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A qualidade da água distribuída pela Sanepar foi avaliada pela Universidade Federal. Observou-
se que nenhum dos 16 locais de coleta de água apresentou positividade para coliformes totais e
fecais, revelando que se trata de água própria para o consumo.
A qualidade da água distribuída pode ter vinculação com a qualidade do manancial. Nesta
edição da Sanare - Revista Técnica da Sanepar é avaliada a situação da bacia do Rio
Pirapó, utilizada com o manancial de abastecimento para a cidade de Maringá. Buscou-se
identificar os fatores que contribuíram para a degradação ambiental daquela bacia. Conclui-se
que diante das condições observadas quanto ao trato do solo e à disposição das áreas urbanas,
a degradação está se acentuando rapidamente, podendo em breve tornar-se inviável a sua
utilização para o abastecimento público.
Na Europa e nos Estados Unidos muitas organizações adotam o menor custo inicial de compra
como determinante em seus processos de aquisição de equipamentos. No trabalho
Apresentando o modelo Life Cycle Cost (custo de propriedade) aplicado a sistemas de bombas
são apresentados aspectos de custos que, se considerados no momento de aquisição ou
melhoria, podem auxiliar a aumentar a competitividade e a eficiência dos processos produtivos
das empresas, inclusive das regidas pela Lei 8.666.
Marcelo Libânio
A progressiva deterioração dos corpos d´água superficiais passíveis de serem empregados para
abastecimento público tem acarretado a recorrente opção, pelos administradores dos sistemas
de abastecimento, por mananciais mais distantes dos centros de consumo. Desta forma,
prioriza-se a qualidade da água bruta, fator preponderante na definição da tecnologia de
potabilização, em detrimento da redução dos custos de implantação e operação do sistema
adutor.
Inicialmente, vale mencionar que a pequena alteração nos parâmetros hidráulicos balizadores
dos processos e operações unitárias inerentes à potabilização, devido ao aumento da vazão
afluente, não constitui fator com relevância suficiente para inviabilizar a recirculação. A esta
perspectiva relacionam-se outros fatores como o nível de proteção do manancial, a tecnologia
de tratamento, o(s) método(s) de lavagem do meio filtrante e, quando pertinente, a eficiência
das operações de floculação e decantação.
Uma exitosa implementação do reuso das águas de lavagem dos filtros ocorre em uma das
maiores estações de tratamento no País de Gales, na cidade de Swansea, com vazão média da
ordem de 2 m3 /s, atingindo até 3 m3/s nos períodos de maior demanda. Esta unidade
potabilizadora utiliza a tecnologia da filtração direta – em escoamento descendente, velocidades
de aproximação da ordem de 170 m/dia e meio filtrante de areia e antracito -, com pré-
desinfecção e floculação hidráulica. A água bruta é oriunda de duas barragens em cascata, a
primeira construída em meados do século XIX, concorrendo para afluir, por gravidade, à
estação ao longo de todo ano água bruta com turbidez inferior a 10 uT. A coagulação sucede-
se com sulfato de alumínio e polieletrólito como auxiliar. As águas de lavagem das unidades
filtrantes são acondicionadas em dois tanques e retornam ao início do tratamento respondendo
por 2 a 3% da vazão afluente. Todavia, vale mencionar que, aliado às baixas taxas de filtração,
a localização dos mananciais favorece a elevada qualidade bacteriológica da água bruta e a
produção de efluente com turbidez inferior a 0,5 uT.
Por fim, para as estações convencionais os períodos do ano de baixa turbidez da água bruta
propiciam a recirculação das águas de lavagem, elevando a concentração de partículas e
favorecendo a formação dos flocos. Recente pesquisa em escala piloto avaliou o impacto na
eficiência do tratamento convencional na remoção de oocistos de Criptosporidium, quando do
reaproveitamento, sem qualquer tipo de pré-tratamento, das águas de lavagem dos filtros para
taxas de recirculação de 4.3, 10 e 20%. A turbidez da água natural permaneceu inferior a 5,0
uT, durante cinco das oito semanas do trabalho experimental, atingindo picos de 40 a 50 uT no
restante do período. Os oocistos de Criptosporidium eram inoculados no início do tratamento a
concentrações da ordem de 200 mil oocistos/100 L. A coagulação realizou-se com sulfato de
alumínio e cloreto de polialumínio e a vazão afluente acarretou um tempo de detenção na
unidade piloto de 6 horas.
Ao longo dos ensaios a turbidez da água decantada variou entre 1,0 e 2,0 uT produzindo água
filtrada com média de 0,03 uT – cujas unidades filtrantes operaram com taxa superior a 350
m/dia – não apresentando alteração significativa com ou sem a recirculação das águas de
lavagem. A remoção de oocistos de Criptosporidium apresentou-se ligeiramente superior
quando da recirculação de 10% das águas de lavagem, comparada às três demais situações.
Como mencionado anteriormente, os autores creditam, a despeito da temperatura da água
bruta ter variado de 1,0 a 12,5o C, ao aumento da eficiência das etapas de coagulação,
floculação e sedimentação a melhora da qualidade do filtrado quando do reaproveitamento das
águas de lavagem dos filtros, fato especialmente notável para águas de baixa turbidez.
Todavia, outras características porventura presentes na água bruta tais como, carbono orgânico
total, manganês e alguns subprodutos da desinfecção podem inviabilizar tal operação.
Autores
Marcelo Libânio,
PROBLEMAS ECOLÓGICOS,
TENTATIVAS DE SOLUÇÃO
Os problemas ecológicos são problemas sociais porque ameaçam a sobrevivência humana; são
problemas sociais porque são causados pelos padrões institucionalizados da atividade humana,
padrões do pensamento humano e dos valores humanos. Assim, para que as soluções para as
crises ecológicas sejam eficientes, devem atacar não só o problema do meio ambiente violado –
mas também as causas – os padrões do comportamento humano que sustentam e legitimam a
violação.
Há quatro maneiras pelas quais os problemas ecológicos podem ser atacados: por meio de
movimentos sociais, intervenção política, inovação tecnológica e autocorreção institucional.
Movimentos sociais
Talvez a maior aquisição para o movimento ecológico tenha sido a conscientização crescente,
por parte da sociedade ocidental de que algo precisa ser feito a favor do meio ambiente. Este
elemento de conscientização é essencial para o melhoramento de um problema social.
Compreendemos que o uso impróprio do meio ambiente tem sido, em potencial social, por
muitos séculos. Mas somente há poucos anos tem havido interesse público amplo pela
qualidade do meio ambiente.
Organizações civis dedicadas à qualidade ambiental foram organizadas por toda sociedade
ocidental. Muitas delas se dedicaram à educação do cidadão, ou seja, à criação de valores
novos para o meio ambiente e seus problemas, por meio de campanhas de cartas, petições e
assim por diante. Outras exerceram pressão com táticas de grupos de pressão em nível local:
interrogando candidatos a cargos públicos e publicando os resultados da votação ambiental
daqueles, exercendo cargos públicos. Outras táticas incluíram antigas leis que não estão sendo
cumpridas, mas que são potencialmente úteis na luta para salvar o meio ambiente. As táticas
do grupo de pressão resultaram na elaboração de novas leis e, em alguns casos, no mínimo
para colocá-las em vigor, de forma eficaz.
Se bem que poucas pessoas poderiam negar que o movimento ambiental dos últimos anos
tenha tido impacto significante na opinião pública; pouca evidência existe para sugerir que esta
tenha mudado em um plano mais fundamental, ou seja, tenha alcançado uma disposição em
abandonar alguns "confortos materiais" para conseguir um meio ambiente melhor. Um
governador de estado se compromete a aumentar a industrialização e assim criar novos
empregos, bem como a melhorar a qualidade da água. E a primeira promessa, na maioria dos
casos, é reforçada pela pressão de grupos mais poderosos que a última.
Os criminosos reais por trás dos problemas ambientais, então, são os padrões de hábitos e as
maneiras institucionalizadas de fazer as coisas. Embora o movimento ambiental tenha
conseguido sensibilizado muitas pessoas a ver os problemas em termos de suas causas
verdadeiras, de fato, pouco foi realizado para resolver esses problemas.
Intervenção política
Inovação tecnológica
e autocorreção institucional
Uma maneira pela qual poderia ser desenvolvida a habilidade da tecnologia e da ciência em
suavizar os problemas da poluição seria por meio da criação de "missões" com tarefas
orientadas. Iniciadas por comissões planejadoras e mantidas pelo dinheiro de impostos, estes
seriam projetos especiais traçados para estudar e resolver aspectos específicos do problema
ambiental. Em forma, elas assemelhariam a das missões destinadas a colocar as pessoas na lua
e a criar a bomba atômica.
O que está ocorrendo é que as indústrias estão recebendo dinheiro de impostos, ou usando os
lucros excedentes para desenvolverem "soluções" tecnológicas para problemas do meio
ambiente de muito pouco alcance.
Como salientado sobre movimentos sociais e ação política, a solução da crise ecológica exige
uma transformação social e cultural da sociedade. Sintetizando o problema e fornecendo um
argumento contra a solução tecnológica para a poluição, Rex Campbell e Jerry Wade afirmam:
"Não só a fé na tecnologia nos ofusca para as bases não-tecnológicas da crise ambiental, como
também tende a resultar em um método inadequado para resolver o problema. Este método foi
bem-sucedido para colocar o homem na lua; era uma questão técnica e, com esforço
apropriado, um americano foi o primeiro na lua. Esta abordagem, de fato, consegue uma
solução. A atitude assumida de que podemos obter uma solução para qualquer problema se
apenas aplicarmos bastante dinheiro funciona muito bem, contanto que a solução seja o
desenvolvimento e o uso de aparelhagem técnica. Alguns tentariam definir a qualidade
ambiental como este tipo de problema. Entretanto, o ponto de vista aqui é que a poluição e a
população são basicamente problemas humanos e não tecnológicos. O problema abrange
pessoas, recursos naturais limitados, ecossistemas desequilibrados e sistemas mantenedores da
vida".
Os problemas pertinentes ao meio ambiente foram abordados por meio de movimentos sociais,
intervenção política, inovação tecnológica e autocorreção institucional. Mas apesar das soluções
propostas para a crise do meio ambiente, a grande maioria dos habitantes do mundo ocidental,
depende dos produtos da tecnologia moderna que são os responsáveis pela poluição. Assim,
embora defendendo, "da boca para fora" o objetivo de conservação, as pessoas, em sua
maioria, estão de fato relutantes em sacrificar o estilo de vida "civilizado". Portanto, esses
problemas relativos à poluição do meio ambiente, afetam toda área de vida humana – meios de
ganhar a vida, os confortos físicos, a recreação e os valores sociais.
As soluções, sem dúvida alguma, difíceis de serem achadas de comum acordo e certamente
serão executadas muito devagar.
Autor
Resumo
Abstract
Introdução
Nas águas, do ponto de vista sanitário, o que realmente põe em risco a saúde pública é a
ocorrência de poluição fecal, pela possibilidade de estarem presentes também microrganismos
patogênicos intestinais, como bactérias, vírus, protozoários e ovos de helmintos, agentes
freqüentemente responsáveis por doenças de veiculação hídrica (GELDREICH, 1974). É claro
que isto somente é verdadeiro se forem excluídos deste grupo de enfermidades os
envenenamentos ocasionados por substâncias químicas, que normalmente são oriundas de
despejos industriais (ROCHA, 1974).
