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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL


INTERNATO ACADÊMICO TRANSDISCIPLINAR

Relatório Geral do município de Piracema

Andressa Pereira Ramos; Caio Bicalho de Sousa;


Celma Peçanha de Jesus; Esther de Souza Gama
Nascimento; Gabriel Vitor Lopes Gonçalves; Jairo
Neves; Jonas Martins Karl da Silva; Naomy Isabela
Gomes Biaggi; Maria Eduarda; Marina Bárbara
Ribeiro Damasceno; Matheus Maciel; Rafael de
Sousa; Robson Gualberto de Carvalho Júnior; Yuri
Marquezani Moreno Silva

Belo Horizonte
2024
Resumo

Assim como o título, o resumo e o abstract do seu trabalho é a porta de entrada para
o leitor, além de dar uma visão geral do seu trabalho, deve despertar o interesse do mesmo.
Como o resumo e abstract possui uma quantidade de texto limitada, muitas pessoas tem
dificuldade em elaborar um texto conciso e interessante. Desta forma, vamos apresentar
uma técnica para facilitar a elaboração do resumo e o abstract que consiste em dividi-los
em cinco partes: contexto, objetivo, método, resultados e conclusão. Para mais informações
acesse nosso post sobre Abstract: https://blog.fastformat.co/5-passos-resumo-e-o-abstract/
Palavras-chave: Abstract. Resumo. ABNT.
Lista de tabelas

Tabela 1 – Exemplo de dados antes 13


Tabela 2 – Exemplo de dados depois 13
Lista de Figuras

Tabela 1 – Exemplo de dados antes


Tabela 2 – Exemplo de dados depois
Sumário

1. Introdução
2. Objetivo
3. Metodologia
4. Diagnóstico
4.1. Diagnóstico Técnico
4.1.1. Estação de Tratamento de Água
4.1.2. Esgotamento Sanitário
4.1.3. Usina de Triagem e Compostagem
4.1.4. JMN Mineração
4.1.5. Fazenda Campestre
4.1.6. Fazenda do Rosário
4.2. Diagnóstico Social
4.2.1. Abordagem dos aspectos sociais relacionados ao saneamento básico e meio
ambiente
4.2.1.1. Abastecimento de água
4.2.1.2. Esgotamento sanitário
4.2.1.3. Gerenciamento de resíduos domésticos
4.2.1.4. Problemas ambientais
4.2.2. Abordagem dos aspectos sociais relacionados à saúde, educação, segurança,
transporte, comércio e lazer
4.2.2.1. Saúde
4.2.2.2. Educação
4.2.2.3. Segurança
4.2.2.4. Transporte
4.2.2.5. Estabelecimentos Comerciais
4.2.2.6. Lazer
5. Análise Documental
6. Propostas de Ações Futuras
6.1. Ações Técnicas
6.2. Ações Sociais
7. Conclusão
8. Quadro-Resumo
9. Referências Bibliográficas
10. Apêndice
10.1. Análise Crítica dos Formulários
11. Anexos
1. Introdução
● Breve contextualização do município (história), localização (mapa), população,
economia, cultura…

2. Objetivo
● Objetivo do relatório

3. Metodologia
● Mencionar a metodologia utilizada: diagnóstico participativo, visitas técnicas e análise
documental

4. Diagnóstico
4.1. Diagnóstico Técnico

● Descrição das condições encontradas nas áreas visitadas


● Discussão sobre a infraestrutura de saneamento analisada
● Problemas técnicos identificados
Neste capítulo, será apresentado um diagnóstico técnico das condições identificadas
durante a visita à Estação de Tratamento de Água (ETA), ao terreno destinado à construção da
Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), na Usina de Triagem e Compostagem (UTC), na
JMN Mineração, e nas Fazenda Campestre e Fazenda do Rosário. Esta análise compreende
não apenas a avaliação da infraestrutura de saneamento, mas também a identificação dos
problemas técnicos observados ao longo da visita.

4.1.1. Estação de Tratamento de Água


A responsabilidade pelos sistemas de abastecimento de água (SAAs) existentes recai
sobre a Secretaria Municipal de Água e Esgoto (SEMAE). Durante a visita à Estação de
Tratamento de Água (ETA), estavam presentes o Secretário Municipal de Água e Esgoto,
Douglas, e o químico responsável pelo laboratório, Cleiton. Foi observado que o laboratório
(figura x) não dispõe de todos os equipamentos necessários para realizar as análises exigidas
pelo órgão ambiental. Atualmente, o laboratório possui um turbidímetro, espectrofotômetro,
sondas, pHmetro e estufa, os quais conseguem suprir algumas análises necessárias, mas outras
são encaminhadas para serem realizadas no estado de São Paulo.

Figura x - Laboratório da Estação de Tratamento de Água.


Ao analisar a infraestrutura e o sistema de tratamento de água, observa-se o processo
de captação da Água Bruta em mananciais superficiais e subterrâneos. Uma das captações
superficiais ocorre no ribeirão das Chácaras, localizado nas coordenadas geográficas Latitude
20°30’8,44"S e Longitude 44°28’51,84"O. A outra captação é realizada na comunidade Laje,
situada nas coordenadas geográficas Lat. 20°27’36,61"S e Long. 44°27’7,49"O, em uma
propriedade privada. Já a captação subterrânea, Manuel Sampaio, está instalada nas
coordenadas geográficas Lat. 20º30’14,55”S e Long. 44º28’49,51”O, em propriedade
particular. A água proveniente dessas captações é transportada até a ETA por meio de
recalque e gravidade, as adutoras são de PVC.
As águas das captações chegam misturadas e o pH é reduzido para melhorar a
eficiência do coagulante. A vazão é medida em uma calha Parshall, registrando 16 litros por
segundo.
Em seguida, a água passa por um processo de floculação em 5 estágios, onde
coagulantes como sulfato de alumínio são adicionados para aglomerar as partículas suspensas,
formando flocos maiores. Conforme avança nos estágios, a velocidade de agitação aumenta
para melhorar a eficiência. Este processo tem um tempo de detenção de 15 minutos.
Posteriormente, ocorre a decantação em decantadores lamelares com placas inclinadas,
permitindo que a água passe a uma velocidade de aproximadamente 0,1 m/s. Isso aumenta a
área de superfície para a sedimentação de sólidos suspensos, resultando em uma remoção
eficaz de impurezas, ocupando menos espaço e economizando custos operacionais. Este
estágio leva cerca de 1 hora e 20 minutos, com um tempo de detenção de 2 horas e 30
minutos.
A água então passa por um filtro de areia para reter as partículas restantes e, por fim, é
desinfetada com cloro em um tanque de contato, eliminando microrganismos patogênicos que
possam estar presentes. Esse processo de desinfecção dura cerca de 30 minutos.
A água é então transportada para um reservatório de 60 m³ que é insuficiente para
operar com a margem de erro correta, resultando em falta de água durante manutenções e
afetando a qualidade da água entregue às residências, devido à pressão mínima não ser
garantida. Por esse motivo, há um projeto para adicionar um novo reservatório, completando
um volume total de 500m³, vale destacar que a perda do sistema é de aproximadamente 20%.
(a) (b)

Figura x- A figura (a) representa a Calha Parshall e a figura (b) os tanques da ETA.

