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INSTALAÇÕES

HIDRÁULICAS E
SANITÁRIAS

Eloise Ap. Langaro


Instalações Hidráulicas e Sanitárias

1 SISTEMAS DE INSTALAÇÕES DE ÁGUA FRIA

O sistema de água fria é composto por vários elementos, como tubos, peças de
utilização, reservatórios e equipamentos, que tem a função de conduzir a água da fonte
externa de abastecimento até o usuário final.
A norma que rege e estabelece o dimensionamento
dimensionamento, projeto e manutenção das
instalações desse sistema é a NBR 5626 (2020) - Sistemas prediais de água fria e água
quente — Projeto, execução, operação e manutenção
manutenção.
Vamos conhecer agora aalgumas partes constituintes do sistema e suas
definições?
Preste atenção em cada parte do sistema, cada peça será importante no
decorrer
rer do desenvolvimento da disciplina. Caso queira, marque esta página para
sempre que necessário consultar.
Abaixo tem-se
se um esquema simplificado do sistema de água fria (Figura 1):

Figura 1. Esquema simplificado do sistema de água fria de uma edificação


Reservatório superior

Tubo extravasor

Tubulação limpeza

Colunas de
Barrilete
Tubulação distribuição
de recalque Registro de gaveta

Conjunto motobomba
Hidrômetro
Ramais de
distribuição
Rede pública
Tubo de sucção
Ramal predial

Alimentador
predial Chave bóia

Reservatório inferior

Fonte: LANGARO, 2020.

Vamos às definições, de acordo com a NBR 5626(2020):

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 Alimentador predial: Tubo que liga a fonte de abastecimento (rede pública) a


um reservatório de água ou direto à rede de distribuição predial
predial.
 Barrilete: Tubulação ddaa qual derivam as colunas de distribuição.
distribuição
 Coluna de distribuição: Tubulação derivada do barrilete e destinada a
alimentar os ramais de distribuição
distribuição.
 Fonte de abastecimento: Sistema destinado a fornecer água, pode ser a rede
pública da concessionária ou um sistema particular de abastecimento.
abastecimento
 Ramal: Tubulação derivada da coluna de distribuição ou diretamente do
barrilete, destinada a alimentar sub
sub-ramais.
 Ramal predial: Tubulação compreendida entre a rede pública e a extremidade a
montante do alimentar pred
predial ou rede predial de distribuição.
 Registro de fechamento (gaveta): Componente destinado a permitir
interrupção do fluxo de água, usado totalmente fechado ou totalmente aberto
aberto.
 Sistema de recalque: Conjunto de componentes destinados a bombear a água
de um reservatório inferior para um reservatório superior: compreende por
exemplo, o conjunto motobomba
motobomba, tubulação de sucção e a tubulação de recalque.
recalque
 Tubulação de extravasão
extravasão: Conjunto de componentes destinados
stinados a escoar o
eventual excesso de água de reservatório quando é superado o nível de
transbordo.
 Tubulação de limpeza: Tubulação destinada ao esvaziamento do reservatório
para permitir sua limpeza e manutenção.

Essa é a primeira parte do sistema de água fria. Iremos primeiro aprender o


dimensionamento de toda essa parte de alimentação do sistema. Começaremos
entendendo um pouco sobre os tipos de fonte de abastecimento de água que existem
existem.

1.1 SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA:

São basicamente 3 tipos de sistemas de distribuição:

 Sistema direto: Este sistema faz a alimentação de todas as peças da instalação


diretamente através da rede pública de distribuição.

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Vantagens: Água com melhor qualidade
qualidade;; muitas vezes têm maior pressão
disponível e apresenta um menor custo na instalação, já que não faz uso de
reservatório para armazenamento da água.

Desvantagens: Ocorre falta de água imediata no caso de interrupção no sistema


público de abastecimento; pode apresentar oscilação na pressão durante o dia
devido aos picos de maior e menor demanda na rede pública; possíveis golpes de
aríete e, esse sistema pode acarretar num maior consumo de água.

 Sistema indireto: É quando o abastecimento das peças de utilização é feito


através de um reservatório. Neste caso, há duas possibilidades: ter dois
reservatórios, um inferior e outro superior (é o que normalmente encontramos
em edifícios); ou ainda a utilização de apenas o reservatório superior ab
abastecido
diretamente pela rede pública (é o caso da maioria residências unifamiliares).
unifamiliares A
divisão em dois reservatórios normalmente é feita devid
devidoo ao grande volume de
água necessário para o abastecimento.

