.7 - Variação da razão CBO5/CQO ………………………………………………….. 44
Figura 5.8 - Variação da concentração de azoto …………..………………….................... 45

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Figura 5.9 - Variação da concentração de fósforo …………............................................. 45


Figura 5.10 - Variação da % de remoção do azoto e fósforo ............................................ 46
Figura 5.11 - Resultados obtidos dos SST e SSV no reactor biológico ………………… 49
Figura 5.12 - Resultados obtidos dos SST e SSV na lama recirculada …………………... 50
Figura 5.13 - Percentagens obtidas de matéria seca da lama espessada........................ 52
Figura 5.14 - Percentagens obtidas de matéria seca da lama desidratada...............……. 53
Figura 6.1 - Variação dos sólidos suspensos totais do reactor biológico e efluente…… 57
Figura 6.2 - Variação dos sólidos suspensos totais da recirculação………………………. 58
Figura 6.3 - Variação da razão entre SST da recirculação e SST do reactor biológico…. 58
Figura 6.4 - Variação do caudal de lamas espessadas……………………………………... 59
Figura 6.5 - Variação do volume de lama espessada/volume de afluente tratado………. 59
Figura 6.6 - Variação de horas de funcionamento da centrífuga………………………….. 60
Figura 6.7 - Variação de consumo de energia……………………………………………….. 60
Figura 6.8 - Variação da matéria seca da lama desidratada……………………………... 61

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Abreviaturas

A/M - Razão alimento/microrganismos (mg CBO5/mg SSV dia)


CBO5 - Carência bioquímica de oxigénio ao fim de 5 dias (mg O 2/L)
CEAR - Centro de Educação Ambiental das Ribeiras de Gaia
CQO - Carência química de oxigénio (mg O2/L)
ETAR - Estações de Tratamento de Águas Residuais.
IVL - Índice volumétrico de lamas (mL/g)
MS - Matéria seca
Q - Caudal (m3/d)
Qmd - Caudais médios diários de projecto (m3/d; L/s)
SST - Sólidos suspensos totais (mg/L)
SSV - Sólidos suspensos voláteis (mg/L)
TRH - Tempo de retenção hidráulica (h)
trh - Taxa de recursos hídricos
VLE - Valor limite de emissão
Vt - Volume do tanque (m 3)

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1. Introdução

1.1 Município de Vila Nova de Gaia e a empresa Águas e Parque Biológico de


Gaia E.E.M

O Município de Vila Nova de Gaia está inserido na Área Metropolitana do Porto, na margem
sul do rio Douro. É composto por 24 freguesias com uma confluência populacional de cerca
de 307 mil habitantes, ocupando uma área total de 170 Km2.
A figura 1.1 destaca os limites das freguesias e do Município.

Figura 1.1 - Limites do Município de Vila Nova de Gaia (fonte: www.aguasgaia.eu)

Este Município tem sido um dos pioneiros no contributo para a sustentabilidade


ambiental. As alterações efectuadas, em todo o município, nesta última década, são
testemunho deste intuito.
Através da Empresa Municipal, presentemente denominada Águas e Parque
Biológico de Gaia, EEM, o Município melhorou e aumentou a fiabilidade do sistema de água
e projectou, executou e colocou em funcionamento o sistema de saneamento, cumprindo
neste momento em pleno as metas e objectivos definidos para a área ambiental, vindo a
desempenhar um papel fundamental na melhoria da qualidade de vida dos gaienses.
No domínio das águas residuais, a empresa conseguiu inverter o contexto
desastroso que se vivia no concelho: o número de alojamentos ligados à rede pública de
saneamento era substancialmente baixo e as águas residuais escoavam directamente para
o rio e para o mar sem tratamento, pois o concelho não dispunha de qualquer estação de
tratamento de águas residuais (ETAR) em funcionamento.

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Deste modo, a rede de saneamento, que em 1998 não ultrapassava os 157 Km, foi
constantemente alargada tendo a empresa atingido o seu objectivo fundamental no início
de 2005 – a total cobertura do território municipal.
No que diz respeito às águas pluviais, a empresa continua a apostar numa política
de melhoria da gestão da rede de águas pluviais, tentando aumentar a sua capacidade e
combatendo as ligações clandestinas de saneamento à rede.
A empresa Águas e Parque Biológico de Gaia cumpre também a sua função social
através de uma intervenção em áreas específicas, nomeadamente na resolução de
problemas de saneamento em instituições públicas ou que afectam classes mais
desfavorecidas. Além disso, a empresa celebrou com o Instituto do Emprego e Formação
Profissional acordos de programas ocupacionais dirigidos a trabalhadores desempregados
ou beneficiários do rendimento mínimo garantido, nomeadamente para despoluir ribeiras e
praias.
Uma das vertentes louváveis desta organização empresarial é o esforço
desenvolvido no âmbito da educação ambiental. Deste modo a Empresa é responsável pela
construção do Centro de Educação Ambiental das Ribeiras de Gaia, CEAR com autonomia
funcional específica. Este centro localiza-se em Miramar e desenvolve acções pedagógicas
e de divulgação da estratégia ambiental do Município de Vila Nova de Gaia, procurando
sensibilizar os visitantes, especialmente as crianças, para os problemas ambientais,
particularmente para as questões relacionadas com água, energia, conservação da
natureza e resíduos.
Embora o objectivo fundamental deste Centro seja a mudança radical da atitude da
população, mostrando que a sua participação é cada vez mais importante para o processo
de transformação das condições ambientais do seu concelho, o CEAR foi criado para apoiar
programas como o da Requalificação das Ribeiras de Gaia e da atribuição da Bandeira Azul
às praias do concelho.
Para responder com eficácia às exigências de uma gestão que tem como prioridade
a despoluição do meio hídrico, foram construídas na última década Estações de Tratamento
de águas Residuais.
Vila Nova de Gaia, tem presentemente e em pleno funcionamento cinco estações
de tratamento de águas residuais, que se destinam a tratar os efluentes urbanos,
designadas por: ETAR de Gaia Litoral, de Febros, do Areínho, de Crestuma e de Lever,
cobrindo assim a área total deste concelho. O tratamento principal é por lamas activadas,
excepto a ETAR do Areinho que é por leitos percoladores.
A gestão das ETAR é da responsabilidade das Águas e Parque Biológico de Gaia
E.E.M.

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A figura 1.2 representa a área de cobertura do Sistema de Saneamento do concelho


de Vila Nova de Gaia, incluindo a localização das ETAR Municipais.

Figura 1.2 - Localização das ETAR de Vila Nova de Gaia (fonte: www.aguasgaia.eu)

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A estação de tratamento de Gaia Litoral (figura 1.3) acolhe as águas residuais da


zona ocidental e norte do Município, numa área delimitada pela auto-estrada a Nascente, o
mar a Poente e o rio Douro a Norte, incluindo o centro histórico, tendo como depositário dos
efluentes tratados o Oceano Atlântico.

Figura 1.3 - Vista aérea da ETAR de Gaia Litoral (fonte: Águas de Gaia, 2007c)

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A ETAR do Areínho (figura 1.4) inaugurada em Abril de 2000, foi projectada para
tratar os efluentes da freguesia de Oliveira do Douro, respeitantes ao sistema de
Quebrantões e ao sistema da zona baixa do Areínho, com a capacidade para uma
população de 30.000 mil habitantes equivalentes. O meio receptor dos efluentes desta
estação de tratamento é o rio Douro.

Figura 1.4 - Vista aérea da ETAR do Areínho (fonte: Águas de Gaia, 2007a)

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A freguesia de Oliveira do Douro tem instalada na margem esquerda do rio Febros a


ETAR com este mesmo nome (figura 1.5). Esta estação permite o tratamento das águas
residuais das freguesias de Avintes, Olival, Pedroso, Seixezelo, Vilar de Andorinho e parte
da freguesia de Oliveira do Douro. Apresenta capacidade para uma população de 80.000
habitantes equivalentes e encontra-se em funcionamento desde Julho de 2003, sendo o rio
Febros directamente e indirectamente o rio Douro, o destino final das águas residuais
tratadas.

Figura 1.5 - Vista aérea da ETAR de Febros (fonte: Águas de Gaia, 2007b)

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A ETAR de Lever (figura 1.6), fica localizada na freguesia de Lever, na margem


esquerda do rio Uíma. Aqui são tratadas as águas residuais das freguesias de Sandim e
Lever, estando dimensionada para uma população de 25.000 habitantes equivalentes. Em
Maio de 2005 foi inaugurada, mantendo-se em actividade desde então.

Figura 1.6 - Vista aérea da ETAR de Lever (fonte: Águas de Gaia, 2007d)

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A ETAR de Crestuma (figura 1.7), fica situada na freguesia de Crestuma, localizada


na confluência do regato de Vessadas com o rio Douro.
Destina-se a tratar o sistema de drenagem de águas residuais de três localidades,
S.Fioso, S. Picoto e S.Vessada, contribuindo na despoluição do rio Douro. Foi inaugurada
em Agosto de 2003, estando a laborar desde essa data.

Figura 1.7 - Vista aérea da ETAR de Crestuma (fonte: Águas de Gaia, 2007e)

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2. Tratamento de águas residuais urbanas

Controlar a poluição não é mais que reduzir os impactos no ambiente das várias
actividades antropogénicas, limitando as quantidades rejeitadas de poluentes de modo a
manterem-se níveis de qualidade das águas compatíveis com os usos pretendidos.
Qualquer comunidade é responsável pela produção de resíduos líquidos – água
residual. Inúmeras substâncias podem estar presentes neste tipo de águas, pelo que as
consequências do seu lançamento não controlado, em cursos de água ou outros meios
receptores, podem ser desastrosas em termos de saúde pública e ambiental. Algumas
dessas substâncias são tóxicas, e mesmo em pequenas concentrações podem inviabilizar
captações para o abastecimento público e destruir a vida aquática. Exemplos típicos de tais
substâncias são o crómio, nos efluentes de indústrias de metalização e curtumes; os
pesticidas agrícolas; e os materiais radioactivos, provenientes de hospitais, laboratórios e
centrais nucleares.
O tratamento das águas residuais permite minimizar os efeitos da poluição. O grau e
tipo de tratamento mais adequado devem ser definidos em função das características das
águas residuais e da qualidade pretendida para o efluente final, que por sua vez está
relacionada com os parâmetros de qualidade do meio receptor.
ETAR, são estações que tratam as águas residuais de origem doméstica e/ou
industrial, para depois serem escoadas para o meio hídrico (ex: mar, rio, ribeiras, albufeiras)
com um nível reduzido de poluição (ou serem reutilizadas) conforme a legislação vigente
para o meio ambiente receptor. Numa ETAR, as águas residuais passam por vários
processos de tratamento com o objectivo de separar ou diminuir a quantidade da matéria
poluente da água.
Para projectar uma estação de tratamento de água residual torna-se necessário
conhecer, com bastante rigor, as características dessa água de forma a permitir uma
selecção adequada dos métodos de tratamento a adoptar, físico-químico e/ou biológicos,
bem como permitir o seu dimensionamento.
Os tratamentos biológicos, utilizando microrganismos, são os processos mais
utilizados no tratamento de águas residuais biodegradáveis, quer domésticas quer
industriais, para remoção da matéria orgânica. Os processos mais comuns são: lamas
activadas, leitos percoladores, discos biológicos e lagoas arejadas.

9
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2.1 Principais etapas de uma ETAR com tratamento biológico

2.1.1 Pré-Tratamento

No primeiro conjunto de tratamentos, designado por pré-tratamento ou tratamento


preliminar, a água residual é sujeita a processos de separação dos sólidos mais grosseiros
e gorduras. A remoção de sólidos mais grosseiros (ex: plásticos, madeiras, trapos, detritos
urbanos, etc.) tem por objectivo proteger o funcionamento dos órgãos a jusante e pode ser
feita das seguintes formas: gradagem e tamisagem, que podem ser compostos por grades
grosseiras, grades finas e/ou peneiros rotativos; desarenamento nas caixas de areia. A
remoção de óleos e gorduras tem por objectivo melhorar o desempenho do sistema de
tratamento e pode ser realizada em caixas de gordura, pré-decantadores, ou
desarenadores/desengorduradores, ocorrendo simultaneamente neste último caso a
remoção de sólidos grosseiros e gorduras. Após o pré-tratamento a água residual está
preparada para as fases de tratamento posteriores, podendo ser sujeita a um pré-
arejamento e a uma equalização, se as características do efluente forem muito variáveis em
qualidade ou quantidade.

2.1.2 Tratamento Primário

Após o pré-tratamento segue-se o tratamento primário, onde a matéria poluente é


separada da água por decantação (densidade dos sólidos superior à densidade da água)
nos decantadores primários. Este processo, exclusivamente de acção física, pode em
alguns casos, ser auxiliado pela adição de agentes químicos, que através de uma
coagulação/floculação, possibilitam a obtenção de flocos de matéria poluente de maiores
dimensões e assim mais facilmente sedimentáveis.
Após o tratamento primário, a matéria em suspensão que permanece na água é de
reduzidas dimensões, normalmente constituída por colóides. A eficiência de um tratamento
primário pode chegar a 60% ou mais, dependendo do tipo de tratamento e da forma de
operação da ETAR.

