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Índice

1 - Introdução...............................................................................................................................2
1.2 - Objectivos............................................................................................................................3
1.2.1 - Objectivos gerais...............................................................................................................3
1.2.2 - Os objectivos específicos..................................................................................................3
2 - APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAS.....................................................................4
2.1 - Esgotamento de águas pluviais de pequenas áreas...............................................................6
2.1.1 - Estimativa da precipitação pluvial....................................................................................6
2.2 - Calhas ou canaletas..............................................................................................................6
2.2.1 - Dimensionamento das calhas............................................................................................7
2.2.2 - Calhas ou canaletas de secção semicircular.......................................................................7
2.3 - Condutores de águas pluviais...............................................................................................8
2.3.1 - Condutores Verticais.........................................................................................................8
2.3.2 - Condutores horizontais.....................................................................................................9
3 - Conceito do aproveitamento de águas pluviais.....................................................................10
3.1 - Recolha..............................................................................................................................11
3.1.1 - Área de captação.............................................................................................................11
3.2 – Condução, tratamento e armazenamento...........................................................................11
3.2.1 - Condução........................................................................................................................11
3.2.2 - Tratamento e coeficiente de eficiência de filtragem........................................................12
3.2.3 - Armazenamento..............................................................................................................12
3.3 - Condução para pontos de consumo....................................................................................14
3.3.1 - Usos da água recolhida e consumos................................................................................14
3.3.2 - Consumos.......................................................................................................................15
3.3.3 - Rega................................................................................................................................15
3.3.4 - Utilização de águas pluviais para uso doméstico.............................................................16
3.4 - Manutenção do sistema......................................................................................................18
4 - Vantagens e desvantagens de Aproveitamento de Águas Pluviais........................................19
4.1-Importância do aproveitamento de água pluviais.................................................................20
5 - Conclusão.............................................................................................................................22
6 - Referências bibliográficas.....................................................................................................23
1 - Introdução
O presente trabalho tem como um de seus objectivos o desenvolvimento de um Sistema
de Aproveitamento de Águas Pluviais.

Uma vez que vivemos em um planeta com recursos finitos evidencia-se então a
necessidade de um pensar e projectar de forma técnica, responsável e objectiva, de
modo descentralizar a gestão de nossos recursos, não restringindo essas decisões apenas
à esfera pública.

Os capítulos iniciais deste trabalho buscam situar o(a) leitor(a) quanto à relevância do
assunto e suas motivações através de um recorte geopolítico e da sustentabilidade, para
ter uma visão mais técnica sobre o assunto. Enquanto no capítulo quinto é abordada essa
metodologia aplicada a edificação específica de estudo, expondo suas características e
os critérios adoptados no dimensionamento de cada componente do sistema. Por fim, os
dois capítulos finais tratam das vantagens e desvantagens de aproveitamento de águas
pluviais e importância do aproveitamento de água pluviais.

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1.2 - Objectivos

1.2.1 - Objectivos gerais

 Implementação do sistema de aproveitamento de águas pluviais visando atender


uma demanda para fins não potáveis.

1.2.2 - Os objectivos específicos

 Elucidar a relevância do aproveitamento de águas pluviais de forma sistemática


e racional;

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2 - APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAS

A água potável é um bem essencial à vida. No entanto, cada vez mais este recurso se vai
tornando mais escasso e a tendência, num futuro mais próximo do que a generalidade
das pessoas antecipa, é no sentido de que grande parte da população não terá acesso
fácil a ele. Cerca de 71% da superfície terrestre é constituída por água, mas, no entanto,
apenas 2,5% está disponível para o nosso uso. Segundo a ONG Tearfund, o consumo
mundial de água cresceu duas vezes mais rapidamente do que a população mundial, no
último século. Este aumento da população e da diversidade de actividades praticadas
pelo Homem com o uso do recurso água, conduzem à redução rápida das reservas de
recursos hídricos, tornando cada vez mais a conservação deste recurso num desafio vital
para a humanidade. Também o aumento da poluição é um factor que reduz a quantidade
de água disponível para consumo. É possível observar, nos dias de hoje, alguns
impactos que afectam a população mundial devido à falta de água, tais como:

 Cerca de novecentas mil pessoas não têm acesso a água potável;


 Mais de dois mil milhões e meio de pessoas, ou seja, duas em cada cinco
pessoas não dispõem de saneamento básico;
 Cerca de um terço das doenças mundiais deve-se a problemas ambientais como a
contaminação da água.

