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LIGA DE ENSINO DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO RIO GRANDE DO NORTE


ENGENHARIA CIVIL

ANTÔNIO LUIZ DE ARAÚJO GUERRA FILHO

ANÁLISE DE FONTES ALTERNATIVAS DE ÁGUA VISANDO SEU


APROVEITAMENTO.

NATAL-RN
2018
1

ANTÔNIO LUIZ DE ARAÚJO GUERRA FILHO

ANÁLISE DE FONTES ALTERNATIVAS DE ÁGUA VISANDO SEU


APROVEITAMENTO.

Trabalho de Conclusão de Curso


Engenharia Civil apresentado ao Centro
Universitário do Rio Grande do Norte (UNI-
RN) como requisito final para obtenção de
título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. MSc. Aldo da Fonseca


Tinôco Filho.

NATAL-RN
2018
2

FOLHA DE APROVAÇÃO
3

DEDICATÓRIA
4

AGRADECIMENTOS
5

EPÍGRAFE
6

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
1.1 IMPORTÂNCIA DO TEMA .................................................................................. 10
1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 11
1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................ 11
1.3.1 Objetivos Gerais ............................................................................................. 11
1.3.2 Objetivos Especificos .................................................................................... 11
1.4 METODOLOGIA .................................................................................................. 11
1.4.1 Seleção Da Área De Estudo........................................................................... 11
1.4.2 Ar Condicionados .......................................................................................... 12
1.4.2.1 Cálculo Da Oferta De Água Dos Ar Condicionados ...................................... 12
1.4.3 Água De Chuva ............................................................................................... 13
1.4.3.1 Cálculo Da Oferta De Água Pluvial ............................................................... 13
1.4.4 Cálculo Da Demanda De Água Na Região Da Análise................................. 14
1.4.5 Dimensionamento Dos Componentes do Sistema ...................................... 15
1.4.5.1 Capacidade Da Cisterna ............................................................................... 15
1.4.5.2 Superfície De Coleta ..................................................................................... 15
1.4.6 Qualidade Da Água: ....................................................................................... 15
2.1 ÁGUA DA CHUVA. .............................................................................................. 16
2.1.2 Conceitos: ....................................................................................................... 17
2.1.3 Componentes Do Sistema De Coleta Da Água Da Chuva ........................... 18
2.1.4 Caracterização Dos Sistemas De Drenagem Pluviais ................................. 23
2.1.5 Dimensionamento Dos Condutores Horizontais ......................................... 23
2.1.7 Dimensionamento Dos Reservatórios De Coleta Pluviométricos.............. 27
2.1.8 Aspectos Qualitativos Da Água Da Chuva ................................................... 28
2.1.9 Água Da Chuva Na Cidade De Natal RN ....................................................... 29
2.2.2 Tipos De Aparelhos De Ar Condicionado .................................................... 32
2.2.3 Qualidade Da Água Condensada Por Ar-Condicionado ............................. 33
2.2.4 Sistemas De Coleta De Água Condensada .................................................. 35
2.2.5 Vazão Média Dos Aparelhos De Ar Condicionado ...................................... 38
3 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 40
3.1 DESCRIÇÃO DO SISTEMA ................................................................................ 40
3.2 DADOS DA EDIFICAÇÃO ................................................................................... 42
7

3.3 DADOS METEOROLÓGICOS DA ÁREA............................................................ 44


3.4 ESTIMATIVA DA DEMANDA DE UTILIZAÇÃO DA ÁGUA ................................. 44
3.5 ESTIMATIVA DA PRODUÇÃO DOS AR CONDICIONADOS ............................. 45
3.6 ESTIMATIVA DA CAPTAÇÃO DE ÁGUA DA CHUVA ........................................ 46
3.7 ANÁLISE QUALITATIVA DA ÁGUA ARMAZENADA .......................................... 47
3.8 DIMENSIONAMENTO DOS COMPONENTES ................................................... 49
3.8.1 Dimensionamento dos Condutores Horizontais ......................................... 49
3.8.2 Dimensionamento dos Condutores Verticais .............................................. 50
3.8.3 Dimensionamento do Reservatório .............................................................. 51
4 RESULTADOS ....................................................................................................... 52
5 CONCLUSÃO......................................................................................................... 54
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 55
ANEXO I .................................................................................................................... 59
8

RESUMO

O presente artigo apresenta e discute o aproveitamento das águas de chuva


e de ar condicionados.
O aproveitamento da água de chuva, considerado um sistema descentralizado
e alternativo de abastecimento, geralmente obtida por meio da cobertura das
edificações (área de captação) direcionando essas águas até um reservatório
chamado cisterna, onde se procura armazenar água do período chuvoso para garantir,
no mínimo, água para consumo humano na seca (estiagem). As primeiras águas com
potencial poluidor, pois pode carrear poeiras, folhas, galhos podendo vir a se constituir
numa fonte de contaminação, dessa forma é importante instalar um dispositivo de
descarte dessas primeiras águas. A FUNASA recomenda no mínimo 1 litro por metro
quadrado. A água é transportada para a cisterna através de vários acessórios tais
como: calhas coletoras, condutos fechados e conexões.
O aproveitamento da água de ar-condicionado: Em seu funcionamento, é
natural que equipamentos de ar-condicionado condensem água oriunda da umidade
do ar, geralmente essa água é descartada sem proveito.
Entretanto, a partir da análise da água de ar-condicionado, constata-se que a
mesma é potável e própria para consumo, ou seja, vários litros de água gerada por
esses equipamentos são perdidos diariamente, além de evitar problemas com os
gotejamentos frequentes podendo vir a se constituir problemas nas edificações.
A área analisada nesse estudo, para ambas as fontes de suprimento, foi o
Campus do UNI-RN.
Esse trabalho tem como objetivo avaliar essas duas alternativas de
suprimento de água para o Campus da UNI-RN, definindo a oferta de água tanto para
a captação de água de chuva (proporcional a área de cobertura objeto do estudo) bem
como a quantidade de água dos ar-condicionados proporcional a quantidade de ar-
condicionados. Tanto a primeira como para a segunda análise, serão definidos
parâmetros que viabilizem o seu cálculo. Será, por fim, determinado a demanda que
poderá vir a ser suprida com essas duas alternativas de fornecimento de água
Palavras-Chave: Aproveitamento de água. Agua de Chuva. Agua de Ar
Condicionado
9

ABSTRACT

The present article shows and discusses the use of rainwater and air
conditioning condensated water.
The utilization of rainwater, considered a decentralized and alternative system
of supply, usually obtained by means of the covering of the buildings (catchment area)
directing these waters to a reservoir called cistern, where it is sought to store water
from the rainy season to guarantee, the water for human consumption in drought. The
first waters with polluting potential, as it can carry dust, leaves and branches can
become a source of contamination, so it is important to install a device to discard these
waters. FUNASA recommends at least 1 liter per square meter. The water is
transported to the cistern through various accessories such as: collecting gutters,
closed conduits and connections.
The use of air-conditioning water: In its operation, it is natural for air-
conditioning equipment to condense water from the humidity of the air, usually this
water is discarded to no avail.
However, from the analysis of the air conditioning, it is verified that it is potable
and suitable for consumption, that is, several liters of water generated by these
equipments are lost daily, besides avoiding problems with frequent dripping become
building problems.
The area analyzed in this study, for both sources of supply, was the UNI-RN
Campus.
The objective of this study is to evaluate these two water supply alternatives
for the UNI-RN Campus, defining the water supply for both rainwater harvesting
(proportional to the area covered by the study) and the amount of water of the air-
conditioners proportional to the amount of air-conditioned. Both the first and the second
analysis will be defined parameters that enable its calculation. It will, finally, determine
the demand that can be supplied with these two alternatives of water supply.

Key words: Water use. Rain water. Air Conditioning Water


10

1 INTRODUÇÃO

A água é um recurso essencial para o desenvolvimento e manutenção da vida.


Desde os tempos mais antigos este recurso natural foi fator determinante para o
sucesso de muitas civilizações. Historicamente, as maiores civilizações da
antiguidade se desenvolveram as margens de grandes fontes de água potável, como
a civilização egípcia, que se situou à beira do rio Nilo e a Mesopotâmia obtendo dos
rios Tigre e Eufrates os recursos necessários para seu desenvolvimento.
Com o crescimento da população nos grandes centros e consequente
aumento na demanda de recursos hídricos, e também devido as ocasionais secas que
comprometem a disponibilidade de fontes tradicionais faz-se necessário o estudo de
formas alternativas de obtenção de água para os diversos usos praticados.
Nesse trabalho serão destacadas duas dessas fontes que possuem grande
potencial de retorno econômico com pouco investimento: a captação de águas pluviais
e de condensação provenientes do funcionamento de aparelhos de ar-condicionado
Serão realizados os dimensionamentos de sistemas para a captação dessas
águas, bem como projetos de integração dos mesmos com instalações prediais de
água fria tradicionais. Além disso será avaliada a quantidade e a qualidade dos
recursos obtidos com posterior sugestão de emprego.
O presente artigo visa viabilizar novas fontes de água, difundir e otimizar sua
utilização de acordo com suas respectivas características.

1.1 IMPORTÂNCIA DO TEMA

A utilização de fontes de água descentralizadas ainda ocorre com pouca


frequência em locais onde existe suprimento abundante desse recurso mineral. Esse
fato contribui para que as fontes tradicionais de água ficam sobrecarregadas em
épocas de seca, o que pode ocasionar rodízios no abastecimento e racionamentos.
Para evitar essas ocasiões, a busca de novas fontes de água para
abastecimento e suprimento de diversas necessidades é de grande relevância.
11

1.2 JUSTIFICATIVA

O tema analisado foi escolhido para verificar a aplicabilidade das águas de


chuva e condensadas por ar condicionados bem como a quantidade passível de
obtenção na capital norte-riograndense. A obtenção de água através dessas fontes
acarretará na diminuição do consumo de água das fontes principais, e facilitará a
manutenção de níveis aceitáveis dos mesmos.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivos Gerais

O presente trabalho tem como objetivos gerais a comprovação da qualidade


das águas obtidas dos ar condicionados e das chuvas na grande Natal e a obtenção
da oferta de ambas as fontes, dessa forma indicando o uso de cada água para
determinados fins e disseminando a prática do aproveitamento de água dessas fontes
descentralizadas.

1.3.2 Objetivos Especificos

Gerar base bibliográfica e um guia para o passo a passo para o projeto e


dimensionamento de sistemas de captação combinadas da água da chuva e ar
condicionado.

1.4 METODOLOGIA

1.4.1 Seleção Da Área De Estudo

A área analisada nesse estudo, para ambas as fontes de suprimento, será o


Campus do UNI-RN.
12

1.4.2 Ar Condicionados

1.4.2.1 Cálculo Da Oferta De Água Dos Ar Condicionados

Será determinada a quantidade de aparelhos de ar condicionado em função


da potência em BTU.
Foram utilizados os dados obtidos no trabalho de Pimenta (2016) para
definição dos volumes de água condensada dos aparelhos de ar condicionado
captados pelo sistema de coleta de águas.
Para aparelhos cuja relação potencia x vazão não foi verificada por Pimenta
(2016) foi realizada interpolação linear para obtenção dos dados.
Para se obter o a disponibilidade (oferta) de agua, foi considerado um tempo
de funcionamento de cada máquina como sendo a carga horária média diária de aulas
para alunos do curso de Engenharia Civil.
Para se verificar se a variação da umidade relativa do ar interfere na vazão de
água produzida pelos condicionadores, também foram usados os dados dispostos por
Pimenta (2016) que provou essa relação, ou seja, em umidades relativas maiores,
por possuir mais partículas de agua em suspensão no ar, o funcionamento dos
aparelhos, gera maiores vazões.
As umidades relativas do ar devem ser obtidas através do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE).
Com as vazões (l/h) obtidas como função da potência de refrigeração (BTU)
comparar com os valores encontrados na literatura pesquisada, conforme
abaixo discriminado:
Por Rigotti (2014), na cidade de Panambi/RS, - vazão de 1L/h para um
aparelho de 12.000 BTU.
Por Lima et al (2015), na cidade de Cuiabá/MT - vazão de 2,00 L/h encontrada
para 02 aparelhos com a potência de 24.000 BTU;
Por Fortes, Jardim & Fernandes (2015) feito na cidade de Resende/RJ, em
que após cinco medições em um condicionador de ar de 12.000 BTU obteve uma
vazão média de 0,309 L/h.
Evitar que o condicionador de ar da fique ligado por longos períodos (mais de
10 horas seguidas durante o dia).
13

1.4.3 Água De Chuva

1.4.3.1 Cálculo Da Oferta De Água Pluvial

Conhecendo-se os dados pluviométricos da região, precipitação média anual,


mensal ou diária:

Tabela1- Postos pluviométricos da Grande Natal

Fonte: Plano Diretor de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais de Natal/RN

Figura 1: Localização das Estações Pluviométricas na Região Metropolitana de Natal

Fonte- Plano Diretor de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais de Natal/RN


14

A área da cobertura (área de coleta) em m2 e o coeficiente de escoamento


superficial ( adimensional ), onde para coberturas de telhas cerâmicas e metálicas
utiliza-se o coeficiente de escoamento superficial C variando entre 0,8 a 0,9.(fonte
FUNASA: Manual de Saneamento).
Esse cálculo utiliza-se do método racional, recomendado para áreas de
drenagem menores que 1,0 km2 e tempo de concentração inferior a 20 minutos
(naturalmente se adequa a qualquer cobertura). Seu uso se limita ao cálculo da vazão
máxima gerada por uma chuva com intensidade constante e duração especificada
igual ao tempo de concentração da área de drenagem, hipótese que pode ser admitida
nos casos de pequenas áreas;
O método racional considera a situação mais desfavorável para a geração de
deflúvios, ou seja, que a duração da chuva máxima é igual ao tempo de concentração.
V = O Volume mensal de água de chuva aproveitável (m3);
P = Precipitação média anual (metros);
A = Área de coleta (área da cobertura) em m2;
C = Coeficiente de escoamento superficial (adimensional).
V = P.A.C em m3;

1.4.4 Cálculo Da Demanda De Água Na Região Da Análise

Para a água necessária para irrigação do jardim foi feito em campo, um


levantamento da área de jardim com auxílio de uma trena e softwares de imagens de
satélite.
Considerar a destinação de 1,5 L/m² de água para rega do jardim, a fim de
quantificar a demanda para este fim (MACINTYRE, 2010).
Deve-se somar a esse cálculo a demanda de água para lavagem de
equipamentos do laboratório de materiais de construção, sendo sugerido um consumo
de 50 L/dia para esse fim.
Não foi sugerido por esse trabalho a utilização da água para fins mais nobres
devido a características do sistema instalado, como o uso em banheiros ou consumo
humano, dessa forma não sendo necessários os dados de consumo per capita. Para
tal recomenda-se a analise prévia de um sistema de captação de águas dotado de
cloradores e filtros.
15

1.4.5 Dimensionamento Dos Componentes do Sistema

1.4.5.1 Capacidade Da Cisterna

Para se obter a capacidade da cisterna, foi utilizado uma comparação dos


meses de menor chuva com o consumo encontrado. O dimensionamento das
cisternas se deu pela soma desses déficits.