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2.1.3 Tratamento Secundário

Após o tratamento primário dá-se início ao processo de tratamento secundário, que


normalmente consiste num processo biológico. Dentro dos processos mais comuns, o mais
usado é o tratamento por lamas activadas, que por ser um processo intensivo de tratamento
permite obter elevadas eficiências de remoção.
No processo de lamas activadas, a matéria orgânica é biodegradada em reactores
biológicos, normalmente constituídos por tanques com grande quantidade de
microrganismos aeróbios, havendo por isso necessidade de promover o seu arejamento,
em que o teor de oxigénio dissolvido não deve ser inferior a cerca de 2 mg/L (Teixeira,
2007).
Os arejadores usados neste tipo de tratamento podem ser: difusores de bolhas,
turbina de arejamento, ou arejadores de superfícies. A escolha do tipo de arejador é
efectuada em projecto, dependendo do volume do reactor, eficiência do arejador,
quantidade necessária de oxigénio, coeficiente global de transferência de oxigénio,
temperatura e tipo de água residual.
Dependendo das características específicas das águas residuais afluentes, o
sistema de tratamento pode ser classificado de arejamento rápido ou alta carga, arejamento
convencional ou média carga alta e arejamento prolongado ou baixa carga.
A eficiência de um tratamento secundário pode chegar a 95% ou mais, dependendo
da operação da ETAR. As lamas biológicas sofrem posteriormente um processo de
sedimentação nos designados decantadores secundários.
No decantador secundário, obtém-se uma fase líquida, denominado efluente tratado;
e a fase sólida, que é composta por biomassa. Parte da biomassa é recirculada para a
entrada do tratamento biológico de forma a manter constante a concentração dos
microrganismos no bio-reactor; a outra parte corresponde ao crescimento da biomassa no
reactor biológico, designa-se por lamas em excesso, e segue para a etapa seguinte do
tratamento de lamas biológicas. Estas lamas normalmente passam por um espessamento,
redução de volume, seguindo posteriormente para o processo de desidratação. Excepto no
caso dos sistemas de baixa carga, estas etapas podem ser precedidas de uma digestão
aeróbia ou anaeróbia das lamas com o objectivo de oxidar a matéria orgânica aí presente.
Finalizado o tratamento secundário, as águas residuais tratadas apresentam
normalmente qualidade para serem despejadas no meio ambiente receptor no que se refere
a matéria orgânica.
No entanto as águas residuais podem conter altos níveis de nutrientes, como azoto
e fósforo. A emissão em excesso destes no meio hídrico, podem levar à acumulação de
nutrientes, dando-se a eutrofização do meio, que encoraja o crescimento excessivo de
algas (designado bloom) e cianobactérias (algas azuis). A maior parte destas algas acaba
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por morrer, contudo, a sua decomposição por bactérias remove oxigénio da água e a
maioria dos peixes morre. Alem disso, algumas espécies de algas produzem toxinas, que
contaminam as fontes de água potável (cianotoxinas).

2.1.3.1 Microbiologia das lamas activadas

Um dos testes de grande importância no controlo do processo da ETAR, traduz-se


na observação do desenvolvimento da microfauna no tanque de arejamento. Essencial nos
processos de purificação das águas a estrutura desta comunidade é um valioso instrumento
de diagnóstico e avaliação do desempenho da estação de tratamento.
Assim, nas lamas activadas, a componente biótica é representada pelos
“decompositores” (bactérias e fungos) e pelos seus “consumidores” que são todos os que
predam as bactérias dispersas e outros organismos. É neste segundo grupo que se inserem
os protozoários. São seres unicelulares, complexos, podendo ter várias formas e um dos
aspectos mais importantes é que podem ser usados para monitorizar a operação de
processos de tratamento de águas residuais.
A análise da estrutura da microfauna é um instrumento para diagnosticar o bom ou
mau funcionamento do sistema de tratamento. Assim, a presença ou ausência de uma
determinada espécie, a dominância de determinadas espécies e a composição da
microfauna dão-nos a indicação da eficiência biológica de depuração das lamas activadas.
As filamentosas (figuras: 2.1 e 2.2) são microrganismos que dão suporte na formação do
floco mas quando em excesso podem provocar ”Bulking filamentoso” ou ”Fooming
filamentoso” (Disciplina Microbiologia Ambiental, 2005).

(a) (b)

Figura 2.1 – Microthrix parvicella (a) e Nocardia (b) (fonte:http://personal.telefonica.terra.es/web/ayma/atlas_bhtm)

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(a) (b)

Figura 2.2 – Filamentosas: tipo 1863 (a) e tipo 021N (b) (fonte: http://personal.telefonica.terra.es/web/ayma/atlas_b.htm )

Os ciliados (figuras 2.3 a 2.6) são protozoários bacteriófagos que aumentam a


purificação da água, através da redução da turvação e da CBO (Nicolau, 2007).

(a) (b)

Figura 2.3 – Ciliados nadadores: Trachellophyllum (a); Carnívoro: Coleps hirtus (b)
(fonte: http://personal.telefonica.terra.es/web/ayma/atlas_b.htm)

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(a) (b)
Figura 2.4 – Ciliados nadadores: Litonotus fasciola (a) e Paramecium caudatum (b)
(fonte: http://personal.telefonica.terra.es7web/ayma/atlas_b.htm )

(a) (b)
Figura 2.5 – Ciliados móveis de fundo: Aspidisca (a) e Euplotes affinis (b)
(fonte: http://personal.telefonica.terra.es7web/ayma/atlas_b.htm )

(a) (b) (c)


Figura 2.6 – Ciliados sésseis: Zoothamnium sp. (a), Vorticella convallaria (b) e Opercularia sp. (c)
(fonte: http://personal.telefonica.terra.es/web/ayma/atlas_b.htm )

A maior parte dos ciliados presentes nas estações de tratamento alimentam-se de


bactérias, embora existam outros que predam ciliados ou flagelados.
Estes ciliados bacteriófagos podem ser divididos em três grupos funcionais (figura
2.7):

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- Nadadores, que nadam na fracção líquida e permanecem em suspensão no tanque


de sedimentação;
- Móveis de fundo, que habitam a superfície do floco;
- Sésseis, que estão fixos por um pedúnculo aos flocos e precipitam com estes
durante a sedimentação.

Figura 2.7 - Mecanismo de filtração de bactérias por parte dos diferentes grupos de ciliados bacteriófagos: nadadores (A),
sésseis (B) e móveis de fundo (C) (fonte: Nicolau, 2007)

Uma das características importante destes ciliados é o seu comportamento


alimentar. Todos eles criam uma corrente ciliar que direcciona as bactérias dispersas e
suspensas na fracção líquida para a sua “boca” onde são filtrados mas, enquanto os
nadadores e os sésseis competem pelas bactérias dispersas, os móveis de fundo, que
estão em estreita proximidade com a superfície do floco, alimentam-se de bactérias que
estão apenas agarradas ao floco, ocupando um nicho ecológico diferente.
Sintetizando, um sistema de lamas activadas eficiente apresenta as seguintes
características:
- elevada densidade da microfauna (≥106 organismos/l);
- microfauna composta principalmente por móveis de fundo e sésseis, com os
flagelados praticamente ausentes;
- comunidade diversificada, onde nenhuma espécie ou grupo domine
numericamente em mais do que um factor de 10.
Quando isto não se observa, o grupo dominante dá uma indicação que permite
diagnosticar o estado de funcionamento do sistema (Nicolau, 2007).
A tabela 2.1 apresenta alguns exemplos de diagnóstico de eficiência.

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Tabela 2.1 - Situações particulares do funcionamento de estações de tratamento biológico de águas residuais por lamas
activadas (fonte: Nicolau, 2007)

2.1.3.2 Factores que afectam a eficiência

Os factores seguintes têm um carácter genérico mas podem conter as diversas


possibilidades que influenciam a eficiência de um tratamento por lamas activadas:
- sobrecargas;
- má sedimentabilidade das lamas;
- espumas;
- problemas mecânicos.

Conforme as diversas situações anómalas que podem surgir num tratamento por
lamas activadas existem formas de actuar para as debelar, contudo a experiência
permite identificar os problemas e efectuar as correcções necessárias.
Os procedimentos a seguir indicados reúnem algumas das acções mais habituais
para corrigir ou resolver os problemas:
- aumentar ou diminuir o arejamento;
- ajustar o caudal de recirculação;
- ajustar o caudal de purga de lamas;
- adicionar adjuvantes de coagulação e floculação para melhorar a
sedimentabilidade das lamas;
- adicionar nutrients.

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2.1.3.3 Vantagens e desvantagens das lamas activadas

As vantagens e desvantagens dum tratamento por lamas activadas têm a ver com a
sua aplicação comparada com outros tratamentos. Conforme as situações que se
apresentam devem ser estudadas algumas soluções e só depois escolher o tratamento a
adoptar.

Vantagens das lamas activadas (Teixeira, 2007):


- facilidade de ajustar a recirculação de lamas;
- permite poupança de espaço comparado com outros tratamentos;
- tempos de retenção curtos;
- permite tratar grandes volumes de efluentes;
- aplicam-se a uma grande variedade de efluentes.

Desvantagens das lamas activadas (Teixeira 2007):


- requerem atenção contínua;
- os equipamentos têm um consumo de energia considerável;
- são pouco tolerantes à variação de carga e caudal;
- são vulneráveis à presença de materiais tóxicos (ex.: metais pesados).

2.1.4 Tratamento Terciário

Conforme a classificação do meio receptor, antes do lançamento final do efluente


tratado, é necessário proceder à sua desinfecção, para a remoção dos organismos
patogénicos ou, em casos especiais, à remoção de determinados nutrientes, como azoto e
o fósforo, que podem potenciar, isoladamente e/ou em conjunto, a eutrofização das águas
receptoras.
Existem diferentes processos de remoção de azoto e fósforo:
- a desnitrificação pode ser obtida por via biológica em condições anóxicas
(ausência de oxigénio), para que a comunidade biológica apropriada se forme. Neste
processo os nitratos presentes na água são reduzidos a azoto gasoso, que se liberta para a
atmosfera e simultaneamente ocorre a oxidação de matéria pelos microrganismos;
- a remoção do fósforo pode ser realizada por precipitação química, geralmente
com sais de ferro (ex. cloreto férrico) ou alumínio (ex. sulfato de alumínio), mas a lama
resultante deste tratamento químico é de difícil tratamento e o uso de produtos químicos
torna-se dispendioso. Em alternativa pode recorrer-se à remoção de fósforo por via
biológica, promovendo a recirculação do efluente tratado e criando uma etapa com
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condições anaeróbias. Na etapa aeróbia, os microrganismos removem o fósforo das águas


acumulando-o nos seus tecidos.
A desinfecção das águas residuais tratadas tem como objectivo a remoção de
organismos patogénicos. Os processos mais utilizados são (Myers, 1998):
- ozonização - geração de ozono no local com a passagem de uma descarga
eléctrica através de ar seco ou oxigénio, de modo a possibilitar a remoção de
microrganismos existentes;
- filtração por membranas - retenção de microrganismos em membranas de
malha bastante reduzidas;
- radiação ultravioleta - eliminação dos microrganismos através da radiação
ultravioleta, que lâmpadas especificas para o fim referido produzem;
- cloragem - remoção de microrganismos através da adição de cloro, que é
bastante tóxico para os mesmos.

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3. Descrição do processo da ETAR de Crestuma

3.1 Dados de projecto

O projecto de dimensionamento da ETAR, foi basiado no número de habitantes


existentes, nos caudais e cargas poluentes afluentes à ETAR, entre o ano 2000 e as
estatiscamente previstas para os anos seguintes, até 2040.
Desta forma, as populações de projecto da ETAR são as apresentadas na tabela
3.1.

Tabela 3.1 - Populações de projecto e actual (habitantes) (fonte: EFACEC, 2003)

Ano de projecto
População 2011
2000 2020 2040
S. Fioso 556 653 764 ---
S. Picoto 1445 1698 1994 ---
S. Vessada 1269 1490 1751 ---
TOTAL 3270 3841 4512 2619 (*)
(*) – Estimativa obtida a partir dos valores dos Censos 2011

Os caudais de projecto correspondem à soma dos caudais domésticos, dos caudais


industriais e caudais infiltrados. No tabela 3.2 apresentam-se os caudais médios diários de
projecto (Qmd).

Tabela 3.2 - Caudais afluentes à ETAR: valores de projecto e actual (fonte: EFACEC, 2003)

Ano de Projecto
2011
Com Caudais de
2000 2020 2040 (*)
Infiltração
Qmd (m3/d) 1237 1481 1727 268
Qmd (L/s) 14,32 17,14 19,99 3,10
(*) – Caudal médio de Janeiro a Julho de 2011

As cargas poluentes são caracterizadas, de uma forma geral, em função da


qualidade e grau de tratamento a considerar para as águas residuais afluentes à ETAR.
Assim, as cargas poluentes são avaliadas através da carência bioquímica de oxigénio
(CBO5), da carência química de oxigénio e dos sólidos suspensos totais (SST).
Tambem é necessário estimar a quantidade de azoto orgânico presente no esgoto,
uma vez que este parâmetro é fundamental para o correcto dimensionamento do sistema
de arejamento.
As cargas poluentes apresentadas, referem-se à soma das cargas poluentes
domésticas e industriais existentes na zona, ou seja, são toda a carga que aflui à ETAR.
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Na tabela 3.3, apresentam-se as cargas poluentes e concentrações globais de


projecto consideradas.

Tabela 3.3 – Concentrações das águas residuais afluentes à ETAR, de projecto (fonte: EFACEC, 2003)

Concentrações (mg/L) Ano de Projecto

Com Caudais de
2000 2020 2040 2011
Infiltração
(**)
CBO5 171 164 161 545
(*) (*) (*)
CQO 342 328 322 815
SST 464 423 397 367
Ntotal 25 24 24 106
(*) - Valor estimado a partir do CBO5 de projecto através da razão CBO5/CQO=0,5
(**) - Cargas médias de Janeiro a Julho de 2011

3.1.2 Qualidade do efluente tratado

Os caudais depois de tratados, são descarregados através de exutor directamente


sobre o rio Douro, poucos metros a jusante da foz do rio Uíma.
O meio receptor é caracterizado como sendo um estuário com boa renovação de
águas, não sujeito a eutrofização, sendo classificado como zona menos sensível, segundo
o Decreto-Lei 152/97.Este mesmo decreto-lei, ordena que para um sistema provido desta
classificação, seja efectuado o controlo analítico e que este obedeça aos limites de
descarga para os quais a ETAR se encontra licenciada.
Como o meio receptor é uma zona onde existe uma praia fluvial, torna-se necessário
proceder durante o período balnear, à desinfecção do efluente tratado (coliformes totais e
fecais) de acordo com a legislação em vigor águas balneares Decreto-Lei 236/98).
Embora não esteja especificado na licença da ETAR de Crestuma, a legislação
actualmente em vigor estabelece percentagens mínimas de redução em relação à carga
afluente para alguns parâmetros do efluente (Decreto-Lei 152/97 de 19 de Junho).
Na tabela 3.4 estão mencionados os limites de descarga dos parâmetros e as
percentagens de redução em relação à carga afluente.

