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Avaliação do reúso de águas servidas em uma instituição pública de

Aracaju
José Daltro Filhoa, Joana D’Arc Souza Matos
a
Departamento de Engenharia Civil, Universidade Fedeal de Sergipe, 49100-000, São Cristóvão-SE, e-mail: jdaltro@ufs.br

Resumo

O presente estudo foi realizado no aeroporto de Aracaju-SE, onde tem sido gerado 0,702 L/s de efluente de uma unidade de lodos
ativados e a potencialidade de aproveitamento de águas de chuvas, em 12.000 m_ de área coberta (0,43 L/s).Testou-se para o pós-
tratamento do efluente o uso de sulfato de alumínio (150 mg/L); hidróxido de cálcio (150 mg/L); cepas de microrganismos
(0,15%) e um processo de filtração. Como proposta final, apresentou-se uma alternativa de um sistema de filtração dupla, em que
pode ser realizada a coagulação /floculação com sulfato de alumínio e finalizado o processo, com desinfecção através do cloro .

Palavras-chaves: efluente; água pluvial; reúso.

Introdução O reúso é uma prática bastante antiga, em muitos países do


mundo. Por exemplo, no Arizona (EUA), 80% dos esgotos
Os prognósticos quanto a reserva de água nos próximos domésticos são reciclados; no Japão cerca de 80% da água
vinte e cinco anos são dramáticos. Segundo estudiosos destinada à indústria é de reúso, além de nos condomínios,
sobre o tema, em 2025 dois terços da população mundial hotéis e hospitais as águas usadas nos vasos sanitários e
estarão vivendo em áreas com recurso hídricos mictórios, serem originadas de chuveiros e lavatórios. Em Israel
escasso(Água em Revista,1998). Essa escassez decorre 70% da água utilizada na agricultura é oriunda dos
muitas vezes da destruição gradual e o agravamento das esgotos(Capelas Júnior, 2001).Entre nós, a iniciativa tem sido
condições de poluição, além da própria alteração climática do setor privado, principalmente na indústria paulista que tem
no mundo e o elevado crescimento da população. feito uso dessa prática, como forma de economizar recursos
Preocupado com esta situação, o governo brasileiro a financeiros com água potável economia de 48% no consumo de
cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos água potável(Revista Bio,2000).
Hídricos, pretendendo-se solucionar os problemas de
poluição; secas; enchentes; a ação descoordenada dos Metodologia
setores usuários de água; a ausência de gerenciamento da
O desenvolvimento do trabalho ocorreu nas dependências do
demanda e a manutenção insuficiente das estruturas
Aeroporto de Aracaju e esteve calcado no levantamento de
hidráulicas. Para o acompanhamento dessas e outras ações,
dados; na identificação dos pontos geradores de despejos
o governo criou a Agência Nacional e Água – ANA,
líquidos; na quantificação do volume de águas de chuvas
através de projeto de lei.
captadas das áreas cobertas; no conhecimento das diversas fases
Por tudo que foi apresentado, a água deixa de ser um do tratamento e na medida do desempenho desta unidade,
bem livre e inesgotável para ser um produto estratégico e
conforme o seguinte roteiro:
escasso, portanto, tornando-se um bem econômico.
Levantamento bibliográfico sobre o tema;
Para que esse quadro seja revertido ou minimizado,
Estudo exploratório da unidade de tratamento dos esgotos;
deve-se evitar o desperdício, interromper as práticas de
Quantificação das demandas para reúso;
poluição e otimizar os procedimentos de captação, controle
Monitoramento da ETE e estudo de alternativas para o pós-
e distribuição às diversas atividades do homem, para fins de tratamento do efluente;
racionalização desse recurso escasso. Entre os
O controle e monitoramento da água para reúso, foi realizado
procedimentos hoje em uso, tem sido aplicado o
levando-se em consideração a parâmetros físico-químicos e
reaproveitamento da água dos esgotos, também
biológicos recomendados pela resolução Nº20/86-CONAMA,
denominado reúso de águas.
pela Portaria Nº1496/GM-MS,2000 e pela OPAS/OMS.
Os procedimentos analíticos seguiram as orientações do seja submetido a um pós-tratamento, para reduzir os níveis de
Standard Methods (APHA,1992). coliformes, turbidez e DQO.
3.3. Técnicas de pós-tratamento avaliadas.
Resultados Entre as técnicas de pós-tratamento, foram investigadas: a
3.1 Demandas para reutilização de águas servidas. coagulação/floculação; Filtração lenta e um Bioativo.
Para os níveis de clarificação pretendidos, o pós-tratamento
