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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE GAZA

DIVISÃO DE AGRICULTURA

CURSO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA AGRÍCOLA E ÁGUA RURAL

PROTOCOLO DE MONOGRAFIA

AVALIAÇÃO DA DEPLEÇAO DO CLORO NO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE


ÁGUA DE COMBOMUNE-ESTAҪÃO E COMBOMUNE-RIO

Autor: Ozias Simião Mandlaze

Tutor: Prof. Doutor. Mário Tauzene Afonso Matangue

Co-tutor: Eng. Algardás Damião Mabunda

Lionde, aos 12 de Abril 2023


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE GAZA

Protocolo de investigação sobre “Avaliação da depleção do cloro no Sistema de Abastecimento


de Água de Combomune-Estaҫão e Combomune-Rio” apresentado ao curso de Engenharia
Hidráulica Agrícola e Água Rural na Faculdade de Agricultura do Instituto Superior Politécnico
de Gaza, como requisito para o início de actividades de investigação no âmbito do trabalho de
culminação do curso em forma de monografia científica.

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(Autor: Ozias Simião Mandlaze)

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(Supervisor: PhD. Mário Tauzene Afonso Matangue)

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(Co-tutor: Eng. Algardás Damião Mabunda)

Lionde,…..de………de 2023

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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE GAZA

Declaração

Declaro por minha honra que este Protocolo de Trabalho de Culminação do Curso é resultado da
minha investigação pessoal e da orientação do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas
as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para propósito
semelhante ou obtenção de qualquer grau académico.

Lionde,….. de….…….de 2023

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(Ozias Simião Mandlaze)

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1. INTRODUÇÃO

A água é um recurso natural renovável, escasso e imprescindível à vida humana, cuja


disponibilidade, em quantidade e em qualidade, exige a aplicação de elevados investimentos em
infraestruturas, quer para satisfazer a procura de água no espaço geográfico e no tempo, quer
para manter o meio hídrico em condições adequadas de equilíbrio ambiental, como também para
garantir um abastecimento fiável (Alves e Pinto, 2004). Neste contexto a gestão do
abastecimento de água, a qualidade do serviço de distribuição de água e o uso racional dos
recursos hídricos tornam-se cada vez mais importantes. Contribui para sistemas de distribuição
de água mais eficientes para minimizar as perdas, detetar os pontos deficientes da rede, bem
como, garantir uma melhor qualidade da água que é distribuída à população (Vieira, 2013).

Os sistemas de abastecimento de água têm por objectivo a prestação de um serviço público


fundamental para a saúde e o bem-estar das populações, que consiste em satisfazer as
necessidades das comunidades em termos de fornecimento de água (Sousa, 2009). São um
conjunto de recursos (humanos, materiais, financeiros, equipamentos, etc.) que devem ser
utilizados eficientemente, de modo a garantirem a sua maximização da sua utilidade pelos
consumidores (Alegre et al, 2005). Cabe às entidades gestoras a procura de soluções em termos
tecnológicos, de eficiência socioeconómica, técnica e ambiental, para um bom desempenho no
que diz respeito à gestão da água (Uandela, 2012). A gestão de um sistema de abastecimento de
água para consumo humano requer um conhecimento profundo de toda a sua dinâmica desde a
origem até à torneira do consumidor. Para tal é necessário que estejam definidos padrões de
quantidade e qualidade consistentes e que sejam implementados mecanismos de verificação dos
parâmetros que reproduzem os padrões essenciais e que conduzem ao estado de excelência de
gestão(Vieira, 2013).

A pressão da água e a concentração de cloro residual são duas das variáveis que definem a
qualidade do serviço de distribuição de água. A importância do controlo destas duas variáveis é
muito significativa: em relação à pressão por esta ter um papel fundamental no controlo das
perdas de água e na proteção contra contaminações exteriores, e em relação ao cloro o seu papel
é fundamental por assegurar a qualidade microbiológica da água para consumo humano. Tanto a

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pressão como a concentração em cloro residual devem ser monitorizadas em pontos-chave da
rede para controlo operacional (Vieira, 2013).

A finalidade do cloro residual é limitar a presença de microrganismos patogénicos, que podem


ser introduzidos acidentalmente no sistema por ruturas ou fissuras nas tubagens, ou também que
se podem desprender do biofilmes (bactérias) das paredes da tubagem. Como o cloro é um
elemento não conservativo, a sua concentração diminui ao longo do percurso conforme as
condições encontradas nos reservatórios e nas redes (Salgado, 2008). Os pontos críticos das
redes são os troços das extremidades onde o cloro residual livre pode ser nulo. Para garantir a
manutenção de cloro residual livre até os pontos mais distantes do sistema de distribuição,
normalmente, aumentam-se as dosagens de cloro nas estações de tratamento de água (Clarke et
al, 1995). Por outro lado, essa estratégia pode resultar em problemas relacionados com sabor e
odor, principalmente nas áreas de influência mais próxima do tratamento de água (Rouhiainen et
al, 2003).

O decaimento do cloro ao longo das tubagens da rede de distribuição resulta do efeito conjunto
das reações que ocorrem nas paredes da tubagem e no seio do escoamento. Como as redes de
distribuição de água são infraestruturas que têm a particularidade de estar, na sua maioria,
enterradas no solo, existe a dificuldade na inspeção de grande parte das suas componentes tanto
no tempo como no espaço geográfico face à complexidade das redes, ao número de pontos de
consumo e à variabilidade destes. A Entidade Gestora ou os utilizadores podem aperceber-se que
algo não está bem através de factores como a falta de pressão, a falta de água, elevados volumes
de perdas, aparecimento de água à superfície do solo, coloração ou turvação da água (Coelho et
al, 2006).

A utilização de modelos de simulação na área de abastecimento de água são a ajuda técnica


valiosa para avaliar qualquer desempenho hidráulico quer a qualidade da água, na medida em
que permite estudar diferentes cenários alternativos de consumos ou de condições operacionais
(Araújo, 2006).

Este trabalho objectiva-se avaliação da depleção do cloro no Sistema de Abastecimento de Água


de Combomune-Estaҫão e Combomune-Rio, que é muito útil em pesquisas e diagnósticos
voltados para o sector de tratamento e abastecimento de água. E tem como grande importância
na determinação de concentração de cloro no centro Distribuidor, Combomune-Estaҫão e

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Combomune-Rio, ao longo do sistema de abastecimento e para se proceder ao modelo da
avaliação da qualidade da água e do desempenho hidráulico da rede de abastecimento de água do
Sistema de Abastecimento de Água utilizara-se o programa de simulação EPANET durante a
operação.

