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Escola de Minas

URB114 – SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Unidade 10. Rede de distribuição de água


Introdução, tipos de rede, elementos de projeto e
dimensionamento hidráulico

Prof. Dr. Paulo Vieira


paulovieira@ufop.edu.br
Rede de distribuição do SAA

Unidade constituída por tubulações e órgãos acessórios com a finalidade de


fornecer, sem interrupções, água potável em quantidade, qualidade e pressão
adequadas a múltiplos consumidores
Índice de perdas na distribuição (SNIS, ANO 2019)

Rede de distribuição em
PVC com junta elástica

Composição média das despesas de


exploração (SNIS, ANO 2019)

Fonte: Funasa (2015)

Fonte: Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (2011)


Ligações prediais
- ligações prediais: conjunto de tubulações e peças especiais situado entre a rede de distribuição de água
e o cavalete
- cavalete: kit formado por tubos e conexões destinados à instalação do hidrômetro para realização da ligação

Tubo PE Ramal Predial Azul


Rolo (20 ou 32 mm)
Ligações prediais

7
Ligações prediais
Ouro Preto

http://www.saneouro.com.br/ligacao-de-agua-e-esgoto/
Rua Direita, 05/07/2021 (Fonte: Jornal Voz Ativa)
Tipos de rede de distribuição de água
Tipos de condutos

❑ Conduto Principal
Tubulações com maiores diâmetros
com a finalidade de abastecer as
canalizações secundárias

❑ Condutos Secundários
Tubulações com menores diâmetros
com a finalidade de abastecer todos os
pontos de consumo

Fonte: Tsutiya (2006)


Disposição das Canalizações

❑Rede Ramificada
❖ Abastecimento de água é feito a partir de uma tubulação tronco que distribui
diretamente para as tubulações secundárias
❖ Rede é alimentada por um só ponto

Rede Ramificada em
espinha de peixe

Nós ➔ pontos de derivação


Rede Ramificada em grelha de vazão e/ou mudanças de
diâmetro
(conduto principal)
Trechos ➔ tubulações
entre os dois nós
Fonte: Tsutiya (2006)
Rede Ramificada
Disposição das Canalizações

❑ Rede malhada
constituída por tubulações principais que formam anéis ou blocos ➔ permite abastecer
qualquer ponto por mais de um caminho (maior flexibilidade operacional)

Rede Malhada em Anéis Rede Malhada em Blocos

❖ tubulações de maior diâmetro que circundam determinada


área a ser abastecida e alimentam tubulações secundárias Fonte: Tsutiya (2006)
Rede Malhada em Blocos
Disposição das Canalizações

❑ Rede Mista
constituída pela associação de redes ramificadas e malhadas

Fonte: Tsutiya (2006)


Elementos gerais para a elaboração de
projeto da rede de distribuição do sistema de
abastecimento de água
Elementos do projeto de redes

❑ Delimitação da área a ser atendida


❑ Estudo demográfico da área a ser atendida
❑ Concepção do sistema de distribuição
❑ Estudos das zonas de pressão e de setorização
❑ Traçado da rede de distribuição
▪ Seleção dos pontos de concentração de vazões (levar em conta
também a topografia e extensão dos trechos)
▪ Distribuição das vazões nos nós ou trechos (lotes, comprimento
ou área de influência) e cálculo das vazões concentradas nos nós
❑ Análise e dimensionamento hidráulico da rede
Dimensionamento hidráulico de redes de
distribuição de água
Pressões máxima e mínima em redes

❑ Pressão estática máxima ➔ 50 mca (ABNT 12218/94)


▪ Verificada em condição de vazão nula e imposta pelo nível d’água máximo nos
reservatórios ou pressões máximas nas elevatórias presentes no sistema
▪ Influencia na resistência das tubulações e controle de perdas
❑ Pressão dinâmica mínima ➔ 10 mca (ABNT 12218/94)
▪ Verificada com a demanda de pico no dia e hora de maior consumo e reservatórios
nos níveis mínimos
▪ Atender os critérios sanitários e de nível para atender os reservatórios domiciliares
❑ Trechos de condutos principais que não abastecem consumidores ou tubulações
secundárias não estão sujeitos a estes limites da pressão, mas devem ser verificados
quanto à estabilidade estrutural e à segurança sanitária

Esforço deve ser feito para que as pressões reinantes na rede de distribuição estejam
dentro dos limites de 10 e 50 mca ➔ visando sobretudo a redução das perdas de água
Estabelecimento das Zonas de pressão