Vantagens: O fornecimento de água é contínuo, pois caso haja interrupção da


água na rede pública, tem
tem-se
se um volume de água presente no reservatório; há
pouca variação de pressão ao longo do dia e, esse sistema acarreta num menor
consumo de água.

Desvantagens: Possível contaminação da água ‘parada’ no reser


reservatório,sendo
imprescindível a limpeza do reservatório, o que acarreta numa maior
manutenção; maior custo das instalações.

 Sistema misto: Neste sistema se tem a junção dos sistemas: direto e indireto.
indireto
Utiliza-se
se um reservatório para abastecimento dos equipamentos, sendo que
alguns podem ser abastecidos diretamente pela rede. Um exemplo bem comum é
o uso de torneiras na parte externa das residências
residências,, jardim ou churrasqueira, na
qual o abastecimento é ddireto da rede pública;; e o restante da residência é
abastecida a partir do uso de um reservatório.

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1.2 ETAPAS DO PROJETO HIDROSSANITÁRIO:

Já vimos os tipos de sistemas de distribuição que podem ser empregados. Agora


vamos partir para a etapa de dimensioname
dimensionamento
nto de todo o sistema. Mas antes, precisamos
falar um pouco sobre as etapas do projeto de instalações de água fria.
Existem algumas etapas que devem ser seguidas e observadas, elas são
essenciais para se obter informações para todo o dimensionamento
dimensionamento. Além disso, essas
etapas podem virar um check
check-list,, por exemplo, para ajudar você a concluir um projeto
hidrossanitário. No tópico ““Fique por dentro” você viu um esquema dessas etapas!
A partir da primeira etapa, iniciamos a coleta de informações para o
desenvolvimento de todo o projeto de instalações de água fria. Nessa etapa é necessário
conhecer o tipo de edificação, tipo de sistema de distribuição além da disponibilidade de
água.
Naa etapa 2, o projeto arquitetônico é fator importante para levantamento das
informações, pois nele vai constar onde estão localizados todos os cômodos que
precisam ser abastecidos.
Já na etapa 3 é a hora de colocar a mão na massa literalmente. Com todas as
informações levantadas nas demais etapas, agora é hora de dimensionar o projeto e
traçar as tubulações. Muito importante nessa etapa é você anotar todo o processo em
um memorial de cálculo. Esse memorial serve para que você consiga voltar a tirar
dúvidass mais tarde, caso necessário.

1.3 DIMENSIONAMENTO E DESENHO DAS TUBULAÇÕES:

A partir desse item você vai aprender detalhadamente como fazer todo o
dimensionamento do projeto de água fria
fria.
Vamos iniciar conhecendo o tipo de edificação para calcular o consumo
co diário
necessário para atender a demanda de água.
No Paraná, a maioria dos municípios são atendidos pela SANEPAR (Companhia
de Saneamento do Paraná), ela é a concessionária que faz o fornecimento de água em
grande parte das cidades. É importante se
sempre
mpre você consultar quem faz esse serviço na
sua região.
Mas porque falar sobre a concessionária?

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Então, ela fornece dados importantes para o desenvolvimento do projeto. Além


da consulta de viabilidade que é necessário você fazer, para saber a dispon
disponibilidade de
água, ela também fornece o valor estimado do consumo de água por pessoa por dia, de
acordo com o tipo de edificação. Vamos ao exemplo da SANEPAR:

No site você pode consultar essa tabela de consumo diário:


<http://site.sanepar.com.br/informacoes
http://site.sanepar.com.br/informacoes-tecnicas/tabela-de-consumos-potenciais
potenciais>

O consumo diário pode ser calculado a partir da equação:


População

CD = P x p
Consumo ‘per
capita’ (litros/dia)

Consumo diário
(litros/dia)

A partir dessa equação teremos o consumo diário total da edificação em litros


por dia. Para isso é necessário conhecer o número da população e o tipo de edificação.
Quando falamos de residência, o comum é estimar duas pessoas por quarto. O consumo
‘per capita’ p é o que buscamos na tabela da concessionária
concessionária. Pode-se
se encontrar essa
informação em livros também.
Vejamos dois exemplo
exemplos abaixo:

Exemplo 1 - Qual o consumo diário de um prédio residencial padrão médio constituído


de 10 pavimentos tipo, contendo 3 apartamentos por pavimento e 5 pessoas por
apartamento? (Informação: 150 litros/hab.dia).

