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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

OPÇÕES DE TRATAMENTO DE LIXIVIADO DO ATERRO


CONTROLADO DO JÓQUEI/DF

JOÃO PAULO REIS BARROS

PROFESSOR: FRANCISCO JAVIER CONTRERAS PINEDA

PROJETO FINAL DA DISCIPLINA


TÓPICOS EM SANEAMENTO

BRASÍLIA/DF: JANEIRO – 2019


Sumário
1 – INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................1
2 - OBJETIVOS..................................................................................................................................................3
3 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA e revisão bibliográfica............................................................................4
3.1 – PREVISÃO DA GERAÇÃO DE LIXIVIADO EM ATERROS SANITÁRIOS..................................4
3.1.1 – Método do Balanço Hídrico Global................................................................................................4
3.1.2 – Método do Balanço Hídrico Global combinado com a infiltração na camada de cobertura e o
fluxo de lixiviado através das células do aterro...........................................................................................5
3.1.3 – Modelos computacionais para simulação hidrológica de geração de lixiviado em aterros
sanitários......................................................................................................................................................5
3.2 – CARACTERIZAÇÃO DO LIXIVIADO...............................................................................................9
3.3 – TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE LIXIVIADO COM SEUS ASPECTOS POSITIVOS E
NEGATIVOS................................................................................................................................................12
3.3.1 – Tratamentos Biológicos.................................................................................................................12
3.3.1.1 – Tratamentos aeróbios..................................................................................................................13
3.3.1.2 – Tratamentos anaeróbios e anóxicos............................................................................................22
3.3.2 – Tratamentos Físico-Químicos.......................................................................................................26
3.3.3 – Combinação de Processos Físico-Químicos e Biológicos.............................................................41
3.4 – ANÁLISE DO TRATAMENTO COMBINADO DE LIXIVIADO E ESGOTO DOMÉSTICO.......43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................................................45
1 – INTRODUÇÃO

Estilos de vida cada vez mais prósperos, desenvolvimento industrial e crescimento


comercial em muitos países ao redor do mundo, na última década, foram acompanhados
por aumentos rápidos da geração de resíduos sólidos urbanos e industriais. 

Os aterros sanitários para a disposição final de resíduos sólidos continuam sendo


amplamente aceitos e usados devido suas vantagens econômicas. Estudos comparativos
dos vários possível meios de eliminar os resíduos sólidos urbanos (aterro, incineração,
compostagem, ... , etc.) mostram que o mais barato, em termos de exploração e custos de
capital, é aterro.  Além de suas vantagens econômicas, o aterro minimiza os impactos
ambientais e outros inconvenientes, e permite que os resíduos se decomponham sob
condições controladas até eventual transformação dos mesmos em materiais relativamente
inertes e estabilizados.

Dessa forma, a tendência mundial é o uso de aterro sanitário controlado como o meio
preferencial de eliminação de resíduos sólidos urbanos e uma grande parte de resíduos
sólidos industriais. No entanto, a geração de lixiviado em aterros sanitários tornou-se um
assunto de interesse recente, visto que, constitui-se de uma água residuária e gera biogás,
sendo o último um recurso que pode ser utilizado para produção de energia (Di Palma et
al., 2002).

Os lixiviados são definidos como o efluente aquoso gerado como consequência da


percolação de águas pluviais através de resíduos, processos cíclicos em células de resíduos
e o conteúdo inerente de água dos próprios resíduos. Os lixiviados podem conter grandes
quantidades de matéria orgânica (biodegradável e não-biodegradável), onde constituintes
do tipo húmico consistem em um grupo importante, bem como nitrogênio amoniacal,
metais pesados, compostos orgânicos clorados e sais inorgânicos. 

A remoção de material orgânico com base na demanda química de oxigênio (COD),


demanda biológica de oxigênio (DBO) e amônia do lixiviado é o pré-requisito comum
antes de descarregar os lixiviados em águas naturais, uma vez que, a toxicidade do

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lixiviado gera perigo para os corpos hídricos bem como demanda a necessidade de
tratamento para atender as normas de descartes em corpos hídricos receptores.

Em resumo, a gestão de resíduos sólidos urbanos constitui hoje uma importante problema
ambiental, econômico e social em todo o mundo, principalmente porque o volume de
resíduos está crescendo mais rápido do que o população mundial. Além disso, como
requisitos ambientais mais rigorosos são continuamente impostos em relação ao solo e as
águas, o tratamento do lixiviado de aterro torna-se um importante preocupação
ambiental. Este trabalho, portanto, enfoca no tratamento de lixiviados de aterro sanitário e
fornece uma comparação e uma avaliação de vários processos de tratamento desse tipo de
água residuária. Novos tratamentos, alternativas e melhorias tecnológicas convencionais
são também destacados e examinados.

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2 - OBJETIVOS

• Estimar a produção de lixiviado e caracterizar sua composição química;


• Identificar as opções tecnológicas de tratamento;
• Avaliar a viabilidade do tratamento combinado de lixiviado e esgoto doméstico;
• Estimar os custos de implantação e operação da tecnologia adotada;
• Determinar os principais impactos ambientais decorrente do uso da tecnologia.

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3 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 – PREVISÃO DA GERAÇÃO DE LIXIVIADO EM ATERROS SANITÁRIOS

As taxas de geração de lixiviado em aterros sanitários variam significativamente, sendo


que existem diferentes métodos para a sua quantificação. A influência da precipitação
pluviométrica é bastante expressiva, entretanto, apresenta elevada complexidade. Por
questões práticas, a maioria dos métodos abordados negligencia a parcela de lixiviado
proveniente da biodegradação dos resíduos, uma vez que, comparado a contribuição da
precipitação, constitui-se num parâmetro pouco contribuidor (Bagchi, 2004).

3.1.1 – Método do Balanço Hídrico Global

O método do balanço hídrico global permite quantificar os líquidos percolados em um


aterro considerando o balanço das entradas e saídas de água na massa de resíduos, em um
determinado período de tempo. Esse método considera que parte da precipitação
pluviométrica sobre o aterro escoa superficialmente e parte é evaporada e utilizada pela
vegetação, o restante infiltra no corpo do aterro, sendo parte retida pelo solo de cobertura e
pelos resíduos.

O método do balanço hídrico global é relativamente simples e por isso foi utilizado com
grande freqüência até o início da década de 1980 para prever as taxas de geração de
lixiviado. Entretanto, quando se compara os resultados de sua aplicação com a vazão
medida em campo, os padrões de geração de lixiviado nem sempre são reproduzidos
adequadamente (Guyonnet et al.,1998).

Estudos em células teste e verificações em campo mostraram que o método do balanço


hídrico global resulta em margens de erro elevadas para a avaliação da geração de
lixiviado, dessa forma, o modelo de balanço hídrico global não possui a capacidade de
simular a distribuição espacial e temporal da geração de lixiviados em aterros durante a
operação e em
certo período após o encerramento.

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3.1.2 – Método do Balanço Hídrico Global combinado com a infiltração na camada de
cobertura e o fluxo de lixiviado através das células do aterro

No intuito de tentar superar as simplificações e as deficiências do método do balanço


hídrico global, foram produzidos métodos e modelos computacionais que preveem a
geração de lixiviado levando-se em consideração outros parâmetros complementares
como: a infiltração da água através da cobertura dos resíduos e o fluxo de lixiviado no
interior do maciço e através dos drenos. Assim, foram utilizados os mesmos processos
descritos pelo método do balanço hídrico global, porém, complementados pelos novos
parâmetros: precipitação, escoamento superficial, evapotranspiração, armazenamento de
umidade pelo solo e pelos resíduos, além da infiltração e do fluxo de lixiviado.

3.1.3 – Modelos computacionais para simulação hidrológica de geração de lixiviado


em aterros sanitários

Entre os modelos mais difundidos e aplicados em diferentes condições de localização e


caracterização de resíduos, podem ser citados o HSSWDS (Hydrologic Simulation on
Solid Waste Disposal Sites), o HELP (Hydrologic Evaluation of Landfill), o FILL (Flow
Investigation for Landfill Leachate), o MOBYDEC (Modèle Global de Bilan Hydrique de
Décharge), o LandSIM e o MODUELO 2 (Modelo de Diseño de Vertederos).

O HELP é um dos modelos mais tradicionais e difundidos e foi desenvolvido para a


USEPA (United States Environmental Protection Agency), tendo sido inicialmente
projetado para avaliar a performance a longo prazo de aterros de resíduos perigosos.
Atualmente é utilizado em processos regulatórios de aterros sanitários (Schroeder e Berger,
2007), principalmente devido à facilidade de aplicação, se comparado com outros
programas computacionais (Ho et al., 2004).

Atualmente, o modelo HELP é um modelo determinístico que estima o balanço hídrico em


aterros sanitários, considerando a infiltração, a evapotranspiração e o fluxo subsuperficial
da água no interior do aterro. Este modelo possui aplicação para aterros em operação,

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parcialmente encerrados e totalmente encerrados, pois considera, de maneira detalhada, a
influência da camada de cobertura final e da vegetação, permitindo diferentes combinações
de solos de cobertura, materiais sintéticos e vegetação. O programa é composto por uma
base de dados climatológicos, parâmetros de solo padrão, para 21 tipos diferentes de solo,
e propriedades de vários materiais sintéticos (Schroeder e Berger, 2007).

É um dos modelos mais detalhados, e representa melhor a complexidade do sistema do que


a maioria dos modelos (Aina, 2006). Neste modelo, a água precipitada é dividida entre os
fenômenos de armazenamento superficial, escoamento superficial, evapotranspiração,
infiltração, armazenamento no solo e drenagem lateral. O escoamento superficial é
calculado pelo método empírico da Curva Número do SCS - Soil Conservation. Para o
cálculo da evapotranspiração potencial é utilizado o método de Penman modificado.

Este modelo é considerado “quase” bidimensional, pois combina dois sistemas


unidimensionais em série e o fluxo em meio não saturado, que ocorre logo abaixo da
camada de cobertura; sendo avaliado através de uma abordagem empírica, de forma
relativamente simples (Berger, 2000). O fluxo no interior do aterro é dividido em
percolação vertical e drenagem lateral. O fluxo vertical da umidade é determinado de
acordo com a metodologia
proposta por Campbell que considera o efeito da porosidade sobre o fluxo de água no
meio, adaptando a Lei de Darcy para meios porosos não saturados, sem deixar de utilizar o
parâmetro condutividade hidráulica saturada.

O armazenamento de água é considerado até que seja alcançada a capacidade de campo do


resíduo, para que então se inicie a percolação. O modelo HELP simula uma célula de cada
vez, com a desvantagem de não reproduzir o histórico de ocupação do aterro.

Em 1998, Lobo e colaboradores (2002a,b, 2003a e 2007) desenvolveram o modelo


computacional MODUELO, que possui como finalidade a simulação e a estimativa da
geração de lixiviado e gases em aterros sanitários. O MODUELO 2 é baseado em dados de
umidade e de composição média dos resíduos sólidos, este modelo reproduz o histórico de
ocupação do aterro e os processos hidrológicos e de biodegradação da matéria orgânica
presente nos resíduos.

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O algoritmo geral do programa MODUELO 2 possui três blocos de inserção de
informação: produção de resíduos, configuração do aterro e dados meteorológicos. Os
dados de entrada são utilizados em dois módulos de cálculo, o hidrológico e o de
biodegradação da matéria orgânica presente nos resíduos. Estes dois módulos são
independentes entre si, sendo facultativa a execução do de biodegradação. No bloco de
produção de resíduos é calculada a evolução anual de resíduos depositados no aterro, sua
composição e características, a partir dos dados de população atendida pelo aterro e sua
taxa de crescimento anual; taxa de crescimento da produção de resíduos; taxa de
segregação para reciclagem; composição dos
resíduos, em classes como papel, papelão, restos de comida, madeira, plásticos, vidro,
metais, etc.; umidade dos resíduos, poder calorífico e densidade da massa aterrada;
biodegradabilidade e composição química dos resíduos.

