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PLANEJAMENTO DA PAISAGEM

Paisagem como
Infraestrutura Hídrica
SEMINÁRIOS INFRAESTRUTURA VERDE - CAP. 2

ARQUITETURA E URBANISMO
DISCENTES: JÚLIA HELENA E SÂMIA BACHUR MONTH AND YEAR
DOCENTE: GUSTAVO REIS
Introdução
Há uma revolução verde multifacetada acontecendo a
respeito de águas pluviais. A questão básica é que e esses
alastramentos urbanos criam um ambiente que, em última
análise, não é bom para homens nem para animais.

Esse tipo de desenvolvimento não é inevitável. Por meio de


uma combinação de práticas estruturais e institucionais,
podemos criar ambientes funcionais, ecológicos,
sustentáveis e bonitos. A administração de águas pluviais e
de superfície desempenha um papel importante neste
movimento. (Reese, 2001)
Introdução
O capítulo discorre sobre a maneira com que as diversas superfícies de uma área urbana influenciam diretamente no
escoamento superficial e subterrâneo, e como a paisagem pode ser modificada com projetos que busquem solucionar
questões naturais existentes e melhorar os efeitos negativos potencializados dos eventos naturais pelo adensamento
urbano.

Projetos de manejo voltados para drenagem urbana faz-se necessários uma vez que as diversas tipologias de superfícies
presentes no ambiente urbano, boa parte corresponde a áreas impermeáveis, afetando diretamente a maneira com que a
água se move pela cidade.

O escoamento por essas superfícies confere maior velocidade rumo aos vales (pontos ais baixos), bem como o
carregamento de impurezas químicas e físicas que contaminam e assoream os cursos d’água e suas bacias.
Contexto
No final do século XX, no Brasil, em resposta à
necessidade de suplementação do sistema
convencional de condução de águas pluviais,
passaram a ser empregadas as bacias de
detenção, ou piscinões.

Sua única função é reduzir o pico de vazão


durante um evento, uma vez que o volume do
escoamento superficial continua o mesmo a
jusante (rio abaixo), apenas tomando um tempo
maior.

A adição de projetos de parques lineares e de


preservação nas áreas de várzeas tem sido
amplamente utilizado para complementar os
sistemas de drenagem convencional.
Piscinão da Vila Pauliceia, São Bernardo (SP) - capacidade de 380
milhões de litros de água.
Fonte: PET Engenharia Civil UEM
Contexto
O Parque Ecológico das Várzeas do Tietê - SP é
um exemplo que trabalha a montante (na
nascente) e a juzante (rio abaixo), servindo para
acomodar a vazão já concentrada do escoamento
que atinge a área.

Parques como esse, bem como as bacias de


detenção atuam para acomodar o excesso de
escoamento concentrado gerado.

Porém não possuem eficácia em reduzir esse


excedente, quando encontra-se no ponto final da
bacia.

Apenas são efetivos quando controlam o


problema na fonte, ao longo de pontos mais altos
e de meia encosta.
O Parque Ecológico das Várzeas do Tietê - SP
Fonte: Parque Ecológico do Tietê
Contexto

Não evitam Em contraste, as bacias


inundações, erosão, naturais criam uma vazão
não recuperam a Bacias moderada e constante, que é a
Piscinões qualidade da água, Naturais base do suprimento perene de
nem recarregam as água e dos ecossistemas
águas. aquáticos.
Bacias Naturais x
Bacias Urbanizadas
Mais da metade da precipitação
Bacias anual é evapotranspirada do solo
Vegetadas e das plantas, sem passar pelos
cursos de água. (Ferguson, 2002)

Seu volume tende


Bacias Tende a manter
Bacias a flutuar, pois
Naturais seu volume por
Urbanizadas depende das
mais tempo
precipitação
Contexto
Parte da água percola através do solo, seguindo a
topografia, aflorando como fontes e nascentes, o
que contribui para o acúmulo, reabastecimento e
fluxo gradual de água no subsolo.

Quando respeitados ou recuperados os


processos hídricos naturais, as bacias são
capazes de apresentar as capacidades citadas
anteriormente.

Os elementos introduzidos afetam não apenas o


escoamento superficial das águas, mas também
o movimento das águas subterrâneas, tanto as
mais próximas como as mais profundas.

Pontos de alagamento também podem resultar


de condições naturais, mas facilmente
intensificadas com o bloqueio da infiltração de
precipitação.
Por um projeto de
paisagens permeáveis
Durante o século XX, pensava-se que o correto era
coletar e conduzir as águas da maneira mais rápida,
visando evitar inundações nas áreas edificadas.