(c) (d)

Figura - A figura (c) representa xxxxx e a figura (d) o atual reservatório.


Foi observado que o descarte incorreto dos resíduos do processo, o lodo é descartado
na mata do próprio local, enquanto a água residual é descartada na rede de esgoto que
posteriormente vai para os rios sem nenhum tipo de tratamento.
Em relação à quantidade de cloro e turbidez da água reclamada pela população, foi
mencionado que a proporção está dentro dos parâmetros, lançando-se cerca de 1 a 1,5 para
alcançar uma concentração de 0,5 na rede. Já em relação à turbidez foi observado que a
ausência de extravasamento para descartar a primeira água durante a manutenção,
ocasionalmente resulta em água um pouco turva para os consumidores.
Também foi observado que os decantadores da ETA não estão decantando
completamente os flocos de partículas menores e mais leves, permitindo que passem para os
filtros. Isso foi atribuído a uma velocidade de passagem da água entre as estruturas mais alta
do que a projetada, resultando em um tempo de residência na ETA menor que o ideal. Uma
possível solução que foi sugerida foi a de fazer mais furos nos decantadores para aumentar a
correlação bruta decantada e reduzir o curto circuito e as linhas preferenciais de fluxos.
Adicionalmente, foi sugerida a troca da rede atual para uma rede pressurizada, visando
manter uma pressão constante em toda a rede. Isso garantiria um fluxo eficiente e consistente
de água em todos os pontos de uso, resultando em uma distribuição mais eficiente, menor
perda de água devido a vazamentos e rupturas, além de controle automático de pressão para a
estabilidade do sistema. No entanto, apesar das várias possibilidades de melhoria identificadas
na ETA, atualmente não há recursos financeiros disponíveis para implementar tais melhorias.
4.1.2. Esgotamento Sanitário
No município, a gestão do serviço de esgotamento sanitário é de responsabilidade da
Prefeitura Municipal de Piracema. Atualmente, apenas 57,39% do esgoto gerado é
efetivamente coletado, e alarmantemente nenhum percentual desse esgoto é submetido a
tratamento adequado. A tarifa média aplicada para este serviço é de R$ 0,57 por metro cúbico,
conforme dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS - 2020).
É importante ressaltar que, até o momento, o município não dispõe de uma Estação de
Tratamento de Esgoto (ETE). Entretanto, foi realizada uma visita ao local onde será
implantado o projeto, o qual já possui licenciamento adequado. Durante essa visita, foi
identificada a necessidade de implementação de um filtro percolador de alta taxa na estação.
Este sistema é altamente eficiente na remoção de poluentes, especialmente em áreas de espaço
limitado, ele utiliza um leito de material granular para promover a degradação dos poluentes
orgânicos pelo contato com bactérias aeróbias. A eficiência do filtro na remoção de matéria
orgânica e microrganismos patogênicos pode contribuir significativamente para a melhoria da
qualidade da água do Ribeirão Paracatu, onde o esgoto é descartado atualmente, comumente
conhecido como Rio do Peixe. Este curso d'água é classificado como Classe 1, o que o coloca
em um nível de qualidade considerado especial, semelhante a outros ribeirões da região.
Durante a inspeção, uma preocupação importante foi a alta presença de nitrogênio
amoniacal no esgoto coletado. Esta forma de nitrogênio, altamente solúvel em água, pode ser
extremamente prejudicial em corpos d'água, levando à eutrofização. Esse processo resulta em
um excesso de nutrientes na água, favorecendo o crescimento descontrolado de algas e
reduzindo o oxigênio disponível para outras formas de vida aquática.
No Quadro X, apresentam-se as Violações de limites estabelecidos pela Deliberação
Normativa Copam/CERH nº 1/2008 para o Ribeirão Paracatu, localizado na Bacia do rio São
Francisco, sendo a estação analisada identificada como PA029.

Quadro x: Violações de limites da DN Copam/CERH nº1/2008 ocorridas em MG.


Série Histórica (1997 - 2018)
Parâmetros que não
Percentual de
atenderam ao limite (DN
Violação do 2018 2017 2016
COPAM / CERH 01/08) Mín. Méd. Máx.
parâmetro
Escherichia coli 8565% 17329 2382,2 6866,7 2382,2 8859,3 17329

Ferro dissolvido 70% 0,50988 0,375 0,329 0,329 0,40463 0,50988

Fonte: Sistema Estadual de Meio Ambiente Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM).
Um elevado índice de ferro dissolvido em um rio pode acarretar em consequências
graves para o ecossistema aquático, tais como a morte de organismos, eutrofização,
sedimentação excessiva e turvação da água. Por outro lado, a presença significativa de
Escherichia coli (E. coli) indica uma contaminação fecal, representando sérios riscos à saúde
pública, incluindo doenças gastrointestinais e infecções. Ademais, a contaminação demanda
restrições ao uso recreativo da água, devido ao perigo de exposição à contaminação.
Essa análise revela a crítica situação do tratamento do esgoto no município,
destacando a urgente necessidade de melhorias e investimentos para o adequado tratamento
dos efluentes gerados. É imprescindível que a coleta e o tratamento de esgoto sejam
priorizados, visando não somente a preservação do meio ambiente, mas também a proteção da
saúde pública e a promoção de um desenvolvimento sustentável para a comunidade.

4.1.3. Usina de Triagem e Compostagem


A limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos abrangem uma série de atividades,
infraestruturas e instalações para a coleta, varrição, limpeza e conservação urbana, além do
transporte, tratamento e destinação adequada dos resíduos, conforme estabelece a Lei Federal
nº 11.445/2007. No município, um expressivo percentual de 99,01% da população urbana é
atendido pelo serviço de coleta de resíduos sólidos, conforme dados do Sistema Nacional de
Informações sobre Saneamento (SNIS - 2020).
Esses resíduos são recolhidos diariamente na cidade e encaminhados para a usina de
triagem e compostagem, em funcionamento desde 1998, localizada a aproximadamente 4,7
quilômetros do centro urbano, na estrada de acesso à BR-381, nas coordenadas Lat. 20º 29'
4,47"S e Long. 44º 30' 22,39"O. Atualmente, a gestão desta usina está sob responsabilidade
da Associação de Agentes Recicladores de Crucilândia.
Durante a visita ao local, acompanhada por Thiago, Coordenador da UTC, e Rafael, o
encarregado da unidade, foi constatada a presença de cinco mulheres trabalhando na triagem,
duas pessoas operando a prensagem dos resíduos, e uma pessoa responsável pelo
descarregamento do caminhão, realizando a separação inicial.
O empreendimento possui uma placa de identificação na entrada e conta com dois
banheiros, cozinha e sala de administração. Além disso, possui um pátio de compostagem que
está atualmente sem utilização, embora tenha sido informado que a área já está licenciada e há
um projeto para sua implementação.
A estrutura da UTC inclui uma área de recepção de resíduos, onde os materiais são
triados em uma bancada antes de serem acondicionados em bombonas plásticas para posterior
prensagem e pesagem (figura x). Após a triagem, os resíduos são encaminhados para baias
instaladas em um local coberto, onde são agrupados de acordo com a tipologia, para serem
prensados, pesados e preparados para a comercialização. Na figura X, é possível observar o
acúmulo de fardos de materiais prensados, prontos para a venda.
(a) (b)

Figura x- A figura (a) representa a área de recebimento dos resíduos e a figura (b) a área de
separação dos resíduos.

