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Dimensionamento Hidráulico para Sistemas de

Infraestrutura Urbana: Estudo de Caso na Região


Metropolitana de Campinas
Daniele Leal Boaretto e Maria Alice Venturini.
Curso de Engenharia Civil
Universidade Paulista - UNIP

Abstract de 90% da população situada a viver em ambientes


Water is an essential resource for life and urbanos aumentando a necessidade de
population development. Thus, investments are desenvolvimento das infraestruturas presentes nas
necessary to maintain this social asset in order to cidades. E, em meio a estas demandas, está a
ensure its preservation on the planet. Urbanization questão do saneamento básico o qual é um antigo
has remarkable consequences for its conservation desafio ainda a ser superado por quase dois terços
and can also suffer from the increase in value due to dos municípios brasileiros. Destro desta
soil impermeabilization. It is essential that urban problemática evidencia-se a importância do estudo
drainage infrastructures with adequate dimensioning relativo à área de hidrologia e hidráulica, sobretudo
to the population and urban growth be implemented, as questões de medição, planejamento e execução
following the pre-applicable norms referring to these de projetos para drenagem de águas pluviais.
same things, in the macro and microdrainage Com isto em mente, evidencia-se a
systems. importância de ponderar sobre as questões relativas
Keyword: urban infrastructure, sustainable à absorção da água das chuvas e dos cursos dos
development, hydraulic dimensioning, hydraulic flow. rios e afins. Para fins deste trabalho delimitou-se
duas atividades na região metropolita de Campinas.
Resumo Uma consolidou-se na análise de uma rua no Bairro
A água é um recurso essencial para a vida Vila Lemos em Campinas com ênfase nas redes
e para o desenvolvimento populacional. Desta forma coletoras de águas pluviais. A outra firmou-se na
destaca-se a exigência de investimentos que visem análise de canal natural e artificial no córrego
a preservação deste bem social com o intuito de Piçarrão tendo em vista o regime de escoamento dos
garantir a sua existência no planeta. A urbanização mesmos.
traz consequências notáveis a conservação da Deste modo o objetivo deste trabalho foi
mesma e também pode sofrer com o escoamento entender sobre o dimensionamento de redes de
aumentado devido a impermeabilização dos solos. É macro e microdrenagens e assim projeta-las, dando
imprescindível que seja implantado infraestruturas importância para a qualidade de vida do ser humano
de drenagens urbanas com o dimensionamento presente em determinadas regiões.
adequado ao crescimento populacional e urbano,
seguindo as normas pré-estabelecidas referente as 2 HIDROLOGIA
mesmas, tanto nos sistemas de macro e de A urbanização acelerada trouxe desafios

microdrenagens. significativos no planejamento de meios urbanos.

Palavras-chave: infraestrutura urbana, Inicialmente, os problemas com as águas pluviais


desenvolvimento sustentável, dimensionamento nas cidades eram resolvidos com a
hidráulico, escoamento hidráulico. impermeabilização dos solos, canalizando estas
águas para fora das cidades. Porém, com o
1 INTRODUÇÃO crescimento dos centros urbanos, tornou-se inviável
este método e viu-se que a impermeabilização dos
Atualmente no mundo há tendências
solos traria problemas maiores posteriormente,
expressivas de urbanização. Com isto, emergem-se
como inundações, já que a água que deveria infiltrar
desafios para que as cidades tenham condições de
no solo, como exemplo as das chuvas, estariam
prover uma qualidade de vida adequada. E, no
contesto brasileiro, esta mudança é alta, com cerca

Brazilian Technology Symposium (BTSym’19) October 22nd, 23rd and 24th| ISSN: 2447-8326. © 2019 BTSYM
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escoando superficialmente, tendo aumento em sua macrodrenagens e enfim chegando ao mar (TUCCI,
vazão. 2014).
A água da chuva que escoa nas superfícies
em meios naturais tende a infiltrar-se no solo em até 2.1 Definição e caracterização de processos
80% de seu total. Já em meios urbanizados esta hidrológicos
A definição de hidrologia segundo Garcez e
infiltração chega até a 40%. Isto representa grande
Alvarez apud Meyer (1988) é tida como a “ciência
perca de água potável no planeta, já que este
natural que trata dos fenômenos relativos à água em
escoamento tende a virar água dos oceanos.
todos os seus estados, de sua distribuição e
O dimensionamento correto dos meios
ocorrência na atmosfera, na superfície terrestre e no
hídricos nos meios urbanos faz com que inundações,
solo, e da relação destes fenômenos com a vida e
erosões, entre outros problemas sejam evitados.
com as atividades do homem”.
Garcez; Alvarez (1988, p12) cita que:
É caracterizado ciclo hidrológico o
comportamento natural da água a nível global. São
A hidrologia de um lugar
é grandemente duas as fases principais deste ciclo: um atmosférico
influenciada pela e outro terrestre. Este ciclo se dá provocado pela
fisiografia regional,
posição relativa dos energia solar adjunta a gravidade e rotação da Terra,
oceanos, presença de sendo em tese o armazenamento temporário da
montanhas que possam
influenciar a água, o transporte e a mudança de seu estado físico.
precipitação, fortes Especificando estes fenômenos temos as
declives de terrenos
possibilitando rápidos precipitações atmosféricas, sendo elas as chuvas,
escoamentos granizos, neve e orvalho, o escoamento subterrâneo,
superficiais,
depressões, lagos ou caracterizado pela infiltração e águas subterrâneas,
baixadas capazes de o escoamento superficial identificado como as
retardar ou armazenar o
deflúvio (Garcez; torrentes, rios e lagos, a evaporação na superfície
Alvarez, 1988, p12). das águas e no solo e transpiração dos vegetais e

Sendo assim, salienta-se a importância de animais (GARCEZ; ALVAREZ, 1988).