❑ Zonas de pressão ➔ áreas decorrentes da subdivisão feita na área de projeto para


que as pressões estática e dinâmica obedeçam aos limites estabelecidos
❑ Verificação das zonas de pressão:
❖ Se a diferença entre a maior e a menor cota altimétrica da área de abastecimento for
inferior a aproximadamente 40 m haverá ➔ apenas uma zona de pressão
❖ Se a diferença for maior do que 40 m haverá ➔ necessidade de mais de uma zona
de pressão | cada diferença de aproximada de 40 m haverá uma zona de pressão
❖ Deve ser uma diferença altimétrica máxima de 40 m, pois tem que somar pelo menos
mais 10 m relativos à pressão dinâmica mínima ➔ chegando-se assim aos 50 mca
❑ Rede deve ser dividida em zonas de pressão, abastecida por um reservatório ➔
área atendida é o setor de abastecimento:
▪ Zona alta: reservatório elevado ou Booster
▪ Zona média e baixa: reservatório apoiado, enterrado (ou semi) e/ou válvula redutora
de pressão
Estabelecimento das Zonas de pressão

Importante!
❑ Considerar os locais para a implantação dos reservatórios de distribuição ➔ a
quem cabe, em cada zona de pressão, comandar as pressões que nela irão prevalecer
❑ Fatores que devem ser considerados para a locação do reservatório:
✔ Localização mais próxima do centro de massa do consumo
✔ Topografia e geologia do terreno
✔ Possibilidade de aproveitar reservatórios existentes
✔ Custo mais alto dos reservatórios elevados
❑ Amplitude altimétrica das zonas de pressão não precisa ser uniformemente
distribuída ➔ dependerá da localização dos reservatórios
❑ Reservatório apoiado ➔ posicionado em cota altimétrica que supere 10 m a cota do
terreno mais elevado da zona de pressão abastecida + perda de carga
Localização dos reservatórios no sistema

(i) Reservatório de montante


❖ fornece água à rede
❖ consiste na alternativa mais utilizada
❖ localização ideal ➔ próxima ao centro de
consumo para reduzir variação de cargas nas
extremidades das redes

(ii) Reservatório de jusante


❖ Alternativa ➔ fornecendo ou recebendo água nos
períodos de maior ou menor demanda, respectivamente
❖ água aflui ou eflui da unidade por única tubulação
❖ denominados de reservatórios de sobra
❖ Possibilita menor oscilação e pressão nas zonas de
jusante de rede
Fonte: Tsutiya (2006)
Localização dos reservatórios no sistema
Reservatórios de montante principal e complementar
Reservatórios intermediários

Reservatório de montante, com distribuição escalonada Reservatórios de montante e de jusante

Fonte: Tsutiya (2006)


Localização dos reservatórios no terreno
(i) Elevados
❖ Laje de fundo em cota superior à do terreno
❖ Objetivam primordialmente condicionar ➔ pressões dinâmicas nas áreas de maior cota topográfica
❖ Tubulação de chegada deve ser instalada para que a água penetre no ponto mais alto do reservatório

(ii) Enterrados
❖ Construídos abaixo da cota do terreno
❖ Vantagem de ser isolado termicamente | instalações de entrada de saída

Fonte: Heller et al (2010) (iii) Semienterrados


❖ quando pelo menos um terço da altura está abaixo da cota do terreno

(iv) Apoiados
❖ menos de um terço da altura está abaixo do nível do solo

(i) e (ii) apresentam maiores custos maiores


de implantação

(iii) e (iv) são mais fáceis de construir mas


necessitam de isolamento térmico
Reservatórios em concreto armado elevado (A) e apoiado (B)

Fonte: FUNASA (2015)

Finalidades dos reservatórios


❑ Regularização entre as vazões de adução e distribuição
❑ Regularizar pressões nas redes de distribuição
❑ Reserva de água para combate a incêndios
❑ Reserva de água para emergências e interrupções
Reservatórios ➔ Contribuem com a segurança e economia ao abastecimento de água
Zonas de pressão: Reservatórios de distribuição

❑ Volume de água dos reservatórios de distribuição (Combinado: Elevado + Apoiado):