(a) (b)

Figura x- A figura (a) representa o material sendo prensado e a figura (b) a área de
armazenamento dos fardos do material pronto para a venda.
Os resíduos de alumínio têm um armazenamento específico em um depósito com porta
e tranca, devido ao seu maior valor no mercado e à ocorrência de furtos no local. Os rejeitos
identificados na UTC ficam retidos em um pátio para posterior encaminhamento ao aterro
sanitário da Essencis, localizado no município de Betim. A frequência em que o caminhão faz
o recolhimento é semanal, com capacidade para 12 toneladas de resíduos. Além disso, a UTC
recebe resíduos da prefeitura duas vezes ao dia.
A comercialização dos materiais é principalmente feita com empresas privadas, que
adquirem o fardo de PET a R$ 3,20 e o fardo de papelão a R$ 0,10. Apesar de passarem por
uma lavagem prévia, os produtos ainda são desvalorizados devido ao nível de sujeira residual.
No entanto, com a recente implantação da coleta seletiva em 9 de janeiro de 2024, os
funcionários acreditam que poderão aumentar o valor agregado dos resíduos vendidos, pois
estes estão menos contaminados.
Durante a visita, foi observado o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)
pelos funcionários, incluindo luvas, máscaras, protetores auriculares e botinas. No entanto,
ainda foi relatado um incidente envolvendo um funcionário que foi ferido por uma agulha
durante o processo de separação de resíduos, resultando na necessidade de tratamento e
prevenção com coqueteis por um período.
Além das questões operacionais, um ponto levantado pelo Thiago foi o enfrentamento
do preconceito por parte dos trabalhadores devido à natureza de seu trabalho e à
desvalorização desse serviço pela sociedade em geral.

4.1.4. JMN Mineração


A JMN Mineração foi estabelecida em 2014, situando-se entre os municípios de
Piracema e Desterro de Entre Rios. Devido às condições climáticas instáveis na semana da
visita planejada, que tornaram inviável e insegura a ida ao local de mineração, optou-se por
uma visita ao local de atendimento à população. O encontro ocorreu no dia 12 de janeiro,
onde Adriana e Rafael, representantes da mineradora, apresentaram os aspectos operacionais e
ambientais da empresa (figura x).

Figura x - Apresentação da JMN Mineração.


Durante a apresentação, foi destacado o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da JMN
Mineração. Um ponto importante mencionado é a ausência de barragens de rejeitos, sendo a
empresa pioneira no estado ao adotar a prática de pilhas a seco para o armazenamento dos
rejeitos. Além disso, a mineradora não utiliza explosões com dinamite em seus métodos de
extração de minério, optando pela lavra a céu aberto. Neste método, a extração é realizada
através da abertura de uma grande cava ou mina na superfície da terra, expondo o minério
para ser removido. O processo envolve o uso de equipamentos pesados, como escavadoras,
caminhões de carga e dragas.
A empresa também enfatizou o monitoramento contínuo dos recursos hídricos,
realizando análises em 18 pontos específicos. O efluente gerado passa por tratamento em uma
Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), que inclui um reator de lodo ativado, um
decantador secundário, um tanque de contenção, um poço, um sistema de filtração, e promove
o reuso da água tratada. Adicionalmente, a JMN Mineração possui uma Estação de
Tratamento de Água (ETA). A captação de água é feita através de duas captações superficiais
e uma subterrânea, todas outorgadas. O monitoramento ambiental abrange diferentes
aspectos, incluindo ar, água, ruído, aves, mamíferos e emissões de fumaça preta.
Por estar localizada entre os municípios de Piracema e Desterro de Entre Rios, a JMN
Mineração está sujeita às regulamentações e responsabilidades ambientais de ambas
delegações e seu licenciamento foi estadual. De acordo com as informações apresentadas, a
empresa possui licença para operar até o ano de 2027.
Durante a apresentação, não foram observadas irregularidades nos processos
operacionais ou nos resultados dos monitoramentos realizados. No entanto, dada a
impossibilidade de uma visita direta ao local de mineração, não é possível afirmar com total
certeza a ausência de irregularidades. A avaliação mais precisa requereria uma inspeção
presencial mais detalhada.

4.1.5. Fazenda Campestre


A visita à Granja Campestre LTDA, localizada onde se encontra a Fazenda Campestre,
ocorreu em 12 de Janeiro, acompanhada por Junior, formado em administração e responsável
pela parte financeira da fazenda. Contudo, devido ao seu foco na área financeira, houve
limitações em responder questões relacionadas ao saneamento e meio ambiente.
A principal atividade da empresa, inscrita sob o CNPJ 00.917.594/0001-08, é a criação
de suínos (figura x), com uma quantidade menor de bovinos e plantações de milho e soja para
a produção de ração. É importante ressaltar que a fazenda se dedica apenas à criação dos
animais para o abate, não possuindo licença para o abate em si. Fundada em 17 de novembro
de 1995, a Granja Campestre possui uma trajetória de 29 anos, tendo como administradores e
sócios Alfredo D Avila e Silva Neto (Sócio-administrador) e Sergio Alves Oliveira (Sócio).
Atualmente, a empresa encontra-se com sua situação cadastral INAPTA segundo a Receita
Federal, indicando possíveis irregularidades fiscais ou omissões de informações.

Figura x - Criação de Suínos.


A fazenda realiza a captação de água em 4 poços, porém, informações detalhadas sobre
esse processo não foram fornecidas. Com cerca de 60 funcionários, a fazenda abriga
aproximadamente 20 mil suínos, com o preço do quilo do suíno estabelecido em 7,50 reais.
As fezes dos animais são captadas por gravidade e são misturadas com água (figura x)
em uma proporção adequada antes de serem introduzidas nos biodigestores (figura x). O
primeiro biodigestor da fazenda foi projetado por uma empresa canadense há 20 anos,
enquanto o segundo é uma replicação do mesmo modelo, com 15 anos de existência. Esses
biodigestores estão entre os maiores do Brasil.
(a) (b)

Figura x- A figura (a) representa o processo de mistura do material e a (b) produção de


biofertilizante.