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Tabela 3.4 – Limites de descarga dos parâmetros legislados (fonte: EFACEC, 2003)

Limites de Descarga Percentagem mínima


Parâmetros
(*) de redução (*)
CBO5 (mg/L O2) 25 70% - 90%
CQO (mg/L O2) 125 75%
SST (mg/L) 35 90%
Coliformes Fecais (UFC/100ml) 2000 ------
Coliformes Totais (UFC/100ml) 10000 ------
Ref.:Limites de descarga Dec. Lei 152/97 ; Dec. Lei 236/98 e Licença de descarga ARHN 644/2008

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4. Fluxo de tratamento da ETAR de Crestuma

Basicamente o tratamento segue o esquema que se encontra representado na figura 4.1.

Gradado
s

Areias
sssss

Figura 4.1 - Diagrama esquemático do processo de tratamento da ETAR de Crestuma (fonte: EFACEC, 2003)

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4.1 Descrição geral da instalação

Entende-se por água residual, toda a água que foi utilizada em qualquer operação
ou processo.
Um sistema de tratamento de águas residuais destina-se a reduzir as cargas
afluentes, para que as características do efluente satisfaçam os objectivos de qualidade
estabelecidos para a sua descarga no meio receptor.

4.1.1 Pré-tratamento (fase líquida)

O pré-tratamento é composto pelos processos de gradagem, desarenamento e


classificação de areias.
Na ETAR de Crestuma utilizam-se dois tipos de grades instaladas como se observa
na figura 4.2, uma grade de limpeza manual seguida de grade semi-vertical com limpeza
mecânica, através de uma escova e, num canal paralelo, encontra-se uma segunda grade
de limpeza manual, destinada a ser utilizada em situações de by-pass à grade mecânica
(por motivos de limpeza, manutenção ou avaria).

Figura 4.2- Obra de Entrada

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Na tabela 4.1, estão especificadas as principais características e condições de


funcionamento do sistema de gradagem.

Tabela 4.1 – Principais características e condições de funcionamento do sistema de gradagem (fonte: EFACEC, 2003)

O desarenador (figura 4.3) é um órgão destinado, conforme o nome indica, a reter as


areias arrastadas pelas águas residuais, a fim de evitar o seu arrastamento para o tanque
onde se processa o tratamento a jusante.
O equipamento instalado é mecânico, do tipo pista, em que o afluente entra
tangencialmente, circula em torno do tanque e sai paralelamente à entrada. Este órgão
funciona por efeito de força centrífuga criada por duas pás rotativas, solidárias com um eixo
que transmite movimento de rotação, imprimido por um motor redutor vertical.
As areias sedimentadas, por efeito da força da gravidade e força centrífuga são
retiradas por meio de uma bomba de emulsão de ar (sistema air-lift) e separadas num
classificador de areias (figura 4.4), com um parafuso sem fim, que descarrega num
contentor.
As escorrências do classificador de areias são conduzidas novamente para o canal
de entrada, imediatamente a montante do desarenador.

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Figura 4.3 - Desarenador Figura 4.4 - Classificador de areias

As principais características e condições de funcionamento do sistema de remoção


de areias, apresentam-se na tabela 4.2.

Tabela 4.2 – Principais características e condições de funcionamento do sistema de remoção de areias (fonte: EFACEC, 2003)

4.1.2 Medidor de caudal do afluente

Para um correcto controlo do processo, é necessário proceder-se à medição e


registo dos caudais afluentes à ETAR.
Próximo da entrada do tanque de arejamento existe um medidor de caudal, para
canal aberto, tipo “Parshall” (figura 4.5) de 3”, cujo objectivo é a medição de caudais
afluentes, através de um sensor ultra-sónico de nível. Este aparelho monitoriza
continuamente o nível do esgoto e efectua a sua conversão automática para valores de
caudal, sendo esta informação transmitida para o autómato do edifício de exploração.

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Figura 4.5 – Caudalímetro

4.1.3 Tratamento secundário

O tratamento secundário consiste num processo biológico, por lamas activadas


(figura 4.6), onde a matéria orgânica é degradada no reactor biológico seguido de
decantação, obtendo-se uma fase líquida, correspondente ao efluente tratado e uma fase
sólida, constituída por lama.

Figura 4.6 - Reactor biológico

Sendo o tratamento por lamas activadas em baixa carga, o efluente é submetido a


arejamento prolongado para garantir o crescimento e manutenção da biomassa
(microrganismos), no reactor biológico (tanque), onde a matéria orgânica, existente na
forma dissolvida e coloidal, é oxidada biologicamente, dando origem a CO2 que se liberta,

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flocos biológicos (biomassa) e compostos de baixo peso molecular, que constituem as


lamas a remover no decantador existente a jusante.
A formação dos flocos de lama activada, é extremamente importante para a
obtenção de um bom rendimento do tratamento secundário, dado que a separação dos
microrganismos do efluente se realiza por decantação.
As espécies formadoras de flocos partilham a capacidade de segregar um material
extra-celular gelatinoso designada por glicocálix, que é constituído por polissacarídeos,
proteínas e por vezes fibra de celulose, que permitem a adesão das células simples para
formar agregados maiores até constituir os flocos. A união destas células dependerá da sua
dimensão e da carga electrostática. Os catiões bivalentes presentes (ex: Ca 2+ e Mg2+) têm
um efeito positivo na adesão bacteriana, aumentando a hidrofobicidade (Disciplina
Microbiologia Ambiental, 2005).
Para o bom desenvolvimento destes microrganismos, temos de ter em conta o
oxigénio a fornecer ao reactor biológico.
O arejamento é efectuado por meio de arejadores de superfície (turbinas de eixo
vertical) e dois agitadores submersíveis, que entram em funcionamento aquando da
paragem dos arejadores, para assim assegurarem a agitação necessária para manter a
biomassa em suspensão.
O tempo de funcionamento dos arejadores depende das cargas afluentes à ETAR,
sendo ajustados às necessidades do momento, a fim de garantir uma concentração do
oxigénio, no tanque biológico, entre 1,5 a 2 mg/L O2.
Por outro lado, para assegurar a existência de biomassa na concentração
necessária na relação entre a quantidade de matéria orgânica utilizada pelos
microrganismos e a quantidade de sólidos voláteis em suspensão desejada, no reactor
biológico, torna-se necessário efectuar a recirculação da biomassa do decantador
secundário para o tanque de arejamento.
Devido ao crescimento da biomassa, durante o processo de depuração da matéria
orgânica da água residual afluente, é necessário purgar periodicamente a parte excedente
desta biomassa, ao qual é denominada “lama em excesso”.
As tabelas 4.3 e 4.4, apresentam um resumo dos parâmetros de funcionamento
deste orgâo e suas principais características de projecto.

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Tabela 4.3 – Parâmetros de funcionamento do tanque de arejamento (fonte: EFACEC, 2003)

Parâmetros Baixa Carga

Idade média das lamas,d 18 - 30


A/M, Kg CBO5/Kg SSV.d 0,05 - 0,15
SST, mg/L 3000 - 6000
Tempo de retenção (V/Q), h 18 - 36

Tabela 4.4 – Principais características do tanque de arejamento (fonte: EFACEC, 2003)

Saliente-se que, apesar da ETAR de Crestuma não ter sido projectada para efectuar
desnitrificação, poder-se-ão criar as condições necessárias para eliminar os nitratos,
através de alternância entre ciclos de arejamento e de anóxia. Este processo depende das
cargas afluentes à ETAR, que poderão ou não permitir a sua execução.
Assim é de esperar, com o bom funcionamento deste processo, uma redução
significativa nos valores de CBO5 e CQO, em simultâneo com uma diminuição, menos
acentuada, da concentração de fósforo e azoto.

4.1.4 Decantador secundário

O decantador tem por objectivo fazer a separação da fase líquida da fase sólida. As
lamas obtidas são posteriormente recirculadas ao tanque biológico ou, quando em excesso,
para o espessador de lamas.
A recirculação das lamas serve para estabelecer e manter os valores aconselháveis
da relação entre a quantidade da matéria orgânica utilizada pelos microrganismos e a
quantidade de sólidos voláteis em suspensão no tanque de arejamento.

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O caudal de circulação deve ser estabelecido em função da concentração de


biomassa pretendida no tanque de arejamento, sendo influenciado pelos caudais afluentes
à ETAR e pela concentração de sólidos suspensos na corrente da recirculação. Para
sistemas de baixa carga, a razão de recirculação, r = Qafluente/Qrecirculação, deverá estar
compreendida entre 0,5 e 1,5 ( EFACEC, 2003) .
As lamas que se encontram em excesso, que pelo facto de se tratar de um processo
de baixa carga se encontram já bastante mineralizadas, têm que ser removidas do sistema
e enviadas para a etapa de desidratação.
A ETAR dispõe de um decantador secundário (figura 4.7), do tipo circular, com 15 m
de diâmetro. A entrada doafluente faz-se pelo centro e a saída ao longo do perímetro, onde
foi colocada uma lâmina descarregadora dotada de rasgos triangulares.

Figura 4.7 - Decantador Secundário

Este decantador está equipado com um sistema de raspagem, das lamas


depositadas no fundo, utilizando para tal uma ponte raspadora, munida de uma lâmina em
borracha Neoprene.
A descarga das lamas é efectuada através de um comando manual, por volante, de
uma válvula de diafragma com corpo em ferro fundido dúctil.
A remoção de escumas é efectuada neste órgão, utilizando um anteparo ao longo de
todo o perímetro, evitando a sua saída com o efluente decantado. As escumas são
arrastadas, pela lâmina superficial da ponte raspadora, para uma caixa de recolha, que as
descarrega no poço de recirculação/purga de lamas.
O aparecimento de lamas ou bolhas de gás à superfície do decantador, indica a
ocorrência de desnitrificação ou anaerobiose, devido a um exagerado período de retenção

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dessas lamas no sistema. Perante esta situação, torna-se necessário extraí-las para a
etapa seguinte (recirculação ou purga quando em excesso).
As lamas em excesso, são retiradas do sistema e enviadas para a etapa de
desidratação.
Na tabela 4.5 estão descritas as características e condições de funcionamento do
decantador secundário.

Tabela 4.5 – Principais características do decantador (fonte: EFACEC, 2003)

4.1.5 Tratamento Terciário – Sistema de Desinfecção

Durante a época balnear, nomeadamente de Maio a Setembro, e pelo facto de


existir praias fluviais, a jusante da descarga da ETAR, a fase líquida, antes de ser
descarregada no rio Douro a uma profundidade de 5 m, é submetida a um processo de
desinfecção, através de um sistema de radiação ultra violeta (figura 4.8). O processo é
físico em que a energia transmitida pelas lâmpadas é susceptível de alterar o material
genético dos microrganismos, evitando assim a sua reprodução. A eficácia de desinfecção
é directamente proporcional à energia de radiação absorvida pelos microrganismos.
A eficiência deste sistema de desinfecção, varia com a quantidade de sólidos
suspensos existentes, sendo tanto mais alta quanto menor for a concentração de sólidos na
água residual efluente.

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Figura 4.8 - Sistema desinfecção ultra violeta

A tabela 4.6 descreve as características do sistema de desinfecção.

Tabela 4.6 - Características do sistema de desinfecção ultravioleta (fonte: EFACEC, 2003)

4.2 Processo de tratamento de lamas (fase sólida)

4.2.1 Estação elevatória de lamas

Na ETAR de Crestuma existe uma estação elevatória de lamas, que tem como
objectivo acondicionar as lamas vindas da purga, para posterior elevação das mesmas para
o tanque de homogeneização e de seguida para o espessador gravítico.

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A estação está equipada com dois grupos de electrobombas submersíveis,


instalados no poço de bombagem. O poço tem forma rectangular de 2 m de comprido, 2 m
de largura e 3 m de profundidade.
Cada grupo electrobomba está protegido por uma válvula de retenção, de charneira
com contrapeso, a fim de evitar o retorno do líquido.

4.2.2 Espessamento de lamas

As lamas em excesso são submetidas a homogeneização e espessamento gravítico


(figura 4.9), que antecipam a etapa de desidratação.
Esta lama é bombeada da caixa da estação elevatória para o tanque de
homogeneização onde é agitada por agitadores submersíveis, com o objectivo de se obter
uma suspensão permanente, evitando que as partes de menor peso se separem do
restante dos componentes e subam para a superfície, provocando estratificação da lama.
Posteriormente é transferida para o espessador, onde decanta, ficando mais
espessa, removendo-se assim da forma mais simples parte da água (sobrenadante) ainda
existente.

Figura 4.9 – Homogenizador e Espessador

O espessador estático é formado por uma zona cilíndrica seguida de zona cónica
com inclinação de cerca de 60º com a horizontal sem qualquer equipamento mecânico para
raspagem de fundo. A tabela 4.7 menciona as principais características do espessador.

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Tabela 4.7 - Principais características do espessador gravítico (fonte: EFACEC, 2003)

As lamas espessadas são alimentadas à centrífuga, onde são desidratadas, com a


periodicidade necessária para garantir o correcto escoamento das lamas em excesso.