❖ Rapoiado 1/3 do volume total do dia de maior consumo
❖ Relevado (V > 500m3): pode ser economicamente vantajoso subdividir o volume de reservação
(elevado ➔ 10-20% volume a reservar ➔ reserva mín. para possíveis interrupções)
❖Vazão a ser recalcada do reservatório apoiado para o elevado (QE):
QE= QDMC (1+ λ), sendo que λ = 0,5 (VZ-VE) / VZ
• QE: vazão a ser recalcada para o Relevado (i) VE = VZ (reservação necessária ficando no reservatório elevado)
➔ λ=0 ➔ QE = vazão do dia de maior consumo (QDMC)
• VZ: volume total destinado à área
(ii) VE ≈ 0 (valor desprezível em relação a VZ ➔ reservação ficando
• VE: volume adotado para o Relevado praticamente no apoiado ou semienterrado) ➔ λ = 0,5 ➔ QE = 1,5 QDMC

❑ Níveis de água dos reservatórios de distribuição relevantes para dimensionar redes:


❖ Namáximo: usado para verificação da pressão estática nos pontos de interesse da rede de
distribuição ➔ Pmáx calculada em relação ao ponto mais baixo da área de distribuição de água
❖ Namínimo: utilizado para o cálculo das pressões dinâmicas mínimas nos pontos de interesse da
rede de distribuição
Velocidades adotadas em redes

Recomendações Velocidades máximas Velocidades mínimas

ABNT NBR 12218/1994 3,5 m/s 0,6 m/s

Literatura (Porto, 1998) 0,6 + 1,5D ou 2,0 m/s 0,6 m/s

D = diâmetro interno da tubulação (m)

Condição da
Vantagens Desvantagens
velocidade

Favorecem a durabilidade (reduz


Baixos valores de
abrasão) e diminuem os efeitos facilitam a deposição de sedimentos
velocidades
de transientes hidráulicos

aumentam a perda de carga e consequentemente a demanda


Altos valores de
Diminuem o diâmetro da de consumo de energia (bomba) e/ou de carga hidráulica com
velocidades
tubulação e o custo a elevação de reservatório; causa ruído e maior desgaste na
tubulação (aumenta os custos de manutenção)
Vazão adotada em redes

K1 é o coeficiente do dia de maior consumo (1,2)


K2 é o coeficiente da hora de maior consumo (1,5)
P é a população final para a área a ser abastecida (hab)
Qpc é o consumo per capita de água (L/hab.dia)

Distribuição da vazão ao longo dos trechos devem ser de forma simplificada 🡺 não se
considera cada ligação (milhares em uma rede) individualmente no cálculo (são
concentradas em nós da rede)
Alternativas para a distribuição da vazão:
❑ Levantamento da quantidade de economias e em potenciais como lotes atendidos em cada
quadra e a quantidade média de habitantes em cada um
❑ Distribuição em marcha (vazão específica por comprimento de ruas e av.; L/s/km) ➔
concentra-se metade da vazão obtida em cada trecho em cada nó de extremidade (com o
ajuste no caso de redes duplas)
❑ Vazão específica por unidade de área (L/s/ha) para as áreas de influência de cada nó ➔
ajustadas conforme áreas de densidades diferentes
❑ Acrescidas as vazões concentradas para consumidores especiais (ex. indústrias)
Tubulações de redes
❑ Recomendações da ABNT 12218/94 para o diâmetro:
▪ Tubulação secundária ➔ diâmetro interno mínimo de 50 mm
▪ Tubulação primária ➔ não define
Norma anterior (PNB 594/77): (a) 150 mm para áreas comerciais e residenciais (> 150 hab/ha); (b)
100 mm para demais áreas urbanas com população > 5000 hab e; (c) 75 mm para áreas
urbanizadas com população < 5000 hab

Características Ferro fundido dúctil PVC (PBA e DEFoFo) Polietileno


50 a 1200 mm (16 9 opções de 50 a 270 mm
Diâmetros 30 opções de 16 a 1200 mm
opções) (100 a 600 no DEFoFo)
Comprimentos barras de 6 a 8 m barras de 6 m bobinas de 100 m para D = 63 e 100 mm
Classes pressão K-9, K-7 e 1 Mpa 60 a 100 mca (3 opções) 32 a 250 mca (8 opções)
Elástica (ponta e bolsa) e solda termoplástica e flanges (para
Juntas elástica (ponta e bolsa)
flanges acessórios)
Revestimento interno em
Sem revestimento interno ou externo; leve
argamassa de cimento e DEFoFo DE é equivalente
Outras e flexível, estanqueidade, resistência
externo em zinco e ao ferro fundido
química e à abrasão; menor rugosidade
pintura betuminosa
Tubulações de redes

PVC - PBA Tubo PEAD


Ferro fundido dúctil

PVC - DEFoFo
Tubulações de redes

Fonte: Heller et al (2010)