Com a escalada destes impactos na nossa sociedade, a água passará de bem inesgotável
a bem escasso, ganhando uma importância na economia global, afectando grande parte
da população mundial. Face a este cenário, torna-se evidente a urgência em repensar o
uso da água, nomeadamente no ciclo predial, implementando novos paradigmas,
propondo-se como base para essa actuação, uma adaptação do conhecido princípio dos
3R (Reduzir, Reutilizar, Reciclar), enunciado para os resíduos no 5ªPrograma de Acção
em Matéria de Ambiente da União Europeia. Contudo, em relação à água, será mais
apropriado definir um princípio de 4R, dado que, para além da redução dos consumos,
da reutilização da água e da sua reciclagem, é importante considerar também, numa
perspectiva de sustentabilidade, o recurso a origens alternativas. Dentro das
preocupações de sustentabilidade, convém recordar que a qualidade deve ser ajustada às
necessidades de utilização, pois um tratamento “excessivo” da água de abastecimento
implica consumos desnecessários de recursos (energia, reagentes, etc.). No caso
particular dos edifícios, dado que existem diferentes usos da água aos quais podem

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corresponder diferentes requisitos de qualidade, torna-se evidentes que existem
oportunidades para utilizar, de forma adequada, diferentes origens.

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2.1 - Esgotamento de águas pluviais de pequenas áreas

É regido pela NBR 10844:1989 da ABNT – Instalações Perdias de Águas Pluviais. A


instalação de esgotamento de águas pluviais em prédios de qualquer porte, pátios e áreas
limitadas pode abranger dois casos:

 Os elementos que constituem a rede de esgoto pluviais em questão acham-se


acima da geleira do logradouro público ou da sarjeta e, nesse caso, por
gravidade, as águas são conduzidas até esses locais;
 Os elementos referidos encontram-se em cota inferior à do colector ou do poço
de visita públicas. Torna-se necessário construir um poço de águas pluviais e
bombear a águas até uma caixa de passagem, de onde, por gravidade, possa
escoar até a galeria pública.

As águas de telhados, terraços, áreas e terrenos são conduzidas por escoamento


natural por gravidade para o colector da via pública, caso este exista, para sarjeta ou,
ainda, para alguma vala, canal ou curso de água que passe próximo do local a
esgotar.

2.1.1 - Estimativa da precipitação pluvial

No caso que estamos considerando, procura-se simplificar a questão de estabelecimento


da intensidade da chuva, que devera ser prevista para o dimensionamento de calhas e
condutores. Para área maiores como as de loteamento devem ser feitas considerações
que conduzam a uma maior exactidão no projecto.

Com base em dados pluviométricos locais, procura-se conhecer as chamadas chuvas


criticas, isto ѐ, as de pequena duração mas de grande intensidade.

A experiencia tem mostrado, que normalmente, as chuvas de curta duração são de


grande intensidade e, ao contrário, as chuvas prolongadas são de menor intensidade.
Com ralos, calhas e condutores recebem essa precipitação, devem ser dimensionados
para as chuvas intensas, de modo que, integralmente e em espaço de tempo muito
pequenino, as águas sejam drenadas, evitando que ocorram alagamento,
transbordamento e infiltrações.

2.2 - Calhas ou canaletas

Nos telhados empregam-se calhas que, conforme o detalhe arquitectónico, podem ser de
cobre, cimento-amianto, PVC rígido, chapas galvanizadas, fiberglass e concreto. Em

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áreas e pátios, recorre-se, as vezes, a canalatas abertas ou recobertas com grelhas,
tampas de concreto armado ou ferro fundido.

As curvas, derivações, bocais, esquadros e luvas são fabricados geralmente no período


local da obra. A fixação e feira com abraçadeiras de ferro ou aço.