entender a hidrologia do local, pois esta influência no O primeiro citado sendo sua forma mais

dimensionamento dos sistemas de drenagens comum a chuva, e é formado através da dinâmica de

urbanas. massas de ar, onde microgotículas se juntam na

Ao determinar os sistemas de macro e presença de humidade, transformando em grande

microdrenagens deve-se considerar a disposição massa de gotas que com a ação da gravidade se

hidrológica do local. Entende-se como precipitam. Caindo sobre o solo, parte do volume

macrodrenagens intervenções em vales e canais precipitado são interceptados pela vegetação,

que coletam águas pluviais, recebendo produtos das causando a evaporação e outra parte se reprecipita

microdrenagens ou não. Enquanto as para o solo. Nisto, sendo o solo um meio poroso, esta

microdrenagens são os coletores primários de água infiltra na superfície terrestre, ocasionando a

águas, que não foram infiltrados no solo, sendo saturação deste meio, assim, ocorre o escoamento

canalizadas por via de galerias, bocas de lobo, superficial (GARCEZ; ALVAREZ, 1988).

sarjetas e canalhetões, vertendo até as A humidade do solo, causada pela


infiltração da água, quando não é absorvida pelas

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plantas e vegetais é absorvida pelos lençóis freáticos As bacias hidrográficas são definidas por
contribuindo assim com o escoamento dos rios. altimetria sendo os pontos mais altos, divisor de
Os atritos causados pelo escoamento bacias, chamado interflúvio, onde o que irá definir é
superficial moldam os relevos do solo, convertendo o escoamento da água em ambos os lados. Estas
em redes de curso de água até os rios. Pode-se bacias podem ser utilizadas como sistema físico
também ocasionar erosões no solo, sendo a onde a entrada é o volume de água precipitado e a
vegetação importante na redução da velocidade de saída o volume escoado pela sua saída denominada
escoamento, protegendo o solo contra a erosão e enxutorio. No relevo da bacia encontra-se o leito
facilitando a infiltração da água no solo. fluvial sendo este onde o rio se escoa (TUCCI, 2014).
A água que é escoada pelos rios tem como Todos os dados fisiográficos de uma bacia
seu destino os oceanos onde a circulação desta é podem ser extraídos através de mapas, imagens de
tida através da rotação terrestre, ventos na superfície satélites e imagens por meio de drones. Estes dados
e variação da energia solar absorvida. sobretudo são áreas, comprimentos, declividades e
A energia solar é de fundamental superfícies do solo.
importância no ciclo hidrológico e somente é Dentre estes, a área é fundamental para
absorvida através do efeito estufa natural causado definir o potencial hídrico de uma bacia hidrográfica.
pelo vapor da água e gás carbônico. Assim a Esta multiplicada pela lamina de chuva precipitada
atmosfera mante-se aquecida possibilitando a define o volume de água recebido pela bacia. De
evaporação e transpiração natural durante o ciclo da acordo com Tucci (2014), a declividade foi utilizada
água. para determinar a tendência de saturação do solo em
A urbanização traz influência direta neste diversos pontos da bacia sendo possível estimar o
ciclo, seja alterando a superfície natural do solo, escoamento superficial nas vertentes.
ocasionando desequilíbrio no escoamento
superficial da água trazendo sérios problemas como 2.3 Drenagens urbanas
alagamentos e enchentes que acontecem devido a Drenagem urbana é o termo utilizado para

alteração da vazão provocada pela um conjunto de medidas que visam minimizar os

impermeabilização dos solos e também pelo impacto riscos que populações estão exposta, diminuindo os

que esta vem trazendo sobre a camada de ozônio. prejuízos causado pela impermeabilização dos
solos. Soluções eficazes para minimizar estes riscos

2.2 Características de uma bacia hidrográfica estão no correto dimensionamento de sistemas de


O sentido do escoamento superficial da drenagens urbanas e também de medidas políticas
água está diretamente relacionado a topografia do ambientais, tecnológicas e institucionais. É
local, ou melhor, a bacia hidrográfica pertencente. importante que se tenha políticas públicas
Bacia hidrográfica é caracterizada segundo Garcez pertinentes a ocupação de solos onde são
e Alvarez (1988) como sendo um conjunto de áreas considerados áreas de risco de inundações e que
com declividade no sentido de determinada seção sejam tomadas providencias que resultem em
transversal de um curso de água ou também área segurança a populações moradoras destas regiões
definida e fechada topograficamente num ponto do no curto, médio e longo prazo (TUCCI, 2014).
curso de água. Pode-se haver sub-bacias A urbanização acelerada traz impactos no
pertencentes a bacias hidrográficas. escoamento superficial, gerando importância no
correto dimensionamento de redes de drenagens

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urbanas. Segundo Tucci (2014), o pico de cheia de sistema de microdrenagem ou não. As obras
uma bacia urbanizada chega a ser seis vezes maior inerentes a redes de macrodrenagens buscam evitar
que se a mesma estivesse em suas condições ocasiões de enchentes, sendo enfatizando a
naturais. Isto implica no grande problema referentes construção de canais com maior capacidade de
a inundações. A impermeabilização dos solos que escoamento e bacias de retenção (TUCCI, 2014).
geram maiores picos de vazões, as redes de Nas redes de microdrenagens são dados
drenagem, que trazem maiores picos a jusante, o importância aos sistemas pluviais, sendo
entupimento de bueiro e galerias pela presença de expressivos os detalhamentos de quarteirões,
lixo, o mau dimensionamento de redes de esgoto, a topografia regional, sarjetas, bueiros condutos
ocupação de áreas de risco e o desmatamento que subterrâneos, poços de visitação e caixas de ligação.
implicam no assoreamento de canais e na erosão A disposição dos componentes pertencentes a estas
são problemas causados pela urbanização. redes devem ser estar projetados para os máximos
O gerenciamento pelo poder público de níveis de água a escoar até sua jusante e este
áreas a ser urbanizadas pode prevenir que se hajam trabalho deve ser realizado em conjunto com o plano
loteamentos não zoneados, não trazendo urbanístico da cidade, caso contrário geraram
implicações na capacidade de escoamento maiores custos posteriormente.
dimensionadas, diminuindo a frequência de
enchentes e a desvalorização de imóveis. Caso não 2.3.2 Águas pluviais
A expressão águas pluviais é utilizada para
se respeite as condições estabelecidas no sistema
de drenagem urbano as populações residentes a designar a água que vem das chuvas e que são

jusante sofre maiores prejuízos em razão das recolhidas pelo sistema de saneamento básico e
assim separados e enviados para tubulações
ocupações a montante.
A drenagem urbana inicia-se na construção domesticas, lagos ou o mar.

