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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

DEPARTAMENTO DE ARTES E ARQUITETURA


TECNOLOGIA APLIACADA
PROFESSOR: CARLOS VAZ
ALUNA: LUDMILLA MACHADO

CAPTAÇÃO E USO DA ÁGUA DA CHUVA

Goiânia – 2017

SUMÁRIO
1.0 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 01

2.0 OBJETIVOS.............................................................................................................. 04

2.1 Objetivo Geral................................................................................................ 04

2.2 Objetivo Específico........................................................................................ 04

3.0 REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................... 05

3.1 Aproveitamento de água pluvial- na arquitetura....................................... 05

3.2 Situações climáticas de Goiânia............................................................... 06

3.3 Sistema de Aproveitamento de Água da Chuva....................................... 07

5.0 CONCLUSÃO............................................................................................................ 19.

BIBLIOGRAFIA................................................................................................................. 20
1- INTRODUÇÃO

Levando em consideração as mudanças climáticas, o aumento de temperatura média global,


e pincipalmente a escassez de água que ano após ano vem se intensificando é evidente a
necessidade de que haja por parte do ser humano um cuidado maior com a natureza e em
especial com a água. É certo que um projeto de arquitetura pode contribuir com esses
cuidados, ao propor um sistema de captação da água da chuva eficiente, e é a respeito do
funcionamento deste sistema que o presente trabalho irá tratar.

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2. OBJETIVO

2.1 Objetivo Geral 

O trabalho em questão tem por objetivo geral analisar e propor um sistema de captação de


água da chuva que contribua para a economia no consumo de água tratada.

2.2 Objetivos Específicos 

Apresentar a necessidade de projetos de arquitetura que incorporem sistemas de


aproveitamento de água pluvial

Analisar a interferências das condições climáticas no local de implantação

Descrever como funciona o sistema de captação da água da chuva e sua normatização.

Avaliar a eficiência do sistema de captação de água da chuva diante da demanda de água


do edifício público em questão, o Centro de Referência Social-CRAS Fonte Nova, aplicando
assim ao TCC 2 o estudo desenvolvido.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Aproveitamento de água pluvial na arquitetura

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2006 apud Hagemann),


aproximadamente de 97,5% da água no planeta é salgada e apenas 2,5% é de água doce.

E desses 2,5 % do total de água doce 70% está armazenada nas calotas polares e 30%
está disponível nos continentes. Contudo menos que 1%, desses 30% de água dos
continentes, está acessível ao uso humano. Sem contar que a qualidade dessa água
disponível nem sempre é boa. (HAGEMANN, 2009).

Outro fator agravante é o aumento do consumo de água, Segundo a Organização das


Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, 2008 apud Hagemann), o
crescimento do consumo de água chega a ser duas vezes maior do que a taxa de
crescimento da população nos últimos anos. Diante disso é previsto que em 2025 cerca de
1,8 bilhões de pessoas viverão em países ou regiões com absoluta escassez de água e dois
terços da população do mundo enfrentará dificuldades relacionadas à disponibilidade desse
recurso.

Embora o aproveitamento de águas pluviais não seja um sistema que surgiu recentemente,
a sua implantação ainda é bastante restrita, seja pelo não empenho dos arquitetos em
inseri-los nos seus projetos, seja pela pouca informação do cliente, que opta por retira-lo.
Pelo que se sabe, no Brasil o primeiro sistema de aproveitamento da água de chuva foi
construído na Ilha Fernando de Noronha, pelo exército norte-americano em 1943 (PETERS,
2006 apud HAGEMANN).

O caos com relação a disponibilidade de água em Goiânia tem se intensificado, a cada ano
cada vez mais pessoas têm sido afetadas pela falta de água, que se dá nos períodos de
seca. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Cidades (Secima) entre os
anos de 2014 e 2017 os índices de chuva acumulada reduziram cerca de 25% no município de
Goiânia. Além disso, segundo estudo a previsão de chuva até novembro é de precipitações abaixo
do normal.

Assim sendo diante da escassez de água, do aumento do consumo e da poluição da água é


fundamental que além do incentivo a não poluição e ao uso consciente da água sejam
criadas formas de um melhor aproveitamento da água disponível, e os arquitetos podem
colaborar com isso, ao propor projetos que contem com sistemas de aproveitamento de
água das chuvas para o consumo.

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Dessa forma a captação e o uso, no edifício, de águas pluviais para atividades que não
demandam água potável gera uma economia, ao captar o usar a água no mesmo lugar.
Evita-se assim os custos do transporte de longas distâncias, além de diminuir os gastos e
impactos do tratamento da mesma. Ao diminuir o uso de água potável há também um
aumento da disponibilidade hídrica, e mais, reduz-se os impactos da captação da água
fluvial e seus custos.