2.2.1 - Dimensionamento das calhas

Podemos calcular as calhas por meio de fórmulas da hidráulica de canais, ou usar


tabelas e abacos que, evidentemente, foram calculados por fórmulas a partir de
hipóteses quanto a precipitação pluvial.

Emprego das equações clássicas de hidráulica de canais

√ √
( )
3 2 3 2
R ∙√ I R ∙√ I
V= e Q=K ∙ S
n n

Onde:

V = velocidade de escoamento, em m∙ s−1

R = raio hidráulico = razão entre a área molhada e o perímetro molhado

altura disponivel
I = declividade em m/m=
comprimento da calha

n = coeficiente de rugosidade, considerando como igual a 0,o12 para calhas de material


liso

K = 60.000

S = área molhada m2

2.2.2 - Calhas ou canaletas de secção semicircular

Considerando a calha semicircular de raio r trabalhando à secção plena, raio hidráulico


R e dado por:

R=
( )
π r2
2
=
r
2 πr 2
2

Com o valor de r se calcula o raio hidráulico R. Tendo-se r e conhecendo-se o


coeficiente de rugosidade n e a declividade I, determina-se a velocidade V.

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Pela equação de continuidade Q= S ∙V onde se obtém a vazão Q.

Dividindo Q(m 3 ∙ s−1) pela precipitação expressa em 1/s/m2, acha-se a área de cobertura
ou terreno drenada pela calha

Exemplo

Qual a área que poderá ser esgotada por uma calha semicircular de 15 cm de diâmetro, sendo a
declividade da calha e 1%, o coeficiente de rugosidade igual a 0,013 e a precipitação de 0,042 1/s/m2?

r = 0,150 m ÷ 2 = 0,075 m

I = 1% = 0,01

n = 0,013

Q = 0,042 1/s/m2 = 0,000042 m3/s/m2

π
Raio hidráulico R= =0,0375 m
2

∛ R2 ∙ √ I ∛ 0,0375 × √ 0,01
V= = =0,0862 m∙ s−1
n 0,013

( )
2 2
πr 3,14 ×0,075 ×0,0862 3 −1
Q=S ∙ V = ∙V = =0,000761 m ∙ S
2 2

0,000761
A= =18 m2
0,000042

2.3 - Condutores de águas pluviais

Costuma-se designar por condutores os tubos que conduzem as águas pluviais dos
telhados, terraços e áreas abertas as caixas de areia, a partir de onde as águas são
conduzidas ao local de lançamento por colectores. Esses colectores, quando de diâmetro
pequeno, são chamados de condutores de águas pluviais. O local de lançamento pode
ser um colector público, uma galeria de águas pluviais, uma caixa de ralo da via pública,
um canal ou rio.

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2.3.1 - Condutores Verticais

O condutor vertical pode ser ligado, na sua extremidade superior, directamente a uma
calha (caso de telhados), ou receber um raio quando se trata de terraços ou calhas largas,
onde se receba a obstrução do condutor por folhas, papéis, trapos e detritos diversos.

O condutor normalmente não é nem deve ser calculado como um encanamento à secção
plena, e o formato dos ralos e suas grelhas determinam um perda de carga de entrada
que so experimentalmente pode ser determinada. Por essa razão se justifica o emprego
de tabelas consagradas pelo uso e os bons resultados obtidos em função dos diâmetros
de condutores verticais, já levando em conta as consequências da obstrução de grelhas
dos ralos.

Área máxima de cobertura esgotada por um condutor de águas pluviais


Diâmetro do
condutor Declividade
0,5% 1% 2% 4%
2'' 32 46
3'' 69 9 139
4'' 144 199 288
5'' 167 255 334 502
6'' 278 390 55 80
8'' 548 808 1105 1816
10'' 910 1412 180 2824

2.3.2 - Condutores horizontais

Os condutores de terraços, áreas abertas, pátios etc., são denominados horizontais,


quando sua declividade é pequena. Em geral, são dimensionados para trabalhar a secção
plena, com a declividade necessária e suficiente para escoar com velocidade
aconselhável, vencendo a perda de carga

Podemos calcular a área máxima drenada pelo condutor considerando a secao plena e
usando a fórmula de manig

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3 - Conceito do aproveitamento de águas pluviais

O aproveitamento de águas pluviais consiste na recolha, desvio e armazenamento de


águas pluviais para posterior utilização doméstica. O objectivo principal destes sistemas
consiste em substituir a água de uso doméstico sem exigência de potabilidade, por água
pluvial devidamente recolhida e fornecida, sendo tratada durante o percurso entre
recolha e fornecimento. Este campo tem sido alvo de permanente estudo e
desenvolvimento.