1.4.5.2 Superfície De Coleta

A determinação das áreas da superfície de coleta se deu pela comparação de


medidas encontradas pelo software Google Earth PRO com medições in-loco com
auxílio de trena. A acurácia do método usando o software de imagens por satélite se
demonstrou satisfatória.

1.4.6 Qualidade Da Água:

Foram elaboradas análises FQB de cada amostra e comparadas com o


padrão de potabilidade (portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011) estabelecendo
indicativos para o seu reuso (lavagem de piso e banheiros) e para consumo humano
(exceto para beber por necessidade de mais dados).
Todas as analises de água dispostas nesse trabalho foram realizadas pelo
laboratório Acquanalous, situado no Mandacarú Mall, sala 23, AV AYRTON SENNA,
389 Capim Macio - NATAL/RN
16

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ÁGUA DA CHUVA.

2.1.1 Reaproveitamento De Águas Pluviais

A captação de águas da chuva é geralmente obtida através dos telhados e


coberturas de edificações, tais estruturas são denominadas em projeto de área de
captação, a cobertura conduz as águas captadas para as calhas e tubos de queda
respectivamente. Na grande maioria das edificações os tubos de queda são
direcionados ao solo de modo que a água oriunda das chuvas seja infiltrada no
mesmo, dessa forma não há uso algum por parte da população desse volume.

Segundo a Fundação Nacional de Saúde (2015):


O aproveitamento de água de chuva pode ser considerado um
sistema descentralizado e alternativo de suprimento, que apresenta como
vantagem a conservação dos recursos hídricos e atende ao princípio do
saneamento ecológico.

Dessa forma, essa modalidade de captação pode ser compreendida como


uma forma de obtenção de água que não gera carga adicional as fontes primárias de
água, e que não necessita de grandes estruturas para seu funcionamento. Entretanto
a obtenção de águas pluviais deve ser feita corretamente para que essa fonte seja
utilizada de maneira saudável.
É muito importante para garantir a potabilidade das águas pluviais obtidas
dessa maneira que haja o descarte das primeiras águas de uma chuva, já que essas
virão contaminadas com poeira, folhas, dejetos e restos de animais que possam ter
se depositado nos telhados ao longo do tempo. Devido a isso é indispensável que seja
instalado um dispositivo que faça o descarte dessas águas antes que se comece a
armazená-las de fato. É recomendado o descarte de no mínimo 1 litro por m² ou 1mm
da precipitação em questão, e que mesmo assim as águas obtidas após o descarte
sejam fervidas ou cloradas antes do consumo. (FUNASA, 2015).
17

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (2012) as


principais vantagens do aproveitamento das águas da chuva são:

• Combate à escassez de água em períodos de estiagem


ou de maior demanda, [...];
• Reduz o consumo de água potável na propriedade, e o
custo de fornecimento da mesma;
• É gratuita, ou seja, não faz parte do Plano Nacional de
Recursos Hídricos (PNRH), portanto não tem valor econômico
previsto em Lei (Art. 1º, Inc. II, Lei 9433/1997);
• Evita a utilização de água potável onde esta não é
necessária, como por exemplo, na lavagem de piso [...], descarga
de vasos sanitários, irrigação de hortas e jardins, etc, desonerando
o abastecimento público;
• Apresenta a conveniência do suprimento (captação)
acontecer no próprio local ou próximo do local de consumo;
• Contribui para uma melhor gestão e distribuição de águas
nas regiões de produção intensiva[...];
• É de fácil manutenção, e possui tecnologias disponíveis
flexíveis e adaptáveis a diferentes terrenos e propriedades;
• A água captada possui qualidade aceitável,
principalmente se captada nos telhados;
• Contribui com a conservação de água, a autossuficiência
e a uma postura ambientalmente correta perante os problemas
ambientais existentes no meio rural

2.1.2 Conceitos:

Coberturas das edificações são: lajes, telhas cerâmicas, metálicas, plásticas


e telhas ecológicas.
Cisterna: reservatório destinado a receber e conservar as águas pluviais
podendo ser ser constituído por diferentes materiais tais como: pré-moldados de
cimento, plásticos PVC ou PEAD, fibra de vidro, alvenaria e concreto armado
Modelos de cisternas (reservatórios): paralelepipédicos, cilíndricos, cônicos.
A cisterna tem sua aplicação em áreas de grande pluviosidade ou em áreas
de seca onde se procura acumular a água do período chuvoso com o propósito de
garantir, pelo menos, a água para beber.
18

Eliminar as primeiras águas de chuva, pois o escoamento inicial dessas águas


na área de captação é suficiente para carregar poeiras, fuligens, folhas, galhos, entre
outros detritos que se constituem numa possível fonte de contaminação. Assim sendo,
é importante a instalação de um dispositivo de descarte dessas primeiras águas de
modo a minimizar a contaminação da água a ser armazenada. Recomenda-se, no
mínimo, a utilização de 1 litro por m² ou 1 mm da precipitação para o volume a ser
descartado.
Conforme o Prof. Nelson Gandur Dacach (1979), para uma cobertura com 50
m² de área, seria necessário um pequeno reservatório de 50 litros com um pequeno
orifício próximo a base com 0,5 cm de diâmetro. Esse reservatório seria alimentado
por uma coluna vertical com uma derivação a meia altura para interligar a cisterna,
tendo origem na calha da cobertura. O orifício referido acima garantiria um fluxo
permanente para baixo, onde para chuvas de baixa intensidade, toda a água
precipitada seria encaminhada a esse pequeno reservatório. Chuvas de maior
intensidade, a despeito de existir um contínuo fluxo para baixo, a vazão por esse
orifício seria inferior a quantidade de água precipitada e coletada, o que faria uma
elevação de nível, enchendo o pequeno reservatório e permitindo alimentar a cisterna.
A adução da água precipitada é realizada pelas calhas coletoras dispostas
principalmente nos beirais da cobertura; condutos fechados e demais acessórios que
transportam água à cisterna.

2.1.3 Componentes Do Sistema De Coleta Da Água Da Chuva

Os sistemas de coleta de água da chuva podem ser divididos nas seguintes


partes principais:
- Área de coleta (telhados): As coberturas das edificações brasileiras são
compostas na maioria dos casos por telhas cerâmicas, metálicas, fibrocimento e
cimento amianto. Cada um desses materiais componentes possuem um coeficiente
de escoamento superficial característico que influencia diretamente no cálculo do
volume de captação.
19

- Coletores (calhas e tubos de quedas): Os coletores dos sistemas de


captação de água das chuvas são calhas e tubos de queda tradicionais (figura 2),
apesar de ainda se encontrar calhas metálicas em alguns casos (figura 3), o mais
comum é que ambos os componentes sejam de policloreto de vinila (PVC). A função
desses componentes é conduzir a água captada nos telhados até uma zona de
infiltração, ou galerias de águas pluviais.

Figura 2 – Calha de beiral semicircular de PVC e tubo de queda.

Fonte: www.pedreirão.com.br

Figura 3 – Calha central retangular metálica.

Fonte: www.serralheriaemcachoeiro.com.br
20

- Pré-filtro: Também conhecido como caixa retentora de folhas e detritos, sua


função é reter impurezas de grandes dimensões, como folhas e sacos plásticos
(Figura 4) .

Figura 4 – Esquema de funcionamento de caixa retentora

Fonte – www.ecocasa.com.br
- Clorador: Tem por finalidade desinfetar a água captada por meio da adição de
cloro a mistura, existem no mercado diversos tipos de cloradores que atuam de forma
autônoma nesse processo (Figura 5).

Figura 5 – Clorador de pastilhas.

Fonte– Nautilus
21

- Filtro: Sua função é a remoção de partículas sólidas microscópicas e remoção de


impurezas visando a diminuição da carga orgânica. Os materiais são retidos através
de um meio poroso. (FERREIRA, 2014). Um exemplo de filtro pode ser visualizado na
figura 6

Figura 6 – Filtro de Partículas.

Fonte – Indupropil
- Pescador: Visa coletar a água do reservatório próximo a superfície, onde não
há material decantado nem flutuante que possa ter passado pelos filtros, ou adentrado
o reservatório de alguma outra forma, seu uso limita-se a sistemas que possuem
captação forçada (Bomba), já que onde a água é captada não há pressão piesométrica
para externar a água do reservatório com vazão suficiente para a maioria dos usos.

Figura 7 – Esquema de funcionamento do pescador

Fonte – ASBC
22

- Reservatórios: Os reservatórios desses sistemas podem ser constituídos de pré-


moldados de cimento, PVC, polietileno de alta densidade (PEAD), (figura 8), fibra de
vidro, alvenaria (figura 9) e concreto armado.

Figura 8– Reservatório de PEAD.

Fonte – Acqualimp.

Figura 9 – Reservatório em alvenaria.

Fonte – Acervo do Saber (UNESP)


23

2.1.4 Caracterização Dos Sistemas De Drenagem Pluviais

De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (1989) os


sistemas prediais de drenagem pluviais devem:
a) recolher e conduzir a Vazão de projeto até locais permitidos pelos
dispositivos legais;
b) ser estanques;
c) permitir a limpeza e desobstrução de qualquer ponto no interior
da instalação;
d) absorver os esforços provocados pelas variações térmicas a que
estão submetidas;
e) quando passivas de choques mecânicos, ser constituídas de
materiais resistentes a estes choques;
f) nos componentes expostos, utilizar materiais resistentes às
intempéries;
g) nos componentes em contato com outros materiais de
construção, utilizar materiais compatíveis;
h) não provocar ruídos excessivos;
i) resistir às pressões a que podem estar sujeitas;
j) ser fixadas de maneira a assegurar resistência e durabilidade.

2.1.5 Dimensionamento Dos Condutores Horizontais

O primeiro passo para o dimensionamento dos condutores (calhas e tubos de


queda) é a determinação da vazão de projeto, para isso a ABNT(1989) recomenda a
utilização da seguinte expressão:

Q= (I x A) / 60

Onde:
Q: Vazão de projeto. (L/min)
I: Intensidade pluviométrica. (mm/h)
A: Área de contribuição. (m²)
24

Após a determinação da vazão de projeto, deve-se utilizar a tabela de


capacidade de carga das calhas selecionadas. As tabelas 1, 2 e 3 demonstram a
capacidade de carga de calhas semicirculares de diâmetros comerciais de acordo com
índice de rugosidade dos materiais componentes da cobertura:

Tabela 2 – Capacidade de carga em L/ min de calhas semicirculares com coeficientes de rugosidade


n=0,011
Diâmetro interno Declividades
(mm) 0,5% 1,0% 2,0%
100 204 287 405
125 370 521 735
150 602 847 1.190
200 1.300 1.820 2.570
Fonte– ABNT

Tabela 3 – Capacidade de carga em L/ min de calhas semicirculares com coeficientes de rugosidade


n=0,012
Diâmetro interno Declividades
(mm) 0,5% 1,0% 2,0%
100 187 264 372
125 339 478 674
150 552 777 1.100
200 1.190 1.670 2.360
Fonte– ABNT

Tabela 4 – Capacidade de carga em L/ min de calhas semicirculares com coeficientes de rugosidade


n=0,013
Diâmetro interno Declividades
(mm) 0,5% 1,0% 2,0%
100 173 243 343
125 313 441 622
150 509 717 1.010
200 1.100 1.540 2.180
Fonte– ABNT
25

Os coeficientes de rugosidade para os principais materiais que compõem as


coberturas de nossas edificações são: para plásticos, fibrocimento, aço e metais não
ferrosos n=0,011, para ferro fundido, concreto alisado e alvenaria revestida n=0,012,
para cerâmica e concreto não alisado n=0,013 (ABNT, 1989), portanto para a
simplificação do processo pode-se utilizar tabelas como as citadas acima, uma vez
que para a determinação das capacidades das calhas é utilizada a fórmula de
Manning-Strickler. Nota-se que para um mesmo diâmetro, pode-se aumentar
consideravelmente a vazão comportada apenas pela alteração da inclinação da calha.
A ABNT recomenda que a inclinação para calhas de beiral e platibanda deve ser
uniforme e não ser inferior a 0,5%

2.1.6 Dimensionamento Dos Condutores Verticais

Para o dimensionamento dos tubos de queda, a NBR 10844 estabelece a


utilização de ábacos (Figura 8 e Figura 9) (ABNT, 1989), a determinação dos
diâmetros é obtida através dos seguintes dados:
Q: Vazão de projeto
H: Altura da lâmina d’água na calha (mm)
L: Comprimento vertical (m)
O procedimento consiste em traçar uma linha vertical que sai do eixo das
vazões e intercepta as curvas L e H. No ponto de cruzamento da vertical com a
interseção mais alta de L ou H deve-se traçar uma linha horizontal que cruze o eixo
dos diâmetros, e assim determina-lo.
“Os ábacos foram construídos para condutores verticais rugosos (coeficiente
de atrito f = 0,04) com dois desvios na base”. (ABNT, 1989, p. 7). Os ábacos de
dimensionamento podem ser encontrados nas figuras 10 e 11 desse trabalho.
26

Figura 10 – Ábaco de dimensionamento de condutores verticais com saída em aresta viva

Fonte – ABNT

Figura 11 – Ábaco de dimensionamento de condutores verticais com funil de saída

Fonte – ABNT
27

2.1.7 Dimensionamento Dos Reservatórios De Coleta Pluviométricos

Antes de realizar o dimensionamento do reservatório, deve-se calcular o


volume mínimo de água de chuva necessário para atender uma determinada
população.
Para isso a Fundação Nacional de Saúde (2015) utiliza para cálculo um
consumo per capita de 22 litros/habitante-dia. Numa família de 4 indivíduos, por
exemplo, teríamos um consumo mensal e anual de:

22 litros x 4 habitantes x 30 dias = 2.640 litros/mês.