Resposta: 10 .
=

22500 litros/dia ou 22,5m³/dia

Exemplo 2 - Calcule o consumo diário de um hotel que em média tem fluxo de


hospedagem de 50 hóspedes/dia. Nesse hotel há alimentação e lavanderia. (Informação:
250 l/hóspede.dia).

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Resposta: ó .
50 ó 12500 litros/dia ou 12,5
5 m³/ dia

1.3.1 Reservatórios:

Agora que já conhecemos o consumo diário da edificação, precisamos definir a


capacidade do(s) reservatório(s).
A NBR 5626 estabelece que o volume de água reservado deve ser, no mínimo, o
necessário para atender 24 horas de consumo normal na edificação, sem considerar o
volume de água para combate a incêndio, caso haja.
Tendo em vista que pode haver interrupção no abastecimento de água pela
concessionária, sempre deve
deve-se aumentar esse volume de reserva
serva de água. Recomenda-
se multiplicar o consume diário (CD) por 1,5 ou 2. Com esse resultado podemos
estimar o tamanho do reservatório.
No caso de residências de pequeno tamanho, recomenda
recomenda-see que a reserva
mínima seja de 500 litros.
Quando se tem edificações de grande parte, opta
opta-se
se pelo uso de dois
reservatórios, um inferior e um superior. Essa opção facilita na reserva de água,
tamanho dos reservatórios e inclusive o peso em cima da edific
edificação.
ação. Usual é utilizar
40% da capacidade total no reservatório superior e 60% no reservatório inferior, por
questões estruturais.
Importante lembrar que reservatórios podem ser construídos, de concreto
armado por exemplo,, ou comprados prontos, como é o ca
caso
so dos reservatórios de
polietileno, comuns no mercado.
Vamos conhecer agora as peças de instalação de um reservatório? Abaixo se tem
um esquema de um reservatório (Figura 2). Lembrando queas
as definições e funções das
peças do reservatório estão listadas na página 2 desta apostila.

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Figura 2. Reservatório comercial e peças

Fonte: CARVALHO JÚNIOR, 201


2019.

1.3.2 Instalação elevatória (Sistema de recalque):

Quando estamos trabalhando com uma edificação que necessita de um grande


volume de água, ou seja, uso de dois reservatórios, precisamos calcular todo o
bombeamento da água do reservatório inferior para o superior.
Na Figura 1 (página 1), se pode ver todos os componentes de uma instalação
elevatória. Vamos aprender agora a calcular o diâmetro das tubulações e a bomba que
atenderá a vazão necessária para uma dada edificação,, de acordo com o seu consumo
diário.
Importante:A
A NBR 5626 recomenda que, no uso de reservatórios grandes (caso
de edifícios), o tempo de enchimento dos mesmos deve ser de até 6 horas. Já no caso de
residências unifamiliares, o tempo reduz para 3 horas. Quando se utiliza uma bomba
para fazer o recalque da água, o período de funcionamento desta bomba dependerá deste
tempo e será em função da vazão horária
horária.
Vamos ao passo a passo do dimensi
dimensionamento
onamento do sistema de recalque:

1 - Primeiro precisamos calcular o diâmetro da tubulação de recalque (D


(Dr)
(Equação 1), deve--se
se adotar um diâmetro comercial próximo ao encontrado
(igual ou superior);
2 - Depois encontramos o diâmetro da tubulação de sucçã
sucção (Ds)), que deverá ser

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no mínimo, igual ou imediatamente superior ao da tubulação de recalque;
3 - Para escolher a bomba que fará o recalque da água, é necessário se ter a
vazão horária (Qr),
), o diâmetro da tubulação de recalque (D
(Dr)) e o diâmetro da
tubulação de sucção (D
(Ds);
4 - O próximo passo é determinar a altura manométrica total (Equação 2) na qual
entram os dados de perdas de carga e comprimentos das tubulações de recalque e
sucção;
5 - Por fim, pode-se
se calcular a potência da bomba (Equação 3).

Na tabela abaixo (Tabela 1)


1), tem-se
se as equaçõeslistadas no passo a passo acima,
sendo que cada parte delas está explicada e comentada logo na sequência.Abaixo
sequência tem-se
um exemplo também para que você consiga associar cada passo do dimensionamento.
Lembre-se: Sempre que achar necessário, faça marcações nas páginas e
comentários nos textos, isso ajuda você a entender melhor o conteúdo.

