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HIDROLOGIA URBANA
Apontamentos baseados em “Notas sobre o cálculo de sistemas de drenagem de
águas pluviais em aglomerados urbanos” de João L. M. Pedroso Lima, Universidade de
Coimbra, Faculdade de Ciências e Tecnologia
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 3
2. METODO RACIONAL.......................................................................................................................... 4
2.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 4
2.2. APLICAÇÃO DO MÉTODO ........................................................................................................ 5
2.2.1. GENERALIDADES...................................................................................................................... 5
2.2.2. TEMPO DE CONCENTRAÇÃO.................................................................................................. 6
2.2.3. INTENSIDADE DE PRECIPITAÇÃO .......................................................................................... 6
2.2.4. COEFICIENTE DE ESCOAMENTO ........................................................................................... 8
2.2.4. ÁREA DA BACIA E CAUDAL DE PONTA ................................................................................ 10
3. MÉTODO DE HAUFF.................................................................................................................... 10
3.1. DESCRIÇÃO DO MÉTODO...................................................................................................... 10
3.2. EXEMPLO DE CÁLCULO......................................................................................................... 11
4. ALGUNS PROCEDIMENTOS ADOPTADOS PELO SOIL CONSERVATION SERVICE (SCS) . 13
4.1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS ............................................................................................... 13
5. MÉTODO PARA O CÁLCULO DO HIDROGRAMA DE CHEIA.................................................... 18
5.1. DESCRIÇÃO DO MÉTODO...................................................................................................... 19
5.2. EXEMPLO DE CÁLCULO......................................................................................................... 20
5.3. DETERMINAÇÃO DE CAUDAIS DE CHEIA EM BACIAS URBANAS..................................... 23
6. MÉTODO DE DE MARTINO ......................................................................................................... 24
7. SISTEMAS NÃO TRADICIONAIS DE DRENAGEM DE AGUAS PLUVIAIS................................ 25
7.1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 25
7.2. BACIAS DE RETENÇÃO .......................................................................................................... 25
7.2.1. DEFINIÇÃO............................................................................................................................... 25
7.2.2. DIMENSIONAMENTO .............................................................................................................. 27
7 .2 .3. EXEMPLO DE CÁLCULO ....................................................................................................... 30
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1. INTRODUÇÃO
Nos aglomerados urbanos produzem-se, quando chove, caudais pluviais que se escoam
superficialmente através de terrenos, telhados, arruamentos e quaisquer superfícies não
totalmente permeáveis.
Os métodos empíricos têm a grande desvantagem de serem de difícil extrapolação para fora do
seu domínio experimental de ajustamento. Esta limitação levou alguns autores a pesquisar outros
métodos baseados em teorias simplificadas da transformação da precipitação em escoamento.
(por exemplo o Método Racional, que referiremos, o Método de Caquot, o Método dos volumes
Armazenados - Método Italiano).
Os métodos volumétricos (por exemplo o Método Italiano) entram em linha de conta com o
armazenamento no sistema de drenagem, fenómeno que não é contemplado no Método Racional.
Todos os métodos referidos, à excepção dos cinemáticos, apenas permitem determinar um único
valor da onda de cheia - o caudal de ponta. Estes métodos estão hoje a ser substituídos por
modelos precipitação-caudal mais complexos que têm em conta de forma directa os efeitos
dinâmicos, cinemáticos, de armazenamento e de regolfo na rede de colectores.
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Numa rede hidrográfica urbana devem ter-se em consideração os seguintes aspectos
(LENCASTRE e FRANCO, 1984):
a) Existência de uma rede natural de escoamento superficial que, pelo menos nas
cabeceiras, pode dispensar a instalação de colectores;
b) Estabelecimento de redes de colectores só quando a rede natural, dentro dos
condicionamentos impostos, se mostrar insuficiente;
c) Fixação da frequência de cálculo, tendo em conta os custos-benefícios;
d) Verificação do que acontece para chuvadas de frequência inferior à adoptada no cálculo,
com a entrada dos colectores em carga e o aumento do escoamento superficial;
e) Garantia permanente da continuidade do escoamento superficial, evitando depressões à
superfície, visto que, para chuvadas que excedam a de dimensionamento, se estabelece
um escoamento à superfície dos arruamentos.