22 litros x 4 habitantes x 365 dias= 32.120 litros/ano

Para regiões de seca, deve-se levar em consideração no cálculo o maior


período de estiagem em um ano, multiplicando esse pelo consumo encontrado como
demonstrado anteriormente, obtendo-se assim a demanda de água para o período
sem chuvas.
O dimensionamento dos reservatórios que armazenarão as águas das chuvas
se dará pela seguinte expressão:

V=P.A.c

Onde:
V: Volume aproveitável em m³
P: Precipitação média em m/ano, m/mês ou m/ano
A: área de coleta (cobertura) em m²
c: Coeficiente de escoamento superficial (adimensional)

Deve-se atentar para o período de tempo utilizado no parâmetro “P” da


equação, para que o volume encontrado seja correspondente a esse período.
Segundo a Fundação Nacional de Saúde (2015), os valores de “c” adotados
para coberturas de telhas cerâmicas ou metálicas devem ser compreendidos entre 0,8
e 0,9.
28

Feito o cálculo da demanda para o maior período de seca em um ano, o valor


deve ser comparado a quantidade de água possível de obter em um ano, esse último
deve ser maior que o primeiro. Nota-se que uma maneira simples para aumentar o
volume captado pelo sistema seria aumentar a área de cobertura, caso a demanda
não seja atingida.
Em regiões com disponibilidade de água ficará a cargo do usuário decidir o
volume de água desejável para armazenamento com base em sua demanda.
Para dimensionamento dos sistemas de coleta de água das chuvas foi tomado
como base o roteiro estabelecido pelo Manual de Saneamento (FUNDAÇÃO
NACIONAL DE SAÚDE, 2015)

2.1.8 Aspectos Qualitativos Da Água Da Chuva


Na maioria dos casos a água da chuva possui boa qualidade, uma vez que a
chuva é um fenômeno natural compreendido no ciclo das águas e decorre da
evaporação da água condensada na crosta terrestre, o que pode ser visto como um
processo de destilação natural. Durante esse processo a água é evaporada e devido
a densidade das suas moléculas em estado de vapor ser menor que a do ar
encaminha se para a atmosfera, enquanto os poluentes que possam conter na mesma
permanecem.
Após a formação das nuvens, que são a aglomeração dos vapores de água,
esses se condensam durante a fase de condensação e posteriormente ocorre a
precipitação, deve-se ter cuidado em grandes centros urbanos e zonas industriais pois
a água pode captar poluentes suspensos na atmosfera e se tornar imprópria para
consumo sem tratamento (EMBRAPA, 2012).
A respeito do pH da água, a EMBRAPA (2012) faz as seguintes
considerações:
O pH da água da chuva normalmente é neutro, variando de
levemente ácido a levemente alcalino (5,8 a 8,6).Mas a composição da água
da chuva pode ser alterada com compostos químicos presentes no ar,
fazendo com que esse pH possa apresentar valores mais baixos,
aumentando a acidez (chuva ácida), e podendo prejudicar plantações e
alterar a qualidade dos solos onde ela se precipita.

Portanto quando a captação ocorrer nos casos supracitados é importante que


haja um controle técnico adequado através de ensaios que determinem as
características químicas das amostras.
29

2.1.9 Água Da Chuva Na Cidade De Natal RN

De acordo com Motta (2004) Natal é uma cidade que possui clima quente e
seco, exceto na época de chuvas, quando passa a ser quente e úmido. Possui uma
brisa permanente vinda do oceano, sempre a sudeste, característica da região
nordeste brasileira e uma temperatura média de 26 ºC. As chuvas se dão
predominantemente no período de abril a julho, tendo seu ápice no mês de junho.
Costumam ser chuvas rápidas e moderadas com duração máxima de 48 horas
dotadas de 18 a 24 horas de intervalos, e obtendo média de precipitação anual de
1380 mm, que é o maior índice do estado do Rio Grande do Norte.
Tais características evidenciam ainda mais o potencial da captação de águas
pluviais na capital norte-riograndense, que ao topo disso não possui zonas industriais
de grande porte, ou que lancem grandes quantidades de resíduos químicos que
possam contaminar as chuvas de toda a cidade. O aproveitamento dessas águas
implicaria na diminuição da demanda exigida das fontes tradicionais da cidade e
contribuiria para a diminuição da escassez hídrica que a região metropolitana enfrenta
nos últimos anos.
A água pluvial coletada na cidade de Natal foi constatada como própria para
o consumo humano, vale salientar que a coleta se deu em um bairro residencial com
predominância de habitações unifamiliares.
Através da análise demonstrada na tabela 4, podemos concluir que a amostra
de água coletada no bairro de Lagoa Nova, região metropolitana de Natal é própria
para consumo humano, possuindo inclusive quantidade satisfatória de eletrólitos,
podendo ser usada para beber segundo a portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de
2011, que regulamenta os padrões de potabilidade das águas (ANEXO I).
30

Tabela 5 – Análise laboratorial da chuva no bairro de Lagoa Nova


PARÂMETROS LIMITES DETECTADOS V.M.P¹ ÁGUA
PLUVIAL
FÍSICO-QUÍMICA
COR APARENTE, Uh² 15,00 15,00 7,00
TURBIDEZ, UT³
PH N.A 6,00 à 9,50 7,60
CONDUTIVIDADE ELETRICA, N.A N.D 191,60
µs/cm a25°C
AMÔNIA, mg/1NH³ 0,24 1,50 0,85
NITRITO, mg/1 deN 0,02 1,00 0,003
NITRATO, mg/1 de N 0,24 10,00 0,04
FERRO, mg/1 Féᶧᶧ 0,04 0,30 0,02
CLORETO, mg/1CL- 0,49 250,00 49,98
FOSFATO, mg/1 de P 0,005 N.D 0,73
MICROBIOLÓGICO
Coliformes termotolerantes, NMP N.A AUSENTE Ausente
100mL
Coliformes totais , NMP 100mL N.A AUSENTE Ausente
(1)Valores máximos permitidos, conforme portaria n°2914 de 12/12/2011

(2)Unidade Hazen (mg Pt-Co/L)

(3)Unidade de Turbidez N.D- Limite não definido pela legislação


em vigor

LAUDO TÉCNICO: A AMOSTRA ANALISADA ENCONTRA-SE SATISFATORIA


PARA CONSUMO HUMANO.

Fonte – Do Autor
31

2.2. ÁGUA PROVENIENTE DOS AR CONDICIONADOS

2.2.1funcionamento Dos Aparelhos De Ar Condicionado

As bases de funcionamento que fundamentam os aparelhos de ar


condicionado modernos foram registradas em 1902 pelo engenheiro norte americano
Willis Carrier, que desenvolveu durante sua carreira o conceito de climatização.
(CARRIER PORTUGAL, 2017)
O funcionamento desses aparelhos é baseado nas leis da termodinâmica,
comprimindo e variando estados físicos e pressão de um gás refrigerante geralmente
o R-22 ou o gás ecológico R-134a que devido a isso varia a sua temperatura,
resfriando ou aquecendo o ar do cômodo onde o aparelho está instalado. O processo
de funcionamento detalhado desses aparelhos se dá da seguinte forma:

O ar do ambiente é sugado por um ventilador e atravessa um


evaporador, passando em volta de uma serpentina cheia de R-22, substância
refrigeradora à temperatura de 7 ºC e em estado líquido. Em contato com a
serpentina gelada, o ar se resfria e volta para a sala.
Ao absorver o calor do ar, o R-22 muda de estado dentro da
serpentina e vira gás, entrando depois num compressor elétrico. Essa peça,
que produz o barulho do ar-condicionado, comprime o R-22 até que, sob alta
pressão, ele vire um gás quente, a 52 ºC.
Esse gás entra numa outra serpentina, do lado de fora do aparelho,
chamada condensador. Mais quente que o ambiente externo (C), o R-22 se
resfria um pouco. Com isso, ele vira líquido de novo mesmo antes de chegar
aos 7 ºC, pois está sob alta pressão. Um outro ventilador sopra o ar quente
que sobrou para a rua.
O R-22 (em estado líquido por causa da alta pressão) entra numa
válvula de expansão, espécie de orifício onde o líquido perde pressão
rapidamente e se resfria até os 7 ºC que o mantêm em estado líquido. A partir
daí,o ciclo recomeça todo de novo. (REDAÇÃO MUNDO ESTRANHO, 2011).

O resfriamento do gás resfria também a serpentina que o contém, que por sua
vez ocasiona a queda de temperatura do ar ao redor da mesma, fazendo com que a
água em estado de vapor contida no ar se condense, ocasionando assim o
gotejamento característico do funcionamento desses aparelhos.
32

2.2.2 Tipos De Aparelhos De Ar Condicionado

A classificação dos aparelhos de ar condicionado pode se dar quanto a


utilização, que engloba os tipos residenciais, automotivos, comerciais, industriais ou
hospitalares, e quanto a capacidade refrigeradora, que os classificam como pequeno,
médio e grande porte. A unidade de medida da capacidade de refrigeração adotada
na maioria dos países é a BTU (British Thermal Unit, ou unidade térmica britânica),
para se ter noção das dimensões dessa unidade, um aparelho tipo janela ou split hi-
wall, que são os mais comuns em residências e comércios possuem capacidade
térmica de até 30.000 BTUs, sendo mais frequentes os de 9.000 BTUs, já em
instalações feitas em ambientes de médio a grande porte a capacidade individual dos
aparelhos pode chegar aos 80.000 BTUs. (ANTONOVICZ & WEBER, 2013 apud
PIMENTA, 2016, p. 2).
Com a evolução da tecnologia, foram surgindo diversos tipos de
equipamentos de condicionamento do ar, apesar disso esses equipamentos
funcionam seguindo os mesmos princípios idealizados por Carrier, variando apenas a
disposição de seus componentes. Os principais tipos de Ar-Condicionado residenciais
e comerciais são: Split (hi-wall, cassete e piso-teto), dutado e de janela. A principal
diferença entre esses tipos citados é a forma de instalação, formato e capacidade de
refrigeração. Ainda, recentemente surgiram os aparelhos do tipo inverter, que
consomem cerca de 40% menos energia que os convencionais. (KOMECO, 2016).
o compressor Inverter opera com velocidade de rotação variável,
sem desligar o tempo todo. Em vez de dar picos de energia para ligar e
desligar, ele se mantém estável. Isso faz com que a temperatura não oscile
no ambiente e não haja a necessidade de gastar mais energia ligando e
desligando o compressor. É esta a grande diferença que faz do modelo
Inverter um aliado da economia. (KOMECO, 2016).
33

2.2.3 Qualidade Da Água Condensada Por Ar-Condicionado

Em seu funcionamento, é natural que equipamentos de ar-condicionado


condensem água oriunda da umidade do ar, geralmente essa água é descartada sem
proveito algum, e tal descarte se feito de forma irregular pode gerar alguns problemas,
como criação de buracos no solo devido ao gotejamento constante, o que pode
acarretar em situações ainda mais graves, como por exemplo se o piso onde ocorre o
gotejamento for constituído de uma laje em concreto armado, o gotejamento pode
expor a armadura, causando a corrosão da mesma pela diferença de potencial entre
o ar e o concreto.
Entretanto, ao realizarmos a análise da água de um desses aparelhos de ar-
condicionado, constatamos que a mesma é potável e própria para consumo, ou seja,
estamos desperdiçando incontáveis litros de água gerada por esses equipamentos
diáriamente, além disso uma edificação com uma instalação que evite os
gotejamentos e por consequencia as patologias deles derivadas estaria
economizando recursos que viriam a ser necessários no caso de uma necessidade
de manutenção corretiva com tratamento das armaduras e do concreto afetado.
Na tabela 5 pode-se visualizar os parametros de pureza da água coletada e a
comparação dos parâmetros encontrados com a portaria nº 2.914, de 12 de dezembro
de 2011,que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade
da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. (ANEXO I.).
34

Tabela 6 – Análise laboratorial da água proveniente de um aparelho de ar condicionado Split hi-wall


de 9.000 BTUs.

PARÂMETROS LIMITES V.M. P¹ ÁGUA AR-


DETECTADOS CONDICIONADO
FÍSICO-QUÍMICA
COR APARENTE, Uh² 15,00 15,00 4,00
TURBIDEZ, UT³ 5,00 5,00 0,17
PH - 6,00 a 9,50 6,30
CONDUTIVIDADE ELETRICA - N.D 9,36
µs/cma25°C
AMÔNIA, mg/1NH³ 0,24 1,50 1,42
NITRITO, mg/1 deN 0,02 1,00 0,002
NITRATO, mg/1 de N 0,24 10,00 0,00
FERRO, mg/1 Fe++ 0,04 0,30 0,01
CLORETO, mg/1CL- 0,49 250,00 8,00
FOSFATO, mg/1 de P 0,005 N.D 0,00
MICROBIOLÓGICO
Coliformes termotolerantes, - - Ausente
NMP 100mL
Coliformes totais, NMP 100mL. - - Ausente
(1) Valores máximos permitidos, conforme portaria n°2914 de 12/12/2011.