de coletores pluviais ligados a redes públicas, as Para o meio ambiente a reutilização da

sarjetas são os primeiros receptores pluviais, estas água da chuva é uma boa escolha, serve para

recebem uma parcela do escoamento das ruas, construções civis, lavagens de jardins e calçadas,

calçadas e áreas impermeáveis presentes em descargas de vasos sanitários. Regar plantas e etc.

loteamentos e guiam este escoamento até bocas de Assim combatendo também o desperdício. Não e

lobos que estão interligados nas redes subterrâneas. recomendado o consumo desta água, pois ela pode

Estas alimentam os condutos até que se escoem em causar alergias ou doenças infecciosas.

pequenos rios ou canais que compõem a Existem muitos componentes utilizados

macrodrenagem urbana (TUCCI, 2014). para o recolhimento e armazenamento desta água.


Alguns deles é uma bacia coletora, tubulação,
peneira, filtros, bombas centrífugas, reservatórios,
2.3.1 Sistema de drenagem macro e micro
produtos para desinfecção, sistema de
A drenagem urbana é subdividida em dois pressurização, entre outros. Após todo tratamento
níveis principais, o sistema de macrodrenagem e o para a limpeza da água pode ser consumida ou
de microdrenagem. A dissemelhança entre elas é continuar sendo reutilizada. O aproveitamento de
dada por suas características, sendo as redes de águas pluviais se tornou uma alternativa sustentável
macrodrenagens definidas pelo escoamento em e de possíveis ajustes econômicos além estar
vales que coletam águas pluviais provindas do evitando problemas futuro causados pelo excesso de

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água em tubulações, boca de lobo e formação de assim, estes causadores podem ser classificados em
inundações. atmosféricos, pontuais, difusas e mistas. Dentro da
3 CRESCIMENTO ECONOMICO E PRESSÃO classificação atmosférica, pode ser encontrado
SOBRE OS RECURSOS HÍDRICOS causadores moveis, que são as provenientes de
Com o avanço na sociedade e o industrias, e fixos que são originários dos
desenvolvimento econômico, o aumento do automóveis.
consumo sobre os recursos hídricos tem sido As poluições pontuais são as originarias de
evidenciado. Entretanto, se não utilizados de algo especifico, tais como estações de tratamento de
maneira correta, dando importância ao tratamento do esgotos e também industrias. Poluição difusa é
efluentes, a insuficiência deste recurso da natureza aquela que atinge a água por meios aleatórios,
é certa. exemplo desta, é o escoamento de águas da chuva
Esta escassez já é realidade em algumas sobre plantações e acidentes com produtos
regiões, sendo assim, a supervalorização deste químicos. A mista é aquela que possui
produto seja excessiva, tendo como resultado o não características das fontes citadas anteriormente
desenvolvimento de industrias e serviços do modo (PEREIRA, 2004).
com que a sociedade necessitará. Toda atividade gera níveis de poluição, e
Neste caso, deve-se dar importância ao estes podem ser separadas em riscos químicos,
controle e monitoramento dos recursos hídricos, físicos e biológicos, tal que estes riscos são
para que seja controlada a qualidade da água nas analisados por parâmetro para utilização da água,
regiões, prevenindo que águas poluídas sejam sejam eles, sabor, odor e coloração.
devolvidas aos seus mananciais, sendo A poluição dos meios hídricos é problema
impossibilitado o seu uso em alguns serviços e da sociedade como um todo, sendo que toda
gerando custos adicionais ao meio ambiente e a atividade gera problemas aos meios hídricos, direta
sociedade. e indiretamente. Deste modo, é necessário que cada
Dada a procura pela água, é necessário que indivíduo repense em suas ações para que se possa
as distribuições destes recursos sejam analisadas, fazer uso dos recursos hídricos por mais tempo.
trazendo importância ao destino a ser utilizado em
determinadas regiões. Isto traz importância ao 3.2 Gestão ambiental na bacia PCJ
Para melhor gerenciamento dos aquíferos
consumo destes recursos sobre as bacias
ambientais é estabelecido por lei que haja um
hidrográficas, que são responsáveis pela distribuição
sistema nacional de gerenciamento de recursos
de água em determinadas regiões (SCHMITZ;
hídricos para que seja aplicado melhores soluções
BITTENCOURT, 2016).
para o uso da água conservando o meio ambiente.
A bacia hidrográfica PCJ (Piracicaba,
3.1 Poluição hídrica: Causas e consequências
Capivari e Jundiaí) está situada no segundo maior
A disponibilidade da água própria para montante populacional do Brasil, sendo assim
consumo vem sendo diminuída, isto porque, o enfrenta grandes problemas quanto a qualidade de
homem, fazendo uso deste recurso de formas sua água. Neste sentido, foi criado um comitê de
variadas, não levou em consideração que este uso recursos hídricos com o intuito de gerenciar estes
desordenado traria prejuízo ao ecossistema. recursos por meio de planos e estratégias (SOUZA;
Para Pereira (2004), são vários as causas FURTADO, 2013).
que geram a poluição dos meios aquíferos. Sendo

