Você está na página 1de 40

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL


TRATAMENTO DE ÁGUAS DE ABASTECIMENTO
PROF. DR. PAULO SERGIO SCALIZE

9,8

PROJETO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE


ÁGUA
TECNOLOGIA DE CICLO COMPLETO
Memorial descritivo e de cálculo

Parte I

ANA PAULA NEVES SANTOS


ERICLES DAVI DE OLIVEIRA IRINEU
MARCO ANTÔNIO DOS SANTOS

GOIÂNIA
MARÇO / 2022
ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA
ANA PAULA NEVES SANTOS - Nº 201708911

ENGENHARIA CIVIL
ERICLES DAVI DE OLIVEIRA IRINEU - Nº 201703534
MARCO ANTÔNIO DOS SANTOS - Nº 201900203

PROJETO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE


ÁGUA
TECNOLOGIA DE CICLO COMPLETO
Parte I

O documento a seguir consiste em um Projeto


de uma Estação de Tratamento de Água
contendo um memorial descritivo e de cálculo
dos elementos principais de uma ETA com
tecnologia de ciclo completo.
Orientador: Prof.º Dr. Paulo Sergio Scalize

GOIÂNIA
MARÇO / 2022
SUMÁRIO

1.1 Introdução 5
1.2 Parâmetros de Qualidade da Água Bruta 5
2 DIMENSIONAMENTO DO MEDIDOR PARSHALL 8
2.1 Dimensionamento da calha 8
2.1.1 Seleção do medidor Parshall 9
2.1.2 Altura da lâmina de água normal (Ha) 12
2.1.3 Cálculo da seção de medida (D’) 13
2.1.4 Cálculo da velocidade na seção medida (Va) 13
2.1.5 Cálculo da energia total disponível (Ea) 13
2.1.6 Cálculo do ângulo fictício (𝜃) 13
2.1.7 Velocidade da água no início do ressalto (V1) 14
2.1.8 Altura da lâmina de água no início do ressalto (y1) 14
2.1.9 Cálculo do número de Froude (Fr) 14
2.1.10 Altura da lâmina no trecho divergente (y3) 15
2.1.11 Profundidade no final do trecho divergente (y2) 15
2.1.12 Velocidade no final do trecho divergente (V2) 15
2.1.13 Perda de carga no ressalto hidráulico (En) 15
2.1.14 Tempo de residência no trecho divergente (Tmr) 16
2.1.15 Gradiente de velocidade (Gmr) 16
2.2 Bomba dosadora de coagulante 16
3 CANAL DE INTERLIGAÇÃO 17
3.1 Profundidade do canal 18
3.2 Largura do canal 18
3.3 Raio hidráulico 18
3.4 Comprimento do canal 19
3.5 Volume de água no canal e tempo de detenção 20
3.6 Perda de carga no canal e gradiente de velocidade 20
4 FLOCULADOR HIDRÁULICO 21
4.1 Dimensões e material adotado 21
4.2 Velocidades média de escoamento 23
4.3 Tempo médio de detenção 23
4.4 Dimensões das Câmaras 23
4.4.1 Espaçamento entre as chicanas (𝒂𝑳) 24
4.4.2 Espaçamento entre a aresta das chicanas e a parede do canal (𝑺𝑳) 24
4.4.3 Largura do canal (𝑩𝑳) 24
4.4.4 Dimensões obtidas 24
4.5 Número de chicanas igualmente espaçadas 25
4.6 Extensão média percorrida pela água nos canais (𝐿𝑡) e Raio hidráulico (𝑅𝐻) 25
4.7 Perda de carga 26
4.8 Gradiente de velocidade 26
4.9 Tempo real de detenção 27
5 REFERÊNCIAS 30
ANEXOS 32
5

1. INTRODUÇÃO

As políticas de saneamento básico se relacionam diretamente com a saúde pública


da população e constituem um importante instrumento para combater doenças de veiculação
hídrica, que ainda constituem um problema de saúde pública muito comum em países em
desenvolvimento, como o Brasil.