(2) Unidade Hazen (mg Pt-Co/L)

(3) Unidade de Turbidez N.D- Limite não definida pela legislação


em vigor

LAUDO TÉCNICO: A AMOSTRA ANALISADA ENCONTRA-SE SATISFATORIA


PARA CONSUMO HUMANO.
Fonte – Do Autor.

.
35

Os parâmetros observados na análise acima estão todos de acordo com a


portaria Nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011 (anexo I), portaria esta que dispõe
sobre os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água para consumo
humano e seu padrão de potabilidade.
Ao observarmos a tabela podemos perceber que a água analisada atinge
padrões de potabilidade que não podem ser igualados pelo da água distribuída na
cidade de Natal, que na maioria de seus bairros está contaminada por nitrato,
substância cancerígena e nociva a saúde humana.
Entretanto, o líquido em questão é pobre em eletrólitos, possuindo valor
nutricional reduzido, logo, não é recomendado o uso exclusivo dessa água para beber,
mas essa pode ser usada sem restrições na cozinha, onde a adição de sal e outros
alimentos corrigirá tal falta de eletrólitos. Fazendo isso, deixaremos de utilizar água
contaminada no preparo de alimentos e passaremos a usar água limpa antes
descartada.

2.2.4 Sistemas De Coleta De Água Condensada

Tendo sido provado o valor da água proveniente dos ar-condicionados, faz-se


necessário um sistema de coleta dessa água para o reaproveitamento. Um sistema
simples para reaproveitamento pode ser fabricado artesanalmente com custo
reduzido, entretanto fizemos um projeto de um sistema para construções que
possuam vários aparelhos de ar-condicionado, que despejarão o líquido condensado
em tubos de queda, que o conduzirá a um reservatório onde será feito o
armazenamento.
O dimensionamento desse sistema dependerá da quantidade de aparelhos,
bem como sua capacidade térmica (geralmente medida em BTUs), para exemplo, foi
utilizado nos nossos experimentos um aparelho do tipo Split-Sistem da marca
Samsung, fabricado em 2012, de 9.000 BTUs. Este gera por volta de 7 litros d’água
durante 8 horas de funcionamento, multiplicaremos esse numero de litros gerados
pelo número de aparelhos de ar-condicionado de forma proporcional a quantidade de
horas que esses estarão em funcionamento. A figura 8 demonstra um exemplo de
como poderia ser feito a captação da água condensada por todos os condicionadores
de ar.de uma residência de 2 pavimentos.
36

Figura 12 - Sistema de reaproveitamento de água de ar-condicionado em um edifício de dois


pavimentos

Fonte: Do autor (2015)

Dependendo do uso destinado a água, o sistema esquematizado acima pode


ser acrescido de uma bomba e também de tubulação que destine a água para as
áreas em que for utilizada, como a cozinha ou o jardim.
No caso de edificações com apenas um aparelho, pode se construir um sistema
de coleta da água de baixo custo, o qual consiste de um tubo de PVC vindo do dreno
do ar condicionado e um reservatório plástico (Figura 13 e Figura 14). A destinação
da água após seu confinamento no reservatório terá que ser realizada de forma
manual, uma vez que estamos falando de um sistema de baixo custo e simples
confecção.
37

Figura 13 – Aparelho de ar-condicionado com sistema de coleta

Fonte: Do autor (2015)

Figura 14 – Coletor de água do ar-condicionado.

Fonte: Do Autor (2015)


38

As Figuras 13 e 14 são de um sistema de coleta de baixo custo instalado numa


residência situada no 11º andar de um prédio, nela, a água do ar condicionado é
direcionado para a parede oposta através de um tubo de PVC que a canaliza para um
reservatório com capacidade de 10L demostrado acima. O reservatório quando cheio
é esvaziado manualmente e a água utilizada para regar plantas e para a limpeza do
apartamento. O sistema derivou de uma das regras do condomínio que proíbe o
gotejamento livre dos aparelhos de ar condicionado.

2.2.5 Vazão Média Dos Aparelhos De Ar Condicionado

Partindo do princípio de que um dos principais fatores que influenciam na


condensação de água pelos ar condicionados é a umidade relativa do ar, grandeza
essa que demonstra o percentual de água em suspensão no ar de um determinado
local em relação a capacidade máxima de água que pode ser contida nesse ar a uma
determinada temperatura (MOTTA, 2004 apud PIMENTA, 2016, p. 4), é necessário
destacar que para diferentes locais com diferentes condições meteorológicas a vazão,
isto é, volume de água produzido por unidade de tempo se comportará de maneira
diferente.
Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Pimenta (2016) relacionou
aparelhos de diferentes potências com sua respectiva produção de água, seus
resultados estão expostos na tabela 7

Tabela 7 – Vazão do condicionador de ar referente ao respectivo BTU.


BTU Vazão (L/h)
7.000 0,84
7.500 0,95
9.000 1,04
12.000 1,06
18.000 1,13
22.000 1,44
24.000 2,25
36.000 0,92 / 4,18
48.000 4,03
Fonte – (PIMENTA, 2016)..
39

Os valores encontrados se basearam em 24 medições executadas nos


aparelhos de diferentes capacidades térmicas e foram executadas de acordo com a
tabela 8.

Tabela 8 – Quantidade de medições de vazão feitas para cada tipo de potência de


refrigeração (BTU)
.BTU Medições
7.000 3
7.500 2
9.000 4
12.000 2
18.000 2
22.000 2
24.000 2
36.000 5
48.000 2
Fonte – (PIMENTA, 2016).

Já Rigotti (2014), encontrou na cidade de Panambi no Rio Grande do Sul uma


vazão de 1 L/h para um aparelho de 12.000 BTUs, além disso foi realizado um calculo
de vazão estimada que resultou em uma diferença de cerca de 20% do valor real.
Para Sousa et al. (2015), foi encontrada uma vazão de 0,750 L/h na cidade
de São Luiz, capital do Maranhão. O Número foi encontrado através da média
aritmética da medição de 4 aparelhos de 9.000 BTUs instalados num mesmo
condomínio. No condomínio em questão foi encontrada uma vazão mensal de 46.035
L/ mês, levando em consideração um uso médio por aparelho de 10 horas ao dia, e a
presença de 198 condicionadores de ar na área do estudo. Vale lembrar que a vazão
considerada por Sousa et al. (2015) é a mesma para os 198 aparelhos, que também
foram considerados como sendo de 9.000 BTUs para simplificação do processo.
40

O fato de que o índice de umidade relativa do ar ser diretamente proporcional


a vazão dos aparelhos condicionadores de ar pode ser verificado ainda no trabalho
de Pimenta (2016), que efeituou medições para umidades em 51%, 55%, 62% e 69%
encontrando uma relação entre a vazão em L/h e a umidade fornecida pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
O gráfico 1 ilustra a relação supracitada.

Gráfico 1 – Comportamento da vazão referente a variação da umidade relativa do ar

Fonte – (PIMENTA, 2016).

3 ESTUDO DE CASO

3.1 DESCRIÇÃO DO SISTEMA

O sistema de coleta de águas pluviais e ar-condicionado analisado no


presente trabalho foi instalado no laboratório de Geologia e Solos do curso de
Engenharia Civil do UNI-RN e idealizado pelo autor do presente trabalho sendo objeto
de estudo de um projeto de iniciação científica sob orientação do Professor PhD. Fábio
Sérgio da Costa Pereira.
41

A instalação contempla coletores horizontais semicirculares com diâmetro de


100 mm, coletores verticais também de 100 mm, conexões e um reservatório de
polietileno enterrado com capacidade nominal de 5.000 L, em virtude do
posicionamento enterrado do reservatório, a tampa de poliuretano fora substituída por
uma confeccionada in-loco de concreto. Os aparelhos de ar-condicionado adotados
no laboratório de Geologia e Solos são 4 do tipo split-system hi-wall da marca Carrier,
com capacidade térmica de 30.000 BTUs cada.
Para uso da água foi instalada uma bomba submersa, a atual aplicação da
água obtida é na rega do jardim e lavagem de equipamentos do laboratório de
materiais de construção.
Não foram instalados componentes do sistema que visam a melhoria da
qualidade da água para consumo humano, como o pescador, clorador, filtro de
partículas e elementos de pré-filtro.
Diferentemente do projeto inicial, onde se optava pela instalação de
reservatórios separados e situados acima do solo para cada cobertura, a versão
implementada do projeto contou com apenas um reservatório de maior capacidade.

Figura 14: Elementos Componentes do Sistema Instalado no UNI-RN

Fonte- Do Autor (2016)


42

3.2 DADOS DA EDIFICAÇÃO

Para a acomodação dos laboratórios do novo curso de Engenharia Civil


implementado no UNI-RN no ano de 2014 foi realizada uma reforma que unificou dois
prédios do bloco Mercúrio da universidade, essa reforma deu origem aos laboratórios
de Geologia e Solos e o de Instalações Prediais, entretanto a cobertura dessas
edificações não sofreu alterações, sendo implantada apenas uma laje
impermeabilizada entre os blocos devido a curta distância entre os mesmos. A
alternativa a isso seria a execução de uma nova cobertura para toda a nova edificação,
o que seria consideravelmente mais oneroso devido a custos de desmontagens das
coberturas antigas e novo projeto de cobertura e materiais adicionais.
Ambas as coberturas possuem 4 águas sendo que em uma das águas de
cada cobertura não ocorre nenhum tipo de coleta para armazenamento, além disso,
metade da água captada pela laje entre as duas coberturas deságua do lado oposto
ao que o sistema está instalado, dessa forma a área de coleta do sistema será
caracterizada pelas 4 águas dotadas de calhas e metade das águas coletadas pela
laje impermeabilizada em questão. Realizando a soma das áreas em que há
contribuição para a captação de águas pelo sistema instalado obtemos 355m²
Cada segmento da cobertura possui 8,15m de largura por 26,5m de
comprimento, sendo a largura de ambas as coberturas somada a da laje igual a 20,0m.

Figura 13: Localização e dimensões da edificação analisada.

Fonte- Do Autor (2018)


43

Figura 14: Área de coleta de águas da chuva

Fonte- Do Autor (2018)

Figura 15: Laje impermeabilizada entre as coberturas.

Fonte- Do Autor (2018)


44

3.3 DADOS METEOROLÓGICOS DA ÁREA

De acordo com os dados obtidos do Sistema Organizacional Nacional de


Dados Ambientais (2018), projeto desenvolvido pelo INPE, os dados de médias
mensais climatológicas da cidade de Natal são evidenciados na tabela 9.

Tabela 9- Médias climatológicas locais de Natal.


‘ Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Temperatura Máxima
31,2 30,5 30,3 29,8 29,1 28,2 27,7 27,9 25,6 29,5 29,7 30,2
(°C)
Temperatura Mínima
24 23,8 23,3 22,8 22,3 21,5 20,8 20,7 21,8 22,7 23,1 23,6
(°C)
Temperatura Média
27 27,2 27 26,6 26 24,9 24,3 24,3 25,1 26 26,4 26,7
(mm)
Precipitação Média (mm) 55 70 190 265 240 200 200 110 60 20 20 25

Umidade Relativa (%) 74,8 75 77,3 79,9 80 81,3 80,5 78 75,4 74,4 75,4 74,8
Fonte- (SONDA, 2018)

Dessa forma podemos obter a média de precipitação anual através da soma


das médias mensais encontrando o valor de 1455 mm/ano, além de perceber que o
mês de abril é o que possui a maior média mensal de precipitação, enquanto os meses
de outubro e novembro possuem a menor.

3.4 ESTIMATIVA DA DEMANDA DE UTILIZAÇÃO DA ÁGUA

Para estimarmos a demanda de utilização de água na região analisada é


possível estimar a área de jardim nas imediações dos laboratórios através da
ferramenta polígono do software Google Earth PRO, o valor encontrado para tal área
foi de 339 m². Para a atividade de lavagem de equipamentos do laboratório de
materiais de construção não há nenhuma sugestão específica de consumo diário na
bibliografia analisada, porém podemos comparar tal atividade com a lavagem de um
automóvel, que corresponde a um consumo diário de 50 L/dia.
45

Figura 14: Area de jardim utilizada no cálculo de demanda de água.

