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Planejamento e construção de cisternas para

captação e armazenamento de água da chuva


Informações sobre os diversos tipos de cisternas

Mônica Belo Nunes


Rede de Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro - REDETEC

Julho/2011
Edição atualizada em Março/2022
Planejamento e construção de cisternas para

captação e armazenamento de água da chuva


O Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT fornece soluções de informação tecnológica sob medida, relacionadas aos
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Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT.
Dossiê Técnico NUNES, Mônica Belo
Planejamento e construção de cisternas para captação e
armazenamento de água da chuva
Rede de Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro - REDETEC
11/7/2011
Resumo Com frequência as fontes de abastecimento de água vêm sendo
contaminadas ou destruídas pela ação humana. Do mesmo modo
que existem regiões onde a estiagem, época do ano em que o
solo perde mais água do que recebe, é mais rigorosa e acaba
prejudicando a vida e a produção das famílias. Este dossiê
apresenta uma alternativa para reduzir os riscos de falta de água
através da construção de cisternas para a captação de água das
chuvas. Serão abordados os tipos de cisterna, dimensionamento
correto da cisterna, materiais utilizados para construção, sistema
de captação de água, sistema de filtragem, tratamento e uso da
água.

Assunto CAPTAÇÃO, TRATAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA DA


CHUVA PARA FINS DE ABASTECIMENTO
Palavras-chave Água; água da chuva; armazenamento; captação; cisterna;
estocagem; reservatório de água; construção

Atualizado por AMBROZINI, Beatriz

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DOSSIÊ TÉCNICO

Sumário 1

INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 3

2 OBJETIVO.................................................................................................................... 4

3 PROGRAMA UM MILHÃO DE CISTERNAS RURAIS (P1MC) .................................... 4

4 VANTAGENS DO APROVEITAMENTO DA ÁGUA DE CHUVA .................................. 5

5 CRITÉRIOS PARA A CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA .......................................... 6

6 DIMENSIONAMENTO DA CISTERNA ......................................................................... 7

7 SISTEMA DE FILTRAGEM .......................................................................................... 8


7.1 Pré filtro ....................................................................................................................... 9
7.2 Filtro............................................................................................................................. 9
7.3 Filtros caseiros ......................................................................................................... 10
7.4 Filtro comercial ......................................................................................................... 12

8 MATERIAIS UTILIZADOS NA CONSTRUÇÃO DE CISTERNA ................................. 14


8.1 Reservatórios em PVC ou PEAD.............................................................................. 14
8.2 Reservatórios em alvenaria ou concreto armado ................................................... 14
8.2.1 Cisternas de placas..................................................................................................... 15
8.2.2 Cisterna de alambrado ................................................................................................ 16
8.3 Reservatórios em fibra de vidro............................................................................... 17

9 PROTEÇÃO SANITÁRIA DA CISTERNA, TRATAMENTO E USO DA ÁGUA DE


CHUVA ................................................................................................................................ 18

10 FATORES QUE INTERFEREM NA QUALIDADE DA ÁGUA DA CHUVA ................. 18

11 PADRÃO DE QUALIDADE PARA ÁGUA DE CHUVA ARMAZENADA EM


CISTERNAS ........................................................................................................................ 19

12 LEGISLAÇÃO SOBRE A ÁGUA DA CHUVA ............................................................ 20

Conclusões e recomendações.......................................................................................... 21

Referências ........................................................................................................................ 22

2 2022 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT


DOSSIÊ TÉCNICO

Conteúdo

1 INTRODUÇÃO

A água da chuva está disponível na maioria das regiões brasileiras, porém, seu
aproveitamento para consumo humano e animal só é recomendado após tratamento.
Sua utilização na limpeza em geral, irrigação, etc., permite poupar a água potável disponível
nas propriedades (GRINGS, 2005).

A captação e armazenamento de água da chuva surge como opção para auxiliar no


atendimento da demanda de água de limpeza nas propriedades, principalmente em
períodos de estiagem, quando é comum a diminuição da vazão das fontes (GRINGS, 2005).

De acordo com Oliveira, Kunz e Percomo (2005):

A captação de água da chuva, não é uma invenção nova, é uma prática


muito difundida em países como a Austrália e a Alemanha, permitindo a
captação de água de boa qualidade, de maneira simples e efetiva, em
termos da relação custo-benefício. No Brasil, no nordeste semiárido, nas
ilhas como Fernando de Noronha e em todos os locais onde não existe rede
de abastecimento ou esta ainda não supre a demanda integralmente, usou-
se e continua-se usando a água da chuva (OLIVEIRA; KNUZ; PERDOMO,
2005).

Na figura 1 é apresentado como exemplo de construção, uma cisterna de concreto com tela
de arame:

Figura 1 – Cisterna de concreto com tela de arame


Fonte: (GANDLINGER, 2001 apud MAY, 2004)

No meio rural, as águas de chuva armazenadas em cisternas geralmente são utilizadas para
consumo doméstico, dessedentação de animais e irrigação (GANDLINGER, 2000 apud
TAVARES, 2009).

Tavares (2009) acredita que:

No Brasil, as águas de cisterna são empregadas, quase que


exclusivamente, para beber, cozinhar e higiene pessoal, no geral sem
qualquer tratamento. No meio urbano o aproveitamento da água da chuva
geralmente é destinado para fins não potáveis como rega de jardins,
descarga em banheiros, lavagem de carros, shoppings e condomínios
(TAVARES, 2009).