O abastecimento de água é um dos serviços públicos de caráter fundamental,


(Fonte, ano)
estabelecido pela Lei n° 11.445 de 05 de janeiro de 2007, sendo constituído pelas atividades e
pela disponibilização e manutenção de infraestruturas e instalações operacionais necessárias
ao abastecimento público de água potável.

O Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), aprovado pelo Decreto n°


8.141 de 20 de novembro de 2013 e pela Portaria Interministerial n° 571 de 05 de dezembro
de 2013, consiste no planejamento integrado, considerando, dentre todos seus componentes, o
abastecimento de água potável. O plano prevê ainda um prazo de universalização do
abastecimento de água potável (ou seja, 100% de atendimento), com água por rede de
distribuição ou por poço ou nascente, até o ano de 2033. Segundo dados do Sistema Nacional
de Informações sobre Saneamento (SNIS), o país possuía, em 2020, 93,4% da população
urbana e 84,1% da população total atendida com rede de água.

Dentre as formas de abastecimento de água potável a população está o Sistema de


Abastecimento de Água (SAA), composto pela rede, adutoras, estações elevatórias,
reservatórios, captação de água e Estação de Tratamento de Água (ETA). Dentro da ETA é
que acontecem todos os processos necessários para tornar a água bruta própria para consumo
humano.

1.1 PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA BRUTA

No Brasil, a resolução CONAMA N° 357 (BRASIL, 2005) classifica os corpos


hídricos conforme parâmetros físicos, químicos e biológicos e indica o tipo de tratamento
recomendado para cada classificação. Além dela, a NBR 12.216 (ABNT, 1990) também
classifica as águas naturais para o abastecimento público utilizando-se de parâmetros
complementares como Cloretos e Fluoretos.
6

Além disso, o Índice de Qualidade das Águas (IQA) é um indicador de qualidade


da água bruta. Elaborado pela Organização Nacional do Saneamento dos Estados Unidos e
adotado pela CETESB ainda na década de 1970, hoje é amplamente utilizado no Brasil. O
IQA utiliza-se de 9 parâmetros físicos, químicos e biológicos, com os seus respectivos pesos
para, numericamente, classificar a água em faixas de qualidade, que variam de péssima
qualidade à ótima qualidade.

A seguir são apresentadas características da água bruta a ser tratada na Tabela 1.

Tabela 1 – Parâmetros de biológicos, físicos e químicos da água bruta.


Parâmetro de Qualidade Valores
E. coli (NMP/100 mL) 323
pH 7
DBO (mg/L) 4
Nitrogênio total 8
Fosfato total 2,5
Temperatura (°C) 25
Turbidez (NTU) 7,5
Sólidos totais (mg/L) 8
Oxigênio Dissolvido (mg/L) 4,5
Fonte: Os autores, 2020.

A Tabela 2 apresenta a análise do IQA da água bruta da tabela 1 pela metodologia


proposta pela CETESB.

Tabela 2 – IQA da água bruta calculado através da metodologia proposta pela CETESB.
Parâmetro q Peso (w) qw
E. coli (NMP/100 mL) 40 0,15 1,74
pH 90 0,12 1,72
DBO (mg/L) 58 0,1 1,50
Nitrogênio total 50 0,1 1,48
Fosfato total 23 0,1 1,37
Temperatura (°C) 94 0,1 1,58
Turbidez (NTU) 80 0,08 1,42
Sólidos totais (mg/L) 85 0,08 1,43
Oxigênio Dissolvido (mg/L) 5 0,17 1,31
IQA 38,02 REGULAR
Fonte: Os autores, 2020.

Logo após, analisou-se a categoria e tipo da água de acordo com as resoluções


7

CONAMA 357 (BRASIL, 2005) e NBR 12.216 (ABNT, 1992). Os resultados obtidos estão
dispostos na Tabela 3 abaixo.

Tabela 3 – Classificação da água bruta entre a CONAMA 357 e a NBR 12.216.