(a) (b)

Figura x- A figura (a) representa o biodigestor e a (b) a lagoa que de estabilização.


Dentro do biodigestor, ocorre o processo de fermentação anaeróbica, no qual as
bactérias decompositoras quebram a matéria orgânica. Durante a digestão anaeróbica, é gerado
o biogás, uma mistura de metano (CH₄) e dióxido de carbono (CO ₂). Esse gás gerado durante
o processo é levado a um gerador para produção de energia elétrica, sendo mais do que o
suficiente para o consumo interno da fazenda. O excedente de energia é vendido para a Cemig,
resultando em uma economia significativa de mais de 80% na conta de energia.
Anteriormente, a fazenda pagava em torno de 30 mil reais e, atualmente, paga entre 2 a 4 mil
reais. Outro subproduto é o biofertilizante, esse resíduo é armazenado em um área (figura x)
onde será utilizado posteriormente como fertilizante orgânico.
Além disso, a fazenda conta com duas lagoas de tratamento para estabilização e
decantação dos resíduos dos biodigestores (figura x). Durante a visita, foi observado que uma
das lagoas possuía manta de impermeabilização, enquanto a outra não; entretanto, foi
afirmado durante a visita que ambas dispõem dessa proteção, porém inspeções mais
detalhadas são necessárias para confirmar as veracidades das informações.
4.1.6. Fazenda do Rosário
A empresa Rações Piracema (figura x), legalmente registrada como Rações Piracema
LTDA, é uma organização de pequeno porte, identificada pelo CNPJ 18.024.692/0001-73,
sediada na Fazenda do Rosário, Piracema - MG, CEP 35.536-000. Seu escopo primordial de
atuação se enquadra na Fabricação de alimentos para animais, conforme classificação no
Código Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) C-1066-0/00. Fundada por 4 sócios, a
empresa está inserida no mercado há mais de 13 anos, de acordo com a regulamentação vigente
desde 2013.

Figura x - Rações Piracema LTDA.


A visita técnica (figura x), conduzida em 12 de janeiro, contou com a supervisão da Sra.
Solie, colaboradora designada pela empresa. Durante o percurso, foram apresentadas todas as
instalações, proporcionando um entendimento abrangente do processo produtivo, que tem
início no recebimento da matéria-prima. A empresa mantém um inventário diversificado, com
mais de 50 tipos de insumos, incluindo soja, milho e variados aditivos.
Os armazéns, compostos por 4 tulhas (figura x), são responsáveis pelo estoque dos
materiais a granel, como soja, algodão, milho, farelo de trigo, entre outros. Cada lote é
meticulosamente identificado por meio de placas, garantindo um controle eficaz sobre os
estoques.
Durante a visita, foram detalhadamente explicadas as etapas do processo produtivo, que
abrangem a separação, moagem, trituração, misturação, adição de aditivos e paletização.
Destaca-se o uso de uma caldeira a lenha, empregada para a geração de vapor, o qual é
condensado e direcionado para a paletização, promovendo um umedecimento preciso da ração.
Ademais, evidenciou-se um sistema de recuperação de água, destinado ao reaproveitamento
nos processos de caldeiraria.
A empresa conta com a operação de um poço artesiano para suprir suas demandas. No
que tange ao tratamento de efluentes, há uma fossa séptica. Os resíduos mais recorrentes
identificados são provenientes de sacos plásticos, e não há, segundo a empresa, descarte de
resíduos especiais.
Com uma capacidade produtiva diária de 42 toneladas, a fábrica opera de segunda a
sexta-feira, durante 13 horas por dia e mantém um quadro de aproximadamente 20
colaboradores, sendo notável que pelo menos 90% destes são oriundos da comunidade local.
Durante a visita técnica, foi ressaltado que a empresa está sob a supervisão do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), atendendo às regulamentações e
normativas do setor. Além disso, suas produções são regularmente submetidas ao Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), assegurando a
conformidade de suas práticas produtivas com as diretrizes ambientais vigentes.

(a) (b)
Figura x- A figura (a) representa o silo de armazenamento e a (b) a apresentação das
instalações da empresa.

4.2. Diagnóstico Social


Foram realizadas aproximadamente 44 visitas nas casas da área urbana e 16 na área
rural da comunidade, abrangendo as regiões de Bom Retiro e Costas. Essas visitas de
diagnóstico tiveram um caráter social e pessoal, visando aprofundar o entendimento sobre os
serviços básicos e as condições de vida dos moradores. Adicionalmente, buscou-se avaliar o
sentimento dos moradores em relação ao município, identificando os principais desafios
enfrentados pela comunidade.
Na área urbana, 61,4% dos entrevistados eram do sexo feminino, enquanto na área rural
esse número foi de 62,5%. Quanto à faixa etária, mais de 50% dos entrevistados em ambas as
áreas têm mais de 45 anos, conforme ilustrado no gráfico da figura X. Em relação à
autodeclaração de cor, há uma grande diversidade na área urbana conforme a ilustração do
gráfico da figura x. Em termos de natalidade, 63,3% e 75% dos entrevistados na área urbana e
rural, respectivamente, nasceram no próprio município. Aqueles que não nasceram localmente
estão, em sua maioria, há mais de 20 anos residindo na comunidade, como indicado no gráfico
da figura X.

(a) (b)

Figura x - Gráfico de faixa etária, pertencente a (a) zona urbana e (b) zona rural.
(a) (b)

Figura x - Gráfico de autodeclaração, pertencente a (a) zona urbana e (b) zona rural.

(a) (b)

Figura x - Tempo em que o entrevistado(a) mora no município, a (a) zona urbana e (b) zona
rural.
O nível educacional dos entrevistados é variado, como representado no gráfico da
Figura X. Em relação às ocupações, na área urbana destacam-se profissionais como Agentes de
Saúde, Aposentados, Costureiras, Domésticas, Donas de Casa, Artesãs, Estudantes, Babás,
Manicures, Produtores de Leite, Soldadores, Balconistas, entre outros. Já na área rural, as
principais ocupações incluem Agricultores, Comerciantes, Donas de Casa, Lavradores,
Pedagogas, Produtores Rurais, Corretores de Imóveis e Vaqueiros.
Figura x - Nível de escolaridade na zona urbana e rural.
Quanto às condições de moradia, 65,9% dos entrevistados na área urbana relataram
possuir casa própria, enquanto 27,3% pagam aluguel e 7,2% não responderam. Na área rural,
100% das residências são de propriedade dos moradores. O número de quartos nas casas varia,
como mostrado no gráfico da Figura X, refletindo a diversidade das estruturas habitacionais na
comunidade. O gráfico da Figura X também apresenta a média de moradores por casa.

(a) (b)

Figura x - Número de quartos na (a) zona rural e (b) zona urbana.