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Foi criado então o primeiro comitê de Segundo Demajorovic, Caruso e Jacobi


recursos hídricos criado no estado de São Paulo, (2015), o valor é cobrado a partir da quantidade de
sendo que seus planos estariam voltados aos água retirada em metros cúbicos e não devolvidos e
principais problemas enfrentados por esta bacia, quanto ao tipo de poluente lançado no corpo hídrico.
onde um destes seria a poluição causada pelo No entanto esta cobrança não trouxe mudanças
lançamento de esgoto urbano e também a drásticas no comportamento dos usuários industriais
quantidade de vazão necessária para atender a de forma direta, pois o valor cobrado seria irrisório
demanda urbana e industrial em longo prazo, tal que comparado ao faturamento anual destas industrias.
é imprescindível o planejamento relacionado a este Sendo assim, a cobrança do uso da água continua
insumo (SOUZA; FURTADO, 2013). tendo seu papel importante no uso racional deste
3.3 Cobrança do uso da água na bacia PCJ bem, porém sua eficácia depende da elevação e
A disponibilidade da água na região da atualização dos preços e padrões de qualidade de
bacia hidrográfica PCJ tem sido afetada devido ao efluentes.
aumento populacional e o desenvolvimento industrial
e urbano. Desta forma, é importante que
4 ESTUDO DE CASO – Sistema de
instrumentos de gestão sejam desenvolvidos para Microdrenagem
que seja racionalizado o consumo da água. Saneamento é o controle e gerenciamento

A água é um bem com valor econômico e dos meios físicos que são deletérios ao bem-estar do

também gera custos ao estado o seu tratamento. A ser humano. A coleta de águas pluviais e o controle

Lei nº 9433/1997 regulamenta, além de outras de alagamentos fazem parte do saneamento básico,

questões, a cobrança pelo uso da mesma, enquanto sendo assim, o dimensionamento de

que a Agencia Nacional da Água (2010) refere que microdrenagens são essenciais para que seja

esta cobrança estimula o racionamento da água para mantida a integridade física, psíquica e social do

que seja preservada a qualidade e a quantidade homem (MORAES, 2015).

deste bem de consumo. Os sistemas de microdrenagens são

Sendo considerada uma das bacias mais implantações no meio urbano que visam a captação

importantes no Brasil, com cerca de 5 milhões de do escoamento superficial de águas pluviais para

habitantes em sua região, a bacia PCJ enfrenta que sejam lançadas em sistemas de

grandes problemas com a qualidade e escassez de macrodrenagens. Neste sistema englobam-se o

água, principalmente pelo enfrentamento de grande pavimento das vias, sarjetas, canalhetões, bocas de

desenvolvimento industrial e populacional no lobos, e galerias de águas pluviais (MORAES, 2015).

abastecimento da Região Metropolitana de São Neste sentido, foi analisado o sistema de

Paulo. A cobrança pelo uso da água, após a criação microdrenagem do bairro Vila Lemos na cidade de
Campinas-SP, em especial a rua Porto Feliz, que
do comitê PCJ foi um dos assuntos debatidos, dentre
eles o objetivo de arrecadar recursos financeiros está representada na Figura 1.

para o financiamento do programa e suas


intervenções no plano de recursos hídricos,
incentivar a racionalização do uso da água e
reconhecer a mesma como bem econômico
mostrando ao usuário seu valor real
(DEMAJOROVIC; CARUSO E JACOBI, 2015).

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FIGURA 2 - Canalhetão presente no trecho


FIGURA 1 - Região onde o sistema de
microdrenagem foi analisado

FONTE: Próprio autor, 2018

FIGURA 3 – Altura da sarjeta

FONTE: Google Earth, 2018

Para tal estudo foi realizado visita em


campo (FIGURA 2; FIGURA 3; FIGURA 4 e FIGURA
5), coleta de cotas piezométricas através do Google
Earth para saber o sentido de escoamento da água,
cálculo de vazão do escoamento superficial e de
áreas de contribuição e assim calculado o diâmetro
indicado para as redes de captação.

FONTE: Próprio autor, 2018

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FIGURA 4 - Terceiro quarteirão FIGURA 6 - Trecho analisado, sendo representado


os pontos de captação de águas pluviais

FONTE: Próprio autor, 2018


FIGURA 5 – Quarto quarteirão

FONTE: Próprio autor, 2018

A partir da Figura 6, é possível observar que


a água captada na rua Porto Feliz não se distribui em
sua adjacentes pela presença de canalhetões, sendo
assim, escorre superficialmente no trecho
apresentado. Desta forma, para verificar se este
dimensionamento foi realizado corretamente é
preciso analisar a capacidade hidráulica da sarjeta
FONTE: Próprio autor, 2018 comparada a vazão da área de contribuição.
A capacidade hidráulica da sarjeta é
calculada através da Equação de Maning (4.4).
Na Figura 6 estão representados os pontos
de captação de águas pluviais da região. Pode ser
3
𝐴 ∙ √𝑅ℎ2 ∙ √𝐼
observado que na rua em analise não foram 𝑄=
𝑛
projetadas bocas de lobo para a tal captação.
(4.1)

Onde:
Q=Vazão de escoamento (m³/s)
A=Área molhada (m²)
Rh=Raio Hidráulico (m)

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I=Declividade (m/m), Substituindo os valores na Equação (4.3)


n=coeficiente de rugosidade de maning, obtém-se:
sendo que para vias públicas seu valor é 0,017
0,0161
𝑅ℎ =
A área molhada é calculada através da 0,3883

Equação (4.2). 𝑅ℎ = 0,0415 𝑚

ℎ∙𝑏 A Equação (4.4) refere-se ao cálculo da


𝐴=
2 declividade.
(4.2)
𝐶𝑀 − 𝐶𝑚
𝐼= (4.4)
Onde: 𝐿
A=Área molhada (m²)
h=Altura da sarjeta (m) Onde:

b=Largura da sarjeta (m) I=Declividade (m/m)


CM=Cota maior (m)

A altura da sarjeta no local é de 0,15 metros Cm=Cota menor (m)

e a mesma tem 0,3354 metros de largura. Para o L= Distancia (m)

dimensionamento da mesma foi utilizado a altura da


sarjeta de 0,12 metros e consequentemente Os valores encontrados para declividade a

considerado a largura de 0,2683 metros, estes partir da Equação (4.4) estão representados na

valores correspondem a uma altura de lamina de Tabela 1.

agua que não invada a calçada ou o meio fio.