CONAMA 357: NBR 12.216:
Parâmetro Valores
Classe 3 Classe D
E. coli (NMP/100 mL) 323 4000 > 20.000
pH 7 6,0 – 9,0 3,8 – 10,3
DBO (mg/L) 4 10 -
Nitrogênio total 8 13,3 -
Fosfato total 2,5 - -
Temperatura (°C) 25 - -
Turbidez (NTU) 7,5 - -
Sólidos totais (mg/L) 8 - -
Oxigênio Dissolvido (mg/L) 4,5 53% -
Fonte: Os autores, 2020.

Desta forma, os parâmetros físicos, químicos e biológicos analisados indicam


(Fonte, ano)
uma água de qualidade regular, de classe 3 segundo da CONAMA 357, que recomenda um
(Fonte, ano)
tratamento convencional ou avançado, e do tipo D pela NBR 12.216, que indica necessidade
de coagulação, seguida ou não de decantação, filtração em filtros rápidos e correção de pH.
Assim, essa água é considerada apropriada para o abastecimento humano.

Pela necessidade de uma remoção eficiente de microrganismos, matéria orgânica


ciclo compelto
e demais partículas, recomenda-se a tecnologia de tratamento convencional, que entrega a
qualidade de remoção a este tipo de água bruta. Por fim, conforme definido previamente pelo
contratante e confirmado com resultados apresentados nas tabelas 2 e 3, adotou-se a
tecnologia de ciclo completo, que segue pelas etapas de floculação, decantação, correção de
pH, desinfecção e fluoretação. A figura 1 apresenta um esquema do funcionamento desse tipo
de tecnologia, bem como as etapas necessárias.
8

Figura 1 – esquema de uma Estação de Tratamento de Água de ciclo completo.


Fonte: .....
2. DIMENSIONAMENTO DO MEDIDOR PARSHALL

2.1DIMENSIONAMENTO DA CALHA

A Calha Parshall é uma unidade de mistura rápida que foi desenvolvida por R. L.
Parshall, engenheiro do Serviço de Irrigação do Departamento de Agricultura do EUA, sendo
um dispositivo de mistura rápida do tipo hidráulica, sendo composta por uma seção
convergente, uma seção estrangulada (garganta) e uma seção divergente. Essa contração
lateral produz uma variação da velocidade e da profundidade ao longo da calha que podem
ser relacionadas para determinação da vazão (PORTO, 2004). Com isso, essa variação
abrupta da velocidade promove uma turbulência na água favorecendo a dispersão do
coagulante no tratamento.

A seleção da calha Parshall deve ser compatível com a vazão de projeto, sendo
que as demais dimensões são padronizadas em função da largura da calha escolhida. Na
Tabela 4 tem-se as dimensões da unidade de acordo com a vazão requerida.
9

Tabela 4 – Dimensões do Medidor Parshall (cm) e Vazão com escoamento livre (L/s).

Fonte: DI BERNARDO, 2017.

Dessa forma, para este projeto de ETA de ciclo completo, foi escolhida a calha
Parshall como dispositivo de mistura rápida, e a escolha se deu em função da vazão de
projeto.

2.1.1 SELEÇÃO DO MEDIDOR PARSHALL

De acordo com a Tabela 4, para uma vazão de 110 L/s, ou seja, a vazão de
projeto; havia 10 (dez) tamanhos possíveis de calha que atendiam a vazão requerida. Com
isso, foi necessário sucessivos dimensionamentos para todas as calhas possíveis (de 9” a 8’) e
o critério de escolha foi o tipo de ressalto encontrado, visto que em todas as opções o
gradiente de velocidade (Gmr) ficou acima do que é permitido pela norma NBR 12.216/1992.
A Tabela 5 mostra os resultados encontrados para os diferentes tamanhos de calha, observe
que não foi dimensionado para a calha de 8’ visto que partir da calha de 7’ os valores de y2 e
V2 (profundidade e velocidade no trecho divergente, respectivamente) começam a atingir
valores negativos, o que é incompatível com o projeto.
10

Tabela 5 – Tamanhos de calha possíveis para uma vazão de 110 L/s.