1.1. Objectivo
1.1.1. Geral:
 Avaliar a depleção do cloro no Sistema de Abastecimento de Água de Combomune-Estaҫão
e Combomune-Rio.
1.1.2. Específicos:
 Determinar a concentração de cloro no centro Distribuidor, Combomune-Estaҫão e
Combomune-Rio;
 Determinar a concentração de cloro ao longo do sistema de abastecimento;
 Proceder com a recurso simulação da pressão e cloro residual na rede com ao EPANET.

1.2. Problema e Justificativo

Muitos sistemas de abastecimento de água são usados para abastecer várias comunidades
distintas e uma das comunidades estão, mas próximas do sistema e outras muito distante do
sistema. Sendo que o sistema de cloração é realizado no centro distribuidor ou no mesmo ponto
para abastecer as comunidades distantes. Contudo pode prejudicar a saúde da população, mas
próxima ou distante do sistema, devido o índice de cloro porque não será o mesmo em todos
pontos, nos pontos mais próxima pode haver excesso e distantes falta ou défice do cloro o que
pode chegar a prejudicar a saúde dos beneficiários e depleção de cloro no sistema de
abastecimento de água de Combomune-Estaҫão e Combomune-Rio não é conhecida facto que
pode constitui problema no que tange a saúde publica, agravando-se por ter grupo alvo
comunidades rurais que de certa forma estão acostumadas em consumir água não tratada.

O cloro é uma substância usado para eliminar ou impedir que as bactérias, vírus, e protozoários
causadores de doenças surjam e se multipliquem no percurso de estação de tratamento até as
residências. E água não tratada pode causar doenças hídricas como: diarreia, cólera e bilhárzia
(esquistossomose) e a presença excessiva de cloro no organismo pode levar a problemas

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relacionados a tireoide, além de afetar diretamente o sistema nervoso, o fígado e os rins. A longo
prazo, pode até mesmo levar a um câncer, se o uso não for interrompido. Por isso é importante
que utilizamos somente água tratada que esteja dentro de parâmetros estabelecido pelas as leis de
água e OMS para consumo humano e fazer um bom uso quanto aos hábitos higiénicos pessoais e
na manipulação e no preparo de alimentos.

Visto que muitos sistemas de tratamento de água apresentam sérios problemas no fornecimento
de nesse componente de controle de índice de cloro nos a ser abastecidos causando a
multiplicação de bactérias, vírus e protozoários nos pontos de abastecimentos ou ao longo da
rede de distribuição e que a prejudicar a saúde os consumidores através de défice ou excesso de
cloro. Contudo há necessidade de se fazer o estudo de índice de cloro em pontos abastecidos pelo
sistema para que não chega a prejudicar a saúde dos consumidores, mas próxima do sistema
assim distantes de modo a garantir a boa saúde ou prevenção de doenças hídricas e melhorar a
qualidade de água para os consumidores. É necessário se fazer correção ou criar pontos
estratégicos de correção de cloro nos pontos onde a falta com que não prejudica os consumidores
mais próximos do sistema. O cloro deve ser consumido dentro dos parâmetros o excesso assim a
falta prejudica a saúde humana.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. História da água potável

Nos tempos passados, quando as pessoas consumiam a água sem nenhum tipo de prétratamento,
havia muitas doenças relacionadas ao consumo da água. E com o passar do tempo, com o uso de
ferver a água (após a descoberta do fogo), perceberam que as doenças hídricas foram sendo
reduzidas. Desta forma muitos métodos de tratamento da água foram sendo utilizadas no
decorrer dos anos. Métodos que incluem a fervura da água sobre o fogo, aquecimento da água
sob o sol, imersão do ferro aquecido na água, filtração por cascalho e areia. Após algum tempo,
Hipócrates desenvolveu um equipamento cujo objetivo, era filtrar a água. Denominado de
“Manga de hipócrates” no qual era constituído por uma bolsa de pano que tinha a finalidade de
filtrar a água da chuva (APEC WATER, 2020).

Com o surgimento de métodos para tornar a água livre de qualquer microrganismo ou


contaminação, a cloração é um dos métodos mais simples pois a técnica é de baixo custo e de
grande eficácia, se tornando desta forma muito confiável (Rodrigues et al., 2019).

O cloro foi descoberto em 1774, por Carl Wilhelm Scheele, quando ele fazia experiências com
ácido muriático e dióxido de manganês. Em 1930, o cloro era considerado um simples
subproduto da fabricação eletrolítica da soda cáustica. E com a segunda guerra mundial, o seu
consumo sofreu um grande aumento até chegar no subproduto de desinfecção de água conhecido
atualmente (LOURENÇÃO, 2009). Foi somente a partir do século 19, que a qualidade da água,
se tornou algo claro, em relação ao impacto sobre a saúde humana. Pois em meados do século, os
superiores municipais de Londres perceberam que as mortes por cólera diminuíram depois que
sistemas de tratamento de água foram instalados (Lira et al., 2021).

2.2. Sistemas de Distribuição de Água

Uma rede geral de distribuição de água pode ser definida como um sistema de tubagens e
elementos acessórios instalados na via pública, em terrenos da entidade distribuidora ou em
outros sob concessão especial, cuja utilização interessa ao serviço público de abastecimento de
água potável (Mazzuco 2018).

A partir desta rede geral são alimentados, os diversos edifícios ou instalações a servir por meio
de ramais de ligação, que se definem como a tubagem que assegura o abastecimento predial de

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água, desde a rede pública até ao limite da propriedade a servir, em boas condições de caudal e
pressão. São de igual forma servidos, a partir das redes gerais de distribuição de água as bocas de
incêndio e marcos de água, os fontenários e outros pontos de utilização de água (Vieira, 2013).

São de igual forma servidos, a partir das redes gerais de distribuição de água as bocas de
incêndio e marcos de água, os fontenários e outros pontos de utilização de água.

No que diz respeito à sua configuração as redes de distribuição de água podem classificar-se em:

 Redes Malhadas: em que as condutas se fecham sobre si mesmas constituindo malhas,


definidas como um conjunto de tubagens que formam um circuito fechado;
 Redes ramificadas: em que há uma conduta principal longitudinal que se ramifica para ambos
os lados;
 Redes mistas: que correspondem à conjunção, numa mesma rede de distribuição de água, das
duas configurações anteriores.

