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Endereço(1): Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Minas, Secretaria do DEURB, Campus
Universitário Morro do Cruzeiro, S/N, Ouro Preto, MG - CEP: 35400-000 - Brasil - Tel.: +55 (31) 3559-1159
- e-mail: paulovieira@ufop.edu.br.
RESUMO
O aproveitamento da água de chuva é uma importante fonte alternativa de abastecimento de água devido ao
seu baixo custo, e por ser de fácil acesso à população. Esta pesquisa teve como objetivo avaliar o desempenho
de um sistema de aproveitamento de água de chuva por meio de monitoramento dos parâmetros físico-
químicos e microbiológicos para fins não potáveis. O sistema de captação e aproveitamento de água chuva
(SAAC) foi implantado de forma participativa com a comunidade na sede da ACMBSC no bairro São
Cristóvão, Ouro Preto - MG). O sistema foi construído para a coleta das águas pluviais a partir do escoamento
superficial no telhado gerado pelas águas pluviais e foi monitorado em pontos de coleta. A qualidade de água
das amostras coletadas foram analisadas pelos parâmetros físico-químicos e microbiológicos: pH,
condutividade elétrica, turbidez, cor aparente, cor real, cloro residual livre, cloro total, coliformes totais e E.
coli (presença/ausência). As análises foram realizadas até 24h após a coleta, seguindo as metodologias
descritas em Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA; AWWA; WEF, 2012).
Dentre os resultados observados identificou-se que o tempo de permanência da água nos reservatórios é
variável durante as semanas, sendo consumido mais rapidamente em dias de atividades na ACMBSC. A
análise microbiológica possibilitou indicar que após longo tempo de deposição da água no reservatório a
quantidade de cloro consumida é mais alta do que quando a precipitações e consumo constante da água.
Observa-se que anterior a todas as coletas os reservatórios foram completamente esvaziados e limpos,
recebendo as precipitações e em seguida a coleta para análise. Conclui-se que, quando a períodos de estiagem,
a qualidade da água pluvial quando ocorre as primeiras precipitações em relação aos parâmetros físico-
químicos é mais elevada quanto a condutividade e turbidez, o pH tende a ser mais ácido com precipitações
mais frequentes. A cor real e aparente, tende ser cada vez menor com precipitações mais frequentes, em todas
as etapas do sistema de captação e aproveitamento de água pluvial. O aproveitamento da água de chuva para
fins não potáveis na ACMBSC por meio de um SAAC, atende aos requisitos normativos explicitados na
NBR15527, que são considerados como pré-tratamentos pela norma: filtração ou gradeamento e o sistema de
primeiro descarte.
METODOLOGIA
O sistema de captação e aproveitamento de água chuva (SAAC) foi implantado de forma participativa com a
comunidade na sede da Associação Comunitária de Moradores do Bairro São Cristóvão, Ouro Preto - MG.
O sistema foi construído para a coleta das águas pluviais a partir do escoamento superficial no telhado gerado
pelas águas pluviais e foi monitorado nos pontos de coleta: (a) no reservatório do sistema isolado para
amostragem a água bruta (P1-AB); (b) na válvula do tubo de descarga do reservatório de descarte da primeira
água do SAAC (P2-TD); e (c) no reservatório de acumulação do SAAC, após o clorador (P3-RA),
representados na Figura 1 e na Figura 2 os cloradores.
Destaca-se que um trecho de 4,45 metros do tubo vertical foi projetado para funcionar como um reservatório
de descarte do first flush (escoamento superficial gerado no início da precipitação) e tem capacidade de 35L
(diâmetro de 100mm). Outro elemento do sistema desenvolvido pelo projeto foi o clorador do tipo pastilha,
constituído por uma câmara de contato da água com a pastilha de cloro por meio de materiais hidráulicos
convencionais. O filtro de materiais grosseiros foi constituído de corpo de PVC e tela laminada de malha 31
mm. O reservatório de água tratada tem capacidade de 1000L, entretanto, para o estudo utilizou-se apenas a
capacidade de 500L.