Tamanhos de calha possíveis
Conclusão (ressalto)
Calha (cm) y1 (cm) Fr y3 (cm) y2 (cm) V2 (m/s) Gmr(1/s)
6'' 15,2 29,35 1,44 46,9 43,15 0,647 1472,76 Fr <1,7 (ondular) ; G>1100
1,7<Fr <2,5 (fraco) ;
9'' 22,9 19,84 1,72 39,4 35,6 0,813 1623,8 G>1100
1' 30,5 12,49 2,58 39,91 24,6 0,732 1586,25 Fr (oscilante); G>1100
1 1/2' 45,7 8,64 3 32,61 17,31 0,833 1608,86 Fr (oscilante); G>1100
2' 61 6,64 3,34 28,21 12,91 0,93 1646,9 Fr (oscilante) ; G>1100
3' 91,5 4,57 3,89 23 7,7 1,17 1735,86 Fr (oscilante) ; G>1100
4' 122,0 3,5 4,35 19,89 4,59 1,57 1856,3 Fr (oscilante);G>1100
5' 152,5 2,85 4,74 17,76 2,46 2,43 2067,8 Fr (estável) ; G>1100
6' 183 2,4 5,1 16,2 0,9 5,68 2643,35 Fr (estável) ; G>1100
Fr (estável); Y2 e V2
7' 213,5 2,08 5,43 14,99 -0,003 -14,88 - negativos
Fonte: Os autores, 2020.

A conclusão do tipo de ressalto hidráulico é feita com base no valor do número de


Froude (Fr) encontrado. O número de Froude é um número adimensional que representa a
razão entre as forças de inércia do escoamento e as forças gravitacionais. No
dimensionamento da calha Parshall, mais precisamente nas etapas de adição do coagulante e
a mistura dele, é necessário que ocorra um ressalto hidráulico para que essa mistura ocorra de
forma eficaz. O ressalto hidráulico é um fenômeno que ocorre na transição de um escoamento
torrencial ou supercrítico (Fr > 1) para um escoamento fluvial ou subcrítico (Fr < 1), e é
caracterizado por uma elevação brusca no nível d’água, sobre uma distância curta,
acompanhada de uma instabilidade na superfície com ondulações, entrada do ar do ambiente
e por uma consequente perda de energia em forma de uma grande turbulência (PORTO,
2004).
11

Figura 2 – Comprimento do ressalto em função do número de Froude, seção retangular.

Fonte: Porto, 2004.

Sendo o y1 (altura da lâmina de água no início do ressalto), o número de Froude e


o Gradiente de velocidade, critérios importantes na escolha da calha Parshall adequada, isto
é:

• y1 < 30 cm (pois favorece um ressalto adequado para a mistura);

• 1,5 < Fr < 2,5 (ressalto fraco, mas aceitável);

• 4,5 < Fr < 9,0 (ressalto estável, bom desempenho); e

• G < 1100 s-1 (NBR 12216:1992).

Ao não conseguir um gradiente de velocidade adequado conforme é estabelecido


pela norma, e o y1 estar adequado em todos os casos, a seleção da calha foi realizada com
base no valor encontrado para o ressalto hidráulico. Dentre as opções, as mais adequadas
seriam as de 9”, 5’ e 6’, isso porque as demais, apresentaram um ressalto “oscilante”, o que
não favorece uma boa mistura, entretanto, os valores de Gmr para as duas últimas são muito
superiores ao recomendado pela NBR 12.216. Com isso, buscando não extrapolar
demasiadamente do recomendado, foi escolhida a calha de 9” (22,9 cm) para
dimensionamento da calha Parshall, mesmo que esta tenha um ressalto fraco.
12

Figura 3a) Esquema de uma calha parshall convencional e 3b) modelo de calha parshall comercializada.
Fonte: Despurifil – Soluções em Água e efluentes, 2020.