4.2.3 Desidratação mecânica de lamas

A desidratação das lamas é efectuada por centrifugação. A alimentação à centrífuga


(figura 4.10) é realizada a partir do espessador, pela linha de descarga de fundo, por
intermédio de duas bombas de parafuso helicoidal, com um caudal variável de 1,0 a 3,5
m3/h.

Figura 4.10 – Centrífuga

Antes da entrada na centrífuga, é adicionado polielectrólito catiónico às lamas,


melhorando a floculação, a fim de facilitar a desidratação. Esta adição, é efectuada por um
sistema de preparação e dosagem de polímero, com 1000 L de capacidade, equipado por

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um parafuso com um agitador e uma bomba doseadora de alcance de bombagem de 310


L/h. O polímero é preparado com uma concentração de 0,1%.
As lamas finais desidratadas são conduzidas por um parafuso sem-fim, acoplado à
saída da centrífuga, para um contentor sendo o destino final a utilização agrícola. A gestão
das lamas é efectuada por empresa responsável autorizada tendo em conta o Dec. Lei nº
276/2009 e Dec.Lei nº73/2011.

4.2.4 Poço de escorrências e sobrenadantes

As águas residuais provenientes do edifício de exploração, as escorrências e


sobrenadantes do processo de espessamento e desidratação de lamas, são conduzidas a
um poço de bombagem, a partir do qual são reintroduzidas no processo de tratamento.
Para tal, existe um poço junto à entrada do tanque de arejamento equipado com um grupo
electrobomba submersível com capacidade de elevação de 19,6 m3/h. O grupo
electrobomba funciona por níveis, ou seja, arranca quando a bóia de nível alto está actuada
e para quando a bóia de nível mínimo deixa de estar actuada.

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5. Monitorização da ETAR de Crestuma

5.1 Objectivos de qualidade

As descargas de águas residuais só podem ser permitidas quando se submetem a


um tratamento apropriado que, após a descarga, permita que o meio receptor satisfaça
plenamente os objectivos de qualidade que se lhes aplicam.
Assim, a descarga de águas residuais no meio hídrico pela ETAR de Crestuma
careceu de uma licença que foi emitida pela ARHN (Administração da Região Hidrográfica
do Norte), na qual foi fixada uma norma de descarga.
Se a norma de descarga imposta ou outras condições da licença concedida não
forem respeitadas, a entidade gestora da instalação é notificada da infracção verificada,
fixando-se-lhe um prazo para a correcção da mesma. Findo esse prazo sem que tenha sido
efectuada a correcção, sem prejuízo da aplicação de outras sanções previstas na lei, a
descarga é proibida e a licença revogada pela ARHN.
Compete à ETAR efectuar o controlo da qualidade das águas residuais e avaliar a
sua conformidade com os valores limite fixados na norma de descarga.

5.2 Controlo analítico e processual

A gestão de uma ETAR é complexa e exaustiva, pois depende de alguns factores


incontroláveis, como a temperatura, as condições climatéricas, descarga anómalas
(ligações ilegais à rede de saneamento). Estes factores podem causar variações nas
características e caudal do afluente, flutuações dos parâmetros operacionais, tempo de
residência das lamas e taxa de fornecimento de nutrientes aos microrganismos, bem como
na concentração de sólidos.
Uma ETAR funciona como uma indústria, cujo objectivo é controlar o processo de
forma a minimizar os impactes ambientais e custos de exploração. Neste sentido, na
operação diária, torna-se necessário analisar regularmente vários parâmetros, de forma a
controlar o processo e eventualmente proceder a ajustes ao equipamento, dos quais vai
depender a eficiência do tratamento.
No âmbito de controlo do processo da ETAR de Crestuma, existe uma série de
parâmetros que nos indicam o funcionamento dos órgãos. Para além de uma
caracterização do estado geral do sistema, como cor, odor, existência ou não de espumas,
concentração da biomassa no reactor biológico e sedimentabilidade das lamas, é
fundamental o controlo do nível do oxigénio dissolvido, caudais de recirculação e a
caracterização do efluente à entrada e saída, através das determinações de CBO5, CQO,

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SST, pH, temperatura, nutrientes e caso se justifique a presença de compostos tóxicos (ex:
metais pesados).
Mediante o ”Mapa frequência da monitorização do controlo analítico interno” é
elaborado o “Plano semanal de monitorização do controlo analítico interno”, que fixa a
frequência e os parâmetros a analisar.
Os parâmetros controlados são:
- na fase líquida (afluente e efluente) – sólidos suspensos totais (SST); sólidos
suspensos voláteis (SSV); pH; temperatura; condutividade; carência química do oxigénio
(CQO); carência bioquímica do oxigénio ao fim de 5 dias (CBO 5); azoto total (N total); azoto
amoniacal (N-NH4); azoto na forma de nitratos (N-NO3) e fósforo total (Ptotal).
- na fase sólida (lama espessada, lama desidratada e lama biológica) –
sólidos totais (ST); sólidos voláteis (SV); sólidos suspensos totais (SST); sólidos suspensos
voláteis (SSV); percentagem de matéria seca (% MS); percentagem matéria volátil (% MV);
avaliação da microfauna no tanque de arejamento; teste de decantabilidade ao fim de 30
minutos (V30) e quantificação de oxigénio dissolvido.
A tabela 5.1 descreve de forma simplificada a frequência da monitorização do
controlo analítico aos parâmetros aqui retratados.

Tabela 5.1 – Frequência de monitorização do controlo analítico

Fase líquida Fase sólida


Reactor
Parâmetros Afluente Efluente Recirculação Espessador Centrífuga
biológico
pH 2S 2S 5S - - -
CBO5 2S 2S - - - -
CQO 2S 2S - - - -
SST 2S 2S 5S 5S - -
SSV 2S 2S 5S 5S - -
V30 - - 5S 5S - -
Ntotal Q Q - - - -
Ptotal Q Q - - - -
Matéria seca - - - - 2S 2S
Matéria Volátil - - - - M M
S - Semanal; 2S - Duas vezes por semana; 5S - Cinco vezes por semana; M – Mensal

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Os métodos utilizados estão descritos na tabela 5.2.

Tabela 5.2 – Métodos utilizados

Parâmetros Métodos
SST Standard Methods 2540D (H.P.H.A)
SSV Standard Methods 2540E (H.P.H.A)
pH Standard Methods 4500-H+B (H.P.H.A)
CBO5 Standard Methods 5210D (H.P.H.A)

Test Kits for spectroquant - método análogo US


CQO
Standard methods 5220 D (H.P.H.A) e ISO 15705

Test Kits for spectroquant - método análogo EN ISO


Ntotal
11905-1

Test Kits for spectroquant - método análogo US


Ptotal
Standard methods 4500 P (H.P.H.A) e ISO 6878

5.2.1 Análise de resultados do Controlo Analítico

Uma vez que os registos analíticos de exploração da ETAR existentes desde o início
de funcionamento até ao ano de 2008 são idênticos aos registos do ano 2008, foi este o
ano seleccionado para representar esse período.
A análise aqui elaborada, tem por base o histórico dos registos de exploração da ETAR de
Crestuma, referentes ao período entre Janeiro de 2008 e Julho de 2011, considerando-se
que este período seria necessário para a análise e apuramento de resultados conclusivos.

5.2.1.1 Caudal de água residual afluente à ETAR

A capitação de água residual, representa a quantidade de água residual produzida


por uma pessoa num dado período de tempo (geralmente um dia), variando com os hábitos
das populações, podendo desse modo ser diferente entre países ou comunidades.
Os caudais de água residual são geralmente determinados, em função da produção
média diária por habitante e a população existente.
As principais fontes de água residual doméstica numa determinada povoação são as
residências e o comércio, ainda que as instalações recreativas e institucionais também
sejam origens relevantes (Metcalf e Eddy, 2003).
Os fluxos de água residual variam consoante a quantidade e qualidade do
abastecimento de água, sistemas de colectores e características económicas e sociais da
comunidade, entre outros factores.

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As capitações para cada região hidrográfica de Portugal encontram-se na tabela 5.3.

Tabela 5.3 – Capitações de água residual em 2006 para regiões hidrográficas de Portugal continental e ilhas (INSAAR, 2008)

Região Hidrográfica Capitação [L/(hab.dia)]


Minho e Lima 117
Cávado, Ave e Leça 107
Douro 115
Vouga, Mondego, Lis e Ribeiras do Oeste 125
Tejo 140
Sado e Mira 180
Guadiana 150
Ribeiras do Algarve 275
Açores 320
Madeira 180
Continente 126

Na figura 5.1, apresentam-se os valores dos caudais médios diários afluentes à


ETAR de Crestuma, durante o período em estudo.

Figura 5.1 – Caudal médio Afluente

O caudal afluente à ETAR variou entre 2008 a Julho 2011 de 268 e 357 m3/ d, sendo
o caudal médio neste período de 310 m3/ d.
No ano de 2009 e 2010, o caudal afluente está influenciado pela pluviosidade dos
dois primeiros e os dois últimos meses do ano. Os caudais atingiram médias de 610 e 497
m3/ d respectivamente, durante esses quatro meses.

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5.2.1.2 Sólidos suspensos totais (SST)

Este parâmetro, mede a fracção da matéria sólida que existe em suspensão e é


determinado por filtração, através de um meio poroso, de um dado volume de água.
É uma característica importante das águas residuais que está relacionada com os
seguintes aspectos: dimensionamento e controlo das ETAR, estimativa de volume de
lamas, operação de unidades de tratamento biológico, padrões de qualidade de águas e
padrões de qualidade de efluentes. A taxa de remoção de matéria em suspensão de uma
água residual é um dos factores pelos quais se avalia o rendimento do tratamento (Teixeira,
2007).
Os sólidos em suspensão presentes nas águas residuais podem depositar-se no
leito dos cursos de água e albufeiras, destruindo espécies vegetais e os invertebrados de
que se alimentam por exemplo os peixes, tendo assim um efeito semelhante ao dos
produtos tóxicos sobre os meios receptores. Além disso, afectam a transmissão da luz na
água e produzem turvação (efeitos estéticos).
Como se pode verificar na figura 5.2, a quantidade de sólidos em suspensão totais
nos afluentes à ETAR variaram, durante o período em estudo, entre 322 e 408 mg/L, tendo-
se constatado uma variação na razão inversa do caudal, isto é, uma tendência para a
diminuição dos SST em função do aumento do mesmo. O valor médio calculado foi de 367
mg/L.

Figura 5.2 – Variação dos SST do afluente e efluente

Na mesma figura pode-se verificar que, em termos médio, a água residual à saída
da ETAR, no valor máximo de descarga dos SST admitido na licença de descarga, não foi
ultrapassada, tendo as concentrações variado entre 18 e 22 mg/L.

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Pode-se considerar que o efluente esteve em conformidade com valor estipulado


pela legislação, 35 mg/L (Dec. Lei 152/97).

5.2.1.3 Variação do pH

O controlo de pH nas águas residuais é importante, uma vez que valores inferiores a
6 ou superiores a 9, na escala Sorensen, não favorecem o crescimento biológico.
O pH da água residual depende, principalmente, do pH da água de abastecimento
que lhe deu origem. No entanto, a introdução de efluentes industriais muito ácidos ou muito
alcalinos pode alterar esse valor. O aumento de acidez pode também ser devido ao
estabelecimento de condições sépticas (Teixeira, 2007).
É também importante controlar o pH ao longo do processo, nomeadamente no
tanque de arejamento onde ocorrem reacções bioquímicas que provocam uma variação do
pH da água residual.
Através da figura 5.3, verifica-se que a variação do pH na água residual afluente e
efluente foi muito semelhante, não se tendo verificado variações significativas. Os valores
obtidos variaram entre os 7,98-8,24 e 7,18-7,57 respectivamente.

Figura 5.3 – Variação do pH afluente, efluente e reactor biológico

Assim, observa-se que, no que se refere a este parâmetro, se verifica o


cumprimento dos requisitos exigidos ao tratamento, uma vez que o valor de pH, tanto no
afluente como no efluente, se mantem sempre entre os 6 e os 9 (Dec. Lei 236/98).
Na mesma figura pode-se observar que os valores deste parâmetro, durante a
monitorização do reactor biológico, estiveram compreendidos entre 6,87 e 7,09, revelando

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que durante este período, se estabeleceram as condições necessárias para o bom


desenvolvimento da microfauna (pH entre 6-9).

5.2.1.4 Variação da CQO

A quantidade de matéria orgânica presente na água residual é um dos parâmetros


mais importantes no desenvolvimento de um projecto de uma instalação de tratamento
biológico de águas residuais. É prática comum, na caracterização de águas residuais, não
identificar e quantificar cada um dos compostos orgânicos presentes, por razões de
economia e de tempo. Geralmente, estima-se o teor de matéria orgânica, indirectamente,
por meio de outros parâmetros.
A Carência Química de Oxigénio (CQO) é um dos métodos indirectos usados para
determinar a matéria orgânica. Neste teste, proposto pelo Professor Forschamer em 1850
na cidade de Copenhaga, mede-se o oxigénio equivalente à matéria orgânica que é
oxidada por um oxidante forte, como o dicromato de potássio. Esta oxidação é catalisada
pelo sulfato de prata (Teixeira, 2007). Como a quantidade de matéria orgânica oxidável é
proporcional ao dicromato de potássio consumido, ela pode ser facilmente estimada.
O erro deste método é de 10,8% e a principal desvantagem refere-se à condição de
não oferecer qualquer informação sobre a quantidade de matéria orgânica que pode ser
degradada por microrganismos, nem sobre a velocidade com que este processo ocorrerá.
Observando a figura 5.4 constata-se que os valores da CQO no afluente à ETAR
variaram neste período entre 739 e 1154 mg/L, obtendo-se o valor médio de 909 mg/L. Esta
oscilação deve-se principalmente à variação do caudal que ocorreu durante este período,
provocado pela pluviosidade, variando na razão inversa.