(a) (b)

Figura x - Número de pessoas que moram na residência na (a) zona urbana e (b) zona rural.
4.2.1. Abordagem dos aspectos sociais relacionados ao saneamento
básico e meio ambiente
4.2.1.1. Abastecimento de água
O saneamento básico é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento
sustentável e o bem estar de uma comunidade. No município de Piracema, essa questão se
desdobra em realidades distintas entre a zona rural e a urbana. Os gráficos da figura x
oferecem um panorama claro e comparativo do abastecimento de água potável nessas duas
áreas.

Figura x - Abastecimento de água na zona rural.

Figura x - Abastecimento de água na zona urbana


Na zona urbana, dos entrevistados, aproximadamente 43% relataram estar satisfeitos
com a qualidade da água, enquanto 48% expressaram insatisfação; os restantes 9%
mencionaram algumas preocupações, como coloração escura e gosto desagradável de cloro.
Por outro lado, na zona rural, 87,5% afirmaram estar satisfeitos com a qualidade da água.
Quanto ao tratamento doméstico da água na zona urbana, cerca de 41% dos
entrevistados filtram a água, 34% não realizam nenhum tipo de tratamento, e 23% optam por
comprar água mineral. Por outro lado, na zona rural, 81,3% filtram a água e 18,8% não
realizam nenhum tratamento. Sobre a presença de caixas d’água, aproximadamente 82% dos
entrevistados na área urbana afirmaram ter uma com boia, enquanto 2,3% declararam não
possuir e 9% não souberam responder. Na zona rural, 87,5% afirmaram possuir caixa d’água
com boia, enquanto 12,5% possuem caixa d’água sem boia.
Quanto à frequência do abastecimento de água, 54,5% dos entrevistados na área
urbana afirmaram que não falta água, 20,5% mencionaram que a falta é esporádica, 20,5%
relataram falta semanal e os restantes 4,5% disseram que falta diariamente se não houver uma
gestão cuidadosa. Na zona rural, 100% dos entrevistados afirmaram não ter problemas com o
abastecimento.
Em relação à cobrança da água, na zona urbana, 66% consideram justo o preço
cobrado, 25% discordam, 2,3% acham o valor razoável, 2,3% consideram caro e 4,5%
afirmaram não haver cobrança. Já na zona rural, 75% mencionaram não haver cobrança, mas
entre os que pagam, 18,8% consideram justo o valor e 6,3% discordam.

4.2.1.2. Esgotamento sanitário


No que diz respeito ao esgotamento sanitário, ao serem questionados sobre o destino
do esgoto de suas casas, na zona urbana, 2,3% dos entrevistados mencionaram ter fossa
séptica, 11,3% não souberam responder, e os demais têm conhecimento da existência de uma
rede de esgoto. Destes, 70,5% estão cientes de que, após a coleta, o esgoto é despejado em um
rio, enquanto 27,3% não têm conhecimento do destino após a coleta. Por outro lado, na zona
rural, 100% dos entrevistados possuem fossa, sendo algumas sépticas e outras sem nenhum
tipo de tratamento.

4.2.1.3. Gerenciamento de resíduos domésticos


Em relação ao gerenciamento de resíduos, observou-se que na área urbana do
município há serviço de coleta domiciliar, ao contrário da zona rural, onde mais da metade dos
entrevistados não têm acesso a esse serviço. Os gráficos das figuras x e y ilustram a disposição
dos resíduos domiciliares na área urbana e rural, respectivamente. É importante ressaltar que,
alguns anos atrás, onde hoje está localizada a usina de triagem e compostagem, existia um
lixão, e muitos moradores ainda associam a usina ao lixão.

Figura x - Disposição dos resíduos domiciliares na zona urbana


Figura x - Disposição dos resíduos domiciliares na zona rural.

Quanto à coleta seletiva na zona urbana, 63,6% dos entrevistados não realizam a coleta
seletiva, 31,8% realizam, e o restante optou por não responder. Na zona rural, 68,8% não
realizam a coleta seletiva, 25% realizam, e o restante não soube identificar o que era. Alguns
moradores mencionaram que alguns materiais, como perfurocortantes e recicláveis, eram
levados para a cidade. Outros relataram que queimavam esses materiais, enquanto o material
orgânico muitas vezes era dado aos animais ou transformado em adubo.
É relevante destacar que, na semana em que foram realizadas estas entrevistas, o
município havia acabado de iniciar a coleta seletiva nos bairros e algumas pessoas ainda não
estavam sabendo. Além disso, foi mencionado por alguns moradores que a coleta seletiva
poderia não funcionar, pois as pessoas já estão "acostumadas" com a coleta comum. Por outro
lado, alguns já buscaram aderir a esse novo modelo.

4.2.1.4. Problemas ambientais


No que concerne aos problemas ambientais, o gráfico da figura x ilustra as questões
ambientais mais mencionadas pela população. Observou-se que a poluição da água superficial
foi o problema mais citado, principalmente devido ao despejo de esgoto no rio. Quando
questionados sobre possíveis soluções para esses problemas ambientais, muitos mencionaram
a necessidade de implantação da coleta seletiva, tratamento adequado do esgoto com a
instalação de uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), uma fiscalização mais rigorosa
por parte do município, e um uso mais eficiente dos recursos financeiros do município e
provenientes da indústria mineradora para investimentos ambientais.
Figura x - Problemas ambientais mais observados na zona urbana e rural.

4.2.2. Abordagem dos aspectos sociais relacionados à saúde, educação,


segurança, transporte, comércio e lazer
4.2.2.1. Saúde
Os serviços de saúde são considerados essenciais para a manutenção da população,
sendo dever do governo conceder esse serviço à comunidade. Quando questionados sobre
quais serviços de saúde utilizavam, as respostas obtidas estão representadas na figura x.
Alguns moradores afirmaram não verem a necessidade de um plano de saúde, pois conseguem
acesso a tudo facilmente pelo SUS. Outros mencionaram utilizar o convênio da UNIMED para
necessidades mais específicas.

Figura x - Serviços de saúde utilizados na zona urbana e rural.


Em relação à satisfação com o sistema de saúde na área urbana, 84,1% dos
entrevistados afirmaram estar satisfeitos, enquanto o restante expressou algumas ressalvas,
como demora no atendimento, falta de SAMU, falta de equipamentos e algumas
especialidades médicas, e problemas na central de marcação. Na zona rural, 75% dos
entrevistados estão satisfeitos, sendo que o restante também mencionou os mesmos problemas,
acrescentando a difícil locomoção até a cidade e a prática ocasional de as pessoas se ajudarem
para levar os doentes até o médico.
Quando questionados sobre vacinas, na zona urbana, 81,8% afirmaram estar com o
cartão de vacina em dia, 6,8% disseram não estar, e 11,5% não quiseram responder. Na zona
rural, 93,8% estão com o cartão de vacina em dia, enquanto o restante não está. Muitos
moradores relataram não ter completado as doses da vacina contra a covid-19.

