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IV-02 - AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE UM SISTEMA DE

APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA PARA FINS NÃO POTÁVEIS NO


MUNICÍPIO DE OURO PRETO (MG)

Ana Luíza Silva Santos Félix


Mestranda no Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da
Universidade Federal de Minas Gerais. Engenheira Urbana pela Universidade Federal de Ouro Preto.
Paulo de Castro Vieira(1)
Professor do Departamento de Engenharia Urbana da Universidade Federal de Ouro Preto. Doutor e mestre em
Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela Universidade Federal de Minas Gerais. Engenheiro
Sanitarista e Ambiental.
Natasha Rodrigues Vitorino Carvalho Tenório
Graduanda em Engenharia Urbana pela Universidade Federal de Ouro Preto.
Martin Seidl
Pesquisador titular da École Nationale des Ponts et Chaussées. Doutor em Ciências e Técnicas Ambientais
pela École Nationale des Ponts et Chaussées. Mestre em Tecnologia Ambiental pela Agricultural University.
Liliam Ferreira Cunha de Melo
Arquiteta Urbanista do Instituto Federal de Minas Gerais. Mestre em Sustentabilidade Socioeconômica e
Ambiental da Universidade Federal de Ouro Preto. Especialista em Gestão do Patrimônio Histórico, Cultural e
Ambiental. Arquiteta Urbanista pelo Instituto Metodista Izabela Hendrix.

Endereço(1): Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Minas, Secretaria do DEURB, Campus
Universitário Morro do Cruzeiro, S/N, Ouro Preto, MG - CEP: 35400-000 - Brasil - Tel.: +55 (31) 3559-1159
- e-mail: paulovieira@ufop.edu.br.

RESUMO
O aproveitamento da água de chuva é uma importante fonte alternativa de abastecimento de água devido ao
seu baixo custo, e por ser de fácil acesso à população. Esta pesquisa teve como objetivo avaliar o desempenho
de um sistema de aproveitamento de água de chuva por meio de monitoramento dos parâmetros físico-
químicos e microbiológicos para fins não potáveis. O sistema de captação e aproveitamento de água chuva
(SAAC) foi implantado de forma participativa com a comunidade na sede da ACMBSC no bairro São
Cristóvão, Ouro Preto - MG). O sistema foi construído para a coleta das águas pluviais a partir do escoamento
superficial no telhado gerado pelas águas pluviais e foi monitorado em pontos de coleta. A qualidade de água
das amostras coletadas foram analisadas pelos parâmetros físico-químicos e microbiológicos: pH,
condutividade elétrica, turbidez, cor aparente, cor real, cloro residual livre, cloro total, coliformes totais e E.
coli (presença/ausência). As análises foram realizadas até 24h após a coleta, seguindo as metodologias
descritas em Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA; AWWA; WEF, 2012).
Dentre os resultados observados identificou-se que o tempo de permanência da água nos reservatórios é
variável durante as semanas, sendo consumido mais rapidamente em dias de atividades na ACMBSC. A
análise microbiológica possibilitou indicar que após longo tempo de deposição da água no reservatório a
quantidade de cloro consumida é mais alta do que quando a precipitações e consumo constante da água.
Observa-se que anterior a todas as coletas os reservatórios foram completamente esvaziados e limpos,
recebendo as precipitações e em seguida a coleta para análise. Conclui-se que, quando a períodos de estiagem,
a qualidade da água pluvial quando ocorre as primeiras precipitações em relação aos parâmetros físico-
químicos é mais elevada quanto a condutividade e turbidez, o pH tende a ser mais ácido com precipitações
mais frequentes. A cor real e aparente, tende ser cada vez menor com precipitações mais frequentes, em todas
as etapas do sistema de captação e aproveitamento de água pluvial. O aproveitamento da água de chuva para
fins não potáveis na ACMBSC por meio de um SAAC, atende aos requisitos normativos explicitados na
NBR15527, que são considerados como pré-tratamentos pela norma: filtração ou gradeamento e o sistema de
primeiro descarte.

PALAVRAS-CHAVE: Saneamento; sustentabilidade; aproveitamento de água pluvial.