Traçado dos condutos principais e
secundários

❑ Condutos principais devem ser localizados em vias públicas, formando,


preferencialmente, circuitos fechados
❑ Condutos secundários devem formar rede malhada, podendo ou não ser
interligados nos pontos de cruzamento
❑ Ao longo de condutos principais, com diâmetro superior a 300 mm, devem ser
previstos condutos secundários de distribuição
❑ Rede deve ser dupla nos seguintes casos:
a) em ruas principais de tráfego intenso
b) quando estudo demonstrar que a rede dupla é mais econômica
Métodos para o dimensionamento

Métodos clássicos (Heller e Pádua, 2010):


a) método de dimensionamento trecho-a-trecho
com ou sem seccionamento fictício
❑ Mais trabalhoso quando o comprimento total das tubulações é elevado (mais de
4000 m)
❑ Limitado à área de extensão reduzida (áreas inferiores até 20 ha)

b) método de dimensionamento por áreas de influência


com os consumos localizados em pontos nodais e em pontos singulares
intermediários das tubulações tronco
❑ mais utilizado em projetos que as áreas excedem os limites de aplicabilidade
prática do método de dimensionamento trecho-a-trecho
Método de dimensionamento trecho-a-trecho
❑ Redes ramificadas
1. Admite-se a distribuição uniforme do consumo de água ao longo dos trechos da
tubulação ➔ calculando-se a vazão específica de distribuição por metro de tubulação
(vazão em marcha)
2. Vazão distribuída em cada trecho de tubulação é obtida pelo produto do
comprimento do trecho pela vazão específica de distribuição por metro de tubulação
3. Vazões veiculadas nas tubulações se acumulam trecho a trecho de trás para a frente
até o reservatório de distribuição
4. Diâmetro das tubulações é adotado (tabelas) a partir ➔ das vazões calculadas no
tópico anterior
5. Cálculo da perda de carga em cada trecho é feito com base na vazão da extremidade
de jusante do trecho somada à metade da vazão distribuída no trecho ➔ resultando a
denominada vazão fictícia de dimensionamento
Exemplo – rede ramificada
Dimensionar a rede de distribuição ramificada destinada a um condomínio fechado constituído de
prédios pequenos de apartamento, cujo arruamento, que se inicia no ponto 11, está representado
na Figura abaixo, sendo dados: (1) população de projeto = 800 hab; consumo per capita médio
macromedido = 200 L/hab.dia; k1 = 1,2 e k2 = 1,5; NA máximo do reservatório = 466,9 m; NA
mínimo do reservatório = 463,4 m.

Fonte: Heller et al (2010)


Exemplo – rede ramificada

Método adotado: dimensionamento trecho-a-trecho

Cálculos iniciais
1. Cálculo do comprimento total das ruas (L) – trechos de consumo de água
L = 965 m
2. Cálculo da vazão total de distribuição (QD)
QD = P.q.k1.k2 / 86.400 ➔ QD = 800x200x1,2x1,5 / 86.400 ➔ QD = 3,33 L/s
3. Cálculo da vazão específica de distribuição por metro de tubulação (qm)
qm = QD / L ➔ qm = 3,33 / 965 ➔ qm = 0,00345 L/s.m
4. Numeração dos trechos
Como o cálculo das vazões é cumulativo ➔ numeração dos trechos deve ser feita de trás
para frente (na mesma sequência em que as vazões se acumulam)
Exemplo – rede ramificada
Método adotado: dimensionamento trecho-a-trecho
5. Dimensionamento dos trechos
(i) Comprimentos dos trechos ➔ Colunas (1) a (3): valores retirados da planta da rede
(ii) Vazões distribuídas ➔ Colunas (4) e (5): vazões correspondentes ao produto do respectivo comprimento
de tubulação pelo valor da vazão específica por metro de tubulação (qm)
(iii) Vazões distribuídas médias ➔ Coluna (6): vazão de jusante (col.4) + metade da vazão do trecho (col.5)
(iv) Diâmetros Coluna (7): Diâmetro de referência (Tab.14.4) em função da vazão distribuída média (col.6)
(v) Velocidade no trecho ➔ coluna (8): calculada por v = (4 x Q) / (π x D2)
(vi) Perda de carga nos trechos ➔ coluna (10): Hazen-Williams / C = 130
(vii) Cota piezométrica a montante ➔ coluna (9): preenchida de trás para frente com o valor NA mínimo do
reservatório (linha T11-RNF); a partir daí, os valores são tirados da coluna (11), pois a pressão de montante
de um trecho é a pressão de jusante do trecho imediatamente anterior, conforme sequência indicada na
planta da rede
(viii) Cota piezométrica a montante ➔ coluna (11): valor da col. (9) menos valor da col. (10)
(ix) Cotas do terreno ➔ colunas (12) e (13): valores tirados da planta topográfica
(x) Pressão disponível jusante ➔ coluna (14): valor da col. (11) menos valor da col. (12)
(xi) Pressão disponível montante ➔ coluna (15): valor da col. (9) menos valor da col. (13)
Exemplo