Contudo, destaca-se uma mudança de paradigma ao


perceber que essa manipulação apenas serviu para
aumentar a vazão e as enchentes a juzante.

Em resposta a essas situações, cria-se os planos de


macrodrenagem de bacias inteiras, que focam no
controle do pico das cheias através de vasos
comunicantes que abrem e fecham, por meio de
barragens, vertedores e comportas que retardam a
liberação do escoamento.
Por um projeto de
paisagens permeáveis
Novamente levando apenas em
consideração o volume das vazões, e dando
pouca atenção aos impactos na qualidade
com que as águas retornam ao leito.

Foi no final do século XX que a importância Antes da implantação das ações do PDDrU
de integrar medidas de controle de volume
com a proteção dos corpos d'água e a Av. Goethe, Porto Alegre -RS
Fonte: Divulgação PMPA
recuperação da qualidade da mesma, foram
reconhecidas.

A coleta do primeiro fluxo do escoamento


pluvial superficial, bem como a utilização de
áreas verdes incorporadas em elementos
paisagísticos são uma possibilidade que
promove a desaceleração e filtragem da * PDDrU = Plano Diretor
água antes do seu retorno aos leitos. Após a implantação das ações do PDDrU de Drenagem Urbana
Por um projeto de
paisagens permeáveis
Para tal, é necessário considerar as
características específicas de cada área
para promover uma abordagem integrada
entre a infraestrutura verde e a drenagem
tradicional.

A avaliação da área para um projeto


paisagístico promove o conhecimento
dessas características específicas, onde
podem ser examinadas as restrições e
oportunidades a depender da proposta.

Parte Projeto Água Espraiada - SP


Fonte: Wikimapia
Alternativas ao manejo
das águas de chuva
A integração das águas no tecido urbano e a seleção dos
elementos paisagísticos aplicados deve levar em consideração

Pede dispositivos de retenção e filtração


Áreas elevadas como encostas,
Localização topos de morros e espigões são
Áreas para evitar contaminação das águas
na Bacia rebaixadas subterrâneas e dos corpos d’água
pouco afetadas por inundações.
adjascentes, além de contar com áreas
para acomodação dos níveis de cheias.

Fluxos
rápidos
A água pode erodir cortes e
e bloqueios
de aterros e provocar deslizamentos.
percurso
Melhores práticas de manejo e o
desenvolvimento de baixo impacto
Nos Estados Unidos, surgiu um crescente questionamento quanto à
eficiência do sistema convencional de drenagem urbana e quanto à
manutenção da infraestrutura envelhecida, cujos custos econômicos
levaram também ao contestamento do sentido de continuar a se investir
em sistemas que simplesmente não terão condições de se manter
(Coffman, 2002).

Em 1999 o Departamento de Recursos Ambientais do Condado de Prince


George, no estado de Maryland, produziu um manual com soluções
alternativas para manejo das águas de chuva.

Um conjunto de ferramentas para manter o volume original de


escoamento superficial proveniente de chuva, resolvendo o problema na
fonte, onde cada área pode ser vista como parte de um sistema de
drenagem.
Melhores práticas de manejo e o
desenvolvimento de baixo impacto
O termo geral LID passou a ser usado para descrever um
conjunto de princípios e de práticas desenvolvidas para
melhor manter ou restaurar o regime hidrológico em uma
bacia.

A estratégia consiste em criar uma rede de manejo


distribuída por toda a bacia, tornando tecnicamente viável a
ocupação com menos impacto na hidrologia e de forma que
se assemelhe às condições hidrológicas naturais ou pré-
urbanas.
No que se baseiam as paisagens
hidrológicas funcionais?
Relação entra tipo e uso dos
1. solos e a quantidade de De acordo com Coffman (2002), o uso dessas técnicas pode
escoamento gerado. reduzir os custos do sistema de águas pluviais urbanas em
25% a 30% se comparado aos sistemas tradicionais.
Podendo ser alcançadas por meio da eliminação do uso de
tubulações, além da diminuição das áreas pavimentadas.
Tempo de concentração e
2. travessia do escoamento Pode-se também ser facilmente aplicada a projetos
pela bacia. paisagísticos se adotadas como parte de uma rotina de
recuperação e manutenção da infraestrutura urbana como
dispositivos de drenagem urbana.