Esquema representativo de um sistema de recolha de água pluvial a verde

O sistema de águas pluviais pode ser dividido em etapas para uma melhor compreensão:
 Recolha;
 Condução e Tratamento;
 Armazenamento;
 Condução para pontos de utilização.

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3.1 - Recolha

As superfícies dos edifícios onde normalmente é feita a recolha das águas pluviais são
os telhados e terraços porque representam a maior área impermeável do terreno ocupado
e a maneira mais fácil e próxima de recolher a água, promovendo a menor
contaminação possível. A qualidade da água recolhida nestas superfícies depende dos
materiais usados na sua construção e dos resíduos que, ao longo do tempo, se vão
depositando. Normalmente, após longos períodos de tempo entre precipitações, os
telhados tendem a ficar mais sujos e, por isso, recomenda-se o não aproveitamento das
primeiras águas. A quantidade de água que se obtém dificilmente é igual à que precipita.
Este facto deve-se a perdas aquando do processo de recolha, tais como a evaporação,
arrastamento pelo vento, ou mesmo pequenas fugas no percurso. Para contabilizar estas
perdas é necessário introduzir o conceito de coeficiente de escoamento.

3.1.1 - Área de captação

A quantidade de água captada depende da área de captação, logo, quanto maior esta for,
maior será o volume de água disponível. A superfície de recolha é a grande responsável
pela qualidade final da água, logo, e de acordo com as exigências de qualidade, a
recolha poderá em alguns casos ser alargada da cobertura para pavimentos transitáveis
ou vias de comunicação.
A área referente à captação de uma qualquer exploração define-se pela projecção
horizontal dos seus planos. Assim, a área de recolha de água de um edifício é dada,
normalmente, pela área de implantação deste.

3.2 – Condução, tratamento e armazenamento

3.2.1 - Condução

A água captada é conduzida para o reservatório através de órgãos de condução


incluindo-se nesta denominação as caleiras e os tubos de queda. Para além da água,

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estes dispositivos recolhem todo o tipo de detritos que acabam por contribuir para o
crescimento bacteriano e para a contaminação da água no reservatório.

3.2.2 - Tratamento e coeficiente de eficiência de filtragem

Quando decorrem grandes períodos de tempo seco aconselha-se a não aproveitar a água
da primeira chuvada “first flush”, pois geralmente contém uma carga muito elevada de
pó acumulado e detritos que vão de folhas a dejectos de pássaro. Recomenda-se por isso
o desvio das primeiras águas. Outros órgãos instalados para tratar a água são os filtros.
Estes acessórios são visíveis e localizam-se geralmente antes do reservatório. O
objectivo dos filtros é remover a maior quantidade possível de sedimentos e detritos de
pequenas dimensões da água antes do seu armazenamento, evitando as condições
favoráveis ao desenvolvimento de microrganismos ou algas.

Uma eficiência de filtragem de 0,9 para filtros com manutenção e limpeza regulares a
menos que as características do sistema recomendem a adopção de outro valor, sendo
este valor definido como sendo a relação entre a quantidade de água filtrada que chega à
cisterna e a quantidade de água da chuva que chega ao filtro.

3.2.3 - Armazenamento

O armazenamento das águas pluviais colectadas pelo sistema é realizado em


reservatórios ou cisternas. Actualmente, o reservatório de polietileno é o mais comum
de se encontrar no mercado, no entanto a composição dos reservatórios pode se dar
através de materiais como o aço inoxidável, poliéster reforçado com fibra de vidro,
fibrocimento, concreto, alvenaria, entre outros. A escolha do material deverá levar em
consideração não apenas o custo do reservatório, mas suas condições para instalação e
manutenção. Podendo apresentar-se ainda nas seguintes configurações: enterrado,
semienterrado, apoiado ou elevado.