Vão descrever-se com mais profundidade os métodos mais utilizados em Hidrologia urbana que
são:
- Método Racional;
- Método de Haff;
- Método do Soil Conservation Service.
2. METODO RACIONAL
2.1. INTRODUÇÃO
O coeficiente de escoamento C, (Figura 1), razão entre a precipitação útil e a precipitação total, é
Q Volume de escoamento sup erficial
definido como: C = =
IA Volume de precipitado
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Figura 1 - Princípio do Método Racional. Relação precipitação – escoamento
A racionalidade do método consiste em supor que o caudal máximo no extremo jusante de uma
bacia se verifica quando toda a bacia está a contribuir, o que acontece quando a duração da
chuvada iguala o tempo de concentração.
O coeficiente de escoamento varia, para uma mesma bacia e para uma mesma chuvada, com o
instante em que este é medido. Chuvadas diferentes correspondem a diversos valores do
coeficiente C. Os valores de C crescem com o aumento da intensidade pluviométrica e da
duração da chuvada.
Chuvadas com determinado tempo de recorrência não implicam necessariamente caudais com
igual tempo de recorrência.
No entanto, os resultados fornecidos pelo método racional são lógicos, consistentes e coerentes,
quase forçando a sua adopção por projectistas e entidades de planeamento e apreciação de
projectos.
Tudo aponta para que o método racional, usado há mais de um século sem alterações
significativas, não seja abandonado.
2.2.1. GENERALIDADES
A aplicação do método racional aconselha-se só a bacias com áreas inferiores a 15 Km2. Em
bacias maiores, com grandes valores do tempo de concentração, os caudais de ponta para
chuvadas de curta duração e alta intensidade vão ser superiores aos caudais de ponta para
chuvadas com intensidades de precipitação inferiores, de duração igual ao tempo de
concentração, embora só parte da bacia esteja a contribuir para o caudal nessa secção.
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Consequentemente, o uso do método racional em bacias drenantes com áreas superiores a 15
Km2 vai conduzir a valores por defeito.
Em terrenos livres, o tempo de concentração poderá ser determinado por métodos empíricos,
nomeadamente:
onde:
Tc -Tempo de concentração (min);
L -Comprimento da linha do vale (m);
S - ( H/L ), inclinação da bacia (m/m);
H -Diferença de cotas entre os pontos extremos (m).
Trc
I =a , ver Figura 2.
(t + b )d
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Os parâmetros a, b, c e d deverão ser determinados para cada caso a partir de udógrafos que nos
dêem um registo contínuo da precipitação caída, com descriminação suficiente, para se poderem
fazer leituras com pelo menos 10 minutos de intervalo.
Como é evidente, é materialmente impossível dispor para cada local em que se projecte uma rede
de saneamento de águas residuais pluviais, de um udógrafo, com uma série longa de registos que
permita o seu tratamento estatístico. Na maior parte dos casos é necessário estimar os respectivos
valores.
A partir do estudo de centenas de gráficos de estações espalhadas por todo o mundo, chegou-se a
relações entre as precipitações máximas com certas durações e certos tempos de recorrência,
com a precipitação de 1 hora com um tempo de recorrência de 2 anos, Quadro 3.
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Quadro 2 – Intensidade de precipitação em l/s/ha para a chuvada de 10 min. em Lisboa e Porto
As relações do Quadro 3 são válidas para a maior parte das regiões, havendo só que ressalvar
dois casos extremos: um em que a precipitação está relacionada com trovoadas, sendo aquelas
relações demasiado baixas, e outro em que a precipitação é principalmente devida a fenómenos
orográficos, em que as relações são demasiado elevadas.