Tabela 1. Principais equações para o dimensionamento da instalação elevatória


Equação 1 Onde:
1,3 √ Dr- é o diâmetro de recalque (m)
Qr - é a vazão de recalque (m³/s)
O Qr é calculado a partir da divisão do
consumo diário da edificação pelo número de
horas de funcionamento da bomba
x - número de horas de funcionamento da bomba
por dia, ou seja, divide-se
se o tempo de
funcionamento por 24 h.
Equação 2 Onde:
∆ ∆ Hg - é o desnível entre o nível do reservatório
inferior e a saída de água do reservatório
superior (m)
∆hrec - é a perda de carga total no recalque (m)
∆hsuc - é a perda de carga total na sucção (m)
Equação 3 Onde:
P - é a Potência da bomba (CV)
75 γ - é o peso específico da água (1000 kgf/m³)
η - é o rendimento do conjunto motobomba
Qr - é a vazão de recalque (m³/s)
Hman- é a altura manométrica total (m)

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Informações complementares e importantes:

As perdas de carga levam em consideração todas as peças e seus comprimentos


equivalentes somados com os comprimentos das tubulações. Existe a perda de carga
localizada e a perda de carga contínua ou distribuída.
 Perda de carga contínua ou distribuída: Essa perda de carga é causada devido ao
atrito interno entre as partículas escoando diferentes velocidades. As principais
causas dessas variações são a viscosidade do fluído e a rugosidade da tubulação.
Existem algumas fórmulas que podem ser utilizadas para o cálculo dessa perda
de carga (Tabela 2)::

Tabela 2. Equações sugeridas para o cálculo da perda de carga distribuída


Equação 4 Onde:
Universal: ∆h - é a perda de carga em (m)
f - é o fator de atrito e depende do escoamento,
escoamento pode ser
obtido pelo diagrama de Moody
Δ L - é o comprimento do tubo (m)
2
D - é o diâmetro do tubo (m)
V - é a velocidade média do escoamento (m/s)
g - é a gravidade (m²/s)
Equação 5 Onde:
Hazen-Willians: J - é a perda de carga em kPa/m
Q - é a vazão (l/s)
,
10,64 D - é o diâmetro do tubo (mm)
, , C - depende do material de uso, exemplo para PVC, o C é
igual a 125.
Equação 6 Onde:
Fair-Whipple-Hsiao: J - é a perda de carga em kPa/m
D - é o diâmetro da tubulação (mm)
,
8,69 10 Q - é a vazão (l/s)
, Essa fórmula é para PVC ou cobre (água fria), para um
material diferente deve-se se utilizar outra fórmula.

OBS: Tanto a equação de Hazen


Hazen-Willians como a de Fair-Whipple-Hsiao deve-se
deve multiplicar o
valor obtido (J) pelo comprimento da tubulação.

 Perda de carga localizada: Essa perda de carga é causada pelos acessórios da


tubulação, ou seja, todas as peças que provocam variações bruscas de
velocidade, em módulo ou direção, inte
intensificando
nsificando assim a perda de energia nos
pontos onde estão localizadas. Essa perda de carga pode ser calculada a partir do
coeficiente k, que é o coeficiente de geometria da peça (Equação 7) ou se pode
utilizar uma tabela com comprimentos equivalentes (Figura 3).

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Δ Equação 7
2

Figura 3. Perdas de carga localizadas – equivalência em metros de tubulação de PVC rígido ou cobre

Fonte: MACINTYRE, 2017

Exemplo:

Sendo um edifício residencial com consumo diário de 80m³.


m³. Calcule o diâmetro
de recalque, sucção, perdas de carga da tubulação, altura manométrica e potência da
bomba.
Considere a Figura 4 abaixo e os seguintes dados:
- Tubulação de PVC;
- Funcionamento da bomba: 6 horas;
- Altura estática de sucção: 2,30 m
m;
- Comprimento desenvolvido na sucção: 4,50m;
- Altura estática no recalque: 15,35m;
- Comprimento desenvolvido no recalque: 23,25m;
- Rendimento do conjunto motobomba: 50%

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Figura 4. Esquema da instalação elevatória do exemplo


Reservatório superior Saída de canalização

Nível água

Registro de gaveta

hrec
Válvula de retenção

Conjunto motobomba

hsuc

Nível água

Válvula de pé e crivo

Reservatório inferior

Fonte: LANGARO, 2020.