Aplicando estes valores na Equação (4.2) obtém-se: TABELA 1 - Valores de declividade
Cota Cota Distancia Declividade
0,12 ∙ 0,2683 Trecho maior menor (m) (m/m)
𝐴=
2 (m) (m)
𝐴 = 0,0161𝑚² 1 711 709 81 0,025
2 709 705 75 0,053
O raio hidráulico é calculado através da 3 705 699 92 0,065
Equação (4.3). 4 699 695 70 0,057
Fonte: Próprio autor, 2018
𝐴
𝑅ℎ =
𝑃𝑚
Desta forma, aplicando estes valores na
(4.3)
Equação (4.1) obtém-se os valores explícitos na
Tabela 2.
Onde:
Rh=Raio hidráulico (m)
TABELA 2 - Valores para capacidade hidráulica de cada
A=Área molhada (m²)
sarjeta em cada trecho
Pm=Perímetro molhado, sendo
que este equivale a 0,3883 metros

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Área Raio Capacidad


Declividade
Trecho molhada hidráulico e hidráulica 𝐶 = (0,40 ∙ 0,95) + (0,60 ∙ 0,22)
(m/m)
(m²) (m) (m³/s) 𝐶 = 0,512
1 0,025 0,0144 0,0415 0,01605396

0,03942889 Considerando que a área constituída por ruas e


2 0,053 0,0144 0,0415
passeio é totalmente impermeável, já que geralmente são
3 0,065 0,0144 0,0415 0,06531513
revestidas por asfalto e concreto, obtém-se como C médio:
4 0,057 0,0144 0,0415 0,08955609

Fonte: Próprio autor, 2018 𝐶 = (0,70 ∙ 0,512) + (0,30 ∙ 0,95)


𝐶 = 0,64
Analisa-se então a vazão da área de
contribuição por meio da Equação (4.5). Na Figura 7 está representada as delimitações de
áreas de contribuição da rede pluvial em destaque.
𝐴
𝑄 = 0,278 ∙ 𝐶 ∙ 𝐼 ∙ (4.5)
100 FIGURA 7 - Delimitação das áreas de distribuição

Onde:
Q=Vazão Máxima (m²/s)
C=Coeficiente de Runoff
I=Intensidade de chuva (mm/h)
A=Área (ha)

Na Tabela 3 estão representados os valores


do coeficiente de Runoff para cada tipo de ocupação
encontrada no trecho analisado.

TABELA 3 - Valores de C para cada tipo de ocupação. FONTE: Próprio autor, 2018

Tipos de pavimentos Valor de C


Telhado 0,85 – 0,95
Asfalto 0,70 – 0,95 A Intensidade da chuva podemos obter

Grama – solos pesados 0,18 – 0,22 através da Equação Da Chuva de Campinas (4.6).

Calçada 0,75 – 0,85


Fonte: Próprio autor, 2018 2524,86 ∙ 𝑇 0,1357
𝐼= −0,007 (4.6)
(𝑡 + 20)0,9483∙𝑇
Onde:
Como a região apresentada é predominantemente
I=Intensidade da chuva (mm/h)
ocupada por residências, ou seja, 70% da área, e os outros
T=Tempo (anos)
30% constituído por ruas e passeios, pode-se considerar
t=Tempo de escoamento (min)
que 40% dos lotes é constituído por área impermeável, e os
outros 60% por solo pesado ou grama. Sendo assim,
Utilizando T=5 anos, que é o tempo
calculando um C médio obtemos para as áreas loteadas:
indicado para áreas urbanas e t=5,84 minutos, que é

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o tempo de concentração de partida, substituindo os


valores na Equação (4.6) obtém-se: Substituindo os valores na Equação (4.7) e
considerando que o conduto é de concreto, ou seja,
0,1357
2524,86 ∙ 5 n=0,013, obtém-se:
𝐼= −0,007
(5,84 + 20)0,9483∙5
𝐼 =148,87mm/h (0,0638 + 0,0783) ∙ 0,013 3
𝐷 = 1,55 ∙ ( 1 )8
0,0532
Desta forma, aplicando estes valores na 𝐷 = 0,2538 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠
Equação (4.5) obtém-se para o primeiro trecho do
lado esquerdo:
Adota-se então o diâmetro mínimo que é de
(0,1898 + 0,05135) 0,30 metros.
𝑄 = 0,278 ∙ 0,64 ∙ 148,87 ∙
100 Deve-se então calcular a lamina percentual,
3
𝑄 = 0,0638𝑚 /𝑠 representada por y/D, onde a partir desta, conhecer-
se-á o raio hidráulico real e a velocidade efetiva. Para
Para o lado direito do primeiro trecho tanto, é necessário o cálculo do fator hidráulico que
obtém-se: se dá pela Equação (4.8).

(0,2442 + 0,05135) 𝑄∙𝑛


𝑄 = 0,278 ∙ 0,64 ∙ 148,87 ∙ 𝐹𝐻 =
100 8 1
3 𝐷3 ∙ 𝐼 2
𝑄 = 0,0783𝑚 /𝑠
(4.8)

Tendo em vista que as vazões recorrentes


Onde:
da área de distribuição dos dois lados da rua
FH=Fator hidráulico
ultrapassam a capacidade hidráulica da sarjeta neste
Q=Vazão (m³/s)
primeiro trecho, é necessário a instalação de sistema
n=Rugosidade
de drenagem enterrado, bem como, bocas de lobo.
D=Diâmetro (m)
Neste sentido, o dimensionamento de redes pluviais
I=Declividade (m/m)
faz-se necessário, sendo o diâmetro da tubulação
fator importante para este projeto.
Substituindo os valores na Equação (4.8)
A Equação (4.7) refere-se ao cálculo do
obtém-se:
diâmetro.

0,142 ∙ 0,013
𝑄∙𝑛 3 𝐹𝐻 = 8 1
𝐷 = 1,55 ∙ ( 1 )8 0,303 ∙ 0,0532
𝐼2
𝐹𝐻 = 0,1988
(4.7)

A Tabela 4 apresenta relações para fatores


Onde:
hidráulicos em seções circulares.
D=Diâmetro (m)
Q=Vazão (m³/s)
n=Rugosidade do conduto
I=Declividade (m/m)

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TABELA 4 - Relações para Fatores Como o diâmetro é conhecido, calcula-se o


hidráulicos em seções circulares Raio hidráulico como representado na Equação
(4.11).