Quadro 3 – Tempos de recorrência (anos)
Para as estações de Portugal de que já se dispõe dos máximos para períodos curtos, calcularam-
se aquelas reacções para um tempo de recorrência de 2 anos e obtiveram-se, por exemplo, para
10 minutos, 0.47 e para 30 minutos, 0.79, com um desvio padrão de 0.06 e 0.05 respectivamente.
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Quadro 4 -Coeficientes de escoamento usualmente aceites
Uma escolha cuidada do coeficiente de escoamento é muito importante. Uma pequena variação
na escolha deste coeficiente poderá traduzir-se em grandes diferenças dos valores finais dos
caudais de cheia.
Em áreas mistas deve calcular-se o coeficiente de escoamento médio ponderado.
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C ∑ Ci Ai
A i
Alguns autores na tentativa de uma aplicação mais geral e precisa da fórmula racional deduziram
modos de determinação do coeficiente em função da percentagem de áreas impermeáveis e das
características físicas da bacia. O coeficiente de escoamento, C, seria o produto de três factores:
C1 -coeficiente volumétrico que exprime a relação entre a precipitação útil e a precipitação
total;
C2 - coeficiente de assimetria que exprime a assimetria do hidrograma representativo da
bacia;
C3 -coeficiente de atraso que exprime o desfasamento entre o fim da precipitação e o instante
em que se regista o caudal de ponta.
Para outros autores o coeficiente C seria igual ao produto de outros três factores:
a - coeficiente de dispersão que leva em conta a desigualdade de distribuição da precipitação
na bacia;
b – coeficiente de atraso que exprime o atraso na contribuição de determinados sectores da
bacia;
c – coeficiente de impermeabilização que leva em conta a natureza das superfícies de
escoamento.
Quadro 5 – Coeficientes de escoamento segundo Kuichling
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Quadro 6 – Valores do coeficiente de escoamento em função do tipo de solo, sua ocupação e
inclinação
3. MÉTODO DE HAUFF
O método gráfico de Hauff, também conhecido por método dos planos de atraso, aplica-se a
bacias urbanas de grande área.
Para aplicar este método, em primeiro lugar, faz-se uma decomposição da bacia urbana em
várias sub-bacias correspondentes às diversas áreas que alimentam determinado colector.
Depois, com os caudais obtidos pela aplicação do método racional às várias sub-bacias vai-se
traçar um gráfico com os diagramas, devidamente desfasados, da variação dos caudais
respectivos com o tempo (ver Figura 5).
A leitura do exemplo de cálculo que se segue permitirá uma melhor percepção dos princípios
conceptuais deste método de cálculo de caudais pluviais.
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3.2. EXEMPLO DE CÁLCULO
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Resolução:
Finalmente calculam-se os caudais de ponta para cada sub-bacia por aplicação da fórmula
racional.
Quadro 8 – Caudais de ponta para cada sub-bacia por plicação da fórmula racional
Colector L (m) A (ha) C (Tc=L/V (min) I (l/s/ha) Q=CIA (l/s)
AS 900 4.5 0.6 15 85 229.5
BA 600 8 0.5 10 85 340
CA 450 2 0.5 7.5 85 85
DA 600 6 0.6 10 85 306
ED 1200 8 0.5 20 85 340
FD 1500 10 0.4 25 85 340
Em seguida, traça-se um gráfico marcando em abcissas os tempos e em ordenadas os caudais.
Para cada colector e independentemente, desenham-se os diagramas da variação do caudal
respectivo com o tempo. Estes diagramas desenham-se avançados, a partir da origem, do tempo
igual à soma dos tempos de concentração dos colectores anteriores, visto ser esse o tempo que o
colector respectivo leva a contribuir para o caudal na secção S (Ta - tempo de atraso de
determinada sub-bacia). Os diagramas traçam-se ainda uns sobre os outros a começar pelos mais
próximos da secção S (ver Figura 5).