A configuração do aterro é representada no programa por dois tipos de malha. Uma define
o terreno de fundo e a outra define as células unitárias de resíduos, para fins de cálculo.
Esta malha de cálculo é tridimensional e apresenta dimensões horizontais constantes
definidas pelo usuário, sendo que a definição do tamanho das células determina a precisão
e o tempo de cálculo do modelo. No bloco de configuração do terreno podem ser definidos
seis tipos de células unitárias, como células de terreno; células vazias, aquelas que ainda
não receberam resíduos; células de resíduos; células encerradas; células de preenchimento,
formadas por materiais diferentes dos resíduos, como diques ou aterros de solo; e células
dreno.

Os dados meteorológicos necessários ao bloco de clima, correspondentes ao período de


simulação, são a precipitação média horária; a temperatura média diária; a radiação solar
média diária; a velocidade média diária do vento e a umidade relativa do ar média
diária.Com base no histórico operacional da planta do aterro e da evolução da disposição
através do tempo, o módulo hidrológico calcula o fluxo de água através das células do
aterro. Em seguida, a partir dos resultados do módulo hidrológico, pode ser realizada a
simulação da biodegradação da parte orgânica presente nos resíduos. As equações
diferenciais dos modelos matemáticos utilizados na simulação dos processos que ocorrem
no aterro são resolvidas através de diferenças finitas, baseando-se nas células de definição
do aterro.

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Para o cálculo do balanço hídrico superficial são considerados os fenômenos de
evaporação superficial e subsuperficial, armazenamento superficial, infiltração e
escoamento superficial.
Para as células do tipo resíduo (ou vertedero, como denominadas pelo modelo), que são
compostas dos resíduos sólidos e sua camada de cobertura diária com solo, é considerado o
fenômeno de evaporação. Para o cálculo da evaporação potencial, caso em que se dispõe
de registro meteorológico básico, com precipitação e temperaturas diárias máxima e
mínima, utilizam-se as equações de Hargreaves, sendo que o modelo traz valores padrão
para a radiação solar média diária e para o número de horas diárias de sol, de acordo com a
latitude e o mês. Para o caso de se dispor de dados meteorológicos completos, com número
de horas diárias de insolação, temperatura média diária, umidade relativa do ar média
diária e velocidade média diária do vento, a equação de Penman é empregada. O volume
de água disponível para a evaporação subsuperficial pode ainda ser limitado a uma
porcentagem da capacidade de campo do resíduo.

As células do tipo encerradas (ou vertedero sellado) são constituídas pelos resíduos e sua
camada de cobertura final, sobre a qual geralmente existe alguma espécie de vegetação.
Para estas células o fenômeno de evapotranspiração também estimado de acordo com a
informação disponível. Quando se dispõe apenas de dados como precipitação e
temperaturas diárias máxima e mínima, é aplicada a relação empírica definida por Shaw.

O armazenamento de água nas depressões existentes na superfície do aterro, que limita o


escoamento superficial, é simulado através do conceito de altura máxima de empoçamento
de água sobre a superfície. A chuva precipitada acumula-se até atingir esta altura, estando
sujeita aos efeitos de evapotranspiração e infiltração. Acumulando-se acima desta altura,
ocorre o escoamento superficial. Esta abordagem empírica é similar à de Linsley, que
representa o volume de água retido nas depressões do solo após o início da precipitação.
Alguns valores para a diminuição do escoamento superficial através do armazenamento de
água nas depressões foram indicados por Hickis, sendo cerca de 0,25 cm para solos
argilosos e 0,5 cm para solos arenosos.

No MODUELO 2 o escoamento superficial pode também ser definido pelo usuário como
“conectado” à rede de drenagem de lixiviado, para os casos em que a operação não é
realizada adequadamente e os drenos estejam expostos. a condutividade hidráulica

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equivalente, sendo consideradas a espessura e a condutividade hidráulica dos materiais
envolvidos. Para o cálculo da infiltração, por sua vez, o modelo utiliza a equação de
Horton.

Os movimentos vertical e horizontal da água no interior do maciço são tratados de maneira


independente. Após determinar a quantidade de água infiltrada na célula, o fluxo vertical
da água de uma célula a outra é calculado a cada intervalo de tempo, bem como o fluxo
através dos drenos. A umidade de cada célula é então atualizada e o fluxo horizontal é
determinado.

A principal hipótese do módulo hidrológico de MODUELO 2 é que o fluxo vertical através


dos resíduos ocorre sempre em condições saturadas, devido ao fato de as camadas de
cobertura diárias diminuírem a velocidade vertical do fluxo, o que favorece a
movimentação horizontal do líquido. O fluxo vertical é calculado pela Equação de Darcy,
juntamente com a lei de continuidade. As condições de contorno são a umidade mínima da
célula, que é igual à capacidade de campo, e a umidade máxima, que é igual à umidade de
saturação. Para a camada de fundo do aterro a condutividade hidráulica vertical é
considerada nula, não havendo fluxo vertical.

Analisando-se a unidade longitudinal do conduto, o fluxo através dos drenos é considerado


unidimensional. Para isto é utilizada, inicialmente, a Lei de Darcy sob as condições de
Dupuit, em que as superfícies equipotenciais são verticais. O modelo de fluxo através dos
drenos considera ainda a variação da capacidade de armazenamento de água pelas células
do dreno, pela aplicação da Equação de Huitric e colaboradores.

A variação da condutividade hidráulica dos resíduos com a sobrecarga, por sua vez, é
determinada de acordo com as Equações desenvolvidas por Demirekler e colaboradores.
Para determinar o fluxo horizontal no interior do maciço, as condições iniciais são dadas
pelos valores de altura de saturação calculados pelo modelo de fluxo vertical e seu valores
médios para cada célula. As condições de contorno são definidas para áreas em que o
resíduo está em contato com o ar, sendo o fluxo livre, e para as células apoiadas sobre a
impermeabilização de fundo, cujo fluxo normal à superfície de contato é nulo.

3.2 – CARACTERIZAÇÃO DO LIXIVIADO

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Os dois fatores que caracterizam um efluente líquido são a vazão e a sua composição. A
vazão de lixiviado está intimamente ligada à precipitação, ao escoamento superficial e a
infiltração ou de água subterrânea ou do percolada através do aterro. As mantas de
impermeabilização (capas impermeáveis, requisitos de revestimento como argila,
geotêxteis e / ou plásticos) são primordiais para controlar quantidade de água que entra na
ponta e assim, para reduzir a ameaça poluição. O clima também tem uma grande influência
no lixiviado porque afeta a entrada de precipitação e perdas por evaporação. Já a
composição de lixiviados depende a natureza do próprio lixo, que por sua vez, influenciará
na quantidade de água presente nos resíduos e em sua compactação. A produção de
lixiviado é geralmente maior sempre que os resíduos são menos compactados, de tal forma
que a compactação reduz a taxa de filtração (Lena et al., 1988).

Além dos fatores citados acima, existem outros que também afetam a qualidade de tais
lixiviados, como: idade, precipitação, variação sazonal do tempo, tipo de resíduo e
composição (dependendo do padrão de vida do população circundante, estrutura da
ponta). Em particular, o composição de lixiviados de aterros varia muito, dependendo da
idade do aterro (Baig et al., 1999). Em aterros jovens, contendo grandes quantidades de
matéria orgânica biodegradáveis, uma rápida fermentação anaeróbica ocorre, resultando
em ácidos graxos voláteis como principal produtos de fermentação (Welander et al., 1997).
A fermentação ácida é reforçada por uma alta teor de umidade ou teor de água nos resíduos
sólidos, este fase inicial da vida de aterro é chamada de fase acidogênica, e leva à
liberação de grandes quantidades de ácidos graxos voláteis livre, geralmente, 95% do
conteúdo orgânico (Wang et al., 1993; Harsem et al., 1983). Com o amadurecimento do
aterro, ocorre a fase metanogênica. Microrganismos metanogênicos desenvolver nos
resíduos, e os ácidos graxos voláteis são convertidos em biogás. A fração orgânica no
lixiviado é dominada por compostos recalcitrantes (não-biodegradáveis), como húmicos
substâncias, por exemplo (Chian et al., 1976).

As características do lixiviado de aterros sanitários normalmente podem ser representados


pelos parâmetros básicos DQO, DBO, a relação DBO/DQO, pH, sólidos suspensos,
nitrogênio amoniacal, nitrogênio Kjeldahl total e metais pesados.

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A composição do lixiviado de diferentes aterros sanitários, como relatado na literatura,
mostram uma grande variação. Dados mostram que a idade do aterro e, portanto, o grau de
estabilização dos resíduos sólidos tem um efeito significativo nas características do
lixiviado. Com poucas exceções, o pH dos lixiviados encontra-se no intervalo 5,8-8,5, que
é devido à atividade biológica. Também é importante notar que a maioria do nitrogênio
Kjeldahl total é composto por amônia, que pode variar de 0,2 a 13.000 mg/L. A relação
entre DBO/DQO, de 0,70 a 0,04, diminui rapidamente com o envelhecimento dos aterros
(Chian et al., 1976). Isto é devido ao lançamento de grandes moléculas orgânicas
recalcitrantes, consequentemente, o lixiviado antigo é caracterizado por sua baixa relação
entre DBO/DQO e amônia bastante elevado.

A relação existente entre a idade do aterro e a composição da matéria orgânica pode


fornecer um critério útil para escolher um processo de tratamento adequado. Geralmente,
leva-se em consideração na escolha do tratamento a ser adotado a DQO, a concentração de
amônia e metais pesados, informações sobre o pH, dosagens necessárias, entre outros
fatores.

Na Tabela 3.1 é apresentada a faixa de valores para alguns parâmetros analisados no


Aterro Controlado Jockey Club. Observa-se, para esse, um pH levemente alcalino, alta
concentração de Ca, Mg e Si e baixa concentração de Mn, Zn, Ni, Cu, Fe e Cd, sendo,
contudo, considerável a quantidade de Cádmio por se tratar de um elemento extremamente
tóxico.

Tabela 3.1 – Composição química do lixiviado do Aterro Controlado Jockey (Santos,


1996).

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3.3 – TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE LIXIVIADO COM SEUS
ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS

Os tratamentos de lixiviados de aterro são geralmente classificados em três grupos


principais:
(a) processos biológicos (aeróbicos ou anaeróbicos);
(b) processos químicos e físicos;
(c) uma combinação de processos físico-químicos e biológicos.

Esses processos serão introduzidos e discutidos nas seções abaixo, com particular atenção
nos processos de tratamento combinado, como resposta às questões técnicas e redução de
poluentes as taxas exigidas.

3.3.1 – Tratamentos Biológicos

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Os tratamentos biológicos são úteis para tratar o lixiviado com grandes quantidades de
substâncias orgânicas. A eficácia do tratamento diminui com o aumento da idade do aterro,
uma vez que a biodegradabilidade da matéria orgânica reduz com o tempo e o lixiviado do
aterro está se estabilizando. O tratamento biológico pode ser dividido em aeróbico e
anaeróbico:

• O tratamento aeróbico permite reduzir os poluentes orgânicos e é capaz de realizar a


nitrificação. Possui cinética de remoção rápida, baixa sensibilidade para a presença de
substâncias tóxicas e eficiência considerável na remoção de amônia. Como desvantagens,
há uma notável produção de lodo em excesso e grandes custos de energia devido à alta
quantidade de oxigênio necessária;

• Processos anaeróbicos e anóxicos são baseados na atividade de microrganismos capazes


de decompor matéria orgânica dentro do ambiente sem oxigênio dissolvido. Não obstante
os vários benefícios do tratamento anaeróbico, os processos de aplicação são limitados,
principalmente devido a baixa taxa de crescimento de microrganismos
anaeróbios, remoção ineficaz de amônio e baixa retenção de biomassa (Ma et
al.,2013). Esses processos não exigem sistemas de aeração e, portanto, custos de aplicação
são reduzidos, permitindo também a recuperação de energia pela coleta e exploração de
biogás. 

Os sistemas aeróbicos podem atuar como um sistema combinado na forma anaeróbio


aeróbio-anaeróbico. Dessa forma, tratamentos anaeróbicos e aeróbicos são aplicados juntos
para a gestão de águas residuárias principalmente para remover substâncias orgânicas e
compostos à base de nitrogênio por processos de nitrificação e desnitrificação. A
nitrificação envolve duas etapas - a oxidação da amônia a nitrito por bactérias oxidantes de
amônio, seguida da oxidação de nitrito por bactérias oxidantes de nitrito, enquanto a
desnitrificação envolve bactérias desnitrificadoras conversão de nitrato em ozônio (Shalini
e Joseph, 2012).