O reúso de águas em prédios residenciais, comerciais ou
por coagulação/ floculação (Sulfato de Aluminio ou Hidróxido
de serviços públicos é possível através de sua utilização em
de Cálcio) com posterior filtração, foi o que melhor atendeu aos
vasos sanitários, em mictórios, na lavagem de pisos, na
requisitos, principalmente, com a utilização de Sulfato de
rega de jardins, entre outros.
Alumínio, cuja concentração ótima chegou aos 150mg/L.
Para o caso do aeroporto de Aracaju, existem demandas
para a reutilização em 99 vasos sanitários, sendo 94 com Desse modo foi possível melhorar as condições do efluente
da ETE do Aeroporto com um sistema de filtração direta, com
válvulas de descargas e 5 com caixas de descargas; em 53
aplicação do coagulante supracitado mais a desinfecção através
mictórios, na irrigação de áreas de jardinagem e no
de cloro.
atendimento de combate a incêndio.
O efluente assim tratado deverá ser aplicado,
3.2 Disponibilidade de água para o reúso.
prioritariamente, em vasos sanitários, mictórios e na irrigação
As disponibilidades de águas para reutilização no
Aeroporto de Aracaju compreendem as águas servidas e de de jardins.
Este efluente, no inverno, poderá ser misturado com as águas
chuvas. Estas águas são oriundas da Estação de Tratamento
de chuvas, desde que sejam realizadas alterações nos sistemas
de Esgotos e as resultantes da captação dos telhados da
de canalizações que alimentam as instalações hidráulicas e os
instituição.
tubos de queda de águas pluviais.
As áreas de telhados do aeroporto compreendem um
total de 12.000m2, possibilitando captação de 11.361m3 de
Conclusão
água/ano, para as condições pluviométricas de Aracaju.
Este volume assegurará a média diária de 31m3. Para tanto, Dos levantamentos e estudos realizados, com o efluente e as
far-se-á necessidade de sistemas de armazenamentos, para águas de chuvas no aeroporto de Aracaju, vê-se que há grande
os períodos de chuvas na cidade. Por exemplo, para os potencial para reuso daquelas águas, como uma alternativa para
últimos cinco anos de dados de chuvas em Aracaju, a maior economia de água potável e proteção ambiental.
intensidade pluviométrica mensal ocorreu em maio de
1998, permitindo um armazenamento máximo diário de Bibliografia
122m3. Portanto, esta seria a capacidade máxima de ÁGUA EM REVISTA(1998), Pág um. Editorial. Ano VI, Nº10.
reservação. Junho.Belo Horizonte-MG.
A água servida oriunda da ETE do aeroporto representa CAPELAS JÚNIOR, Afonso(2001). O Azul da Terra. Revista Super
um volume médio diário de aproximadamente 64m3 ., Interessante (p.28-33), junho.São Paulo-SP.
cujas características médias de 6 meses de monitoramento MEDEIROS LEITÃO, Sanderson Alberto(2000).Base para estruturação
são: das atividades de reúso de água no Brasil: Estágio Atual. II
DQO = 72,5 mg/L (Eficiência da remoção = 69,8%) Encontro das Águas.
pH = 6,20 REVISTA BIO-ABES(2000). Reuso gera economia significativa no
consumo. Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente, Ano
Temperatura: Ambiente = 26,9ºC , Efluente = 27,7ºC
XI, Nº16. OUT/DEZ. Rio de Janeiro-RJ.
Alcalinidade = 19,6mg/L
Sólidos Totais = 349mg/L
Sólidos sedimentáveis = ZERO
Coliformes Totais = 2911CT/100mL
Coliformes Fecais = 2477 CF/100mL
Turbidez = 26,10 NTU
Nitrito = 0,46mg/L
Nitrato = 0,31mg/L
Amônia = 22,86mg/L
Fósforo Total = 1,89mg/L
Oxigênio Dissolvido = 3,65mg/L
Esses resultados não asseguram a utilização do efluente,
para os fins anteriormente estabelecidos sem que o mesmo
Levantamento de falhas de execução das estruturas de concreto
armado para edifícios em Aracaju/SE
Sandra Carla Lima Dórea*, Rosiany da Paixão Silva, Tânia Oliveira Américo Pessoa
*sandradorea@infonet.com.br

Resumo

Muitas empresas de construção civil de Aracaju/SE têm procedimentos padronizados para execução das estruturas de concreto
armado, mas ainda assim observa-se que a incidência de manifestações patológicas em elementos estruturais dos edifícios tem se
mantido, infelizmente. Diante da inexistência da compilação de tais informações no estado, inúmeras falhas foram catalogadas e
quantificadas através de uma pesquisa de campo. Os dados obtidos através desse trabalho confirmaram a existência significativa de
falhas na etapa de execução, fase do processo produtivo do edifício que ainda possui uma grande interferência do fator humano,
reforçando a importância da reciclagem e da qualificação profissional.