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Um modelo de sistema de coleta de água pode ser verificado na figura 2:

Figura 2 – Modelo de sistema de coleta de água


Fonte: (SAÚDE & AMBIENTE EM REVISTA, 2007)

2 OBJETIVO

Este dossiê visa oferecer informações sobre a construção de cisternas para captação da
água da chuva servindo como alternativa para auxiliar no atendimento da demanda de água.
Abordando como é feito o dimensionamento, quais são os tipos de cisterna, sistema de
filtragem, materiais utilizados para construção, sistema de captação de água, tratamento e
uso de água.

3 PROGRAMA UM MILHÃO DE CISTERNAS RURAIS (P1MC)

A região do semiárido brasileiro reúne um conjunto de características climáticas,


geomorfológicas, econômicas e sociais peculiares, que resultam numa paisagem marcada
pela dificuldade no acesso a recursos hídricos e pela resistência de sua população
(FETRAECE, 2008).

“No semiárido brasileiro, existem várias experiências de tecnologias de sucesso de captação


e manejo de água de chuva para uso humano, para criação de animais e produção de
alimentos, na sua maioria desenvolvidas por agricultores familiares” [...](GNADLINGER;
PALMIER; SZILASSY; BRITO, [200-?]).

Segundo Tavares (2009):

O P1MC, concebido e implementado pela Articulação do Semiárido


Brasileiro (ASA) com financiamento do Governo Federal, é um projeto de
garantia de água para a população rural do semiárido, mas com objetivo
subjacente de promover maior participação da sociedade civil da região na
definição de políticas públicas, para que estas passem a levar em conta as
demandas das populações locais e as limitações de clima [...].

[...] As ações do P1MC contemplam o desenvolvimento e a disponibilização


de técnicas e métodos de construção e manejo de sistemas de
abastecimento de água da chuva (cisternas rurais) e o processo educativo
visando ampliar a compreensão e a prática de convivência sustentável com
o semiárido e a valorização da água como direito de vida (FERREIRA,
2008).

Alguns resultados do programa são abordados por diversos autores


(POLETTO, 2001; SCHIESTEC, 2001):

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DOSSIÊ TÉCNICO

Acesso à água para um número crescente de famílias rurais do


semiárido;
Melhora sensível na qualidade vida de toda família e, em especial, de
mulheres e crianças;
Redução de doenças causadas pela ingestão de água contaminada;
Contribuição para diminuir a dependência das famílias em relação
aos grandes proprietários de terra e aos políticos locais, que usam o
acesso à água como meio de promoção política;
Não agride o meio ambiente, não produz resíduos, preserva os
lençóis freáticos e reduz o escoamento superficial contribuindo para
evitar a erosão (TAVARES, 2009).

De acordo com FETRAECE (2008):

Entre as iniciativas conhecidas do programa é destacada a cisterna de


placas de cimento. A cisterna de placa é uma tecnologia simples para
captação de água da chuva e tem se constituído em uma alternativa
apropriada para oferecer água de qualidade e em quantidade para o
consumo humano, além de evitar outros problemas, como as longas
caminhadas para a busca de água pelas mulheres e crianças em barreiros
cuja água, regra geral, é imprópria para consumo humano (FETRAECE,
2008).

4 VANTAGENS DO APROVEITAMENTO DA ÁGUA DE CHUVA

Capta água durante a época chuvosa e armazena durante todo o período de


estiagem, se a cisterna estiver em bom estado de conservação (TAVARES, 2009);

Por ser vedado, não há perdas significativas da água por evaporação (TAVARES,
2009);

Com os cuidados necessários, a água de chuva armazenada pode possuir qualidade


superior a de outras fontes, contribuindo com a diminuição de doenças de veiculação
hídrica (TAVARES, 2009);

Ajuda a conter as enchentes e a erosão, represando parte da água que teria de ser
drenada para os rios (OLIVEIRA; KNUZ; PERDOMO, 2005);

Evita a utilização de água potável onde esta não é necessária, como por exemplo, na
lavagem dos pisos, descarga de vasos sanitários, rega de jardins, etc. (Adaptado de
OLIVEIRA; KNUZ; PERDOMO, 2005);

Redução do consumo de água potável e do custo de fornecimento da mesma em


épocas de estiagem (OLIVEIRA; KNUZ; PERDOMO, 2005);

As tecnologias disponíveis são flexíveis (SAÚDE & AMBIENTE EM REVISTA, 2007);

Construção simples, baixos custos de operação e manutenção (SAÚDE &


AMBIENTE EM REVISTA, 2007);

Contribui com a conservação de água, a autossuficiência e com a postura correta


perante os problemas ambientais existentes (Adaptado de OLIVEIRA; KNUZ;
PERDOMO, 2005).

Na figura 3 pode-se verificar um exemplo de cisterna de placa.

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Planejamento e construção de cisternas para captação e armazenamento de água da chuva

Figura 3 – Cisterna de placa


Fonte: (TAVARES, 2009)

5 CRITÉRIOS PARA A CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA

Grings (2005) acredita que:

Os principais critérios a serem observados para captação e armazenagem


de água da chuva são a demanda diária de água na propriedade, o índice
médio de precipitação (chuva) por região em cada período do ano, tempo
necessário para armazenagem, considerando um período mínimo de
segurança e área de telhado necessário ou disponível para captação. O
índice de precipitação poderá ser obtido em órgãos oficiais como Instituto
Nacional de Meteorologia (INMET), Embrapa, Universidades, Prefeituras,
etc. (GRINGS, 2005).