4.2.2.2. Educação
Em relação ao sistema de educação fornecido na zona urbana, 79,5% dos entrevistados
responderam estar satisfeitos, 13,6% não estão satisfeitos, e o restante não soube responder.
Na zona rural, 75% estão satisfeitos, 12,5% não estão, e o restante não soube responder.
Dentre os comentários recebidos, houve elogios ao ensino que proporciona
oportunidades para cursos técnicos e faculdades. Também foi destacado o elogio ao Ensino de
Jovens e Adultos (EJA) e o reconhecimento de que muitas crianças são medalhistas da
Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP).
Por outro lado, alguns apontaram que a qualidade do ensino tem declinado ao longo
dos anos, expressando a necessidade de melhorias no ensino médio. Além disso, foi
mencionado que questões sociais deveriam ser mais abordadas nas escolas, que há
preocupação com o número de jovens viciados e que alguns preferem pagar por escolas
particulares em outros municípios.

4.2.2.3. Segurança
Em relação à segurança na zona urbana, 61,4% dos entrevistados afirmaram sentir-se
seguros, enquanto o restante não se sente seguro. Na zona rural, esse número não varia muito,
com 68,8% se sentindo seguros e o restante não.
Dentre os comentários recebidos, foi citado que as ruas são tranquilas e o policiamento
atende às demandas. No entanto, a maioria dos comentários divergem dessas percepções
positivas. Alguns mencionaram que todos os horários são perigosos, relataram ocorrências de
tiroteios e o medo de ficar na rua à noite. Também foi mencionado o aumento do
envolvimento com o tráfico de drogas, muitos roubos, crimes de trânsito, principalmente
envolvendo motoqueiros, e casos de homicídios.
Além disso, foram feitas críticas à atuação da polícia, mencionando que há ataques a
pessoas inocentes enquanto os traficantes não são abordados, e que o policiamento é
considerado pouco eficiente devido à falta de treinamento. Alguns também expressaram a
visão de que a injustiça prevalece e as leis parecem ser aplicadas de forma mais rigorosa aos
mais pobres. Também foi mencionado que a segurança tem se deteriorado com o tempo,
atribuída à chegada de pessoas de fora, principalmente da capital.

4.2.2.4. Transporte
No que diz respeito ao sistema de transporte na zona urbana, 54,5% dos entrevistados
alegaram não estar satisfeitos, enquanto 40,9% disseram estar satisfeitos e o restante não
respondeu. Na zona rural, as respostas foram divididas igualmente.
Dentre os comentários recebidos, foi mencionado que antigamente havia uma linha de
ônibus que foi desativada. Atualmente, a falta de ônibus internos e entre os municípios
dificulta a locomoção. Os moradores entendem que há pouca demanda, porém, para pessoas
com dificuldades de locomoção, a mobilidade é desafiadora devido à topografia íngreme.
Além disso, os ônibus rurais não atendem todas as regiões e não há infraestrutura adequada
para pessoas com deficiência (PCDs). Também foi mencionado que não há carros disponíveis
para atendimento especial e que existe burocracia para utilizar a carteirinha de idosos. O alto
valor dos táxis foi destacado, especialmente na zona rural, chegando a ser de 200 reais em
alguns casos.
Observou-se que muitas pessoas têm o hábito de andar a pé, usar veículos próprios e
pegar caronas. O sistema escolar gratuito também foi elogiado como um aspecto positivo.

4.2.2.5. Estabelecimentos Comerciais


Em relação à disponibilidade de estabelecimentos comerciais, 86,4% dos entrevistados
na zona urbana afirmaram estar satisfeitos, 9,1% responderam negativamente e o restante não
respondeu. Na zona rural, 87,5% responderam positivamente, 6,3% responderam
negativamente e o restante não respondeu.
Dentre os comentários recebidos, foi mencionado que o município oferece uma
variedade de opções comerciais que atendem a todos. O único ponto negativo destacado foi
em relação aos preços e à dificuldade de comprar algo na farmácia aos domingos, pois não
funciona. Em relação à zona rural, foi mencionado que os moradores compram a maioria dos
produtos na cidade e que a cooperativa local é bastante sólida.