Sob o ponto de vista hidráulico, nas redes de distribuição de água malhadas, o escoamento é
bidirecional, enquanto que nas redes ramificadas é, normalmente unidirecional, salvo se existir
mais do que um ponto de alimentação do sistema (reservatório ou estação elevatória). Nas redes
mistas, o escoamento é, simultaneamente, bidirecional e unidirecional (Sousa 2001).

As vantagens de uma rede de distribuição malhada podem ser resumidas ao seguinte:

 Pelo facto de o escoamento ser bidirecional, para se atingir um dado ponto, existem percursos
alternativos;
 No caso de avaria numa tubagem (por exemplo, pela ocorrência de uma rotura), é possível
isolar uma determinada zona da rede de distribuição de água, através do fechamento de um
conjunto de válvulas de seccionamento, sem que os restantes consumidores sejam afetados
no normal fornecimento, o que lhe confere maior fiabilidade;
 Quando ocorrem grandes flutuações de consumo na rede de distribuição, os efeitos, em
termos de pressão, são pouco significativos.

No entanto, apresenta as seguintes desvantagens:

 Exigem custos de investimento superiores, uma vez que requerem uma maior quantidade de
tubagens e de órgãos acessórios;

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 O cálculo para a determinação das condições de equilíbrio é mais complexo do que nas redes
ramificadas.

Em contrapartida, de entre as vantagens de uma rede de distribuição ramificada podem salientar-


se as seguintes:

 Exigem menores custos de investimento, uma vez que requerem uma menor quantidade de
tubagens e de órgãos acessórios;
 Os diâmetros das tubagens são mais económicos;
 O cálculo para a determinação das condições de funcionamento hidráulico é mais simples do
que nas redes malhadas, podendo dizer-se que é um problema trivial de hidráulica.

No entanto, uma rede de distribuição ramificada apresenta as seguintes desvantagens:

 Pelo facto de o escoamento ser unidirecional, no caso de avaria numa tubagem (por exemplo,
pela ocorrência de uma rotura), são menores as condições de fiabilidade, uma vez que
qualquer avaria numa conduta interrompe todo o fornecimento de água a jusante;
 Quando ocorrem aumentos ou se verificam flutuações de consumo na rede de distribuição, os
efeitos para jusante, em termos de pressão, são significativos;
 Os troços, nos pontos terminais da rede de distribuição, têm tendência a acumular
sedimentos, devido às baixas velocidades de escoamento.

A distribuição de água potável a um aglomerado populacional pode ser feita por uma só rede
geral ou por várias. A solução a adotar depende das características do aglomerado a abastecer,
sendo necessário proceder a um estudo cuidadoso das mesmas.

Assim, a existência de um aglomerado de certa dimensão, em que haja diferenciação nítida de


zonas altimétricas, é aconselhado que se considere uma rede de distribuição de água para cada
zona altimétrica, designando-se por distribuição por andares.

Este critério apresenta grandes vantagens, pois a existência duma rede única obrigaria a uma
elevação, do caudal total máximo, a uma altura correspondente à zona mais alta. Deste modo,
não só haveria um gasto inútil de energia de bombagem, como ocorreriam elevadas pressões nas
zonas baixas. Esta situação obrigaria à instalação de dispositivos de utilização mais resistentes e

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à implantação de tubagens da rede de distribuição de classes ou pressões de serviço maiores, o
que aumentaria o custo total da mesma.

2.2.1. Conceito de Sistemas de Abastecimento e tratamento de água

O aumento da densidade demográfica em uma comunidade, faz com que a solução mais viável e
eficiente seja a implementação de um sistema público de abastecimento de água, cuja o
procedimento sanitário e a solução coletiva sejam a mais indicada devido ser a mais eficiente em
relação ao controle de mananciais e da qualidade da água distribuída a população (Gomes, 2019).

Assim a prestação de serviço do saneamento básico é feita pelos estados ou municípios no qual
compreendem as atividades de abastecimento de água, tratamento de esgoto entre outras
atividades cujo estão regulamentados pela Política Nacional de Saneamento pela lei nº
11.445/2007 (Ana, 2020).

Os serviços de águas destinam-se à prestação de serviços públicos na sua comunidade,


nomeadamente, no abastecimento de água em quantidade e qualidade certa aos beneficiários(..).

A água captada para consumo humano, vem principalmente de fontes como mananciais de
superfícies como rios e reservatórios. Dessa maneira é possível que as mesmas tenham presente
microrganismos que eventualmente podem ser maléficos para a saúde (Lira et al., 2021).

Como pode ser observado na Figura 2, os sistemas de abastecimento público de água incluem

habitualmente:

 Fonte ou Fontes de Captação: estrutura que permite obter um determinado volume de água
bruta, e que de acordo com a origem, se distinguem em nascentes, furos, lagoas e albufeiras.
Tem também como finalidade a obtenção de água de forma contínua e duradoura em
quantidade compatível com as necessidades;
 Sistema de Adução: tem como função o transporte da água, da fonte de captação até aos
reservatórios por intermédio de tubagens;
 Sistemas de Tratamento de Água: tem por objectivo o procedimento das correções
necessárias para que as características físicas, químicas e microbiológicas da água tratada a
jusante da adução, sejam a de uma água própria para consumo.

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Tratamento de Água é um longo processo de transformação pelo qual a água passa, até chegar
em condições de uso para abastecer a população, independente da função que ela terá. Assim,
depois de captada nos rios barragens ou poços, a água é levada para a estação de tratamento,
onde passa por várias etapas, que será mais complexo dependendo das impurezas existentes na
água (..).

 Reservatórios: tem como função o armazenamento da água para atender a diversos


propósitos, como a variação de consumo e a manutenção da pressão mínima na rede de
distribuição.

Conforme a Figura 1, os reservatórios podem assumir diferentes formas em função de sua


posição no terreno (apoiado, elevado, semi-enterrado, enterrado). Além das diferentes formas
com relação à posição no terreno, os reservatórios podem ser de montante ou de jusante, de
acordo com a posição em relação à rede de distribuição de água (Silva, 2020).

Fig. 1. Posições dos reservatórios em relação ao terreno (Silva, 2020).

A NBR 5626:1998 determina que os reservatórios de água potável devem manter o padrão de
potabilidade da água, não devendo transmitir sabor, cor, odor ou toxicidades que dele são
atribuídas (Silva, 2020).

