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INSTRUÇÃO DE SERVIÇO

CÓDIGO TES: ET10000_2023_0001

ESTUDO TÉCNICO PARA DETERMINAÇÃO DO TEMPO DE


CONCENTRAÇÃO

Primeira Edição Revisada: 11 de fevereiro de 2023

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................2

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1. INTRODUÇÃO

Durante o projeto de qualquer dispositivo do sistema de drenagem é

de suma importância adotar o valor mais adequado do tempo de

concentração.

Tempo de Concentração (TC) é o intervalo temporal para que toda

bacia contribua para o escoamento superficial (Tomaz, 2002).

Existem inúmeras metodologias para se calcular o valor do TC,

entretanto por se decorrer basicamente de formulações empíricas, é

possível obter valores diferentes para uma mesma bacia. Segundo

McCueen (1993), o valor real do tempo de concentração nunca será

determinado.

Qualquer erro no cálculo do tempo de concentração pode incorrer

no subdimensionamento ou superdimensionamento do sistema,

impactando significativamente no orçamento do projeto ou ter

consequências ambientais severas.

Sendo assim cabe ao projetista se debruçar sobre o projeto/estudo

em questão e avaliar qual rotina de cálculo é mais adequada, não podendo

se alterar a metodologia sem critérios fundamentados, apenas para

adequar o problema a uma solução sem critérios, cabendo ao mesmo a

realização de estudo complementares, quando necessário, para o cálculo

do tempo de concentração.

A propagação durante o tempo de concentração não é algo linear,

uma vez que o fenômeno está associado com as alterações de vazão ao

longo do trajeto da água, sendo assim quanto maior for a vazão da bacia,

menor será o tempo de concentração.

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A Figura 1 elucida o tempo de concentração de uma bacia através de

um hidrograma.

Figura 1 - Bacia hipotética e a variação da vazão pelo tempo

Fonte: (Costa, 1993).

Observe que dado ao inicio da precipitação, a curva de área azul não

apresenta a vazão máxima de saída da bacia, por não ter tempo suficiente

para que a água que caiu mais distante dentro da bacia saia pelo exutório.

Com o decorrer do evento pluviométrico, a bacia passa a apresentar

a vazão máxima, estabilizando um platô neste valor de vazão, onde a

precipitação já passou por todos os fenômenos físico para chegada no

exutório, analisando a bacia de maneira integral, podendo ser considerado

que neste momento todo o volume que cai sobre a bacia está saindo pelo

exutório.

O tempo de concentração pode ser influenciado pelos seguintes

pontos:

 Maior tempo de concentração:

o Talvegue mais longo (ex. talvegues meandrosos);

o Bacias alongadas

o Maior tempo de interceptação

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 Menor tempo de concentração:

o Declividade de talvegue acentuada (ex. perfis

montanhosos);

o Talvegues retificado (ex. canalizações);

o Umidade antecedente da bacia (ex. solo saturado por

precipitações anteriores);

o Impermeabilização da bacia.

O objetivo desta instrução de serviço não é esgotar o assunto a

respeito do tempo de concentração, algo já explorado por outros autores

como SILVEIRA (2005) e AZIZIAN (2018), por outro lado, visa apresentar a

metodologia adotada na planilha de dimensionamento do sistema de

drenagem, bem como pontuar abordagens que apresentem relevância

para os mais diversos tipos de projetos de drenagem.

1.1 Planilha de dimensionamento – situação típica

A planilha de dimensionamento da Schettini Engenharia, adota como

rotina padrão de calculo a descrita por Bem Urbonas no Manual de

Critérios de Sistema de Drenagem de Danver, Colorado (Urban Storm

Drainage Criteria Manual), que consiste na seguinte estrutura.

tc= ( 54L )+ 10
Onde:

L = Comprimento da galeria em metros.

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1.2 Projetos extraordinários - Situações atípicas

Em situações atípicas, se faz necessário calcular o tempo de

concentração por diversas abordagens visando adotar o valor mais

adequado a problemática em questão.

o DNIT em seu Manual de Hidrologia Básica para Estruturas de

Drenagem (IPR – 715), aconselha que seja dado preferência as fórmulas que

apresente valores razoáveis tanto para bacias pequenas quanto para as

médias e grandes, elencando as seguintes fórmulas:

 Fórmula de Kirpich – Esta formulação é amplamente utilizada no

método racional e apresenta a seguinte estrutural:


0,77
0,019 × L
tc= 0,385
S
Onde:

L = Comprimento do talvegue em metros

S = Declividade do talvegue em m/m

Segundo Akan (1993), o valor encontrado deve ser multiplicado por

0,4 quando o escoamento superficial da bacia se desenvolver sobre asfalto

ou concreto.

 Fórmula de Kirpich modificada - Esta formulação apresenta

velocidade média de escoamento superficial de 4,0km/h para bacias

pequenas e para bacias maiores 4,8km/h, sendo indicada para

diversos valores de área:

( )
0,385
L3
tc=1,42
H
Onde:

L = Comprimento do talvegue em Km;

H = desnível máximo em m.
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 Fórmula do DNOS - Esta formulação foi apresentada pelo

Departamento Nacional de Obras de Saneamento.