Representando entre 50% a 80% do custo do sistema de aproveitamento de águas


pluviais, o reservatório deve ser dimensionado com redobrada atenção com base em
critérios técnicos, económicos e seguindo as boas práticas da engenharia. Seu
dimensionamento é realizado com base na área de captação, na demanda projectada
para usos não potáveis e no regime pluviométrico, cuja séries históricas e sintéticas das

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precipitações devem ser representativas quanto a sazonalidade na região de
implementação do sistema (ABNT NBR 15527, 2019).

Existem diversos métodos para realização do dimensionamento do reservatório tais


como: o Método da simulação, Método de Rippl, Método prático brasileiro, Método
prático inglês, Método prático alemão, Método prático australiano, entre outros. Para
residências de padrão normal e baixo, o Método da simulação apresenta uma boa
confiabilidade quanto ao atendimento da demanda, sem que se dimensione um
reservatório muito grande ou então insuficiente.

O projecto do reservatório deve levar em consideração elementos como a descarga de


fundo ou bombeamento para limpeza, elemento de ventilação, extravasor, ponto de
acesso e inspecção. Mantendo a água protegida contra incidência directa de luz solar,
calor e a entrada de insectos e animais. Quando o reservatório de água da chuva possuir
suprimento de água potável proveniente de outra fonte, deve ser instalado um
dispositivo de separação atmosférica a fim de evitar refluxo/contaminação com água de
chuva no sistema de água potável (ABNT NBR 15527, 2019). A figura 11 apresenta um
exemplo deste sistema, conforme sugestão da NBR 16783 (ABNT, 2019), quanto ao
distanciamento mínimo das tubulações de abastecimento e extravasor.

Exemplo de afastamentos mínimos para o sistema de separação atmosférica

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3.3 - Condução para pontos de consumo

A menos que o reservatório esteja colocado a uma altura que permita a distribuição da
água até ao local de consumo por gravidade, deverá ser colocado um grupo de pressão.
Este inclui motor, bomba e quadro eléctrico.

Os sistemas de aproveitamento de águas pluviais pode ser todo automatizado mediante a


instalação de um controlador. Este recebe informações sobre a ocorrência de chuva e o
nível de água no reservatório, permitindo fazer o controlo da electroválvula que regula o
“first flush”, do grupo electrobomba e da entrada da água potável na cisterna.

Os pontos de consumos devem ser sinalizados indicando a não conformidade para o


consumo humano. De forma inclusiva, indica-se que o texto de advertência seja seguido
de identificação gráfica visual a fim de englobar pessoas e crianças não alfabetizadas.

Quanto ao seu uso, existem demandas que não necessitam de água com alto padrão de
potabilidade, como por exemplo o consumo na irrigação para fins paisagísticos, uso de
descargas de bacias sanitárias e mictórios, abastecimento de reservatório de combate a
incêndio, usos industriais, lavagem de logradouros, pátios, garagens, áreas externas e
veículos, sistemas de resfriamento de água, uso ornamental, entre outros usos menos
nobres (quando comparado ao consumo humano), fins estes cuja pratica comum tende a
utilizar o abastecimento padrão de águas potáveis.

3.3.1 - Usos da água recolhida e consumos

A água da chuva pode ter, entre outros, os seguintes usos:

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 Descarga de bacia de retrete
 Lavagem de roupas
 Lavagem de pavimentos, automóveis
 Rega de zonas verdes
 Usos industriais (torres de arrefecimento, redes de incêndio, AVAC)

3.3.2 - Consumos

A água da chuva conseguida através de processos sem qualquer desinfecção ou


filtragem complexa, não serve, geralmente, para consumo humano, qualificando-se
como água de segunda qualidade. Esta água pode ser usada em algumas tarefas
domésticas sem pôr em causa a sua eficácia. A limpeza de sanitas, mictórios e a rega
são tarefas que necessitam de grandes quantidades de água. Por exemplo, em média,
uma pessoa utiliza a bacia de retrete entre sete e oito vezes por dia, das quais cerca de
seis para micção e as restantes para defecação, então, se em cada descarga do
autoclismo forem utilizados dez litros, percebe-se que ao fim de um dia uma pessoa
gasta entre setenta e oitenta litros de água.