Fonte: Do Autor (2018)

Em seguida utilizando as proposições de Macintyre (2010) multiplicaremos a


área de rega de jardim pelo consumo diário de 1,5 L/m², obtendo assim o volume
necessário de água para essa atividade em um dia:

311 m² x 1,5L/m² = 466,5 L/dia

E então para alcançarmos a demanda total para os fins estudados soma-se


os 50 L/dia para a lavagem de equipamentos com os 466,5 L/dia para a rega de jardim,
obtendo-se o valor de 516,5 L/dia
Multiplicando o valor encontrado pelos 365 dias do ano tem-se a demanda
anual de água, que resulta em 188.522,5 L:

3.5 ESTIMATIVA DA PRODUÇÃO DOS AR CONDICIONADOS

Interpolando linearmente os valores de produção de água dos aparelhos de


ar condicionado dispostos por Pimenta (2016) encontramos a produção para um
aparelho de 30.000 BTUs como os que estão instalados no laboratório de 3,08 L/h.
46

Supondo o funcionamento simultâneo de todos os aparelhos de ar


condicionado contribuintes para o sistema durante 5 horas diárias, valor
correspondente a um período de aulas na universidade, podemos obter o volume
diário de água condensada:

3,08 L/h x 4 aparelhos x 4h/dia = 49,28 L/dia

Tomando por base um mês padrão com média de 20 dias úteis podemos obter
a produção mensal de água pelos condicionadores de ar analisados:

49,28 L/dia x 20 dias = 985,6 L/mês

Considerando um ano letivo padrão de 200 dias, da mesma maneira é possível


obter a produção anual de água pelos aparelhos de ar condicionados dos laboratórios:

49,28 L/dia x 200 dias = 9.856 L/ano

3.6 ESTIMATIVA DA CAPTAÇÃO DE ÁGUA DA CHUVA

Como descrito no item 4.2 do presente trabalho, a área de coleta da edificação


analisada foi de 355 m². Os dados meteorológicos da região dispostos no item 4.3
evidenciam uma precipitação média anual de 1455 mm/ano, e utilizando o valor de “c”
recomendado pela FUNASA (2014) para coberturas de telhas cerâmicas igual a 0,85
obtemos o volume anual aproveitável de:

V=1,455m x 355m² x 0,85= 439,0463 m³, ou 439.046,35 L

Da mesma forma podemos obter os volumes mensais aproveitáveis utilizando


os dados de precipitação média mensal da tabela 9. Vale lembrar que a produção
evidenciada nesse trabalho é levando em conta a precipitação média fornecida pelo
projeto SONDA, ou seja, haverá anos em que um mesmo mês pode chover mais ou
menos.
47

Tabela 10- Volume aproveitável de água da chuva por mês no sistema do UNI-RN

Volume Volume
Precipitação Média Área da
Mês c aproveitável de aproveitável de
(m) cobertura (m²)
água (m³) água (L)

Jan 0,055 355 0,85 16,59625 16596,25


Fev 0,070 355 0,85 21,1225 21122,50
Mar 0,190 355 0,85 57,3325 57332,50
Abr 0,265 355 0,85 79,96375 79963,75
Mai 0,240 355 0,85 72,42 72420,00
Jun 0,200 355 0,85 60,35 60350,00
Jul 0,200 355 0,85 60,35 60350,00
Ago 0,110 355 0,85 33,1925 33192,50
Set 0,060 355 0,85 18,105 18105,00
Out 0,020 355 0,85 6,035 6035,00
Nov 0,020 355 0,85 6,035 6035,00
Dez 0,025 355 0,85 7,54375 7543,75
Fonte- Do Autor (2018)

3.7 ANÁLISE QUALITATIVA DA ÁGUA ARMAZENADA

Para a análise qualitativa da água armazenada foi coletada uma amostra de


500 ml, a coleta se deu em uma seção intermediária do reservatório, para que a
amostra não fosse contaminada por contaminantes flutuantes ou decantados. A
amostra, assim como as demais realizadas nesse trabalho foi analisada pelo
laboratório Acquanalous. Na tabela 10 pode-se verificar os parâmetros encontrados.
Como evidenciado pelos valores encontrados em laboratório, e seguinte
comparação com os máximos permitidos pela portaria Nº 2.914, de 12 de dezembro
de 2011 (anexo I) podemos concluir que a amostra de água obtida do sistema
instalado no UNI-RN é própria para o consumo humano, mesmo sem a instalação de
elementos filtrantes e purificantes, entretanto como foram constatados coliformes
totais e não termotolerantes recomenda-se a fervura da água anterior ao seu
consumo.
48

Vale salientar que apesar da análise satisfatória não é recomendado que a


água analisada seja utilizada para consumo direto sem o devido tratamento por filtros
e cloradores, já que como não é feito o descarte das primeiras águas no sistema em
questão, contaminações podem afetar a água armazenada a qualquer momento,
essas não seriam combatidas por não haverem elementos para tratamento da água
instalados.
A tabela a seguir exibe os resultados encontrados:

Tabela 11 – Análise laboratorial da água coletada pelo sistema do UNI-RN


PARÂMETROS LIMITES DETECTADOS V.M.P¹ SISTEMA DO
UNI-RN
FÍSICO-QUÍMICA
COR APARENTE, Uh² 15,00 15,00 7,00
TURBIDEZ, UT³ 5,00 5,00 0,00
PH N.A 6,00 à 9,50 6,80
CONDUTIVIDADE ELETRICA, N.A N.D 45,70
µs/cm a25°C
AMÔNIA, mg/1NH³ 0,24 1,50 0,33
NITRITO, mg/1 deN 0,02 1,00 0,004
NITRATO, mg/1 de N 0,24 10,00 0,02
FERRO, mg/1 Féᶧᶧ 0,04 0,30 0,01
CLORETO, mg/1CL- 0,49 250,00 17,99
FOSFATO, mg/1 de P 0,005 N.D 0,03
MICROBIOLÓGICO
Coliformes termotolerantes, NMP N.A AUSENTE Ausente
100mL
Coliformes totais , NMP 100mL N.A AUSENTE Presente
(1)Valores máximos permitidos, conforme portaria n°2914 de 12/12/2011

(2)Unidade Hazen (mg Pt-Co/L)

(3)Unidade de Turbidez N.D- Limite não definido pela legislação


em vigor

LAUDO TÉCNICO: A AMOSTRA ANALISADA ENCONTRA-SE SATISFATORIA


PARA CONSUMO HUMANO MEDIANTE FERVURA.
Fonte – Do Autor (2016)
49

3.8 DIMENSIONAMENTO DOS COMPONENTES

Nesse item serão feitos os dimensionamentos dos componentes do sistema


de coleta de água da chuva e de ar condicionado, os valores encontrados serão
comparados com as dimensões atualmente instaladas.

3.8.1 Dimensionamento dos Condutores Horizontais

Para o dimensionamento dos condutores horizontais deve-se primeiramente


calcular a vazão de projeto para a edificação analisada seguindo os procedimentos
descritos em 2.1.5. Para isso é necessário que determinemos a intensidade
pluviométrica da região em mm/h. Nesse cálculo será utilizada a equação geral de
chuvas intensas em natal proposta no Plano Diretor de Drenagem e Manejo de Águas
Pluviais – Natal RN (2011).

.
502.47 ∗ 𝑇
𝑖=
𝑡 + 10.8 .

Onde i é a intensidade pluviométrica em mm/h, T é o tempo de retorno em


anos e t é a duração da chuva em minutos. A NBR 10844 – Instalações Prediais de
Águas Pluviais (1989) fixa o valor de t em 5 minutos, enquanto sugere que para
coberturas utilize-se um tempo de retorno (T) de 5 anos, dessa forma a intensidade
pluviométrica encontrada será de 68,5441mm/h.
A partir desse dado é possível obter a vazão de projeto, entretanto essa vazão
será determinada para cada uma das coberturas, tendo em vista que cada uma possui
seu condutor vertical separado. Ainda, devemos observar que a área de cobertura que
influenciará nesse cálculo será somente aquela das águas do telhado que conduzem
a chuva para as calhas, que é de 101,2 m² para cada cobertura :

68.5441 ∗ 101.2
= 115,6110 𝑙/𝑚𝑖𝑛
60
50

Figura 15: Area de coleta captada por calhas semicirculares

Fonte: Do Autor (2018)

Em posse da vazão de projeto, podemos utilizar a tabela 4 que refere-se a


coberturas com índice de rugosidade n=0,013 (cerâmica e concreto não alisado) para
obtermos o diâmetro e inclinação das calhas, o que resultaria na aplicação de uma
calha de 100mm a uma declividade mínima de 0,5% (mínimo permitido pela norma
vigente), com capacidade máxima de carga de 173 L/min.

3.8.2 Dimensionamento dos Condutores Verticais

Para dimensionamento dos condutores verticais devemos utilizar uma nova


vazão de projeto, tendo em vista que nos tubos de queda também haverá contribuição
da água captada pela laje entre as coberturas. Dessa maneira, a figura 16 ilustra a
área utilizada para a vazão de projeto para esses componentes que é de 171,4 m². A
área ilustrada é numericamente igual a da outra cobertura, sendo que para o
dimensionamento só será utilizada uma dessas áreas, tendo em vista que existe um
tubo de queda para cada cobertura.
51

Figura 16: Area de coleta captada por cada tubo de queda

Fonte: Do Autor (2018)

68.5441 ∗ 171,4
= 195,8076 𝑙/𝑚𝑖𝑛
60

Utilizando a fórmula de Manning-Strickler podemos obter a altura da lâmina


d’água nas calhas, entretanto esse passo não será necessário, tendo em vista que a
vazão de projeto encontrada foi inferior ao valor onde começam as curvas do ábaco
de dimensionamento.
Através de medição por trena a altura H do tubo de queda foi verificada e
constatada como 3,60m.
Em posse desses dados, podemos verificar através do ábaco que o condutor
vertical ideal para essa situação seria o mínimo diâmetro recomendado pela ABNT
(1989), que é de 70mm. Entretanto o diâmetro instalado no sistema atualmente é
superior a isso, sendo de 100mm.

3.8.3 Dimensionamento do Reservatório

O dimensionamento do reservatório se dará pela demanda encontrada para


os fins analisados no item 4.4 deste trabalho que foi de 516.5 L/dia. Multiplicando essa
demanda por 30 dias obteremos a demanda mensal para o caso estudado:
52

516,5 L/dia x 30 dias = 15.495 L/mês

Comparando a demanda com os dados de volume aproveitável por mês de


chuva, constatamos que apenas, em média, 3 meses por ano o volume captado é
menor que o volume utilizado. A tabela 12 exibe os dados encontrados.

Tabela 11 – Análise laboratorial da água coletada pelo sistema do UNI-RN


Volume
Volume Volume condensado
Mês aproveitável de aproveitável de pelos Ar Consumo Balanço (L)
água (m³) água da chuva (L) condicionados
(L)
Jan 16,59625 16596,25 985,60 15495,00 2086,85
Fev 21,1225 21122,50 985,60 15495,00 6613,10
Mar 57,3325 57332,50 985,60 15495,00 42823,10
Abr 79,96375 79963,75 985,60 15495,00 65454,35
Mai 72,42 72420,00 985,60 15495,00 57910,60
Jun 60,35 60350,00 985,60 15495,00 45840,60
Jul 60,35 60350,00 985,60 15495,00 45840,60
Ago 33,1925 33192,50 985,60 15495,00 18683,10
Set 18,105 18105,00 985,60 15495,00 3595,60
Out 6,035 6035,00 985,60 15495,00 -8474,40
Nov 6,035 6035,00 985,60 15495,00 -8474,40
Dez 7,54375 7543,75 985,60 15495,00 -6965,65
Fonte: Do Autor (2018)

Somando os meses em que há déficit obtemos o volume de 23.914,45 L, ou


seja, se instalarmos um reservatório de 24 m³ ou superior, teremos suprimento de
água de fontes alternativas para todo o ano

4 RESULTADOS

No decorrer do trabalho foi verificado que a produção de água pelos ar


condicionados se torna significativa quando considerado o tempo de funcionamento,
número de equipamentos, umidade relativa do ar e potência dos aparelhos.
53

A condensação de água oriunda dos ar condicionados do laboratório


analisado chega a 49,28 L por 4 horas de funcionamento (dia de aulas tipo), o que
gera um valor mensal de 985,60L, dessa forma essa fonte consegue sozinha quase
que suprir em 4 horas de funcionamento a demanda diária para a lavagem de um
automóvel que é de 50 L/dia (MACINTYRE, 2010).
Quanto a qualidade, a amostra de água coletada do ar condicionado se
demonstrou de grande pureza, estando dentro de todos os padrões de potabilidade
vigentes, de forma que sua aplicação poderia ser recomendada sem restrições,
entretanto não podemos fazer isso com base em um número tão limitado de amostras.
Na área analisada a captação de águas da chuva se demonstrou muito
promissora, sendo possível a captação de incríveis 439.046,35 L por ano. Para efeitos
de comparação, a demanda para os fins atuais da água captada pelo sistema é de
188.522,5 L, ou seja, 42,93% do volume captado somente por essa modalidade.
No que diz respeito as análises qualitativas da água da chuva, também
podemos constatar grande pureza desse recurso mesmo sem a utilização de filtros, e
demais medidas para tratamento da água. Entretanto, para usos mais nobres dessa
água como o consumo direto, deve-se impreterivelmente aplicar tais medidas.
Quanto aos componentes aplicados ao sistema de armazenamento de água
da chuva e de ar condicionado do laboratório de Geologia e Solos do UNI-RN, ficou
constatado o correto dimensionamento dos condutores horizontais e verticais, sendo
que os últimos com dimensões superiores ao necessário. O reservatório instalado
possui capacidade aquém da necessária para se manter cheio durante todo o ano e
fornecer água para os usos analisados, entretanto isso se justifica pela dificuldade de
utilizar um reservatório de grande capacidade enquanto o paisagismo do campus é
mantido, além de que há suprimento constante de água para a universidade através
de outras fontes.
54

5 CONCLUSÃO

Através desse trabalho ficou evidenciado o grande potencial que existe em


Natal para a captação de água das chuvas e de ar condicionado. No campus do UNI-
RN a produção de água somada dessas duas origens atinge 448.902,35 L.
Se levarmos em conta que tal número é atingido somente pela captação
gerada em um dos laboratórios do campus com apenas 4 ar condicionados e que sua
própria cobertura não é aproveitada totalmente como área de captação, fica cada vez
mais evidente o potencial existente para a obtenção de recursos hídricos nas
dependências do centro universitário.
Através da bibliografia e do referencial fotográfico, também ficou evidenciado
os procedimentos para a elaboração de sistemas de captação de água das chuvas e
de ar condicionado, facilitando a difusão desses, o que a longo prazo irá contribuir
para uma matriz hídrica mais descentralizada em nossa cidade, acarretando na
manutenção de níveis mais altos de nossos mananciais
Além disso, as análises das águas obtidas nos procedimentos dessa
monografia evidenciam a qualidade da água das fontes observadas, destacando uma
possibilidade muito atraente para um futuro estudo: o uso da água obtida dessas
fontes para diluição da água fornecida pela rede, que comumente possui teor de
nitrato acima do permitido em nossa cidade.
55

REFERÊNCIAS

ANTONOVICZ, D.; WEBER, R. G. B. Inventário e PMOC – Plano de


manutenção operação e controle – nos condicionadores de ar do Campos Medianeira da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná. 2013. 59 f. Monografia (Grau de
Tecnólogo em Manutenção Industrial) - Diretoria de Graduação e Educação
Profissional, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5626:


Instalação predial de água fria.1 ed. Rio de Janeiro: Abnt 1998. 41p

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Instalações prediais de águas pluviais. 1 ed. Rio de Janeiro: Abnt, 1989. 13 p.