4.2.2.6. Lazer
O lazer desempenha um papel crucial na qualidade de vida das pessoas,
proporcionando momentos de relaxamento, diversão e bem-estar. Ao serem questionados
sobre a satisfação com as opções de lazer no município, na zona urbana, 66% afirmaram estar
satisfeitos, 31,8% disseram não estar satisfeitos e o restante não respondeu. Na zona rural,
68,8% responderam positivamente, 12,5% indicaram insatisfação e o restante não respondeu.
Quando questionados sobre suas atividades preferidas durante o tempo livre e
momentos de lazer, as respostas foram diversas. Dormir, estar com familiares e amigos,
assistir televisão, ouvir rádio, usar o WhatsApp, praticar esportes, realizar atividades ao ar
livre, navegar na internet, ir à praça, à igreja, a festas, bares e restaurantes foram algumas das
mais mencionadas. Também foi observado que muitos jovens sentem falta de opções de lazer
direcionadas a eles, sendo que a oferta atual parece ser mais voltada para os mais idosos.
Sobre a rotina diária, a maioria das pessoas trabalha em período integral e, em seguida,
dedica seu tempo livre à família ou às tarefas domésticas. Alguns mencionaram a ida a sessões
de fisioterapia, à igreja e à acupuntura, assistir à novela antes de dormir, frequentar a escola,
sair para caminhar, ir ao médico regularmente, realizar trabalhos extras, entre outras
atividades. Na zona rural, foi observado que muitas pessoas começam o dia muito cedo, por
volta das 4 da manhã, para cuidar dos animais e da horta.
Quando questionados sobre o que mais gostavam no município, a paz e tranquilidade
foram os itens mais citados. Além disso, mencionaram o rodeio, as festas ruralistas, o forró e
as cachoeiras como pontos positivos da região.
5. Análise Documental
● Revisão de documentos como plano diretor, plano municipal de
saneamento básico, projetos e manuais de engenharia
● Discussão sobre a adequação das estratégias propostas nos documentos
oficiais
A fim de se analisar documentos e as estruturas de engenharia, a coleta de informações
preliminares é essencial para buscar estatísticas básicas e entender o contexto econômico,
social e sanitário do município. De acordo com o SNIS (2020): 57,39% do esgoto do
município é coletado, e 0% é tratado, o consumo médio de água por habitante é de 405,4 L/
(hab*dia), com um índice de perdas de 29,88%, tarifa de cobrança média de R$ 1,09/m³ e
custo do serviço de abastecimento de água de R$ 0,32/m³, e o responsável pelo abastecimento
de água é a Prefeitura Municipal de Piracema.
O município de Piracema, não possui um Estação de Tratamento de Esgotos (ETE)
implantada até o momento, porém o projeto existe e está licenciado, aguardando recursos
financeiros para início das obras. Ainda assim, a coleta realizada no município é importante
para a saúde dos habitantes, evitando-se contatos mais diretos com o efluente, que é lançado
diretamente no rio do Peixe ou em seus contribuintes (informação coletada em campo).
O consumo médio de água por habitante no sudeste do Brasil, de 2018 a 2020, de
acordo com o relatório de Contas Econômicas Ambientais da Água (IBGE, 2023), foi de
144,3 L/hab*dia. O volume de água consumido por habitante em Piracema é muito alto para
padrões regional e nacional, o motivo provavelmente é o baixo valor cobrado nas contas de
água. O custo do serviço também é muito baixo em relação a outros municípios, porém o fato
que a cobrança é maior do que o custo, mostra que o sistema é sustentável no quesito
financeiro, uma vez que foi cobrada tarifa fixa até aproximadamente o fim de 2023, quando
também foram instalados hidrômetros nas residências (informação coletada em campo). A
água é captada em 3 poços artesianos e dois pontos de captação superficial (córrego da
Chácara e nascente da Laje), sendo que no Córrego da Chácara é captado a maior vazão e
volume de água para o município, 10,8 L/s, de acordo com o Plano Municipal de Saneamento
Básico (PMSB) de Piracema (2017).
Em relação à estrutura da Estação de Tratamento de Água (ETA) Onofre Pinto Lara,
os fatos e problemas apontados nas visitas foram: a velocidade da água no sistema é alta, o
que diminui o tempo de detenção e impede a decantação total dos flocos, a saída de água dos
decantadores não é igualitária (indicado pela intrusão das águas nos coletores de água
decantada de um decantador para o outro) e o reservatório de água tratada, que possui 60 m^3,
deveria ser de 500 m^3. Salienta-se que a instituição da cobrança de água por volume
consumido nas residências pode ajudar Piracema a custear novas estruturas de saneamento, e
resolver problemas de falta de água nas residências, caso o consumo diminua com o aumento
da cobrança. O principal problema apontado é o volume do reservatório, pois a ETA necessita
de limpeza, e o reservatório com o volume adequado permite que essa atividade seja realizada
sem o interrompimento do abastecimento. Além disso, a falta de água pressurizada nos
encanamentos é um problema que deve ser evitado, uma vez que pode haver intrusão de
elementos externos nos encanamentos danificados, como água contaminada. Um dos
principais objetivos também deve ser assegurar a qualidade dos mananciais que abastecem a
sede, porque durante a visita às estruturas os colaboradores relataram lançamento de esgotos
na área rural por onde passa os cursos d‘água, presença de E. coli e coliformes na água bruta.
O produto 3 do PMSB de Piracema, relatou as carências no Sistema de Abastecimento
de Água na zona rural apontadas na figura XX. Durante a visita de campo à comunidade rural
Colônia, foi observado que a prefeitura havia furado um poço artesiano e ampliado a
cobertura do abastecimento de água, e os moradores entrevistados mostraram interesse na
ligação de suas casas à rede implantada.
Em relação ao item número 2 (figura XX) das ações dispostas na figura XX, a
Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente informou durante as visitas que há uma lei que
rege sobre a implantação do pagamento por serviços ecológicos para produtores rurais por
proteção de nascentes (Lei Nº 1509/2023). De acordo com a Secretaria de Agricultura e Meio
Ambiente, a fase atual é o cadastro das nascentes e a prioridade para execução da proteção
será dada para nascentes que contribuem para o abastecimento da sede municipal e
comunidades.
O item 1 (figura XX), que discorre sobre o monitoramento da qualidade da água de
abastecimento na zona rural, ainda não foi atingido; as informações coletadas indicam que o
monitoramento não é realizado na zona rural e nos distritos de forma plena e contínua, não
sendo atendida a Portaria GM/MS Nº 888. Para que haja avanços nesse sentido, é preciso que
o município instale os hidrômetros nessas áreas e faça a cobrança pelo uso da água assim
como na sede; salienta-se que a falta de cobrança de água eleva o consumo e o desperdício, e
que a água retirada de poços artesianos deve ter sustentabilidade a longo prazo, a fim de que
não falte não apenas águas subterrâneas, mas também superficiais, uma vez que esta depende
daquela. O que se observa é que o município tem tido avanços, e que são condizentes com as
condições financeiras de localidades que possuem poucos habitantes, e são muito comuns em
Minas Gerais.

Figura XX - Ações e metas para atendimento à população da zona rural e proteção de recursos
hídricos
Fonte: PRO BRAS, 2018
Em relação a outros documentos, o município não possui plano diretor publicado na
Internet. O PMSB de Piracema foi publicado em outubro de 2017, e realizado com diversas
parcerias. De acordo com o documento, são distribuídos 453.000 m^3 de água por ano em
Piracema, para a população na sede de aproximadamente 3.112 habitantes; um volume
exorbitante, e, realizando-se os cálculos necessários, estima-se aproximadamente 398,81
L/(hab*dia). Ainda de acordo com o PMSB de Piracema (2017), 48% da população do
município conta com coleta diária de resíduos sólidos, informação que foi confirmada nas
visitas em campo. Segundo a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, cerca de 30% do
resíduo gerado é separado na Usina de Triagem e Compostagem (UTC) do município e, por
isso, o município passou a receber ICMS ecológico a partir de 2024.
Sobre o sistema de drenagem pluvial, o PMSB do município aponta que é muito
precário e pouco eficiente. Não existem registros da rede instalada e nas visitas de campo não
foram visualizadas as estruturas deste sistema com frequência, como bocas de lobo, sarjetas,
etc. A sede municipal encontra-se em local de altas altitudes em relação às proximidades, o
que leva a pequenas áreas de drenagem e a não ocorrência de enchentes e grandes vazões de
águas pluviais. Os moradores apontaram que o rio do Peixe (popularmente conhecido como
rio do Valongo), geralmente inunda nas estações chuvosas, e suas águas ultrapassam a ponte
que está localizada na rua Entre Rios, porém não existem casas muito próximas. A
sinuosidade do rio do Peixe a montante da ponte (figura XX) provavelmente é um fator chave
para a dificuldade de escoamento da água durante fortes chuvas.

Figura XX – rio do Peixe a montante da ponte na Rua Entre Rios


Fonte: Google Mapas
Por fim, as estratégias encontradas nos documentos são válidas e estão em harmonia
com a realidade atual do município, sendo observado alguns avanços a partir da publicação
dos textos.

6. Propostas de Ações Futuras


(Nessa parte deve-se apresentar o posicionamento da equipe diante dos problemas
identificados e argumentar sobre a relevância das propostas apresentadas. O que a
UFMG poderia fazer?)
6.1. Ações Técnicas
● Sugestões para melhorias na infraestrutura de saneamento
● Projetos de engenharia recomendados
6.2. Ações Sociais
● Propostas de mobilização social
● Estratégias para geração de emprego e renda na comunidade

7. Conclusão
● Recapitulação dos problemas identificados
● Síntese das propostas apresentadas
● Expressão do interesse da UFMG em colaborar com a Prefeitura

8. Quadro-Resumo
● Apresentação dos principais "Problemas" e "Ações Propostas"

Quadro x - Quadro resumo de problemas e ações propostas para o diagnóstico técnico.