Palavras-chaves: Patologia; Falhas em edifícios, Estruturas de concreto armado.


Introdução
A Engenharia Civil é uma área do conhecimento humano em constante evolução, seja do ponto de vista dos
materiais utilizados para as construções, seja das técnicas construtivas empregues, ou ainda dos métodos de projeto.
Embora há milênios o homem venha desenvolvendo esses materiais, técnicas e métodos, consolidando assim a
tecnologia da construção – aí englobadas a concepção, a análise, o cálculo e o detalhamento das estruturas, a
tecnologia dos materiais e as respectivas técnicas construtivas – ainda há sérias limitações na área do conhecimento,
as quais, aliadas às falhas involuntárias, imperícia, deterioração, irresponsabilidade e acidentes, levam algumas
estruturas, considerando as finalidades a que se propunham, a apresentarem desempenho insatisfatório, como afirma
SOUZA (1998).
De acordo com DÓREA (1998), grande parte das falhas ocorridas em estruturas de concreto armado tem origem
nas primeiras fases do seu ciclo de produção, quais sejam: Planejamento, Projeto e Execução, somando um total de
70%, em média, nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e parte do Nordeste.
Uma forma eficaz de se buscar a melhoria contínua e a qualidade das obras, prevenir defeitos futuros, aprimorar
as técnicas de reparo e reforço, é o amplo conhecimento da evolução e causa das manifestações patológicas das
edificações, através do levantamento de dados sobre os sintomas e sua origem, como afirmam NINCE e CLÍMACO
(1996).
Com a finalidade de dar uma contribuição nesse sentido, este trabalho apresenta os resultados de um estudo
realizado em Sergipe, principalmente na capital Aracaju, onde se concentra o maior número de edifícios do estado.
Após detectar e quantificar falhas através da visita in loco em estruturas de concreto armado nas diversas regiões da
cidade, esta pesquisa expõe os resultados obtidos, que podem ser traduzidos como uma representação da realidade
local.

Metodologia
Em se tratando de uma cidade relativamente pequena, inicialmente pretendia-se catalogar todos os edifícios
existentes em Aracaju que tivesse sofrido algum tipo de intervenção na estrutura para, a partir daí, somando-se com
os edifícios observados em fase de execução pudesse ser definido o universo da realidade local. Entretanto, devido à
precariedade ou completa ausência de arquivos com tais registros atualizados no estado, optou-se por fazer o
levantamento das falhas diretamente através de inspeções visuais realizadas nos edifícios em fase de execução, uma
vez que as lesões dos edifícios em uso estavam, na maior parte dos casos, encobertas pela recuperação, dificultando a
observação das mesmas.
Com base em trabalhos semelhantes já realizados no país, foi elaborada de forma criteriosa uma planilha para a
coleta de dados, chamada de ficha de inspeção visual, onde foram inseridas todas as informações sobre cada obra,
falhas encontradas no edifício e a freqüência da sua ocorrência.
As falhas foram cadastradas a partir dos seguintes critérios:
Cada falha observada num elemento estrutural foi anotada como sendo uma ocorrência, independente do número
de vezes que a mesma se repetia no mesmo elemento;
Por exemplo, se em uma laje foi observada a presença de três pontos distintos de segregação, dois pontos de
armadura exposta e um de corrosão, anotou-se um total de seis falhas para o elemento estrutural em questão.
As ocorrências foram agrupadas por elemento estrutural afetado;
Foi feito o somatório das falhas por elemento estrutural de todas as obras inspecionadas.
Acompanhando a ficha de inspeção visual há uma ficha de cadastramento para cada obra, onde foram catalogadas
as seguintes informações:
Nome e endereço da obra;
Empresa construtora e projetista;
Engenheiro responsável.
As obras cadastradas foram classificadas de acordo com o número de pavimentos (especificando cobertura, tipo,
garagem, play ground etc), quantidade de apartamentos por pavimento, com o uso ou tipo de utilização de cada obra,
e o entorno no qual as mesmas estão inseridas, conforme mostrado no Quadro 01.
ENTORNO LOCALIZAÇÃO
Área salina 0 - 1km do litoral
Área urbana 1km – 6km do litoral
Periferia urbana 6 – 15km do litoral
Área rural > 15km do litoral
Água doce Obras nas margens de rios
Área industrial Obras em atmosfera industrial
Quadro 01 - Classificação do entorno no Estado de Sergipe.
Adaptação de ANDRADE & DAL MOLIN (1998).