O uso de processos de tratamento biológico, aeróbico, anaeróbico ou anaeróbico/aeróbico,


para tratamento de lixiviado geralmente resulta em baixos valores de remoção de DQO e
DBO, principalmente por causa da alta concentração de amônia e presença de compostos
orgânicos recalcitrantes. Para melhorar a eficiência do tratamento biológico, um pré-

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tratamento pode ser adequado para reduzir a concentração destes dois componentes (El-
Gohary e Kamel, 2016). 

3.3.1.1 – Tratamentos aeróbios

 Lagoas aeradas ou de estabilização

Uma das formas mais simples de tratamento no local de lixiviados de aterro são as lagoas
aeradas (ou lagoas de estabilização) onde o tratamento ocorre por oxidação biológica. No
entanto, se o método da lagoa aerada for adotado como tratamento de lixiviado em larga
escala, os tempos de detenção hidráulica precisam ser totalmente avaliados, uma vez que,
podem ser significativos na eficiência do processo. A remoção de DQO pode variar entre
1% e 95%, já que maiores eficiências de redução da DQO podem estar associadas a
lixiviados mais jovens, que detêm menor DQO. A nitrificação representa 63% da remoção
de amônio, mas uma parte significativa (37%) do amónio não pode ser explicado pela
nitrificação (Mehmood et al.¸2009). 

Alguns estudos introduziram o tratamento de lixiviados com uma lagoa


anaeróbica/facultativa de dois estágios, caracterizado por um tempo de retenção de 32 dias
e a uma temperatura de 22,8 ºC e uma secção facultativa caracterizado por tempo de
retenção de 240 dias e uma temperatura de 14,3 ºC, conseguindo taxas de remoção iguais a
DQO 40%, DBO 64%, Amônio 77%, Amônia 63%, fósforo 42%, Cl - 27%, Sulfatos 2
- 44% e ferro 30% (Frascari et al., 2004; Renou et al., 2008). Apesar disso, este tratamento
é sugerido em países com extensas áreas livres, sem energia disponível e fundos
econômicos baixos.

 Wetlands

Wetlands para tratamento de águas residuárias envolvem o uso de sistemas que são
projetados e construídos a fim de assimilar processos naturais. De fato, esses sistemas são
projetados para imitar sistemas de terras úmidas, utilizando plantas de zonas úmidas, solo e
microrganismos associados a esse habitat e capazes de remover contaminantes de águas
residuárias (Kivaisi, 2001). No geral, estudos sobre esse tipo de tratamento concluíram que

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esta prática pode oferecer um ambiente economicamente aceitável e com eficácia aceitável
(Jones et al., 2006). O extenso sistema radicular da plantas daninhas fornece uma grande
área de superfície para os microrganismos anexarem-se, aumentando o potencial para a
decomposição de matéria orgânica. Nitrogênio e fósforo são removidos através da
absorção pelas plantas, enquanto a amônia é removida através da volatilização e
nitrificação/desnitrificação (Kivaisi, 2001). 

Apesar de seu potencial, o uso de Wetlands em larga escala em países desenvolvidos não
foi extensivamente aplicado devido ao fraco desempenho no inverno, já que para as
Wetlands a sua temperatura de crescimento ótima varia entre 20 ºC e 30 ºC (Kivaisi, 2001).

As Wetlands foram desenvolvidas como um sistema piloto integrado para aterros sanitários
antigos, alcançando eficiências de remoção aceitáveis, provando que o lixiviado pode ser
tratado desse modo com eficácia (Akinbile et al., 2012). Por exemplo, Bulc
(2006) introduziu um Wetlands composto por três leitos interligados, dois com fluxo
vertical e um com fluxo horizontal, cobrindo 311 m² com uma carga hidráulica
intermitente de 0,5 cm/d, preenchida com meios de areia e plantas. As eficiências de
remoção foram: DQO 50%, DBO 5 59%, nitrogênio amoniacal 51%, fósforo total 53%,
sulfetos 49%, cloretos 35% e Fe 84%, com efeitos negativos para nitrato e sulfatos.

Apesar disso, no caso de Wetlands de fluxo vertical subsuperficial, a eficiência de remoção


da DQO pode ser melhorada introduzindo a recirculação intermitente das águas residuárias
tratadas do fundo para o topo da camada e com arejamento artificial intermitente fornecido
no fundo da camada: 90% de remoção de DQO foi alcançado em escala piloto (Foladori,
2013). 

Nas regiões tropicais, as Wetlands alcançam não apenas a remoção eficaz de poluentes,
mas também diminui a quantidade de lixiviado gerado, em termos de volume, reduzindo a
poluição ambiental e impedindo a dispersão incontrolável de lixiviado sem tratamento
(Ogata, 2015). Assim, o potencial para a aplicação da tecnologia nos países em
desenvolvimento é enorme, uma vez que, a maioria das cidades emergentes em todo o
mundo têm climas tropicais e subtropicais que são propícios para maior atividade biológica
e eficiência desse processo. Além disso, tropical e regiões subtropicais são conhecidos por
sustentar uma rica diversidade de biota que pode ser usada em zonas úmidas, garantindo

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um melhor desempenho do sistema de Wetlands. Embora a terra possa ser um fator
limitante, em áreas urbanas, as Wetlands são potencialmente bem adaptadas a
comunidades como em torno de escolas, hospitais, hotéis e áreas rurais (Kivaisi, 2001).

 Lodos Ativados

Os reatores aerados são tratamentos aeróbicos, baseados no uso de aeração contínua com
população bacteriana grande e pré-adaptada (lodo ativado). Lodo ativado é a mistura de
microrganismos que são adaptados devido seu confinamento dentro de reatores, que
permite a degradação de compostos poluentes. Para alcançar remoção biológica de
nitrogênio, é necessário introduzir uma etapa de desnitrificação.

O processo de lodo ativado não é eficiente para o tratamento de lixiviado devido as


desvantagens significativas deste tratamento (Renou et al., 2008):

• alta produção de lodo, que envolve custos consideráveis de descarte;


• demanda de energia significativa;
• a presença de microrganismos inibidores devido às altas concentrações de amônio.

Portanto, técnicas alternativas devem ser desenvolvidas para permitir remoções mais
eficientes da DQO e nitrogênio, a fim de poupar gastos econômicos e consumo de energia.

 Biorreator de Leito Rotativo

Um biorreator de leito rotativo é um reator de crescimento fixo que oferece uma tecnologia
alternativa ao convencional processo de lodo ativado. Uma unidade de biorreator de leito
rotativo consiste tipicamente de uma série de grandes placas planas ou discos corrugados
que são montados em um eixo horizontal comum e são parciais ou totalmente submergidos
em águas residuárias (Cortez et al., 2008). O eixo gira continuamente por um motor
mecânico. O acionamento do ar e um biofilme são estabelecidos em toda a área da
superfície do disco, que metaboliza a materiais orgânicos contidos nas águas
residuárias. Nesse processo aeróbio, a rotação do disco promove transferência de oxigênio
e mantém a biomassa em condições aeróbicas, proporcionando também turbulência ao
superfície, permitindo a remoção de excesso de sólidos do disco. O desempenho do

16
processo depende de vários parâmetros de projeto, como velocidade de rotação, taxas de
carga orgânica e hidráulica, tempo de retenção hidráulica, quantidade média de discos,
temperatura, características de biofilme e da própria água residuária, níveis de oxigênio,
recirculação de efluentes e sólidos, alimentação por etapas e submergência média (Cortez
et al., 2008). 

O tratamento de lixiviados de um antigo aterro de resíduos sólidos com biorreator de leito


rotativo foi realizado por alguns estudos, removendo um máximo de 80% de DBO5, 38%
de DQO e 98% de amônia no lixiviado. Entretanto, enquanto o biorreator de leito rotativo
foi bem sucedido na remoção de espécies de nitrogênio e uma grande fração de matéria
orgânica do lixiviado, uma quantidade significativa de DQO não-biodegradável
permaneceu após o tratamento (Spengel e Dzombak, 1991). 

Assim, o biorreator de leito rotativo sozinho não é adequado para tratar lixiviado de aterro
e deve ser associado a outros métodos como sistemas anaeróbicos biológicos (Castillo,
2007) ou tecnologias físico-químicas. Além disso, os biorreatores de leito rotativo têm
problemas operacionais, como a dificuldade na manutenção de uma espessura apropriada
de biofilme que pode originar condições adversas (Cortez et al., 2008).

 Reator em Batelada Sequencial (SBR)

Os reatores em batelada sequenciais são sistemas habilitados para tratar águas residuárias
ou lixiviados de aterro dentro do mesmo tanque. Os sistemas de operação utilizados em
condições aeróbicas compreendem quatro etapas: alimentação; arejamento; assentamento e
descarga (Liu et al., 2005).

De acordo com Aluko et al. (2013) o tratamento de lixiviado por esse processo permite
alcançar taxas de remoção tais como: DQO, 76%, Fósfoto total 23%, amônia 64,83%,
sólidos suspensos 62,28%, DBO5 84,06%, cloreto de 26,31%, juntamente com a remoção
de metais como cádmio, ferro e zinco (> 60%).

 Filtros de Leito Fixo

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Os filtros de leite fixo consistem em um leito fixo de material granular, onde a água
residuária flui e gera um biofilme superficial. Geralmente as condições aeróbicas são
mantidas pelo fluxo de ar forçado através do leito ou por convecção. Existem numerosos
tipos de materiais de enchimento, que contribuem para a remoção de poluentes de
diferentes maneiras, que podem ser materiais reutilizados como: plástico, madeira ou
borracha de pneus (Mondal et al., 2007; Hossain, 2016).

Os filtros de leite fixo não podem ser aplicados no tratamento de efluentes com alta
concentração de matéria orgânica, como lixiviados de aterros jovens, devido às inevitáveis
obstruções causadas pela biomassa e grandes quantidades de frações de materiais que
podem diminuir a carreira de filtração. Portanto, os filtros de leite fixo podem ser usados
apenas para o tratamento biológico de lixiviados velhos.

Como sugerido por outros estudos, a remoção de DQO por filtros de leite fixo pode
alcançar cerca de 49%, fósforo de 56% e a remoção de amônia cerca de 59,50%,
juntamente com reduções significativas de sólidos suspensos (73,17%), turbidez (71,96%)
e DBO 76,69%. No entanto, a concentração de nitrato aumenta devido à processo de
nitrificação (Aluko e Sridhar, 2013). Vale salientar que em condições específicas, a
remoção de amônio atinge 90% e pode ser usado como uma boa opção para remoção de
amônia (Jokela et al., 2002).

 Biorreator de leito móvel

O biorreator de leito móvel é um biofiltro que combina uma superfície específica alta sem
a possibilidade de entupimento. Nesso reator, o biofilme está crescendo em transportadores
que circulam dentro do tanque para maximizar o proteger o biofilme da abrasão (Hem,
1994). Os suportes podem ter diferentes formas e tamanhos dependendo da aplicação. Eles
podem ocupar diferentes volumes no reator, de 30% a 60%, dependendo da quantidade de
biomassa necessária. Uma vez que o reator geralmente consiste nos estágios de oxidação,
nitrificação e desnitrificação, é projetado para ser particularmente eficaz para a remoção de
nitrogênio, fósforo e DQO. A eficiência na remoção de nitrogênio em lixiviados poderia
atingir valores em torno de 90%, mas apenas 20% para DQO (Welander, 1998).
Melhorando condições de operação, o processo permite a remoção de 85% a 90% da
amônia e de 60% a 81% da DQO contido no lixiviado do aterro (Loukidou e Zouboulis,

18
2001). Além disso, a introdução de condições anaeróbios após a anaeróbia permite a
remoção de DQO entre 92% e 95%, enquanto a amônia atinge 97%, tornando o processo
atraente e promissor para aplicar no tratamento de águas residuárias altamente
concentradas (Chen et al., 2008).