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INTRODUÇÃO
Novas alternativas de abastecimento de água têm surgido para que o uso de água potável se dê majoritariamente
apenas para fins potáveis. Dessas novas alternativas destaca-se o reuso de águas servidas e o aproveitamento da água
pluvial. O aproveitamento da água de chuva para fins não potáveis é uma das possibilidades para diminuir o
consumo da água potável em situações em que esta pode ser substituída por uma água não potável (MELO, 2022) e
este é o tema em estudo.
O aproveitamento da água de chuva é uma importante fonte alternativa de abastecimento de água devido ao seu
baixo custo, e por ser de fácil acesso à população. Além disso, ainda promove a redução do escoamento superficial,
minimizando os problemas de inundações, podendo ser identificada também como uma técnica compensatória de
drenagem urbana (NASCIMENTO; BAPTISTA, 2009).
Especificamente em Ouro Preto, a que proibições de condutas abusivas de desperdícios, o que se deve à ocorrência
anteriores de escassez prolongada de chuvas, o que torna ainda mais importante a pauta (OURO PRETO, 2017).
Ouro Preto dispõe ainda da adoção de práticas e iniciativas sustentáveis referentes ao uso de fontes alternativas de
água, como da chuva, tanto por cidadãos e empresas através do programa “Quem Preserva Paga Menos” (OURO
PRETO, 2011).
Anterior à essa pesquisa, diversos estudos da análise da qualidade da água de chuva foram realizados e publicados, e
serviram de base para este estudo, tendo como estudo inclusive Ouro Preto, entretanto, não para a área específica em
estudo como, a dissertação Aproveitamento de água de chuva para fins não potáveis no campus da Universidade
Federal de Ouro Preto Ouro Preto, Minas Gerais (OLIVEIRA, 2008); a dissertação Estudo de viabilidade de um
sistema de aproveitamento de água de chuva no Campus do Instituto Federal de Minas Gerais em Ouro Preto
(MELO, 2022); o artigo Variação da qualidade da água de chuva com a precipitação: aplicação à cidade de Santa
Maria - RS (Hagemann; Gastaldini, 2016); e os artigos de Moura et al (2013), Neves et al (2013) e Silva, Vieira e
Freitas (2012).
Para que a água pluvial seja utilizada, para fins não potáveis, recomenda-se um tratamento prévio, ainda que
simplificado, para a sua utilização (ABNT, 2019). Assim, este estudo se propõe a apresentar o sistema de
aproveitamento instalado; a análise da qualidade da água pluvial para o sistema de captação e aproveitamento de
água de chuva instalado na Associação Comunitária de Moradores do Bairro São Cristóvão (ACMBSC) no
município de Ouro Preto, a partir da demanda identificada anteriormente e diferenciar a qualidade da água durante
as etapas de captação e tratamento: água bruta, filtração e primeiro descarte, cloração e reservação. Assim, esta
pesquisa teve como objetivo avaliar o desempenho de um sistema de aproveitamento de água de chuva por meio de
monitoramento dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos para fins não potáveis.

METODOLOGIA
O sistema de captação e aproveitamento de água chuva (SAAC) foi implantado de forma participativa com a
comunidade na sede da Associação Comunitária de Moradores do Bairro São Cristóvão, Ouro Preto - MG.

O sistema foi construído para a coleta das águas pluviais a partir do escoamento superficial no telhado gerado
pelas águas pluviais e foi monitorado nos pontos de coleta: (a) no reservatório do sistema isolado para
amostragem a água bruta (P1-AB); (b) na válvula do tubo de descarga do reservatório de descarte da primeira
água do SAAC (P2-TD); e (c) no reservatório de acumulação do SAAC, após o clorador (P3-RA),
representados na Figura 1 e na Figura 2 os cloradores.