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica da água destinada
ao consumo humano distribuída pela Sanepar na Subsede do Setor de Ciências da Saúde
(Jardim Botânico) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), empregando o método de
fermentação em tubos múltiplos que determina o Número Mais Provável (NMP) de bactérias
coliformes/100 ml.
Material e métodos
Material
Métodos
Coleta da amostra
A metodologia para coleta de águas tratadas baseou-se nos padrões estabelecidos por SOUZA e
DERISIO (1977), pela APHA (1992) e pela CETESB (1993).
Amostragem
As amostras foram transportadas em caixa de isopor com gelo e conservadas até o momento
das análises em temperatura inferior a 10ºC.
O tempo decorrido entre a coleta das amostras e o início do exame bacteriológico foi, em
média, de meia hora, não se ultrapassando o limite de armazenamento das mesmas, que é de
24 horas (Standard Methods).
No preparo deste meio foi seguida a técnica recomendada pelo fabricante, que consiste em
dissolver 71.2 g do meio desidratado em 1000 ml de água destilada fria, sob agitação e
posterior repouso por 5 minutos. Foram distribuídos 10 ml do meio em tubos de ensaio,
contendo tubos de Durham, os quais foram tampados com tampões de algodão hidrófilo e
esterilizados em autoclave a 121º C, por 15 minutos. O caldo foi resfriado, imediatamente, após
a esterilização, apresentando pH final 6,8 + 0,2 e, estocado em temperatura ambiente até o
momento do uso (REINHARDT,1984; CETESB,1993).
Para preparar este meio, segundo as recomendações do fabricante, foram dissolvidos 37,4 g do
produto desidratado em 1000 ml de água destilada. Aqueceu-se o meio sob agitação freqüente
até sua completa dissolução. Volumes de 10 ml do meio foram distribuídos em tubos de ensaio
medindo 16 x 150 mm, contendo em seu interior tubo invertido de Durham. Após a distribuição
do meio, os tubos foram tampados com tampões de algodão hidrófilo e esterilizados em
autoclave a 121ºC por 15 minutos, o meio apresentou pH final 6,9 + 0,1, sendo estocado em
temperatura ambiente até o momento do uso (REINHARDT, 1984; CETESB,1993).
Procedimento
O exame bacteriológico da água seguiu a metodologia descrita pela APHA (1992), baseada no
Método de Fermentação em Tubos Múltiplos, que determina o Número Mais Provável (NMP) de
coliformes/100ml de amostra de água. O NMP corresponde a uma estimativa da densidade
destas bactérias pesquisadas a partir da combinação de resultados positivos e negativos
(CETESB,1993).
Pesquisa de coliformes
A pesquisa de coliformes na água foi executada segundo a AWWA (1970), a APHA (1992) e
CETESB (1993).
Neste trabalho, realizou-se apenas a prova de presunção, já que não houve crescimento
microbiano. Para tanto, 10ml da água, devidamente, homogeneizada foram assepticamente
inoculados em 10 tubos de caldo lauril triptose (CL), contendo tubo de Durham, os quais foram
incubados em estufa a 35ºC por 24-48 horas.
Resultados e discussão
De acordo com o Ministério da Saúde, água potável é aquela que apresenta a qualidade
adequada ao consumo humano, respeitando-se os padrões de potabilidade, quanto às
características físicas, organolépticas, químicas, radioativas e bacteriológicas. Para esta última
característica, o Ministério da Saúde recomenda que água potável deve apresentar ausência de
bactéria do grupo coliforme / 100 ml (BRASIL,1990). Assim, a água fornecida para a Subsede
do Setor de Ciências da Saúde, representada pelo ponto de entrada (PE) recebeu tratamento
adequado pela Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar).
E, a água dos demais pontos de coleta, proveniente das cisternas (C1, C2), bebedouros (BO,
BCA, BN, BF), laboratórios (LP, TA, CQ, SM, NA), cozinhas(CA,CB) e copa (CO), também é de
boa qualidade, demonstrando que houve manutenção e limpeza adequadas das cisternas. Além
disso, mostra que não houve infiltrações nas tubulações de distribuição nos locais de coleta.
Isto é esperado, pois a Sanepar tem uma programação de 10 parâmetros, que representam o
índice de qualidade da água distribuída na Região Metropolitana de Curitiba, correspondentes
as análises de pH, turbidez, cor, oxigênio consumido, Ferro, Cloro Residual, Flúor, Manganês,
coliformes totais e fecais. Estas, são coletadas diariamente em reservatórios e em locais críticos
da rede, perfazendo um total de 420 amostras ao mês. Dados obtidos junto a este órgão,
indicam que não há presença de coliformes totais e nem fecais, nas amostras correspondentes
a esta região em que se localiza esta subsede da UFPR , bem como nos demais pontos
analisados, na Região Metropolitana de Curitiba, demonstrando que a qualidade da água sob o
ponto de vista sanitário, é satisfatória (SANEPAR,2001).
Por outro lado, VASCONCELOS; AQUINO (1995) realizaram levantamento das condições
sanitárias da água consumida em escolas públicas de conjuntos habitacionais da zona oeste de
Manaus (Amazonas). Analisaram bacteriologicamente 66 amostras de água oriundas de poços e
da Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama), mediante a técnica da membrana
filtrante para os coliformes totais e fecais e da contagem padrão em placa para microrganismos
mesófilos. Estes autores verificaram que a água fornecida pela Cosama nas 11 escolas eram
poluídas por coliformes de origem fecal, com exceção de duas, que apresentaram coliformes
provenientes do solo e/ou de vegetais.
Também, com relação ao tratamento de água pela Cosama, na Ponta do Ismael (no Rio Negro),
foi efetivo no controle de coliformes e está de acordo com os padrões de potabilidade
estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Assim, é possível que a fonte de contaminação da água
fornecida pela Cosama aos colégios, seja devida a infiltrações na tubulação de distribuição.
Outra causa provável, pode ser atribuída à falta de limpeza e manutenção periódica dos
reservatórios das escolas, assim como a troca das velas dos bebedouros. Além disso, a ausência
de filtro observada em algumas escolas, pode explicar a elevada contaminação por coliformes
da água distribuída pela Cosama (NORMANDE ,1992).
Conclusão
Os resultados obtidos neste trabalho indicaram que a água utilizada na Subsede do Setor de
Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná mostrou-se própria para o consumo
humano, sob o ponto de vista bacteriológico. A água fornecida pela Sanepar recebeu
tratamento adequado, assim como houve correta manutenção e limpeza de cisternas.
Referências
Autores
farmacêutica em estágio
em Basel, Suíça.
CONTROLE DINÂMICO DA QUALIDADE DA ÁGUA
Edvaldo Kulcheski
Carlos Chiarello
Resumo
Quando se pensa em qualidade da água para consumo humano, surge a necessidade de conhecer,
estabelecer, estudar e controlar o conjunto de características que fazem (ou não) com que ela seja
considerada adequada para este fim. É fundamental conhecer essas características com o objetivo de
saber quais são e por que representam a condição pretendida; estabelecê-las para evidenciar a opção
por determinada qualidade; estudá-las, a fim de aperfeiçoar seu conhecimento e, controlá-las, visando
garantir sua adequação ao consumo humano.
A água no seu estado de pureza total não existe; deve-se imaginá-la como uma substância que se
manifesta sob a forma de numerosas dispersões aquosas, de composição muito variável, que lhe
conferem, em conseqüência, características que nem sempre são aquelas que representam a condição
desejada.
A norma técnica estabelece a qualidade que o produto deve apresentar para poder satisfazer às
necessidades do consumidor.
Essa conceituação, absolutamente, não implica que o controle da qualidade constitua o conjunto de
atividades que geram as características de qualidades desejadas; estas são obtidas desde a escolha da
fonte de matéria-prima até as fases de projeto, execução, operação e manutenção dos processos
produtivos e distributivo.
As atividades de controle da qualidade apenas visam saber se o produto se mantém com a qualidade
desejada, limitando-se, portanto, a constituir o balizamento fundamental que permite que os processos
produtivo e distributivo sejam reajustados sempre que seu funcionamento conduzir a uma qualidade
diferente da estabelecida. Com o controle da qualidade não se obtém qualidade; esta é inerente ao
produto e prevista nos processos produtivo e distributivo. O controle não agrega qualidade ao produto.
É um erro crer que a qualidade é um assunto de exclusiva incumbência das Áreas de Controle da
Qualidade. Todos os setores da Empresa devem viver o problema da qualidade.
O produtor é o responsável pela qualidade e não o controle da qualidade. O controle da qualidade não
resolve os problemas dos processos produtivo e distributivo; somente dá as razões para estudá-los.
As decisões devem ser baseadas em dados reais. Os dados devem ser compatíveis e estar dispostos de tal
maneira que permita sua análise.
Denomina-se controle Dinâmico da Qualidade ao controle efetuado durante as etapas sucessivas que
caracterizam o processo produtivo.
É o controle efetuado com o objetivo de instruir as decisões no sentido de manter o processo produtivo
em condições de obter regularmente a qualidade desejada do produto. O controle dinâmico objetiva
conhecer e ajustar o processo produtivo, pois o produtor tem a chance de corrigir o processo, se
necessário.
Portanto, não tem sentido se pretender controlar a qualidade se o processo produtivo não estiver sob
controle.
Como um exemplo extremo, não verificado na prática, se determinado processo apresentasse uma
certeza de 100% de que não sairia do estado de controle, não seriam necessárias as análises de
laboratório e medições das características de qualidade do produto (para fins de controle dinâmico); se
houvesse uma forma de se saber se o processo está ou não sob controle, que não dependesse do
conhecimento das características de qualidade dos produtos em processamento, não seria necessário o
"laboratório de controle dinâmico da qualidade". Tais condições ideais não existem e é sempre
necessária a existência do laboratório de controle da qualidade; estas considerações visam apenas
enfatizar o caráter de atividade essencialmente "meio" das determinações de laboratório.
Abstract
When one thinks about quality of water for human consumption, it becomes necessary to know, establish,
study and control a set of characteristics that cause it to be (or not be) considered adequate for that
purpose. It is fundamental to know these characteristics with the objective of knowing what they are and
why they represent the desired condition; establish them to emphasize the choice for a particular quality;
study them, in order to perfect our understanding of them; and control them, with an aim to assuring
their suitability for human consumption.
Water in its totally pure state does not exist; one must imagine it as a substance that manifests
itself as numerous aqueous dispersions, with quite variable composition. This endows it with
characteristics that are not always those that represent the desired condition.
Technical norms establish the quality a product must present in order to satisfy consumer
needs.
Quality control aims fundamentally at the quality of conformity for the product.
This conception does not in any way imply that quality control constitutes the set of activities
that generate the desired qualities; these are obtained starting with the choice of source for
raw materials and extending to all phases of planning, execution, operation and maintenance of
production and distribution processes.
Quality control activities aim only at determining whether the product maintains the desired
quality, limiting itself, therefore, to establishing the fundamental guidelines that allow the
production and distribution processes to be readjusted whenever they function in ways that
lead to quality that departs from requirements. Quality control does not produce quality; it must
be inherent in the product and foreseen in the distribution and production processes. Control
does not add quality to the product. It is a mistake to believe that quality is an issue that is
incumbent only upon the areas of Quality Control. All sectors of the company must immerse
themselves in the problem of quality.
The producer, not quality control, is responsible for quality. Quality control does not solve the
problems that may be present in the production and distribution processes; it merely supplies
reasons for studying them.
Decisions must be based on real data. The data must be compatible and should be arranged in
such a manner as to allow their analysis. Dynamic Quality Control is the name given to control
effected in the successive stages that characterize the production process.