2.1.2 ALTURA DA LÂMINA DE ÁGUA NORMAL (HA)

A determinação de Ha e da vazão Q varia em função da dimensão W da calha, e


pode ser obtido através da sua equação de descarga:

• W = 7,6 cm → Q = 0,1765 Ha1,547


• W = 15,2 cm → Q = 0,381 Ha1,580
• W = 22,9 cm → Q = 0,535 Ha1,530
• 30,5 cm < W < 244 cm → Q = 0,372 W (3,281 Ha)1,568 (W) ^ 0,026
• 305 cm < W < 1525 cm → Q = Ha1,6 (2,2926 W + 0,4737)

Assim, para uma calha de 0,229 metros, o valor de Ha, calculado a partir da sua
equação de descarga (eq. 1):

𝑄 0,6536
𝑄 = 0,535𝐻𝑎 1,530 → 𝐻𝑎 = (0,535) (eq. 1)

0,6536
0,11 𝑚³/𝑠
𝐻𝑎 = ( ) = 0,3556 m
0,535

Os cálculos a seguir foram efetuados em uma planilha no Excel, portanto,


pequenas flutuações dos valores encontrados na planilha dos que são apresentados neste
memorial de cálculo, podem ser encontradas.
13

2.1.3 CÁLCULO DA SEÇÃO DE MEDIDA (D’)

2
D’ = 3 (𝐷 − 𝑊) + 𝑊 (eq. 2) (onde D e W, correspondem aos valores na Tabela 4):

2
D’ = 3 (57,5 𝑐𝑚 − 22,9 𝑐𝑚) + 22,9 𝑐𝑚 = 45,966 cm → 0,4597 m

2.1.4 CÁLCULO DA VELOCIDADE NA SEÇÃO MEDIDA (VA)

Q Q
Va = → Va = (eq. 3)
A D′. Ha

0,11 m³/s
Va = → Va = 0,6729 m/s
0,4597 m . 0,3556 m

2.1.5 CÁLCULO DA ENERGIA TOTAL DISPONÍVEL (EA)

Va
Ea = Ha + 2g + N (eq. 4) (onde N, corresponde ao valor disponível na Tabela 4, em
metros):

0,6729 m/s
Ea = 0,3556 m + 2(9,81 m/s²) + 0,114 m → Ea = 0,493 m ~ 0,50 m

2.1.6 CÁLCULO DO ÂNGULO FICTÍCIO (𝜃)

𝑔𝑄
cos(𝜃) = − 𝑊(0,67𝑔𝐸 3/2 (eq. 5)
𝑎)

9,81 𝑚/𝑠² . 0,11 𝑚³/𝑠


cos(𝜃) = − 3/2 = -0,8085
0,229 𝑚 .(0,67 . 9,81 𝑚/𝑠² . 0,493 𝑚)

𝜃 = 143,96 °
14

2.1.7 VELOCIDADE DA ÁGUA NO INÍCIO DO RESSALTO


(V1)

𝜃 2𝑔𝐸𝑎
𝑉1 = 2 cos (3) ⋅ √ (eq. 6)
3

143,96° 2(9,81 𝑚/𝑠²).0,493 𝑚


𝑉1 = 2 cos ( )⋅√ = 2,403 m/s
3 3

2.1.8 ALTURA DA LÂMINA DE ÁGUA NO INÍCIO DO


RESSALTO (Y1)

1 𝑉2 𝑉12
𝐸𝑎 = 𝑦1 + 2𝑔 → 𝑦1 = 𝐸𝑎 − (eq. 7)
2𝑔

(2,403 𝑚/𝑠)²
𝑦1 = 0,493 𝑚 − = 0,1984 m = 19,84 cm
2(9,81 𝑚/𝑠²)

*É ideal que y1 seja menor ou igual a 30 cm, pois a mudança abrupta da velocidade do
escoamento no início do ressalto favorece a mistura do coagulante nesta etapa do tratamento.

2.1.9 CÁLCULO DO NÚMERO DE FROUDE (FR)

Como mostra a Figura 2, um ressalto eficiente para a mistura do coagulante


ocorre na faixa de 4,5 < Fr < 9. Entretanto, no intervalo 1,5 < Fr < 2,5, apesar de ser um
ressalto fraco, é um considerado aceitável. Os pontos de trabalho não tão eficientes são os
ressaltos classificados como ondular e oscilante. Determinando o número de Froude para o
projeto em questão, pode-se obter:
𝑉1
𝐹𝑟 = (eq. 9)
√𝑔𝑦1