Destaca-se que um trecho de 4,45 metros do tubo vertical foi projetado para funcionar como um reservatório
de descarte do first flush (escoamento superficial gerado no início da precipitação) e tem capacidade de 35L
(diâmetro de 100mm). Outro elemento do sistema desenvolvido pelo projeto foi o clorador do tipo pastilha,
constituído por uma câmara de contato da água com a pastilha de cloro por meio de materiais hidráulicos
convencionais. O filtro de materiais grosseiros foi constituído de corpo de PVC e tela laminada de malha 31
mm. O reservatório de água tratada tem capacidade de 1000L, entretanto, para o estudo utilizou-se apenas a
capacidade de 500L.

As amostras para a análise físico-químicas e microbiológicas de água de chuva foram realizadas no


Laboratório de Saneamento Ambiental do DECIV/EM/UFOP. A qualidade da água das amostras coletadas
foram analisadas pelos parâmetros físico-químicos e microbiológicos: pH, condutividade elétrica, turbidez, cor
aparente, cor real, cloro residual livre, cloro total, coliformes totais e E. coli (presença/ausência). As análises

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foram realizadas até 24h após a coleta, seguindo as metodologias descritas em Standard Methods for the
Examination of Water and Wastewater (APHA; AWWA; WEF, 2012). Todas as amostras foram coletadas a
1,5L, a coleta para análise microbiológica foi realizada diretamente em frasco estéril.

O monitoramento das precipitações foi realizado, pela estação de código D1257 do CEMADEN pela
plataforma do Inmet, que está geograficamente localizada dentro do bairro de estudo. As coletas das águas no
sistema ocorreram nos meses de setembro de 2022 a fevereiro de 2023, a fim de amostrar a água no SAAC nas
mais diversas condições do tempo (chuva e tempo seco).

Os dados de precipitações e de tempo seco (sem chuva) antes das coletas foram utilizados para relacionar a
influência na qualidade da água bruta (escoamento após o telhado) e ao longo do SAAC.

Figura 1: Sistema implementado.

Figura 2: Cloradores do sistema implementado.

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RESULTADOS OBTIDOS
As coletas realizadas e os resultados obtidos para os parâmetros físico-químicos são apresentados na Tabela 1.
Dentre os resultados observados identificou-se que o tempo de permanência da água nos reservatórios é
variável durante as semanas, sendo consumido mais rapidamente em dias de atividades na ACMBSC. Ainda
que não haja, para os fins a que se destina a água, a necessidade normativa da cloração (ABNT, 2019), esta
etapa no sistema foi implementada para garantir melhor qualidade da água aos usuários.

Tabela 1: Resultado dos parâmetros físico-químicos.


Análise físico-química
Pontos
Data Turbidez Condutividade Cor aparente Cor real Temperatura
coleta pH
[NTU] [μS/cm] [PCU] [PCU] [ºC]
17/set. P3-RA 1,87 6,01 15,639 28 19 19
P1-AB 36,10 7,72 70,200 86 21 20,2 ºC
22/set. P2-TD 129,00 8,07 45,860 276 52 19,9 ºC
P3-RA 21,90 7,65 35,230 25 18 20,1 ºC
P2-TD 29,30 7,75 27,170 46 18 18,9°
28/set.
P3-RA 24,90 8,10 23,920 17 12 18,6°
P1-AB 8,03 7,42 59,560 41 15 18,9 ºC
29/set. P2-TD 29,30 7,50 35,510 35 17 19 ºC
P3-RA 6,01 7,82 15,438 16 7 19 ºC
P1-AB 6,98 8,35 6,867 38 10 19 °C
9/nov P2-TD 5,60 8,37 8,682 20 9 19,1 °C
P3-RA 3,84 8,12 5,459 8 3 19,0 °C
P1-AB 5,60 8,67 11,048 16 6 19,5 °C
11/nov P2-TD 12,90 8,12 15,175 35 23 19,8 °C
P3-RA 5,48 7,49 8,282 17 15 19,7 °C
P1-AB 8,65 7,32 46,000 16 1 20 °C
12/nov P2-TD 5,05 6,99 18,960 23 4 20,1 °C
P3-RA 6,38 6,87 9,541 19 0 20 °C
P1-AB 10,82 8,93 8,52 11 36 20,1 °C
15/nov P2-TD 12,96 8,82 9,82 9 21 20,0 °C
P3-RA 4,22 8,19 8,385 4 14 20,0 °C
P1-AB 11,57 8,65 20,25 8 41 19,0 °C
24/nov P2-TD 9,76 7,12 8,52 7 23 19,0 °C
P3-RA 8,03 7,65 5,2 2 6 19,1 °C
P1-AB 13,55 8,81 12,74 7 18 19,7 °C
26/nov P2-TD 10,02 8,63 8,952 17 32 19,6 °C
P3-RA 5,72 7,14 2,82 11 11 19,7 °C
P1-AB 9,01 8,81 8,52 2 12 20,0 °C
30/nov P2-TD 8,63 7,95 6,306 3 17 20,1 °C
P3-RA 2,29 7,25 5,055 1 6 20,1 °C
P1-AB 8,97 8,38 14,87 6 4 19,5 °C
2/dez P2-TD 8,56 8,29 12,85 8 9 19,6 °C
P3-RA 4,18 7,22 8,951 3 5 19,5 °C
8/dez P1-AB 4,15 8,25 15,62 10 24 20,0 °C