It is a control process that is conducted with the goal of instructing decisions in the sense of maintaining
the production process, since the producer has a chance of correcting the process if necessary.
Therefore, it makes no sense to try to control quality if the production process is not under control.
As an extreme example, not observed in practice, if there were 100% certainty that a particular process
would not depart from the control state, laboratory analyses and measurements of the quality
characteristics of the product would not be necessary (for the purpose of dynamic control); if there were
a way of knowing whether the process is or isn’t under control, and if that did not depend on knowledge
of the quality characteristics of the products being processed, there would be no need for a "dynamic
quality control laboratory" (these ideal conditions never exist and it is always necessary to have a quality
control laboratory; these considerations aim only at emphasizing the essentially "means" character of
laboratory determinations).
Introdução
Para agilizar o processo de controle dinâmico da qualidade, a Sanepar, por meio da Unidade de
Serviços de Ava-liações e Conformidades (Usav) em conjunto com a Unidade de serviços de
Tecnologia (Usti), baseada na Portaria Vigente do Ministério da Saúde que estabelece os
procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para
consumo humano, desenvolveu e disponibilizou o Sistema de Qualidade (SQA). Este sistema é
on-line, em ambiente de grande porte (Mainframe), aproveitando a estrutura da rede de
informática da Sanepar. Está na linguagem de programação Natural e tem como gerenciador de
banco de dados o Adaptable Data Base System (Adabas).
O SQA possibilita uma sistemática dinâmica para a gestão do controle operacional da qualidade
do produto, facilitando que os resultados laboratoriais possam ser consultados assim que
estejam digitados, começando obrigatoria-mente por quem produz, pelos níveis operacionais,
tático e estratégico, permi-tindo agilidade na apuração de responsa-bilidades e,
conseqüentemente de mu-danças nas tomadas de decisões, e a as-sunção dos problemas
qualitativos.
Com este Sistema foi possível des-centralizar as análises bacteriológicas e os parâmetros físico-
químicos que constam do Índice de Qualidade da Água Distribuída (Iqad), garantindo a
manutenção integral do atendimento à legislação vigente.
- inovação de suas operações trazendo maior confiança e superação das metas perante a comunidade e
órgãos municipais (Secretaria Municipal de Saúde);
- redução de custos.
Os dados abaixo demonstram que a Sanepar teve redução em suas despesas operacionais:
- sem a descentralização, em 1999 o custo da Sanepar com análises laboratoriais previsto para atender a
legislação em vigor era de 1,6 % da despesa operacional da Empresa;
- com a descentralização, o custo com análises laboratoriais realizadas em 1999 foi de 1,1 % da despesa
operacional da Empresa;
- em 2000 o custo com análises laboratoriais realizadas foi de 1,2 % da despesa operacional da
Empresa.
Objetivo
O SQA é um sistema on-line e tem por objetivo permitir que os responsáveis pelos processos produtivo e
distributivo, em qualquer local onde esteja instalada a rede de teleprocessamento da Sanepar, possam de
modo rápido e eficiente:
É neste módulo que se tem as opções para o registro, consulta e alterações dos resultados obtidos nas
análises laboratoriais.
Os parâmetros que constam do SQA estão baseados nas Portarias 36/1990 e 1.469/2000 do Ministéro da
Saúde que dispõem sobre procedimentos e res-ponsabilidades inerentes ao controle e à vigilância da
qualidade da água para con-sumo humano e estabelecem seu padrão de potabilidade. Os parâmetros que
cons-tam do SQA estão distribuídos nos se-guintes tipos de análises :
- Físico-químico de água:
Exame físico da água feito para determinar suas características físicas e químicas, tais como: turbidez,
cor, odor, pH, alcalinidade, Cloro, etc.
- Físico-químico de esgoto:
Exame físico do esgoto feito para determinar suas características físicas e químicas, tais como: DBO,
DQO, OD, Sólidos, etc.
- Absorção atômica:
Exame espectrofotométrico da água feito para determinar a presença ou ausência de metais, tais como:
Ferro, Manganês, Bário, Chumbo, Cobre, etc.
- Bacteriológica:
Exame físico da água feito para determinar a presença, número e identificação de bactérias, tais como:
coliformes totais e fecais, colônias atípicas, cólera, etc.
- Hidrobiológica:
Exame físico da água feito para determinar a presença, número e identificação de microrganismos e
outros organismos vegetais e animais, tais como: algas, protozoários, etc.
Parâmetros de análise
É neste módulo que se definem os parâmetros que devem ser analisados em atendimento ao controle
operacional e as legislações vigentes. É neste módulo que são incluídos no SQA os parâmetros que
devem ser analisados, de acordo com o tipo de análise que pertencem, físico-químico de água e esgoto,
absorção atômica, cromatográfico, bacteriológico e hidrobiológico.
Parâmetros de índices
É neste módulo que se definem os parâmetros que constam dos Índices de Qualidade.
Também é neste módulo que se definem as faixas e os pesos para cada parâmetro.
Índices
É neste módulo que se tem as opções de impressão dos Índices de Qualidade. Os índices podem ser
impressos por Unidade, Local, Divisão, Data, Ponto de Coleta e Geral (neste apenas aparecem os
valores do índice sem os valores dos resultados).
Com estes índices é obtida a avaliação da qualidade dos mananciais, que é a matéria-prima, a avaliação
da eficiência dos processos de tratamento de água, avaliação da qualidade durante o processo de
distribuição e avaliação da eficiência do processo de tratamento de esgoto, pelo qual é possível
comparar se a qualidade da água que está sendo devolvida ao manancial está melhor em relação a que
foi captada para o tratamento.
in Natura
Definição: O índice destinado a avaliar a qualidade da água in natura denominado Iqai,
procura sintetizar os números resultantes das análises para controle da qualidade.
Metodologia: A estratégia para elaboração do Iqai passou pela definição dos principais
parâmetros a serem monitorados, bem como a influência relativa desses parâmetros na
qualidade da água in natura tanto do ponto de vista estético quanto sanitário.
· que o desenvolvimento do Iqai fosse feito tendo como cenário o estipulado na Resolução n.º 20 do
Conselho Nacional do Meio Ambiente;
· que o conjunto dos parâmetros considerados fossem aqueles rotineiramente utilizados pela Sanepar no
monitoramento da qualidade da água in natura.
· Coliformes totais
· Coliformes fecais
· Cor aparente
· Ferro total
· Manganês
· Alumínio
· DBO
· DQO
· Oxigênio Dissolvido
· PH
· Matéria Orgânica
· Turbidez
O cenário de análise tem como balizamento a Resolução n.º 20 do Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Dessa forma, a água poderá estar dentro dos padrões previstos nessa Resolução ou não. Isso significa
que os limites, para cada um dos parâmetros, são os limites previstos nesse instrumento regulamentador.
Iqap - Índice da Qualidade da Água Produzida
Metodologia: A estratégia para elaboração do Iqap passou pela atividade de definição dos principais
parâmetros a serem monitorados, bem como a influência relativa desses parâmetros na qualidade da
água produzida tanto do ponto de vista estético quanto sanitário.
· que o desenvolvimento do Iqap fosse feito tendo como cenário o estipulado pela Portaria 036/90, do
Ministério da Saúde;
· que o conjunto dos parâmetros considerados fosse aqueles rotineiramente utilizados pela Sanepar no
monitoramento da qualidade da água produzida.
· Cloro residual
· Coliformes totais
· Coliformes fecais
· Cor aparente
· Ferro total
· Manganês
· Flúor
· PH
· Matéria orgânica
· Turbidez
É importante ressaltar que o parâmetro Coliforme Fecal é considerado decisivo. Dessa forma, se a
análise da água apontar resultado negativo para esse indicador, será determinado o Iqap da amostra, se
apontar resultado positivo para esse indicador, não será feita a determinação do Iqap, sendo a amostra
considerada fora dos padrões de potabilidade.
· que o desenvolvimento do Iqad fosse feito tendo como cenário o esti-pulado pela Portaria
036/90, do Minis-tério da Saúde;
· que o conjunto dos parâmetros considerados fossem aqueles rotineira-mente utilizados pela
Sanepar no monito-ramento da qualidade da água distribuída.
· Cloro residual
· Coliformes totais
· Coliformes fecais
· Cor aparente
· Ferro total
· Manganês
· Flúor
· PH
· Matéria Orgânica
· Turbidez
É importante ressaltar que o parâ-metro Coliforme Fecal é considerado decisivo. Dessa forma, se
a análise da água apontar resultado negativo para esse indicador, será determinado o Iqad da amostra,
se apontar resultado positivo para esse indicador, não será feita a deter-minação do Iqad, sendo a
amostra con-siderada fora dos padrões de potabilidade.
Metodologia: A estratégia para elaboração do Iqet passou pela atividade de definição dos
principais parâmetros a serem monitorados, bem como a influência relativa desses parâmetros
na qualidade do esgoto tratado tanto do ponto de vista estético quanto sanitário.
· que o desenvolvimento do Iqet fosse feito tendo como cenário o estipulado na Resolução n.º 20 de
18/06/1986 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, que estabelece a classificação das águas doces,
salobras e salinas segundo seus usos preponderantes, e também pela NBR-9800 da ABNT, que estabelece
critérios para lançamento de efluentes líquidos industriais no sistema coletor público de esgoto sanitário
.
· que o conjunto dos parâmetros considerados fossem aqueles rotineiramente utilizados pela Sanepar no
monitoramento da qualidade do esgoto tratado.
· pH
· DQO
· DBO
· Óleos e Graxas
O cenário de análise tem como balizamento a Resolução n.º 20 de 18/06/1986 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente e a NBR-9800 da ABNT. Dessa forma, o esgoto poderá estar dentro dos padrões
previstos nessa Resolução e Norma ou não. Isso significa que os limites, para cada um dos parâmetros,
são os limites previstos nesses instrumentos regulamentadores.
Laudo
É neste módulo que se tem as opções de impressão dos Laudos. Os Laudos podem ser impressos por
Unidade, Sistema, Divisão, Data, Ponto de Coleta e por Amostra.
Neste módulo tem-se as opções de consulta em tela ou da impressão das amostras e dos parâmetros que
não atenderam os VMP.
Tabelas
Neste módulo obtém-se as seguintes informações:
Consultas
Neste módulo obtém-se as seguintes informações:
- gráfico de todas as faixas (não avaliado, não atende, precária, aceitável, boa ótima); por índices (Iqai-
Iqap-Iqad-Iqet);
- consulta às médias dos parâmetros analisados em determinado período especificado (esta informação é
para ser utilizada para a Divulgação da Qualidade aos clientes);
O Sistema da Qualidade da Água (SQA) quando alimentado com os resultados assim que sejam
obtidos, possibilitará ao corpo gerencial e operacional da Empresa analisar em tempo real e
tomar as medidas que se fizerem necessárias para eliminar as causas que porventura estejam
comprometendo ou venham a comprometer o estado de controle. Recomenda-se aos gerentes
que fiquem atentos quanto à utilização correta desta ferramenta importantíssima para o
controle dinâmico da qualidade.
Conclusões
Referências
Agradecimento
Ao engenheiro Carlos Eduardo Pierin pelo apoio e incentivo para a realização deste projeto.
Autores
Edvaldo Kulcheski,
Avaliações de Conformidades
da Informação
da Informação
Carlos Chiarello,
da Informação.