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Figura 5 - Gráfico de diagramas
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• -Número de escoamento (CN -"curve number")
Trata-se de um parâmetro que procura descrever o tipo de solo, utilização que lhe é dada e
condição da sua superfície, no que diz respeito à potencialidade de se gerar escoamento
superficial. O valor de CN está compreendido entre zero e cem, correspondendo zero a uma
bacia de condutividade hidráulica infinita e cem a uma bacia totalmente impermeável.
CN está tabelado nos Quadros 4 e 5 para os 4 tipos distintos de solos do Quadro 7 e para uma
situação média da condição antecedente de humidade (AMC II -Antecedent moisture condition
class II).
Estes valores de CN devem ser corrigidos se, se desejar efectuar cálculos para situações
antecedentes particularmente secas (AMC I) ou particularmente húmidas (AMCIII) -ver Quadro
8. No Quadro 6 apresenta-se a condição antecedente de humidade (AMC) que deve ser
considerada com base na precipitação total ocorrida nos cinco dias antecedentes.
Quadro 4 – Valores do coeficiente de escoamento para regiões urbanas e sub-urbanas
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Quadro 5 – Valores do coeficiente de escoamento para regiões rurais
Quadro 6 – Condição antecedente de humidade em função da precipitação total nos cinco dias
antecedentes
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Quadro 7 – Tipos de solos
Quadro 8 – Valores corrigidos do número de escoamento para AMCI e para AMCIII em função
dos valores de escoamento para AMCII
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• Capacidade máxima de retenção - S “Potencial maximum retention”
Este conceito procura exprimir a capacidade potencial máxima da bacia para "absorver" água,
que se torna assim não utilizável para a geração do escoamento superficial. O valor de S depende
apenas de CN, pela expressão:
25400
CN =
254 + S
Ia = 0.2 S
Em pequenas bacias, os caudais de cheia são constituídos quase unicamente por escoamento
superficial. Interessa, pois, conhecer a precipitação útil responsável pela formação do
escoamento superficial.
A relação entre a precipitação útil (Q) e a precipitação total (R) apresenta-se na Figura 7. A
precipitação útil inicia-se quando as perdas iniciais (I) estão satisfeitas.
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R − Q − Ia S
=
Q R − Ia
( R − 0.2S ) 2
Q=
R + 0.8S
onde:
Q = altura de precipitação útil (mm)
R = altura de água precipitada (mm)
S = capacidade de retenção máxima (mm)
Esta expressão é usada tanto para a determinação da precipitação útil associada a determinada
chuvada ou a volumes totais de precipitação ocorridos em períodos relativamente grandes (1 dia,
por exemplo), como para ir calculando cumulativamente ao longo de uma chuvada os valores de
Q em função de R, e assim obter o hietograma da precipitação útil.
Na Figura 8 temos a resolução gráfica da expressão:
( R − 0.2S ) 2
Q=
R + 0.8S
Através dos métodos descritos anteriormente, com excepção do método de Hauff, calcula-se
apenas o caudal de ponta. O método que a seguir se descreve permite o cálculo do hidrograma de
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cheia.
Com base na análise de um grande número de bacias hidrográficas, o Soil Conservation Service
propõe a utilização do hidrograma unitário sintético adimensional representado na Figura 9.
Este hidrograma unitário sintético é relativo a uma precipitação útil de valor unitário, ocorrida
uniformemente sobre toda a bacia, com a duração de 0.133 Tc.
Com vista a reduzir o número de parâmetros do problema a um único dado, o S.C.S. faz uso do
hidrograma triangular equivalente da Figura 10.
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Da Figura 10 tira-se o volume total de escoamento superficial que será:
ta + tr
Q = qp
2
qp = caudal de ponta (mm/h)
Q = precipitação útil (mm)
t = tempo de ascensão (h)
tr = tempo de recessão (h)
Q
q p = 0.75
ta
AQ
q p = 0.208
ta
O tempo de ascensão, ta, tempo que decorre desde o início do hidrograma até ao seu valor
máximo, pode ser estimado em função do tempo de concentração da bacia, tc através da relação
empírica:
ta = 0.7 tc.