Figura 5.4 Variação da CQO afluente e efluente

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Os valores do efluente variaram entre 40 e 49 mg/L, muito abaixo do valor limite


admissível por lei, 125 mg/L (Dec. Lei 152/97).

5.2.1.5 Variação da Carência bioquímica de oxigénio (CBO5)

A carência bioquímica do oxigénio ao fim de cinco dias (CBO5) é uma medida do


teor da matéria orgânica biodegradável. Representa o oxigénio consumido pelos
microrganismos, na oxidação da matéria orgânica de uma determinada água residual em
condições padrão, em geral a uma temperatura de 20ºC, 5 dias de incubação. O teste é
sensível à temperatura, ao pH e à presença de matérias tóxicas inibidoras da degradação
biológica (Teixeira, 2007).
À medida que os microrganismos assimilam a matéria orgânica da água residual e
se reproduzem, há consumo de oxigénio e aumenta a massa de microrganismos no
sistema, que se designa por “produção de lamas”.
Os resultados dos ensaios ao parâmetro CBO 5 são utilizados para:
- determinar a quantidade aproximada de oxigénio que será necessária para
estabilizar biologicamente a matéria orgânica presente;
- determinar o grau de biodegradibilidade de tratamento das águas residuais
por comparação com os valores da CQO;
- medir a eficiência do processo de tratamento;
- determinar se os valores da CBO5 presentes num dado efluente cumprem os
limites estabelecidos na legislação.
Mediante a figura 5.5 observa-se que, a CBO5 na água residual afluente as
concentrações variaram entre 442 e 600 mg/L, sendo o valor médio 511 mg/L.
Na figura 5.5 verifica-se que os valores da CBO5 na água residual afluente
variaram entre 442 e 600 mg/L, sendo o valor médio 511 mg/L.

Figura 5.5 – Variação da CBO5 afluente e efluente

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As oscilações verificadas neste período são justificadas pela variação do caudal,


provocado pela pluviosidade, tal como foi referido no caso da CQO.
Os valores obtidos no efluente, no que diz respeito a este parâmetro, variaram entre
7 e 12 mg/L, tendo-se obtido o valor médio de 10 mg/L, valor bastante inferior ao valor limite
de emissão (VLE), 25 mg/L (Dec. Lei 152/97).

5.2.1.6 Percentagem de remoção CBO5, CQO E SST

Analisando a figura 5.6, constata-se que a percentagem média de remoção atingida,


no que se refere ao parâmetro CBO5, cumpre na íntegra os valores mínimos de redução
(75% - 90%), tendo-se obtido valores entre 97 e 99% e uma média de 98%.
Em relação aos valores obtidos relativos aos parâmetros CQO e SST, as
concentrações variaram entre 94 e 96% e entre 93 e 95%, respectivamente. Em média, os
valores obtidos durante o período analisado, foram de 95% para a CQO e 94% para os
SST.
Genericamente a ETAR de Crestuma teve um desempenho bastante satisfatório
tendo assegurado, em média, os níveis de qualidade exigidos pela legislação actual (Dec.
Lei 152/97).

Figura 5.6 – Variação da % de remoção da CBO5, CQO e SST

5.2.1.7 Razão CBO5/CQO

A razão CBO5/CQO também é uma forma de avaliar a biodegradibilidade da água


residual. Assim, verifica-se que o processo biológico aplicado a águas residuais domésticas

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apresenta um bom rendimento, quando, para essa relação, se verificam valores dentro do
intervalo indicado: 0,3 < CBO5/CQO < 0,8 (Teixeira, 2007).

Figura 5.7 – Variação da razão CBO5/CQO

De acordo com a figura 5.7, a média da razão CBO 5/CQO obtida no período em
estudo, variou entre 0,52 e 0,66. Este valor sugere uma grande proporção de material
biodegradável, podendo-se considerar que a água residual afluente à ETAR tem condições
para facilmente ser tratada através de meios biológicos, como se pode comprovar pelos
valores de remoção da CBO5 e CQO apresentados anteriormente.

5.2.1.8 Nutrientes - Azoto e Fósforo

Tanto o azoto como o fósforo, são nutrientes importantes para o desenvolvimento


dos microrganismos num tratamento biológico. Estão presentes na água residual bruta,
principalmente na forma orgânica.
A presença de ambos, em excesso, contribui para a eutrofização dos cursos de
água. No entanto, quando se verifica carência de fósforo e azoto na água residual, é
necessário adicioná-los, de forma a satisfazer a relação recomendada para CQO:N:P de
150:5:1 para este tipo de tratamento (Teixeira, 2007).
Nas figuras 5.8 e 5.9, pode-se observar a variação dos valores de fósforo total e
azoto total, durante o período em causa.

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Figura 5.8 – Variação da concentração de azoto Figura 5.9 – Variação da concentração de fósforo

Os resultados obtidos demonstram uma variação homogénea neste período, tendo-


se obtido valores de azoto afluente e efluente entre 98 e 114 mg/L e entre 9 e 22 mg/L
respectivamente, com médias calculadas de 106 mg/L para o afluente e 15 mg/L no efluente.
No entanto, verifica-se que a média dos valores obtidos no efluente nos anos 2009 e 2010
variaram entre 16 e 22 mg/L, tendo assim ultrapassado neste período o valor limite de emissão
estipulado pelo Dec. Lei nº 236/98 de 15 mg/L.
Em relação ao fósforo, constata-se que no mesmo período as concentrações
variaram entre, 11,3 e 13,3 mg/L, com uma média 12,2 mg/L no afluente, e 2,6 e 3,6 mg/L no
efluente tendo-se atingido a média de 3,3 mg/L. Durante este período o efluente satisfez o
valor limite de emissão estipulado pelo Dec. Lei 236/98 de 10 mg/L. No entanto estes
parâmetros, azoto total e fósforo total, mediante a licença de descarga da ETAR que se
sobrepõe aos Decretos-lei nº 152/97 e 236/98, são monitorizados para efeitos de cálculo da trh
(taxa de recursos hídricos), Dec.Lei nº 97/2008.
Para o valor médio da CQO afluente à ETAR de Crestuma de 909 mg/L, observado
durante o período em estudo, verifica-se que para se obter uma relação de 150:5:1 de
CQO:N:P, a quantidade média de azoto e fósforo necessária seria de 30,3 e 6,1 mg/L,
respectivamente. Pode-se assim constatar que a água residual afluente continha quantidades
de azoto e fósforo suficientes para uma boa degradação da matéria orgânica.
Quanto às percentagens de remoção de azoto e fósforo (figura 5.10), estas variaram
entre 79 e 92%, correspondendo a uma remoção média de 86% para o azoto, e, no que diz
respeito ao fósforo, variaram entre 69 e 78%, o que corresponde a uma remoção média de
73%.

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Figura 5.10 – Variação % de remoção do azoto e fósforo

Os resultados obtidos, demonstram uma boa eficiência de remoção dos nutrientes


para uma ETAR de tratamento biológico por lamas activadas.

5.3 Caracterização das lamas

5.3.1 Índice volumétrico de lamas - IVL

A sedimentação é um dos factores que afectam o processo de tratamento de uma


ETAR, sobretudo quando se trata de tratamento biológico por lamas activadas. Este
parâmetro pode ser quantificado pelo IVL, definido como o volume ocupado por 1 grama de
lama seca, em mililitros, após 30 minutos de sedimentação. O IVL varia entre 50 e 150
numa ETAR que funcione em boas condições. Quanto menor for o IVL, melhor é a
sedimentação das lamas, pois significa que estas se encontram mais concentradas (tabela
5.4).
A sedimentação das lamas é afectada negativamente pelo aparecimento de
bactérias filamentosas e pela ocorrência de desnitrificação no decantador final. A formação
de bolhas de azoto gasoso provoca a flutuação da lama, arrastando-a para a superfície.
Este índice é calculado através da equação:

IVL = [(V (mL/L) x (1000 (mg/g)] /SST (mg/L) (eq. 5.1)

V – volume de lama sedimentada (mL/L)

SST – sólidos suspensos totais (mg/L)

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O IVL pode ser classificado em diferentes categorias de qualidade de sedimentação


(tabela 5.4).

Tabela 5.4 – Valores de referência de IVL (fonte: Metcalf e Eddy, 2003)

Qualidade da sedimentação Valor de IVL (mL/g)


Excelente ‹ 80
Boa/moderada 80 - 150
Com dificuldades › 120
Fraca › 150

O controlo analítico deste parâmetro é geralmente realizado através da medição do


V30 – volume de lama sedimentada após 30 minutos do inicio do teste. Este ensaio é um
teste expedito de grande importância no controlo diário do processo da ETAR. O teste
traduz-se no volume de lama decantada num litro de amostra introduzida numa proveta, ao
fim de 30 minutos. Para além de ser um indicador do funcionamento dos decantadores e
espessadores, oferece também informações das características da lama, como a
tonalidade, espessura da lama, quantidade de sobrenadante e o aspecto do efluente à
saída do decantador.
Como se pode verificar pela tabela 5.5, os valores do IVL observados neste período,
variaram entre 183 e 282 mL/g no reactor biológico e 100 e 134 mL/g nas lamas
recirculadas.

Tabela 5.5 – valores obtidos de V30,SST e IVL

Reactor Biológico Recirculação


V30 SST IVL V30 SST IVL
DATA
(mL/L) (mg/l) (ml/g) (mL/L) (mg/l) (ml/g)

2008 1000 5157 193,9 1000 7442 134,4


2009 1000 5461 183,1 1000 8460 118,2
2010 985 5096 193,3 1000 8261 121,1
Jan-Jul/11 996 3529 282,2 1000 10015 99,9

Comparando com os valores de referência da tabela 5.4, ”Qualidade da


sedimentação”, os valores obtidos foram muito elevados, classificando a lama biológica
desta ETAR com fraca sedimentabilidade.
Estes valores vêm comprovar que é necessário alterar a forma de operação na
ETAR.

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5.3.2 Tempo de Retenção Hidráulica – TRH

O tempo de retenção hidráulica (TRH) corresponde ao tempo que o licor misto


permanece no interior dos tanques.
Para o cálculo deste parâmetro é necessário o conhecimento do volume do tanque e
o caudal do mesmo, traduzindo-se assim para a seguinte equação:

TRH = Vt / Q (eq. 5.2)


Vt – volume do tanque
Q – caudal afluente

O tipo de tratamento pode ser classificado mediante o valor do TRH, análogo ao


descrito na tabela 5.6.

Tabela 5.6 - Valores de referência de TRH (fonte: Metcalf e Eddy, 2003)

TRH (h) Tratamento


3–5 Convencional
20 – 30 Arejamento prolongado
1,5 – 3 Alta carga

Os valores de TRH dependem do caudal afluente e do volume do tanque. Na tabela


5.7, apresentam-se os TRH obtidos durante este período.
Logo, como era de esperar, para caudais afluentes à ETAR muito abaixo dos de
projecto, os tempos de retenção hidráulica do reactor biológico e decantador são
excessivamente altos.

Tabela 5.7 - Tempos de retenção do reactor biológico e decantador; taxa do caudal de recirculação

Reactor
Decantador
Biológico
Tempo retenção Tempo retenção Taxa de
DATA
(horas) (horas) recirculação

2008 73 55 2,3

2009 66 49 1,8

2010 64 47 1,7

Jan-Jul/11 75 55 0,6

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Os tempos de retenção observados no reactor biológico e decantador durante este


período (tabela 5.7) estão bastante acima dos valores referenciados para o tratamento de
arejamento prolongado (tabela 5.6). Verifica-se, no entanto, que os valores relativos ao
decantador encontram-se mais próximos do valor superior do intervalo referenciado para
este tipo de tratamento (Tabela 5.6).
Os valores da taxa do caudal de recirculação variaram entre 0,6 e 2,3, tendo-se
verificado um decréscimo acentuado com tendência em 2010 e 2011 para valores de
projecto (entre 0,5 e 1,5).

5.3.3 SST e SSV no reactor biológico e na corrente de recirculação

A determinação dos SST e dos SSV tanto na lama do reactor biológico, como na
corrente de recirculação de lamas é de grande interesse para o controlo diário do processo.
Os sólidos suspensos voláteis reflectem a concentração da biomassa, enquanto os
suspensos totais indicam a quantidade de lama que pode ser removida por sedimentação.

Figura 5.11 – Resultados obtidos dos SST e SSV no reactor biológico

Durante o período de avaliação (figura 5.11), os valores alcançados no reactor


biológico variaram entre 3529 e 5461 mg/L para os SST entre 2941 e 4291 mg/L para SSV,
tendo-se obtido como médias, 4811 e 3888 mg/L respectivamente.
Verificou-se, no reactor biológico, que tanto os SST como SSV tiveram um
decréscimo a partir de 2010.
A monitorização dos SST e SSV nas lamas recirculadas (figura 5.12), revelam que
as concentrações variaram entre 7442 e 10015 mg/L e entre 5865 e 8106 mg/L
respectivamente, tendo-se observado em 2011 uma estabilização em valores mais altos,
que nos anos anteriores.

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Figura 5.12 - Resultados obtidos dos SST e SSV na lama recirculada

5.3.4 Razão Alimento / Microrganismos (A/M) ou carga mássica

A razão A/M corresponde à relação que existe entre a quantidade de alimento (para
os microrganismos) e os microrganismos existentes no licor misto.

Esta razão é calculada através da seguinte equação:

A/M (mg CBO5/mg SSV.dia) = (Q × CBO5) / (V × SSV) (eq. 5.3)


Q – caudal afluente
CBO5 – carência bioquímica do oxigénio ao fim de 5 dias
V – volume do tanque
SSV – sólidos suspensos voláteis

Uma razão A/M elevada corresponde a um excesso de alimento disponível que os


microrganismos não têm capacidade de consumir, o que provoca uma menor eficiência do
tratamento do processo.
Por outro lado, uma razão A/M reduzida indica um excesso de microrganismos face
à quantidade de alimento disponível, sendo todo o alimento consumido e obtendo-se
consequentemente uma maior eficiência no tratamento.
A tabela 5.8 apresenta os valores da razão A/M correspondentes a 3 tipos de
tratamento diferentes.