𝑅ℎ
= 0,27285 (4.11)
𝐷

Onde:
Rh=Raio hidráulico (m)
D=Diâmetro (m)

Substituindo os valores na Equação (4.11)


obtém-se:

𝑅ℎ = 0,27285 ∙ 0,30
𝑅ℎ = 0,082 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠

Com estes resultados e através da Equação


FONTE: HIDRAULICA E HIDROLOGIA APLICADA (4.12) determina-se a velocidade efetiva.

Na Tabela 4 não é possível encontrar o 2 1


𝑅ℎ3 ∙ 𝐼2
valor de FH calculado, então utiliza-se o método de 𝑣=
𝑛
interpolação entre o limite máximo e mínimo como (4.12)
apresentado na Equação (4.9).
Onde:
0,1987 − 0,2041 0,2728 − 0,2753 v=velocidade (m/s)
=
0,1987 − 01988 0,2728 − 𝑅𝐻/𝐷 Rh=Raio hidráulico (m)
(4.9) I=Declividade (m/m)
𝑅𝐻
= 0,27285 n=coeficiente de rugosidade
𝐷

Calcula-se também a partir da Tabela 4 pelo


Substituindo os valores na Equação (4.12)
método de interpolação a lamina percentual (y/D),
obtém-se:
esta está representada na Equação (4.10).

2 1
0,1987 − 0,2041 0,58 − 0,59 0,0823 ∙ 0,0532
= 𝑣=
0,1987 − 01988 0,58 − 𝑦/𝐷 0,013
(4.10) 𝑣 = 3,34 𝑚/𝑠
𝑦
= 0,58
𝐷

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Com o valor da velocidade pode-se vazão de escoamento do trecho anterior por meio de
descobrir o tempo de escoamento, como mostra a condutos, já que foi projetado bocas de lobo para
Equação (4.13). aquela situação, sendo assim, calcula-se a vazão da
área de distribuição para este trecho sem adicionais
𝐿 de vazão anterior, já que esta está escoando por
𝑡𝑒 = 𝑣 meio de condutos subterrâneos.
60
(4.13) Aplicando os valores a Equação (4.5)
obtém-se como vazão para o lado esquerdo:
Onde:
te=tempo de escoamento (min) (0,2499 + 0,05025)
𝑄 = 0,278 ∙ 0,64 ∙ 148,87 ∙
100
L=comprimento (m)
𝑄 = 0,0795𝑚3 /𝑠
v=velocidade (m/s)

E para o lado direito:


Substituindo os valores na Equação (4.13)
obtém-se:
(0,1954 + 0,05025)
𝑄 = 0,278 ∙ 0,64 ∙ 148,87 ∙
100
75
3,34 𝑄 = 0,0651𝑚3 /𝑠
𝑡𝑒 =
60
𝑡𝑒 = 0,37 minutos A vazão de escoamento, como no trecho
anterior, ultrapassa a capacidade da sarjeta, sendo
Na Figura 8 está demonstrado o primeiro assim, implanta-se bocas de lobo dos dois lados
trecho, sendo que na cor verde esta detalhado onde interligadas no poço de visitação já existente. O
será necessário a instalação de canalhetão e de diâmetro desta tubulação é dado a partir da Equação
bocas de lobo, tal que seja ligada ao poço de a seguir.
visitação já existente.
3
(0,0638+0,0783+0,0795+0,0651)∙0,013
𝐷 = 1,55 ∙ ( 1 )8
FIGURA 8 - Representação do trecho 1 com boca 0,0652
de lobo necessária 𝐷 = 0,3178 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠

Adota-se o diâmetro de 0,400 metros


Para o terceiro trecho é feito a mesma
coisa, calcular a vazão da área de contribuição e
comparar e comparar com a capacidade hidráulica
da sarjeta no trecho.
Para o lado esquerdo:

FONTE: Próprio autor, 2018 (0,4752 + 0,04975)


𝑄 = 0,278 ∙ 0,64 ∙ 148,87 ∙
100
𝑄 = 0,139𝑚3 /𝑠
Seguindo para o segundo trecho, calcula-se
a vazão da área de distribuição como feito para o
Para o lado direito:
primeiro trecho. Este que será analisado receberá

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Na Tabela 5 estão apresentados os valores


(0,2498 + 0,04975) obtidos a partir da análise da Rua Porto Feliz.
𝑄 = 0,278 ∙ 0,64 ∙ 148,87 ∙
100
𝑄 = 0,0793𝑚3 /𝑠 TABELA 5 - Resultado da análise