O tratamento com biorreator de leito móvel é um processo vantajoso devido: a redução de


mais de 70% dos volumes necessários para os tanques de reação devido a cinética mais
eficiente; funcionamento contínuo devido ao fato de não estarem sujeitos a
entupimento; remoção de compostos orgânicos e nitrogenados através de um único
processo; e baixa sensibilidade a substâncias tóxicas. No entanto, requer ventilação com
bolhas médias a grandes, o que significa que quantidades de energia são necessárias.

 Biorreatores de leito fluidizado

Biorreatores de leito fluidizado são inicialmente leitos fixos de materiais sólidos trazidos
para um estado fluidizado por um fluxo ascendente de gás ou líquido quando a vazão do
fluido excede um certo valor limite. Com um aumento da vazão, o leito começa a se
expandir uniformemente, atingindo a condição fluidizada (Werther et al., 2014).

O leito fluidizado pode ser feito por diferentes materiais, como pedras (Patel e Nakhla,
2006) ou partículas de enxofre (Christianson et al., 2015), mas o mais comum é areia. Os
leitos de areia fluidizada são uma tecnologia eficiente, relativamente compacta e
competitiva para remover os resíduos dissolvidos das águas residuárias. Uma camada de
areia fluidizada é aproximadamente um reator de fluxo linear onde o biofilme cresce ao
redor de grãos de areia individuais, diminuindo a densidade das partículas, fazendo com
que as partículas migrem para o topo do biofiltro e aumentando a expansão total do leito do
biofiltro. A biomassa microbiana que cresce ativamente geralmente requer
monitoramento. Tamanhos menores de areia (tamanho efetivo de 0,13 a 0,25 mm)
permitem a fixação de mais biofilme, mas requerem maior controle para evitar que o leito
de areia transborde na saída do biofiltro (Chowdhury et al., 2010).

Os biorreatores de leito fluidizado com leitos anóxico e aeróbico são implementados para
tratar águas residuárias municipais, empregando brita como meio de transporte para a
remoção simultânea de carbono, nitrogênio e fósforo. Este tratamento foi demonstrado

19
com sucesso para remover 95% dos SST, 93% da DQO, 97% de amônio e amônia , 78%
de nitrogênio total e 79% de fósforo total, com concentrações efluentes baixas quanto 4–6,
18–20, 0,35–0,7, 5,8–6,5, 7,5–8,3 e 0,7 mg / L, respectivamente (Patel et al., 2006). 

 Reator Biológico de Membrana (MBR)

O sistema MBR combina um processo de lodo ativado convencional com um processo de


separação por membrana. Os biorreatores de membrana são divididos, dependendo do
posicionamento do membrana em relação ao tanque de oxidação da matéria orgânica
(tratamento biológico), em membranas submersas (S-MBRs) e membranas externas (R-
MBRs) (Xue et al., 2015).

No primeiro caso, as membranas são imersas em águas residuárias, no tanque de oxidação.


Através de uma bomba, um pequeno vácuo é criado dentro do módulo de filtro, permitindo
que o efluente tratado passar através das membranas, obtendo assim uma separação
eficiente de sólidos sem a necessidade de outros processos de sedimentação. No segundo
caso, as membranas são posicionadas externamente ao tanque de aeração: o efluente do
tanque de oxidação é bombeado para o módulo de filtração por membrana, enquanto o
lodo é recirculado no biorreator.

Taxas de eficiência de remoção, tanto para o lixiviado velho como para o jovem, mudam
em função da membrana tipo, que pode ser um MBR de placa plana ou um MBR de fibra
oca: fósforo , remoção de DBO e DQO as taxas são semelhantes e atingem 87% a 81%,
92% a 93% e 71% a 68%, respectivamente para cada tipo de membrana a ser
empregada.. Apesar disso, o membrana de placa plana alcançou taxas de remoção de
nitrogênio e amônio totais significativamente maiores quando comparado com as taxas
para a membrana de fibra oca: 61,2% vs. 49,4% para nitrogênio total e 63,4% contra
47,8% para o amônio (Hashisho et al, 2016). 

A temperatura também desempenha um papel vital na eficiência de remoção; assim sendo,


uma temperatura mesofílica é geralmente aplicado (30-45 ◦ C) durante o tratamento. A
remoção do COD pode aumentar para 79%, enquanto a porcentagem de remoção de
amônia diminui de 75% para 60% ao longo com o aumento gradual da remoção de DBO
em 97% -99% (Visvanathan et al., 2007). Estes resultados indicam que o tratamento de

20
lixiviado com MBR, aplicando uma temperatura ligeiramente acima de 45 ◦ C, é adequado
para a remoção de DQO e DBO, especialmente no caso em que o lixiviado a ser tratado
possui alta concentração de matéria orgânica. No entanto, este sistema não é eficiente para
a remoção de nitrogênio, e como resultado, o pré-tratamento adequado das águas
residuárias é frequentemente considerado como um procedimento necessário, sendo o
processo de coagulação/floculação como uma opção recente e viável relevante para
MBRs (Gkotsis et al., 2016).

O MBR efetivamente produz um efluente clarificado e substancialmente desinfetado. Além


do que, além do mais, concentra a biomassa e reduz o tamanho do tanque necessário,
aumentando a eficiência biológica do processo. Os MBRs tendem, assim, a gerar águas
tratadas de maior pureza em relação a constituintes, como matéria orgânica e amônia,
ambos os quais são significativamente removidos tratamento biológico (Santos et al.,
2011). No entanto, a incrustação da membrana é considerada a principal desvantagem,
devido à interação entre a membrana e os poluentes presentes, levando à diminuição da
eficiência da membrana (Meng et al., 2007; Wu et al., 2012).

Além disso, verificou-se que a incrustação da membrana é mais grave a pH 5,5, seguida de
pH 8,5, enquanto incrustações a pH 6,5 e 7,5 foram menos severas (Sanguanpak et al.,
2015), identificando a tecnologia MBR como uma opção que merece atenção para o
tratamento de lixiviados. Apesar disso, a MBR produz menos lodo do que um sistema de
biomassa suspensa, além de ser uma solução mais compacta. A estrutura com alta
concentração de biomassa, produz um efluente de alta qualidade, é uma tecnologia versátil
que pode tratar lixiviados de aterros velhos e jovens e é eficaz na remoção de
micropoluentes orgânicos (Ahmed e Lan, 2012).

 Reator Biofilme Gasoso por Membrana (MABR)

Uma tecnologia emergente que tem o potencial de aumentar a eficiência energética no


tratamento de águas residuárias é o reator de biofilme com membrana aerada (MABR),
também conhecido como membrana reator de biofilme (MBfR). O biofilme cresce em uma
membrana permeável a gás para desempenhar o papel como suporte e fonte de suprimento
de oxigênio para o biofilme (Matsumoto et al., 2007). A principal vantagem do MABR,
em contraste com outras tecnologias de membrana, é que a membrana não atua como um

21
filtro do efluente, mas é usado para fornecer o oxigênio necessário para o tratamento de
águas residuárias sem qualquer formação de bolhas, superando assim a restrição de
suprimento de oxigênio (Pankhania et al., 1994; Semmens et al., 2003).

MABR para tratamento de lixiviados de aterros sanitários pode atingir 80% –99% de
nitrificação com transferência de oxigênio em taxas tão altas quanto 35 g O 2/m².dia (Syron
et al., 2015). Quando a taxa de DQO/N afluente é 5 ou superior, as eficiências de remoção
de DQO, amônia e nitrogênio total atingem 83,7%, 93,1% e 84,6%, respectivamente (Lin
et al., 2016).

Os resultados sugerem que a tecnologia MABR oferece uma boa opção para o tratamento
efetivo do lixiviado; no entanto, é usado principalmente para águas residuárias urbanas
com uma alta concentração de DBO e baixa quantidades poluentes.

 Remoção de amônio de alta taxa em reator único sobre nitrito (SHARON)

O processo SHARON é um sistema de nitrificação parcial. Esse processo de nitrificação


parcial é limitado a nitrito em vez de nitrato no processo convencional, 25% da energia de
aeração é economizada, 30% do lodo é reduzido e, em geral, 20% menos CO 2 é emitido
(Shalini e Joseph, 2012). Este método é normalmente operado em um reator contínuo de
tanque agitado (CSTR) ou reatores de leito fluidizado sem retenção de biomassa, onde
períodos aerados e não aerados são alternados para alcançar os processos de nitrificação e
desnitrificação, respectivamente. Em condições aeróbicas, o pH sofre variações em
conseqüência dos processos de nitrificação e geração de dióxido de carbono. Durante a
nitrificação, o pH diminui enquanto em condições anóxicas o pH aumenta devido ao
processo de desnitrificação (Claros et al., 2012).

Dos vários processos, o processo SHARON parece ser uma maneira prática de tratar o
aterro
lixiviado para reduzir substancialmente a concentração de amônio, atingindo 90% -98% de
remoção de amônio. Isto pode ser conseguido enquanto as operações são realizadas a uma
temperatura elevada e pH adequado (Khin e Annachatre, 2004).

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O processo requer relativamente pouco investimento inicial porque um simples reator de
tanque de mistura completa de dimensões modestas sem retenção de lodo é suficiente. O
processo não produz produtos químicos e tem uma produção relativamente baixa de lodo
biológico. Comparado com a nitrificação tradicional e desnitrificação via nitrato, o
processo SHARON exige 25% menos energia de aeração e 40% menos carbono
adicionado (Khin e Annachatre, 2004).

3.3.1.2 – Tratamentos anaeróbios e anóxicos

 Reatores UASB

O sistema UASB é um tratamento anaeróbico caracterizado por um sistema granular com


lodo com características de sedimentação significativas, assegurando uma excelente
retenção de biomassa independente do tempo de retenção hidráulica, atingindo taxas de
remoção de DQO dissolvida entre 85% e 90% (Kennedy e Lentz, 2000). A retenção de
lodo ativo dentro do reator UASB permite um bom tratamento desempenho em altas taxas
de carga orgânico. 

A turbulência natural causada pelo fluxo afluente e a produção de biogás fornece um bom
contato de água residuária com a biomassa nos UASBs, portanto, cargas orgânicas mais
altas podem ser aplicadas em sistemas UASB. Portanto, menos volume e espaço do reator
são necessários, enquanto ao mesmo tempo, energia é produzida como um biogás que pode
ser explorado. 

Várias configurações podem ser imaginadas para uma estação de tratamento de águas
residuárias incluindo um reator UASB; em qualquer caso, eles devem incluir telas para
material grosso e leitos de secagem para o lodo. No entanto, o efluente dos reatores UASB
geralmente precisa de tratamento adicional para remover matéria orgânica remanescente,
nutrientes e patógenos. Esse pós-tratamento pode ser realizado em sistemas aeróbicos
convencionais, como tanques de estabilização, reatores de lodos ativados e outros
(Seghezzo et al., 1998).

23
O reator UASB normalmente opera em temperaturas entre 20 ºC e 35 ºC, atingindo cerca
de remoção de 70% de DQO, e atingindo 80% a temperatura de cerca de 35 ºC. Por
exemplo, os lixiviados do aterro afluente em UASBs com um tempo de detenção hidráulica
de 1,5 dias, uma carga orgânica de 6,73 kg COD / m 3 -dia e com uma temperatura de
operação de 35 ºC pode ser tratada e obter eficiências de remoção de DQO total, DQO
solúvel, sólidos totais, sólidos voláteis, fósforo total, nitrogênio amoniacal de 42,2%,
58,1%, 45,3%, 68,2%, 44,3%, 47,8%, respectivamente (Lin et al., 2000). Em temperaturas
mais baixas, como 13–14 ºC, 50% –55% DQO e 72% DBO remoções foram obtidos com
taxas de carga orgânica de 1,4-2 kg COD / m 3 -dia, enquanto que 75% DQO e até 95%
DBO de remoções foram realizáveis a temperaturas de 20 ºC com 4 kg de cargas
orgânicas COD / m3 dias (Kettunen e Rintala, 1998). A principal desvantagem deste
tratamento é a alta sensibilidade a substâncias tóxicas e remoção limitada de amônio (Sun
et al., 2010). Portanto, a aplicação do UASB para o tratamento de lixiviado de aterros
sanitários não é comum.