10 × A 0,3 × L0,2
tc=
K × I 0,4
Onde:

A = área da bacia em hectare;

L = comprimento do curso d’água em metro;

I = declividade em %

K = valor dependente do solo de cobertura da bacia

 Terreno areno-argiloso, coberto de vegetação intensa, elevada

absorção K = 2,0

 Terreno comum, coberto de vegetação, absorção apreciável K = 3,0

 Terreno argiloso de vegetação média, pouca absorção K = 4,5

 Terreno com rocha, escassa vegetação, baixa absorção K = 5,0

 Terreno rochoso, vegetação rala, reduzida absorção K = 5,5

 Fórmula do George Ribeiro – Esta formulação considera além dos

parâmetros básicos como comprimento do curso d’água e

declividade, o percentual de área da bacia coberta por vegetação,

sendo aplicável para qualquer tamanho de bacia.


16 × L
tc= 0,04
( 1,05−0,2 × pr ) × (100 × I )
Onde:

L = comprimento do curso d’água em Km;

I = declividade em m/m;

pr = parâmetro dado pela porção da bacia coberta por vegetação.

Entretanto nesta abordagem é necessário ter real conhecimento da

porção da bacia coberta por vegetação, sendo fundamental o estudo de

uso e ocupação do solo para sua aplicação.

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 Fórmula do Pasini – Fórmula de origem italiana sendo apresentada

no Brasil por Pfasfstetter (1976).

0,107 × √3 A × L
tc=
√I
Onde:

A = área da bacia em Km²;

L = comprimento do curso d’água em Km;

I = declividade em m/m.

Esta abordagem por ser aplicada em qualquer tamanho de bacia

hidrográfica, apresentando velocidade de 3,9km/h em média para bacias

pequenas e 2,3km/h para bacias maiores.

 Fórmula do Ventura – Fórmula de origem italiana sendo apresentada

no Brasil por Pfasfstetter (1976).

0,107 × √ A × L
3
tc=
√I
Onde:

A = área da bacia em Km²;

L = comprimento do curso d’água em Km;

I = declividade em m/m.

Esta abordagem por ser aplicada em qualquer tamanho de bacia

hidrográfica, apresentando velocidade de 3,9km/h em média para bacias

pequenas e 2,4km/h para bacias maiores.

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1.3 Verificação da velocidade

Nestas situações atípicas se faz necessário calcular a velocidade

média do escoamento superficial, com o intuito de entender se realmente a

bacia hidrográfica foi representada corretamente em relação ao seu tempo

de concentração, uma vez que parâmetros como coeficiente de

escoamento superficial e rugosidade são determinados com considerável

grau de incerteza, independente da fórmula adotada.

O Quadro 1apresenta valores médios para velocidade dado ao tipo

de cobertura em função da declividade da bacia, sendo que a velocidade

pode ser calculada para qualquer formulação pela seguinte equação:


L
V=
( t c × 60 )
Onde:

L = Comprimento do talvegue em metros

Tc = Tempo de concentração em minutos

Quadro 1 – Velocidade médias em m/s para o cálculo de Tc


Descrição do Declividade Declividade Declividade Declividade
escoamento 0 a 3% 4 a 7% 8 a 11% >12%
Em superficíe
Florestas 0 a 0,5 0,5 a 0,8 0,8 a 1,0 acima de 1,0
Pastos 0 a 0,8 0,8 a 11 1,1 a 1,3 acima de 1,3
Áreas cultivadas 0 a 0,9 0,9 a 1,4 1,4 a 1,7 acima de 1,7
Pavimentos 0 a 2,6 2,6 a 4,0 4,0 a 5,2 acima de 5,2
Em canais
Mal definido 0 a 0,6 0,6 a 1,2 1,2 a 2,1 -
Bem definido Calcular pela fórmula de Manning

Fonte: (Porto et al. In Tucci, 1993).

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1.4 Formulações que consideram o tipo de solo

É racional pensar que além da declividade da bacia e comprimento

do talvegue, o tipo de solo influencia no tempo de concentração, uma vez

que a depender da condutividade hidráulica da camada mais superficial de

solo a bacia pode gerar mais facilmente escoamento superficial, ou

prolongar o tempo de concentração.

Deste modo, diversos autores apresentam formulações matemáticas

que consideram o tipo de cobertura da bacia e apresentam resultados

aceitáveis, por outro lado, estas metodologias estão mais suscetíveis a

erros de concepção por adoção de valores que não representem

verdadeiramente as características físicas da bacia, influenciando

diretamente nos valores obtidos.

Portanto, mediante a adoção de formulações que considerem o tipo

de solo, é necessário a realização de estudos geotécnicos que caracterizem

toda a bacia hidrográfica de maneira adequada, sendo obrigação do

responsável pelo projeto conferir outras metodologias para o calculo do

tempo de retorno adotando a mais bem fundamentada.

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2. TERMO DE RESPONSABILIDADE

A Instrução de Serviço ET10000_2022_0001 foi elaborada em

consonância com a legislação e normas pertinentes.

Sendo assim, a partir da assinatura do Termo de Responsabilidade o

Gerente responsável declara:

 Fiscalizar os requisitos exigidos para funcionamento e

exercício das atividades, para efeito de cumprimento do prazo

e normas legais;

 Estar ciente das implicações legais e efeitos jurídicos quando

do descumprimento das normais, bem como, quanto a

veracidade das informações;

 Aprovar a medição de serviço mediante ao cumprimento das

normas legais e qualidade das entregas.

Campo Grande, _______ de _______________________________ de _________.

_______________________________________________________

Assinatura Gerente

_______________________________________________________

Assinatura Testemunha

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