A melhor forma de armazenamento da água de chuva é como no caso da água potável, a


cisterna subterrânea. Sem luz e calor, retarda-se a ação das bactérias (OLIVEIRA; KNUZ;
PERDOMO, 2005).

As cisternas são formadas por um conjunto de estruturas composta pelo sistema de


captação, sistema de filtragem e um reservatório de armazenamento (OLIVEIRA, 2005).

Existem basicamente dois modelos de cisternas (OLIVEIRA; KNUZ; PERDOMO, 2005):


Para captação de água do telhado;
Para captação de água de áreas pavimentadas ou áreas de drenagem (OLIVEIRA;
KNUZ; PERDOMO, 2005).

O sistema cisterna é constituído dos componentes apresentados na figura 4:

Figura 4 – Esquema do sistema cisterna


Fonte: (OLIVEIRA; KNUZ; PERDOMO, 2005)

“O sistema de captação de água da chuva do telhado, constitui-se em um conjunto


de calhas instaladas nos telhados para o recolhimento da água de chuva. As calhas
podem ser confeccionadas em materiais metálicos ou PVC” [...] (OLIVEIRA; KNUZ;
PERDOMO, 2005).

A captação normalmente é feita por um conjunto de calhas e tubos, em geral com


diâmetro de 10 cm, que conduzem a água da chuva a um pré-filtro para a limpeza dos
materiais grosseiros em suspensão na água (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005).

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DOSSIÊ TÉCNICO

É recomendável que somente a água de chuva captada em telhados e coberturas


venha a ser encaminhada para a cisterna, após passagem em um sistema de filtragem.
Superfícies lisas são as melhores para a captação (telhas de barro, de cimento etc.)
(OLIVEIRA; KNUZ; PERDOMO, 2005).

6 DIMENSIONAMENTO DA CISTERNA

Tavares (2009) acredita que:

A eficiência e a confiabilidade dos sistemas de aproveitamento de água de


chuva estão ligadas ao dimensionamento do reservatório de
armazenamento, necessitando de um ponto ótimo na combinação do
volume de reservação e da demanda a ser atendida, que resulte na maior
eficiência com menor gasto possível (TAVARES, 2009).

No dimensionamento do volume do reservatório de água, da cisterna, e dos materiais a


serem utilizados na sua construção, recomenda-se que sejam realizados por
profissionais habilitados (OLIVEIRA; KNUZ; PERDOMO, 2005).

Os materiais a serem usados na construção de cisternas devem ser de acordo com sua
disponibilidade no mercado e considerado as diferentes alternativas econômicas existentes
(OLIVEIRA; KNUZ; PERDOMO, 2005).

De acordo com Grings (2005):

A cisterna deverá ter capacidade para armazenar água suficiente para


atender a demanda da propriedade por um período mínimo de 15 dias. No
cálculo do dimensionamento da cisterna, deve-se acrescentar um adicional
relativo ao coeficiente de evaporação do sistema. Na dificuldade em se
estabelecer um coeficiente de evaporação confiável, pode-se considerar um
acréscimo de 10% no volume de reserva calculado. No cálculo do volume
da cisterna poderá ser adotada a seguinte equação:

Vc= (Vd x Ndia) +10%

Sendo:

Vc=Volume da cisterna (m³)


Vd=Volume de demanda da água diária (m³)
Ndia=Número de dias de armazenagem (15 dias)
10%=Acréscimo de 10% em função da evaporação no período de
armazenagem considerado.

Para uma melhor qualidade da água, recomenda-se que a captação seja


feita somente dos telhados das edificações. Considerando que uma chuva
de 1mm sobre uma área de 1 m² produz 1 litro de água, poderemos calcular
área necessária para captação da chuva a afim de atender a necessidade
de armazenagem da seguinte maneira:

A= Vc / Prec_Período

Sendo:

A= Área em metros quadrados de telhado para captação (m²)


Vc=Volume da cisterna (m³)
Prec_Período= precipitação media no período considerado para captação
(mm).

Exemplo

Uma demanda diária de 2.000 litros (Vd), com período de armazenagem de


15 dias (Ndia) e uma precipitação média no período de 110mm
(Prec_Período).

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Planejamento e construção de cisternas para captação e armazenamento de água da chuva

Volume da Cisterna

Vc=( Vd x Ndia) +10%


Vc= 2.000 x 15 + 10% = 33.000 litros

Área de telhado necessário (A) em m²

A= Vc / Prec_Período
A= 33.000/110 = 300 m² de telhado (GRINGS, 2005).

7 SISTEMA DE FILTRAGEM

A filtragem da água da chuva é um processo necessário para retirada dos elementos em


suspensão que são arrastados pela água ao passar pelas coberturas das edificações.
Muitas vezes, além do filtro é necessária ainda a instalação de um pré-filtro (GRINGS,
2005).

O filtro poderá ser de construção caseira em alvenaria, PVC ou fibra de vidro, composto de
material inerte de granulometria diferente, desde o mais fino até o mais grosso (GRINGS,
2005). Os sistemas de filtragem são ilustrados nas figuras 5 e 6.