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Ambiental. Goiânia: Ibeas, 2012.

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condicionado como água destilada em laboratórios de ensino de química. In:
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UFAL. Maceió: UFAL, 2015. Disponível em:
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MOTTA, A. G. O clima de Natal. São José dos Campos: INPE, 2004.

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58

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APROVEITAMENTO DE ÁGUA CONDENSADA DE APARELHOS DE AR
CONDICIONADO EM EDIFICAÇÕES. In: CONGRESSO TÉCNICO CIENTÍFICO D A
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STOECKER, W. F.; JONES, J. W. Refrigeração e ar condicionado. São


Paulo: McGraw- Hill do Brasil, 1985.
59

ANEXO I

Ministério da Saúde
Gabinete do Ministro
PORTARIA Nº 2.914, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2011

Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para


consumo humano e seu padrão de potabilidade.

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que lhe conferem os


incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Constituição, e

Considerando a Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, que configura infrações à


legislação sanitária federal e estabelece as sanções respectivas;

Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as


condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento
dos serviços correspondentes;

Considerando a Lei nº 9.433, de 1º de janeiro de 1997, que institui a Política Nacional


de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de
março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989;

Considerando a Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005, que dispõe sobre normas gerais
de contratação de consórcios públicos;

Considerando a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes


nacionais para o saneamento básico, altera as Leis nºs 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036,
de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e
revoga a Lei nº 6.528, de 11 de maio de 1978;

Considerando o Decreto nº 79.367, de 9 de março de 1977, que dispõe sobre normas e


o padrão de potabilidade de água;

Considerando o Decreto nº 5.440, de 4 de maio de 2005, que estabelece definições e


procedimentos sobre o controle de qualidade da água de sistemas de abastecimento e institui
mecanismos e instrumentos para divulgação de informação ao consumidor sobre a qualidade
da água para consumo humano; e

Considerando o Decreto nº 7.217, de 21 de junho de 2010, que regulamenta a Lei nº


11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico,
resolve:
60

Art. 1° Esta Portaria dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da


qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade.

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 2° Esta Portaria se aplica à água destinada ao consumo humano proveniente de


sistema e solução alternativa de abastecimento de água.

Parágrafo único. As disposições desta Portaria não se aplicamà água mineral natural,
à água natural e às águas adicionadas de sais, destinadas ao consumo humano após o
envasamento, e a outraságuas utilizadas como matéria-prima para elaboração de produtos,
conforme Resolução (RDC) nº 274, de 22 de setembro de 2005, da Diretoria Colegiada da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Art. 3° Toda água destinada ao consumo humano, distribuída coletivamente por meio
de sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água, deve ser objeto de controle
e vigilância da qualidade da água.

Art. 4° Toda água destinada ao consumo humano proveniente de solução alternativa


individual de abastecimento de água, independentemente da forma de acesso da população, está
sujeita à vigilância da qualidade da água.

CAPÍTULO II
DAS DEFINIÇÕES

Art. 5° Para os fins desta Portaria, são adotadas as seguintes definições:

I - água para consumo humano: água potável destinada à ingestão, preparação e


produção de alimentos e à higiene pessoal, independentemente da sua origem;

II - água potável: água que atenda ao padrão de potabilidade estabelecido nesta Portaria
e que não ofereça riscos à saúde;

III - padrão de potabilidade: conjunto de valores permitidos como parâmetro da


qualidade da água para consumo humano, conforme definido nesta Portaria;

IV - padrão organoléptico: conjunto de parâmetros caracterizados por provocar


estímulos sensoriais que afetam a aceitação para consumo humano, mas que não
necessariamente implicam riscoà saúde;

V - água tratada: água submetida a processos físicos, químicos ou combinação destes,


visando atender ao padrão de potabilidade;

VI - sistema de abastecimento de água para consumo humano: instalação composta


por um conjunto de obras civis, materiais e equipamentos, desde a zona de captação até as
ligações prediais, destinada à produção e ao fornecimento coletivo de água potável, por meio
de rede de distribuição;
61

VII - solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo humano:


modalidade de abastecimento coletivo destinada a fornecer água potável, com captação
subterrânea ou superficial, com ou sem canalização e sem rede de distribuição;

VIII - solução alternativa individual de abastecimento deágua para consumo humano:


modalidade de abastecimento de água para consumo humano que atenda a domicílios
residenciais com umaúnica família, incluindo seus agregados familiares;

IX - rede de distribuição: parte do sistema de abastecimento formada por tubulações e


seus acessórios, destinados a distribuir água potável, até as ligações prediais;

X - ligações prediais: conjunto de tubulações e peças especiais, situado entre a rede de


distribuição de água e o cavalete, este incluído;

XI - cavalete: kit formado por tubos e conexões destinados à instalação do hidrômetro


para realização da ligação de água;

XII - interrupção: situação na qual o serviço de abastecimento de água é interrompido


temporariamente, de forma programada ou emergencial, em razão da necessidade de se efetuar
reparos, modificações ou melhorias no respectivo sistema;

XIII - intermitência: é a interrupção do serviço de abastecimento de água, sistemática


ou não, que se repete ao longo de determinado período, com duração igual ou superior a seis
horas em cada ocorrência;

XIV - integridade do sistema de distribuição: condição de operação e manutenção do


sistema de distribuição (reservatório e rede) de água potável em que a qualidade da água
produzida pelos processos de tratamento seja preservada até as ligações prediais;

XV - controle da qualidade da água para consumo humano: conjunto de atividades


exercidas regularmente pelo responsável pelo sistema ou por solução alternativa coletiva de
abastecimento de água, destinado a verificar se a água fornecida à população é potável, de forma
a assegurar a manutenção desta condição;

XVI - vigilância da qualidade da água para consumo humano: conjunto de ações


adotadas regularmente pela autoridade de saúde pública para verificar o atendimento a esta
Portaria, considerados os aspectos socioambientais e a realidade local, para avaliar se a água
consumida pela população apresenta risco à saúde humana;

XVII - garantia da qualidade: procedimento de controle da qualidade para monitorar a


validade dos ensaios realizados;

XVIII - recoleta: ação de coletar nova amostra de água para consumo humano no ponto
de coleta que apresentou alteração em algum parâmetro analítico; e

XIX - passagem de fronteira terrestre: local para entrada ou saída internacional de


viajantes, bagagens, cargas, contêineres, veículos rodoviários e encomendas postais.

CAPÍTULO III
DAS COMPETÊNCIAS E RESPONSABILIDADES
62

Seção I
Das Competências da União

Art. 6° Para os fins desta Portaria, as competências atribuídasà União serão exercidas
pelo Ministério da Saúde e entidades a ele vinculadas, conforme estabelecido nesta Seção.

Art. 7º Compete à Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS):

I - promover e acompanhar a vigilância da qualidade da água para consumo humano,


em articulação com as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
e respectivos responsáveis pelo controle da qualidade da água;

II - estabelecer ações especificadas no Programa Nacional de Vigilância da Qualidade


da Água para Consumo Humano (VIGIAGUA);

III - estabelecer as ações próprias dos laboratórios de saúde pública, especificadas na


Seção V desta Portaria;

IV - estabelecer diretrizes da vigilância da qualidade da água para consumo humano a


serem implementadas pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitados os princípios
do SUS;

V - estabelecer prioridades, objetivos, metas e indicadores de vigilância da qualidade


da água para consumo humano a serem pactuados na Comissão Intergestores Tripartite; e

VI - executar ações de vigilância da qualidade da água para consumo humano, de


forma complementar à atuação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Art. 8º Compete à Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI/MS) executar,


diretamente ou mediante parcerias, incluída a contratação de prestadores de serviços, as ações
de vigilância e controle da qualidade da água para consumo humano nos sistemas e soluções
alternativas de abastecimento de água das aldeias indígenas.

Art. 9º Compete à Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) apoiar as ações de controle


da qualidade da água para consumo humano proveniente de sistema ou solução alternativa de
abastecimento de água para consumo humano, em seu âmbito de atuação, conforme os critérios
e parâmetros estabelecidos nesta Portaria.

Art. 10. Compete à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) exercer a


vigilância da qualidade da água nas áreas de portos, aeroportos e passagens de fronteiras
terrestres, conforme os critérios e parâmetros estabelecidos nesta Portaria, bem como diretrizes
específicas pertinentes.

Seção II
Das Competências dos Estados

Art. 11. Compete às Secretarias de Saúde dos Estados:

I - promover e acompanhar a vigilância da qualidade daágua, em articulação com os


Municípios e com os responsáveis pelo controle da qualidade da água;
63

II - desenvolver as ações especificadas no VIGIAGUA, consideradas as peculiaridades


regionais e locais;

III - desenvolver as ações inerentes aos laboratórios de saúde pública, especificadas na


Seção V desta Portaria;

IV - implementar as diretrizes de vigilância da qualidade daágua para consumo


humano definidas no âmbito nacional;

V - estabelecer as prioridades, objetivos, metas e indicadores de vigilância da


qualidade da água para consumo humano a serem pactuados na Comissão Intergestores
Bipartite;

VI - encaminhar aos responsáveis pelo abastecimento deágua quaisquer informações


referentes a investigações de surto relacionadoà qualidade da água para consumo humano;

VII - realizar, em parceria com os Municípios em situações de surto de doença


diarréica aguda ou outro agravo de transmissão fecal-oral, os seguintes procedimentos:

a) análise microbiológica completa, de modo a apoiar a investigação epidemiológica e


a identificação, sempre que possível, do gênero ou espécie de microorganismos;

b) análise para pesquisa de vírus e protozoários, no que couber, ou encaminhamento


das amostras para laboratórios de referência nacional, quando as amostras clínicas forem
confirmadas para esses agentes e os dados epidemiológicos apontarem a água como via de
transmissão; e

c) envio das cepas de Escherichia coli aos laboratórios de referência nacional para
identificação sorológica;

VIII - executar as ações de vigilância da qualidade da água para consumo humano, de


forma complementar à atuação dos Municípios, nos termos da regulamentação do SUS.

Seção III
Das Competências dos Municípios

Art. 12. Compete às Secretarias de Saúde dos Municípios:

I - exercer a vigilância da qualidade da água em sua área de competência, em


articulação com os responsáveis pelo controle da qualidade da água para consumo humano;

II - executar ações estabelecidas no VIGIAGUA, consideradas as peculiaridades


regionais e locais, nos termos da legislação do SUS;

III - inspecionar o controle da qualidade da água produzida e distribuída e as práticas


operacionais adotadas no sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água,
notificando seus respectivos responsáveis para sanar a(s) irregularidade(s) identificada(s);
64

IV - manter articulação com as entidades de regulação quando detectadas falhas


relativas à qualidade dos serviços de abastecimento de água, a fim de que sejam adotadas as
providências concernentes a sua área de competência;

V- garantir informações à população sobre a qualidade daágua para consumo humano


e os riscos à saúde associados, de acordo com mecanismos e os instrumentos disciplinados no
Decreto nº 5.440, de 4 de maio de 2005;

VI - encaminhar ao responsável pelo sistema ou solução alternativa coletiva de


abastecimento de água para consumo humano informações sobre surtos e agravos à saúde
relacionados à qualidade da água para consumo humano;

VII - estabelecer mecanismos de comunicação e informação com os responsáveis pelo


sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água sobre os resultados das ações
de controle realizadas;

VIII - executar as diretrizes de vigilância da qualidade daágua para consumo humano


definidas no âmbito nacional e estadual;

IX - realizar, em parceria com os Estados, nas situações de surto de doença diarréica


aguda ou outro agravo de transmissão fecaloral, os seguintes procedimentos:

a) análise microbiológica completa, de modo a apoiar a investigação epidemiológica e


a identificação, sempre que possível, do gênero ou espécie de microorganismos;

b) análise para pesquisa de vírus e protozoários, quando for o caso, ou


encaminhamento das amostras para laboratórios de referência nacional quando as amostras
clínicas forem confirmadas para esses agentes e os dados epidemiológicos apontarem a água
como via de transmissão; e

c) envio das cepas de Escherichia coli aos laboratórios de referência nacional para
identificação sorológica;

X - cadastrar e autorizar o fornecimento de água tratada, por meio de solução


alternativa coletiva, mediante avaliação e aprovação dos documentos exigidos no art. 14 desta
Portaria.

Parágrafo único. A autoridade municipal de saúde pública não autorizará o


fornecimento de água para consumo humano, por meio de solução alternativa coletiva, quando
houver rede de distribuição de água, exceto em situação de emergência e intermitência.

Seção IV
Do Responsável pelo Sistema ou Solução Alternativa Coletiva
de Abastecimento de Água para Consumo Humano

Art. 13. Compete ao responsável pelo sistema ou solução alternativa coletiva de


abastecimento de água para consumo humano:

I - exercer o controle da qualidade da água;


65

II - garantir a operação e a manutenção das instalações destinadas ao abastecimento de


água potável em conformidade com as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) e das demais normas pertinentes;

III - manter e controlar a qualidade da água produzida e distribuída, nos termos desta
Portaria, por meio de:

a) controle operacional do(s) ponto(s) de captação, adução, tratamento, reservação e


distribuição, quando aplicável;

b) exigência, junto aos fornecedores, do laudo de atendimento dos requisitos de saúde


estabelecidos em norma técnica da ABNT para o controle de qualidade dos produtos químicos
utilizados no tratamento de água;

c) exigência, junto aos fornecedores, do laudo de inocuidade dos materiais utilizados


na produção e distribuição que tenham contato com a água;

d) capacitação e atualização técnica de todos os profissionais que atuam de forma


direta no fornecimento e controle da qualidade da água para consumo humano; e

e) análises laboratoriais da água, em amostras provenientes das diversas partes dos


sistemas e das soluções alternativas coletivas, conforme plano de amostragem estabelecido
nesta Portaria;

IV - manter avaliação sistemática do sistema ou solução alternativa coletiva de


abastecimento de água, sob a perspectiva dos riscos à saúde, com base nos seguintes critérios:

a) ocupação da bacia contribuinte ao manancial;

b) histórico das características das águas;

c) características físicas do sistema;

d) práticas operacionais; e

e) na qualidade da água distribuída, conforme os princípios dos Planos de Segurança


da Água (PSA) recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) ou definidos em
diretrizes vigentes no País;

V - encaminhar à autoridade de saúde pública dos Estados, do Distrito Federal e dos


Municípios relatórios das análises dos parâmetros mensais, trimestrais e semestrais com
informações sobre o controle da qualidade da água, conforme o modelo estabelecido pela
referida autoridade;

VI - fornecer à autoridade de saúde pública dos Estados, do Distrito Federal e dos


Municípios os dados de controle da qualidade da água para consumo humano, quando
solicitado;

VII - monitorar a qualidade da água no ponto de captação, conforme estabelece o art.