MONITORAMENTO EM TEMPO REAL
DA REGIÃO METROPOLITANA DE
Edvaldo Sorrini
Resumo
De toda a água produzida pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
(Sabesp) na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), 99,5% é proveniente de reservatórios
superficiais, que em grande parte se localizam em áreas que estão sendo atingidas pela
mancha urbana dessa região. A despeito das restrições impostas pela Lei de Proteção de
Mananciais, a ocupação das bacias de contribuição desses reservatórios vem ocorrendo de
forma descontrolada, comprometendo seriamente a qualidade das suas águas. Neste cenário, a
Sabesp está investindo em novas tecnologias para monitoramento de qualidade das águas de
seus mananciais, de forma a obter respostas rápidas e confiáveis, visando evitar que possíveis
variações bruscas na qualidade da água nas represas possam provocar impactos no tratamento
e atingir o consumidor final.
Abstract
Of all the water produced by the Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) or
Basic Sanitation Company of the State of São Paulo in the Metropolitan São Paulo Area (MSPA), 99.5%
is drawn from surface reservoirs, which to a large extent are located in areas that are being reached
by the urban stain (urban advance) of this area. Despite restrictions imposed by the Water
Source Protection Law, occupation of the basins that contribute to these reservoirs has been
taking place in an uncontrolled manner, seriously compromising water quality. Given this
scenario, Sabesp is investing in new technology for monitoring water quality at its sources, in
order to obtain fast and reliable answers, with an aim to avoiding the possibility that abrupt
variations in water quality at the dams will have an impact on treatment and reach the final
consumer.
Introdução
O abastecimento de água potável para a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), exige atualmente
uma vazão em torno de 63 m3/s. Desse total, 99.5% é proveniente de reservatórios superficiais, que em
grande parte se localizam em áreas que estão sendo atingidas pela mancha urbana da RMSP. A despeito
das restrições impostas pela Lei de Proteção de Mananciais, a ocupação das bacias de contribuição
desses reservatórios vem ocorrendo de forma descontrolada, comprometendo seriamente a qualidade das
suas águas.
A degradação da qualidade da água vem ocorrendo de forma acelerada em alguns reservatórios, tais
como Guarapiranga, Rio Grande e Baixo Cotia e de forma menos dramática, mas nem por isso menos
preocupante no reservatório Paiva Castro pertencente ao Sistema Cantareira. Quanto aos demais,
exclui-ndo-se aqueles reservatórios localizados em áreas protegidas, como as represas do Alto Cotia e
Rio Claro, a tendência é de comprometimento crescente da qualidade da água, em função da pressão por
espaço urbano, aliado à falta de uma política integrada e eficaz de uso do solo na região.
Dentro deste contexto, a Sabesp introduziu, nos seus programas de monitoramento da qualidade da
água, os reservatórios de abastecimento da RMSP.
Assim, desde meados da década de 70 vem sendo feito um controle das densidades de algas nos
reservatórios, que inclui a identificação e contagem dos gêneros de algas presentes no reservatório, e,
em alguns casos, como no Guarapiranga e Rio Grande, a aplicação de algicidas.
A partir de 1987, o monitoramento nos reservatórios passou a incluir pontos de amostragem nos rios
contribuintes, para que se pudesse avaliar as cargas poluentes recebidas nesses reservatórios, bem como
identificar as possíveis fontes de poluição, para subsidiar as ações de proteção desses mananciais.
Neste monitoramento as freqüências com que são amostrados os mananciais vão de duas vezes por
semana, no caso do controle das algas, até trimestrais. O monitoramento mais abrangente, aquele que
fornece dados mais completos sobre qualidade da água, entretanto, é feito com uma freqüência máxima
mensal. Em alguns casos, naqueles em que o reservatório é protegido e, portanto, com uma água de
qualidade boa e estável, essa freqüência permite um controle eficaz. Naqueles, entretanto, em que a
qualidade da água está comprometida e, portanto, sujeita a variações que podem trazer problemas para
o tratamento, essa freqüência se revela insuficiente, muito aquém do que seria o ideal para se ter um
acompanhamento das oscilações de qualidade da água, que muitas vezes prenunciam problemas e que,
portanto, devem ser detectados a tempo.
Um fator que agrava essa limitação do monitoramento, diz respeito ao fato de que as
amostragens são feitas sempre no período diurno, pela dificuldade de se coletar
amostras, que exigem o uso de barco, à noite. Dessa forma, oscilações que ocorrem no
período noturno (as variações nictemerais) não são detectadas. E essas variações
podem, às vezes, ocasionar oscilações significativas na qualidade da água.
Em muitos casos, essas alterações podem afetar seriamente a qualidade da água, e se manifestam em
alguns dias. É necessário, portanto, que o monito-ramento tenha capacidade de detectar essas
alterações, para que o tratamento da água não seja, ou seja, minimamente, afetado.
Existem indicadores que permitem avaliar a situação potencial de alterações na qualidade da água num
reservatório. É o caso, por exemplo, do Oxigênio Dissolvido (OD), que está relacionado com a
ressolubilização de substâncias a partir do sedimento de fundo. Baixos teores, ou ausência, de OD no
fundo podem acarretar esse fenômeno de ressolubilização. Um monitoramento contínuo do teor de OD
no fundo, então, permite detectar situações potenciais de alteração na qualidade da água, a tempo de
prevenir a área de tratamento ou, se houver essa possibilidade, tomar medidas de reaeração artificial no
fundo.
Fica clara, portanto, a necessidade de se monitorar esses parâmetros de forma contínua, ou no mínimo,
com uma freqüência horária. Com isso, dois importantes benefícios poderão ser conseguidos:
· fenômenos que provocam alterações bruscas na qualidade da água poderão ser detectados a tempo de
prevenir o tratamento;
O monitoramento contínuo, ou em tempo real, da qualidade da água em rios, lagos, reservatórios, etc é
uma prática que vem sendo introduzida em muitos países que convivem com problemas ambientais, ou
mais especificamente, riscos de contaminação das suas águas. Esse tipo de monitoramento permite
aumentar significativamente a eficiência dos Sistemas de Vigilância, e em conseqüência reduzir os riscos
sanitários, quando a água é utilizada para abastecimento, ou riscos ambientais, no caso mais geral.
Descrição do sistema
O sistema é baseado nas descrições apresentadas a seguir:
· Operação
O sistema foi concebido para operar automaticamente com a supervisão direta de técnicos da Sabesp.
· Estação Remota
Realiza a leitura dos sensores e armazenagem dos dados gerados e a transmissão via sinal de rádio
desses dados gerados, em intervalos pré- determinados de tempo, para as unidades de recepção
correspondentes.
É capacitada para a transmissão de alarmes de qualidade, para a unidade de recepção, a qualquer
instante de tempo, permitindo a consulta manual remota, em tempo real, pelos técnicos que operam o
sistema.
· Unidade de Recepção
· Transferência automática dos dados via linha telefônica para a Unidade Central de Recepção;
· Visualização gráfica dos dados válidos das últimas 24 horas, das unidades remotas do sistema
correspondente.
· Realiza a comunicação automática com as Unidades de Recepção de dados para a obtenção de dados
em situação de alarmes;
São medidos diretamente no local, por meio de uma sonda multiparâmetro, com os seguintes sensores
instalados:
· pH;
· Turbidez;
· Condutividade;
· Potencial de Oxi-redução
· Oxigênio Dissolvido;
· Temperatura;
monitorados
Estão sendo monitorados atual-mente por meio deste sistema, cinco represas utilizadas pela Sabesp
para captação e tratamento de água, a saber:
Este sistema está programado para realizar uma leitura a cada 10 minutos. Com esta programação, são
gerados diariamente, 144 dados por parâmetro/ponto monitorado, isto dá uma massa mensal de dados
muito grande. Considerando 6 (seis) parâmetros por sonda, são 25.920 dados/mês por sonda. A melhor
forma de visualização de toda essa quantidade de dados, é por meio de gráficos.
Os gráficos a seguir mostram exemplos de informações que podem ser obtidas por meio deste sistema.
Este sistema tem se apresentado até o momento, como uma excelente ferramenta de vigilância dos
mananciais. É importante observar que seu objetivo, não é a precisão dos resultados, mas as variações
significativas que podem ocorrer, de forma a indicar que alguma anomalia está ocorrendo no
reservatório. A Sabesp, juntamente com a empresa que implantou o sistema, tem feito grandes esforços
para corrigir eventuais problemas técnicos e operacionais encontrados, não deixando de ressaltar que se
trata de um sistema inovador e em fase experimental.
A intenção da Sabesp, é ampliar este sistema de monitoramento para os demais mananciais da RMSP.
Referências
Autores
pela Faculdade de
da Divisão de Monitoramento
de Saneamento Básico do
Edvaldo Sorrini,
Universidade Mackenzie,
especialista em saneamento
de Monitoramento
e Informações Ambientais
da Produção da Sabesp.
FATORES DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
Lorenso Cassaro
Resumo
A bacia do Rio Pirapó, na região de captação de água para a comunidade de Maringá, sofreu nas
últimas décadas uma crescente degradação ambiental. Tal situação pode comprometer a condição deste
manancial de abastecimento, caso não cesse o processo de degradação.
Neste trabalho buscou-se identificar os fatores que contribuíram para a degradação ambiental desta
bacia de captação. Evitando-se a degradação ambiental, os processos de tratamento de água para
abastecimento terão seus custos minimizados e a qualidade da água preservada.
Abstract
The basin of the Pirapó river, in the water collection area for the community of Maringá, has suffered an
increasing environmental degradation in the last few decades. This situation could compromise the
condition of this source of water, unless the degradation process is halted.
In this research, an identification was sought for the factors that contribute to the environmental
degradation of this water collection basin. By avoiding environmental degradation, the cost of water
supply treatment processes will be minimized and water quality preserved.
Introdução
Caracterização
A bacia do Rio Pirapó está localizada na Região Norte do Paraná e apresenta uma área de drenagem de
5.023 km2. Sua nascente está localizada no município de Apucarana e possui uma extensão de 168 km
até sua foz, no Rio Paranapanema. São 55 km de extensão até o ponto de captação de água para a
cidade de Maringá.
Conhecem-se as características de um rio sabendo-se o que existe nas suas margens. Por isso é
necessário analisar o histórico da região quanto à utilização do solo.
Segundo CORREIA (1991), uma das primeiras utilizações agrícolas do solo na Região Norte do Paraná
foi a cultura do café, praticada como monocultura. Tal prática agrícola tem seus riscos, e no Norte do
Paraná não foi diferente. Em decorrência das contínuas geadas das décadas de 60 e 70, a cultura
cafeeira na região sofreu uma grande decadência. As novas culturas implementadas exigiram
modernização de técnica e mecanização do solo e promoveram verdadeira revolução na produção
agrícola no Norte do Paraná. Quase triplicou a produção de grãos, que de 6,4 milhões de toneladas em
1970, passou a 17,5 milhões de toneladas em 2000 (SEAB – 2000). Com o desenvolvimento da tecnologia
em todos os campos de atividades agrícola, a mão-de-obra rural passou por um rápido processo de
substituição pelos equipamentos e máquinas. Este processo acentuou o êxodo rural, contribuindo para o
adensamento da população urbana, como demonstra a figura 1.
É importante observar na figura 1 que durante a década de 50 a população rural era significativamente
superior à urbana; na década de 60 os percentuais das populações rural e urbana se equivalem; a partir
da década de 70 se caracteriza o êxodo rural. Causa deste fenômeno foi a mecanização do solo agrícola
e implantação de culturas de curto ciclo produtivo.