As diretrizes de projeto dos reservatórios devem sempre ter como objetivo a formação de uma
mistura homogênea dentro do reservatório, buscando o menor tempo possível de retenção
hidráulica em seu interior (RIBEIRO, 2018)

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 Sistemas de Distribuição: rede de tubagens que estabelece ligação, para o transporte de
água, do reservatório até ao consumido.

Fig. 2. Principais elementos dos sistemas de abastecimento de água (Vieira, 2013).

Os sistemas de abastecimento de água têm como função básica obter água de uma origem, tratá-
la até uma qualidade aceitável e entregá-la ao consumidor na quantidade desejada e no tempo e
local solicitado. O mesmo autor refere ainda que os sistemas de abastecimento integram seis
componentes funcionais principais: captação da origem; adução de água bruta; armazenamento
de água bruta; tratamento; armazenamento de água tratada e distribuição ao consumidor. Quando
a água é armazenada a um nível (cota) superior à distribuição permite um menor gasto ao
consumo energético, uma vez que a distribuição é feita por gravidade (..).

O grande objectivo de qualquer entidade gestora de sistema é ter o mínimo custo possível na
execução das operações (captação, tratamento, adução e distribuição) de modo a que a água
produzida tenha associado o menor custo possível. Logo, é muito importante evitar as perdas de
água que possam ocorrer por mau funcionamento das infraestruturas do sistema ou por consumos
clandestinos. O bom funcionamento de qualquer sistema de distribuição de água pressupõe que
os consumidores tenham continuamente à sua disposição, nos locais de consumo, água potável
em quantidade suficiente, à pressão adequada e com o menor custo possível (..).

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Garantir que o sistema de abastecimento de água seja capaz de desempenhar adequadamente a
sua missão sob as mais variadas condições operacionais, em particular aquelas que sejam
expectáveis durante a sua vida útil.

O projeto clássico de execução de sistemas de abastecimento de água é baseado na minimização


de factores de custo restringida pela satisfação de algumas condições simples de natureza
hidráulica e, com menos incidência, de qualidade de água. Posteriormente, durante a exploração
do sistema, procede-se a acções localizadas, tais como o controlo de perdas ou a otimização de
operação, sendo provavelmente tratadas sem grande perceção do restante desempenho do sistema
(Lira et al., 2021).

O abastecimento público de água destinado ao consumo humano é constituído por um conjunto


de obras civis, materiais e equipamentos, no qual é designado a produção e a distribuição pela
encanação de água potável para populações, sob a responsabilidade do poder público (Gomes,
2019).

2.3. Desinfecção

Os sistemas de tratamento de água possuem diversas etapas. A parte da desinfecção é


responsável por garantir que a água esteja livre de microrganismos que normalmente são
encontrados nas bacias de captação. É justamente nesse momento que o cloro se torna essencial.
A cloração é o método mais antigo e mais amplamente utilizado devido a sua disponibilidade,
baixo custo e eficácia (Sousa, 2009).

2.3.1. O cloro

Atualmente cerca de 80% de todos as doenças que ocorrem nos países de terceiro mundo, estão
correlacionados a água. Para o controle dessas patologias, diversas substâncias químicas são
utilizadas no tratamento da água, sendo o cloro o mais usado mundialmente. De acordo com
alguns documentos históricos, retratam que a cloração possibilitou a redução de casos de cólera,
disenteria em todo o mundo. O cloro é o segundo elemento do grupo 17 da tabela periódica, no
qual se encontra no grupo dos halogênios. Ocorre no estado livre na sua forma de molécula
diatômica Cl2, que não é encontrada na natureza (De, 2016).

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Potabilização das águas naturais para fins de abastecimento público tem como principal função
adequar a água bruta afluente à estação ao padrão de potabilidade vigente estabelecido pela
Portaria de Consolidação PRC nº 05, de 28 de setembro de 2017, do Ministério da Saúde.

É um elemento que apresenta alta reatividade, além de ser um forte oxidante. Esse é o motivo
pelo qual ele reage com inúmeras substâncias orgânicas e inorgânicas presentes na água,
eliminando microorganismos causadores de doenças como febre tifóide e cólera, por exemplo.
Contudo, para que isso ocorra é preciso que a dosagem de cloro seja compatível com a
quantidade de impurezas que a água carrega (De, 2016).

Os principais produtos da família do cloro disponíveis no mercado para realizar a desinfecção da


água são:

 Cloro gasoso;
 Cal clorada;
 Hipoclorito de sódio;
 Hipoclorito de cálcio.

A escolha do processo de desinfecção é responsabilidade do gestor do abastecimento, que deverá


escolher de tal modo que o processo seja econômico, eficaz, confiável e permanente

2.3.2. Dosagem ideal de cloro

O problema é que mesmo dentro da mesma bacia de captação é possível encontrar água com
diferentes níveis de contaminação. Para evitar a chegada de líquido contaminado às torneiras, as
empresas responsáveis pelo tratamento de água acabam por vezes utilizando quantidades de
cloro maiores do que o necessário (..).

Contudo, esta estratégia pode resultar em problemas como sabor e odor desagradáveis, além da
possibilidade de formação de subprodutos tóxicos que comprometem a segurança do consumo da
água. E o problema é ainda maior quando as residências ficam próximas à estação de tratamento,
uma vez que o elemento químico não dilui o suficiente durante o trajecto pelo encanamento ().

2.3.3. Perigos do cloro para saúde

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Não podemos dizer que os riscos do cloro para a saúde do ser humano são uma novidade.
Durante a primeira guerra mundial, realizada entre os anos de 1914 e 1918, o elemento foi
utilizado com arma no campo de batalha. Durante um combate na Bélgica, os soldados alemães
estavam encurralados pelo exército francês, quando um avião germânico despejou o químico em
forma de gás no meio da trincheira inimiga. Boa parte dos franceses presentes no local morreram
sufocados.

Ou seja: há mais de um século se sabe que o cloro pode gerar efeitos devastadores aos seres
humanos, sendo responsável por ressecar e irritar as vias respiratórias, forçando um edema
pulmonar que pode levar à morte por sufocamento (..).

Conforme falamos anteriormente, o consumo de cloro é visto pela Organização Mundial de


Saúde como importante no tratamento de água, desde que em volumes considerados seguros.