3.2 Situações climáticas de Goiânia:

O clima de Goiânia é chamado de tropical semiúmido, com duas estações bem definidas,
sendo elas o verão chuvoso e o inverno seco. A temperatura média é de aproximadamente
22° C e os índices pluviométricos são de aproximadamente 1.500 mm. A cidade passa por
um período de aproximadamente 4 meses de baixo índice pluviométrico, contudo durante os
outros 8 meses há um índice entre 100 mm e 300 mm, que pode ser captado e bem
aproveitado.

Figura 3.1 Indices de preciptação em Goiânia


Fonte: www.inmet.gov.br

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3.3 Sistema de Aproveitamento de Água da Chuva:

Edifícios que incorporam um sistema de aproveitamento de água da chuva, além de gerar


uma economia no consumo da água potável e conservar o recurso, possibilita um menor
escoamento superficial diminuindo a carga nos sistemas de coleta pluviais o que, por
conseguinte diminui o risco de inundações, algo recorrente em muitos centros urbanos. Para
que esses benefícios sejam efetivos é necessário que estes sistemas sejam bem
elaborados e executados de forma prática e simples.

Para a coleta da água de chuva são necessários calhas, condutores, dispositivo para
descarte da água de lavagem do telhado e a cisterna para sua reserva conforme mostra a
Figura 3.1

Figura 3.1- Esquema de coleta água de chuva.


Fonte: May, 2004.

De acordo com o manual da ANA/FIESP & SindusCon-SP (2005), a metodologia básica


para projeto de sistemas de coleta, tratamento e uso de água de chuva envolve as seguintes
etapas:

• Estimativa da precipitação média local (mm/mês),

• Determinação da área de coleta,

• Determinação do coeficiente de escoamento,

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• Projeto dos sistemas complementares (grades, filtros, tubulações, etc.),

• Projeto do reservatório de descarte,

• Escolha do sistema de tratamento necessário,

• Projeto da cisterna,

• Caracterização da qualidade da água pluvial,

• Identificação dos usos da água (demanda e qualidade).

Dentre as possibilidades de coleta da água da chuva, as técnicas mais utilizadas e


recorrentes são através da superfície dos telhados ou das superfícies no solo. A coleta das
águas provenientes das chuvas geralmente é mais simples e as águas de melhor qualidade

Independentemente do tamanho do sistema, este é composto por:

(a) Área de captação/telhado;

(b) Tubulações para condução da água;

(c) Telas ou filtros para a remoção de materiais grosseiros, como folhas e galhos;

(d) Reservatório de armazenamento/cisterna.

Dependendo de qual será o uso da água coletada, pode-se ainda incluir como parte de um
sistema, o tratamento da água (filtração e desinfecção).

i Captação da água

As Figuras 3.2 a 3.4 apresentam esquemas do aproveitamento da água em três áreas


diferentes de coleta, sendo elas

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a) telhado;

Figura 3.2 Áreas de coleta: Telhado


Fonte: Waterfall, 2002

b) área impermeabilizada

Figura 3.3 Áreas de coleta: Laje


Fonte: Waterfall, 2002

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c) telhado e pátio.

Figura 3.4 Áreas de coleta: Telhado e Pátio


Fonte: Waterfall, 2002

ii-Tipos de Sistema:
a) No sistema de fluxo total ocorre que toda a chuva coletada pela superfície de
captação (telhado, pátio, etc.) é direcionada ao reservatório de armazenamento,
e passa antes por um filtro ou por uma tela. Quanto a água atinge o limite
máximo do reservatório, o excedente é descartado através do sistema de
drenagem. (Figura 3.5).

Figura 3.5 Sistema de fluxo completo


Fonte: Herrmann e Schmida, 1999.

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(b) Sistema com derivação: Consiste instalação de uma derivação na tubulação vertical de
descida da água da chuva, e seu objetivo é descartar a primeira chuva, direcionando-a
então ao sistema de drenagem. Este sistema também recebe o nome de sistema
autolimpante (Figura 3.6). Usa-se em muitos casos instalar o filtro ou tela na derivação. A
água excede o nível máximo do reservatório é encaminhada ao sistema de drenagem.

Figura 3.6 Sistema de derivação


Fonte: Herrmann e Schmida, 1999.

(c) Sistema com volume adicional de retenção consiste em um sistema com um reservatório
de armazenamento capaz de armazenar um volume adicional, o que garante o suprimento
da demanda e a retenção de água o que também evita inundações. Neste sistema uma
válvula é responsável por regular a saída de água correspondente ao volume adicional de
retenção para o sistema de drenagem, quando a água atinge o limite do volume adicional
(Figura 3.7).