 MBR anaeróbico submerso (SAMBR)

O SAMBR é um biorreator anaeróbico acoplado à filtração por membranas. Tem a


capacidade de produzir efluentes similares em qualidade aos gerados durante o tratamento
aeróbico, enquanto se recupera energia e produzindo substancialmente menos resíduos. A
maioria dos estudos na escala de bancada e em escala piloto indicou um desempenho
adequado no tratamento com tempo de detenção hidráulica comparável àqueles usados em
tratamentos aeróbicos e em baixas temperaturas (Smith et al., 2012).

Para águas residuárias municipais, usando a tecnologia SAMBR, a remoção do total de


sólidos suspensos, DQO solúvel e DBO foram, respectivamente, 100%, 90% e 88%
(Saddoud et al., 2007).  A vantagem do processo é a produção de biogás, explorável para
recuperação de energia (0,160 l/g DQO removido) (Umaiyakunjaram e Shanmugam, 2016)
simultaneamente com a remoção de orgânicos. No entanto, consumo de energia para
manter a membrana funcionando devem ser levado em consideração, além da possibilidade
de incrustações na mesma.

 Filtros Anaeróbios (AF)

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Filtro anaeróbico (AF) é um reator biológico de leito fixo usado principalmente para
tratamento de efluentes de indústrias alimentícias. Utiliza um leito submerso de meios
embalados, como pedaços de plástico de policloreto de vinila (PVC), vidro e barro
cozido. Os meios comerciais para uso em AF estão disponíveis na forma de preenchimento
solto ou blocos modulares fabricados a partir de folhas de plástico corrugado. O reator
embalado com disco com uma textura de superfície aberta exibiu 78% de eficiência de
remoção de DQO, provavelmente devido a sua maior retenção de biofilme fixado (Show e
Tay, 1999). A biomassa é agrupada em três partes principais: biofilme na parte inferior, é a
maior quantia; biofilme no topo, que tem a maior atividade metanogênica específica; e
biomassa não ligada. As bactérias permanecem no filtro, proporcionando um longo tempo
de retenção celular, mesmo embora o tempo de detenção hidráulica seja muito mais
curto. Compostos orgânicos solúveis nas águas residuárias afluentes passam em estreita
proximidade com a biomassa e difundem-se nas superfícies dos sólidos ligados ou
granulados. Aqui eles são convertidos em intermediários e para produtos finais,
especificamente metano e dióxido de carbono (Gourari e Achkari-Begdouri, 1997 ).

Conforme introduzido por alguns pesquisadores (Abbas et al., 2009), a capacidade dos
filtros anaeróbicos para reduzir a DQO no lixiviado de um aterro parcialmente estabilizado
(COD 3750 mg / L; DBO / COD = 0,3) e de um aterro relativamente novo aterro sanitário
(COD 14.000 mg / L; DBO / COD = 0,7) foi demonstrado por Henry et al. (1987), onde
remoções de DQO (90%) em carregamentos orgânicos entre 1 e 2 kg COD m 3 / d foram
alcançados em temperatura ambiente (21–25 ◦C) com tempos de detenção hidráulica de
24–96 h sem qualquer injeção suplementar de fósforo.

No entanto, o acúmulo da concentração de sulfeto dissolvido em uma FA, quando se trata


de lixiviado alcalino, de alta resistência e rico em sulfato, inibe tanto a atividade de
redução do sulfato quanto de processos metanogênicos. 

A FA tem várias vantagens em relação aos processos aeróbicos e outros anaeróbicos. É


mais adequado para manuseio de águas residuárias de alta carga, pois apresenta altas
eficiências de remoção de substratos em tempos de retenção baixos e altas taxas de carga
orgânica. Tolera altas cargas hidráulicas e orgânicas e opera com tempos de detenção
hidráulica mais baixos, exigindo volumes menores. É menos caro construir, operar e
manter uma vez que o volume do lodo é baixo. Tem desempenho adequado em

25
temperatura ambiente, e é menos sensível a mudanças moderadas no pH ou temperatura,
tornando AF extremamente útil para o tratamento de efluentes sazonais, como o lixiviado
de aterros (Gourari, S.; Achkari-Begdouri, 1997). Mesmo assim, ele deve ser associado a
outras soluções de tratamento, pois seus rendimentos de remoção devem ser melhorados
para tratamento de água residuária.

 Oxidação de Amônio Anaeróbico (Anammox)

Anammox é uma nova tecnologia desenvolvida nos últimos anos que tem uma potencial
vantagem técnica e eficiência econômica para a remoção de nitrogênio do lixiviado de
aterros sanitários quando comparado processos biológicos de remoção de nitrogênio (Khin
e Annachhatre, 2004). O processo Anammox ocorre na natureza tanto a baixo como a altas
temperaturas e salinidades. Bactéria Anammox converte amônio e nitrito em nitrogênio
gasoso usando CO2 como fonte de carbono para o crescimento enquanto que o nitrito
necessária para o seu crescimento pode ser fornecido por bactérias aeróbias oxidantes de
amônio (Kartal et al., 2010). 

Portanto, os sistemas Anammox são influenciados por fatores como nitrito afluente e
concentração de matéria orgânica que precisam ser otimizadas. De fato, Anammox é uma
bactéria autotrófica de crescimento lento (alimentado por CO2) e se a matéria orgânica
estiver presente, as bactérias heterotróficas (alimentadas por compostos orgânicos) podem
crescer mais rapidamente, competindo com o Anammox, que é superada no processo. De
fato, as concentrações de matéria orgânica afleunte devem ser mantida abaixo de 800
mg/L, o que facilita o uso do Anammox (Miao et al., 2015).

Wang et al. (2016) introduziu um processo combinado de fluxo contínuo de nitrificação e


Anammox aplicado para tratar o lixiviado velho. Um reator anóxico/aeróbico e uma manta
de lodo anaeróbico de fluxo ascendente (UASB) foram combinados. O tratamento
anóxico/aeróbico reduziu a DQO e amônio, enquanto o nitrogênio a remoção é obtida no
UASB subsequente via Anammox. Sob concentrações de amoníaco afluente e DQO que
foram respectivamente 1330 mg/L e 2250 mg/L, as eficiências de remoção de nitrogênio
total e DQO atingiu 94% e 62% respectivamente (Wang et al., 2016). Outro estudo incluiu
a nitrificação parcial usando um reator em bateladas sequenciais seguido por um reator
híbrido Anammox que consiste de um camada de biomassa suspensa na parte inferior e

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uma camada de bio-transportador na parte superior, concentrações afluentes totais de
amônia de 500 mgN/L e 1000 mgN/L. As remoções nitrogênio total obtidas foram de
93% ± 1% e 81% ± 1,2% a taxas de carga de ozônio de 4,3 kgTN/m³.d e 8,3 kgTN/m³.d,
respectivamente, enquanto a remoção de DQO variou de 14% a 46% (Nhat et al., 2014). 

Devido a isso, o Anammox é um e solução adequada para o tratamento de lixiviados,


mesmo se acoplada a outros sistemas de tratamento, tais como reatores projetados para
nitrificação/desnitrificação, como sugerido por alguns autores (Gao et al., 2015).
Particularmente, Anammox é altamente recomendado para lixiviados velhos com altas
concentrações de DQO e nitrogênio.

3.3.2 – Tratamentos Físico-Químicos

Os tratamentos físico-químicos são necessários quando a qualidade do lixiviado e a idade


do aterro não permitem alcançar padrões de lançamento aplicando apenas um tratamento
biológico. De fato, tratamentos biológicos têm pouca eficiência contra certas substâncias,
como metais ou compostos orgânicos recalcitrantes e compostos halogenados. Portanto,
tratamentos físico-químicos são sugeridos para a remoção de substâncias recalcitrantes do
lixiviado estabilizado, e também como um passo de refinação para lixiviados tratados
biologicamente.

Antes da descarga, uma etapa adicional de refino de efluentes usando tratamentos físico-
químicos, como precipitação química, adsorção de carvão ativado e troca iônica, podem
ser realizadas no local (Kurniawan et al., 2006). Os tratamentos físico-químicos são
múltiplos e cada um deles contribui diferentemente para o tratamento de lixiviado. Por
exemplo, a troca iônica, a adsorção e a filtração por membrana são as mais frequentes
estudados para o tratamento de águas residuárias com metais pesados (Fu e Wang,
2011). As soluções mais importantes são relatadas nesta seção.

 Floculação-coagulação

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A floculação é um tratamento tipicamente aplicado para melhorar a capacidade de um
processo de tratamento de remover sólidos coloidais e não-sedimentáveis (como
surfactantes, metais pesados, ácidos graxos e ácidos húmicos).

Em particular, este processo permite alcançar a remoção eficiente de turbidez, SS e cor,


alcançando 79% para DQO, 93% de turbidez e 90% de remoção de SS (Verma e Kumar,
2016).

A floculação pode ser introduzida, combinando compostos coagulantes, tais como pré-
tratamento antes do MBR, a fim de evitar problemas de sujeira (Marañón, 2008). Com
efeito, é frequentemente utilizado como pré-tratamento de tratamento biológico ou osmose
reversa, ou como pós-tratamento com funções de limpeza final de lixiviado. Os principais
coagulantes são sulfato ferroso, sulfato ferroso, cloreto férrico (Amokrane et al., 1997). 

Lixiviado de aterro caracterizado por baixos valores de pH e altas concentrações de


material orgânico (22,520 mg/L) pode ser tratado efetivamente por FeCl3 ; floculantes que
são capazes de obter melhores eficiências de remoção são (Assou et al., 2014):

•FeCl 3 (3000 mg/L): remove 67,3% de DQO e 87% de turbidez;


•FeCl 3 (3000 mg / L) adicionado de polieletrólito em quantidades variáveis: remove 64%
de DQO e 100% de turbidez.

Para determinar o melhor coagulante e/ou floculante, outro fator importante deve ser ser
considerado, é a produção de lodo. Segundo Assou et al. (Assou et al., 2014), o mais
adequado coagulante é FeCl 3 na concentração de 3000 mg/L com uma produção de lodo
de 700 ml/L. 

Recentemente, tipos relativamente novos de reagentes de coagulação foram desenvolvidos


para aumentar a eficiência do processo de coagulação-floculação, como coagulantes pré-
polimerizados e uma mistura alternativa de sais de alumínio, férrico e silicato incorporados
em um novo produto (Tolkou e Zouboullis, 2014), que exibiram melhor eficiência de
coagulação (Tolkou e Zouboullis, 2015). 

28
Segundo outros estudos, a adição de coagulantes férricos ou de alumínio em lixiviados
frescos resultou em uma redução de 25% a 38% dos valores de DQO, enquanto percentuais
maiores foram obtidos para os lixiviados parcialmente estabilizados e a redução
correspondente excedeu 75% o valor quando o pH foi ajustado para 10. No entanto, a
remoção quase completa da cor foi obtida em todos casos (Tatsi et al., 2003). Portanto, o
lixiviado antigo é mais adequado para processos de pré-tratamento da coagulação. No que
diz respeito à carga orgânica de lixiviado, este tratamento não parece estar em condições
de por si só produzir resultados capazes de alcançar taxas de remoção significativas. No
entanto, um coagulante como cloreto férrico permite remover a cor em tendência
semelhante à DQO, turbidez e SS, sugerindo que pode ser um forma viável de gerenciar
problemas de lixiviados (Aziz et al., 2007).

 Tratamentos de Separação por Membranas

Dependendo do tamanho dos poros, o processo de separação física por membrana é


classificado em microfiltração (MF), ultrafiltração (UF), nanofiltração (NF); além disso,
outra tecnologia é osmose reversa (RO), que é uma tecnologia aplicada na dessalinização
de água ou ETAs (Atab et al., 2016). UF é capaz de remover compostos em um campo
entre 10 −3 e 10 −2 µm, enquanto que para as dimensões inferiores é aplicada a osmose
inversa. Os principais materiais utilizados no construção das membranas são acetato de
celulose e poliamidas aromáticas; o arranjo pode estar em placas, módulos tubulares,
espirais e fibras ocas. As membranas estão sujeitas a fenômenos de incrustação por uma
série de substâncias (orgânicas, inorgânicas), que prejudicam a eficiência e representam a
questão principal para aplicar essas tecnologias aos tratamentos de lixiviados; é, portanto
necessário incluir os passos de lavagem.