A desvantagem deste tipo de cultura é utilizar um solo com baixa compactação, exigindo excelente
manejo do solo por meio de microbacias para evitar a lixiviação do solo.
Metodologia
Por meio de pesquisa de campo na bacia, análise visual da paisagem e informações técnicas obtidas
junto aos órgãos públicos municipais, estaduais e federais vinculados ao meio ambiente, primeiramente
buscou-se identificar os impactos ambientais que a bacia vem sofrendo ao longo dos últimos anos. Feito
isso, procedeu-se a uma análise pontual em relação a cada um dos impactos para posteriormente
identificar os fatores que contribuíram para a degradação ambiental desta bacia.
Impactos Ambientais
Os principais conflitos entre o uso e a aptidão das terras desta bacia estão relacionados com a
utilização de terras com agricultura intensiva, provocando a degradação do solo, com reflexos na
qualidade ambiental da área, e afetando como conseqüência os recursos hídricos, já que, conforme
dados da Engefoto (2000), 56% da área da bacia é agricultável. A bacia do Rio Pirapó é bordejada por
áreas urbanas que interferem seriamente nos sistemas naturais. A vulnerabilidade ambiental está
centrada nos processos erosivos e escoamentos superficiais e interfere na qualidade das águas
superficiais.
As legislações ambientais existentes nos âmbitos federais, estaduais e municipais são em grande número,
atendendo a todas as necessidades, entretanto apresentam-se fragilizadas em sua aplicabilidade.
A situação atual de degradação da bacia de captação de água do Rio Pirapó pode ser observada nas
figuras 2, 3, 4, 5 e 6. A figura 2 mostra as condições do Rio Pirapó na sua nascente, no perímetro urbano
da cidade de Apucarana, ponto em que recebe lançamentos de afluentes líquidos de diversas
características físicoquímicas e biológicas, como: carga orgânica de frigorífico, detergentes de diversas
indústrias, águas pluviais contaminadas com efluentes industriais, além de estar assoreado, dada à falta
de proteção natural (matas ciliares).
O lixão municipal da cidade de Apucarana, mostrado na figura 3, encontrase nas proximidades da
nascente do Rio Ipiguá, que é afluente do Rio Pirapó. Essa localização e a característica da
disponibilização dos resíduos sólidos e líquidos existentes favorecem a lixiviação e o escoamento do
chorume, de forma que estes resíduos atinjam as águas do Rio Ipiguá. Observa-se na figura acima que o
leito do Rio Vitória, que pertence à bacia do Rio Pirapó, está totalmente desprotegido e em processo de
assoreamento progressivo, dada à ausência de matas ciliares e falta de manejo do solo em toda a sua
extensão.
Na figura observa-se o grau de degradação dos rios que se encontram dentro dos perímetros urbanos
das cidades pertencentes à bacia de captação de água do Rio Pirapó para a comunidade da cidade
Maringá. Esses rios são receptores de efluentes com resíduos líquidos e sólidos de diferentes origens,
como por exemplo: óleos e graxas dos postos de serviços de lavagem e lubrificação automotivos,
despejos industriais, lixos orgânicos, materiais inertes de difícil degradação e lixo em geral. Todos esses
poluentes contribuem para que os rios tenham um aspecto parecido com do Rio Guaiapó, mostrado na
figura anterior.
A vista aérea do ponto de captação de água de Maringá ilustra bem a carência de matas ciliares e a
predominância de áreas agricultáveis nas margens dos rios da bacia do Pirapó.
Conclusão
Diante das condições observadas quanto ao trato do solo e à disposição das áreas urbanas, constata-se
que sua degradação está se acentuando rapidamente, podendo em breve tornar-se inviável a sua
utilização para o abastecimento público.
O primeiro é quanto à vocação da região a utilizar o solo agricultável com culturas de curto ciclo
produtivo, o que gerou o desmatamento deso rdenado e conseqüentemente a eliminação das matas
ciliares. Tais fatores geraram condições de degradação do solo e assoreamento dos mananciais. Estes
impactos ambientais podem ser mitigados por meio de programas de manejo do solo e reposição de
matas, programas hoje existentes e que precisam apenas de ser priorizados.
O segundo aspecto está centrado na atuação dos órgãos públicos municipais, estaduais e federais, pois
os fatores identificados poderão ser minimizados por meio de programas e projetos que priorizem a
recuperação ambiental desta bacia. Para que haja a implementação destas ações é necessário vontade
política dos órgãos públicos já mencionados.
A recuperação e preservação da bacia do Rio Pirapó deve ser prioritária e urgente, com um projeto
abrangente, passando por forças políticas dos municípios desta bacia e principalmente de Maringá, em
conjunto com diversos órgãos constituídos. Somente com um plano de manejo e gestão de bacia ou
comitê de bacia para gerenciar os problemas dos mananciais, ter-se-ia o processo de degradação
ambiental amenizado.
Referências
LUZ, F. O fenômeno urbano numa zona pioneira: Maringá. Maringá : Prefeitura Municipal,
1997.
Autores
Lorenso Cassaro,
químico, especialista em Controle e Gestão Ambiental, gestor ambiental da Sanepar, coordenador de
Meio Ambiente da Urma - Maringá
e Saneamento) USP/EESC,
Resumo
Este artigo mostra uma visão geral do modelo LCC (Custo de Propriedade), um dos temas das
palestras apresentadas na conferência internacional - Partners in Water and Waste Water. A
estrutura do trabalho inicia com a apresentação do modelo LCC aplicado a sistemas de bombas
desenvolvido pela Europump (The European Association of Pump Manufacturers) e HI (The
American Hydraulic Institute), apresentando na seqüência a abordagem desenvolvida pela
Thames Water e finalizando com as conclusões. Por meio do estudo de caso da Thames Water
Utilities, espera-se mostrar resultados efetivos da utilização do modelo LCC (Life Cicle Cost). No
caso da empresa Thames Water Utilities a variante do modelo adotada foi batizada de LWLC
(Menor Custo de Propriedade) e foi definida em função do cenário que ela apresentava antes
da privatização. O objetivo principal deste artigo é divulgar alternativas que possibilitem a
redução dos custos totais envolvidos na implantação ou melhoria de sistemas componentes da
cadeia produtiva, contribuindo para aumentar a competitividade das empresas de saneamento
em relação ao mercado.
Abstract
This article shows a general view of the LCC (Life Cycle Cost) model, one of the subjects of
lectures presented at the Partners in Water and Waste Water International Conference. The
structure of this report begins with a presentation of the LCC model applied to pump systems,
as developed by Europump (The European Association of Pump Manufacturers) and HI (The
American Hydraulic Institute), moving ahead to a presentation of the approach developed by
Thames Water and ending with conclusions. By means of the case study of Thames Water
Utilities, it is hoped to show effective results when using the LCC (Life Cicle Cost) model. In the
case of the Thames Water Utilities, a variant of the model was adopte d and named LWLC
(Least Whole Life Cycle), having been defined as a function of the scenario present prior to
privatization. The main objective of this article is to disclose alternatives that will allow the
reduction of total costs involved in the implementation or improvement of the productive chain
components, contributing to increase the competitiveness of sanitation companies in relation to
the market.
Introdução
Na Europa e EUA, muitas organizações adotam o menor custo inicial de compra como fator
determinante em seus processos de aquisição de equipamentos. A adoção desta regra se
originou de diversos fatores, entre os quais se destaca um procedimento que ainda é muito
freqüente: a falta de gestão efetiva do pós-implantação, que resulta no desconhecimento de
componentes de custo operacionais e de manutenção gerados por falhas no momento de
aquisição. Este cenário, porém, está mudando.
Atualmente, não são apenas as razões econômicas que levam à utilização do modelo: a
preocupação ambiental está fazendo com que muitas organizações considerem a eficiência no
uso de energia como meio de preservação de recursos naturais.
Onde se incluem os custos de obra civil, instalação física do equipamento, conexão à tubulação,
conexão elétrica e instrumentação, conexão de sistemas auxiliares e custo de avaliação de
performance no start-up.
Ce – Custos de energia
Co – Custos de operação
Cm – Custos de manutenção
Embora não se possa prever falhas precisamente, elas podem ser estimadas estatisticamente
através do MTBF e de dados históricos da planta. Devem constar neste item os custos de
rotinas de manutenção preventiva, manutenção corretiva, custos de gestão de fornecedores e
todos os demais custos originados da necessidade de garantir a disponibilidade do sistema.
Cs – Custos de paradas
Estes custos dependem significativamente da natureza do fluído. Quanto mais agressivo for o
produto, maiores serão os investimentos para evitar a contaminação do meio ambiente. Aqui
devem ser incluídos também os custos de inspeções ambientais.
Cd – Custos de desinstalação
O modelo LCC define os componentes de custo que precisam ser considerados para uma
melhor avaliação de alternativas no momento de aquisição ou melhoria de sistema instalado. Os
itens a incluir em cada componente da equação devem ser definidos pelas empresas, em
função dos custos pós-implantação que tragam maiores impactos à sua produção.
Primeiros Desafios
• Custo inicial das bombas era maior do que o custo inicial anterior à privatização;
Nos custos de manutenção estavam incluídos os seguintes custos: relativos a recursos (pessoal,
equipamentos), relativos à distância dos sistemas até a base de manutenção e relativos à
facilidade de acesso ao equipamento.
Com este formato, o modelo LWLC foi utilizado no período de 1994 a 1999.
• A experiência inicial provou que a estratégia LWLC era o melhor caminho, porém era
necessário refinar o processo, pois ainda havia muita dificuldade na comparação entre bombas
de diferentes fornecedores.
Buscando meios mais efetivos para especificar o modelo, a empresa assumiu algumas
premissas, entre as quais se destacavam: incluir novos fatores com base na experiência
adquirida, especificar melhor estes fatores buscando benchmarking em outras indústrias e obter
informações mais detalhadas dos custos dos processos da empresa (especialmente os custos de
manutenção).
Pela avaliação dos componentes de custos, a Thames Water chegou à distribuição de custos
apontada na figura 4.
A etapa de refinamento do modelo resultou na definição de uma equação que está sendo
utilizada pela Thames Water desde 1999. Na tabela 3, pode-se visualizar os componentes de
custo da nova equação, que incluem todos os custos considerados pela empresa como sendo
críticos durante a vida útil dos equipamentos/sistemas.
Conclusão
A visão geral do modelo LCC e o estudo de caso aqui apresentados não esgotam as
possibilidades de aplicação do modelo. O trabalho foi proposto como meio de divulgação de
aspectos de custos que, se considerados no momento de aquisição ou melhoria, podem auxiliar
a aumentar a competitividade e a eficiência dos processos produtivos das empresas. Espera-se
com esta iniciativa abrir um espaço de discussão de possíveis aplicações do modelo em
empresas regidas pela Lei 8.666.
Referências
SINTONEN, I. The europump model. In: PARTNERS IN WATER AND WASTEWATER, 2000,
Bjerringbro, Dinamarca. Anais ... Dinamarca, 2000.
WENT, R. Least Whole Life Cost: developments since december, 1999. In: PARTNERS IN
WATER AND WASTEWATER, 2000, Bjerringbro, Dinamarca. Anais ... Dinamarca, 2000.