O uso do cloro é acentuado devido ao distanciamento das unidades operacionais do sistema de


abastecimento em comparação ao centro de consumo. Acarretando nos sistemas de distribuição
de água mal projetados e operados, causando um risco a saúde de toda a população, propicio ao
rápido consumo do residual de cloro (LEAL, 2012).

De acordo com as normas apresentados pela Organização Mundial de Saúde, a manutenção de


cloro no mínimo 0,2 mg/L de cloro ou 2 mg/L de cloro residual combinado, em toda a extensão
do sistema de distribuição. Para o atendimento do residual mínimo em toda a rede, muitos
operadores aplicam doses elevadas de cloro, frequentemente de modo intuitivo, implicando na
possibilidade de formação de subprodutos prejudiciais à saúde (Leal, 2012).

2.3.4. Riscos relacionados ao excesso de cloro

A ingestão de cloro diluído na água, seja ela consumida em temperatura normal ou quente, pode
aumentar o risco de diversos problemas de saúde a médio e longo prazos (..).

Apenas para exemplificar, citamos as principais consequências do consumo excessivo desse


composto químico:

 Aumento da adesão de colesterol na parede das artérias, resultando em maior risco de


doenças cardiovasculares;

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 Risco elevado de desenvolvimento de cânceres na região dos rins, bexiga e outras vias
urinárias;

 Maior risco de desenvolvimento de bronquite e asma, causados pela inalação excessiva de


vapor de cloro em banhos e águas quentes;

 Irritações de pele e queda na qualidade dos fios de cabelos e unhas;

 Irritação respiratória grave;

 Desenvolvimento de eczema, uma doença de pele caracterizada por coceiras, ressecamento e


elevação de temperatura da pele;

 Risco de desenvolver problemas na produção de hormônios tireoidianos;

 Queimaduras na boca, garganta, esôfago e estômago, caso volume ingerido de água quente
com cloro seja alta;

 Maior sensação de náuseas e indigestão.

2.4. Decaimento de cloro em sistemas de distribuição de água

O cloro é uma substância não conservativa, com alto poder reativo. Quando é adicionado à água,
reage com materiais ou partículas dissolvidas, e a sua concentração diminui ao longo do tempo.
Este fato é influenciado por diversos fatores físico-químicos do fluido, como temperatura, pH,
velocidade de escoamento e concentração de substâncias reativas ao cloro, além dos elementos
do sistema de distribuição, como o diâmetro da tubulação, material constituinte, idade do
sistema, entre outros, conforme ilustrado na Figura 3 (..).

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Fig.3. Reações do cloro nas paredes das tubulações (..).

O decaimento do cloro pode ocasionar efeitos indesejáveis, como a aplicação de altas dosagens
na entrada do sistema de distribuição com o intuito de atender o valor mínimo exigido de cloro
residual livre nas pontas da rede, podendo ocasionar a formação de subprodutos que são
prejudiciais à saúde humana, como os trialometanos. O decaimento do cloro é definido por duas
fases, sendo uma fase inicial com alta velocidade de decaimento, seguida por uma segunda fase
com uma taxa de decaimento mais lenta (Fisher et al., 2011).

Os três fatores que mais influenciam na demanda de cloro são devido às reações com compostos
orgânicos e inorgânicos no corpo do escoamento; devido a reações com o biofilme na parede da
tubulação; e pelo processo de corrosão (Pierezan 2009), conforme ilustrado na Figura 4.

Fig.4. Reações que contribuem para o decaimento do cloro residual (Pierezan 2009).

No seio líquido da água a velocidade do decaimento depende da temperatura da água, pH e


concentrações dos reagentes envolvidos. Durante o escoamento, o cloro reage com espécies
inorgânicas presentes na água tratada facilmente oxidáveis como amoníaco, ferro, manganês,
sulfuretos, nitritos, cianetos, e com compostos orgânicos menos reativos, como aminoácidos e
proteínas (Junqueira, 2010).

Na parede da tubulação, a interação ocorre entre o cloro e o material da tubulação, depósitos e


biofilme, que é definido como uma mistura complexa de microrganismos e materiais inorgânicos
acumulados entre uma matriz orgânica aderida à superfície interna do sistema de distribuição.
Este decaimento é influenciado diretamente pelas características da tubulação, como material
constituinte, revestimento interno, idade, rugosidade, diâmetro e presença de biomassa
depositada (Pierezan (2009)).

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2.5. Modelos de Simulação

Os modelos de simulação são ferramentas que permitem, com uma margem de erro estimável,
analisar e prever o comportamento hidráulico e de parâmetros de qualidade de água do sistema a
partir das características dos seus componentes, da sua forma de operação e dos consumos
solicitados. Os modelos permitem assim a rápida e eficaz realização de análises de sensibilidade
e a simulação de cenários variados, com suficiente aproximação, sem ser necessário interferir
com o sistema em causa ou arriscá-lo a modos de operação desconhecidos. Os instrumentos
computacionais são utilizados no campo do projeto e do diagnóstico de funcionamento de
sistemas de transporte e distribuição de água, constituindo um complemento importante ao
discernimento e experiência dos técnicos envolvidos (Coelho e tal., 2006).

A simulação do comportamento do sistema pode ser utilizada para prever a sua resposta face a
gamas alargadas de condições operacionais e ambientais. Os problemas podem assim ser
antecipados e as soluções avaliadas antes de os investimentos serem realizadas (Coelho e tal.,
2006).

A aplicação de modelos matemáticos no saneamento básico está bastante divulgada e


desenvolve-se rapidamente. Existem aplicativos para a simulação hidráulica como, por exemplo,
WaterCAD desenvolvido pela Haestad Methods, que em Agosto de 2004, fundiu-se a Bentley
Systems, e o EPANET da U.S. Environmental Protection Agency2 (EPA). Estes oferecem aos
profissionais uma maior rapidez na execução dos modelos e análise com maior nível de detalhe
(..).

O WaterCAD é um programa fácil de usar, que ajuda os engenheiros a projetar uma analise
complexa dos sistemas de distribuição com tubagens sob pressão. Possui uma boa relação gráfica
do WaterCAD (ambos na categoria Stand-Alone e Modo AutoCAD) o que torna mais fácil a
colocação rápida de uma rede complexa de tubagens, reservatórios, bombas e mais (Haestad
Methods, 2003).