2,403 𝑚/𝑠
𝐹𝑟 = = 1,722
√9,81 𝑚/𝑠² .0,1984 𝑚
15

2.1.10 ALTURA DA LÂMINA NO TRECHO DIVERGENTE (Y3)

𝑦1
𝑦3 = [√1 + 8𝐹𝑟2 − 1] (eq.13)
2

0,1984 𝑚
𝑦3 = [√1 + 8(1,722)² − 1] = 0,394 m
2

2.1.11 PROFUNDIDADE NO FINAL DO TRECHO


DIVERGENTE (Y2)

𝑦2 = 𝑦3 − (𝑁 − 𝐾), (eq. 14) (onde N e K, correspondem aos valores na


Tabela 4, em metros):

𝑦2 = 0,394 𝑚 − (0,114 𝑚 − 0,076 𝑚) = 0,356 m

2.1.12 VELOCIDADE NO FINAL DO TRECHO DIVERGENTE


(V2)

𝑄 𝑄
𝑉2 = 𝐴 → 𝑉2 = 𝑦 , (eq. 15) (onde C corresponde ao valor na Tabela 4, em
2 .𝐶

metros):
0,11 𝑚³/𝑠
𝑉2 = 0,356 𝑚 . = 0,813 m
0,38 𝑚

2.1.13 PERDA DE CARGA NO RESSALTO HIDRÁULICO (EN)

Ha + N = y3 + En → En = (Ha + N) - y3
En = (0,3556 m + 0,114 m) – 0,394 m = 0,0755 m
16

2.1.14 TEMPO DE RESIDÊNCIA NO TRECHO DIVERGENTE


(TMR)

𝐺 𝐺
Tmr = → 𝑇𝑚𝑟 = 𝑉1 +𝑉2 ,(eq. 16) (onde G corresponde ao valor na Tabela 4, em
𝑉𝑚
2

metros):
0,457 𝑚
𝑇𝑚𝑟 = 2,403 𝑚/𝑠 + 0,813 𝑚/𝑠 = 0,284 s
2

2.1.15 GRADIENTE DE VELOCIDADE (GMR)

𝛾⋅𝐸
𝐺𝑚𝑟 = √𝜇⋅𝑇 𝑛 (eq. 17)
𝑚𝑟

Onde: γ = 9980 N/m³ (peso específico da água) e µ= 0,001005 N.s/m²


(viscosidade absoluta da água)

9980 𝑁/𝑚³ ⋅ 0,0755 𝑚


𝐺𝑚𝑟 = √0,001005 𝑁.𝑠/𝑚² ⋅ 0,284 𝑠 = 1623, 8 s-1 (eq. 18)

A NBR 12.216/1992 estabelece que as condições ideais em termos de gradiente


de velocidade e tempo de mistura no processo de coagulação devem ser determinadas
preferencialmente em ensaios de laboratório. Na impossibilidade de realização desses
ensaios, a dispersão de coagulantes metálicos hidrolisáveis deve ser feita sob gradiente médio
−1
entre 700 e 1100 𝑠 . E que o tempo de mistura não seja superior a 5 s. Neste trabalho,
considerou-se que o gradiente de velocidade excedido não irá influenciar no mecanismo de
coagulação.

2.2 BOMBA DOSADORA DE COAGULANTE

Para dosagem do coagulante, foi escolhida uma bomba dosadora motorizada de


diafragma da linha SIGMA (tipo básica) da ProMinent (Figura 4). De acordo com as
especificações do fabricante, essas bombas possuem uma alta precisão de dosagem, maior
segurança devido ao diafragma com sistema de aviso de ruptura, e ajuste no comprimento e
17

frequência de curso na dosagem, a bomba escolhida apresenta capacidade de 50 a 420 l/h e


pressão a 16-4 bar. As especificações da bomba dosadora estão no Anexo B.

Figura 4 – Bomba dosadora de diafragma da ProMinent.


Fonte: Catálogo da ProMinent.