O monitoramento das precipitações foi realizado, pela estação de código D1257 do CEMADEN pela
plataforma do Inmet, que está geograficamente localizada dentro do bairro de estudo. As coletas das águas no
sistema ocorreram nos meses de setembro de 2022 a fevereiro de 2023, a fim de amostrar a água no SAAC nas
mais diversas condições do tempo (chuva e tempo seco).
Os dados de precipitações e de tempo seco (sem chuva) antes das coletas foram utilizados para relacionar a
influência na qualidade da água bruta (escoamento após o telhado) e ao longo do SAAC.
Já os resultados dos parâmetros microbiológicos e de cloro livre e total são apresentados na Tabela 2.
As precipitações totais ocorridas em até 24 horas anteriores a cada coleta e o tempo sem chuva anterior a cada
coleta são apresentadas na Tabela 3.
Cabe ressaltar que anterior às coletas e análises realizadas de setembro de 2022 a fevereiro de 2023, a última
chuva registrada anterior a este período foi no dia 17 e 18 de maio, com precipitações de 2,2 [mm] e 0,2 [mm]
respectivamente.
A turbidez se refere à presença de matéria em suspensão na água, o valor máximo permitido pela NBR15527 é 5,0
[uT]. No estudo, a maior parte dos resultados obtidos são acima de 5 [uT] para o reservatório final; para o
reservatório de água bruta e do primeiro descarte todos os valores são acima da referência.
A condutividade pode ser utilizada como indicador da presença de sais como o cloreto na água. Estes sais em certas
circunstâncias são despejados na água por ações antrópicas. As águas naturais apresentam teores de condutividade
na faixa de 10 a 100 [μS/cm-1], faixa em que se encontram todas as análises realizadas (PIRATOBA et al, 2017).
A cor real não há parâmetro definido pela NBR15527, no estudo, os valores obtidos no reservatório final para
consumo não potável os valores obtidos são próximos a 15 [PCU]. A cor aparente refere-se a percepção da cor da
água com turbidez e tem valores menores na última etapa do tratamento, este parâmetro também não é definido pela
norma.
O uso do cloro é dado para eliminar bactérias na água, realizando a desinfecção desta. A determinação da
quantidade de cloro a ser usada depende dos resultados dos testes em relação à presença de coliformes. O cloro
disponível para oxidar micro-organismos é o cloro livre, o cloro total é a soma do cloro livre e do cloro combinado,
e tem menor poder de desinfecção.
A NBR15527/2019 indica a opcionalidade do uso do cloro para de assegurar a qualidade da água (para fins
potáveis) contenha um teor mínimo de cloro residual livre de 0,5 e 2,0 [mg/L]. Nenhuma das amostras atende a este
padrão, entretanto, com quantidades menores de cloro pode-se observar a não presença de coliformes no estudo,
com cloro livre a partir de 0,04 [mg/L] e cloro total a partir de 0,25 [mg/L]. Para atendimento do parâmetro de
coliformes foi feita a análise de presença/ausência, e segundo a NBR15527/2019 não pode ocorrer a presença de E.
Coli., em 23,08% das amostras ocorreu a presença de E. Coli.
A análise microbiológica possibilitou indicar que após longo tempo de deposição da água no reservatório a
quantidade de cloro consumida é mais alta do que quando a precipitações e consumo constante da água. Observa-se
que anterior a todas as coletas os reservatórios foram completamente esvaziados e limpos, recebendo as
precipitações e em seguida a coleta para análise. As faixas de incerteza associada a cada faixa de leitura dos
parâmetros foram dadas conforme Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (2012).
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Conclui-se que, quando a períodos de estiagem, a qualidade da água pluvial quando ocorre as primeiras
precipitações em relação aos parâmetros físico-químicos é mais elevada quanto a condutividade e turbidez, o
pH tende a ser mais ácido com precipitações mais frequentes. A cor real e aparente, tende ser cada vez menor
com precipitações mais frequentes, em todas as etapas do sistema de captação e aproveitamento de água
pluvial.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Pró-reitoria de Extensão, a Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da
Universidade Federal de Ouro Preto pelas bolsas e auxílios concedidos. Agradecemos a Associação
Comunitária de Moradores do Bairro São Cristóvão pela parceria durante os anos de pesquisa e ao Laboratório
de Saneamento Ambiental do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Ouro Preto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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