40 desta Portaria;
66

VIII - comunicar aos órgãos ambientais, aos gestores de recursos hídricos e ao órgão
de saúde pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios qualquer alteração da
qualidade da água no ponto de captação que comprometa a tratabilidade da água para consumo
humano;

IX - contribuir com os órgãos ambientais e gestores de recursos hídricos, por meio de


ações cabíveis para proteção do(s) manancial(ais) de abastecimento(s) e das bacia(s)
hidrográfica(s);

X - proporcionar mecanismos para recebimento de reclamações e manter registros


atualizados sobre a qualidade da água distribuída, sistematizando-os de forma compreensível
aos consumidores e disponibilizando-os para pronto acesso e consulta pública, em atendimento
às legislações específicas de defesa do consumidor;

XI - comunicar imediatamente à autoridade de saúde pública municipal e informar


adequadamente à população a detecção de qualquer risco à saúde, ocasionado por anomalia
operacional no sistema e solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo
humano ou por não conformidade na qualidade da água tratada, adotando-se as medidas
previstas no art. 44 desta Portaria; e

XII - assegurar pontos de coleta de água na saída de tratamento e na rede de


distribuição, para o controle e a vigilância da qualidade da água.

Art. 14. O responsável pela solução alternativa coletiva de abastecimento de água deve
requerer, junto à autoridade municipal de saúde pública, autorização para o fornecimento de
água tratada, mediante a apresentação dos seguintes documentos:

I - nomeação do responsável técnico habilitado pela operação da solução alternativa


coletiva;

II - outorga de uso, emitida por órgão competente, quando aplicável; e

III - laudo de análise dos parâmetros de qualidade da água previstos nesta Portaria.

Art. 15. Compete ao responsável pelo fornecimento de água para consumo humano
por meio de veículo transportador:

I - garantir que tanques, válvulas e equipamentos dos veículos transportadores sejam


apropriados e de uso exclusivo para o armazenamento e transporte de água potável;

II - manter registro com dados atualizados sobre o fornecedor e a fonte de água;

III - manter registro atualizado das análises de controle da qualidade da água, previstos
nesta Portaria;

IV - assegurar que a água fornecida contenha um teor mínimo de cloro residual livre
de 0,5 mg/L; e

V - garantir que o veículo utilizado para fornecimento deágua contenha, de forma


visível, a inscrição "ÁGUA POTÁVEL" e os dados de endereço e telefone para contato.
67

Art. 16. A água proveniente de solução alternativa coletiva ou individual, para fins de
consumo humano, não poderá ser misturada com a água da rede de distribuição.

Seção V
Dos Laboratórios de Controle e Vigilância

Art. 17. Compete ao Ministério da Saúde:

I - habilitar os laboratórios de referência regional e nacional para operacionalização


das análises de maior complexidade na vigilância da qualidade da água para consumo humano,
de acordo com os critérios estabelecidos na Portaria nº 70/SVS/MS, de 23 de dezembro de
2004;

II - estabelecer as diretrizes para operacionalização das atividades analíticas de


vigilância da qualidade da água para consumo humano; e

III - definir os critérios e os procedimentos para adotar metodologias analíticas


modificadas e não contempladas nas referências citadas no art. 22 desta Portaria.

Art. 18. Compete às Secretarias de Saúde dos Estados habilitar os laboratórios de


referência regional e municipal para operacionalização das análises de vigilância da qualidade
da água para consumo humano.

Art. 19. Compete às Secretarias de Saúde dos Municípios indicar, para as Secretarias
de Saúde dos Estados, outros laboratórios de referência municipal para operacionalização das
análises de vigilância da qualidade da água para consumo humano, quando for o caso.

Art. 20. Compete aos responsáveis pelo fornecimento deágua para consumo humano
estruturar laboratórios próprios e, quando necessário, identificar outros para realização das
análises dos parâmetros estabelecidos nesta Portaria.

Art. 21. As análises laboratoriais para controle e vigilância da qualidade da água para
consumo humano podem ser realizadas em laboratório próprio, conveniado ou subcontratado,
desde que se comprove a existência de sistema de gestão da qualidade, conforme os requisitos
especificados na NBR ISO/IEC 17025:2005.

Art. 22. As metodologias analíticas para determinação dos parâmetros previstos nesta
Portaria devem atender às normas nacionais ou internacionais mais recentes, tais como:

I - Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater de autoria das
instituições American Public Health Association (APHA), American Water Works Association
(AWWA) e Water Environment Federation (WEF);

II - United States Environmental Protection Agency (USEPA);

III - normas publicadas pela International Standartization Organization (ISO); e

IV - metodologias propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).


68

CAPÍTULO IV
DAS EXIGÊNCIAS APLICÁVEIS AOS SISTEMAS E SOLUÇÕES
ALTERNATIVAS COLETIVAS DE ABASTECIMENTO
DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO

Art. 23. Os sistemas e as soluções alternativas coletivas de abastecimento de água para


consumo humano devem contar com responsável técnico habilitado.

Art. 24. Toda água para consumo humano, fornecida coletivamente, deverá passar por
processo de desinfecção ou cloração.

Parágrafo único. As águas provenientes de manancial superficial devem ser


submetidas a processo de filtração.

Art. 25. A rede de distribuição de água para consumo humano deve ser operada sempre
com pressão positiva em toda sua extensão.

Art. 26. Compete ao responsável pela operação do sistema de abastecimento de água


para consumo humano notificar à autoridade de saúde pública e informar à respectiva entidade
reguladora e à população, identificando períodos e locais, sempre que houver:

I - situações de emergência com potencial para atingir a segurança de pessoas e bens;

II - interrupção, pressão negativa ou intermitência no sistema de abastecimento;

III - necessidade de realizar operação programada na rede de distribuição, que possa


submeter trechos a pressão negativa;

IV - modificações ou melhorias de qualquer natureza nos sistemas de abastecimento;


e

V - situações que possam oferecer risco à saúde.

CAPÍTULO V
DO PADRÃO DE POTABILIDADE

Art. 27. A água potável deve estar em conformidade com padrão microbiológico,
conforme disposto no Anexo I e demais disposições desta Portaria.

§ 1º No controle da qualidade da água, quando forem detectadas amostras com


resultado positivo para coliformes totais, mesmo em ensaios presuntivos, ações corretivas
devem ser adotadas e novas amostras devem ser coletadas em dias imediatamente sucessivos
até que revelem resultados satisfatórios.

§ 2º Nos sistemas de distribuição, as novas amostras devem incluir no mínimo uma


recoleta no ponto onde foi constatado o resultado positivo para coliformes totais e duas amostras
extras, sendo uma à montante e outra à jusante do local da recoleta.

§ 3º Para verificação do percentual mensal das amostras com resultados positivos de


coliformes totais, as recoletas não devem ser consideradas no cálculo.
69

§ 4º O resultado negativo para coliformes totais das recoletas não anula o resultado
originalmente positivo no cálculo dos percentuais de amostras com resultado positivo.

§ 5º Na proporção de amostras com resultado positivo admitidas mensalmente para


coliformes totais no sistema de distribuição, expressa no Anexo I a esta Portaria, não são
tolerados resultados positivos que ocorram em recoleta, nos termos do § 1º deste artigo.

§ 6º Quando o padrão microbiológico estabelecido no Anexo I a esta Portaria for


violado, os responsáveis pelos sistemas e soluções alternativas coletivas de abastecimento de
água para consumo humano devem informar à autoridade de saúde pública as medidas
corretivas tomadas.

§ 7º Quando houver interpretação duvidosa nas reações típicas dos ensaios analíticos
na determinação de coliformes totais e Escherichia coli, deve-se fazer a recoleta.

Art. 28. A determinação de bactérias heterotróficas deve ser realizada como um dos
parâmetros para avaliar a integridade do sistema de distribuição (reservatório e rede).

§ 1º A contagem de bactérias heterotróficas deve ser realizada em 20% (vinte por


cento) das amostras mensais para análise de coliformes totais nos sistemas de distribuição
(reservatório e rede).

§ 2º Na seleção dos locais para coleta de amostras devem ser priorizadas pontas de
rede e locais que alberguem grupos populacionais de risco à saúde humana.

§ 3º Alterações bruscas ou acima do usual na contagem de bactérias heterotróficas


devem ser investigadas para identificação de irregularidade e providências devem ser adotadas
para o restabelecimento da integridade do sistema de distribuição (reservatório e rede),
recomendando-se que não se ultrapasse o limite de 500 UFC/mL.

Art. 29. Recomenda-se a inclusão de monitoramento de vírus entéricos no(s) ponto(s)


de captação de água proveniente(s) de manancial(is) superficial(is) de abastecimento, com o
objetivo de subsidiar estudos de avaliação de risco microbiológico.

Art. 30. Para a garantia da qualidade microbiológica da água, em complementação às


exigências relativas aos indicadores microbiológicos, deve ser atendido o padrão de turbidez
expresso no Anexo II e devem ser observadas as demais exigências contidas nesta Portaria.

§ 1º Entre os 5% (cinco por cento) dos valores permitidos de turbidez superiores ao


VMP estabelecido no Anexo II a esta Portaria, para água subterrânea com desinfecção, o limite
máximo para qualquer amostra pontual deve ser de 5,0 uT, assegurado, simultaneamente, o
atendimento ao VMP de 5,0 uT em toda a extensão do sistema de distribuição (reservatório e
rede).

§ 2° O valor máximo permitido de 0,5 uT para água filtrada por filtração rápida
(tratamento completo ou filtração direta), assim como o valor máximo permitido de 1,0 uT para
água filtrada por filtração lenta, estabelecidos no Anexo II desta Portaria, deverão ser atingidos
conforme as metas progressivas definidas no Anexo III a esta Portaria.
70

§ 3º O atendimento do percentual de aceitação do limite de turbidez, expresso no


Anexo II a esta Portaria, deve ser verificado mensalmente com base em amostras,
preferencialmente no efluente individual de cada unidade de filtração, no mínimo diariamente
para desinfecção ou filtração lenta e no mínimo a cada duas horas para filtração rápida.

Art. 31. Os sistemas de abastecimento e soluções alternativas coletivas de


abastecimento de água que utilizam mananciais superficiais devem realizar monitoramento
mensal de Escherichia coli no(s) ponto(s) de captação de água.

§ 1º Quando for identificada média geométrica anual maior ou igual a 1.000


Escherichia coli/100mL deve-se realizar monitoramento de cistos de Giardia spp. e oocistos de
Cryptosporidium spp. no(s) ponto(s) de captação de água.

§ 2º Quando a média aritmética da concentração de oocistos de Cryptosporidium spp.


for maior ou igual a 3,0 oocistos/L no(s) pontos(s) de captação de água, recomenda-se a
obtenção de efluente em filtração rápida com valor de turbidez menor ou igual a 0,3 uT em 95%
(noventa e cinco por cento) das amostras mensais ou uso de processo de desinfecção que
comprovadamente alcance a mesma eficiência de remoção de oocistos de Cryptosporidium spp.

§ 3º Entre os 5% (cinco por cento) das amostras que podem apresentar valores de
turbidez superiores ao VMP estabelecido no § 2° do art. 30 desta Portaria, o limite máximo para
qualquer amostra pontual deve ser menor ou igual a 1,0 uT, para filtração rápida e menor ou
igual a 2,0 uT para filtração lenta.

§ 4° A concentração média de oocistos de Cryptosporidium spp. referida no § 2º deste


artigo deve ser calculada considerando um número mínino de 24 (vinte e quatro) amostras
uniformemente coletadas ao longo de um período mínimo de um ano e máximo de dois anos.

Art. 32. No controle do processo de desinfecção da água por meio da cloração,


cloraminação ou da aplicação de dióxido de cloro devem ser observados os tempos de contato
e os valores de concentrações residuais de desinfetante na saída do tanque de contato expressos
nos Anexos IV, V e VI a esta Portaria.

§ 1º Para aplicação dos Anexos IV, V e VI deve-se considerar a temperatura média


mensal da água.

§ 2º No caso da desinfecção com o uso de ozônio, deve ser observado o produto


concentração e tempo de contato (CT) de 0,16 mg.min/L para temperatura média da água igual
a 15º C.

§ 3º Para valores de temperatura média da água diferentes de 15º C, deve-se proceder


aos seguintes cálculos:

I - para valores de temperatura média abaixo de 15ºC: duplicar o valor de CT a cada


decréscimo de 10ºC.

II - para valores de temperatura média acima de 15ºC: dividir por dois o valor de CT
a cada acréscimo de 10ºC.
71

§ 4° No caso da desinfecção por radiação ultravioleta, deve ser observada a dose


mínima de 1,5 mJ/cm2para 0,5 log de inativação de cisto de Giardia spp.

Art. 33. Os sistemas ou soluções alternativas coletivas de abastecimento de água


supridas por manancial subterrâneo com ausência de contaminação por Escherichia coli devem
realizar cloração da água mantendo o residual mínimo do sistema de distribuição (reservatório
e rede), conforme as disposições contidas no art. 34 a esta Portaria.