Figura 5 – Sistema de filtragem


Fonte: (GRINGS, 2005)

Figura 6 – Sistema de filtragem


Fonte: (GRINGS, 2005)

Segundo Oliveira, Kunz e Perdomo (2005):

A filtração é um processo de separação sólido-líquido, envolvendo


fenômenos físicos, químicos e, às vezes biológicos. Visa principalmente a
remoção das impurezas contidas na água que são retidas através de um
meio poroso. A filtragem da água da chuva é um processo necessário para
retirar os elementos macroscópicos em suspensão, que são arrastados pela
água ao passar pela cobertura das edificações (OLIVEIRA; KNUZ;
PERDOMO, 2005).

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7.1 Pré filtro

De acordo com Oliveira, Kunz e Perdomo (2005):

O pré-filtro é uma estrutura que pode ser construída em concreto, PVC, fibra
de vidro ou alvenaria, possuindo no seu interior uma camada de brita ou
cascalho rolado, tendo como função principal a limpeza das partículas em
suspensão, folhas e pedaços de galhos de arvores presentes no
escoamento da água da chuva dos telhados (OLIVEIRA; KUNZ;
PERDOMO, 2005).

Na figura 7, pode-se verificar um esquema de um pré-filtro para a limpeza preliminar da


água da chuva:

Figura 7 - Esquema de um pré-filtro para a limpeza preliminar da água da chuva


Fonte: (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005)

[...] “A instalação do pré-filtro é indispensável para uma pré-limpeza, pois ele retém as
impurezas contidas na água, sendo necessário a realização da manutenção periódica de
limpeza do pré-filtro” (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005).

7.2 Filtro

O filtro pode ser denominado de filtro lento, quando a água que atravessa o leito
filtrante tem velocidade baixa. Quando essa velocidade é alta, é denominado de filtro
rápido (OLIVEIRA; KNUZ; PERDOMO, 2005).

Segundo Oliveira, Kunz e Perdomo (2005):

O material granular usado em filtros de água deve apresentar grãos com


tamanho e variações de tamanho dentro de determinados padrões. A
determinação dos tamanhos dos grãos (análise granulométrica) é feita pela
passagem de uma amostra seca e representativa do material granular,
através de uma série de peneiras com abertura padronizadas pela ABNT.
Esse procedimento é importante para o dimensionamento correto do filtro.

A taxa de filtração a ser adotada deve ser cuidadosamente fixada pelo


projetista, levando em consideração a taxa de consumo de água na
propriedade, o volume da precipitação, as características do meio filtrante e
a carga hidráulica. A ABNT, para projetos de filtros de água, estabeleceu
limites para a taxa de filtração sendo de 180 m3/dia para filtros de camada
simples e de 360 m3/dia para filtros de camada dupla.

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Geralmente, os filtros de areia simples têm área inferior a 40 m2. Os filtros


de areia geralmente são de seção quadrada ou retangular, podendo ser
usadas seções circulares.

As camadas no filtro dividem-se em camada filtrante e camada suporte. Em


filtros de duas camadas recomenda-se o uso de pedrisco e areia, sendo que
o pedrisco pode ser preparado entres as peneiras números 8 e 28 (2,4 a 0,6
mm) e a areia entre as peneiras 14 e 42 (1,2 a 0,35 mm). Deve ser
observado o coeficiente de uniformidade (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO,
2005).

A granulometria do pedrisco depende da granulometria a ser adotada para a areia,


para evitar-se a mescla extensiva e indesejável das duas camadas, as relações usuais
recomendadas são (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005):

Tef. pedrisco >1,8 Tef. areia


Tef. pedrisco < 2,1 Tef. areia

sendo,

Tef. areia, Tamanho efetivo


Tef. pedrisco, Tamanho efetivo

A altura da água sobre o leito filtrante e a espessura das camadas da caixa do filtro deve
obedecer às seguintes dimensões usuais:

a) altura da coluna de água sobre o leito filtrante:


filtro de areia 1,40 a 1,80 m (mais comum 1,60 m)
filtro de pedrisco e areia 1,80 a 2,40 (mais comum 2,20)

b) altura do leito filtrante:


camada única de areia 0,60 a 0,8 m (mais comum 0,70)
dupla camada
areia 0,15 a 0,30 (mais comum 0,25)
pedrisco 0,45 a 0,70 (mais comum 0,60) (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005).

7.3 Filtros caseiros

Oliveira, Kunz e Perdomo (2005) afirmam que:

Os filtros de construção caseira, geralmente são constituídos de recipientes


(em alvenaria, PVC ou fibra de vidro) dotados de elementos pétreos inertes,
de diferentes granulometrias, colocados em camadas sucessivas, desde o
mais fino até o mais grosso.

No dimensionamento do volume do filtro e na escolha dos materiais, deve-


se considerar a vazão de água escoada pela cobertura, em função da
precipitação pluviométrica incidente, a carga hidráulica e o coeficiente e a
resistência da passagem da água.

No filtro lento de areia, modelo circular, para capacidade de infiltragem de


4.000 a 11.000 litros por dia, pode-se empregar as seguintes dimensões:
diâmetro interno de 0,90 m e altura mínima de 2,00 m. Sendo que as
camadas do leito filtrante são de 10 cm para brita n 0 1, 30 cm para brita zero
ou cascalho rolado, de 60 a 100 cm para areia limpa e de 100 a 150 cm a
altura da coluna de água.

Pode-se considerar, como dados práticos para o projetos caseiros de filtros


lentos de areia as vazões mínimas de 4.000 litros/m2/dia a vazões máximas
de 11.000 litros/m2/dia (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005).