Exemplo – rede ramificada


Método adotado: dimensionamento trecho-a-trecho

Cota Cota
Comp. (m) Vazão (l/s) D V Perda de Cota terreno Pressão disponível
piezométrica piezométrica
Trecho
Jusante Trecho Montante Jusante Trecho Média (mm) (m/s) montante (m) carga (m) Jusante (m) Jusante (m) Montante (m) Jusante (m) Montante (m)
Col. (1) Col. (2) Col. (3) Col. (4) Col. (5) Col. (6) Col. (7) Col. (8) Col. (9) Col. (10) Col. (11) Col. (12) Col. (13) Col. (14) Col. (15)
T1-T2 0 105 105 0 0,36 0,18 50 0,1 459,46 0,04 459,42 435,7 433,4 23,72 26,06
T3-T4 0 75 75 0 0,26 0,13 50 0,1 459,22 0,01 459,21 442,0 437,1 17,21 22,12
T4-T2 75 120 195 0,26 0,41 0,47 50 0,2 459,46 0,23 459,22 437,1 433,4 22,12 26,06
T5-T2 0 80 80 0,00 0,28 0,14 50 0,1 459,46 0,02 459,44 435,7 433,4 23,74 26,06
T2-T6 380 95 475 1,31 0,33 1,48 50 0,8 461,02 1,56 459,46 433,4 431,6 26,06 29,42
T7-T6 0 115 115 0,00 0,40 0,20 50 0,1 461,02 0,05 460,97 433,8 431,6 27,17 29,42
T6-T10 590 120 710 2,04 0,41 2,25 75 0,5 461,61 0,59 461,02 431,6 430,3 29,42 31,31
T8-T10 0 105 105 0,00 0,36 0,18 50 0,1 461,61 0,04 461,58 431,9 430,3 29,68 31,31
T9-T10 0 70 70 0,00 0,24 0,12 50 0,1 461,61 0,01 461,60 432,0 430,3 29,60 31,31
T10-T11 885 80 965 3,06 0,28 3,20 75 0,7 462,37 0,76 461,61 430,3 440,8 31,31 21,57
T11-RNF 965 100 1065 3,33 0,00 3,33 75 0,8 463,40 1,03 462,37 440,8 463,4 21,57 0,00*
total - 1065 - - 3,33 - - - - 4,33 - - - ok ok

* Pressão na superfície do solo situado na saída do reservatório (ponto sem distribuição); na tubulação, que estará 0,60 m abaixo da
superfície do terreno, a pressão será de 0,60 m
a) Método de dimensionamento trecho-a-trecho
❑ Redes malhadas
❑ Para efeito de cálculo a rede malhada é transformada em ramificada ➔ por meio de pontos
de seccionamento fictício que deem origem a extremidades hipoteticamente livres ao longo dos
diversos trechos ramificados
❑ Orientações para a localização e a utilização dos pontos de seccionamento fictício:
1. Rede de tubulações sob pressão, a água percorre preferencialmente os caminhos mais largos (com
diâmetro maior) e os caminhos mais curtos (com menor comprimento) ➔ o que privilegia as tubulações
tronco e os trechos mais curtos de tubulações secundárias
2. Pontos de seccionamento fictício ➔ aqueles que a água pode acessar por dois ou mais percursos
distintos (pontos de encontro de duas ou mais setas indicadoras do percurso da água na planta da rede)
3. Pontos de seccionamento fictício ➔ são geralmente localizados nos cruzamentos das ruas, de
modo a utilizarem-se as cotas altimétricas que são geralmente identificados nos levantamentos topográficos
4. Seccionamento fictício é considerado como tendo sido corretamente realizado quando a maior
diferença entre as pressões calculadas para cada ponto de seccionamento, segundo cada um dos possíveis
percursos da água até esse ponto, for inferior a 10% da média das pressões obtidas para o ponto em
consideração (na situação real não há diferença entre essas pressões)
Exemplo – Rede malhada
Dimensionar a pequena rede de distribuição com tubulações formando malhas,
destinada a um condomínio constituído de prédios pequenos de apartamentos,
cujo arruamento, que se inicia no ponto 7, está representado na Figura 14.18,
sendo dados os seguintes valores relativos ao alcance do projeto: população =
1.300 hab; consumo per capita médio macromedido = 200 L/hab.dia; k1 = 1,2 e
k2 = 1,5; NA máximo do reservatório = 854,0 m; NA mínimo do reservatório =
851,5 m.