Os tratamentos de separação por membrana, em particular NF e RO, são considerados um


dos mais eficientes tratamentos para o lixiviado de aterros sanitários, no que diz respeito à
remoção de DQO, SS e produtos orgânicos. Isto é porque eles são flexíveis para todos os
tipos de lixiviados: velhos, médios e jovens (Insel et al., 2013). RO é a solução mais
adequada para o tratamento dos lixiviados, no que diz respeito à remoção de poluentes
(Gao et al., 2015; Renou et al., 2008). No entanto, este método também fornece algumas
desvantagens:

29
• Alta pressão transmembrana: 50–60 bar necessária para vencer a pressão de
osmose; significa que quantidades elevadas de energia são necessárias;

O fenómeno de incrustação que implica processos de limpeza de superfícies frequentes.


Ameen et al. (2011) sugeriu passar uma amostra de lixiviado através de um processo de
coagulação convencional antes de ser filtrado através de uma membrana MF de fibra
oca. Como resultado, a membrana MF de fibra oca diminuiu a turbidez, cor, sólidos
suspensos totais, sólidos totais dissolvidos e sólidos suspensos voláteis no lixiviado em
98,30%, 90,30%, 99,63%, 14,71% e 20%, respectivamente. Portanto, este estudo forneceu
a indicação de que o MF é capaz de remover uma alta porcentagem de sólidos do lixiviado
e pode ser considerado como uma etapa de polimento após o tratamento biológico no local
para o lixiviado de um aterro sanitário (Ameen et al., 2011).

Alternativamente, a NF é um processo de membrana entre RO e UF. Durante a NF, as


substâncias são rejeitadas por dois princípios: a rejeição de espécies neutras por tamanho
(moléculas maiores que 200-300 g / mol são rejeitadas), e a rejeição de íons inorgânicos
devido a interações eletrostáticas entre os íons e a membrana. Metais como cádmio, cromo,
níquel, chumbo e zinco têm uma rejeição maior de 70% (Linde e Jönsson, 1995) enquanto
a DBO tem uma rejeição de 42%, DQO de 96%, amônia de 57% e sulfato de 92% (Peters,
1998). Finalmente, a OR é um instrumento mais eficaz para a purificação do lixiviado.
Todos os critérios de projeto e requisitos específicos para o lixiviado do aterro devem ser
levados em consideração. Com efeito, as taxas de rejeição podem atingir 99%, 99,9% e
98% para DQO, amónio e metais pesados, respectivamente (Peters, 1998). A pressão tem
um efeito vantajoso sobre a rejeição de DQO, que aumenta de 96% a 98% quando a
pressão de operação é aumentada de 20 para 53 atm, enquanto a remoção de metais como o
zinco, cobre e cádmio é sempre superior a 97% (Chianese et al., 1999).

 Air Stripping

O air stripping é um método físico-químico frequentemente aplicado com outras soluções


técnicas para remoção de amônia (Yuan et al., 2016). Consiste na separação dos
constituintes orgânicos através da exposição ao ar ou ao fluxo de vapor. Os compostos
orgânicos voláteis são liberados da fase aquosa para a fase gasosa até o estado de equilíbrio
ser alcançado. O processo é aplicado para o tratamento de lixiviados antigos, atingindo alta

30
eficiência com o aumento dos tempos de retenção e temperaturas. Conforme relatado por
alguns pesquisadores (Renou et al., 2008) uma remoção de amónio de cerca de 89% a pH
11 e a uma temperatura de 20 ºC durante 24 h de tratamento pode ser conseguida
(Marttinen et al., 2002), enquanto 85% (Ozturk et al., 2003) e 99,5% (Silva et al., 2004) de
remoção de amônio pode ser alcançado com 17h e 120h de tratamento,
respectivamente. Consequentemente, este processo requer geralmente um nível elevado de
tempo de detenção hidráulica e valores de pH.

Além da qualidade do lixiviado, em particular o pH e a concentração de nitrogênio


amoniacal, que afeta a remoção de amônia por stripping, a configuração do recipiente é
outro fator importante na remoção de amônia porque a maioria da amônia é dessorvida na
superfície. Como tal, 65% -74% nitrogênio amoniacal pode ser removido em tanques de
stripping com um dia de tempo de retenção (Cheung et al., 1997). Então, o gás
contaminado, que causa um fenômeno de formação de espuma, é tratado com ácido
sulfúrico e ácido clorídrico, que absorve a amônia extraída do lixiviado. Estas substâncias
podem absorver a maior parte do amônia para evitar a emissão de NH3 na atmosfera,
causando sérios problemas de poluição do ar.

 Adsorção por carvão ativado (CA)

A adsorção é um fenômeno de superfície pelo qual um fluido (gás ou líquido) com


múltiplos componentes é atraído para a superfície de um adsorvente sólido e forma anexos
por meio de ligações físicas ou químicas (Foo e Hameed, 2009).

Desde a nossa história inicial, o CA foi o primeiro adsorvente amplamente utilizado. No


entanto, adsorventes que lidam com novos materiais porosos são recomendados para
processos ecologicamente corretos, de modo a contribuir para um desenvolvimento
sustentável (Dabrowski, 2001) e de tecnologias ambientalmente apropriadas para cada
área. De fato, tem sido extensivamente provado que qualquer material barato com alto teor
de carbono e baixos níveis de compostos inorgânicos podem ser usados como matéria-
prima para a produção de
carvão: vários materiais carbonosos, cascas de noz, madeira, hastes de tabaco e turfa são
utilizados na produção de carvão ativado comercial (Li et al, 2008). Além disso, a
produção de CA a partir de restos de alimentos é importante tanto do ponto de vista

31
ambiental quanto econômico. O processamento e a transformação desses resíduos em CA
serviria como uma base para eliminar os problemas que envolvem o descarte de resíduos
orgânicos e a gestão de restos de alimentos, fornecendo um produto final de valor, que
contribui para a água e para o tratamento de águas residuárias que poderia potencialmente
expandir o mercado de carbono (Shehzad et al., 2015).

O tratamento de absorção por meio de AC é preferido entre outros tratamentos químicos, a


fim de trate o lixiviado velho. No entanto, o lixiviado contém compostos aromáticos e
estruturas complexas que podem ter menor acesso a alguns locais da superfície granular do
carvão ativado (CAG) (Lee e Hur, 2016). No entanto, a principal desvantagem é a
regeneração frequente de Colunas CA e o consequente alto consumo de carbono em pó,
necessário para evitar o entupimento, problemas operacionais e continuar os processos de
adsorção.

A adsorção é frequentemente usada junto com os processos biológicos para o tratamento


efetivo do lixiviado. De fato, matéria orgânica não-biodegradável, parte do DQO inerte e
cor são reduzidos pelo adsorção com CA, a fim de atingir níveis de concentração aceitáveis
para posterior tratamento biológico que pode reduzir mais de 85% do material não-
biodegradável (Rodríguez et al., 2004) ou 80% do total orgânico carbono (Singh et al.,
2012). Além disso, o carvão ativado à base de café pode ser uma ótima solução para a
remoção de ferro total (77%) e fósforo (84%) com a remoção de ferro ótima a pH <5 e
pH> 11 para remoção de fósforo (Ching et al., 2011). Outras análises relataram que as
tecnologias com CA são soluções adequadas para tratar os aterros sanitários e seus
lixiviados, atingindo altas taxas de remoção de DQO (90%), amônio (40%) e metais
pesados (80% -96%), mas a necessidade de regeneração frequente da coluna de carvão
ativado e o alto custo do CAG podem limitar a sua aplicação ao tratamento dos lixiviados
nos aterros nos países em desenvolvimento (Kurniawan et al., 2006).

 Precipitação Química

A precipitação química é uma solução adequada para a remoção de metais pesados e


compostos inorgânicos. Os processos incluem injeções químicas que reagem com íons de
metais pesados que dissolvem-se dentro do lixiviado para formar precipitados
insolúveis. Os precipitados formados podem ser separados por sedimentação ou

32
filtração; portanto, a água tratada é então decantada e adequadamente descarregada ou
reutilizado. Os processos convencionais de precipitação química incluem a precipitação de
hidróxido e precipitação de sulfeto com uma eficiência de remoção de metais pesados em
torno de 92% -100% (Fu e Wang, 2011).

A precipitação química também é útil para a precipitação de amônio, chamado estruvita,


uma sedimentação que foi estudada e aplicada a diferentes tipos de águas residuárias (Li et
al., 1999). Durante a precipitação, a DQO não foi significativamente reduzida e, o processo
de tratamento biológico pode precisar ser incluído para remover DQO remanescente. Li et
al. (1999) usou a precipitação química para tratar o lixiviado com uma concentração inicial
de amônio de 5618 mg / L. Eles reduziram a concentração de amônio para 112 mg/L (98%
de remoção) em 15 min, enquanto o pH foi controlado entre 8,5 e 9,0. A precipitação de
estruvita também foi aplicado na relação estequiométrica (Mg:Amônio:Fósforo = 1: 1: 1)
para pré-tratar anaerobicamente o efluente de aterro bruto com uma concentração afluente
de amónio de 2240 mg/l. A remoção de amônia máxima foi observada em 85% a um pH de
9,2, bem como remoção de TKN, enquanto, por outro lado, a remoção de nitrogênio não
pôde ser alcançada. Além disso, a remoção total de DQO atingiu cerca de 50% (Ozturk et
al., 2003).

A remoção de metais pesados de soluções aquosas tem sido tradicionalmente realizada por
precipitação por sua simplicidade e baixo custo de capital. No entanto, a precipitação
química é geralmente adaptada para tratar águas residuárias de alta concentração contendo
íons de metais pesados e é ineficaz a uma concentração de íons metálicos baixa. Além
disso, a precipitação química não produz uma grande quantidade de lodo que requer um
tratamento dificultoso (Fu e Wang, 2011).

 Troca iônica

A troca iônica é um intercâmbio reversível de íons entre as fases sólida e líquida, capaz de
remover efetivamente íons e matéria orgânica dissolvida da água e águas residuárias
(Kurniawan et al., 2006). As resinas de troca iônica são meios poliméricos, unidos por
ligações covalentes, com grupos funcionais ativos. Estes grupos funcionais estão
relacionados a íons móveis que podem ser trocados com um íon da mesma carga dissolvida
dentro do composto líquido (Collivignarelli et al., 2009), tornando a troca iônica bem

33
estabelecida e como uma tecnologia ecologicamente correta com oportunidades de
recuperação de metal (Janin et al., 2009).

Além de resinas sintéticas, as zeólitas naturais, minerais de silicatos que ocorrem


naturalmente, têm sido amplamente usados para remover metais pesados de soluções
aquosas devido ao seu baixo custo e alta abundância. A clinoptilolite é uma das zeólitas
naturais mais estudadas que recebeu atenção extensiva devido à sua seletividade para
metais pesados com uma eficiência de remoção de 55% para Pb, 93,6% para Ni e 100%
para Zn (Fu e Wang, 2011). Os melhores resultados alcançados por Bashir et al. (2010)
indicam que 6,0 min deo tempo de contato são necessários para atingir 94,2%
de remoção de NH 4 -N quando a dosagem de resina catiônica e velocidade de 24,6 cm³ e
147 rpm (revoluções por minuto), respectivamente. De acordo com este estudo, as resinas
de troca iônica podem ser usadas para a remoção eficiente de nitrogênio amoniacal de
lixiviados de aterros sanitários (Bashir et al., 2010). 

Outros estudos obtiveram as maiores porcentagens de remoção com a resina quelante.