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Tabela 5.8 - Valores de referência da razão A/M (fonte: Metcalf e Eddy, 2003)

Razão A/M Tratamento


0,2 – 0,5 Convencional
0,05 – 0,15 Arejamento prolongado
Até 1,5 Alta carga

A tabela 5.9 apresenta os valores obtidos no cálculo da carga mássica no reactor


biológico, durante o período em observação.

Tabela 5.9- Calculo da carga mássica no Reactor biológico

Carga mássica
Data
mg CBO5/mg SSV .dia
2008 0,040
2009 0,032
2010 0,030
Jan-Jul/11 0,046

Durante este período, os valores da carga mássica no reactor biológico variaram


entre 0,030 e 0,046 mg CBO5/mg SSV. dia.
Verifica-se assim que os valores da carga mássica se mantiveram inferiores ao valor
considerado para o tratamento por arejamento prolongado (0,05-0,15 mg CBO5/mg
SSV.dia), o que indica que existe demasiada biomassa no sistema, que deverá ser
removida.

5.3.5 Idade das lamas

A idade das lamas corresponde ao período de tempo que os microrganismos


(biomassa) permanecem no sistema. Este parâmetro é calculado através da equação que
se segue, admitindo que os SSV do caudal efluente são desprezáveis:

Idade da lama (d) = SSV (mg/L) x Vt (m3) / Qp (m3 / dia) x SSVp (mg/L) (eq. 5.4)

SSV – sólidos suspensos voláteis no reactor biológico


Vt – volume do tanque
Qp – Caudal de purga
SSVp - sólidos suspensos voláteis nas lamas purgadas

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A actividade biológica numa ETAR pode ser controlada através da idade das lamas,
na medida em que corresponde a um factor operacional que reflecte a taxa de crescimento
específico da lama. A taxa de purga de lamas do sistema controla a idade das lamas
(Metcalf e Eddy, 2003).
Comparando os valores médios obtidos para a idade da lama (tabela 5.10), com os
valores de referência do tanque de arejamento de projecto (18-30 dias), verifica-se que
estes se mantiveram com valores superiores ao valor máximo estipulado. Este facto
comprova a necessidade de retirar a lama mais cedo do sistema.

Tabela 5.10 - Valores obtidos da idade das lamas

Idade da lama
Data
(dias)
2008 36
2009 41
2010 46
Jan-Jul/11 33

5.3.6 Matéria seca na lama espessada e nas lamas desidratadas

A determinação da percentagem de matéria seca e matéria volátil nas lamas


espessadas e nas lamas desidratadas é muito importante, no controlo do processo de
desidratação e na gestão das lamas para valorização agrícola.
As figuras 5.13 e 5.14 apresentam, as percentagens de matéria seca na lama espessada e
lama desidratada observadas nesta etapa.

Figura 5.13 – Percentagens obtidas de matéria seca na lama espessada

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Analisando a figura 5.13 verifica-se que, os valores das percentagens variaram entre
1,3 e 1,6 %. A média obtida foi de 1,4 %.
A sicidade da lama espessada vai depender da qualidade da lama e do
espessamento conseguido, de modo a reduzir a quantidade enviada para o processo de
desidratação.
Durante o funcionamento da centrífuga, a percentagem de matéria seca (figura 5.14)
variou entre 11,9 e 13,3%, sendo a média calculada neste período de 12,5%.

Figura 5.14 – Percentagens obtidas de matéria seca na lama desidratada

Como se pode comprovar, perante estes valores, a sicidade das lamas esteve muito
abaixo dos valores referenciados pelo equipamento em projecto (entre 20-25% em matéria
seca).

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6. Análise e discussão

6.1 Enumeração dos principais problemas da ETAR

Posteriormente à análise efectuada, apresenta-se a seguir a enumeração dos


principais problemas da ETAR.

Caudal afluente - A ETAR foi dimensionada para uma população existente de 3270
habitantes no ano 2000 e para as estatisticamente previstas nos anos seguintes, até 2040,
tendo sido estimada para esse ano uma população de 4512 habitantes. Tendo em conta os
dados de projecto, os caudais calculados para o dimensionamento da ETAR, referentes ao
ano 2000 e 2040, foram de 1237 e 1727 m 3/dia, respectivamente. No entanto, verificou-se
que contrariamente ao estimado, a população total de Crestuma tem vindo a diminuir,
sendo actualmente, segundo os sensos de 2011, de 2619 habitantes. Verifica-se que o
valor médio real de caudal afluente em 2011 é de 268 m3/dia, valor bastante inferior a 1237
m3/dia, tomando como referência o ano de projecto de 2000, em que o nº de habitantes é o
mais próximo dos existentes em 2011 (3270 habitantes).

Caracterizações do afluente - Os valores típicos considerados, na caracterização do


afluente à ETAR de Crestuma, foram os apresentados na tabela de”composição típica das
águas residuais domésticas não tratadas” (Metcalf e Eddy, 2003). Os valores médios
observados, durante o período em estudo, de CBO5, CQO, SST, Ntotal e Ptotal, foram,
respectivamente, 515, 814, 365,109 e 12 mg/L, considerando-se que as características do
afluente se enquadram dentro dos valores típicos para uma água residual doméstica.

Carga mássica – Observa-se que a razão entre a quantidade de alimento e


microrganismos existentes, apresenta valores inferiores, entre 0,030 e 0,046 mg CBO5/mg
SSV.dia, aos referênciados para tratamento de baixa carga (entre 0,05 e 0,15 mg CBO5/ mg
SST.dia).

Sedimentabilidade e idade da lama - A ETAR de Crestuma, no seu histórico,


apresenta má sedimentabilidade das lamas biológicas, assim como uma idade das lamas
elevada, o que invialibilizava a tentativa de retirar mais lamas do sistema.

Caudalímetros - A ETAR de Crestuma tem funcionado sem caudalímetros na


recirculação, purga e efluente, o que redobra a necessidade de atenção por parte dos
operadores. O controlo de SST no reactor biológico, através do caudal a recircular, é
efectuado tendo em conta não só os valores dos SST e SSV determinados diariamente no
reactor biológico e na recirculação, mas também na experiência do técnico que gere a

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ETAR e respectivos operadores. O factor dominante é a determinação do tempo em que a


válvula da recirculação deve estar aberta. Este depende de vários factores, nomeadamente
da pluviosidade, temperatura ambiente, concentração de sólidos na lama recirculada e
concentração de sólidos desejados no reactor. Desta forma, tenta-se que os SST no reactor
biológico se mantenham entre 3000 - 3500 mg/L, que vão ao encontro dos valores de
projecto.

Produções de biomassa - Relativamente à concentração de SST no reactor


biológico, como se pode verificar na figura 5.11, os valores obtidos são bastante superiores
aos do projecto, o que pode ser explicado pela elevada taxa de recirculação (tabela 5.7) e
consequente elevada idade das lamas que se reflecte na sua má sedimentabilidade. Este
factor influencia, também, o tempo de funcionamento da centrífuga e, consequentemente, o
aumento de custo de energia.

Funcionamento da centrífuga - A centrífuga existente, é de baixa capacidade para a


quantidade de lama produzida. É um equipamento simples, em que o seu controlo é
praticamente nulo. Não admite lama muito espessa e por isso a lama produzida é purgada e
desidratada de imediato.

6.2 Discussão

A ETAR de Crestuma, de acordo com a informação da descrição do capítulo


anterior, verifica-se que está sobredimensionada, pelo que existem problemas de carácter
funcional e de consumo que poderão ser optimizados tendo em conta os orgãos e
equipamento existente.
Um dos principais problemas da ETAR, como se pode concluir através da
observação dos resultados do controlo analítico, durante este período, é sem dúvida, a
grande quantidade de sólidos no sistema, com fraca sedimentabilidade e idade elevada.
O procedimento adoptado, com o intuito de diminuir os sólidos no processo, era
purgar e desidratar o mais possível, mas mesmo assim não se conseguia alcançar o
objectivo expectável.
A lama apresentava características reológicas inadequadas ao funcionamento da
centrífuga, reflectindo-se num fraco desempenho. As escorrências produzidas pela
centrífuga apresentavam concentrações elevadas de sólidos, difíceis de controlar, que
eram reintroduzidos no início do processo de tratamento destes efluentes, prejudicando
assim as tentativas efectuadas para a sua diminuição.
Em Julho de 2009, na tentativa de resolução deste problema, iniciou-se a adição ao
processo de um produto biológico, composto por uma mistura de fungos (Aspergillus, Mucor

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e Geotrichum), comercialmente conhecido por Optibiom 7450L. Este produto, pela sua
composição rica em fungos exibe naturalmente uma biodiversidade enzimática superior às
bactérias, sendo diversas as vantagens da utilização desta mistura: aumenta a eficiência do
processo biológico em 30 a 40% através da redução dos valores de CQO (Anexo I), N-total,
CBO5 e SST; reduz as necessidades de arejamento e consequente consumo energético;
reduz o volume de lamas produzidas no reactor biológico até 30% e optimiza a respectiva
desidratação; aumenta o teor de matéria seca nas lamas; melhora a sedimentabilidade das
lamas; elimina bactérias filamentosas e, consequentemente, reduz a formação de espumas
e reduz odores resultantes de compostos de enxofre.
Tendo em conta que a adição deste produto não correspondeu na totalidade às
expectativas, em Setembro de 2010, substituiu-se o polímero sólido (Easy 25) usado desde
o arranque da ETAR e seleccionado pelo fornecedor como o mais eficaz com as lamas, por
outro de composição diferente, comercialmente conhecido por Easy 6040.
Fazendo a análise de resultados, com a introdução destas duas variantes, observou-
se que no decorrer do uso do Optibiom 7450L se verificou uma melhoria na decantação da
lama. A lama estabiliza com mais facilidade e com menos frequência abre e ascende, o
que, no entanto, não se reflecte nos valores calculados do IVL (tabela 5.5).
Na figura 6.1, observa-se o comportamento dos SST da lama biológica e do efluente
antes e depois da adição dos fungos e do polímero.
Aparentemente a quantidade de lama biológica no sistema, após a utilização dos fungos,
não foi alterada até à introdução do polímero líquido, tendo-se verificado melhoria na
decantação da lama mas não na sua redução.
Com a utilização do polímero Easy 6040, as alterações no funcionamento da
centrífuga, manifestaram-se na capacidade de esta trabalhar com concentrações mais
elevadas de lama espessada e nas escorrências do sistema de desidratação, que
passaram a ser praticamente límpidas, conseguindo-se assim ter maior controlo sobre o
processo. Alterando os tempos de recirculação da lama biológica e das purgas, conseguiu-
se valores médios de 3846 mg/L, concentrações mais próximas das de projecto para o
reactor biológico (3000 mg/L).
No entanto, observa-se (figura 6.1), nos meses de Abril e Maio de 2010 e Fevereiro
de 2011, valores de SST no efluente superiores à legislação. O aumento de SST, entre
Abril e Maio de 2010, é justificado pela turbulência provocada pelo descontrolo de sólidos
no processo, que neste periodo começou a ter impacto no efluente. Relativamente ao mês
de Fevereiro de 2011, o aumento verificado deve-se ao facto de, durante um período de 15
dias, não se ter adicionado fungos na tentativa de diminuição de custos, uma vez que se
verificava que os sólidos no processo estavam mais equilibrados. Esta situação confirmou a
eficácia da solução fúngica, pelo que se retomou a sua adição ao processo biológico.

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As concentrações médias de SST no reactor biológico, antes e depois da adição de


fungos, variou entre 5301 e 5396 mg/L respectivamente.

Início Optibiom 7450L Início Rifloc 6040

Figura 6.1 - Variação dos sólidos suspensos totais do reactor biológico e efluente

A partir do momento em que se conseguiu retirar lama do processo, com a adição


do polímero líquido, tentou-se estabelecer o equilíbrio entre os SST no reactor biológico e
os SST na lama biológica recirculada, através do controlo de caudal recirculado e do caudal
de purga.
Um dos problemas no controlo destes parâmetros, deve-se à inexistência de
caudalímetro na recirculação e na purga, o que exige atenção redobrada dos trabalhos
diários. A forma de controlo de SST no reactor biológico, através do caudal a recircular, é
efectuada tendo em conta os valores determinados diariamente dos SST e SSV no reactor
biológico e na recirculação, bem como a experiência do técnico que gere a ETAR. Os
factores que determinam o tempo que a válvula da recirculação deve estar aberta são: a
pluviosidade, a temperatura ambiente, a concentração de sólidos na lama recirculada e a
concentração de sólidos no reactor que é pretendida.
Na figura 6.2, verifica-se que alguns dos objectivos foram alcançados, com esta
forma de controlo, tendo-se obtido valores médios de SST na lama recirculada de 7430
mg/L antes dos tratamentos, com adição de fungos valores médios de 8531mg/L, e 9716
mg/L após a adição do polímero Easy 6040.

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Figura 6.2 - Variação dos sólidos suspensos totais da recirculação

Outra forma de verificar as melhorias no funcionamento da ETAR é através da razão


entre os sólidos suspensos totais da lama recirculada e SST da lama do reactor biológico,
que teoricamente se deve aproximar de 2 (Teixeira, 2007).
Com a adição de fungos, a razão dos sólidos (figura 6.3) teve uma ligeira melhoria,
tendo variado em média entre 1,4 e 1,6. A grande alteração verifica-se após o início do uso
do polímero líquido, observando-se que a razão entre os sólidos da recirculação e do
reactor biológico atingiu o valor médio de 2,6.