3.3.3 - Rega

Uma utilização eficiente da água implica que não haja desperdícios, quer por razões
ambientais quer por motivos económicos, uma vez que a água desperdiçada implica
gastos desnecessários.

Nos prados, por exemplo, as plantas organizam-se, distribuem-se de acordo com as suas
necessidades de água, pelo que de acordo com esta lógica, os sistemas de rega deveriam
ser organizados segundo as necessidades das plantas, ou seja, as plantas com diferentes
necessidades são regadas de forma separada. Podemos tomar como exemplo a relva que
deve ser regada separadamente dos arbustos e flores.

Por conseguinte, a rega é um factor muito importante no bom desenvolvimento das


vegetações e é utilizada quando o grau de humidade no solo é insuficiente.

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A água pode ser distribuída segundo duas formas: o sistema automático ou manual com
mangueiras. No primeiro caso devemos tomar atenção ao facto de que as características
do equipamento devem estar adaptadas às áreas e às diferentes plantas.

Numa fase inicial, em que a vegetação se está a adaptar ao local, a rega deve efectuada
com mais frequência. Contudo, perante uma situação de falta de água, as regas devem
ser realizadas quinzenalmente, de forma local e em caldeira, na primavera e verão,
tendo em linha de consideração o regime climático.

A quantidade de água para rega das árvores depende da dimensão destas, no entanto,
deve ser em média de 25 l/árvore em cada 15 dias de estação seca. Por outro lado,
perante as situações de árvores regadas em caldeira, as mesmas podem ser revestidas
com casca de pinheiro para uma conservação mais eficaz da humidade no solo.

3.3.4 - Utilização de águas pluviais para uso doméstico

O aproveitamento de água de chuva em residências pode contribuir com a conservação


de mananciais, com a redução de enchentes nas cidades e com a diminuição da
utilização de energia e insumos na captação, adução, tratamento e distribuição de água
potável. Em zonas rurais e regiões onde há carência de água podem ser utilizadas
reservatórios (cisternas) construídos com o objectivo de acumular água durante período
de precipitações pluviométricas, para utilização na época de estiagem. A água de chuva
armazenada sem tratamento adequado pode ser utilizada apenas para consumo não
potável. A água de chuva tem potencial para utilização na descarga de vasos sanitários,
lavagem de roupas, irrigação de jardins, na lavagem de carros, em sistemas de ar-
condicionado e em sistemas de combate de incêndios, entre outros. Um sistema de
aproveitamento de água de chuva possui, em geral, os seguintes componentes:

a) Área de colecta: local onde a chuva precipita a fim de ser captada. É importante
no dimensionamento do volume de reservação, pois quanto mais for à área de
captação maior será o volume de água de chuva capturado e armazenado. A área
de captação deve suprir a demanda de consumo de água.

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b) Calhas e condutores: Condutos que levam a água captada até o reservatório. As
calhas são dispostas na horizontal e os condutos na vertical. Os
dimensionamentos desses componentes devem seguir a NBR 10844.
c) Dispositivo de descarte das “primeiras águas”: componente utilizado para
descartar a água que lava a área de captação, local onde se acumula poeira,
fuligem e outros contaminantes atmosféricos que podem alterar a qualidade da
água. Para este descarte pode-se dispor de desvio manual da água ou
dispositivos instalados em bóias de tanques intermediários.
d) Separador de materiais grosseiros: dispositivo utilizado para a separação de
galhos, folhas e outros materiais que podem ser depositados na área de captação.
Existem no mercado filtros produzidos para esta função, podendo também ser
fabricados.
e) Armazenamento: sistema composto por dois reservatórios. Um inferior,
enterrado com o objectivo armazenar a água colectada e compensar a variação
da precipitação de chuva, e um reservatório superior para distribuição por
gravidade até os pontos de utilização.
f) Sistema de recalque: composto por bomba, tubulações e conexões.
Responsável pelo transporte de água do reservatório inferior para o reservatório
superior.
g) Sistema de distribuição: responsável pelo abastecimento de água de chuva nos
pontos de utilização (ex.: bacias sanitárias). Composto por barrilete, colunas,
ramais e sub ramais de distribuição.