Agradecimentos
Autora
Resumo
Abstract
Sanitary issues can be overcome through composting, heat drying, or natural exposure to
sunlight. The economic issue is more complex, since there is a series of costs and economic
benefits to be quantified. This report concentrates on raising the value perceived in biosolids as
sources of Nitrogen, Phosphor, and organic material, using the replacement goods market
method. The value of fresh sludge has reached R$ 22.00/ton and the stabilization processes
employed have been able to raise this value by 35% to 650%. Composting has proven to be a
viable alternative for small, medium and large scale usage. However, the stabilization by liming
showed greater economic advantages, due to the greater value added to the product. Lime-
treated and irradiated sludge present serious limitations for storage, which are reflected as
problems for product trade. Heat drying was the process that added the most value to fresh
sludge, reaching values of R$ 158,60 / ton. However, energy costs in this process reached 27%
to 54% of the product’s intrinsic value. Despite the significant values achieved, the
consolidation of a structured biosolid market requires a growth in the demand for these
products.
Introdução
A crescente produção de resíduos urbanos tem levado ao seu uso como fontes alternativas de
matéria orgânica. A produção constante e inesgotável desses materiais, aliada ao seu baixo
custo de obtenção, tornam-os atrativos para uso na agricultura, florestas e recuperação de
áreas degradadas. Além disso, considerando que a geração de resíduos é por si só um
problema, o reaproveitamento deles contribui para aliviar a pressão sobreo meio ambiente
(PASCUAL et al., 1997).
A reciclagem tem-se mostrado extremamente importante nas sociedades com altas taxas de
consumo de recursos naturais. O crescimento populacional resultou na transferência de
quantidades consideráveis de nutrientes dos solos agrícolas para os resíduos urbanos
(FROSSARD & MOREL, 1995). Cerca de 60% do montante de nutrientes inorgânicos presentes
em alimentos são despejados nos esgotos, após tomarem parte no metabolismo humano
(KVARNSTROM & NILSSON, 1999). Portanto, a reciclagem de nutrientes passa necessariamente
pela utilização de lodos de esgotos.
A conservação dos recursos naturais ganhou importância estratégica nos últimos anos: as
reservas naturais de Fósforo devem durar cerca de 500 anos, frente ao consumo mundial de 10
milhões de toneladas por ano. A total utilização de esgotos tratados em solos acarretaria na
redução do consumo de fertilizantes fosfatados a 40% do atualmente empregado (FRANK,
1998). Além disso, manter níveis mínimos de matéria orgânica nos solos é necessário no
controle de erosão, manutenção da produtividade e na recuperação de áreas e solos
degradados. Sob a óptica da engenharia sanitária, a incorporação de lodos de esgotos nos solos
é o manejo economicamente mais vantajoso, quando comparado a outras alternativas de
disposição de lodo de esgotos e águas residuárias (FRANK, 1998).
A base de reciclagem de nutrientes e de matéria orgânica presente nos esgotos reside na incorporação de
biossólidos em solos (FRANK, 1998). O termo biossólido foi criado e divulgado em todo mundo para
incentivar o uso de esgotos como fertilizantes e condicionadores de solo. Biossólidos são definidos como
qualquer produto orgânico, resultante do tratamento de esgotos, que pode ser reutilizado ou reciclado,
ainda que seja apenas potencialmente utilizável e dependa ainda de mercado e tecnologia apropriada
(USEPA, 1999).
Não existe ainda no Brasil indústria estruturada para produção e comercialização de biossólidos. Dessa
forma, a valoração deles é certamente um dos primeiros passos necessários para o estabelecimento de
um mercado. Portanto, este trabalho concentra-se no valor monetário de biossólidos como fon-tes de
Nitrogênio, Fósforo e matéria orgânica, utilizando-se de valores de fertilizantes químicos, estercos e
compostos, cujos mercados no País já estão consolidados.
Material e Métodos
Estabilização do lodo de esgoto
Uma amostra de 0,5 tonelada de lodo de esgoto terciário, originado por tratamento de lodos
ativados e prensado mecanicamente, foi coletado da Coliban Water Treatment Works, em Victoria,
Austrália. O material foi desinfestado e estabilizado de acordo com os Processos para Significantemente
Reduzir Patógenos, definidos pela Agência Norte Americana de Proteção Ambiental (USEPA, 1999). A
compostagem utilizou misturas do lodo fresco com serragem, conforme Corrêa et al. (2000). A caleação
foi realizada com aplicação de cal virgem (CaO) na proporção de 30% do peso de matéria seca presente
no lodo fresco, de acordo com Corrêa et al. (1999). A secagem a calor deu-se em uma fornalha a 200oC,
por uma hora e o tratamento por radiação solar ocorreu ao longo de 15 dias, a céu aberto e sob
condições de verão (14 horas de luz, temperatura média matutina e vespertina de 23oC). Todas as
amostras frescas não utilizadas prontamente foram congeladas (-20oC ± 1 oC) e as processadas
(biossólidos) foram mantidos em uma câmara fria (5oC ± 0,5 oC) até a data das análises laboratoriais.
Uma das técnicas de valoração mais simples e, portanto, largamente utilizada, é o método da
função de produção. Uma de suas variantes é a valoração de mercado de bens substitutos, que
pode ser empregada sempre que for possível obterem-se preços de mercado para um produto
(SEROA DA MOTA, 1998). O método de valoração de bens substitutos é utilizado quando o
recurso ambiental a ser valorado pode ser um substituto de um insumo comercializado
(SPANINKS & van BEUKERING, 1997). Este método utiliza-se de preços de mercado desse
insumo, para estimar o valor econômico do recurso ambiental (SEROA DA MOTA, 1998). A
utilização de preços de mercado garante uma medida objetiva do valor econômico do recurso
ambiental, uma vez que representam valores reconhecidos no mercado (SEROA DA MOTA,
1998). Porém, SPANINKS & VAN BEUKERING (1997) citam que preços de bens substitutos
tendem a subestimar valores, uma vez que aumentos de demanda são ignorados por esse
método.
Os insumos cotados para fontes de Nitrogênio e Fósforo foram uréia e superfostato triplo,
respectivamente, que são amplamente utilizados como fertilizantes na agricultura. O custo da
uréia (44% de Nitrogênio) foi cotado em
R$ 22,20. Paisagistas e horticultores investem valores bem acima dos aqui adotados. Porém, a
utilização da cotação mínima para matéria orgânica é uma garantia de que a valoração dos
biossólidos não será superestimada. O calcário dolomítico (CaCO3) com 90% de poder de neutralização
(90% PRNT) foi cotado a R$ 170,00 e a tonelada de cal virgem (CaO), utilizada para estabilizar o lodo
de esgoto, custou R$ 140,00/tonelada. As conversões de moedas estrangeiras para o real brasileiro
consideraram US$ 1,00 = R$ 1,80.
Resultados e discussão
Cada tonelada do lodo fresco contém R$ 20,20 em Nitrogênio e Fósforo e apenas R$ 1,80 em
matéria orgânica (tabela 2). O baixo valor dado a matéria orgânica (R$ 22,20/tonelada) e a
grande quantidade de água existente no lado fresco (88%) são as causas disso. O valor do lodo
de esgoto fresco deste trabalho aproxima-se do alcançado por outros autores, que utilizaram
métodos de valo-ração diferentes. WILLET et al. (1983/84) trabalharam com respostas de pro-
dutividade a diferentes taxas de aplicação de lodos em solos. Eles concluíram que 10 t/ha de
lodo de esgoto, contendo 85% de umidade, substituem o equivalente a R$ 240,00 gastos em
fertilizantes nitrogenados e fosfatados. Porém, a melhor relação dose/resposta obtida por eles
foi com a aplicação de 5 t/ha, que pode substituir R$148,00 em fertilizantes. Dessa forma, cada
tonelada de lodo aplicada ao solo equivaleria a valores entre R$ 24,00 e R$ 30,00 em Nitrogênio e
Fósforo, a depender da relação quantidade aplicada/produtividade obtida. A quantidade de água pesa
mais na determinação do valor de biossólidos do que as concentracões de Nitrogênio, Fósforo e matéria
orgânica presentes na matéria seca. Considerando que cerca de 65% da matéria seca de lodos de esgoto
são matéria orgânica, entre 2,1% e 17,6% Nitrogênio e 1,1%-14,3% Fósforo (CAMERON et al. 1996), o
potencial desses materiais é enorme, frente a meios economicamente viáveis de desaguá-los. Esse valor
de 65% é cerca de 20% superior às concentrações de matéria orgânica existente na matéria seca de
estercos e compostos, em geral.
Porém, KVARNSTROM & NILSSON (1999) concluem em seu estudo que o preço do lodo de esgoto
fresco é determinado pela demanda do produto e não pelo valor intrínseco de fertilização. Seus
resultados mostram que apenas aqueles municípios com demanda igual ou maior que a capacidade de
produção de lodos de esgoto são capazes de cobrar pelo biossólido. Nos demais, o lodo de esgoto é
entregue gratuitamente e, em alguns casos, com frete subsidiado, como estratégia de indução de
demanda.
A compostagem de lodos de esgotos exige que eles sejam desaguados até cerca de 60% de umidade
(massa/massa) e que a relação Carbono/Nitrogênio seja elevada de 6:1 para valores entre 20:1 e 30:1
(CORRÊA et al., 2000). A adição de 2 kg de serragem seca (<10% de umidade), como fonte de Carbono,
para cada quilo de matéria seca do lodo de esgoto (fonte de Nitrogênio e umidade) permite que os dois
critérios acima citados sejam satisfeitos. Porém, haverá diluição de nutrientes na matéria seca e,
conseqüentemente, o lodo compostado contém apenas 38% do Nitrogênio e 32% do Fósforo contido na
matéria seca do lodo fresco.
FAHY (1990), trabalhando com valoração de contigente, mostrou que os preços de comercialização de
lodos compostados nos Estados Unidos alcançariam valores de mercado de R$ 23,00/t para horticultura,
R$ 17,00/t para jardinagem, R$ 6,00/t para recuperação de áreas degradadas e apenas R$ 2,00/t para
culturas agrícolas, contra custos
R$ 14,00 (GOLUEKE, 1975). Dessa forma, mais uma vez, o valor de comer-cialização seria determinado
pela demanda do produto e não pelo valor intrínseco do lodo compostado. Com base no custo de
produção de R$ 9,00/to-nelada e no valor máximo de comercialização de R$ 23,00, o usuário do lodo
compostado se beneficiaria de R$8,20/tonelada em superávit de nutrientes e matéria orgânica, enquanto
o produtor contaria com um lucro de R$14,00 em cada tonelada comercializada. O custo de R$
9,00/tonelada refere-se à uma produção mínima de 350 toneladas/dia. Para o custo de R$14,00/t, a
produção poderia ser reduzida a 160 t/dia, com redução de lucro para R$ 9,00/tonelada.
De acordo com o cenário exposto, conclui-se que lodos compostados, como produto de mercado, são
preferencialmente regidos por relações de de-manda e economia de escala do que pelo valor intrínseco
do produto. A atividade de compostagem de lodos se viabilizaria por meio de setores, cujas demandas
possam fazer frente à produção mínima e, ao mesmo tempo, esses setores teriam que estar dispostos a
pagar pelo produto valores acima dos de produção, que por sua vez, são inversamente proprocionais à
quantidade produzida.
O processo de higienização por meio da aplicação de 30% de CaO causou a diluição da matéria seca do
lodo fresco e a volatilização de parte do Nitrogênio, Carbono e Enxofre presentes. Conseqüentemente,
houve redução da concentração de nutrientes e matéria orgânica imediatamente após a caleação em
mais de 1/3. Entretanto, a caleação do lodo seguida de 15 dias de pousio, como recomendado no
processo higienização, permitiu a perda de água por drenagem e evaporação correspondente a 325
litros/tonelada de lodo fresco. Cerca de 80% da água perdida ocorreu nos primeiros quatro dias após a
caleação. Até o sexto dia, 94% de toda água perdida já havia sido drenada ou evaporada, acarretando
na redução de cerca de 35% do volume original do lodo e na duplicação da concentração de sólidos na
massa úmida.