Trecho
Novamente a vazão ultrapassa a (Quarteirão) 1 2 3 4
capacidade da sarjeta, colocado bocas de lobo na
L (metros) 81 75 92 70
cota mais baixa das duas sarjetas interligadas ao Áreas 0,3
acumuladas 0,2
poço de visitação já existente. O diâmetro calculado (ha) Direita 0,24115 45 0,5249 0,1999
para este trecho é: Esquerda 0,2956 6 0,2995 0,2178
Q (L/s) no 28
conduto 142,0 6,7 505,0 505,0
D (Diâmetro) 0,3 0,4 0,5 0,5
(0,0638+0,0783+0,0795+0,0651+0,0793+0,139)∙0,013 3 0,0
𝐷 = 1,55 ∙ ( 1 ) 8
0,0572 S (m/m) 0,025 53 0,065 0,057
𝐷 = 0,4028 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠
Cotas de 70
greide (m) 9
Utiliza-se então uma tubulação com Montante 711 70 705 699
Jusante 709 5 699 695
diâmetro de 0,500 metros Profundidade
(m) 0,8 0,8 0,8 0,8
FONTE: Próprio autor, 2018
Para o quarto trecho então, calcula-se a
vazão da área de contribuição a partir da Equação
(4.5) para ser comparada a capacidade máxima da
5 ESTUDO DE CASO – CANAL ABERTO
sarjeta. Como parte da rede de drenagem urbana, o
Para o lado esquerdo: canal aberto tem seu papel como macrodrenagem,
transportando vazão de escoamento das redes de
(0,1643 + 0,03565)
𝑄 = 0,278 ∙ 0,64 ∙ 148,87 ∙ microdrenagens até seu efluente. Este pode ter seu
100
revestimento natural ou artificial, sendo o natural
mais recomendado pois gera menor vazão a sua
𝑄 = 0,053𝑚3 /𝑠
jusante (DIOGO, 2016).
Foi analisado dois pontos sobre o Córrego
Para o lado direito:
Piçarrão, na cidade de Campinas – SP. Um dos
pontos portando revestimento artificial e outro
(0,1822 + 0,03565)
𝑄 = 0,278 ∙ 0,64 ∙ 148,87 ∙ natural.
100
𝑄 = 0,0577𝑚3 /𝑠
5.1 CANAL ARTIFICIAL
O primeiro ponto analisado do córrego
Piçarrão é composto por revestimento de concreto
Como se pode observar, a vazão sobre a
com acabamento e sua forma é trapezoidal (FIGURA
área de contribuição não ultrapassa a capacidade
9). Em seu entorno é composto por pelo menos 15
máxima desta sarjeta, sendo assim, não é
metros de vegetação, sendo esta, grama e arvores,
necessário a adequação deste trecho com a
tal que neste espaço é possível encontrar pequena
colocação de bocas de lobo.
quantidade de lixo reciclável.

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O tempo médio dos valores encontrados é 8,54


segundos, a partir disto, calcula-se a velocidade média.
FIGURA 9 - Canal artificial analisado
A Equação (5.1) refere-se ao cálculo da velocidade
média.

Δ𝑆
𝑉=
Δ𝑡
(5.1)
Onde:
𝑉= velocidade média (m/s)
Δ𝑆= espaço de um ponto ao outro (m)
Δ𝑡= tempo médio (s)

Substituindo os valores na Equação (5.1) obtém-


se:

FONTE: Próprio autor, 2018 5


𝑉=
As dimensões do canal estão 8,54

representadas na Figura 10. 𝑉 = 0,58𝑚/𝑠

FIGURA 10 - Dimensões do canal Com a velocidade média pode-se ser calculada a


vazão de escoamento do trecho, que é dada pela Equação
(5.2)

𝑄 = 𝑉 ∙ 𝐴𝑚 (5.2)

Onde:
FONTE: Próprio autor, 2018
Q= Vazão de escoamento (m³/s)
Neste local, foi calculada a velocidade de
V= Velocidade média (m/s)
escoamento a partir do tempo que um objeto boia,
Am= Área molhada (m²)
no caso um pedaço de galho de arvora, utiliza para
passar de um ponto ao outro em cinco metros. Feito
A área molhada é calculada a partir da Equação
o experimento por três vezes obteve-se os
(5.3).
resultados expressos na Tabela 6.

𝐵+𝑏
TABELA 6 - Valores obtidos nos testes de velocidade. 𝐴𝑚 = ∙ℎ
2
Valor encontrado (5.3)
Número de testes
(segundos)
1 7,03
2 8,85 Am= Área molhada (m²)
3 9,75 B= Base maior (m)
Fonte: Próprio autor, 2018 b= Base menor (m)
h= Altura da lâmina de água (m)

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y= Altura da Lâmina de água


Considerando o córrego está atuando em sua g= Gravidade (m/s²)
capacidade máxima e substituindo os valores na Equação
(5.3) obtém-se: Substituindo os valores na Equação (5.5) obtém-se
o apresentado da Tabela 6.
10 + 3
𝐴𝑚 = ∙ 2,3
2 TABELA 7 - Valores para o gráfico de energia
𝐴𝑚 = 14,95
Y (m) E (mca)
0,1 3,931239
Substituindo os valores na Equação (5.2) obtém- 1,852773
0,15
se: 0,2 1,15781
0,5 0,65325
𝑄 = 0,58 ∙ 14,95 1 1,038312
𝑄 = 8,67 𝑚 3 /𝑠 1,5 1,517028
1,7 1,713257
Este valor para vazão seria para o córrego no limite 2 2,009578
de sua capacidade. A Vazão unitária para este caso se dá 2,3 2,307242
pela Equação (5.4) abaixo: FONTE: Próprio autor, 2018

𝑄
𝑞=𝐵 (5.4).4) Com os valores da Tabela 6 pode-se
Onde: analisar a curva de energia para este canal atuando
q= Vazão unitária (m³/s.m) em sua capacidade máxima. O Gráfico 1 representa
Q=Vazão (m³/s) esta curva.
B= Base maior (m)
GRÁFICO 1 - Representação da curva de energia

Substituindo os valores na Equação (5.4) obtém- Curva de energia para canal


se:
artificial
2,5
8,67
𝑞=
10 2
3
𝑞 = 0,867 𝑚 /𝑠. 𝑚 1,5

1
A partir destes valores é possível obter o Gráfico
0,5
de Energia do canal por meio da Equação (5.5)
0
0 1 2 3 4 5
𝑞2
𝐸 =𝑦+
2 ∙ 𝑔 ∙ 𝑦2 FONTE: Próprio autor, 2018
(5.5).5)
Como pode-se observar no Gráfico 1, a
Onde: altura de lamina de agua crítica é de 0,5 metros. A
E = Energia (mca) altura da lâmina de água neste trecho na ocasião da
q= Vazão unitária (m³/s.m) análise era de 0,20 metros, sendo assim, o regime

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de escoamento deste trecho é turbulento e a energia TABELA 8 - Valores obtidos nos testes de velocidade.
Valor encontrado
sendo dissipada é de 1,1578 mca. Estando o córrego Número de testes
(segundos)
atuando em sua capacidade máxima, o regime de 1 45,29
escoamento do mesmo será laminar e a energia 2 26,05
dissipada será de 2,31 mca. 3 34,66
Fonte: Próprio autor, 2018

5.2 CANAL NATURAL


O tempo médio obtido foi 35,33 segundos
Foi analisado também um trecho do mesmo para que o galho de arvore percorresse 12 metros de
córrego onde o canal é natural. Neste trecho pode- distância. A partir da Equação (5.1) se obtém como
se observar a partir da Figura 11 que ocorreu velocidade:
desmoronamento de parte que deveria ser artificial e 12
𝑉=
que esta parte foi coberta por vegetação e pedras. 35,33

Ao redor do córrego é possível observar a presença 𝑉 = 0,34m/s

de mato e repteis, no caso um lagarto


FIGURA 11 - Canal natural Com estes valores e a partir da Equação (5.2) obtém-
se a vazão.
𝑄 = 0,34 ∙ 14,95
𝑄 = 5,08 m³/s

A partir de então, calcula-se a vazão unitária, por


meio da Equação (5.4).