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Esquema do sistema de aproveitamento de água de chuva.

3.4 - Manutenção do sistema

Após o término da execução do sistema de aproveitamento, deve ser realizado um


processo de limpeza e desinfecção do mesmo. Os efluentes resultantes dessa operação
não devem ser descartados no sistema de drenagem e sim encaminhados ao sistema
colector de esgoto. Após esta primeira etapa de entrega, a manutenção dos elementos
que compõem o sistema deve ser realizada de maneira periódica, sendo a frequência de
manutenção de cada um de seus componentes previstos pela NBR 15527 (ABNT, 2019)
conforme quadro.

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COMPONENTE FREQUÊNCIA DE MANUTENÇÃO
Dispositivo de descarte de detritos Inspecção mensal
Limpeza trimestral
Dispositivo de descarte de escoamento Inspecção mensal
inicial, se existir Limpeza trimestral
Calhas Inspecção semestral
Limpeza quando necessário
Área de captação, condutores verticais Inspecção semestral
e horizontais Limpeza quando necessário
Dispositivos de desinfecção Inspecção mensal
Bombas Inspecção mensal
Reservatório Inspecção anual, limpeza quando
necessário

A limpeza e desinfecção dos reservatórios devem ser realizadas, no mínimo, uma vez
por ano. O descarte do volume não aproveitado de água da chuva, pode ser direccionado
à rede de galerias de águas pluviais, na via pública ou ainda infiltrar-se total ou
parcialmente no solo, desde que não apresente risco de contaminação do lençol freático.

4 - Vantagens e desvantagens de Aproveitamento de Águas Pluviais

Assim, a captação de água da chuva é já uma prática muito difundida em alguns países
onde têm sido desenvolvidos novos sistemas, possibilitando a captação de água de boa
qualidade, de forma simples e económica. A utilização de água de chuva apresenta
várias vantagens:

 Redução do consumo de água da rede pública;


 Os investimentos de tempo e dinheiro são, quando se trata de captação de água
pluvial em telhados, geralmente positivos podendo variar o tempo de retorno
 É importante ecológica e financeiramente não desperdiçar um recurso natural
escasso, especialmente quando este pode estar disponível em abundância no
nosso telhado;
 Encoraja a conservação de água, a auto-suficiência e uma postura activa e
positiva perante os problemas ambientais.

Por outro lado, também é importante salientar que, para além de ser uma medida que
contribui para a conservação de água, a captação de água de chuva é também uma
medida que contribui para a conservação de energia, uma vez que é necessária pouca

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energia para o funcionamento de um sistema de aproveitamento de água da chuva. No
entanto, a captação de água de chuva também traz algumas desvantagens. Poderíamos
apontar como tal o custo da instalação de um Sistema de Aproveitamento de Águas
Pluviais, bem como a diminuição do volume de água que é captada em momentos de
seca. É ainda pertinente enunciar a importância da manutenção deste sistema, de forma
a evitar problemas sanitários. Apesar destas desvantagens, quando analisados os
benefícios inerentes à implementação destes sistemas, percebemos que é capaz de fazer
face aos problemas ligados à escassez de água de forma sustentável.

4.1-Importância do aproveitamento de água pluviais

O tratamento e distribuição da água potável para fins domésticos e comerciais é


normalmente efetuado por uma empresa pública ou privada. Essa água chega ao
consumidor final com qualidade para atender os usos mais exigentes. Porém, nem toda a
água utilizada por esses usuários precisa, necessariamente, desse alto grau de qualidade.
Certos usos que não exigem a mesma qualidade que o consumo de água potável (tais
como irrigação, lavagem de carros, limpeza de pisos, descarga de bacia sanitária,
máquina de lavar roupa) pode utilizar outras fontes de abastecimento tais como:
aproveitamento das águas pluviais e reutilização directa ou indirecta das águas
residuárias.