Percentuais de remoção de zinco de 93% foram obtidos com essa resina, embora resultados
menores tenham sido alcançados para Cd (50%). Este tipo de resina, baseado no grupo
iminodiacetato, é do tipo catiônico fraco e apresenta alta seletividade para metais pesados
como Cd e Zn versus sódio, cálcio e magnésio quando trabalhando com valores de pH
entre 4 e 8 (Fernandez et al., 2005). Janin et al. (2009), combinando M4195 e Resinas
IR120 em quatro colunas sucessivas, conseguiu recuperar cobre e cromo em 94% e 81%,
respectivamente (Janin et al., 2009), apresentando a troca iônica como uma solução
adequada para remoção de metais pesados de lixiviados de aterros.

De acordo com outras revisões, a fim de garantir quantidades mais eficientes de remoção
de poluentes, o lixiviado deve ser submetido a tratamentos biológicos e sistemas de pré-
tratamento adequados antes do troca, como a remoção de sólidos suspensos. Em qualquer
caso, a troca iônica não é economicamente atraente devido ao seu alto custo
operacional. Além disso, este método é adequado apenas para remoção de metais e amônia,
tornando a troca iônica uma escolha tecnológica pouco atraente para o tratamento de
lixiviados nos países (Gao et al, 2015; Abbas et al., 2009; Kurniawan et al., 2006 ).

 Oxidação Química e Processos de Oxidação Avançados (POA)

34
A oxidação química visa a mineralização dos contaminantes em dióxido de carbono, água
e
inorgânicos ou, pelo menos, na sua transformação em produtos inofensivos (Andreozzi et
al., 1999). Os principais oxidantes utilizados para o tratamento dos lixiviados, cloro,
permanganato de potássio e hidrocloreto de cálcio (Amokrane et al., 1997). Nos últimos
anos, tem havido um crescente interesse pelos processos de oxidação avançada (POA) com
a combinação de agentes oxidantes fortes, como ozônio e peróxido de hidrogênio,
juntamente com radiação ultravioleta (UV) ou ultra-som (US). De fato, as três técnicas de
POA mais aplicadas são O3/H2O2, H2O2/UV e O3/UV (Andreozzi et al., 1999). Muitos
processos são baseados na reação direta do oxidante com os contaminantes enquanto POA
é caracterizada pela geração de radicais OH como espécies reativas capazes de oxidar
orgânicos halogenados e melhorar a biodegradabilidade de poluentes orgânicos
recalcitrantes (Gao et al., 2015).

Numerosos estudos mostraram que a remoção de DQO obtida por ozonização é 50% –70%
(Haapea et al., 2002) e muitos desses estudos aplicaram o processo como tratamento
terciário antes de descarregar o efluente tratado em esgoto ou água superficial. Usando
O3/H2O2 como agentes oxidantes foram relatadas eficiências de remoção de matéria
orgânica em torno de 90% (Wable et al, 1993; Schulte et al., 1995), enquanto com uma
combinação de persulfato e peróxido de hidrogênio, sob condições operacionais
otimizadas, 81% de remoção de DQO e 83% de remoção de NH 4 -N foram obtidas (Hilles
et al., 2016). Além disso, De Morais e Zamora (De Morais e Zamora, 2005) demonstraram
que o tratamento com UV/H2O2 e foto-Fenton permite o carbono orgânico total ser
removido eficientemente em tempos de reação inferiores a 60 min com 97% e remoção de
89% de COT e 56% e 58% de remoção de DQO, respectivamente, fato que confirma a
grande capacidade de degradação de ambos os processos fotoquímicos.

Uma aplicação adequada de POAs para tratamentos de lixiviação deve levar em conta que
eles fazem uso de reagentes caros como o H2O2 e/ou O3 e, portanto, é óbvio que a sua
aplicação deve não substituir, sempre que possível, os tratamentos mais econômicos, como
a degradação biológica (Andreozzi et al., 1999).

35
De fato, uma redução significativa no custo total do tratamento de lixiviado poderia ser
obtida combinando POAs com um processo biológico (Oller et al., 2011). Além disso,
somente os resíduos com conteúdo DQO relativamente pequeno ( ≤ 5,0 g / L) pode ser
adequadamente tratada com estas técnicas, uma vez que o conteúdo de DQO consume
grandes quantidades desses reagentes caros (Andreozzi et al., 1999). Devido a esses
fatores, os inconvenientes dos POA são: a alta demanda de energia elétrica e altos custos,
bem como o sistema de controle que é necessário para permitir que o tratamento atue
adequadamente.

 Processo Fenton

Entre vários POAs, o reagente Fenton (H2O2/Fe2+) é um dos métodos mais eficazes de
oxidação de poluentes orgânicos (Barbusinski, 2005). A mistura Fenton foi usada (sozinha
ou em combinação com outros tratamentos) como um processo químico para o tratamento
de uma vasta gama de águas residuárias. É um sistema com base na geração de radicais
livres oxidantes muito reativos, especialmente radicais hidroxila, que tem um potencial de
oxidação mais forte que o ozônio. A eficiência deste processo depende de vários variáveis
como temperatura, pH, peróxido de hidrogênio, concentração de íons ferrosos e tempo de
tratamento. A oxidação química utilizando o reagente Fenton, sob condições ótimas, tem
se mostrado como uma alternativa viável à destruição oxidativa de poluentes orgânicos em
misturas de resíduos químicos, com uma remoção de até 78%-89% (Benatti et al.,
2012). No entanto, metais resíduos dos processos com Fenton apresentam grande potencial
contaminação ambiental, e requerem um sistema de administração e controle de sua
disposição (Benatti et al., 2012).

A reação de Fenton iniciada por Fe 2+ e H2O2  e a reação tipo Fenton iniciada por Fe 3+ e
H2O2 são utilizados para o tratamento de lixiviados, uma vez que, podem remover
significativamente recalcitrantes, compostos tóxicos e aumentar a biodegradabilidade dos
lixiviados, uma vez que, a relação DBO/DQO do lixiviado pode aumentar de 0,2 até 0,5
(Lopez et al., 2004). Foi demonstrado que o reagente Fenton é capaz de destruir compostos
em águas residuárias, como fenóis e herbicidas. 

Alguns estudos afirmaram que, pelos processos Fenton, as eficiências de remoção de DQO
variam de 45% a 85%, com uma eficiência de descoloração de até 92%, enquanto a pouca

36
amônia é reduzida (Lopez et al., 2004). Ótimos valores de pH foram reportados para
processos convencionais, foto e eletro-Fenton para tratamento de lixiviados de aterro no
intervalo entre 2,0 e 4,5. A remoção de DQO aumenta com a elevação da temperatura,
embora temperaturas muito elevadas podem causar significativa decomposição ineficiente
de H2O2 (Deng e Englehardt, 2006).

Silva et al. (2016), projetou com sucesso uma planta foto-Fenton para o tratamento de
lixiviados de aterro considerando o uso combinado de luz solar, através da tecnologia de
CPCs (coletores oarabólicos compostos) e radiação artificial (lâmpadas UV). Lopez et al.
(2004) identificaram que a DQO poderia ser removida pelo pré-tratamento Fenton em
cerca de 60% do valor inicial (10.540 mg / L) enquanto Gotvajn et al. (2011) sugeriu que a
oxidação Fenton não é uma opção de tratamento único capaz de substituir o tratamento
biológico existente, uma vez que, a remoção de DQO (80%) foi obtida em 5 min, mas a
biodegradabilidade aumentou, expressa como relação DBO/DQO (0,27-0,78), e alguns
outros parâmetros (DBO 5 , concentração de amônio e azoto) foram afetados pela
temperatura mais elevada do processo (20-49 ºC).

Consequentemente, a reação de Fenton pode ser efetivamente explorada para tratar o


lixiviado de aterros sanitários, contudo, é particularmente apropriado para lixiviados
estabilizados ou maduros. Representa um processo aplicável ao tratamento de lixiviados
altamente tóxicos com cinética mais rápida (Deng e Englehardt, 2006) mas com os altos
custos típicos de POA que envolve o consumo de reagentes (especialmente de H2O2)
(Torres-Socías et al., 2015), que requerem tecnologia combinada para obter uma boa
remoção de poluentes.

 Fotocatálise

Processos fotocatalíticos fazem uso de um óxido de metal semicondutor como catalisador e


de oxigênio como um agente oxidante.Muitos catalisadores foram testados até agora,
embora o TiO2 pareça ter atributos interessantes como alta estabilidade, bom desempenho
e baixo custo. O evento inicial no processo fotocatalítico é a absorção da radiação com a
formação de pares de elétrons-furos. O considerável poder redutor dos elétrons formados
permite que eles reduzam alguns metais e dissolvam oxigênio com a formação do íon
radical superóxido O2- enquanto os buracos restantes são capazes de oxidar H2O ou

37
hidróxidos. Estas reações são de grande importância em processos de degradação oxidativa
devido à alta concentração de H2O e hidróxidos adsorvidos na superfície da partícula.

Um sistema fotocatalítico de modo semi-descontínuo em escala piloto usado para as


experiências de degradação de lixiviados caracterizados por terem baixa
biodegradabilidade (DBO/DQO = 0,011) foi estudada Cho et al. (2006), atingindo apenas
52% de remoção de DQO, 79% de remoção de COT após 5 h de tempo de iluminação,
enquanto após 10 h de oxidação fotocatalítica, 56% de DQO e 88% de COT foram
removidos. Outro estudo testou um lixiviado velho de aterro por fotocatálise UV-
TiO2 com remoção de DQO, DOC e cor acima de 60%, 70% e 97%, respectivamente; sob
condições ótimas, a razão de DBO/DQO foi elevada de 0,09 a 0,39, representando uma
melhoria substancial na biodegradabilidade. Além disso, dentro do mesmo estudo, os
ésteres foram produzidos durante o processo fotocatalítico e cetonas, hidrocarbonetos,
aromáticos hidrocarbonetos, hidroxilbenzenos e ácidos foram degradados durante a
oxidação fotocatalítica. 37 dos 72 tipos de poluentes orgânicos no lixiviado permaneceram
após 72 horas de tratamento.

A oxidação de dióxido de titânio (TiO 2 ) fotoassistida apresenta um grande potencial para


o tratamento de lixiviados de aterros sanitários. Apesar da eficiência relativamente boa
da fotocatálise de TiO 2 para lidar com o lixiviado de aterro, desafios técnicos precisam ser
abordados, como:

 métodos de pós-separação de titânio após tratamento de água;


 profundidade de penetração da luz na suspensão aquosa de titânio;
 baixa eficiência quântica do processo de degradação no catalisador irradiado;
 o número de rotatividade de catalisadores e o envenenamento por catalisadores também
precisam ser mais investigados.

O uso de irradiação UV também é um obstáculo para ampliar essa tecnologia. Certas


modificações do semicondutor TiO 2 pode resolver esse problema reduzindo a folga de
bandas do TiO 2 . Contudo, a maioria dessas mudanças é obtida por doping ou por meio de
catalisadores compostos. Cobrindo todos estes aspectos, acredita-se que mais pesquisas
sejam necessárias para a fotocatálise de TiO 2 irradiada à luz solar com base no

38
mecanismo de transferência de encargos, a fim de tornar esta tecnologia mais rentável e
comercializado.

 Processos Eletroquímicos

Processos eletroquímicos são tratamentos aplicados principalmente para lixiviados velhos


e uma célula eletroquímica composta de um ânodo e um cátodo que são funcionais para
redução de poluentes. Os principais processos estudados e relatados na literatura são a
eletro-coagulação (EC) e eletro-oxidação (EO).

 Eletrocoagulação

O EC é um processo que utiliza eletrodos úteis para o fornecimento de íons dentro da


solução, permitindo os contaminantes suspensos, emulsionados ou dissolvidos formarem
aglomerados. Íons coagulantes são produzidos in situ e três estágios diferentes podem ser
identificados:

i) formação do eletrodo coagulante através da oxidação eletrolítica sacrificial;


ii) poluentes e partículas suspensas sendo desestabilizadas e quebra de emulsões;
iii) agregação de fases desestabilizadas e formação de flocos.