Vale salientar que, ao se tomar como referência a cidade de Aracaju e classificando-a geograficamente com
relação ao Brasil, chega-se à conclusão que todas as obras existentes em tal capital estão inseridas na área salina.
Porém, objetivando-se verificar a influência do entorno na distribuição das diferentes formas de degradação das obras
dentro do Estado de Sergipe, classificou-se o mesmo em regiões a partir da orla marítima, de acordo com a
nomenclatura adotada por ANDRADE & DAL MOLIN (1998), em artigo científico referente ao Estado de
Pernambuco e a cidade de Recife.
As obras catalogadas neste trabalho referem-se às estruturas convencionais de concreto armado e estruturas pré-
moldadas. Foram considerados apenas os elementos da superestrutura dos edifícios, uma vez que os elementos da
infra-estrutura já estavam enterrados em todos os casos estudados.
Resultados e Discussão
A partir dos dados coletados realizou-se uma análise das principais falhas que ocorreram nas estruturas de
concreto armado. Foram elaborados gráficos que mostram a distribuição percentual das incidências de tais falhas, dos
elementos estruturais mais afetados e da incidência das mesmas por elemento estrutural.
No período da pesquisa de campo foi detectado um total de 14 (quatorze) edificações em fase de execução da
estrutura de concreto armado em Aracaju/SE, sobre o total de 20 edifícios em construção na ocasião, perfazendo um
total de 70% do universo, tendo sido considerada uma amostra bastante representativa da situação local.
Com relação ao tipo de uso, as mesmas estão distribuídas em 77% de uso residencial e 23% de uso comercial,
como mostra o Quadro 02.
TIPO DE EDIFICAÇÃO %
Residencial 77
Comercial 23
Mista (residencial e comercial) 0
Quadro 02 - Distribuição dos edifícios inspecionados
com relação ao tipo de uso
Já com relação ao entorno, classificação feita a partir do Quadro 01, a Figura 01 mostra que 79% das obras
estudadas estão situadas em ambiente salino, enquanto 21% em ambiente urbano.
AMBIENTE ONDE O EDIFÍCIO ESTÁ INSERIDO

79%
21%

SALINO URBANO

Figura 01 – Distribuição dos edifícios segundo o seu entorno

No levantamento realizado, foram contabilizados 6497 pontos de falhas, sendo que a de maior predominância foi
a segregação, com o índice de 56%, como mostra a Figura 02. Em seguida tem-se o percentual de 25% da ferragem
exposta, 9% de eflorescências, objetos estranhos 4%, cobrimento insuficiente da armadura e fissura tiveram o mesmo
índice, 2%, e junta fria 1%.
Denominou-se manchas no concreto e corrosão como “outros”, os quais não ultrapassaram 15 pontos visualizados
sobre o total.
Delineou-se também a distribuição das falhas apresentadas por elementos estruturais. Nota-se que alguns defeitos
são mais freqüentes em um determinado tipo de elemento, como é o caso da lixiviação do concreto que foi mais
observado em lajes. Por outro lado, segregação e ferragem exposta, por exemplo, se manifestaram mais
freqüentemente em pilares, lajes e vigas.
LAJE
De acordo com os resultados obtidos, as falhas denominadas ferragem exposta, segregação e eflorescências são os
sintomas mais freqüentes nas lajes, tendo uma ocorrência de 35%, 31% e 18%, respectivamente. Seguidos de objetos
estranhos com 6%, fissuras e cobrimento insuficiente com 4%, finalizando com 1% de disgregação e também junta
fria.
PILAR
A manifestação de maior incidência em pilares é a segregação, com 80%; em seguida está a ferragem exposta com
16,9%, objetos estranhos com 1,8% e disgregação, juntas frias , cobrimento insuficiente e a fissuras estiveram com
valores abaixo de 1%.
VIGA
Apresentando basicamente quatro sintomas diferentes, a viga é o elemento estrutural que apresentou o maior
percentual de segregação (86%), seguida de ferragem exposta (11%), junta fria (2%) e cobrimento insuficiente (1%).
Pelo que foi observado durante as inspeções, percebeu-se que dentre todos os sintomas patológicos observados
nas estruturas de concreto armado em edifícios de Aracaju/SE, o maior índice foi relativo a segregação (56%), cuja
ocorrência pode ser causada por diversos motivos, conforme mencionado anteriormente, como por exemplo: dosagem
inadequada do concreto, dimensão máxima característica do agregado graúdo inadequada, adensamento ineficiente
ou ausente, taxa excessiva de armaduras, fôrmas não estanques, lançamento inadequado etc.
O segundo maior índice foi o de ferragem exposta (25%), ocasionada principalmente pela quebra posterior do
concreto para a passagem de tubulações hidro-sanitárias. Esta lesão pode favorecer, por exemplo, a corrosão da
armadura uma vez que a mesma se encontra mais vulnerável ao ataque de agentes agressivos, já que não se encontra
protegida pelo concreto. Tal problema poderia ser evitado se a prática de compatibilização de projetos fosse mais
corrente entre os profissionais locais.
Diante dos resultados expostos, é notório que a laje foi o elemento estrutural que apresentou a maior variação de
falhas, totalizando oito tipos, enquanto que o pilar apresentou sete tipos e a viga somente quatro.
Grande parte das falhas observadas pode contribuir para o surgimento de manifestações patológicas graves, visto
que o ambiente no qual a amostra em análise se encontra é considerado bastante agressivo. Esse fato pode acelerar o
processo de deterioração da estrutura de concreto, comprometendo, conseqüentemente, sua vida útil.