5,08
𝑞=
10
𝑞 = 0,508 𝑚3 /𝑠. 𝑚

Com estes valores obtemos a Tabela 8 que tem


seus valores a partir da Equação (5.5).

FONTE: Próprio autor, 2018


TABELA 9 - Valores para o gráfico de energia

Esta parte do córrego contém as mesmas Y E


dimensões representadas na Figura 8, ou seja, a 0,1 1,415311
área molhada é a mesma. Foi realizado o mesmo 0,15 0,734583
procedimento para o cálculo da velocidade e o tempo 0,2 0,528828
encontrado para que o pedaço de madeira chegasse 0,5 0,552612
de um ponto ao outro estão representados na Tabela 1 1,013153
7. 1,5 1,505846
1,7 1,704551
2 2,003288
2,3 2,302486
FONTE: Próprio autor, 2018

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Abaixo está o Gráfico 2 que representa a dimensionamento correto de redes coletoras de


curva de energia para este trecho do canal. águas pluviais em meios urbanos.
Após análise dos trechos expostos na
GRÁFICO 2 - Representação da curva de energia cidade de campinas é possível observar,
principalmente relacionado a redes de
Curva de energia para canal microdrenagens, que não foi realizado

natural dimensionamento correto da área em analise,


provavelmente por não se considerar o demasiado
2,5
crescimento populacional na região.
2 Por fim, conclui-se que para o
dimensionamento hidráulico de uma região é
1,5
necessário analisar o ambiente como um todo,
1 levando em consideração o crescimento econômico

0,5 da região e todos os fatores que usualmente poderão


interferir no comportamento do escoamento da água
0
pluviais do meio em exploração.
0 0,5 1 1,5 2 2,5

FONTE: Próprio autor, 2018


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A partir do Gráfico 2 é possível encontrar a
altura de lamina de agua crítica, que é 0,30 metros. Demajorovic; Caruso E Jacobi, 2015. Cobrança do uso da água e
A altura de lâmina de água na ocasião da analise era comportamento dos usuários industriais na bacia hidrográfica do
Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Rev. Adm. Pública - Rio de Janeiro
de 0,10 metros, sendo assim seu regime de
49(5):1193-1214, set./out. 2015
escoamento é turbulento e a energia dissipada 1,41
mca. Estando este trecho do córrego atuando em DIOGO, 2016. Canal aberto de drenagem. Revista Pavimentação,

sua capacidade máxima, que é com altura de lâmina nº42. Rio de Janeiro: IME. 2016. Disponível em:
<http://www.sinicesp.org.br/materias/2017/bt06a.htm>. Acessado
de água de 2,30 metros o regime de escoamento do
em: 20, setembro, 2019.
mesmo será laminar e a energia dissipada será de
2,30 mca. GARCEZ e ALVAREZ, 1988. HIDROLOGIA. 2. ed. rev. e atual. -
São Paulo: Blucher, 1988. ISBN: 978-85-212-0169-4.

Instituto de Pesquisas Hidráulicas-Universidade Federal do Rio


6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Grande do Sul, 2005. PLANO DIRETOR DE DRENAGEM
Em face do exposto é possível entender a
URBANA-Manual de Drenagem Urbana, v. 6. Setembro, 2005.
importância do uso racional dos recursos hídricos Disponível em:

disponíveis, a preservação do meio ambiente e a <http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/dep/usu_doc/man


ual_de_drenagem_ultima_versao.pdf>. Acessado em: 20,
ocupação em bacias hidrográficas. As ocupações de
setembro, 2019.
bacias pela população geram preocupações
relacionada ao impacto ambiental e a presença de MORAES, 2015. PROCEDIMENTOS TÉCNICOS DE
DIMENSIONAMENTO DA MICRODRENAGEM DO MUNICÍPIO
enchentes. Como meio de promoção do cuidado
DE SANTO ANDRÉ. XIX Exposição de Experiências Municipais
com a população é importante o gerenciamento dos
em Saneamento De 24 a 29 de maio de 2015 – Poços de Caldas -
recursos hídricos pelos poderes públicos e o MG.

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Mobilidade Urbana. WRIcidades.org-Dezembro de 2017 - 2ª
edição. Disponível em:
<file:///C:/Users/samsungpc/Downloads/Sete%20Passos%20%20-
%20Como%20construir%20um%20Plano%20de%20Mobilidade%2
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PEREIRA, R. S. Identificação e caracterização das fontes de
poluição em sistemas hídricos. Revista Eletrônica de Recursos
Hídricos. IPH-UFRGS. v. 1, n. 1.p.2036.
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Schmitz e Bittencourt, 2016. Crescimento econômico e pressão


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SOUZA E FURTADO, 2013. Gestão ambiental e recursos hídricos:


Análise do plano de bacias 2010-2020 do comitê de bacias
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TOMAZ, 2012. Curso de Manejo de águas pluviais-Capítulo 5-


Microdrenagem, 3 de agosto de 2012. Guarulhos, São Paulo,
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TUCCI, 2014. Hidrologia: ciência e aplicação - 4ª. ed. 6ª reimp. -


Porto Alegre: Editora da UFRGS/ABRH. 2014.

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