O tipo de coagulante a ser aplicado depende das características da água bruta,


sendo muito utilizado o Sulfato de Alumínio (para pH de 5,0 a 8,0) devido ao baixo custo.
Demais coagulantes do tipo inorgânico são apresentados na Tabela 5. Quanto ao local de
aplicação do coagulante, este deve ser aplicado na saída da garganta (ao final do trecho
convergente), e o ressalto deverá promover a mistura hidráulica do químico.

Tabela 5 – Principais coagulantes utilizados e sua faixa de pH requerida para sua utilização.
Coagulante faixa de pH
Sulfato de alumínio 5,0 a 8,0
Sulfato férrico 5,0 a 11,0
Sulfato ferroso 8,5 a 11,0
Cloreto férrico 5,0 a 11,0
Policloreto de alumínio 6,0 a 8,0
Fonte: CAVALCANTI, 2012 apud ROSA, 2019.

3 CANAL DE INTERLIGAÇÃO

Ao sair da mistura rápida, a água coagulada deve ser transportada para o processo
de floculação por meio de uma estrutura intermediária entre a Calha Parshall e os
floculadores. Para isso, a NBR 12.216 estabelece que o tempo de percurso nesse canal deve
ser inferior a 1 min e a velocidade de escoamento deve estar entre 0,4 e 0,8 m/s, de modo que
18

não ocorra sedimentação de sólidos e nem ineficiência do coagulante. No dimensionamento


do canal de interligação deste projeto foram utilizados os dados conforme mostra a Tabela 6.

Tabela 6 – Dados do canal de água coagulada


Dados
Vazão (Q) 0,11 m³/s
y2 0,3561617 m
Rebaixamento (r) 0,15 m
Velocid. de Escoamento (adotada) 0,6 m/s
n (Concreto com acabamento) 0,013
Peso específico da água (ϒ) 9980 N/m³
Viscosidade da água (μ) 0,001005 N.s/m2
Fonte: Os autores, 2020.

3.1 PROFUNDIDADE DO CANAL

A profundidade do canal (h) foi obtida a partir da profundidade final no trecho


divergente (y2) e a altura do rebaixamento do canal (r), que foi adotado 0,15 m para o degrau.

ℎ = 𝑦2 + 𝑟
ℎ = 0,356 𝑚 + 0,15 𝑚 = 0,506 m

3.2 LARGURA DO CANAL

Sendo um canal de interligação, a largura do canal (b) foi calculada a partir da


vazão total de projeto, profundidade e velocidade de escoamento do canal (𝑣𝐶 ) que foi
adotado um valor 0,6 m/s.

𝑄 = 𝑣𝐶 . 𝐴 → 𝑄 = 𝑣𝐶 . (𝑏 . ℎ) (eq. 19)

𝑄
𝑏=
𝑣𝐶 ⋅ ℎ

0,11 𝑚³/𝑠
𝑏= = 0,362 m
0,6 𝑚/𝑠 ⋅ 0,506 𝑚

3.3 RAIO HIDRÁULICO

Para o cálculo do raio hidráulico deve ser considerado o tipo de seção transversal
do canal, a Tabela 7 apresenta diferentes tipos de seção e as diferentes fórmulas para cálculo
19

da área, perímetro molhado, raio hidráulico e largura do topo da seção.

Tabela 7 – Tipos de seções em canais

Fonte: Porto, 2004.

Considerando um canal de seção retangular e tomando y como o valor da


profundidade do canal (h), tem-se:
𝑏ℎ
𝑅ℎ = 𝑏+2ℎ (eq. 20)

0,362 𝑚 . 0,506 𝑚
𝑅ℎ = 0,362 𝑚+2(0,506 𝑚) = 0,133 m

3.4 COMPRIMENTO DO CANAL

Considerando o que foi estabelecido pela NBR 12.216/1992 de que o tempo


máximo de detenção no canal não pode ser superior a 1 min, o comprimento máximo do
canal para esta velocidade é de:

L máx = 𝑣𝐶 . 𝑡 = 0,6 m/s . 60 s = 36 m (eq. 21)