Figura 3.7 Sistema com volume adicional de Retenção


Fonte: Herrmann e Schmida, 1999.

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(d) Sistema com infiltração no solo: o volume de água exedente do reservatório é
transferido para um sistema de infiltração no solo (Figura 3.8)

Figura 3.8 Sistema de Infiltração no Solo


Fonte: Herrmann e Schmida, 1999.

iii- Área de captação:

Como já dito anteriormente a área de captação compreende o telhado e/ou a superfície do


solo. O mais utilizado é a captação nos telhados que podem ser de diferentes materiais,
como de fibrocimento, telha cerâmica, zinco, aço galvanizado, plástico, vidro, acrílico, entre
outros materiais. Os telhados podem ser inclinados, suavemente inclinados ou planos. O
material do telhado interfere no sistema de aproveitamento de água de chuva, de forma que
os de menor absorção proporcionam um melhor aproveitamento, ou seja, as telhas que
tenham um coeficiente de escoamento (C) maior, para minimizar as perdas, uma vez que
nem toda água precipitada é coletada.

Para a utilização da água de chuva, é preciso que os edifícios tenham calhas coletoras e
condutores verticais para conduzir a água da chuva do telhado ao reservatório. O
dimensionamento adequado das calhas e condutores verticais, assim como sua instalação,
são elementos importantes a serem observados para o funcionamento de todo o sistema de
forma correta. É possível que se utilize como referência para o dimensionamento desses
componentes a NBR 10.844/89, Instalações Prediais de Águas Pluviais da ABNT.
O material das calhas e coletores de águas pluviais podem ser de PVC ou metálicos. O
sistema de coleta através da superfície do solo é melhor empregado em locais com grande
área superficial, e essas áreas devem apresentar uma pequena inclinação, para que a água

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possa escoar. Nestes tipos de sistemas é usual que sejam construídas rampas ou canais
para direcionar a água da chuva para o reservatório.

iv- Tratamento da água da chuva

Após o descartar a primeira água da chuva algumas substâncias ainda permanecem nas
chuvas subsequentes, sendo assim, em alguns casos, faz-se necessário a utilização de
dispositivos para a eliminação dessas substâncias. Conforme o Manual da ANA/FIESP &
SindusCon (2005), para os usos não potáveis mais comuns em edifícios, são empregados
sistemas de tratamento compostos por: unidades de sedimentação simples, filtração simples
e desinfecção com cloro ou com radiação ultravioleta. Em alguns casos podem ser utilizados
sistemas mais complexos que proporcionem uma qualidade mais elevados. A qualidade da
água de chuva pode variar de acordo com o local onde a mesma é coletada, conforme
mostra a tabela 3.9.

Figura 3.9 Variação da qualidade da água da chuva devido à área de coleta


Fonte Group Raindrops (1995)

E segundo o Group Raindrops (1995), é de extrema importância que esses graus de


qualidade da água sejam observados conforme as aplicações que serão feitas. Sendo
assim, a tabela a seguir apresenta, conforme os usos estabelecidos para a água
proveniente da chuva, diferentes formas de tratamento necessárias.

Figura 3.10 Diferentes qualidades de água para diferentes aplicações.


Fonte Group Raindrops (1995)

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Após tomar conhecimento do nível de tratamento que cada uso exige, é necessário um
conhecimento das diferentes técnicas que podem ser utilizadas no tratamento e o que
resulta cada uma delas, o que é apresentado na tabela 3.11.

Figura 3.11 Técnicas de tratamento da água da chuva em função da localização.


Fonte: Texas Guide to Rainwater Harvesting (1997).

3.3.5 Armazenamento e utilização da água da chuva


Após o tratamento da água, segundo a necessidade para cada uso, a água é encaminhada
por tubulação para o reservatório final ou cisterna. Essas cisternas podem ser de diversos
materiais e ainda estar dispostos de diferentes maneiras, (Figuras 3.12) cabendo ao
arquiteto decidir qual a melhor alternativa para o seu projeto Para tomar essa decisão
projetual o professional deverá analisar as condições do terreno e da disponibilidade de
área. Os reservatórios superficiais devem ser utilizados em locais que tenham área livre, e
sua vantagem é a possibilidade de alguns usos sem a necessidade de bombeamento, como
por exemplo lavar áreas impermeáveis e regar jardins. Já os reservatórios semi-enterrados
ou enterrados normalmente precisam de bombeamento.
Em casos onde o aproveitamento de água da chuva faz parte do projeto, ou seja, está
previsto a sua implantação, é possível instalar o reservatório logo abaixo do telhado,
evitando assim os gastos com o bombeamento da água.

