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Aracaju
José Daltro Filhoa, Joana D’Arc Souza Matos
a
Departamento de Engenharia Civil, Universidade Fedeal de Sergipe, 49100-000, São Cristóvão-SE, e-mail: jdaltro@ufs.br
Resumo
O presente estudo foi realizado no aeroporto de Aracaju-SE, onde tem sido gerado 0,702 L/s de efluente de uma unidade de lodos
ativados e a potencialidade de aproveitamento de águas de chuvas, em 12.000 m_ de área coberta (0,43 L/s).Testou-se para o pós-
tratamento do efluente o uso de sulfato de alumínio (150 mg/L); hidróxido de cálcio (150 mg/L); cepas de microrganismos
(0,15%) e um processo de filtração. Como proposta final, apresentou-se uma alternativa de um sistema de filtração dupla, em que
pode ser realizada a coagulação /floculação com sulfato de alumínio e finalizado o processo, com desinfecção através do cloro .
Resumo
Muitas empresas de construção civil de Aracaju/SE têm procedimentos padronizados para execução das estruturas de concreto
armado, mas ainda assim observa-se que a incidência de manifestações patológicas em elementos estruturais dos edifícios tem se
mantido, infelizmente. Diante da inexistência da compilação de tais informações no estado, inúmeras falhas foram catalogadas e
quantificadas através de uma pesquisa de campo. Os dados obtidos através desse trabalho confirmaram a existência significativa de
falhas na etapa de execução, fase do processo produtivo do edifício que ainda possui uma grande interferência do fator humano,
reforçando a importância da reciclagem e da qualificação profissional.
Metodologia
Em se tratando de uma cidade relativamente pequena, inicialmente pretendia-se catalogar todos os edifícios
existentes em Aracaju que tivesse sofrido algum tipo de intervenção na estrutura para, a partir daí, somando-se com
os edifícios observados em fase de execução pudesse ser definido o universo da realidade local. Entretanto, devido à
precariedade ou completa ausência de arquivos com tais registros atualizados no estado, optou-se por fazer o
levantamento das falhas diretamente através de inspeções visuais realizadas nos edifícios em fase de execução, uma
vez que as lesões dos edifícios em uso estavam, na maior parte dos casos, encobertas pela recuperação, dificultando a
observação das mesmas.
Com base em trabalhos semelhantes já realizados no país, foi elaborada de forma criteriosa uma planilha para a
coleta de dados, chamada de ficha de inspeção visual, onde foram inseridas todas as informações sobre cada obra,
falhas encontradas no edifício e a freqüência da sua ocorrência.
As falhas foram cadastradas a partir dos seguintes critérios:
Cada falha observada num elemento estrutural foi anotada como sendo uma ocorrência, independente do número
de vezes que a mesma se repetia no mesmo elemento;
Por exemplo, se em uma laje foi observada a presença de três pontos distintos de segregação, dois pontos de
armadura exposta e um de corrosão, anotou-se um total de seis falhas para o elemento estrutural em questão.
As ocorrências foram agrupadas por elemento estrutural afetado;
Foi feito o somatório das falhas por elemento estrutural de todas as obras inspecionadas.
Acompanhando a ficha de inspeção visual há uma ficha de cadastramento para cada obra, onde foram catalogadas
as seguintes informações:
Nome e endereço da obra;
Empresa construtora e projetista;
Engenheiro responsável.
As obras cadastradas foram classificadas de acordo com o número de pavimentos (especificando cobertura, tipo,
garagem, play ground etc), quantidade de apartamentos por pavimento, com o uso ou tipo de utilização de cada obra,
e o entorno no qual as mesmas estão inseridas, conforme mostrado no Quadro 01.
ENTORNO LOCALIZAÇÃO
Área salina 0 - 1km do litoral
Área urbana 1km – 6km do litoral
Periferia urbana 6 – 15km do litoral
Área rural > 15km do litoral
Água doce Obras nas margens de rios
Área industrial Obras em atmosfera industrial
Quadro 01 - Classificação do entorno no Estado de Sergipe.
Adaptação de ANDRADE & DAL MOLIN (1998).
Vale salientar que, ao se tomar como referência a cidade de Aracaju e classificando-a geograficamente com
relação ao Brasil, chega-se à conclusão que todas as obras existentes em tal capital estão inseridas na área salina.
Porém, objetivando-se verificar a influência do entorno na distribuição das diferentes formas de degradação das obras
dentro do Estado de Sergipe, classificou-se o mesmo em regiões a partir da orla marítima, de acordo com a
nomenclatura adotada por ANDRADE & DAL MOLIN (1998), em artigo científico referente ao Estado de
Pernambuco e a cidade de Recife.
As obras catalogadas neste trabalho referem-se às estruturas convencionais de concreto armado e estruturas pré-
moldadas. Foram considerados apenas os elementos da superestrutura dos edifícios, uma vez que os elementos da
infra-estrutura já estavam enterrados em todos os casos estudados.
Resultados e Discussão
A partir dos dados coletados realizou-se uma análise das principais falhas que ocorreram nas estruturas de
concreto armado. Foram elaborados gráficos que mostram a distribuição percentual das incidências de tais falhas, dos
elementos estruturais mais afetados e da incidência das mesmas por elemento estrutural.
No período da pesquisa de campo foi detectado um total de 14 (quatorze) edificações em fase de execução da
estrutura de concreto armado em Aracaju/SE, sobre o total de 20 edifícios em construção na ocasião, perfazendo um
total de 70% do universo, tendo sido considerada uma amostra bastante representativa da situação local.