Uma bacia drenante situada numa zona florestal bastante densa é constituída por solos pouco
permeáveis (solo tipo C - ver Quadro 11).
Determine o caudal de ponta na bacia para a chuvada de 3 horas, com o tempo de recorrência de
10 anos, para uma situação média das condições antecedentes de humidade.
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Resolução:
( R − 0.2S ) 2 25400
Q= com CN =
R + 0.8S 254 + S
3º Passo - Determinação dos caudais de ponta correspondentes a cada altura de precipitação útil.
0.208 A( Km 2 ) Q(mm) 3
qp = m /s
t a ( h)
temos então:
ta=2 h
qp=2.69 Q (m3/s)
Podemos agora construir um quadro (Quadro 14) dos caudais de ponta por cada meia hora de
precipitação:
Quadro 10 - Caudais de ponta correspondentes a cada altura de precipitação útil
Como os valores de qp e tc são conhecidos, para cada altura de precipitação útil, podemos obter
as ordenadas dos hidrogramas correspondentes (intervalos de meia em meia hora) -Quadro 15.
Temos então seis hidrogramas, com um desfasamento de meia hora entre cada um deles, que
sobrepostos nos darão o hidrograma complexo (coluna (1) do Quadro 15 e Figura 12).
O caudal de ponta na bacia para a precipitação de 3 horas com o tempo de recorrência de 10 anos
é 33.8 m3/s e ocorre 4 horas após o início da chuvada.
Caudal
3
(m /s)
Nesta rubrica não se pretende analisar exaustivamente esta técnica proposta pelo S.C.S., mas
apenas apresentar sumariamente os princípios em que se fundamenta.
Este método vai decompor a bacia em várias sub-bacias com características aproximadamente
homogéneas. O hidrograma de cheia originado em cada sub-bacia é calculado e propagado ao
longo da linha de água principal. Na secção de interesse é feita a soma dos hidrogramas relativos
a cada sub-bacia, devidamente atenuados pelo efeito da propagação.
Para aplicar este método é necessário, em primeiro lugar, definir para cada sub-bacia a respectiva
área, A, o número de escoamento, CN, o tempo de concentração, tc, e o tempo de escoamento, tt'
desde a sub-bacia até à secção de interesse.
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6. MÉTODO DE DE MARTINO
O método de De Martino tem uma estrutura semelhante ao método racional, mas procura
também atender ao efeito de armazenamento na rede. A sua expressão é a seguinte:
Qp = ϕ C i A
C – coeficiente de escoamento
A – área da bacia
Os resultados deste método foram testados em diversos projectos de águas pluviais, pelo que se
crê ser o mesmo susceptível de continuar a ser utilizado com segurança no dimensionamento das
redes de drenagem pluvial de pequenas áreas urbanas.
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7. SISTEMAS NÃO TRADICIONAIS DE DRENAGEM DE AGUAS
PLUVIAIS
7.1. INTRODUÇÃO
O custo dos colectores pluviais e a sua subutilização tem levado os projectistas a encarar a
solução mais racional de criar reservatórios temporários de acumulação das águas pluviais em
determinados pontos da rede para amortecer os caudais de ponta, e consequentemente conduzir a
diâmetros inferiores dos colectores.
Podem nomear-se dois tipos de práticas. Uma que interfere com o sistema de drenagem (por
exemplo, a utilização de bacias de retenção) e outra adoptada no sentido de reduzir e/ou atrasar o
escoamento pluvial afluente à rede (aumentar o volume de infiltração; aumentar o volume de
água retida e interceptada em depressões e na vegetação; promover o armazenamento temporário
das águas; permitir que durante a ocorrência de precipitações intensas, se crie uma altura de
escoamento superficial nos passeios, arruamentos, parques de estacionamento).
7.2.1. DEFINIÇÃO
A bacia de retenção é uma estrutura que se destina a regularizar os caudais pluviais afluentes,
restituindo a jusante caudais compatíveis com um limite previamente fixado ou imposto pela
capacidade de escoamento de uma rede ou curso de água existente.