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Figura 3.12 Tipos de Reservatórios ou Cisternas.
Fonte: Rain Harvesting, 2006 e Ambiente Brasil 2006.

É necessário que algumas precauções sejam tomadas com relação aos reservatórios, no
sentido de seja garantida a qualidade da água e haja uma manutenção. Segue abaixo
algumas medidas a serem observadas:

• O reservatório deve ter coberturas e paredes impermeáveis;

• A entrada de luz do reservatório deve ser evitada, evitando-se assim o proliferação


de algas;

• No reservatório o extravasor e a entrada de água devem ser bem protegidos por


telas de modo a evitar a entrada de insetos e animais pequenos;

•Deve haver no reservatório uma abertura, também conhecida como visita, para que
sejam feitas as inspeções e limpeza;

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•A limpeza do reservatório de ser feita pelo menos uma vez no ano para a retirada do
lodo depositado no fundo do mesmo

v- Dimensionamento do reservatório de armazenamento de água da chuva

Os resultados satisfatórios ou não de um sistema de aproveitamento de água de chuva, se


dá em grande parte, pela quantidade de água que se consegue captar no sistema. Alguns
fatores que interferem nesse volume de água são a área de captação o espaço destinado ao
armazenamento (volume) e o índice pluviométrico da região onde o sistema será
implantado. Normalmente a cisterna é o componente do sistema mais caro e seu
dimensionamento requer bastante cuidados para que a sua implantação não seja inviável.
Para dimensionar o sistema alguns métodos podem ser utilizados, levando em consideração
algumas informações importantes como:

 O regime de precipitação da região, levando em consideração os dias de estiagem e


o histórico de chuvas do local,
 A demanda específica que se deseja atender com a água captada.

Outro fator que deve ser observado é que nem todo volume de água de chuva precipitado é
aproveitado devido a algumas perdas provenientes de:

 Descarte da primeira chuva,


 Evaporação e a limpeza do telhado.

O coeficiente de escoamento é obtido através da razão entre a água que escoa na


superfície e o total de água precipitada e é representado pela letra C. Existem alguns fatores
que interferem nesse coeficiente que são: O material da superfície de captação e a
inclinação do telhado.
Em relação a demanda, como fator importante no dimensionamento de um sistema, existem
alguns estudos já feitos que estimam bem assertivamente uma média de consumo
dependendo da tipologia da edificação e da quantidade de usuários.

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5. CONCLUSÃO

É possível concluir que a água como um recurso finito e insubstituível, essencial para a vida
na Terra, não tem sido tratada com toda seriedade e responsabilidade que deveria.
Contudo, mediante a duras penas a sociedade vem abrindo os olhos para a necessidade do
cuidado e preservação, principalmente com as secas que vem assolando o Brasil, e também
a cidade de Goiânia trabalhada nesse artigo. Mediante tais fatos vem se buscando formas
de cuidar da água e usa-la de forma melhor e mais consciente. O sistema de captação de
água da chuva apresenta-se então como uma excelente alternativa, para cidades em que há
um índice pluviométrico considerável, durante boa parte do ano. Tal sistema é eficiente pois
de forma relativamente fácil e barata consegue captar a água de superfeteis, como telhados,
e armazena-la para que seja utilizada no próprio edifício, diminuindo assim o uso de água
potável advinda da concessionária e também o volume de água jogado nas sarjetas das
ruas, que em decorrência de um outro problema, a impermeabilidade, muitas vezes resultam
em inundações e enchentes. Dessa forma a arquitetura através de um bom projetista pode
contribuir de fato para que os recursos naturais sejam utilizados conscientemente e da
melhor maneira possível.

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BIBLIOGRAFIA

GONÇALVES, Ricardo Franci. Uso racional de água em edificações – PROSAB.– UFES. disponível em

HAGEMANN, Sabrina E. Avaliação da qualidade da água da chuva e da viabilidade de sua


captação e uso. 2009. Disponível em <
http://w3.ufsm.br/ppgec/wpcontent/uploads/Sabrina_Elicker_Hagemann_Disserta
%C3%A7%C3%A3o_de_Mestra do.pdf >. Acesso em 20 de agosto de 2017.

MAY, Simone. Estudo da viabilidade do aproveitamento de água de chuva para consumo


não potável em edificações. São Paulo, 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia) -
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

WEF. Water Reuse, 2ª edição, 1989.

http://www.sieg.go.gov.br/downloads/Livro_Clima.

www.finep.gov.br/prosab/produtos

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