Um dos simuladores mais atrativos para as entidades gestoras, consultores, investigadores


académicos, estudantes portugueses e escolhido para modelação da presente tese é o EPANET
2.0. Trata-se de um simulador amplamente testado e credível, que beneficia há cerca de uma
década de uma alargada comunidade de utilizadores em todo o mundo, fruto de uma filosofia

19
transparente de distribuição gratuita tanto do programa como do seu código computacional
(Loureiro e Coelho, 2004).

2.5.1. Caracterização do EPANET 2.0

EPANET é um programa de computador que permite executar simulações estáticas e dinâmicas


do comportamento hidráulico e de qualidade de água de sistemas de distribuição em pressão. A
simulação estática permite reproduzir as características do sistema simulado para um dado
cenário de consumos, como se deles fornecessem uma fotografia. Em complemento desta, a
simulação dinâmica é utilizada em sistemas de distribuição de água, quando é efetuada uma
simulação da evolução do sistema ao longo do tempo, através de uma sequência de equilíbrio
hidráulico obtida para sucessivos instantes. Este programa permite obter os valores do caudal em
cada tubagem, da pressão em cada nó, da altura de água em cada reservatório de nível variável e
da concentração de espécies químicas através da rede durante o período de simulação,
subdividido em múltiplos passos de cálculo (Loureiro e Coelho, 2004).

O EPANET foi concebido para ser uma ferramenta de apoio à análise de sistemas de
distribuição, melhorando o conhecimento sobre o transporte e o destino dos constituintes da água
para consumo humano. Pode ser utilizado em diversas situações onde seja necessário efetuar
simulações de sistemas de distribuição. O estabelecimento de cenários de projeto (ex: expansão
de uma rede existente), a calibração de modelos hidráulicos, a análise do decaimento de cloro
residual e a avaliação dos consumos constituem alguns exemplos (..).

O EPANET pode ajudar a analisar alternativas estratégicas de gestão, de modo a melhorar a


qualidade da água através do sistema, através de, por exemplo:

 Alterações na utilização de origens de água num sistema com múltiplas origens;


 Alteração de esquemas de funcionamento de grupos elevatórios e enchimento/esvaziamento
de reservatórios de nível variável;
 Utilização de tratamento adicional, como seja a recloragem;
 E seleção de tubagens para limpeza e substituição.

O EPANET 2.0 apresenta ambiente gráfico integrado que permite:

 Editar os dados descritivos da rede e dos cenários a modelar;

20
 Executar simulações hidráulicas e de qualidade da água;
 Calibrar o modelo e visualizar os resultados em vários formatos.

Segundo os mesmos autores o EPANET 2.0 pode ser utilizado para:

 Desenvolver programas de amostragem ou planos estratégicos para o estudo da perda de


desinfetantes e formação de subprodutos;
 Realizar avaliações da exposição dos consumidores.
 Avaliar estratégias de aperfeiçoamento da qualidade de água, tais como a alteração da origem
das águas dentro de um sistema multi-fontes;
 Modificar horários de bombeamento e enchimento/esvaziamento de reservatórios para
redução de custos energéticos e tempos de percurso;
 Utilizar estações para intensificação da desinfeção em locais chave para manutenção dos
resíduos alvo;
 Planear programas com custo-benefício para limpeza e reposição das tubagens.

Este programa pode também ser utilizado no planeamento e aperfeiçoamento da performance de


um sistema hidráulico. O software é útil na colocação e dimensionamento de tubagens, bombas e
válvulas, minimização energética, análise de marcos de incêndio, estudos de vulnerabilidade e
instrução de operadores. Para a modelação é necessário criar um novo projeto que considera a
elaboração esquemática da rede de distribuição de água, designada por “Mapa da Rede”. Para a
elaboração deste projeto, o EPANET contém objetos físicos (Quadro 1), que podem ser
visualizados na janela do Mapa da Rede, e objetos não físicos (Quadro 2), que envolvem
informação relativa às condições de dimensionamento e operação (temas..).

Quadro 1- Objetos Físicos do modelo de simulação EPANET 2.0 (Loureiro e Coelho, 2004).

Objetos Definição Dados de entrada Resultados de Modelação

Pontos da rede onde os • Cota; •Carga hidráulica total


Nós troços se ligam entre si • Consumo; (nível de água no caso de
Junções e onde a água entra e • Qualidade inicial da RNF e RNV);
sai da rede. água. • Pressão (altura
piezométrica);

21
• Qualidade da água
Considerados como  Nível da Água;
nós especiais que  Qualidade
RNF representam um inicial da Água.
volume de
(-)
armazenamento de
água de capacidade
ilimitada e carga
hidráulica constante,
constitui assim,
origens ou sumidouros
de água externos à
rede.
Considerados nós • Cota de fundo (onde
especiais da rede que a altura da Água é
possuem uma zero);
capacidade de • Diâmetro;
RNV (-)
armazenamento • Altura da Água
limitada e podendo o mínima;
volume da água •Altura da Água
armazenado variar ao máxima;
longo da simulação. •Altura de Água
inicial para cenário a
simular;
• Qualidade de Água
inicial.
São troços que • Diâmetro; • Caudal;
transportam água entre •Comprimento; • Velocidade;
vários pontos da rede. •Coeficiente de • Perda de carga
O EPANET considera rugosidade 6 (cálculo
que o escoamento da perda de carga

22
Troço Tubagem ocorre em pressão em contínua);
s todas as tubagens, ao •Estado(aberto ou
longo da simulação. fechado);
São troços da rede que • Nó inicial e final;
transferem energia • Curva da Bomba
para o escoamento, (combinação de
Bomba aumentando a sua valores de carga (-)

carga hidráulica. hidráulica e caudal que


definem a curva de
funcionamentoto);
São troços que limitam • Nó inicial e final; • Caudal;
a pressão ou o caudal •Diâmetro; • Perda de Carga.
Válvulas num ponto particular •Estado (aberto ou
da rede. fechado).

Quadro 2 - Objetos não Físicos do modelo de simulação EPANET 2.0 (Loureiro e Coelho, 2004)

Objectos Definição
Curva da Bomba Representa uma relação entre altura de elevação e o caudal,
definindo as condições de funcionamento desta, para uma
velocidade de rotação nominal.
Curva de Rendimento Relaciona o rendimento do grupo com o caudal bombeado.
Curva
A curva é utilizada apenas para cálculos energéticos.
s
Curva de Volume Determina o modo como o volume de água armazenado num
reservatório de nível variável, varia com o nível de água
Curva de Perda de Utilizada para descrever a perda de carga através de uma
Carga válvula e função do caudal.
São constituídos por um conjunto de fatores multiplicativos
Padrões Temporais que podem ser aplicados ao valor de uma determinada
grandeza, de forma a traduzir a sua variação no tempo.
São um conjunto de instruções que estabelecem o modo

23
como a rede opera ao longo do tempo. Estes especificam o
Controlos estado dos troços selecionados em função do tempo, alturas
de água num reservatório de nível variável e valores de
pressão em pontos específicos da rede.