Fonte: Heller et al (2010)


Exemplo – rede malhada
Método adotado: dimensionamento trecho-a-trecho
Cálculos iniciais
1. Cálculo do comprimento total das ruas (L) – trechos de consumo de água
L = 1080 m
2. Cálculo da vazão total de distribuição (QD)
QD = P.q.k1.k2 / 86.400 ➔ QD = 1300 x 200 x 1,2 x 1,5 / 86.400 ➔ QD = 5,42 L/s
3. Cálculo da vazão específica de distribuição por metro de tubulação (qm)
qm = QD / L ➔ qm = 5,42 / 1080 ➔ qm = 0,00502 L/s.m
4. Numeração dos trechos
Como o cálculo das vazões é cumulativo ➔ numeração dos trechos deve ser feita de trás para frente
(na mesma sequência em que as vazões se acumulam)
5. Indicação dos percursos preferenciais da água
setas desenhadas na planta ➔ com base na orientação básica “1” (caminho preferencial)
6. Indicação dos pontos de seccionamento fictício
feita por pequenos traços perpendiculares às tubulações, nos pontos de encontro de duas setas com
sentidos diferentes, como está explicado na orientação básica “2”
Exemplo – rede malhada
Método adotado: dimensionamento trecho-a-trecho

6. Dimensionamento dos trechos


(i) Comprimentos dos trechos ➔ Colunas (1) a (3): valores retirados da planta da rede
(ii) Vazões distribuídas ➔ Colunas (4) e (5): vazões correspondentes ao produto do respectivo comprimento
de tubulação pelo valor da vazão específica por metro de tubulação (qm)
(iii) Vazões distribuídas médias ➔ Coluna (6): vazão de jusante (col.4) + metade da vazão do trecho (col.5)
(iv) Diâmetros ➔ Coluna (7): Diâmetro de referência (Tab.14.4) em função da vazão distribuída média (col.6)
(v) Velocidade no trecho ➔ coluna (8): calculada por v = (4 x Q) / (π x D2)
(vi) Perda de carga nos trechos ➔ coluna (10): Hazen-Williams / C = 130
(vii) Cota piezométrica a montante ➔ coluna (9): preenchida de trás para frente com o valor NA mínimo do
reservatório (linha T7-RNF); a partir daí, os valores são tirados da coluna (11), pois a pressão de montante
de um trecho é a pressão de jusante do trecho imediatamente anterior, conforme sequência indicada na
planta da rede
(viii) Cota piezométrica a jusante ➔ coluna (11): valor da col. (9) menos valor da col. (10)
(ix) Cotas do terreno ➔ colunas (12) e (13): valores tirados da planta topográfica
(x) Pressão disponível jusante ➔ coluna (14): valor da col. (11) menos valor da col. (12)
(xi) Pressão disponível montante ➔ coluna (15): valor da col. (9) menos valor da col. (13)
Exemplo – rede malhada

Método adotado: dimensionamento trecho-a-trecho

Cota Cota
Comp. (m) Vazão (l/s) D V Perda de Cota terreno Pressão disponível
piezométrica piezométrica
Trecho
Jusante Trecho Montante Jusante Trecho Média (mm) (m/s) montante (m) carga (m) Jusante (m) Jusante (m) Montante (m) Jusante (m) Montante (m)