Essa perda de água permitiu uma elevação de 46% no valor do lodo caleado em relação ao lodo fresco
(tabela 2). O Fósforo contribui com 60% dessa valorização, Nitrogênio com 32% e matéria orgânica
com apenas 9%. Fósforo não é perdido por volatilização durante o processo de caleação e possui valor
de mercado 31% superior ao Nitrogênio. Considerando que ainda há R$ 9,10 de equivalente em
calcário/tonelada de lodo caleado, a diferença de valores entre lodo fresco e caleado sobe para 87,3%
(tabela 2).
Há locais em que é proibida a aplicação nos solos de lodos não estabilizados. Por isso, várias estações
de tratamento de esgotos utilizam cal para estabilizá-los e comercializá-los pelo valor de neutralização
contido no biossólido. Nesse processo de higienização, para cada R$ 5,10 gastos com CaO, recuperase
R$ 9,10 em equivalente-calcário (tabela 2). Portanto, os custos de estabilização são pagos e ainda se
economiza com taxas de disposição de lodo em aterros sanitários. Ao consumidor do biossólido, resta um
superávit de R$ 32,10/tonelada em fertilizantes e matéria orgânica.
O lodo irradiado aumentou seu valor devido à perda de cerca de 390 litros de água/tonelada de lodo e
conseqüente concentração de sólidos: o volume do lodo foi reduzido a quase metade do original, ao
longo de 15 dias de exposição solar. As perdas de água atingiram 73% nos primeiros quatro dias e a
partir do nono dia, tornaram-se insignificantes. Perda de água é o fator que mais contribuiu para a
valorização de biossólidos e é tanto mais importante, quanto mais umidade um lodo possuir. Pequenos
aumentos de concentrações de matéria seca representam ganhos significativos em valores monetários em
biossólidos. Por exemplo: o aumento na concentração de matéria seca de um lodo, que contenha 99% de
umidade, de 1% para 2%, acarretaria na sua duplicação de valor. Esse aumento de concentração de
sólidos, de 1% para 2%, só é possível com perda da metade da água existente nesse lodo. No caso do
lodo usado neste trabalho, com cerca de 88% de umidade (tabela 1), a perda de cerca de 6% de água
(massa/massa) proporcionou um aumento de 36% no valor do produto (tabela 2). O valor da tonelada do
lodo fresco subiu de R$ 22,00 para R$ 30,00, com emprego de apenas espaço, para manter o lodo, e
tempo, para que houvesse perda de água e ação dos raios ultravioletas para desinfestá-lo.
Dentre os biossólidos estabilizados, o lodo seco a calor (peletes contendo 10% de umidade) atingiu o
maior valor dentre todos os considerados neste trabalho: R$158,60 em Nitrogênio, Fósforo e matéria
orgânica por tonelada de produto. Os peletes apresentam cerca de 7 vezes mais valor que o lodo fresco,
cerca de 5 vezes mais valor que o lodo irradiado e o compostado e 4 mais que o lodo caleado (tabela 2).
Diferentemente do lodo caleado, a contribuição do Nitrogênio, Fósforo e matéria orgânica para o
aumento de valor dos peletes ocorreu em porções proporcionais às presentes no lodo fresco. Não houve
perdas de matéria orgânica e nutrientes no processo de secagem a calor, mas apenas a evaporação de
água, esterilização e concentração de sólidos.
Apesar de ser um processo muito eficiente de estabilização de lodos de esgotos e de agregação de valor,
o investimento em infra-estrutura para peletilização de lodos é cerca de dez vezes superior ao gasto em
usinas de com-postagem (VESILIND et al., 1991). A energia necessária para produzir peletes com 10%
de umidade é de cerca de 1.400 x 106 calorias/tonelada de lodo úmido (VESILIND et al. 1991), ou entre
R$ 42,00 e R$ 85,00 para secar cada tonelada, a depender da fonte de energia utilizada. Portanto,
apenas os custos energéticos de produção representam entre 27% e 54% do valor em nutrientes e
matéria orgânica contidos no produto final. Porém, a demanda crescente por esse tipo de biossólido nos
Estados Unidos tem viabilizado cada vez mais a sua produção: cerca de 12% dos lodos gerados nos
EUAs são aplicados em solos, dos quais, mais da metade (7%) sob a forma de peletes produzidos por
secagem a calor (GIROVICH, 1996).
Conclusões
O valor em Nitrogênio, Fósforo e matéria orgânica presente em cada tonelada do lodo fresco
utilizado neste trabalho foi calculado em R$ 22,00. Os processos de estabilização foram capazes
de elevar seu valor entre 35% e 620%. A compostagem do lodo mostra-se uma alternativa
viável de higienização, estabilização e agregação de valor, a ser considerada em pequena,
média e grande escalas. Porém, a estabilização pela caleação apresentou maiores vantagens
econômicas do que a compostagem, devido ao maior valor agregado ao produto. Todavia, lodos
caleados e irradiados apresentam sérias limitações de estocagem que, certamente, refletirão como
problemas na comercialização. A secagem a calor foi a que mais agregou valor ao lodo fresco, atingindo
R$ 158,60/tonelada. Entretanto, os custos energéticos nesse processo atingem entre 27% e 54% do valor
intrínseco do produto final. Apesar dos valores significativos em nutrientes e matéria orgânica que os
biossólidos contêm, a consolidação de seu mercado, seja qual for o processo de produção, exige o
crescimento da demanda por esses produtos. Cortes em subsídios para fertilizantes (KVARNSTROM &
NILSSON, 1999), criação e divulgação de tecnologias são ações essenciais para a promoção do aumento
dessa demanda. Só assim pode-se justificar economicamente a produção de biossólidos em larga escala.
Referências
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Division of Water and Land Resources, 1983-1984. 56p.
Autores
Rodrigo Studart Corrêa,
na Universidade de Melbourne,
do Distrito Federal
Resumo
Os filtros biológicos foram precedidos de pré-filtros, com leitos suporte de brita granítica e anéis
plásticos Pall. Os resultados obtidos mostraram que a argila nodulizada, com custo 3,5 vezes
menor que o carvão ativado, apresentou eficiência muito próxima a do carvão na remoção dos
principais parâmetros poluentes analisados.
Representa, por isso, uma interessante alternativa de leito suporte para formação de biofilme
em filtros biológicos, no tratamento de esgotos domésticos. O acompanhamento simultâneo de
filtro biológico com leito suporte de areia grossa (filtro biológico de baixa taxa), precedido de
pré-filtro com leito suporte em anéis Pall, permitiu a comprovação da alta eficiência da argila
nodulizada na remoção de carga orgânica (DQO e DBO), nitrogênio total e nitrogênio amônia.
Abstract
In performing batch experiments on a lab scale, we used sedimentation beds of nodular clay
and activated charcoal as biological or percolating filters to treat domestic sewage.
Biological filters were preceded by pre-filters with broken-granite beds and plastic Pall rings.
The results have shown that nodular clay, 3.5 times less expensive than activated charcoal, was
nealy as efficient in removing the main pollutants analyzed.
Therefore it is an interesting alternative sedimentation bed to form biofil in biological filters, for
the treatment of domestic sewage. The simultaneous follow up of a biologic filter with a grit
sedimentation bed (low-rate biological filter), preceded by a pre-filter with Pall ring
sedimentation bed, enabled us to prove that nodular clay is highly efficient in removing the
organic load (DQO and DBO), total nitrogen, and amonia-nitrogen.
Introdução
A utilização de carvão ativado como leito suporte em filtros rápidos no tratamento de água, e
em filtros biológicos no tratamento de esgotos, tem mostrado a alta eficiência que este material
apresenta, não só do ponto de vista de remoção de carga orgânica, como principalmente na
remoção de elementos e compostos não-biodegradáveis, como os metais pesados.
Isto decorre da sua grande capacidade adsortiva, que é devida à ação de diversos tipos de
forças químicas como ligações de hidrogênio, interações dipolo-dipolo e forças de Van der
Waals (DI BERNARDO, 1993).
Neste trabalho, observou-se a performance de dois filtros biológicos, um com leito suporte de
carvão ativado e outro com argila nodulizada, ou expandida, tratando esgotos domésticos.
Buscou-se verificar a viabilidade da utilização da argila expandida, bem como a sua eficiência
frente a um afluente de características predominantemente urbanas. Um terceiro filtro, com
leito suporte em areia grossa, foi utilizado para que se pudesse comprovar os resultados
obtidos com aqueles observados em filtros convencionais de areia.
Material e métodos
Montagem do experimento
Os filtros biológicos ou percoladores foram montados precedidos, cada um, de uma unidade de
pré-filtração, que visava reter e degradar possíveis altas concentrações de matéria orgânica,
normalmente encontradas em lixiviados de aterros jovens.
As unidades de pré-filtração foram executadas em tubo plástico com diâmetro de 150 mm,
altura útil de 50 cm, com meio suporte para formação de biofilme composto de brita granítica
de granulometria 01 para os filtros de carvão ativado e areia grossa, e anéis Pall para o filtro de
argila nodulizada. Os pré-filtros tinham o fundo selado por uma chapa plástica colada em sua
borda, e junto à chapa, no nível do fundo, um tubo plástico de 25 mm, que permitia a saída do
efluente pré-tratado; eram abastecidos a partir de um reservatório superior com capacidade
para 10 litros, com o esgoto sendo mantido permanentemente agitado por equipamento
eletromecânico, evitando-se a sedimentação dos sólidos em suspensão. Os pré-filtros
alimentavam por gravidade as unidades de filtração biológica, executadas em tubos plásticos
com diâmetro de 200 mm, altura útil de 100 cm, cujo meio suporte foi composto em um caso
por carvão ativado vegetal de casca de coco, outro por argila nodulizada e outro por areia
grossa ou regular usada na construção civil. Os filtros biológicos tinham o fundo selado com
uma chapa de madeira circular colada, e junto à chapa, no nível do fundo, um tubo plástico de
25 mm, para a coleta do efluente final do sistema. Para evitar entupimentos, colocou-se sobre
o fundo uma camada de 3 cm de brita granítica 01. Os pré-filtros e filtros biológicos foram
montados sobre plataforma de madeira e foram identificados da seguinte forma:
Duração do período
Procedimentos
Resultados e discussão
Para a DBO5 (total) observou-se um comportamento similar ao observado para DQO, tendo
sido observada a maior eficiência de remoção ao final da experimentação, com um percentual
de 77,4 %, também no pré-filtro com brita granítica.
Os resultados obtidos estão em acordo com os referidos por METCALF & EDDY (1985), embora
as eficiências mencionadas por esses autores sejam de filtros biológicos implantados em escala
real, com alturas diversas das utilizadas neste experimento.
Com relação a Nitrogênio Total, Nitrogênio Amônia, Fósforo total e alguns metais pesados
analisados, verifica-se pouca eficiência de remoção, sempre com vantagem para o leito com
brita granítica. Observa-se pequeno aumento nas concentrações de Sulfato, o que vem atestar
a oxidação e a ocorrência de aerobiose no ambiente dos pré-filtros. Em termos dos metais
pesados analisados, verifica-se remoções pouco superiores a 50% de Ferro, e praticamente
nenhuma atenuação de Zinco. Cromo não foi detectado no afluente.