2.5.2. Capacidade de Modelação Hidráulica e Variáveis de Estado

O modelo de simulação hidráulica do EPANET calcula a carga hidráulica nos nós e o caudal nos
troços, para um conjunto fixo de níveis nos RNF, alturas nos RNV e consumos para uma
sucessão de pontos, ao longo do tempo. Em cada passo de cálculo, os níveis de água nos RNF e
os consumos nos nós são atualizados, de acordo com o padrão temporal que lhes está associado,
enquanto que a altura de água no RNV é atualizada em função do caudal de saída (Loureiro e
Coelho, 2004).

Uma rede completamente caracterizada (ou seja, incluindo todas as tubagens, sem
simplificações) e uma modelação fiável constituem pré-requisitos essenciais para a correta
modelação de qualidade de água (..).

O EPANET contém um conjunto de ferramentas de cálculo para apoio à simulação hidráulica,


de que se destacam como principais características:

 Dimensão (número de componente) da rede a analisar ilimitada;


 Cálculo da perda de carga utilizando as fórmulas de Hazen-Williams, Darcy-Weisbach ou
Chezy-Manning;
 Consideração das perdas de carga singulares em curvas, alargamentos, estreitamento, etc.;
 Modelação de bombas de velocidade constante ou variável;
 Cálculo de energia de bombeamento e do respetivo custo;
 Modelação dos principais tipos de válvulas, incluindo válvulas de seccionamento, de
retenção, reguladoras de pressão e de caudal;
 Modelação de reservatórios de armazenamento e de nível variável de formas diversas,
através de curvas de volume em função da altura de água;
 Múltiplas categorias de consumo nos nós, cada uma com um padrão próprio de variação no
tempo;

24
 Modelação da relação entre pressão e caudal efluente de dispositivos emissores (ex.:
aspersores de rega, ou consumos dependentes da pressão);
 Possibilidade de basear as condições de operação do sistema em controlos simples,
dependentes de uma só condição (ex.: altura de água num reservatório de nível variável,
tempo), ou em controlos com condições múltiplas.

2.5.3. Capacidade de Modelação da Qualidade da Água e Variáveis de Estado

Para além da modelação hidráulica, o EPANET também fornece o modelo de simulação de


qualidade da água que é um modelo para seguir o destino dos segmentos, à medida que estes se
deslocam nas tubagens e se misturam nos nós, entre passos de cálculo com comprimento fixo. Os
passos de qualidade de água são tipicamente menores do que os passos de cálculo hidráulico
(ex.: minutos em vez de horas) para ter em conta os pequenos tempos de percurso que possam
ocorrer no interior das tubagens (Vieira, 2013).

Seguem-se as seguintes possibilidades fornecidas pelo EPANET relativamente à modelação da


qualidade da água:

 Modelação do transporte de um constituinte não reativo (ex.: um traçador) através da rede ao


longo do tempo;
 Modelação do transporte, mistura e transformação de um constituinte reativo, à medida que
este sofre decaimento (ex.: cloro residual) ou crescimento (ex.: um subproduto da desinfeção)
com o tempo;
 Modelação do tempo de percurso da água através da rede;
 Cálculo da percentagem de caudal que, com origem em determinado nó, atinge qualquer
outro nó ao longo do tempo (ex.: cálculo da importância relativa de duas origens de água
diferentes);
 Modelação de reações de decaimento de cloro no seio do escoamento e na parede da
tubagem;
 Definição de limites para a transferência de massa na modelação de reações na parede;
 Permitir que as reações de crescimento ou decaimento sejam controladas por um valor de
concentração limite;

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 Aplicação à rede de coeficientes de reação globais, que podem ser modificados
individualmente para cada tubagem;
 Possibilidade de relacionar o coeficiente de reação na parede com a rugosidade da tubagem;
 Definição de variação temporal da concentração ou de entrada de massa em qualquer ponto
da rede;
 Mistura de água a partir de diversas origens;
 Determinação do tempo de percurso da água através de um sistema;
 Determinação da perda de cloro residual;
 Determinação do crescimento de subprodutos da desinfeção.

26
3. MECTODOLOGIA

3.1. Descrição da área em estudo


O Posto Administrativo de Combomune-Estaҫão situa-se Distrito de Mabalane na província de
Gaza, entre as coordenadas geográficas de latitudes 23°00´ e 24° 10´ Sul e longitudes 32° 05´
33° 04´ Este e faz limite, a Norte com o Distrito de Mapai, a Sul com os Distritos de Guijá e
Chókwè, a Este com os Distritos de Chigubo e Guijá e a Oeste com o Distrito de Massingir.

Possui uma superfície de 9.107 km² e segundo o Censo 2017, a população do Distrito é de
39.604 habitantes. CERTO

Divisão Administrativa

O Distrito é composto por três Postos Administrativos, nomeadamente Posto Administrativo de


Mabalane com as Localidades (Mabalane Sede, Nhatimamba e Tsocate) na parte central, Combomune
com as Localidades (Combomune Estação e Combomune Rio) no Norte e Posto Administrativo de
Ntlavene com as Localidade de (Ntlavene e Chimpsopswe) no ocidente.

Figura 1: Mapa de Divisão Administrativa de Mabalane Fonte: Plano Distrital de Desenvolvimento de


Mabalane 2016 – 2026

Clima

O clima predominante no Distrito é tropical seco com duas estações, uma quente e chuvosa de
Novembro a Março e outra seca e fria de Abril a Outubro. A precipitação é baixa, situando-se em média
abaixo dos 500 mm e as temperaturas médias anuais oscilam entre 24 e 36 o C e humidade relativa média
anual entre 60-65%.

A baixa precipitação deixa a agricultura, a actividade principal, ameaçada e a Seca a principal barreira
bem como uma parte do distrito (ao longo do rio Limpopo) torna-o susceptível a cheias.