Problemas Ações Propostas

Estação de Tratamento de Água

Falta de equipamentos necessários para


análises exigidas.

Dependência do laboratório de São Paulo


para realização de algumas análises.

Possíveis impactos na qualidade da água


devido à mistura das fontes

Pressão e volume insuficientes no


reservatório

Descarte inadequado de resíduos do


processo

Reclamações da população sobre turbidez e


quantidade de cloro

Água residual indo para a rede de esgoto


sem tratamento

Decantadores não removem completamente


flocos de partículas

Velocidade de passagem da água entre


estruturas é inadequada

Falta de recursos financeiros para melhorias


sugeridas

Esgotamento Sanitário
Baixo percentual de esgoto coletado em
relação ao que é gerado efetivamente

Nenhum percentual do esgoto coletado passa


por tratamento adequado

Tarifa média de R$ 0,57 por metro cúbico


para o serviço de esgoto

Falta de uma ETE

Alta presença de nitrogênio amoniacal no


esgoto coletado.

Eutrofização dos corpos d’água

Violações de parâmetros estabelecidos

Riscos à saúde pública e ao ecossistema


aquático

Morte de organismos e turvação da água.

Contaminação fecal, com riscos de doenças


gastrointestinais nos rios

Restrições ao uso recreativo da água devido


à contaminação

Usina de Triagem e Compostagem

Área de compostagem não está em uso,


apesar de estar licenciada.

Problemas de segurança e controle de acesso

Rejeitos retidos no pátio para envio ao aterro


sanitário

Impacto ambiental e logístico de transporte


para Betim

Produtos desvalorizados devido ao nível de


sujeira residual.

Ocorrência de acidente com agulha durante


separação de resíduos

Trabalhadores enfrentam preconceito devido


à natureza do trabalho

JMN Mineração
A falta de visita direta ao local de mineração impossibilitou uma avaliação precisa da
conformidade com os processos operacionais e os resultados dos monitoramentos.

Fazenda Campestre

Situação cadastral INAPTA

Possível Falta de Proteção em Lagoa de


Tratamento

Sem informações sobre políticas de


reciclagem ou manejo adequado dos
resíduos.

Fazenda do Rosário

Utilização de uma caldeira a lenha, mas não


são fornecidos detalhes sobre medidas
ambientais ou de controle de poluentes.

Sem informações sobre políticas de


reciclagem ou manejo adequado dos
resíduos.

Quadro x - Quadro resumo de problemas e ações propostas para o diagnóstico Social.


Problemas Ações Propostas

Abastecimento de Água

48% de insatisfação com a qualidade da


água na zona urbana.

Coloração escura e gosto desagradável de


cloro.

34% não realizam nenhum tipo de


tratamento da água

20,5% relataram falta periódica de água

discordância do preço cobrado pela água

Pequena parcela da zona rural que não


realiza nenhum tratamento na água

Esgotamento Sanitário

27,3% dos entrevistados não têm


conhecimento do destino do esgoto após a
coleta
Há algumas fossas na zona rural sem
tratamento

Gerenciamento de Resíduos

Falta de Acesso à Coleta Domiciliar na Zona


Rural

Baixa Adesão à Coleta Seletiva

Associação da Usina de Triagem ao Antigo


Lixão

Disposição Irregular de Resíduos na Zona


Rural

Desconhecimento ou Resistência à Coleta


Seletiva

Problema Ambientais

Poluição da Água Superficial

Poluição da Água Subterrânea na zona


urbana

Ocupação Irregular de Áreas

Problemas relacionados à Mineração

Desmatamento

Erosão na zona rural

Poluição atmosférica

Poluição do solo na zona urbana

Uso de agrotóxico na zona urbana

Alagamento na zona urbana

Lixo nas ruas

Inundações

Saúde

Demora no atendimento.

Falta de SAMU.

Falta de equipamentos e algumas


especialidades médicas.
Problemas na central de marcação.

Difícil locomoção até a cidade.

Pequena porcentagem que não está com a


vacinação em dia

Educação

Declínio na Qualidade do Ensino

Necessidade de Abordagem de Questões


Sociais

Preocupação com Jovens Viciados

Preferência por Escolas Particulares em


Outros Municípios

Segurança

Ocorrências de Tiroteios e Medo Noturno


em alguns bairros

Aumento do Envolvimento com Tráfico de


Drogas

Roubos e Crimes de Trânsito, Especialmente


Envolvendo Motoqueiros

Críticas à Atuação da Polícia

Percepção de Injustiça e Aplicação Seletiva


das Leis

Deterioração da Segurança ao Longo do


Tempo

Transporte

Desativação de Linha de Ônibus

Falta de Ônibus Internos e Entre Municípios

Mobilidade desafiadora para pessoas com


dificuldades de locomoção devido à
topografia íngreme.

Ônibus Rurais Não Atendem Todas as


Regiões

Falta de Infraestrutura para Pessoas com


Deficiência
Ausência de Carros Disponíveis para
Atendimento Especial

Burocracia para Utilização da Carteirinha de


Idosos

Alto Valor dos Táxis, Especialmente na


Zona Rural

Estabelecimentos Comerciais

Preços considerados altos pelos moradores.

Dificuldade de comprar algo na farmácia aos


domingos, pois não funciona.

Dependência dos moradores da zona rural


em relação às compras na cidade.

Lazer

Falta de opções de lazer direcionadas para os


jovens

Limitações na variedade e diversidade de


atividades de lazer disponíveis no município

Possível carência de espaços públicos de


recreação e entretenimento para todas as
faixas etárias

Ausência de eventos culturais e artísticos


que possam atrair e envolver a comunidade

Limitações na oferta de locais para prática


de esportes e atividades ao ar livre.

Possível falta de investimento em espaços de


convívio social, como praças e áreas de
recreação

9. Referências Bibliográficas
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO, MINISTÉRIO DO MEIO
AMBIENTE E MUDANÇA DO CLIMA, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA, MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO. Contas
econômicas ambientais da água: Brasil 2018-2020. [s.l: s.n.].
Prefeitura Municipal de Piracema, Agência Peixe Vivo, PRO BRAS, Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio São Francisco. PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE
PIRACEMA-MG. [s.l: s.n.].
SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE SANEAMENTO (SNIS) - Painel do
Setor Saneamento. Disponível em:
<https://www.gov.br/cidades/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/saneamento/snis/
painel>.

10. Apêndice
10.1. Análise Crítica dos Formulários
● Avaliação da adequação dos formulários de coleta de dados
primários
● Proposta de versão atualizada

11. Anexos
● Sequência de fotos ilustrativas das situações encontradas durante as visitas
técnicas

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