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DOSSIÊ TÉCNICO

A figura 8 apresenta um exemplo de esquema de um filtro de construção caseira:

Figura 8 – Esquema de um filtro de construção caseira


Fonte: (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005)

Esse filtro pode ser construído em alvenaria ou concreto, sendo que a granulometria deve
ser escolhida de seguinte forma (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005):

A camada mais fina é para reter os elementos mais finos em suspensão contidos na
água, porém se esta camada for muito fina, a filtragem será lenta e deve ser
considerada para grandes vazões;
A granulometria deve ser crescente de forma a reter os grãos de granulometria
anterior (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005).

Oliveira, Kunz e Perdomo (2005) recomendam:

O uso de recipientes de PVC (ex. galões de 20 litros para água), como


modelo reduzido de filtro lento, para a determinação da vazão de filtragem e
seleção da granulometria da areia e da brita. Caso não seja possível fazer
os testes granulométricos em laboratório. No recipiente coloca-se a areia e
a brita, tomando como base as alturas recomendadas acima. A seguir
descreve-se um exemplo de cálculo:

1) Cálculo da vazão em litros por minuto por m2

Vazão mínima : 4.000 L/dia/ m2 , 1.440 min/dia = 2,8 L/min/ m2


Vazão máxima : 11.000 L/dia/ m2 , 1.440 min/dia = 7,6 L/min/ m2

2) Cálculo da área da seção transversal do modelo reduzido

a) diâmetro interno do recipiente mede-se o diâmetro interno ex: 25 cm =


0,25 m

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Planejamento e construção de cisternas para captação e armazenamento de água da chuva

b) calcula-se a área do modelo reduzido área = diâmetro 2 x 0,785 ; área =


0,05 m2

3) vazão mínima no modelo


------------------
1 m2 2,8 L/min
0,05 m2 X
X = 0,14 L/min

4) vazão máxima no modelo


-----------------
1 m2 7,6 L/min
0,05 m2 X
X = 0,38 L/min

Portanto, para uma areia ser considerada adequada a vazão de água


coletada na saída do modelo reduzido de 25 cm de diâmetro deve ser de no
mínimo de 140 mL e no máximo de 380 mL. A seguir, tomando-se como
base as informações acima como as alturas das camadas de brita e de
areia, altura da lâmina de água e altura total do filtro.

Conhecendo-se a altura do garrafão de água (40 cm) que irá representar o


modelo reduzido do filtro, determina-se por regra de três simples a altura
equivalente das camadas para o modelo reduzido.

a) coluna de brita
200 cm ---------------------- 10 cm brita n0 1
40 cm X
X = 2 cm, altura da brita no modelo reduzido

Assim, brita zero = 6 cm; areia = 12 cm; lâmina da água = 20 cm


(OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005).

Com o modelo reduzido é possível avaliar as diferentes granulometrias de areia e de brita


disponíveis na propriedade ou no comércio local (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005).

7.4 Filtro comercial

Grings (2005) afirma que:

No mercado existem filtros comerciais com capacidade de vazão entre 200


e 3000 m² de telhado, com eficiência entre 90 a 95%. A sujeira separada
pelo filtro é dirigida por uma saída secundária, possibilitando a sua
autolimpeza. A filtragem em dois estágios permite reduzir a manutenção dos
filtros a duas vezes ao ano. Normalmente, estes filtros são construídos em
aço inox com tela fina e autolimpante (GRINGS, 2005).

Na figura 9, pode-se verificar um exemplo de filtro comercial pequeno para limpeza de água
chuva, recolhida de áreas cobertas com 200 m²:

Figura 9 – Filtro comercial pequeno para limpeza de água chuva, recolhida de áreas cobertas com
200 m2
Fonte: (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005)

Oliveira, Kunz e Perdomo (2005) afirmam que:

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DOSSIÊ TÉCNICO

A água corre do telhado para o filtro, onde se separa a água das impurezas
(carga orgânica). A água assim límpida é encaminhada para a cisterna,
enquanto a sujeira, impulsionada por um pequeno volume d'água, vai para o
sistema de descarga e posterior infiltração no subsolo, que permite a
recarga das águas subterrâneas e o recolhimento das impurezas para
compostagem [...]. Diversos princípios de funcionamento e possibilidades de
montagem permitem sua adaptação às situações mais diversas de
posicionamento.

Outros modelos de filtros compactos podem ser instalados no tubo de


descida da água do telhado. Serve para a limpeza como separador de
folhas, de lama, e de areia, mantendo os dutos d'água livre de sedimentos e
evita entupimentos em tubos verticais. Ele deve ser inserido no tubo vertical
sem que influencie o fluxo d'água (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005).

Nas figuras 10, 11 e 12, são apresentados exemplos de filtro comercial para limpeza de
água da chuva, recolhida de área coberta com mais de 200 m2.

Figura 10 – Filtro comercial para limpeza de água da chuva, recolhida de área coberta com mais de
200 m2
Fonte: (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005)

Figura 11 – Corte transversal do filtro comercial para limpeza de água da chuva, recolhida de área
coberta com mais de 200 m2
Fonte: (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005)

Figura 12 – Filtro comercial para limpeza de água da chuva, recolhida de área coberta com mais de
200 m2
Fonte: (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005

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Planejamento e construção de cisternas para captação e armazenamento de água da chuva

8 MATERIAIS UTILIZADOS NA CONSTRUÇÃO DE CISTERNA

De acordo com Grings (2005):

Os modelos de cisterna para armazenagem de água da chuva podem


possuir formas retangulares, quadradas, cilíndricas, cônicas. Os materiais
usados para construção de cisternas podem ser vinimanta de PVC, manta
de PEAD, fibra de vidro, alvenaria, ferro cimento ou concreto armado. Os
reservatórios em fibra de vidro e alvenaria são mais empregados para
pequenos volumes (até 30m³), enquanto PVC, PEAD e concreto armado
são mais recomendados para armazenar grandes volumes (GRINGS,
2005).