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Análise físico-química
Pontos
Data Turbidez Condutividade Cor aparente Cor real Temperatura
coleta pH
[NTU] [μS/cm] [PCU] [PCU] [ºC]
P2-TD 7,8 7,25 15,903 12 17 19,9 °C
P3-RA 5,49 7,45 5,285 3 7 20,0 °C
P1-AB 1,19 6,60 31,03 12,9 0 21,2 °C
9/fev P2-TD 2,86 6,66 11,527 16,2 6 21,1 ºC
P3-RA 2,29 5,70 25,14 14,3 7 21,1 ºC
Nota: P1-AB - Reservatório de água bruta; P2-TD - Tubo de primeiro descarte; P3-RA - Reservatório de água
tratada.

Já os resultados dos parâmetros microbiológicos e de cloro livre e total são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2: Resultado dos parâmetros microbiológicos e cloro (livre e total).


Análise de cloro Análise microbiológica
Ponte de
Data
análise Cloro livre Cloro total E. Coli. Coliformes total
[PPM] [PPM]
17/set. P3-RA1 0,30 1,56 ausente ausente
22/set. P3-RA1 0,03 0,26 ausente presente
28/set. P3-RA1 0,01 0,09 presente presente
29/set. P3-RA1 0,01 0,03 presente presente
9/nov P3-RA2 0,07 0,33 ausente ausente
11/nov P3-RA2 0,06 0,30 ausente ausente
12/nov P3-RA2 0,04 0,25 ausente ausente
15/nov P3-RA2 0,01 0,04 presente presente
24/nov P3-RA2 0,07 0,4 ausente ausente
26/nov P3-RA2 0,04 0,3 ausente ausente
30/nov P3-RA2 0,05 0,35 ausente ausente
2/dez P3-RA2 0,02 0,33 ausente presente
8/dez P3-RA2 0,01 0,25 ausente presente
9/fev P3-RA2 0,35 > 3,5 ausente ausente
Nota: P3-RA1 - Reservatório de água tratada com o clorador 1; P3-RA2 - Reservatório de água tratada com o
clorador 2.

As precipitações totais ocorridas em até 24 horas anteriores a cada coleta e o tempo sem chuva anterior a cada
coleta são apresentadas na Tabela 3.

Tabela 3: Resultado das precipitações de referência das análises realizadas.


Hora início da
Precipitação Hora da coleta [-
Data precipitação em análise
[mm] 3UTM]
[-3UTM]
16/set. 0,2 18h00 - 16/set 15h00 - 17/set
22/set. 0,6 1h00 - 21/set 14h20 - 22/set
28/set. 4,6 16h00 - 27/set 16h40 - 28/set
29/set. 6,0 11h00 - 28/set 9h50 - 29/set
9/nov 26,7 20h00 - 8/nov 15h12 - 9/nov
11/nov 21,5 20h00 - 10/nov 7h54 - 11/nov
12/nov 4,0 15h00 - 11/nov 10h15 - 12/nov