Resposta comentada:

1 Primeiro calcula-se
calcula o diâmetro de recalque (Equação 1)

= 0,0559 m

Adotando um diâmetro comercial próximo ao encontrado, tem-se: Dr = 60 mm

Para o diâmetro de sucção (Ds) adota-se um superior ao Dr,, sendo assim Ds = 75 mm

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2 Calcula-se
se as perdas de carga localizadas e distribuídas (Equação 6)

Perda de carga da sucção: Perda de carga no recalque:


Peças (observe a figura do exemplo): Peças:
- 1 válvula de pé e crivo = 26,8 - 1 válvula de retenção (leve) = 8,2
8,
- 1 joelho 90º = 3,9 - 6 joelhos 90º = 6 x 3,7 = 22,2
- 1 saída de canalização = 3,5
Comprimento desenvolvido na sucção = 4,5 m - 1 registro de gaveta = 0,9

Soma da perda de carga localizada = 35,2 m Comprimento desenvolvido no recalque = 23,25 m


Soma da perda de carga localizada = 58,05 m
As perdas de carga localizadas foram obtidas na tabela da Figura 4
Perda de carga distribuída: Perda de carga distribuída: Vazão de
recalque
em l/s
Vazão de
recalque
em l/s
Diâmetro da tubulação de recalque

Diâmetro da tubulação de recalque

Perda de carga total no recalque = 0,031 x 58,05


= 1,80 mca

Perda de carga total na sucção = 0,0106 x 35,2


= 0,374 mca
mc

3 E por último calcula-se


calcula a altura manométrica total (Equação2) e
a potência da bomba (Equação 3):

Altura estática no recalque + sucção

Agora é só buscar em um
catálogo de bombas (para
recalque de água fria) uma
que atenda essa potência e
Potência da bomba: o rendimento especificado

1.3.3 Dimensionamento das tubulações - Ramais e sub-ramais

A partir desse momento você precisa começar o traçado das tubulações no


projeto.
Já temos todo o dimensionamento do reservatório e, se for necessário, da

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instalação elevatória, a qual deve estar com todas as tubulações traçadas no projeto para
determinar as peças e comprimentos.
Com a definição do local do reservatório, começa o traça
traçado
do do barrilete e
indicação das colunas que descerão para abastecer os ramais e sub
sub--ramais de cada
ambiente.
A última atualização da norma 5626 (2020) não traz um método de
dimensionamento, ela apenas informa que deve ser adotado um método reconhecido e
ele
le deve ser justificado no memorial descritivo.
Para se ter um abastecimento de água suficiente, se deve garantir a vazão em
cada trecho da tubulação. Para tanto, existem dois critérios que podem ser adotados: o
de consumo simultâneo máximo possível e de consumo simultâneo máximo provável:
provável
 Consumo máximo possível: esse critério se baseia na hipótese de que todos os
aparelhos servidos pelo ramal são utilizados simultaneamente. Isso significa que
a descarga total no início do ramal será a soma das descargas em cada sub-
ramal. Esse tipo de consumo é mais comum em fábricas, escolas e instalações
esportivas por exemplo.
 Consumo máximo provável: esse critério se baseia na hipótese de que o uso de
todos os equipamentos de um mesmo ramal é pouco provável. É o que ocorre
normalmente na maioria dos casos. Para o cálculo das vazões dos equipamentos,
definir os diâmetros das tubulações e verificar a velocidade do fluxo, adota
adota-se as
Equações 8, 9 e 10 (Tabela 3)
3).
Precisa-se
se salientar aqui, que a NBR 5626 comenta que ao se abrir
simultaneamente qualquer outro ponto de utiliza
utilização junto com a ducha (chuveiro),o
(chuveiro)
valor da pressão dinâmica
mica atuante (Equação 11) na mesma não
o pode sofrer uma redução
redu
superior a 10 %do valor calculado
calculado.