Conclusão
Em virtude das diversas falhas observadas nas estruturas, verificou-se que procedimentos inadequados
estabelecidos nas etapas de planejamento, projeto e execução do processo construtivo contribuíram para este quadro.
Os procedimentos inadequados que mais se destacam referem-se aos critérios de controle na execução da
estrutura, ao controle tecnológico dos materiais e a compatibilização entre os projetos.
Os critérios de controle compreendem, por exemplo, a tolerância adequada e bem definida do cobrimento das
armaduras com o uso de espaçadores, do lançamento e do adensamento do concreto.
O controle tecnológico dos materiais usados na execução da obra abrange o traço e a composição do concreto, ou
seja, a proporção e a natureza dos materiais que o compõem.
Por fim, com relação a compatibilização entre os projetos, acredita-se que a inserção de pequenos detalhes
construtivos possa reduzir significativamente o número de problemas observados nas obras.
A partir de um maior conhecimento sobre a incidência de falhas nas estruturas de concreto armado para edifícios
da região, pode-se tomar ações corretivas e preventivas a fim de minimizar os problemas encontrados, buscando-se
garantir ao consumidor final a condição de segurança, higiene, estética e durabilidade da estrutura do seu imóvel.
Além disso, cabe também aqui um questionamento, diante dos resultados apresentados, com relação à
desqualificação da mão-de-obra do setor da construção civil que tem uma participação direta na etapa de execução.
Isso colabora para que os vícios de construção se perpetuem, visto que são necessários maiores investimentos em
treinamentos, reciclagem e qualificação profissional.

Referências Bibliográficas
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-DÓREA, S. C. L. Qualidade da Produção de Estruturas de Concreto Armado para Edifícios. Dissertação (Mestrado) – Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 243p, São Carlos/SP, 1998.
-NINCE, A. A. e CLÍMACO, J. C. T. S. (1996). Levantamento de dados sobre deterioração de estruturas na Região Centro-Oeste do
Brasil. In: Anais do Congress on High-Performance and Quality of Concrete Structures, Florianópolis/SC.
-ANDRADE, J. & DAL MOLIN, D. (1998). Durabilidade das Estruturas de Concreto Armado: Análise dos elementos estruturais
mais degradados no Estado de Pernambuco. In: Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído - ENTAC.
-AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. (1980). Standard recommended pratice for developing short-term
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-CÁNOVAS, M. F. (1994). Patologia y Terapeutica del Hormigon Armado. 3a. edición. Madrid, Colegio de Ingenieros de
Caminos, Canales y Puertos.
-DÓREA, S. C. L.;LIBORIO, J. B. L. (1996). Reabilitação de estruturas de concreto armado: uma análise anterior à sua ocorrência.
In: 38ª reunião do IBRACON, Anais, Ribeirão Preto/SP, agosto.
-SILVA, P. F. A., PAULA, C. C. de e COSTA, L. F. F. (2001). Patologias mais comuns em Edifícios Residenciais na cidade de
São Paulo. 43º Congresso Brasileiro do Concreto.

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