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15/nov 32,4 12h00 - 14/nov 14h20 - 15/nov
24/nov 2,6 16h00 - 23/nov 14h00 - 24/nov
26/nov 17,8 14h00 - 25/nov 16h30 - 26/nov
30/nov 53,3 12h00 - 29/nov 15h20 - 30/nov
2/dez 9,1 12h00 - 1/dez 14h00 - 2/dez
8/dez 8,2 9h00 - 7/dez 10h00 - 8/dez
9/fev 3,56 17h00 - 8/fev 11h00 - 9/fev

Cabe ressaltar que anterior às coletas e análises realizadas de setembro de 2022 a fevereiro de 2023, a última
chuva registrada anterior a este período foi no dia 17 e 18 de maio, com precipitações de 2,2 [mm] e 0,2 [mm]
respectivamente.

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


O pH é um dos parâmetros utilizados para determinar o tempo de contato mínimo para a desinfecção da água de
acordo com a concentração de cloro residual livre. Segundo a NBR15527/2019 o parâmetro mínimo para qualidade
da água não potável é entre 6,0 e 9,0.

A turbidez se refere à presença de matéria em suspensão na água, o valor máximo permitido pela NBR15527 é 5,0
[uT]. No estudo, a maior parte dos resultados obtidos são acima de 5 [uT] para o reservatório final; para o
reservatório de água bruta e do primeiro descarte todos os valores são acima da referência.

A condutividade pode ser utilizada como indicador da presença de sais como o cloreto na água. Estes sais em certas
circunstâncias são despejados na água por ações antrópicas. As águas naturais apresentam teores de condutividade
na faixa de 10 a 100 [μS/cm-1], faixa em que se encontram todas as análises realizadas (PIRATOBA et al, 2017).

A cor real não há parâmetro definido pela NBR15527, no estudo, os valores obtidos no reservatório final para
consumo não potável os valores obtidos são próximos a 15 [PCU]. A cor aparente refere-se a percepção da cor da
água com turbidez e tem valores menores na última etapa do tratamento, este parâmetro também não é definido pela
norma.

O uso do cloro é dado para eliminar bactérias na água, realizando a desinfecção desta. A determinação da
quantidade de cloro a ser usada depende dos resultados dos testes em relação à presença de coliformes. O cloro
disponível para oxidar micro-organismos é o cloro livre, o cloro total é a soma do cloro livre e do cloro combinado,
e tem menor poder de desinfecção.

A NBR15527/2019 indica a opcionalidade do uso do cloro para de assegurar a qualidade da água (para fins
potáveis) contenha um teor mínimo de cloro residual livre de 0,5 e 2,0 [mg/L]. Nenhuma das amostras atende a este
padrão, entretanto, com quantidades menores de cloro pode-se observar a não presença de coliformes no estudo,
com cloro livre a partir de 0,04 [mg/L] e cloro total a partir de 0,25 [mg/L]. Para atendimento do parâmetro de
coliformes foi feita a análise de presença/ausência, e segundo a NBR15527/2019 não pode ocorrer a presença de E.
Coli., em 23,08% das amostras ocorreu a presença de E. Coli.

A análise microbiológica possibilitou indicar que após longo tempo de deposição da água no reservatório a
quantidade de cloro consumida é mais alta do que quando a precipitações e consumo constante da água. Observa-se
que anterior a todas as coletas os reservatórios foram completamente esvaziados e limpos, recebendo as
precipitações e em seguida a coleta para análise. As faixas de incerteza associada a cada faixa de leitura dos
parâmetros foram dadas conforme Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (2012).

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Conclui-se que, quando a períodos de estiagem, a qualidade da água pluvial quando ocorre as primeiras
precipitações em relação aos parâmetros físico-químicos é mais elevada quanto a condutividade e turbidez, o
pH tende a ser mais ácido com precipitações mais frequentes. A cor real e aparente, tende ser cada vez menor
com precipitações mais frequentes, em todas as etapas do sistema de captação e aproveitamento de água
pluvial.