Tabela 3. Equações para dimensionamento da


das tubulações
Equação 8 Onde:
Q - é a vazão em l/s
C - é o coeficiente de descarga = 0,3 l/s
Pe - é a soma dos pesos correspondentes a todas as peças de
utilização alimentadas
Equação 9 Onde:
4000 V - é a velocidade em m/s
Q - é a vazão em l/s
D - é o diâmetro da tubulação em mm
Equação 10 Onde:
D - é o diâmetro da tubulação m
Q - é a vazão em l/s

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V - é a velocidade em m/s
4

Equação 11 Onde:
√ Q - é a vazão do equipamento em l/s
K - é o fator de vazão do aparelho sanitário,
rio, expresso em
(l/s.kPa0,5)
P - Pressão dinâmica no equipamento em kPa

OBS: Se pode utilizar a somatória de pesos dos equipamentos para calcular a vazão (Equação 8), ou ainda
se pode utilizar a vazão média dos equipamentos informados na literatura ou catálogos comerciais.

A norma informa que em qualquer caso a pressão dinâmica da água


á no ponto de
utilização nãoo pode ser inferiora 10 kPa (1 mca).
A velocidade da água não pode atingir valores superiores a 3 m/s em nenhum
trecho da tubulação.

1.3.4 Dimensionamento das tubulações - barrilete e colunas

Vamos aprender agora o dimensionamento dos barriletes. Observe que iniciamos


pelo posicionamento do reservatório e cálculo de toda a instalação de recalque. Após
passamos aos ramais e sub
sub-ramais. Isso foi necessário pois precisamos saber quais e
onde estão localizados os equipamentos que necessitam de água, só assim
conseguiremos posicionar as colunas, traçar todo o barrilete e fazer o dimensionamento
corretamente.
O barrilete é a tubulação ligand
ligandoo o reservatório superior as colunas de
distribuição. Ele pode ser ramificado ou concentrado. A escolha depende da edificação,
disposição dos ambientes que necessitam de água e também do projetista. O seu
dimensionamento parte do abastecimento de cada coluna, onde deve ser observado
todos os aparelhos ligados a cada coluna.
A ideia aqui de dimensionamento é a mesma da instalação elevatória.
Precisamos conhecer todas as peças, comprimentos e vazão qu
quee deve ser atendida nos
equipamentos.Deve-se
se determinar as perdas de carga em cada trecho. E deve
deve-se
verificar a pressão em cada trecho também. Para o cálculo da pressão, se deve primeiro
verificar a diferença de cota da saída do reservatório e a tubulaçã
tubulação
o do primeiro trecho
considerado. Observe a Figura 5 abaixo.
Essa diferença deve ser considerada positiva quando a entrada tem cota superior
à saída, e negativa em caso contrário. Com esse dado se pode determinar as pressões

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Instalações Hidráulicas e Sanitárias
disponíveis em cada trecho. A pressão disponível em cada trecho deve levar em
consideração a soma ou subtração da pressão residual na sua entrada além da subtração
das perdas de carga. Vamos fazer um exemplo abaixo para entender todo esse processo
de cálculo.
Cabe lembrar aqui que ooss equipamentos trabalham com pressão dinâmica de
10kPa (1 m.c.a). Além disso, a NBR 5626 aponta que eem
m qualquer ponto da rede de
distribuição, a pressão dinââmica da água não
o pode serinferior a 5 kPa (0,5 m.c.a).
m

Figura 5. Representação esquemática de um barrilete e colunas

Reservatório superior

Nível água

Elevação para o reservatório


1,5 metros

Barrilete

Nível da laje

Coluna A Coluna B Coluna C

Fonte: LANGARO, 2020.

Exemplo:

Dimensione o barrilete abaixo (Figura 6),, de acordo com os equipamentos que cada
coluna atende.
- Edifício com 10 pavimentos
- Coluna AF1 e AF2 atendem em cada pavimento: 1 caixa de descarga, 1 lavatório, 1
chuveiro elétrico e 1 bidê.

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Figura 6. Esquema do barrilete


AF1 Planta baixa
Isométrico

Nível água

R
A

AF1
1,0

AF2

5,0
3,0

4,0
AF2

Fonte: LANGARO, 2020.

Resposta comentada:

1 Vamos usar o método do consumo máximo provável para a resolução


Consulte o livro: Instalações hidráulicas e o projeto de arquitetura (JÚNIOR CARVALHO, 2017 p.73).