Col. (1) Col. (2) Col. (3) Col. (4) Col. (5) Col. (6) Col. (7) Col. (8) Col. (9) Col. (10) Col. (11) Col. (12) Col. (13) Col. (14) Col. (15)
T1-T2 0 80 80 0 0,40 0,20 50 0,1 848,65 0,03 848,61 823,7 829,2 24,91 19,45
T3-T2 0 80 80 0 0,40 0,20 50 0,1 848,65 0,03 848,61 836,0 829,2 12,61 19,45
T2-T4 160 100 260 0,80 0,50 1,05 50 0,5 849,52 0,88 848,65 829,2 830,8 19,45 18,72
T1-T5 0 100 100 0 0,50 0,25 50 0,1 849,19 0,06 849,13 823,7 824,9 25,43 24,29
T5-T4 100 80 180 0,50 0,40 0,70 50 0,4 849,52 0,33 849,19 824,9 830,8 24,29 18,72
T3-T6 0 100 100 0 0,50 0,25 50 0,1 849,19 0,06 849,13 836,0 835,1 13,13 14,09
T6-T4 100 80 180 0,50 0,40 0,70 50 0,4 849,52 0,33 849,19 835,1 830,8 14,09 18,72
T4-T7 620 100 720 3,11 0,50 3,36 75 0,8 850,57 1,04 849,52 830,8 831,4 18,72 19,17
T5-T8 0 100 80 0 0,50 0,25 50 0,1 850,24 0,06 850,17 824,9 826,7 25,27 23,54
T8-T7 100 80 180 0,50 0,40 0,70 50 0,4 850,57 0,33 850,24 826,7 831,4 23,54 19,17
T6-T9 0 100 80 0 0,50 0,25 50 0,1 850,24 0,06 850,17 835,1 834,6 15,07 15,64
T9-T7 100 80 180 0,50 0,40 0,70 50 0,4 850,57 0,33 850,24 834,6 831,4 15,64 19,17
T7-RNF 1080 150 1230 5,42 0,00 5,42 100 0,7 851,50 0,93 850,57 831,4 851,5 19,17 0,00*
total - 1230 - - 5,42 - - - - 4,50 - - - ok ok

* Pressão na superfície do solo situado na saída do reservatório (ponto sem distribuição); na tubulação, que estará 0,60 m abaixo da
superfície do terreno, a pressão será de 0,60 m
Método computacional:
Método LENHSNET de dimensionamento econômico (Gomes, 2021; Gomes et
al, 2009)
❑ algoritmo iterativo de dimensionamento otimizado de um sistema de abastecimento
pressurizado de distribuição de água, composto pela rede de abastecimento, com o seu
dispositivo de impulsão (ex. reservatórios ou bomba)
❑ Dimensionamento ➔ diâmetro de todos os trechos e a cota perizométrica da impulsão
de forma a obter o menor custo total do sistema (rede + energia)
❑ Programa LENHSNET desenvolvido na interface do Epanet: algoritmo incorporado
ao software de simulação hidráulica Epanet
1. inicia-se com os diâmetros mínimos admitidos (50 mm) ➔ acarretando no custo mínimo de
implantação da rede, porém apresenta perdas de cargas excessivas, logo as pressões
disponíveis nos nós geralmente são insuficientes
2. logo após, ocorre processo iterativo de modo que a cada solução obtida, dependerá da
solução anterior ➔ dessa forma aumentam-se os diâmetros de cada trecho de maneira que
o custo associado seja o menor possível
3. processo de otimização finaliza quando ➔ rede atende às restrições hidráulicas pré-
estabelecidas em detrimento dos diâmetros otimizados
a) método LENHSNET de dimensionamento econômico (Gomes, 2021;
Gomes et al, 2009)

Fluxograma do algoritmo do método LENHSNET


❑ Trecho a ser modificado será aquele que
tiver o menor gradiente de custo
correspondente ao nó mais desfavorável da
rede (pressão disponível é a mínima)

Gp = Gradiente de custo, em unidades monetárias por mca de


alívio de perda de carga ($/mca)
P1 = Custo da tubulação do trecho com o seu diâmetro atual ($)
P2 = Custo da tubulação do trecho com o diâmetro
imediatamente superior ao atual ($)
∆p = Ganho de pressão do nó mais desfavorável,
proporcionado pela diminuição da perda de carga, em razão da
troca do diâmetro do trecho considerado pelo seu superior
(mca)
Procedimento do método LENHSNET no Epanet
1º. desenhar o traçado
RNF, nós e trechos
2º. Inserir os dados no desenho
- RNF: cota do NA mínima do reservatório
- Nós: cotas terreno e consumo base
- Trechos: diâmetro mínimo (50 mm); comprimento e
rugosidade do material
3º. Inserir os dados do projeto na opção Lenhsnet
Cota fixa ➔ projeto Pressão mínima ➔ 10 mca

4º. Inserir os dados do tubo na opção Lenhsnet


Trabalhar com diâmetro interno | material do tubo

5º. Executar dimensionamento na opção Lenhsnet


Procedimento do método LENHSNET no Epanet
6º. Abri relatório na opção Lenhsnet 7º. Abrir os resultados da simulação hidráulica na
opção Relatório da barra de ferramentas

Selecione “Tabela”

2 1

Selecione “nó”