Existem diversas técnicas de construção de reservatórios para armazenamento domiciliar de


água com fins de consumo humano dentre elas (TAVARES, 2009):

Cisterna de tela e cimento;


Cisterna de placas;
Cisterna de alvenaria;
Cisterna de vinil, surgida recentemente (TAVARES, 2009).

8.1 Reservatórios em PVC ou PEAD

Os reservatórios (cisternas) para o armazenamento da água da chuva podem ser


construídos enterrados ou a nível do solo, revestidos com lona de PVC ou PEAD, como
ilustrado na figura 13 e 14 (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005).

Figura 13 – Cisterna construída em PVC


Fonte: (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005)

Figura 14 – Cisterna construída em PVC


Fonte: (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005)

8.2 Reservatórios em alvenaria ou concreto armado

“As cisternas podem ser construídas em alvenaria ou concreto armado, para o


armazenamento da água da chuva. Ela pode ser enterrada ou a nível do solo, sendo mais
comum construir a cisterna enterrada [...]” (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005).

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Na figura 15 apresenta um exemplo de cisterna construída em alvenaria:

Figura 15 – Cisterna construída em alvenaria


Fonte: (OLIVEIRA; KUNZ, PERDOMO, 2005)

8.2.1 Cisternas de placas

De acordo com Tavares (2009):

A cisterna de placas (figura 16) é parcialmente enterrada, com cerca de ¾


de altura das paredes laterais abaixo do nível do terreno, para reforçar a
capacidade de suportar a pressão da água e armazenar, em geral, 16.000
litros (cisterna residencial), mas pode armazenar também 25.000 litros
(cisterna comunitária). Sua estrutura consiste em placas de concreto com
tamanho de 50 por 60 cm e com 3 cm de espessura, que estão curvadas de
acordo com o raio projetado da parede da cisterna, variando conforme
capacidade prevista. Estas placas são fabricadas no local de construção em
moldes de madeira. A parede da cisterna é levantada com essas placas
finas, a partir do chão cimentado. Para evitar que a parede venha a cair,
durante a construção ela é sustentada com varas até que a argamassa
esteja seca. Em seguida um arame de aço galvanizado é enrolado no lado
externo da parede e essa é rebocada. Num segundo momento, constrói-se
a cobertura com outras placas pré-moldadas em formato triangular,
colocada em vigas de concreto armado, e rebocadas por fora. Geralmente,
as cisternas de placa são construídas em mutirões, realizados pela
população local, devidamente treinada por pedreiros capacitados (MDS,
2008 apud TAVARES, 2009).

Tavares (2009) apresenta na figura 16 um exemplo de cisterna de placas:

Figura 16 – Cisterna de placas


Fonte: (TAVARES, 2009)
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Planejamento e construção de cisternas para captação e armazenamento de água da chuva

8.2.2 Cisterna de alambrado

De acordo com Schistek (2005):

A cisterna de alambrado enquadra-se na tecnologia de ferro-cimento, que


garante alta resistência. Além disso, a construção possui baixo insumo de
materiais e é de grande simplicidade: em uma base de concreto se coloca
uma tela de alambrado, de forma cilíndrica, já no tamanho da futura
cisterna. Para permitir a aplicação de argamassa, a tela é envolta com
sacaria do tipo usado para cebola. A aplicação de quatro camadas finas de
argamassa confere a resistência necessária à parede. O teto consiste em
segmentos fabricados de forma semelhante. Esta cisterna apresentada
possui uma capacidade de armazenamento de 16 m³, porém facilmente seu
volume pode ser ampliado ou reduzido, pela simples adição ou subtração
de alguns decímetros de tela [...] (SCHISTEK, 2005).

Schistek (2005) ilustra a construção da cisterna de alambrado nas figuras 17, 18,19 e 20.

Figura 17 – Colocando o alambrado


Fonte: (SCHISTEK, 2005)

Figura 18 – Unindo o concreto na base do alambrado


Fonte: (SCHISTEK, 2005)

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Figura 19 – Aplicação da primeira camada de argamassa


Fonte: (SCHISTEK, 2005)

Figura 20 – Aplicação da primeira camada de argamassa


Fonte: (SCHISTEK, 2005)

8.3 Reservatórios em fibra de vidro

“Os reservatórios, também podem ser construídos em fibra de vidro, para o armazenamento
da água da chuva, podem ser enterrados ou a nível do solo”, como ilustrado na figura 21
(OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005).

Figura 21 – Cisterna construída em fibra de vidro


Fonte: (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005)

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Planejamento e construção de cisternas para captação e armazenamento de água da chuva

9 PROTEÇÃO SANITÁRIA DA CISTERNA, TRATAMENTO E USO DA ÁGUA DE CHUVA

As águas de chuva captadas diretamente de telhados de edificações, apresentam


a vantagem de serem de boa qualidade, daí a importância de evitar sua contaminação
com outras fontes (OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005).