Retenção por meio de áreas


3. de estoque permanente e
detenção por meio de áreas
de estoque temporário.
Dispositivos
naturalizados de
drenagem e
infraestrutura
O capítulo disserta sobre a importância dos
dispositivos naturalizados de drenagem (DNDs)
que são sistemas que utilizam processos naturais,
para o gerenciamento do escoamento da água
pluvial.

Além disso a importância da administração pública


no envolvimento desta infraestrutura que envolve
tantos problemas urbanos.

Os sistemas de drenagem tradicionais são


projetados normalmente com tubulações e canais
de concreto, porém estratégias de dispositivos
naturalizados podem ser tanto mais eficientes
quando ecologicamente corretos para o meio
ambiente.
Os Processos Físicos Tradicionais

FILTROS DE AREIA TRINCHEIRAS


BACIAS DE DETENÇÃO

PISOS POROSOS CISTERNAS


Opções de Sistemas Vivos (DNDS)

TETOS E PAREDES VERDES

PARQUES LINEARES CANTEIROS PLUVIAIS

JARDIM DE CHUVA
LAGOAS PLUVIAIS
Benefícios
Os DNDs podem oferecer diversos benefícios,
como:

Redução da inundação: Ao absorver e infiltrar a


água pluvial, os DNDs podem ajudar a reduzir o
risco de inundações.
Melhoria da qualidade da água: Os DNDs
podem ajudar a filtrar a água pluvial e remover
poluentes.
Promoção da biodiversidade: Os DNDs podem
fornecer habitat para plantas e animais.
Redução do custo: Os DNDs podem ser mais
baratos de construir e manter do que a
infraestrutura tradicional de drenagem.
Estes elementos são importantes para a drenagem
das cidades, e podem ser combinados entre si de
diversas formas e modelos.

Para cada intervenção é necessário se atentar ao


tipo do solo do local, topografia, nível do lençol
freático, clima e entre outros.

WETLANDS

Sistema projetado de canais • BAIXO CUSTO


artificiais, que abrigam • EFICIÊNCIA
plantas aquáticas, criando
habitats para plantas e
microrganismos.
PERCURSO DA ÁGUA

A água circula pela Terra em todos os seus estados


físicos por meio de um sistema que recebe o nome
de ciclo hidrológico.

A água evapora de rios e lagos e volta para a


atmosfera, depois cai sobre a terra em forma de
chuva, porém esta chuva não é natural devido às
condições resultantes da intervenção humana.

Portanto a chuva carrega muitos solutos químicos


que mudam a condição biológica de elementos vivos
na terra, rios e oceanos, provocando erosão.
Elementos que auxiliam as consequências da erosão
IMPLANTAÇÃO CORRETA ENCOSTAS E TALUDES

Evita a erosão e perda de solo fértil, protegendo a


qualidade ambiental e preserva habitats naturais e a
flora e fauna local.

COBERTURA VEGETAL

A cobertura vegetal exerce papel fundamental na


proteção da natureza contra os processos
morfogenéticos (sistema de funcionamento acima).
A estratégia principal então consiste em aproveitar
dos projetos paisagísticos para a melhoria nos
elementos de infraestrutura urbana muitas das
vezes degradados ou sem atenção, visando um
sistema que agregue espaços públicos funcionais,
com estruturas verdes viáveis economicamente,
dando suporte ao meio ambiente e a sociedade como
um todo, contribuindo para melhoria de enchentes,
inundações e entre outros problemas urbanos.

Em questão da valorização paisagística, as funções


combinam estratégias que de forma total unem
espaços públicos, áreas verdes, vitalidade urbana,
uso do entorno, tornando a cidade um espaço
preservado ecologicamente e usual pela população.
Torna-se necessário uma mudança de
paradigma no manejo das águas pluviais
urbanas, passando de uma abordagem focada
apenas na coleta e condução rápida das águas
para uma abordagem que leve em
consideração a qualidade da água, os
ecossistemas aquáticos e a integração com o
ambiente urbano e para tal é necessário

Considerações considerar as características específicas de


cada área.

Finais
A paisagem como infraestrutura hídrica não é
apenas uma alternativa viável, mas sim uma
necessidade urgente para garantir a
segurança hídrica, a qualidade ambiental e a
sustentabilidade das cidades do futuro.
Através da adoção de soluções paisagísticas e
das mudanças citadas acima, podemos
construir cidades mais resilientes e prósperas
para as próximas gerações.
Obrigada!

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