Para além da função específica de regularização, as bacias de retenção podem constituir pólos de
interesse recreativo e turístico (locais onde se pode andar de barco e pescar), reserva de incêndio,
reserva para fins de rega, etc.
Quanto à sua localização elas podem situar-se a jusante de sub-bacias que constituam a bacia
principal (Figura 13) ou a jusante da bacia principal (Figura 14).
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Quanto ao comportamento hidráulico as bacias de retenção podem ser "secas" (permanecem com
água em períodos relativamente curtos) ou de "nível de água permanente" (permanecem com
água mesmo em períodos secos de longa duração).
No projecto de bacias com nível de água permanente é essencial um estudo do balanço entre as
afluências (escoamento pluvial, alimentação da toalha freática, etc.) e efluências (evaporação,
infiltração, escoamento a jusante) para que se garanta um nível de água permanente e satisfatório
sob o ponto de vista quantitativo e qualitativo.
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Figura 15 - Desenho esquemático de uma bacia de retenção do tipo "on -1ine"
Na implantação de bacias secas é condicionante o nível máximo atingido pela toalha freática, a
qual se deve encontrar abaixo da cota do fundo da bacia (caso contrário corre-se o risco de criar
zonas pantanosas com todos os inconvenientes daí resultantes).
7.2.2. DIMENSIONAMENTO
Apresentam-se de seguida parâmetros de dimensionamento:
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Em bacias "nível de água permanente" (Figura 18 ):
o Paramento vertical de 0.75 m (ao longo do qual se exercem as variações de nível de água
aconselha-se uma variação de aproximadamente 0.50 m);
Figura 18 - Perfil tipo possível de uma bacia com nível de água permanente
Vai-se descrever, seguidamente, o método expedito conhecido pelo método holandês (muito
utilizado na Holanda para a drenagem de água dos polders). Este método baseia-se no
conhecimento das curvas de intensidade-duração-frequência e permite calcular o volume
necessário para armazenar o caudal afluente, resultante da precipitação de tempo de recorrência
Tr e para evacuar um caudal constante q (l/s) correspondente à capacidade máxima de
escoamento do colector ou caudal de jusante.
O caudal específico efluente, ou seja, o caudal por unidade de área activa (produto da área real
pelo coeficiente de escoamento respectivo), será:
q q 0.36
qs = (l/s/ha) ou q s = (mm/min)
CA CA 60
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i = atb
O volume de precipitação afluente, expresso em mm, sobre a bacia será (curva de altura de
precipitação-duração-frequência):
H (t , Tr ) = i t = a t b +1
Por outro lado, o volume efluente será em cada instante e por unidade de área activa da bacia:
Ve = qs t
Va = H − Ve = a t b +1 − q s t
dVa
= 0 = a (b + 1) t b − q s
dt
1/ b
qs
t máx =
a (b + 1)
O volume armazenado máximo, expresso em mm, sobre a área activa da bacia, será:
b +1 1 b +1 1
qs b qs b qs b
qs b
V = Va máx = a − qs V = 10a − qs CA
a (b + 1) a (b + 1) ou a(b + 1) a (b + 1)
i = 4.51 t −0.582
Resolução analítica
A=10 ha
a=4.51
b=-0.582
C=0.85
q 0.36
q=600 l/s? q s = =0.42 mm/min
CA 60
Aplicando a fórmula do volume máximo armazenado
b +1 1
qs b
qs b
V = 10 a − qs CA vem V=656 m3
a (b + 1) a (b + 1)
Resolução gráfica
H
(m)
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2º Passo – marcação da recta correspondente ao caudal evacuado para jusante expresso na forma
de uma altura da lâmina líquida uniformemente distribuída pela área activa:
q 0.36
qs = =0.42 mm/min
CA 60
3º Passo – marcação da tangente à curva H(t, Tr) que seja paralela à recta do caudal evacuado.
4º Passo – leitura directa (em mm), na Figura 20, do volume da bacia de retenção:
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