Figura 6.3 - Variação da razão entre SST da recirculação e SST do reactor biológico

Como era de esperar, o volume de lamas espessadas teve uma redução que
acompanhou a variação dos sólidos no processo. Verificou-se uma diminuição do caudal

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médio, com a adição dos fungos e o uso de polímero líquido, que rondaram os 171 m 3
mensais (figura 6.4).
Os valores médios variaram, antes e depois da adição da solução fúngica e do
polímero líquido, entre 483, 390 e 312 m3/mês respectivamente.

Figura 6.4 - Variação do caudal de lamas espessadas

Após estes ajustes na operação da ETAR, verificou-se uma redução de volume de


lama espessada por m 3 de afluente tratado, que variou entre 0,059 e 0,039 m3 de lama
espessada / m3 de afluente tratado (figura 6.5).

Figura 6.5 - Variação do volume de lama espessada/volume de afluente tratado

O tratamento efectuado reflectiu-se nas horas de funcionamento da centrífuga


(figura 6.6), tendo diminuído de 163 para 119 horas por mês, o que equivale a 27% de
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redução do tempo de funcionamento no período compreendido entre Janeiro de 2008 e


Julho de 2011.

Figura 6.6 – Variação de horas de funcionamento da centrífuga

As alterações efectuadas reflectiram-se também no consumo energético. A redução


de energia com a centrífuga, variou obviamente conforme a redução do número de horas
de funcionamento deste equipamento, 27%, no entanto no consumo geral da ETAR, a
redução foi apenas de 0,89%, ficando abaixo das expectativas (figura 6.7).

Figura 6.7 - Variação de consumo de energia

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Mestrado em Engenharia Química - Tecnologias de Protecção Ambiental

Com estas alterações ao tratamento pressuponha-se ainda influenciar a sicidade da


lama, o que não se verificou, conforme se pode observar na evolução da % de matéria seca
na lama desidratada (figura 6.8).

Figura 6.8 - Variação da matéria seca da lama desidratada

A matéria seca variou entre 12,3% e 12,9%, o que em termos práticos não
apresenta significado.

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7. Conclusões

O presente trabalho foi realizado na ETAR de Crestuma, situada na freguesia com o


mesmo nome e localizada na confluência do regato de Vessadas com o rio Douro.
A observação foi elaborada com base na análise do histórico dos registos de
exploração da ETAR de Crestuma, referentes ao período entre Janeiro de 2008 e Julho de
2011, focando-se essencialmente na optimização do tratamento biológico da ETAR.
A ETAR de Crestuma apresenta concentrações médias elevadas de carga orgânica
afluente à ETAR, em CBO5 (511 mg/L) e CQO (909 mg/L), e um caudal médio baixo (310
m3/dia), comparativamente com os valores de projecto para o ano 2000 (CBO 5 de 171 mg/L,
CQO de 342 mg/L e um caudal de 1237 m 3/dia).
A ETAR teve, em geral, um bom desempenho, situando-se os valores de descarga,
por norma, em conformidade com os VLE estipulados (Licença de descarga da ETAR e
Dec.Lei 152/97), tendo atingido valores médios de remoção de CBO 5, CQO e SST de 98,
95 e 94% respectivamente. Na remoção de nutrientes, os valores médios situaram-se em
86 % para azoto e 73% para o fósforo.
Embora o efluente tratado na ETAR cumpra os VLE, a permanência de grandes
quantidades de lama no processo, associada a uma elevada idade das lamas, está na
origem da sua má sedimentabilidade, dificultando por sua vez a sua remoção do sistema.
Com o objectivo de remover as lamas biológicas de uma forma mais eficiente, foi
adoptada uma estratégia que compreendeu duas etapas: na 1ª etapa, foi introduzido no
processo um produto biológico, composto essencialmente por fungos, Optibiom 7450L, no
intuito de melhorar a sedimentabilidade das lamas; a 2ª etapa consistiu na substituição do
polímero, Easy 25, usado desde o arranque da ETAR, por outro de composição diferente,
Easy 6040, com a finalidade de conseguir uma maior eficiência de desidratação da lama.
No decorrer do uso do Optibiom 7450L, verificou-se uma melhoria na sedimentação
da lama, tendo-se observado uma ligeira melhoria do IVL no decantador (passou de 120
para 100 mL/g).
Com a adição do polímero Easy 6040, conseguiu-se melhorar o controlo dos sólidos
no processo e na desidratação, o que se traduziu na diminuição dos SST no reactor
biológico para valores médios de 3846 mg/L, muito próximo dos valores de projecto (3000
mg/L) e uma maior concentração dos sólidos na recirculação, 9719 mg/L, obtendo-se
valores da razão entre os SST da corrente de recirculação e do reactor biológico de 2,6,
superior à relação ideal (2) para o tratamento por lamas activadas.
Este facto deve-se à alteração das características reológicas da lama, que permitiu à
centrífuga trabalhar com concentrações de sólidos mais elevadas, escorrências
praticamente límpidas e consequentemente aumentar a quantidade de lama a purgar.

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O controlo dos sólidos reflectiu-se na melhoria dos valores da carga mássica A/M
(0,046 mg CBO5/mg SSV.d), aproximando-o do valor limite inferior para um sistema de
arejamento prolongado (0,050 mg CBO5/mg SSV.d). Da mesma forma, a idade da lama (33
dias) convergiu para valores mais próximos do máximo de referência de projecto (18-30
dias).
Outro factor relevante é o facto do consumo do polímero, Easy 6040, ser inferior ao
consumo do polímero anteriormente usado, sendo a sua redução de 30%.
Após estes ajustes na operação da ETAR, verificou-se uma redução de 33,3% no
volume de lama produzida por m 3 de afluente tratado.
O tratamento efectuado reflectiu-se nas horas de funcionamento da centrífuga, tendo
diminuído cerca de 27%, assim como numa redução equivalente da energia dispendida por
este equipamento. No entanto, verifica-se que a redução no consumo global de energia da
ETAR foi de 0,89%, o que se deve ao facto de a centrífuga ser um dos equipamentos com
menor consumo (8,6 kWh) comparado com o restante equipamento existente na ETAR.
Em relação à sicidade da lama, o valor médio obtido foi de 12,5% em matéria seca,
muito inferior ao valor referenciado pelo equipamento (cerca de 22%), demonstrando baixa
eficiência da centrífuga.
Como considerações finais pode referir-se que as alterações ao tratamento
revelaram benefícios no funcionamento do tratamento biológico da ETAR e uma redução de
custos essencialmente relacionada com o tempo de funcionamento do sistema de
desidratação, envolvendo menor afectação de operadores na ETAR e economia de
quantidade de polímero consumido.

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8. Sugestões

Neste último capítulo optou-se por identificar algumas sugestões ao funcionamento


da ETAR:
- Instalação de caudalímetros, para a recirculação e purga, que irá facilitar o
controlo dos caudais no processo;
- Verifica-se ainda demasiada biomassa no sistema pelo que era necessário
continuar os trabalhos para a sua optimização;
- Sugere-se a substituição da centrífuga existente, por outra análoga de maior
capacidade de desempenho, que ofereceria benefícios ao processo, nomeadamente na
capacidade de remoção dos sólidos e aumento de matéria seca na lama desidratada, que
traduziria na diminuição significativa de custos.

Sugere-se ainda a realização de um estudo económico relativo à utilização da


solução fúngica (Optibiom 7450L) e do polímero (Easy 6040).

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Referências bibliográficas

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Águas de Gaia E.E.M., 2007b. Brochura da ETAR Febros.

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Águas de Gaia E.E.M., 2007e. Brochura da ETAR Crestuma.

A.P.H.A., A.W.W.A., W.E.F..Standard methods for the examination of water and wastewater.
Clesceri,L.S.;Greenberg, A.E.; Eaton, A.D. (Eds). 21st edition, Washington DC, 2005.

Apontamentos da disciplina de Microbiologia Ambiental, 2005. ISEP.

EFACEC, 2003. Manual de Instruções da ETAR Crestuma.

ISO 6878. Water quality: Determination of phosphorus; Ammonium molybdate spectrometric

method, 2004.

ISO 11905-1.Water quality: Determination of nitrogen; Part 1: Method using oxidative


digestion with peroxodisulfate, 1997.

ISO 15705. Water quality: Determination of the chemical oxygen demand index (ST-COD);

Small-scale sealed-tube method, 2002.

Metcalf e Eddy; Tchobanoglous,G.; Burton, F.; Stensel H., 2003. Wastewater Engineering -

Treatment and Reuse. 4th Ed. McGraw-Hill Professional.

Ministério do Ambiente, Decreto Lei nº 152/97. Disposições aplicáveis à recolha, tratamento


e descarga de águas residuais urbanas no meio aquático.

Ministério do Ambiente, Decreto Lei nº 236/98. Normas, critérios e objectivos de qualidade


das águas em função dos seus principais usos.

Ministério do Ambiente Dec.Lei nº 97/2008. Estabelece o regime económico e financeiro


dos recursos hídricos previsto pela Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro, disciplinando a
taxa de recursos hídricos.

Ministério do Ambiente, Decreto Lei nº 276/2009 de 2 de Outubro. Estabelece o regime de


utilização de lamas de depuração em solo agrícola.

Ministério do Ambiente Dec.Lei nº 73/2011. Estabelece o regime geral aplicável à


prevenção, produção e gestão de resíduos.

65
Mestrado em Engenharia Química - Tecnologias de Protecção Ambiental

Myers, S., 1998. Sistemas de Águas Residuais Urbanas. Associação Europeia da Água.

Nicolau, A., 2007. Índice Biótico de Lamas. Identificação de Protozoários e Metazoários.


Biotempo.

Nicolau, A.; Lima, N.; Mota, M.; Madoni, P., 1997. Os Protozoários como indicadores da
qualidade biológica das lamas activadas. Biotecnologia Ambiental. Nº 56, 14-19.

Teixeira, F., 2007. Apontamentos da disciplina de Tratamento de Efluentes Líquidos, ISEP.

Sites consultados

http://personal.telefonica.terra.es/web/ayma/atlas_b.htm (acedido a 10/10/2011)

http://www.aguasgaia.eu/pt/home.php. (acedido a 2/11/2011)


INSAAR.2008 - http://www.anmp.pt/anmp/pro/mun1/mun101w3.php?cod=M4400 (acedido a
2/11/2010)

www.aguasgaia.eu/pt/dados.php?ref=san_cobertura ( acedido a 18/10/2011)

66
Mestrado em Engenharia Química - Tecnologias de Protecção Ambiental

Anexos
Anexo I – Ficha técnica da mistura fúngica, Optibiom 7450L

67
Mestrado em Engenharia Química - Tecnologias de Protecção Ambiental

Anexo II – Ficha técnica do polímero, Easy 25

68
Mestrado em Engenharia Química - Tecnologias de Protecção Ambiental

Anexo III – Ficha técnica do polímero, Easy 6040

69
Mestrado em Engenharia Química - Tecnologias de Protecção Ambiental

Anexo III – Dados 2008


Tabela A III.1 – Dados obtidos durante o ano 2008

2008
Afluente Efluente
pH Razão CBO5 CQO SST pH % % %
CBO5 CQO SST Caudal
mês N (mg/L) P (mg/L) (escala 3 CBO5/C efluente efluente efluente N (mg/L) P (mg/L) (escala remoção remoção remoção
(mg/L) (mg/L) (mg/L) (m /dia)
Sorense) QO (mg/L) (mg/L) (mg/L) Sorense) CBO5 CQO SST
Janeiro 404 1315 421 189 19,8 8,35 279 0,31 2 66 25 10 2,8 7,43 99 95 94
F evereiro 613 1388 454 123 14,7 8,58 210 0,44 15 85 38 26 4,1 7,29 98 94 92
Março 684 1268 449 91 10,2 8,38 261 0,54 11 64 31 16 4,8 7,23 98 95 93
Abril 478 832 248 58 6,8 8,18 475 0,57 10 52 23 11 3,3 7,31 98 94 91
Maio 525 806 304 89 10,4 7,89 319 0,65 5 47 20 6 4,3 7,24 99 94 93
Junho 563 1006 390 106 12,5 8,07 251 0,56 4 59 9 4 3,5 7,37 99 94 98
Julho 776 1242 409 178 21,6 8,32 231 0,62 6 35 10 9 3,7 7,60 99 97 97
Agosto 755 1453 551 127 14,9 8,06 219 0,52 6 24 8 4 2,6 7,73 99 98 99
Setembro 580 1279 526 91 11,7 8,11 229 0,45 4 27 10 2 1,7 7,61 99 98 98
Outubro 485 939 311 111 12,9 8,25 212 0,52 6 29 13 10 4,5 7,51 99 97 96
Novembro 673 1272 482 139 15,8 8,48 211 0,53 6 36 16 25 2,6 7,49 99 97 97
Dezembro 666 1055 347 70 8,7 8,24 343 0,63 8 62 43 31 3,4 7,08 99 94 88
média 600 1154 408 114 13,3 8,24 270 0,53 7 49 21 13 3,4 7,41 99 96 95