Os requisitos de qualidade estão diretamente relacionados ao uso que será dado a água.
Quando a cisterna é destinada ao consumo doméstico, deverá atender aos padrões de
potabilidade estabelecidos pela Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde (Adaptado de
TAVARES, 2009).

Qualquer técnica que venha a ser implementada para o aproveitamento de água de chuva
deve ser acompanhada de monitoramento constante das águas de chuva recolhidas através
de ensaios que determinem suas características físicas, químicas e biológicas (Adaptado de
TAVARES, 2009).

Segundo Annechini (2005 apud TAVARES, 2009) são os seguintes os outros cuidados que
devem ser tomados com relação aos reservatórios de armazenamento, visando a sua
manutenção e a garantia da qualidade da água:

A cobertura do reservatório deverá ser impermeável;


A entrada de água no reservatório e o extravasador devem ser protegidos por telas
para evitar a entrada de insetos e de pequenos animais no tanque;
O reservatório deverá ser dotado de abertura, também chamado de visita, para
inspeção e limpeza;
A água deve entrar no reservatório de forma que não provoque turbulência para não
suspender o lodo depositado no fundo do reservatório;
O reservatório deve ser limpo uma vez por ano para a retirada do lodo depositada no
fundo do mesmo (ANNECHINI, 2005 apud TAVARES, 2009).

Além destes cuidados, segundo Oliveira, Kunz e Percomo (2005) recomenda-se também:

Que o telhado utilizado para coleta de água de chuva não tenha muitas árvores
próximas, para reduzir o número de folhas e evitar entupimentos das calhas
coletoras e das grades ou telas para remoção deste material;
Que se tenha a separação via sedimentação de pequenas partículas que passam o
aparato de grade ou peneira, isto pode ser feito passando-se a água por uma caixa
do tipo pré-filtro com brita em que o material sólido grosseiro irá ficar retido;
A desinfecção da água para eliminar microrganismos;
Para o processo de desinfecção o agente mais utilizado é o cloro. A quantidade de
cloro a adicionar vai depender do tipo da solução de cloro e da qualidade da água.
Que se faça a medida de cloro residual após o tratamento (deve ser > que 0,2 ppm).
Isto pode ser realizado mediante a utilização de Kits adquiridos em lojas
especializadas que vendem produtos para tratamento de água de piscina
(OLIVEIRA; KUNZ; PERDOMO, 2005).

10 FATORES QUE INTERFEREM NA QUALIDADE DA ÁGUA DA CHUVA

De acordo com Funasa (2005 apud TAVARES, 2009):

A quantidade e a qualidade da água armazenada estão diretamente


relacionadas às técnicas construtivas da cisterna. Pesquisas realizadas em
Minas Gerais evidenciaram que algumas cisternas apresentaram falhas
durante a construção, como trincas e vazamentos, levando em alguns
casos, à perda total da água armazenada. A utilização de materiais de
construção diferentes dos especificados, (como o emprego de areia mais
grossa, por exemplo) e, ou mão de obra não devidamente qualificada pode
ter ocasionado estas falhas. Outro problema detectado está relacionado à
vedação das cisternas. Algumas tampas foram construídas com material
passível de empenamento (zinco), o que facilita a entrada de partículas e
pequenos animais no interior da cisterna, possibilitando contaminação das

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águas armazenadas. Outros problemas, observados no processo de


construção de uma cisterna, foram relacionados ao excesso de cimento
empregado e à falta de limpeza adequada no interior da cisterna, o que
pode comprometer a qualidade da água futuramente armazenada
(FUNASA, 2005 apud TAVARES, 2009).

“A composição da água da chuva varia com a condição meteorológica (intensidade, duração


e tipo de chuva, regime de ventos, estação do ano, etc.), com a presença ou não de
vegetação e com a carga poluidora” [...] Sirkis (1999 apud TAVARES, 2009).

11 PADRÃO DE QUALIDADE PARA ÁGUA DE CHUVA ARMAZENADA EM CISTERNAS

Segundo Tavares (2009):

O principal problema que se deve enfrentar ao estudar a qualidade da água


armazenada em cisternas destinadas ao consumo humano é a ausência de
uma legislação específica para este tipo de água. Uma forma de contornar
este inconveniente pode ser a utilização de padrões de referência para água
potável de sistemas de abastecimento ou uso de sistemas alternativos
segundo Portaria nº 518/2004 do Ministério de Saúde. Também há um
consenso sobre a aplicação da Resolução CONAMA nº 357/2005 para
águas de mananciais destinadas ao abastecimento humano, em especial
para as águas de classe especial, que precisam apenas de desinfecção
antes do seu consumo. A Portaria nº 518, de 25 de março de 2004 do
Ministério da Saúde, rege a qualidade da água para o consumo humano e
estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e
vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de
potabilidade, e orienta quanto a outras providências (TAVARES, 2009).

[...] “Devido ao rigor da Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde, foram definidos


indicadores mínimos para o monitoramento da qualidade da água no meio rural. Dentre
estes indicadores são citados turbidez, cor, pH, cloro livre e coliformes” (TAVARES, 2009).

O quadro 1 a seguir apresenta o padrão microbiológico de potabilidade de água conforme a


Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde:

Quadro 1 – Padrão microbiológico para água potável da Portaria nº 518/2004 – MS


Fonte: (TAVARES, 2009)

Notas:
(1) Valor máximo permitido.
(2) Água para consumo humano em toda e qualquer situação, incluindo fontes individuais como
poços, minas, nascentes, dentre outras, etc.
(3) A detecção de Escherichia coli deverá ser preferencialmente adotada (TAVARES, 2009).