Com relação ao tipo de uso, as mesmas estão distribuídas em 77% de uso residencial e 23% de uso comercial,
como mostra o Quadro 02.
TIPO DE EDIFICAÇÃO %
Residencial 77
Comercial 23
Mista (residencial e comercial) 0
Quadro 02 - Distribuição dos edifícios inspecionados
com relação ao tipo de uso
Já com relação ao entorno, classificação feita a partir do Quadro 01, a Figura 01 mostra que 79% das obras
estudadas estão situadas em ambiente salino, enquanto 21% em ambiente urbano.
AMBIENTE ONDE O EDIFÍCIO ESTÁ INSERIDO
79%
21%
SALINO URBANO
No levantamento realizado, foram contabilizados 6497 pontos de falhas, sendo que a de maior predominância foi
a segregação, com o índice de 56%, como mostra a Figura 02. Em seguida tem-se o percentual de 25% da ferragem
exposta, 9% de eflorescências, objetos estranhos 4%, cobrimento insuficiente da armadura e fissura tiveram o mesmo
índice, 2%, e junta fria 1%.
Denominou-se manchas no concreto e corrosão como “outros”, os quais não ultrapassaram 15 pontos visualizados
sobre o total.
Delineou-se também a distribuição das falhas apresentadas por elementos estruturais. Nota-se que alguns defeitos
são mais freqüentes em um determinado tipo de elemento, como é o caso da lixiviação do concreto que foi mais
observado em lajes. Por outro lado, segregação e ferragem exposta, por exemplo, se manifestaram mais
freqüentemente em pilares, lajes e vigas.
LAJE
De acordo com os resultados obtidos, as falhas denominadas ferragem exposta, segregação e eflorescências são os
sintomas mais freqüentes nas lajes, tendo uma ocorrência de 35%, 31% e 18%, respectivamente. Seguidos de objetos
estranhos com 6%, fissuras e cobrimento insuficiente com 4%, finalizando com 1% de disgregação e também junta
fria.
PILAR
A manifestação de maior incidência em pilares é a segregação, com 80%; em seguida está a ferragem exposta com
16,9%, objetos estranhos com 1,8% e disgregação, juntas frias , cobrimento insuficiente e a fissuras estiveram com
valores abaixo de 1%.
VIGA
Apresentando basicamente quatro sintomas diferentes, a viga é o elemento estrutural que apresentou o maior
percentual de segregação (86%), seguida de ferragem exposta (11%), junta fria (2%) e cobrimento insuficiente (1%).
Pelo que foi observado durante as inspeções, percebeu-se que dentre todos os sintomas patológicos observados
nas estruturas de concreto armado em edifícios de Aracaju/SE, o maior índice foi relativo a segregação (56%), cuja
ocorrência pode ser causada por diversos motivos, conforme mencionado anteriormente, como por exemplo: dosagem
inadequada do concreto, dimensão máxima característica do agregado graúdo inadequada, adensamento ineficiente
ou ausente, taxa excessiva de armaduras, fôrmas não estanques, lançamento inadequado etc.
O segundo maior índice foi o de ferragem exposta (25%), ocasionada principalmente pela quebra posterior do
concreto para a passagem de tubulações hidro-sanitárias. Esta lesão pode favorecer, por exemplo, a corrosão da
armadura uma vez que a mesma se encontra mais vulnerável ao ataque de agentes agressivos, já que não se encontra
protegida pelo concreto. Tal problema poderia ser evitado se a prática de compatibilização de projetos fosse mais
corrente entre os profissionais locais.
Diante dos resultados expostos, é notório que a laje foi o elemento estrutural que apresentou a maior variação de
falhas, totalizando oito tipos, enquanto que o pilar apresentou sete tipos e a viga somente quatro.
Grande parte das falhas observadas pode contribuir para o surgimento de manifestações patológicas graves, visto
que o ambiente no qual a amostra em análise se encontra é considerado bastante agressivo. Esse fato pode acelerar o
processo de deterioração da estrutura de concreto, comprometendo, conseqüentemente, sua vida útil.
Conclusão
Em virtude das diversas falhas observadas nas estruturas, verificou-se que procedimentos inadequados
estabelecidos nas etapas de planejamento, projeto e execução do processo construtivo contribuíram para este quadro.
Os procedimentos inadequados que mais se destacam referem-se aos critérios de controle na execução da
estrutura, ao controle tecnológico dos materiais e a compatibilização entre os projetos.
Os critérios de controle compreendem, por exemplo, a tolerância adequada e bem definida do cobrimento das
armaduras com o uso de espaçadores, do lançamento e do adensamento do concreto.
O controle tecnológico dos materiais usados na execução da obra abrange o traço e a composição do concreto, ou
seja, a proporção e a natureza dos materiais que o compõem.
Por fim, com relação a compatibilização entre os projetos, acredita-se que a inserção de pequenos detalhes
construtivos possa reduzir significativamente o número de problemas observados nas obras.
A partir de um maior conhecimento sobre a incidência de falhas nas estruturas de concreto armado para edifícios
da região, pode-se tomar ações corretivas e preventivas a fim de minimizar os problemas encontrados, buscando-se
garantir ao consumidor final a condição de segurança, higiene, estética e durabilidade da estrutura do seu imóvel.
Além disso, cabe também aqui um questionamento, diante dos resultados apresentados, com relação à
desqualificação da mão-de-obra do setor da construção civil que tem uma participação direta na etapa de execução.
Isso colabora para que os vícios de construção se perpetuem, visto que são necessários maiores investimentos em
treinamentos, reciclagem e qualificação profissional.
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