PESOS: Conferindo a velocidade por trecho


Coluna AF1 = AF2
Trecho AF1 - A = Trecho AF2 – A:
- Caixa de descarga: 0,3
- Lavatório: 0,3
- Chuveiro elétrico: 0,1
- Bidê: 0,1
SOMA: 0,8
Multiplica-se por 10 pavimentos = 0,8 x 10 = 8 Trecho A – R:

Cálculo da vazão e diâmetro por trecho


Trecho AF1 - A = Trecho AF2 - A

Diâmetro = 32 mm
Velocidades inferiores a 3 m/s  OK
Trecho A - R
Perda de carga em cada trecho
Usaremos a fórmula de Fair-Whipple
Whipple-Hsiao
Diâmetro = 32 mm

Lembre-se
se que esse trecho abastece todas as colunas

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Instalações Hidráulicas e Sanitárias

2 Perda de carga em cada trecho Trecho AF1 - A

Trecho A – R:

Peças:
- 1 tê de saída lateral= 4,6
4,
Peças: - 1 joelho 90º = 2,0
- 1 entrada de borda = 1,88 - 1 registro de gaveta = 0,4
- 1 joelho 90º = 2,0
- 1 registro de gaveta = 0,4 Comprimento = 3,0 m
TOTAL = 10 m
Comprimento = 8,0 m
TOTAL = 12,2 m Perda de carga total:
10 x 0,46 = 4,6 kPa
Perda de carga total: Trecho AF2 - A
12,2 x 0,85 = 10,37 kPa

Verificando as pressões
Peças:
OBS: Pressão disponível = diferença de cota do - 1 tê de saída lateral= 4,6
4,
fundo do reservatório até a tubulação - 1 joelho 90º = 2,0
Pressão disponível = 50 kPa - 1 registro de gaveta = 0,4

Ponto A = 50 – 10,37 = 39,63 kPa Comprimento = 6,0 m


Ponto AF1 = 39,63 – 4,6 = 35,03 kPa TOTAL = 13 m
Ponto AF2 = 39,63 – 5,98 = 33,65 kPa Perda de carga total:
13 x 0,46 = 5,98 kPa

Essa metodologia de cálculo é utilizada também para o dimensionamento das


colunas.
Lembre-se
se de sempre verificar as pressões disponíveis em cada trecho da
tubulação e principalmente nos equipamentos. Use a equação 11 para verificar a
pressão dinâmica nos equipamentos.
Observe também que a pressão estática
tica nos pontos de utilização
utiliza não pode
ultrapassar 400 kPa (40 mca) (NBR 5626:2020).

1.4 EXECUÇÃO DO SISTEMA

As tubulações devem ser instaladas de acordo com o projeto hidrossanitário, por


isso nele deve conter plantas baixas e detalhes isométricos de toda a tubulação,
contendo altura dos pontos
ontos de utilização, registros e todos os componentes da
instalação. Não esqueça de detalhar também a metodologia de cálculo utilizada no
dimensionamento num memorial descritivo.

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Instalações Hidráulicas e Sanitárias
Sempre prever registros de fechamento nas colunas dentro dos ambientes. Iss
Isso
serve para facilitar a manutenção de qualquer parte da rede.
Eventuais alterações que se mostrem necessárias durante a execução do projeto
devem ser documentadas em um projeto chamado ‘as built’. Ele facilitará manutenções
posteriores também!

Aqui neste material você aprendeu sobre os componentes de uma instalação


de água fria, desde o uso do reservatório até o dimensionamento de todo o sistema.
Sempre que tiver dúvidas retome o conteúdo e faça exercícios!

And enjoy the process! Curta todo esse processo de aprendizagem!

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Instalações Hidráulicas e Sanitárias

REFERÊNCIAS BIBLIOGR
BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Instalação Predial de Água


Fria. NBR 5626. Rio de Janeiro, 2020
2020.

ASSUNÇÃO, Lorrane Viana; GOMES, Marcelus Isaac Lemos; ASSUNÇÃO, Raiane


Viana. Apostila de Instalações Hidráulicas prediais. Pontifícia Universidade Católica
de Goiás.2019. Disponível em:
<http://professor.pucgoias.edu.br/sitedocente/admin/arquivosUpload/15805/material/AP
http://professor.pucgoias.edu.br/sitedocente/admin/arquivosUpload/15805/material/AP
OSTILA-2019-1.pdf>.

CARVALHO JÚNIOR, Roberto. Instalações hidráulicas e o projeto


rojeto de arquitetura.
12. ed. São Paulo: Blucher, 2019
2019.

CARVALHO JÚNIOR, Roberto. Instalações prediais hidráulico-sanitárias


sanitárias
princípios básicos para elaboração de projetos
projetos. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2016.

MACINTYRE, Archibald Joseph. Instalações hidráulicas prediais e industriais. 4.


ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017.

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