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12 LEGISLAÇÃO SOBRE A ÁGUA DA CHUVA

Schvartzman e Palmier (2007 apud TAVARES, 2009) fazem uma importante reflexão sobre
a legislação de água da chuva:

Segundo os autores a recente legislação sobre recursos hídricos não trata


especificamente das águas de chuva. A Lei Federal nº 9.433, de 08 de
janeiro de 1997, entretanto, estabelece, no parágrafo primeiro do artigo 12º:

“Independem de outorga pelo poder público, conforme definido em


regulamento: i) o uso de recursos hídricos para a satisfação das
necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio
rural; ii) as derivações, captações e lançamentos considerados
insignificantes; e iii) as acumulações de volumes de água considerados
insignificantes.”

Interpreta-se que, por serem captadas ou armazenadas em volumes considerados pouco


expressivos, e destinadas a necessidades individuais ou de pequenos núcleos
populacionais, as captações de água da chuva independem de outorga pelo Poder Público
[...] (SCHVARTZMAN; PALMIER, 2007 apud TAVARES, 2009).

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Conclusões e recomendações

A captação e o armazenamento da água da chuva para uso na agricultura ou uso doméstico


não é uma técnica nova. Este tipo de sistema de captação de água para abastecimento é
descentralizado, pequeno e o tratamento quando necessário é simples e barato. Para o
sucesso da captação de água da chuva para uso domiciliar, é fundamental utilizar
tecnologias que apresentem construção simples, boa resistência e baixo custo.

Apresenta-se como uma boa alternativa nos casos de escassez de água para o consumo
humano. Vale ressaltar que a ausência de manutenção nos sistemas de captação,
armazenamento e o manejo incorreto podem comprometer a qualidade da água nos
aspectos físico-químico e higiênicos. A capacitação dos usuários é necessária para fornecer
a devida conscientização e orientação, garantindo assim, a adequada utilização da cisterna
e a maximização dos benefícios dela decorrentes.

Além disso, contribui com o meio ambiente, pois, elimina o consumo de água potável onde
esta não é necessária em atividades como: descarga de sanitários, lavagem de pátios, rega
de jardim, como também evita enchentes e erosão devido ao fato de conter a água que seria
drenada para os corpos hídricos (rios).

Sugere-se a leitura das seguintes legislações:

Portaria nº 518, de 25 de março de 2004 do Ministério da Saúde - Estabelece os


procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água
para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. Disponível
em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/portaria_518_2004.pdf>. Acesso em:30
mar. 2022.

Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997 do Governo Federal - Institui a Política Nacional de


Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº
8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm>. Acesso em:30 mar.
2022.

21 2022 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT


Planejamento e construção de cisternas para captação e armazenamento de água da chuva

Referências

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Ambiente em Revista, v. 2, n. 1, 68-76, 2007. Disponível em:
<http://publicacoes.unigranrio.edu.br/index.php/sare>. Acesso em: 30 mar. 2022.

FETRAECE- Federação dos trabalhadores e das trabalhadoras na agricultura do estado do


Ceará. Disponível em: <https://fetraece.org.br/>. Acesso em: 30 mar. 2022.

GNADLINGER, J.; PALMIER, L. R.; SZILASSY, E.; BRITO, L. T. Tecnologias de captação


e manejo de água de chuva para o semiárido brasileiro. [S.I.], [200-?]. Disponível em:
<https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/162299/1/OPB1652.pdf>.
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GRINGS, V. H.; OLIVEIRA, P. A. V. de. Cisternas para armazenagem para água da


chuva. [S.I.], 2005. Disponível em:
<http://www.cnpsa.embrapa.br/sgc/sgc_publicacoes/publicacao_l8q82c2e.pdf >.
Acesso em: 30 mar. 2022.

MAY, S. Estudo da viabilidade do aproveitamento de água da chuva para o consumo


não potável em edificações. São Paulo, 2004. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3146/tde-02082004-122332/pt-br.php>. Acesso
em: 30 mar. 2022.

OLIVEIRA, P. A. V. de.; KUNZ, A.; PERDOMO, C. C. Seminário sobre Planejamento,


Construção e Operação de Cisternas para Armazenamento da Água da Chuva.
UnC Concórdia, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional de Concórdia,
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<http://www.hidro.ufcg.edu.br/twiki/pub/ChuvaNet/ChuvaTrabalhosPublicados/Planejamento
ConstruoeOperaodeCisternasparaArmazenamentodaguadaChuva.pdf>. Acesso em: 16
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SCHISTEK, H. Uma nova tecnologia de construção de cisternas usando como


estrutura básicas tela galvanizada de alambrado. Teresina, 2005. Disponível em:
<https://silo.tips/download/uma-nova-tecnologia-de-construao-de-cisternas-usando-como-
estrutura-basicas-tela>. Acesso em 30 marc. 2022.

TAVARES, A. C. Aspectos físicos, químicos e microbiológicos da água armazenada


em cisternas de comunidades rurais no semi-árido paraibano. Campina Grande:
[s.n.], 2009. 165 p. il. Disponível: <https://acervo.biblioteca.uepb.edu.br/pesquisa?pag=2
>. Acesso em: 30 mar. 2022.

Identificação do Especialista

Mônica Belo Nunes – Gestora Ambiental

www.respostatecnica.org.br 22
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