27
A temperatura elevada e a fraca e irregular precipitação, 500 mm anuais, originam seca e escassez de
água.

A seca e as inundações provocadas por chuvas a montante e ventos fortes são eventos extremos que
mais afectam o Distrito.

O Distrito é susceptível à riscos climáticos tais como secas cíclicas. As projecções indicam um aumento
de temperatura em 2.50C até 2060 e em 3.50C até 2090 situação que se agrava para os Distritos de
Norte de Gaza, tal como Mabalane, devido a sua localização. Prevê-se que a seca acentua-se, a queda da
chuva seja irregular, níveis de precipitação que tendem a reduzir, inundações e queimadas
descontroladas (INGC, 2009; Midgley, 2013).

Hidrografia

A rede hidrográfica tem o rio Limpopo como o mais importante, cortando uma parte do Distrito no
sentido NW-S. Os outros rios incluem Chingombe, Sangutane, Piane, Chicualacuala e Mbalavala. A maior
parte do Distrito de Mabalane é composta por aquíferos profundos (com mais de 100 metros),
mostrando uma variação de alta a baixa produtividade. Verifica-se também nesta área a ocorrência de
água salobre.

O rio Limpopo tem uma rede relativamente densa, com mais de vinte afluentes, tendo a maior parte
destes um regime sazonal ou um fluxo casual. Os seus principais afluentes em território moçambicano
são, na margem direita, o Soco e o Rio dos Elefantes ou Lipalula, e na margem esquerda, o Nuanetze e
Changane ou Valuíse. A bacia hidrográfica do seu principal afluente em Moçambique, o rio dos
Elefantes, ocupa 70.000 Km2 , a grande maioria dos quais na África do Sul (68.450 Km2 ).anual de 3 500
milhões de m3 (FAO, 2005)

Localização Geográfica e Divisão Administrativa

O Distrito localiza-se a Norte da Província de Gaza, entre as latitudes 23°00´ e 24° 10´S e longitudes 32°
05´ 33° 04´E e faz limite, a Norte com o Distrito de Mapai, a Sul com os Distritos de Guijá e Chókwè, a
Este com os Distritos de Chigubo e Guijá e a Oeste com o Distrito de Massingir.

Possui uma superfície de 9.107 km² e segundo o Censo 2017, a população do Distrito é de 39.604
habitantes.

Está dividido em 3 Postos Administrativos e 7 Localidades.

O clima é tropical seco com duas estações, uma quente e chuvosa de Novembro a Março e outra seca e
fria de Abril a Outubro. A precipitação é baixa, situando-se em média a baixo dos 500mm por ano. As
temperaturas médias anuais oscilam entre 24 e 26º C.

O Distrito é atravessado pelo rio Limpopo, que corta uma parte no sentido NW-S. Os outros rios incluem
Chingombe, Sangutane, Piane, Chichacuare e Mbalavala.

A maior parte do Distrito é composta por aquíferos profundos (com mais de 100 metros), verificando-se
também a ocorrência de água salobre.

O Distrito é composto, quase na totalidade, por dois tipos de solos, franco arenosos e argilosos, que
ocorrem em planícies de acumulação e pântanos (Postos Administrativo de Combomune e Mabalane) e

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de cobertura arenosa ocorre normalmente em planícies de natureza sedimentar fluvio-marinha
(Combomune e Ntlavene).

Localização do local de estágio


SDPI-Mabalane, esta situada na parte central da província de Gaza, em Moçambique. A sua sede
é a vila de Mabalane e no distrito da mesma entidade.

Tem como limites geográficos, a norte com o distrito de Mapai, a norte e leste com o distrito de
Chigubo, a sudeste com o distrito de Guijá, a sul com o distrito de Chókwè e a Oeste é limitado
pelos distritos de Massingir e Chicualacuala (Ministério De Administração Estatal 2005).

O distrito de Mabalane tem a sua superfície de 9580 km2 e uma população recenseada em 2007
de 32752 habitantes, tendo como resultado uma densidade populacional de 3,4 habitantes/km2
(Ministério De Administração Estatal 2005).

E o estágio decorreu nuns dois postos admirativos: Mabalane sede e Combomune (Combomune
estacão e Combomune rio).

O presente estudo será realizado no distrito de Mabalane, Posto Administrativo de Combomune,


na aldeia de Combomune-Estaҫão e Combomune-Rio. O distrito do Chókwè esta situada a sul da
Província de Gaza no curso médio do rio Limpopo tendo como limites a Norte o rio Limpopo
que separa dos distritos de Massingir, Mabalane e Guijá, a Sul o distrito de Bilene e o rio
Mazimuchope que o separa do distrito de Magude, a Este esta confina com os distritos de Bilene
e Chibuto e a Oeste com os distritos de Magude e de Massingir.

A figura abaixo ilustra a localização de área de estudo:

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

De, E. (2016) ‘Estudo do decaimento do cloro em sistemas de abastecimento de água – Caso de


Estudo Águas da Azambuja’.

Lira, D.A. et al. (2021) ‘UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS’.

Silva, A.H. (2020) ‘No Title’.

Sousa, A.L.S. (2009) ‘Aplicação da Avaliação do Ciclo de Vida a duas Estações de Tratamento
de Água da região Norte : ETA de Queimadela e ETA de Areias de Vilar’.

Uandela, A. (2012) ‘Gestão descentralizada dos sistemas de abastecimento de água: desafios de


eficiência e sustentabilidade. Três estudos de caso’, Moçambique: descentralizar o centralismo :
economia política, recursos, e resultados, pp. 395–422.

Vieira, L.V.A. (2013) ‘Aplicação do modelo de simulação EPANET 2.0 ao estudo das pressões e
cloro residual do sistema de abastecimento de água de Angra do Heroísmo’, p. 86. Available at:
http://repositorio.uac.pt/handle/10400.3/2799.

BITENCOURT, W. C. Modelagem hidráulica de parâmetros de qualidade da água e


trihalometanos na região sul de Palmas-TO. Universidade Federal do Tocantins. Palmas?To,
2020

BUENO, F. B. A. Tratamento de água para abastecimento contendo cianobactérias e


microcistina em sistemas constituído por etapas de pré-cloração, coagulação/floculação, flotação
e adsorção em carvão ativado. Dissertação. Universidade de São Paulo, 2017.

CAPOBIANCO. J. P. R. – Importância da água. Site Mundo vestibular acessado em 21 de


janeiro de 2020.

APECWATER: A história da água potável acessado dia 13-1

30

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