Existem muitos fatores capazes de influenciar o processo de eletro-coagulação, como o


projeto de reator, material do eletrodo e densidade e condutividade atuais do lixiviado (a
remoção de partículas de poluentes aumenta com a densidade). Apesar das maiores
eficiências de remoção alcançadas com o alumínio, o ferro é considerado o melhor eletrodo
porque é menos tóxico, requer menos energia e é menos sensível para inibir
fenômenos .Além disso, a distância entre os eletrodos pode afetar a eficiência da remoção
de poluentes presentes no lixiviado. No entanto, alguns estudos são discordantes e fica
claro que a distância também é uma função das condições de operação. A desvantagem é
que eletro-coagulação corresponde ao alto consumo de energia e, portanto, é necessário
encontrar um compromisso entre a eficiência de remoção e consumo de energia necessária.

A condutividade elétrica desempenha um papel importante na CE porque, quando é baixa,


a eficiência atual diminui, e maior potencial aplicado é necessário para evitar a passivação

39
do eletrodo, levando consumo de energia adicional. NaCl é o eletrólito mais comum usado
para aumentar a condutividade. O lixiviado de aterro geralmente tem altos valores de
condutividade e a adição de um eletrólito não é requerido. A remoção de DQO permanece,
em média, na faixa de 40% a 70%, enquanto para o nitrogênio a remoção é de 10% a 25%.

A EC provou ser uma tecnologia rápida e eficiente para o tratamento de lixiviados. Requer


simples equipamentos, condições operacionais fáceis e sem necessidade de adição de
produtos químicos. Infelizmente, apresenta algumas desvantagens, como a necessidade de
substituir regularmente o eletrodo de sacrifício, reações de oxidação e a geração
significativa de lodo durante o processo. O lodo contém grandes quantidades de ferro e
outros poluentes recalcitrantes e, portanto, um tratamento específico antes de sua
eliminação é necessário.

 Eletro-Oxidação (OE)

OE consiste em aplicar uma voltagem ou uma corrente, constante com o tempo, ao


composto que precisa ser tratado. A célula eletrolítica é o reator onde todo o processo
ocorre e EO pode ser desenvolvido de duas maneiras distintas: indireta ou direta.

•A oxidação direta permite que as partículas poluentes troquem elétrons diretamente com o
ânodo superfície. Este método não parece ser eficaz na degradação de material orgânico;
apesar disso, promove a formação de agentes oxidantes muito poderosos que são usados
para oxidação indireta;

• OE indireto ocorre quando compostos com alto teor de cloro estão concentrados no
lixiviado. O cloro ativo é oxidado pelo anodo produtor de hipoclorito, que tem uma forte
oxidação efeito em relação aos compostos orgânicos. Esta reação é particularmente
adequada para solução salina lixiviados, onde muitos poluentes são removidos, como o
amônio, e com a presença de íons metálicos (Ag + , Fe 3+ , Co 3+ , Ni 2+ ).

A oxidação eletroquímica removeu facilmente 64% –70% de DQO e 15% –61% de


amônio com um consumo de energia que varia entre 0,377 e 0,740 kWh / L, dependendo
da amostra tratada. O ânodo de diamante dopado com boro (BDD) é um método EO que é
econômico devido à rápida oxidação, alta eficiência atual e baixo consumo de

40
energia. Esses eletrodos são, portanto, considerados adequados para o tratamento de
lixiviados de aterro quanto às suas propriedades: uma superfície inerte com baixa adsorção
propriedades e excelente estabilidade à corrosão, mesmo em condições ácidas. BDD de
alta qualidade eletrodos com excelente deposição de propriedades eletroquímicas em
substratos de nióbio (Nb) pelo método de deposição de vapor químico de filamento
(HFCVD) é uma técnica eficaz para o tratamento de lixiviado de aterro, uma vez que,
87,5% de DQO e 74,06% de remoção de NH 4 -N foram obtidas após 6 h de tratamento,
com consumo de energia de 223,2 kWh · m −3 . O TDC é confirmado como o mais
estudado, seguido pelo Ti / PbO 2 , Ti / RuO 2 -IrO 2 e grafite. No entanto, a eficácia do
tratamento, como para a CE, depende da material do eletrodo, tensão, densidade de
corrente e pH.

A OE fornece um método simples e viável para o tratamento do lixiviado dos aterros,


oferecendo eficiências sem o problema da produção de lodos, contrariamente à
CE. Usando experimental apropriado condições, este método poderia remover uma grande
porção de DQO e amônia, enquanto significativamente reduzindo a cor, sem o acúmulo de
substâncias orgânicas refratárias. O mais significativo desvantagem é o alto custo de
operação do tratamento, devido ao alto consumo de energia. Superar esta desvantagem,
existem duas opções:

i) implementar esta tecnologia combinando outras técnicas, seja como pré-tratamento ou


como passo de acabamento;
ii) introduzir energia renovável dentro do sistema.

No entanto, a tecnologia EO poderia ser aplicada a lixiviados, a fim de reduzir a


concentração de matéria orgânica refratária e amônio. Usando apenas esta tecnologia,
parece que não é possível atingir os limites de lançamento de esgotos, exceto onde os
limites locais para substâncias e nitrogênio são decididamente mais permissivos. Apesar de
alto consumo de energia e a formação de organoclorados que em potencial pode limitar sua
aplicação, a EO é uma solução promissora e poderosa como uma tecnologia para o
tratamento de lixiviados de aterro, especialmente para baixa DBO/DQO ou lixiviado de
aterro altamente tóxico.

41
3.3.3 – Combinação de Processos Físico-Químicos e Biológicos

A combinação de tratamento é um modo eficiente e adequado para tratar o lixiviado, uma


prática comum em algumas áreas e para concentrações de poluentes de lixiviados bastante
divergentes. Conforme relatado por revisões, tratamentos individuais não são suficientes
para obter altos desempenhos na remoção de contaminantes, porque não existe uma
maneira universal de tratar o lixiviado de aterro; em vez disso, é específico, caso a
caso. Levando em conta a idade do lixiviado, a estação do ano, as condições climáticas, os
critérios de regulação e a concentração de poluentes, as plantas de tratamento de lixiviados
são forçadas a integrar estágios físico-químicos e biológicos na qual dirimem os
inconvenientes e contribuem para uma maior eficiência do tratamento.

A tecnologia de membrana, como a osmose reversa, foi notada como uma tecnologia de
tratamento viável para cumprir com concentrações de liberação restritas, conforme relatado
por avaliações mais antigas, no entanto, incrustações e requisitos de alta energia são
barreiras eficazes que precisam ser superadas, especificamente para os países em
desenvolvimento. Além disso, métodos como separação por membranas e adsortivos só
transferem o poluente de um fluxo para outro, mudando a questão ambiental para outro
setor.

Muitos estudos introduziram tecnologias combinadas para melhorar as eficiências do


tratamento. Henderson et al. (1997) introduziram um filtro anaeróbico com RBC
removendo 80% e 90% de DQO, e alcançando mais de 95% de remoção de
amônia. Słomczynska e Słomczynski (2004) mostrou que, aplicando um pré-tratamento
ultrassônico antes do SBR, a eficiência em termos de DQO e a remoção de NH 4 -N pode
ser substancialmente aumentada, atingindo uma taxa de eficiência de quase 70% para uma
concentração de lixiviados em afluentes de 5%, 10% e 15%. 

Kargi e Pamukoglu (2004) propôs um tratamento de coagulação antes de um reator


biológico aerado em conjunto com carvão ativado em pó (PAC) e zeólito em pó como
materiais adsorventes, com aproximadamente 77% e 87% de DQO removidos com PAC e
zeólito, enquanto Heavey (2003) pré-tratou o lixiviado com adsorventes de turfa,
realizando eficiências de remoção muito altas de 100% para amônia e DBO, 69% para

42
DQO. Chen et al. (2008) investigaram o desempenho de um MBBR com um arranjo
anaeróbico-aeróbico para tratar lixiviado de aterro, a remoção simultânea de DQO e
amônio alcançou uma eficiência de 91%.

Liang e Liu (2008) propuseram um reator de nitração parcial (PNR), uma oxidação
anaeróbica de amônio (Anammox) e dois sistemas subterrâneos de infiltração do solo com
eficiências médias de remoção de 97% de NH 4 -N, 87% TN e 89% DQO obtidas. Hasar et
al. (2009) introduziu uma configuração de tratamento consistindo em remoção de amônia,
coagulação / floculação, MBR A/An (Aeróbico/Anaeróbico) e osmose reversa, em que o
lixiviado poderia ser usado mesmo para todas as aplicações de reutilização no condições
porque o valor DQO final diminuiu para menos de 4 mg / L. 

Xie et al.  (2014) introduziu a integração da separação por membranas com um bioreactor
anaeróbico formam um biorreator de membrana anaeróbico (AnMBR), resultando em uma
eficiência estável de remoção de 62,2% ± 1,8% quando o reator é alimentado com
lixiviado bruto com 13.000 ± 750 mg / L de DQO. Liu et al. (2015) realizou um processo
inovador de tratamento combinado de air stripping, Fenton, SBR e coagulação,
encontrando altas taxas de remoção de COD e NH 4 -N de 92,8% e 98%,
respectivamente. Amaral et al. (2015) sugeriu uma configuração de tratamento de lixiviado
de aterro consistindo de uma associação de air stripping, MBR e uma membrana de NF
(nanofiltração) que demonstrou excelente desempenho, especialmente no que remoção de
DQO (80% –96%), amônia (85% –95%), cor (98% –99,9%) e fósforo (78% –99,8%).

Ao longo dos últimos anos outros tratamentos combinados foram introduzidos, alcançando
altas taxas de remoção de poluentes e boas eficiências de tratamento, permitindo que os
desenvolvedores de projetos implementem opções tecnológicas adequado para problemas
específicos de gerenciamento de liberação de aterros sanitários. 

3.4 – ANÁLISE DO TRATAMENTO COMBINADO DE LIXIVIADO E ESGOTO


DOMÉSTICO

Embora no Brasil não existam leis específicas em nível nacional que controlem o descarte
de lixiviados de aterros de resíduos, no sentido de reduzir a poluição de corpos hídricos, a
USEPA estabeleceu limites para lançamentos dos lixiviados de aterros de resíduos e

43
padrões de pré-tratamento para descarga desses efluentes em sistemas públicos de
tratamento de esgotos (USEPA, 2000). Em 2000, a USEPA estimava que 756 aterros de
resíduos não-perigosos descartavam suas águas residuárias em sistemas públicos de
tratamento de esgotos (USEPA, 2000).

No início da década de 1990, Tchobanoglous et al. (1993) relatam que, em locais onde o
aterro de resíduos está localizado próximo a um sistema coletor de águas residuárias, o
lixiviado pode ser encaminhado para tratamento em ETE. Os autores ponderam que a
adoção de pré-tratamentos pode ser necessária, em alguns casos, para reduzir a carga
orgânica antes do lançamento do lixiviado na rede coletora.

McBean et al. (1995) também apresentam o tratamento combinado com esgoto doméstico
como uma forma bastante utilizada para se tratar lixiviados de aterros de resíduos sólidos,
e reforçam a ideia de que a relação volumétrica entre o lixiviado e o esgoto não deve
ultrapassar 2% para evitar problemas no tratamento.

Um argumento a favor do tratamento combinado é que o lixiviado possui elevadas


concentrações de nitrogênio, enquanto que o esgoto possui elevadas concentrações de
fósforo, de forma que esses nutrientes não precisam ser adicionados em plantas de
tratamento biológico.

Dificuldades para o tratamento combinado são impostas pelas altas concentrações de


substâncias orgânicas e inorgânicas, oriundas de lixiviados de aterros novos e velhos,
respectivamente. Outros problemas possíveis decorrentes do tratamento combinado podem
ser: a corrosão de estruturas e problemas operacionais derivados da precipitação de óxidos
de ferro. Além disso, eventuais concentrações elevadas de metais podem inibir a atividade
biológica do lodo e inviabilizar a sua utilização futura como fertilizante. Grandes volumes
de lixiviado adicionados ao sistema de tratamento de esgotos podem ainda resultar em
efluentes tratados com elevadas concentrações de matéria orgânica e nitrogênio amoniacal
(Boyle & Ham, 1974; Lema et al., 1988).

Diversos estudos buscam avaliar a viabilidade do tratamento de lixiviados de forma


conjunta com esgoto doméstico devendo-se buscar conhecer os impactos da adição de
lixiviado nos sistemas de tratamento e na qualidade do lodo e do efluente final.

44
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