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O aproveitamento da água de chuva para fins não potáveis na ACMBSC por meio de um SAAC, atende aos
requisitos normativos explicitados na NBR15527, que são considerados como pré-tratamentos pela norma:
filtração ou gradeamento e o sistema de primeiro descarte. Observa-se que o SAAC proporcionou qualidade da
água satisfatória ao uso não potável, incluindo elementos que vão além das exigências previstas em norma,
como a presença do clorador e a análise e monitoramento através da captação pela água bruta.

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Pró-reitoria de Extensão, a Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da
Universidade Federal de Ouro Preto pelas bolsas e auxílios concedidos. Agradecemos a Associação
Comunitária de Moradores do Bairro São Cristóvão pela parceria durante os anos de pesquisa e ao Laboratório
de Saneamento Ambiental do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Ouro Preto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15527: Aproveitamento de água de chuva de
coberturas para fins não potáveis. Rio de Janeiro, 2019.

2. IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. 2015. Direito à água enfrenta desafios. Ano 2015,
edição 84. Revista Desafios do Desenvolvimento.

3. MOURA, Débora L. SILVA, Lidiane do C. NEVES, Débora B. VIEIRA, Paulo de C. IX-058 - Estudo de
tratabilidade da água de chuva para o aproveitamento em usos não potáveis em uma instituição de
ensino. 27º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Associação Brasileira de
Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), 2013.

4. MELO, Liliam F. C. Estudo de viabilidade de um sistema de aproveitamento de água de chuva no


Campus do Instituto Federal de Minas Gerais em Ouro Preto. 182 f. Dissertação (Mestrado Profissional
em Sustentabilidade Socioeconômica Ambiental). Ouro Preto, 2022.

5. NASCIMENTO, Nilo O. BAPTISTA, Márcio B. 2009. Técnicas Compensatórias em Águas Pluviais. In:
RIGHETTO, Antônio Marozzi. Manejo de águas pluviais urbanas: Manejo de Águas Pluviais Urbanas.
PROSAB - Programa de Pesquisa em Saneamento Básico. 2009.

6. NEVES. Débora Brito. SILVA. Lidiane do Carmo. MOURA. Débora Lage. VIEIRA. Paulo de Castro. IV-
194 - Estudo de viabilidades técnica e econômica de um sistema de aproveitamento de água de chuva
para usos não potáveis em uma instituição de ensino no município de Itabira. 27º Congresso Brasileiro de
Engenharia Sanitária e Ambiental. Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES),
2013.

7. OLIVEIRA, F. M. B. de. Aproveitamento de água de chuva para fins não potáveis no campus da
Universidade Federal de Ouro Preto Ouro Preto, Minas Gerais. 2008. 114 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Ambiental) – Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2008.

8. OURO PRETO. Decreto Nº 4921 de 18 de setembro de 2017. Decreta situação anormal, caracterizada
como situação de emergência em fase de estiagem em área territorial do município de Ouro Preto e dá
outras providências.

9. OURO PRETO. Lei Complementar Nº 113 de 27 de dezembro de 2011. Cria o Programa "Quem preserva
paga menos" e modifica o último quadro do Anexo I da Lei nº 535/2009, que institui o Imposto Sobre a
Propriedade Territorial e Predial Urbana - IPTU. Prefeitura Municipal de Ouro Preto, 2011.

10. PIRATOBA, Alba R. A.; RIBEIRO, Hebe M. C.; MORALES, Gundisalvo P.; GONÇALVES, Wanderson
G. Caracterização de parâmetros de qualidade da água na área portuária de Barcarena, PA, Brasil.
Ambiente & Água - An Interdisciplinary Journal of Applied Science. ISSN 1980-993X. 2017.

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11. SILVA, Lidiane do C. VIEIRA, Paulo de C. FREITAS, Rupert B. IX-030 - Avaliação da qualidade da
água de chuva para fins não potáveis na cidade de Itabira/MG. XV SILUBESA - Simpósio Luso-
Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental (ABES), 2012.

12. UN - United Nations. 2010. Resolution A/RES/64/292. Resolution adopted by the General Assembly on
28 July 2010.

13. UNESCO/WWAP - United Nations World Water Assessment Programme. Overview of key messages;
from the United Nations world water development report 4: managing water under uncertainty and risk.
2012.

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