§ 1° Quando o manancial subterrâneo apresentar contaminação por Escherichia coli,


no controle do processo de desinfecção da água, devem ser observados os valores do produto
de concentração residual de desinfetante na saída do tanque de contato e o tempo de contato
expressos nos Anexos IV, V e VI a esta Portaria ou a dose mínima de radiação ultravioleta
expressa no § 4º do art. 32 a desta Portaria.

§ 2° A avaliação da contaminação por Escherichia coli no manancial subterrâneo deve


ser feita mediante coleta mensal de uma amostra de água em ponto anterior ao local de
desinfecção.

§ 3° Na ausência de tanque de contato, a coleta de amostras de água para a verificação


da presença/ausência de coliformes totais em sistemas de abastecimento e soluções alternativas
coletivas de abastecimento de águas, supridas por manancial subterrâneo, deverá ser realizada
em local à montante ao primeiro ponto de consumo.

Art. 34. É obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg/L de cloro residual livre
ou 2 mg/L de cloro residual combinado ou de 0,2 mg/L de dióxido de cloro em toda a extensão
do sistema de distribuição (reservatório e rede).

Art. 35. No caso do uso de ozônio ou radiação ultravioleta como desinfetante, deverá
ser adicionado cloro ou dióxido de cloro, de forma a manter residual mínimo no sistema de
distribuição (reservatório e rede), de acordo com as disposições do art. 34 desta Portaria.

Art. 36. Para a utilização de outro agente desinfetante, além dos citados nesta Portaria,
deve-se consultar o Ministério da Saúde, por intermédio da SVS/MS.

Art. 37. A água potável deve estar em conformidade com o padrão de substâncias
químicas que representam risco à saúde e cianotoxinas, expressos nos Anexos VII e VIII e
demais disposições desta Portaria.

§ 1° No caso de adição de flúor (fluoretação), os valores recomendados para


concentração de íon fluoreto devem observar a Portaria nº 635/GM/MS, de 30 de janeiro de
1976, não podendo ultrapassar o VMP expresso na Tabela do Anexo VII a esta Portaria.

§ 2° As concentrações de cianotoxinas referidas no Anexo VIII a esta Portaria devem


representar as contribuições da fração intracelular e da fração extracelular na amostra analisada.

§ 3° Em complementação ao previsto no Anexo VIII a esta Portaria, quando for


detectada a presença de gêneros potencialmente produtores de cilindrospermopsinas no
monitoramento de cianobactérias previsto no § 1° do art. 40 desta Portaria, recomenda-se a
análise dessas cianotoxinas, observando o valor máximo aceitável de 1,0 μg/L.
72

§ 4° Em complementação ao previsto no Anexo VIII a esta Portaria, quando for


detectada a presença de gêneros de cianobactérias potencialmente produtores de anatoxina-a(s)
no monitoramento de cianobactérias previsto no § 1° do art. 40 a esta Portaria, recomenda-se a
análise da presença desta cianotoxina.

Art. 38. Os níveis de triagem que conferem potabilidade da água do ponto de vista
radiológico são valores de concentração de atividade que não excedem 0,5 Bq/L para atividade
alfa total e 1Bq/L para beta total.

Parágrafo único. Caso os níveis de triagem citados neste artigo sejam superados, deve
ser realizada análise específica para os radionuclídeos presentes e o resultado deve ser
comparado com os níveis de referência do Anexo IX desta Portaria.

Art. 39. A água potável deve estar em conformidade com o padrão organoléptico de
potabilidade expresso no Anexo X a esta Portaria.

§ 1º Recomenda-se que, no sistema de distribuição, o pH da água seja mantido na faixa


de 6,0 a 9,5.

§ 2º Recomenda-se que o teor máximo de cloro residual livre em qualquer ponto do


sistema de abastecimento seja de 2 mg/L.

§ 3° Na verificação do atendimento ao padrão de potabilidade expresso nos Anexos


VII, VIII, IX e X, eventuais ocorrências de resultados acima do VMP devem ser analisadas em
conjunto com o histórico do controle de qualidade da água e não de forma pontual.

§ 4º Para os parâmetros ferro e manganês são permitidos valores superiores ao VMPs


estabelecidos no Anexo X desta Portaria, desde que sejam observados os seguintes critérios:

I - os elementos ferro e manganês estejam complexados com produtos químicos


comprovadamente de baixo risco à saúde, conforme preconizado no art. 13 desta Portaria e nas
normas da ABNT;

II - os VMPs dos demais parâmetros do padrão de potabilidade não sejam violados; e

III - as concentrações de ferro e manganês não ultrapassem 2,4 e 0,4 mg/L,


respectivamente.

§ 5º O responsável pelo sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de


água deve encaminhar à autoridade de saúde pública dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios informações sobre os produtos químicos utilizados e a comprovação de baixo risco
à saúde, conforme preconizado no art. 13 e nas normas da ABNT.

CAPÍTULO VI
DOS PLANOS DE AMOSTRAGEM

Art. 40. Os responsáveis pelo controle da qualidade da água de sistemas ou soluções


alternativas coletivas de abastecimento deágua para consumo humano, supridos por manancial
superficial e subterrâneo, devem coletar amostras semestrais da água bruta, no ponto de
73

captação, para análise de acordo com os parâmetros exigidos nas legislações específicas, com
a finalidade de avaliação de risco à saúde humana.

§ 1° Para minimizar os riscos de contaminação da água para consumo humano com


cianotoxinas, deve ser realizado o monitoramento de cianobactérias, buscando-se identificar os
diferentes gêneros, no ponto de captação do manancial superficial, de acordo com a Tabela do
Anexo XI a esta Portaria, considerando, para efeito de alteração da frequência de
monitoramento, o resultado da última amostragem.

§ 2° Em complementação ao monitoramento do Anexo XI a esta Portaria, recomenda-


se a análise de clorofila-a no manancial, com frequência semanal, como indicador de potencial
aumento da densidade de cianobactérias.

§ 3° Quando os resultados da análise prevista no § 2° deste artigo revelarem que a


concentração de clorofila-a em duas semanas consecutivas tiver seu valor duplicado ou mais,
deve-se proceder nova coleta de amostra para quantificação de cianobactérias no ponto de
captação do manancial, para reavaliação da frequência de amostragem de cianobactérias.

§ 4° Quanto a densidade de cianobactérias exceder 20.000 células/ml, deve-se realizar


análise de cianotoxinas na água do manancial, no ponto de captação, com frequência semanal.

§ 5° Quando as concentrações de cianotoxinas no manancial forem menores que seus


respectivos VMPs para água tratada, será dispensada análise de cianotoxinas na saída do
tratamento de que trata o Anexo XII a esta Portaria.

§ 6° Em função dos riscos à saúde associados às cianotoxinas, é vedado o uso de


algicidas para o controle do crescimento de microalgas e cianobactérias no manancial de
abastecimento ou qualquer intervenção que provoque a lise das células.

§ 7° As autoridades ambientais e de recursos hídricos definirão a regulamentação das


excepcionalidades sobre o uso de algicidas nos cursos d'água superficiais.

Art. 41. Os responsáveis pelo controle da qualidade da água de sistema e solução


alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo humano devem elaborar e submeter
para análise da autoridade municipal de saúde pública, o plano de amostragem de cada sistema
e solução, respeitando os planos mínimos de amostragem expressos nos Anexos XI, XII, XIII
e XIV.

§ 1º A amostragem deve obedecer aos seguintes requisitos:

I - distribuição uniforme das coletas ao longo do período; e

II - representatividade dos pontos de coleta no sistema de distribuição (reservatórios e


rede), combinando critérios de abrangência espacial e pontos estratégicos, entendidos como:

a) aqueles próximos a grande circulação de pessoas: terminais rodoviários, terminais


ferroviários entre outros;

b) edifícios que alberguem grupos populacionais de risco, tais como hospitais, creches
e asilos;
74

c) aqueles localizados em trechos vulneráveis do sistema de distribuição como pontas


de rede, pontos de queda de pressão, locais afetados por manobras, sujeitos à intermitência de
abastecimento, reservatórios, entre outros; e

d) locais com sistemáticas notificações de agravos à saúde tendo como possíveis


causas os agentes de veiculação hídrica.

§ 2º No número mínimo de amostras coletadas na rede de distribuição, previsto no


Anexo XII, não se incluem as amostras extras (recoletas).

§ 3º Em todas as amostras coletadas para análises microbiológicas, deve ser efetuada


medição de turbidez e de cloro residual livre ou de outro composto residual ativo, caso o agente
desinfetante utilizado não seja o cloro.

§ 4º Quando detectada a presença de cianotoxinas na água tratada, na saída do


tratamento, será obrigatória a comunicação imediata às clínicas de hemodiálise e às indústrias
de injetáveis.

§ 5º O plano de amostragem para os parâmetros de agrotóxicos deverá considerar a


avaliação dos seus usos na bacia hidrográfica do manancial de contribuição, bem como a
sazonalidade das culturas.

§ 6º Na verificação do atendimento ao padrão de potabilidade expressos nos Anexos


VII, VIII, IX e X a esta Portaria, a detecção de eventuais ocorrências de resultados acima do
VMP devem ser analisadas em conjunto com o histórico do controle de qualidade da água.

§ 7º Para populações residentes em áreas indígenas, populações tradicionais, dentre


outras, o plano de amostragem para o controle da qualidade da água deverá ser elaborado de
acordo com as diretrizes específicas aplicáveis a cada situação.

CAPÍTULO VII
DAS PENALIDADES

Art. 42. Serão aplicadas as sanções administrativas previstas na Lei nº 6.437, de 20 de


agosto de 1977, aos responsáveis pela operação dos sistemas ou soluções alternativas de
abastecimento deágua que não observarem as determinações constantes desta Portaria, sem
prejuízo das sanções de natureza civil ou penal cabíveis.

Art. 43. Cabe ao Ministério da Saúde, por intermédio da SVS/MS, e às Secretarias de


Saúde dos Estados, do Distrito Federal dos Municípios, ou órgãos equivalentes, assegurar o
cumprimento desta Portaria.

CAPÍTULO VIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 44. Sempre que forem identificadas situações de risco à saúde, o responsável pelo
sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água e as autoridades de saúde
pública devem, em conjunto, elaborar um plano de ação e tomar as medidas cabíveis, incluindo
a eficaz comunicação à população, sem prejuízo das providências imediatas para a correção da
anormalidade.
75

Art. 45. É facultado ao responsável pelo sistema ou solução alternativa coletiva de


abastecimento de água solicitar à autoridade de saúde pública a alteração na frequência mínima
de amostragem de parâmetros estabelecidos nesta Portaria, mediante justificativa
fundamentada.

Parágrafo único. Uma vez formulada a solicitação prevista no caput deste artigo, a
autoridade de saúde pública decidirá no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, com base em
análise fundamentada no histórico mínimo de dois anos do controle da qualidade da água,
considerando os respectivos planos de amostragens e de avaliação de riscos à saúde, da zona de
captação e do sistema de distribuição.

Art. 46. Verificadas características desconformes com o padrão de potabilidade da


água ou de outros fatores de risco à saúde, conforme relatório técnico, a autoridade de saúde
pública competente determinará ao responsável pela operação do sistema ou solução alternativa
coletiva de abastecimento de água para consumo humano que:

I - amplie o número mínimo de amostras;

II - aumente a frequência de amostragem; e

III - realize análises laboratoriais de parâmetros adicionais.

Art. 47. Constatada a inexistência de setor responsável pela qualidade da água na


Secretaria de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, os deveres e
responsabilidades previstos, respectivamente, nos arts. 11 e 12 desta Portaria serão cumpridos
peloórgão equivalente.

Art. 48. O Ministério da Saúde promoverá, por intermédio da SVS/MS, a revisão desta
Portaria no prazo de 5 (cinco) anos ou a qualquer tempo.

Parágrafo único. Os órgãos governamentais e não governamentais, de reconhecida


capacidade técnica nos setores objeto desta regulamentação, poderão requerer a revisão desta
Portaria, mediante solicitação justificada, sujeita a análise técnica da SVS/MS.

Art. 49. Fica estabelecido o prazo máximo de 24 (vinte e quatro) meses, contados a
partir da data de publicação desta Portaria, para que os órgãos e entidades sujeitos à aplicação
desta Portaria promovam as adequações necessárias ao seu cumprimento, no que se refere ao
monitoramento dos parâmetros gosto e odor, saxitoxina, cistos de Giardia spp. e oocistos de
Cryptosporidium spp.

§ 1º Para o atendimento ao valor máximo permitido de 0,5 uT para filtração rápida


(tratamento completo ou filtração direta), fica estabelecido o prazo de 4 (quatro) anos para
cumprimento, contados da data de publicação desta Portaria, mediante o cumprimento das
etapas previstas no § 2° do art. 30 desta Portaria.

§ 2º Fica estabelecido o prazo máximo de 24 (vinte e quatro) meses, contados a partir


da data de publicação desta Portaria, para que os laboratórios referidos no art. 21 desta Portaria
promovam as adequações necessárias para a implantação do sistema de gestão da qualidade,
conforme os requisitos especificados na NBR ISO/IEC 17025:2005.
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§ 3º Fica estabelecido o prazo máximo de 24 (vinte e quatro) meses, contados a partir


da data de publicação desta Portaria, para que os órgãos e entidades sujeitos à aplicação desta
Portaria promovam as adequações necessárias no que se refere ao monitoramento dos
parâmetros que compõem o padrão de radioatividade expresso no Anexo VIII a esta Portaria.

Art. 50. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão adotar as


medidas necessárias ao fiel cumprimento desta Portaria.

Art. 51. Ao Distrito Federal competem as atribuições reservadas aos Estados e aos
Municípios.

Art. 52. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 53. Fica revogada a Portaria nº 518/GM/MS, de 25 de março de 2004, publicada


no Diário Oficial da União, Seção 1, do dia 26 seguinte, página 266.

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