Selecione
parâmetros do

BIBLIOGRAFIAS BÁSICA E COMPLEMENTAR DO PLANO DE ENSINO
❑ HELLER, L.; PÁDUA, V, L. (Organizadores). Abastecimento de água para consumo humano. Vol. 1 e 2. Belo Horizonte: UFMG, 2010.
❑ TSUTIYA, Milton Tomoyuki. Abastecimento de água. 3. ed. São Paulo: USP, 2006. 659 p.
❑ BRASIL, Fundação Nacional de Saúde. Manual de saneamento. 4. ed. rev. - Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2015. Disponível em: <
http://www.funasa.gov.br/biblioteca-eletronica/publicacoes/engenharia-de-saude-publica/-/asset_publisher/ZM23z1KP6s6q/content/manual-de-
saneamento?inheritRedirect=false >
❑ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12211: Estudos de concepção de sistemas públicos de abastecimento de
água. Rio de Janeiro: ABNT, 1992.
❑ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12217: Projeto de reservatório de distribuição de água para abastecimento
público. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.
❑ COPASA. Volume V – Projetos básicos: Tomo I - sistema de abastecimento de água. Diretrizes para elaboração de estudos e projetos.
COPASA: DTE / SPDT / DVPR. Belo Horizonte, 2016.
❑ COPASA. Norma Técnica T. 104 / 1 – Projeto de Sistema de distribuição de água para loteamento e conjuntos habitacionais. COPASA:
DTE / SPDT / DVPR. Belo Horizonte, 2012.
❑ Ministério da Saúde. Manual de orientação para cadastramento das diversas formas de abastecimento de água para consumo
humano. Ministério da Saúde. Brasília, 2007. Disponível em < http://www.cvs.saude.sp.gov.br/up/manual_orientacao.pdf >
❑ ROSSMAN, L.A. EPANET 2 user’s manual. EPA/600/R-00/057. National Risk Management Research Laboratory. Office Of Research And
Development - U.S. Environmental Protection Agency. EPANET 2.0 - Manual do Usuário (Tradução e Adaptação Laboratório de Eficiência
Energética e Hidráulica em Saneamento Universidade Federal da Paraíba). Cincinnati, U.S.A., 2000.

OUTRAS REFERÊNCIAS
❑ Pasta no google drive “URB114 – Sistemas de Abastecimento de Água”
https://drive.google.com/drive/folders/1Pvolmksjq2x9ghi-TYqoKQM64InKJ31e?usp=sharing
SITES E CANAIS DO YOUTUBE
ABES - http://abes-dn.org.br/ - https://www.youtube.com/channel/UC0GbTGoftG_Nk983GDutS2Q
ONDAS - https://ondasbrasil.org/ - https://www.youtube.com/channel/UC4Pcp06l8ROkuCKi448w1OQ
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [contemplados]
https://www.ipea.gov.br/ods/index.html
ODS 3 - Saúde e Bem-estar
Meta 3.3 - Até 2030 acabar, como problema de saúde pública, com as epidemias de AIDS, tuberculose, malária,
hepatites virais, doenças negligenciadas, doenças transmitidas pela água, arboviroses transmitidas pelo aedes
aegypti e outras doenças transmissíveis.
Meta 3.9 - Até 2030, reduzir substancialmente o número de mortes e doenças por produtos químicos perigosos,
contaminação e poluição do ar e água do solo.

ODS 6 - Água Potável e Saneamento


Meta 6.1 - Até 2030, alcançar o acesso universal e equitativo à água para consumo humano, segura e acessível
para todas e todos.
Meta 6.4 - Até 2030, aumentar substancialmente a eficiência do uso da água em todos os setores e assegurar
retiradas sustentáveis e o abastecimento de água doce para enfrentar a escassez de água, e reduzir
substancialmente o número de pessoas que sofrem com a escassez de água.
Meta 6.b - Apoiar e fortalecer a participação das comunidades locais, para melhorar a gestão da água e do
saneamento.

ODS 11 - Cidades e comunidades sustentáveis


Meta 11.1 - Até 2030, garantir o acesso de todos a moradia digna, adequada e a preço acessível; aos serviços
básicos e urbanizar os assentamentos precários de acordo com as metas assumidas no Plano Nacional de
Habitação, com especial atenção para grupos em situação de vulnerabilidade.
Meta 11.3 - Até 2030, aumentar a urbanização inclusiva e sustentável, e as capacidades para o planejamento e
gestão de assentamentos humanos participativos, integrados e sustentáveis, em todos os países.
Escola de Minas

Prof. Dr. Paulo Vieira


Departamento de Engenharia Urbana
paulovieira@ufop.edu.br

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