A água da chuva é uma das mais puras fontes de água. A precipitação, na sua origem,
contém muito poucas impurezas. Porém, ao atingir a superfície terrestre, há inúmeras
oportunidades para que minerais, bactérias, substâncias orgânicas e outras formas de
contaminação atinjam a água. A poeira e a fuligem se acumulam em telhados,
contaminando as águas. Matéria orgânica proveniente de resíduos vegetais e animais
também trazem poluentes para as águas da chuva. Além disso, o uso altamente
difundido de pesticidas, fertilizantes, insecticidas e produtos químicos de origem médica
ou industrial também têm reduzido a qualidade da água. Mas, de uma forma geral, a
água da chuva pode fornecer água limpa e confiável, desde que os sistemas de colecta
sejam construídos e mantidos de forma adequada e a água seja tratada apropriadamente,
conforme o uso previsto. A intensidade de filtração e desinfecção varia conforme ela
seja destinada a usos potáveis ou não potáveis. Para usos menos exigentes, uma simples
filtração e desinfecção (cloração, ou tratamento por ultravioleta, por exemplo) podem

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trazer os indicadores de qualidade para níveis adequados. No caso de uso para irrigação,
o tratamento necessário é mínimo, normalmente requerendo apenas filtragem.

Esta utilização é normalmente indicada para o ambiente rural, condomínios e indústrias.


O baixo custo da água nas cidades para uso residencial normalmente inviabiliza o
aproveitamento económico da água de chuva para fins potáveis. Já para usos não
potáveis, ou no caso de indústrias, onde a água é bem mais cara, esse uso pode-se tornar
altamente viável.

Sistemas de utilização da água da chuva podem ser adoptados para fins domésticos,
comerciais e industriais. No caso de usos domésticos, os mais comuns são descarga de
vasos sanitários, lavagem de carros, lavagem de assoalhos, irrigação de jardins e
sistemas de combate a incêndio. Nas indústrias e prédios comerciais, a água da chuva
pode ser usada para climatização, resfriamento de maquinarias, lavagem industrial de
roupas, lavagem de veículos como carros, ônibus e caminhões, limpeza industrial.

Em centros urbanos bastante populosos e com abastecimento de água potável precário,


as águas pluviais podem tornar-se uma atraente fonte de utilização, embora esta ocorra,
em muitos casos, em áreas onde a atmosfera é poluída. Assim, a utilização de águas
pluviais torna-se atraente nos casos de áreas de precipitação elevada durante boa parte
do ano, áreas com escassez de abastecimento e áreas com alto custo de extracção de
água subterrânea.

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5 - Conclusão

O presente artigo descreve de forma resumida o estado actual do conhecimento sobre


Aproveitamento de águas pluviais e no mundo. Os sistemas mais comummente
utilizados para colecta e aproveitamento da água da chuva são apresentados, avaliando-
se suas principais vantagens e limitações. Também são delineadas algumas
metodologias disponíveis para o dimensionamento dos reservatórios e são descritos
alguns exemplos recentes de aplicação desta tecnologia, englobando aspectos de
qualidade e quantidade da água, além de analisar a viabilidade técnica e económica da
adopção destes sistemas.

O trabalho apresentado mostra uma visão geral da questão do aproveitamento da água


da chuva. Observa-se que o uso de sistemas de aproveitamento da água da chuva podem
ser alternativas viáveis para enfrentar o problema da carência do recurso água, em
aplicações residenciais, industriais e comerciais. Ressalta-se que esses sistemas
apresentam, além da redução no consumo de água potável, também uma contribuição ao
controle de cheias.

Conclui-se, portanto, que os sistemas de aproveitamento de águas pluviais configuram


uma boa alternativa para conservação e valorização do uso da água. Suas características
de baixos custos iniciais, aliados à simplicidade e facilidade de manutenção e controle
fazem com que seja importante efectuar esforços para haver um incremento tanto dos
estudos teóricos sobre esses sistemas, como também um estímulo para aumentar sua
aplicação prática em regiões que enfrentam problemas de abastecimento de água.

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6 - Referências bibliográficas

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