2008
Caudal
Tempo T empo
Carga Tempo de L. MS lama Consumo
de funciona
SST SSV SST SSV Idade da mássica retenção Caudal Caudal espess MS Lama energia
retenção desidrata mento
mês R.biológic R.biológic Recircula Recircula lama (mg decantad de purga de purga /m3 de L.espess. des idrata da ETAR
no da centrifuga
o (mg/l) o (mg/l) ção (mg/l) ção (mg/l) (dias) CBO/mg or (m3/mês) (m3/dia) afluente (%) da. (ton) /mês
SST.dia)
biológico.
(hora) tratado (%) (horas/m
(kWh)
(hora) ês)
m3/m3
Janeiro 5733 4612 8586 6832 32 0,021 67 50 510 16,5 0,059 1,4 11,1 30 225 15088
F evereiro 4791 3866 6737 5363 36 0,021 89 68 440 15,7 0,075 1,1 11,3 30 145 9209
Março 4560 3630 6495 5169 42 0,055 72 53 400 12,9 0,049 1,3 12,0 18 118 11083
Abril 4649 3715 7224 5690 35 0,046 39 28 432 14,4 0,030 1,5 12,7 24 129 12141
Maio 5054 4043 7377 5837 32 0,062 59 43 528 17,0 0,053 1,1 11,8 30 161 13100
Junho 5084 4077 8328 6270 30 0,040 75 56 514 17,1 0,068 1,5 11,9 36 147 13297
Julho 5496 4392 7172 5625 39 0,041 81 61 480 15,5 0,067 1,2 11,8 36 270 13094
Agosto 5208 4246 10438 8342 22 0,039 85 65 568 18,3 0,084 1,1 12,2 36 267 13750
Setembro 5504 4262 6814 5272 33 0,030 82 62 568 18,9 0,083 1,1 11,9 42 154 13981
Outubro 5860 4606 6834 5327 46 0,022 88 66 456 14,7 0,069 1,2 12,4 36 160 12372
Novembro 5392 4288 7526 5974 51 0,025 89 65 328 10,9 0,052 1,5 11,6 30 149 13393
Dezembro 4552 3729 5769 4678 38 0,074 55 40 506 16,3 0,048 1,5 11,6 24 145 14755
média 5157 4122 7442 5865 36 0,040 73 55 478 15,7 0,061 1,3 11,9 31 173 12939

70
Mestrado em Engenharia Química - Tecnologias de Protecção Ambiental

Anexo IV – Dados 2009

Tabela A IV.1 – Dados obtidos durante o ano 2009


Inicio Optibiom 7450L: 26-06-2009

2009

Afluente Efluente
pH Razão CBO5 CQO SST pH % % %
CBO5 CQO SST Caudal
mês N (mg/L) P (mg/L) (escala 3 CBO5/C efluente efluente efluente N (mg/L) P (mg/L) (escala remoção remoção remoção
(mg/L) (mg/L) (mg/L) (m /dia)
Sorense) QO (mg/L) (mg/L) (mg/L) Sorense) CBO5 CQO SST
Janeiro 320 618 213 98 10,8 8,19 621 0,52 12 49 31 10 1,7 7,26 96 92 85
Fevereiro 213 613 199 60 6,4 7,96 544 0,35 6 26 14 19 1,0 7,32 97 96 93
Março 610 1077 388 90 9,7 8,34 258 0,57 9 43 26 10 3,9 7,51 98 96 93
Abril 600 899 414 116 12,6 8,19 265 0,67 7 37 25 6 4,1 7,54 99 96 94
Maio 550 1101 450 108 14,1 7,82 222 0,50 8 44 23 8 4,2 7,59 99 96 95
Junho 670 1196 486 110 12,7 7,93 225 0,56 15 48 21 30 3,2 7,75 98 96 96
Julho 415 895 365 75 10,6 7,93 216 0,46 19 73 35 41 5,5 7,63 96 92 90
Agosto 545 1016 473 91 11,8 8,18 201 0,54 11 47 18 21 3,6 7,66 98 95 96
Setembro 668 1149 444 145 15,8 8,33 189 0,58 7 43 9 7 3,5 7,54 99 96 98
Outubro 563 1147 551 69 10,6 8,27 262 0,49 12 46 19 7 5,1 7,64 98 96 97
Novembro 360 938 255 86 9,5 7,93 445 0,38 15 41 23 15 3,8 7,68 96 96 91
Dezembro 290 503 219 128 11,3 8,11 830 0,58 9 44 21 19 3,4 7,74 97 91 91
médias 484 929 371 98 11,3 8,10 356 0,52 11 45 22 16 3,6 7,57 98 95 93

2009
Caudal
Tempo Tempo
Carga Tempo de L. MS lama Consumo
de MS funciona
SST SSV SST SSV Idade da mássica retenç ão Caudal Caudal espess Lama energia
retenção desidrata mento
mês R.biológic R.biológic Recircula Recircula lama (mg decantad de purga de purga /m3 de L.espess. desidrata da ETAR
no da centrifuga
o (mg/l) o (mg/l) ção (mg/l) ção (mg/l) (dias) CBO/mg or (m3/mês) (m3/dia) afluente (%) da. (ton) /mês
SST.dia)
biológico
(hora) tratado (%) (horas/m
(kWh)
L. (hora) ês)
m3/m3
JAN 4516 3633 6512 5159 32 0,031 30 22 528 17,0 0,027 1,1 12,7 36 138 13906
FEV 5076 3639 7058 4987 42 0,034 34 25 416 13,4 0,025 0,9 14,4 30 130 13738
MAR 6250 4671 6704 4977 39 0,028 73 55 588 19,0 0,074 1,2 13,4 36 159 13978
ABR 5857 4472 6924 5548 33 0,030 71 53 592 19,1 0,072 1,1 12,9 36 143 11915
MAI 6498 5211 7549 5998 40 0,025 84 64 520 16,8 0,076 1,3 11,9 42 159 11509
JUN 5342 4343 9691 7640 44 0,028 83 61 312 10,1 0,045 1,5 13,0 30 127 13224
JUL 5101 4181 11296 9239 30 0,020 87 64 368 11,9 0,055 2,4 13,3 42 165 12775
AGO 5588 4462 8628 6757 49 0,018 93 69 328 10,6 0,053 2,4 13,4 36 147 12683
SET 5720 4594 12034 9439 36 0,025 99 73 328 10,6 0,056 1,5 13,9 36 126 13279
OUT 5692 4462 8725 7614 32 0,031 72 53 448 14,5 0,055 1,7 13,7 36 150 11984
NOV 5350 4226 8241 6319 43 0,059 42 30 376 12,1 0,027 1,4 13,3 36 144 11651
DEZ 4543 3601 8153 6317 72 0,055 23 16 192 6,2 0,007 1,5 14,1 18 144 12757
media 5461 4291 8460 6666 41 0,032 66 49 416 13,4 0,048 2 13,3 35 144 12783

71
Mestrado em Engenharia Química - Tecnologias de Protecção Ambiental

Anexo V – Dados 2010


Tabela A V.1 – Dados obtidos durante o ano 2010
Inicio Optibiom 7450L: 26-06-2009
Inicio Rifloc 6040: 2-09-2010

2010

Afluente Efluente
pH Caudal Razão CBO5 CQO SST pH % % %
CBO5 CQO SST
mês N (mg/L) P (mg/L) (escala 3 CBO5/CQ efluente efluente efluente N (mg/L) P (mg/L) (escala remoção remoç ão remoção
(mg/L) (mg/L) (mg/L) (m /dia)
Sorense) O (mg/L) (mg/L) (mg/L) Sorense) CBO5 CQO SST
Janeiro 260 437 184 104 13,0 7,88 643 0,59 13 40 17 19 1,2 7,37 95 91 91
Fevereiro 295 588 180 77 7,8 8,11 456 0,50 11 33 17 17 3,1 7,69 96 94 90
Março 328 529 228 88 9,2 8,21 463 0,62 6 35 20 10 0,6 7,66 98 93 91
Abril 390 695 310 113 12,3 8,35 295 0,56 17 67 36 43 4,1 7,63 96 90 88
Maio 588 866 382 132 16,3 8,02 241 0,68 16 75 41 53 3,1 7,69 97 91 89
Junho 460 957 414 146 16,1 8,14 219 0,48 14 65 28 51 3,5 7,70 97 93 93
Julho 713 1096 481 126 15,9 7,68 201 0,65 12 43 26 23 5,0 7,53 98 96 95
Agosto 564 813 326 101 12,3 7,72 197 0,69 10 43 16 19 3,3 7,44 98 95 95
Setembro 540 1018 531 78 9,9 7,84 185 0,53 7 37 21 5 3,4 7,36 99 96 96
Outubro 563 911 385 132 15,3 8,48 362 0,62 4 26 8 6 2,7 7,53 99 97 98
Novembro 345 544 240 108 11,6 8,04 441 0,63 5 30 14 6 1,0 7,31 99 94 94
Dezembro 264 411 201 49 4,7 7,25 447 0,64 8 38 17 10 1,0 7,00 97 91 91
média 442 739 322 104 12,0 7,98 346 0,60 10 44 22 22 2,6 7,49 97 94 93

2010
Caudal de
Carga Tempo de MS lama Tempo Consumo
Tempo L. espess MS
SST SSV SST SSV Idade da mássica retenção Caudal de Caudal de Lama funcionam energia da
retenção /m3 de desidrata
mês R.biológic R.biológic Recirculaç Recirculaç lama (mg no purga purga L.espess. desidratad ento ETAR
decantado afluente da
o (mg/l) o (mg/l) ão (mg/l) ão (mg/l) (dias) CBO/mgS biológico (m3/mês) (m3/dia) (%) a. (ton) c entrifuga /mês
ST.dia) (h)
r (h) tratado (%) (h/mês) (kWh)
m3/m3
Janeiro 4564 3733 7094 5568 84 0,028 29 21 192 6,2 0,0096 2,1 14,6 24 68 15570
Fevereiro 4635 3835 7238 5580 23 0,033 41 30 658 23,5 0,0516 1,1 13,7 30 137 13379
Março 4748 3941 7001 5688 30 0,037 40 29 554 17,9 0,0386 1,4 12,3 24 90 11017
Abril 5378 4484 7459 6114 51 0,023 63 46 336 11,2 0,0380 1,5 12,2 30 144 12073
Maio 5868 4845 7761 6340 77 0,031 78 56 240 7,7 0,0321 1,5 10,8 18 95 13359
Junho 6143 5415 9867 7673 43 0,017 86 64 384 12,8 0,0586 1,5 11,9 30 105 13404
Julho 5909 4790 8164 6534 48 0,029 93 69 368 11,9 0,0591 1,9 12,1 36 141 12660
Agosto 6304 5045 7778 6229 29 0,022 95 75 682 22,0 0,1118 1,8 11,7 36 139 13644
Setembro 5875 4697 8460 6716 51 0,023 101 75 320 10,7 0,0576 1,8 12,3 42 189 13077
Outubro 4728 3794 8614 6778 40 0,034 52 37 342 11,0 0,0305 1,7 12,5 54 169 11507
Novembro 3767 3067 11079 8780 26 0,048 42 30 314 10,5 0,0237 1,7 11,7 30 120 11852
Dezembro 3237 2707 8616 6895 46 0,037 42 30 207 6,7 0,0149 1,1 12,2 24 97 15415
média 5096 4196 8261 6575 46 0,030 64 47 383 12,7 0,0438 1,5911 12,338 32 125 13080

72
Mestrado em Engenharia Química - Tecnologias de Protecção Ambiental

Anexo VI – Dados 2011


Tabela A VI.1 – Dados obtidos durante o ano 2011
Inicio Rifloc 6040: 2-09-2010

2011

afluente efluente
pH Caudal Razão CBO5 CQO SST pH % % %
CBO5 CQO SST
mês N (mg/L) P (mg/L) (escala 3 CBO5/CQ efluente efluente efluente N (mg/L) P (mg/L) (escala remoção remoção remoção
(mg/L) (mg/L) (mg/L) (m /dia)
Sorense) O (mg/L) (mg/L) (mg/L) Sorense) CBO5 CQO SST
Janeiro 450 648 270 92 11,2 7,72 390 0,69 13 53 32 16 3,0 6,87 97 92 88
Fevereiro 335 546 252 97 10,0 8,24 354 0,61 17 64 45 15 3,2 7,03 95 88 82
Março 392 623 268 100 10,0 8,27 270 0,63 16 47 23 10 3,6 7,10 96 92 92
Abril 808 976 515 141 17,8 8,19 255 0,83 7 32 8 6 2,8 7,24 99 97 98
Maio 512 865 368 101 9,9 8,37 224 0,59 5 25 5 9 1,8 7,32 99 97 99
Junho 600 942 397 97 11,5 7,96 190 0,64 6 29 5 5 4,0 7,24 99 97 99
Julho 715 1105 499 114 15,2 8,64 191 0,65 6 30 8 4 6,0 7,44 99 97 98
média 545 815 367 106 12,2 8,20 268 0,66 10 40 18 9 3,5 7,18 98 94 94

2011
Caudal de Tempo
Carga Tempo de Consumo
Tempo L. espess MS lama funcionam
SST SSV SST SSV Idade da mássica retenção Caudal de Caudal de MS energia da
retenção /m3 de desidrata LAMA DES. ento
mês R.biológic R.biológic Recirculaç Recirculaç lama (mg no purga purga L.espess. ETAR
decantado afluente da (ton) centrifuga
o (mg/l) o (mg/l) ão (mg/l) ão (mg/l) (dias) CBO/mgS biológicoL (m3/mês) (m3/dia) (%) /mês
ST.dia) . (hora)
r (h) tratado (%) (horas/mê
(kWh)
m3/m3 s)
Janeiro 2819 2386 9517 7784 37 0,071 48 34 198 6,4 0,0164 1,2 11,7 12 77 11071
Fevereiro 3646 3034 5627 4637 68 0,032 53 38 234 7,5 0,0213 1,1 11,7 12 53 14109
Março 3678 3075 6433 5270 40 0,041 69 51 357 11,5 0,0426 0,9 11,7 30 127 11668
Abril 3909 3226 9823 7903 29 0,054 73 54 338 10,9 0,0427 1,1 12,7 29 130 12852
Maio 3734 3060 14123 11243 16 0,033 84 62 408 13,2 0,0587 1,7 13,8 35 95 12609
Junho 3704 3111 12224 9908 21 0,035 98 73 367 11,8 0,0622 1,5 12,6 30 120 13485
Julho 3211 2694 12354 9995 19 0,052 98 73 352 11,4 0,0593 1,3 12,2 30 133 13799
média 3529 2941 10015 8106 33 0,046 75 55 322 10,4 0,0433 1,2545 12,3 25 105 12799

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