Unidades de filtração
biológica (filtros
O pH do efluente do filtro em carvão ativado aumenta, enquanto os efluentes dos demais filtros
apresentam o potencial hidrogeniônico em faixa levemente ácida.
Embora as análises de DQO total mostrem que o efluente do filtro com argila expandida tenha
apresentado geralmente uma concentração superior à observada no leito com carvão ativado, é
razoável admitir que isto poderia ser devido à maior carga orgânica afluente, decorrente da
menor eficiência do pré-filtro em anéis Pall. No entanto, o efluente do leito com areia regular
também era precedido de unidade com anéis Pall, e sua eficiência foi alta, em algumas
observações inclusive mais elevada do que a do próprio carvão ativado. Isto leva à presunção
de que características orgânicas da argila expandida possam ter sido perdidas do leito suporte
pelo efeito da lixiviação e incorporadas ao efluente líquido do filtro. As análises de DQO filtrada
mostram que, embora o efluente do pré-filtro que alimentava o filtro com argila expandida
fosse o mais concentrado, ainda assim este apresentou excepcional capacidade atenuadora,
proporcionando um efluente final com concentração final ao mesmo nível do filtro com carvão
ativado.
Finalmente, o exame dos custos do carvão ativado e da argila expandida, US$ 7,0/kg contra
US$ 2,0/kg (cotação em Porto Alegre/RS, em agosto/1996), aponta para a argila expandida
como sendo uma interessante alternativa econômica de leito suporte para filtros biológicos,
quando operados em baixa taxa.
Conclusões
Neste estudo, foram comparadas as eficiências de filtros biológicos com leito suporte de carvão
ativado e argila expandida, precedidos de pré-filtros, operando em baixa taxa no tratamento de
esgotos domésticos. Comprovou-se que é tecnicamente viável a utilização da argila expandida
como elemento filtrante, já que pelos resultados observados em termos de eficiência na
remoção de DQO (total e filtrada), Nitrogênio Total e Nitrogênio Amônia, e razoável atenuação
nas concentrações de Ferro, o material mostrou-se praticamente tão eficaz quanto o carvão
ativado. Variações para maior nas taxas de aplicação, determinadas pelo incremento de sólidos
orgânicos em suspensão no efluente do pré-filtro, pareceram não interferir na eficiência do leito
com argila, sugerindo neste caso que para as condições em que foi desenvolvido o estudo, a existência
do pré-filtro teve pouca relevância. Economicamente, a vantagem na utilização da argila é inequívoca,
uma vez que seu custo mostrou-se 3,5 vezes menor do que o do carvão ativado.
Referências
AMERICAN WATER WORKS ASSOCIATION. Standard methods for the examination of water and
wastewater. 18 th. Washington, American Public Health Association, 1992. 1193 p.
DI BERNARDO, L. Métodos e técnicas de tratamento de água. Rio de Janeiro: ABES, 1993. v.1
IMHOFF, K.; IMHOFF, K.R. Manual de tratamento de águas residuárias. São Paulo: Edgard Blucher,
1986. 301 p.
TIPO RALF
Resumo
Abstract
Introdução
As águas residuárias, tanto domésticas quanto industriais carregam consigo uma série de
ácidos orgânicos voláteis que inevitavelmente atritam-se com as paredes de concreto dos
sistemas de tratamento, de pH alcalino e que contêm cálcio na composição original do cimento.
Ocorre então uma reação de neutralização, tendo como produto o acetato de cálcio que é
carregado pelo esgoto. Uma exemplificação mais clara de tal fato pode ser baseada na indústria
de laticínios, onde não se utiliza ou não se recomenda a utilização de rede coletora de concreto,
justamente pelo alto percentual de ácido láctico que este tipo de efluente industrial apresenta.
A visualização de tal fato é facilmente detectada. Abaixo do nível d’água, a superfície agredida
apresenta-se extremamente rugosa (com aspecto de lixa grossa) e com os agregados
aparentes.
H2S + O 2 « H2 O + SO (1)
H2 O + O 2 + SO « H2SO 4 (2)
Da equação (1), o oxigênio necessário para a reação, vem de pequenas infiltrações nos
reatores anaeróbios, resultando então em enxofre absoluto, que em presença de umidade
(natural do reator), oxida-se a ácido sulfúrico (equação (2)), e em ausência pode-se acumular
como produto de oxidação, nas paredes ou teto do reator. Durante estas etapas de oxidação o
pH baixa drasticamente para aproximadamente 0,5. Na reação (3), a de neutralização, o sulfato
de cálcio formado possui volume molecular maior do que o carbonato de cálcio, ou seja, é mais
expansivo, provocando desta maneira estufamento e desagregação do concreto.
A formação de ácido por via biológica, uma segunda forma de produção de ácido sulfúrico dá-
se por via biológica, por meio de microrganismos como o Thiobacillus concretivorus. A bactéria
é autotrófica, ou seja, possui grande capacidade de crescimento e alta atividade metabólica em
ausência de compostos orgânicos. Estes microrganismos necessitam como nutrientes apenas
alguma fonte de enxofre, neste caso o H2S, e pequenas quantidades de gás carbônico,
oxigênio, sais minerais e água, para que produzam o ácido sulfúrico, que por sua vez reage
com o carbonato de cálcio, originando o estufamento e desagregação como já analisado
anteriormente.
Proteções
Sendo uma etapa inicial do processo de proteção, LIBÓRIO (1990) aconselha a produção de
concreto com resistência química adequada ao caso, com baixa relação água/cimento,
compactação rigorosa e cura apropriada, bem como a escolha de um cimento adequado
(Portland Pozolânico), visando obter desta forma baixa taxa de absorção e permeabilidade.
Outra forma de melhorar ou inibir os efeitos de degradação é por meio de completo isolamento
da estrutura do meio corrosivo, com revestimentos resistentes a ácidos, tais como
termoplásticas, pinturas e processos de ocratização.
O presente trabalho tem como objetivo geral avaliar a influência dos sulfetos ao concreto dos
Ralfs, já que estes reatores são amplamente utilizados pela Sanepar no Paraná, e que em
alguns destes reatores, a problemática já é realidade. Partindo-se deste princípio, o mecanismo
de corrosão deve ser esclarecido, bem como soluções devem ser conhecidas e implementadas,
visando a manutenção da integridade física e a eficiência destes sistemas de tratamento
anaeróbio.
Materiais e métodos
Por indicação e após consulta à Gerência de Projetos da Sanepar, foram visitados três Ralfs em
operação na cidade de Curitiba. Dois são de concepção recente e moderna, como é o caso do
Ralf Padilha, no Bairro do Xaxim, e do Ralf São João Del Rey II, instalação onde foi realizado
um recente monitoramento pelo Isam - PUC/PR, no âmbito do Prosab (AISSE et al., 1998). Um
outro já mais antigo, situado no Bairro da Fazendinha, é o Ralf Itatiaia, o qual igualmente já foi
monitorado pelo Isam (BOLLMANN e AISSE, 1987).
Nos três Ralfs visitados, numa primeira etapa foram realizadas observações "estéticas" a fim de
verificar a existência ou não do problema em questão. Neste levantamento usou-se recursos
fotográficos.
No Ralf Itatiaia foram realizadas coletas de concreto sendo que as amostras foram então
enviadas ao Laboratório de Análises Ambientais do Isam - PUC/PR, para determinação de pH,
cuja metodologia encontra-se em KIEHL (1985).
A estação de tratamento de esgotos do conjunto habitacional Moradias São João Del Rey II é
constituída por uma grade, um desarenador, uma calha Parshall (W=6") comercial e um reator
anaeróbio de fluxo ascendente módulo IX-Tipo. Cumpre citar que o Ralf possui separação das
câmaras de digestão e decantação (parede defletora) em lonil. A aplicação do esgoto bruto no
fundo se dá por múltiplos tubos distribuidores (Figura 1). O reator está em operação há nove
anos e na sua construção foi utilizada argamassa e concreto "normais", sem nenhum
tratamento de superfície para que a corrosão fosse evitada.
· Ralf Padilha
· Ralf Itatiaia
Resultados e discussões
Deu-se ênfase ao Ralf São João Del Rey II, por ser objeto de estudos recentes, e ao Ralf
Itatiaia, que por ser de concepção antiga já sofreu algumas conseqüências claras e facilmente
visíveis da desagregação, fator este que motivou uma coleta de amostras de concreto nos
pontos onde a agressão provocada pelos ácidos foi considerada crítica. No Ralf Padilha deu-se
menor ênfase, pelo fato de apresentar as mesmas carcterísticas de operação e projeto similar
ao Ralf São João Del Rey II.
Os resultados podem ser melhor expressos por meio de ilustrações que foram obtidas durante a
visita aos Ralfs.
A figura 4 refere-se ao Ralf Padilha, de operação e projeto similar ao Ralf São João Del Rey II .
Os problemas detectados neste Ralf são semelhantes.
A figura 5 refere-se à caixa de inspeção, em concreto, do esgoto efluente do Ralf Itatiaia. Neste
reator o ataque pelo ácido sulfúrico é de fácil visualização. A caixa é fechada e o esgoto
apresenta alta turbulência com grande liberação de H2S. As bactérias então agem na formação
de ácido sulfúrico, provocando o estufamento e esfarelamento de grandes pedaços de concreto.
Pode-se observar ainda grumos amarelos de enxofre elementar.
Devido à grande corrosão verificada junto ao Ralf Itatiai e face à incerteza de sua origem,
foram então realizadas coletas de concreto para determinação de pH em laboratório e os
resultados mostraram-se novamente surpreendentes, como mostra a tabela 1.
Uma das soluções que pode ser apontadas para tal caso, é a pintura dos reatores com borracha
clorada ou epóxi betuminosa, que se constitui numa barreira química para superfícies de
concreto expostas em ambientes de média a alta agressividade, desta forma impedindo a ação
do ácido sulfúrico sobre as paredes de concreto. Estas pinturas devem ser altamente resistentes
à passagem de gases, visando impedir a formação de ácido sulfúrico sob a película aplicada,
bem como resistir ao ataque ácido concentrado, diminuindo a destruição gradativa do concreto,
ou progressiva ao atingir-se a armadura.
Referências
Fortunato, C.M.; Gomes, C. S.; Andreoli et al. Monitoramento de Reatores Anae-róbios tipo Ralf.
In: _____. Agres-sividade de Sulfetos ao Concreto dos Ralf’s. Curitiba, Isam/ PUCPR,
1998. Relatório técnico, n. 5.
Kiehl, E. J. Análise de Fertilizantes Orgâ-nicos. In: Fertilizantes Orgânicos. São Paulo, Ceres,
1985. p. 407- 459.Li-bório, J. B. L. A argamassa armada como tecnologia alternativa na
construção de biodigestores Anaeróbios. In: SEMI-NÁRIO INTERNACIONAL DE DESEN-VOLVI-
MENTO DE REATORES ANAERÓ-BIOS PARA TRATAMENTO DE ÁGUAS RESI-DUÁRIAS. São
Carlos, 1990. Anais... São Carlos, SP. EESC/USP, 1990
Agradecimentos
de Esgotos Sanitários", ocorrido por meio das financiadoras Finep, CNPq, RHAE e CEF. À
Sanepar pelas facilidades oferecidas para
Autores
acadêmico de Engenharia de
Alimentos da PUC-PR,
bolsista IC/CNPq
professor da UFPR
pesquisadora do Isam/PUC/PR
Isam/PUC/PR,
professor da UFPR.