Adotando um comprimento de forma que o tempo máximo não seja superior a 1


min, escolheu-se um comprimento de 6 metros.
20

3.5 VOLUME DE ÁGUA NO CANAL E TEMPO DE


DETENÇÃO

Sabendo das dimensões do canal e de sua lâmina líquida a volume de água foi
calculado a partir da equação:

V = hbL = (0,506 m) . (0,362 m) . (6 m) = 1,099 m³ ~ 1,1 m³ (eq. 22)

A partir do volume de água comportada no canal e a vazão de projeto, o tempo de


detenção de água coagulada no canal foi calculado por meio da relação:

𝑉
𝑇𝑑 = 𝑄 (eq. 23)

1,1 𝑚³
𝑇𝑑 = = 10 s
0,11 𝑚³/𝑠

3.6 PERDA DE CARGA NO CANAL E GRADIENTE DE


VELOCIDADE

Para determinação do gradiente de velocidade no canal, foi necessário calcular a


perda de carga (hf) durante o percurso. A perda de carga unitária foi calculada a partir da
equação:

2
𝑄𝑛
ℎ𝑓 = ( 2/3 ) , (eq. 24) sendo n = 0,013, o coeficiente de Manning para o
𝐴𝑅ℎ

concreto com rugosidade mínima.

2
0,11 𝑚³/𝑠 .0,013
ℎ𝑓 = ((0,362 𝑚 .0,506 𝑚).(0,133 𝑚)2/3 ) = 0,000893 m/m

Com os valores de velocidade do canal, perda de carga unitária, peso específico e


viscosidade da água calculou-se o gradiente de velocidade pela equação:

𝛾ℎ𝑓 𝜈𝑐
𝐺=√ (eq. 25)
𝜇

(9980 𝑁/𝑚³).(0,000893 𝑚/𝑚).(0,6 𝑚/𝑠)


𝐺=√ = 72, 93 s-1
0,001005 𝑁.𝑠/𝑚²
21

O gradiente de velocidade no início do floculador deve ser de no máximo 70 s-1,


entretanto, sabe-se que esse gradiente vai reduzindo ao longo do canal de interligação (antes
do floculador). Por isso, ao manter um gradiente pouco superior a 70 s-1 no canal de
interligação, pode-se garantir que a água coagulada que chega ao floculador não opere sob
gradientes muito baixos, sendo (70 s-1 a 10 s-1), os gradientes máximo e mínimo ideais para
um bom funcionamento do floculador.

4 FLOCULADOR HIDRÁULICO

A floculação consiste em um processo físico em que as partículas coloidais


devem interagir entrando em contato entre elas, de tal forma que ocorra o aumento do seu
tamanho físico, alterando assim, a sua distribuição granulométrica.

O processo pode ocorrer em sistemas mecânicos (por floculadores mecânicos) ou


hidráulicos (por floculadores hidráulicos). A escolha do sistema parte de análise quanto as
dimensões do layout, parâmetros desejados, viabilidade econômica e de operação. Com o
intuito de minimizar custos implantação e manutenção, além de ser uma solicitação do
contratante, optou-se para tal projeto, o dimensionamento de floculadores hidráulicos
horizontais.

Para floculadores hidráulicos horizontais, recomenda-se vazões de projeto


inferiores a 100 L/s, portanto, tendo em vista a vazão do projeto de 110 L/s (ou 0,11m³/s),
foram projetados dois floculadores com 3 câmaras cada, ou seja, cada floculador receberá
uma vazão (Qf) de 0,055 m³/s.

4.1 DIMENSÕES E MATERIAL ADOTADO

Visando uma melhor utilização do espaço útil da ETA, foram tomadas algumas
dimensões iniciais para dimensionamento do floculador, layout aprestado na Figura 5.
22

Figura 5 – Layout da ETA.


Fonte: Os autores, 2022.

Portanto, considerando a utilização de 2 floculadores hidráulicos horizontais,


chicanas de fibra de vidro com espessura de 0,015 mm e demais estruturas em concreto com
acabamento. O tempo de detenção adotado (Td), 21 min, está entre os valores limites de 20
min a 30 min para floculadores hidráulicos, conforme NBR12.216. Com as considerações
apresentadas, tem-se os dados da Tabela 8.

Tabela 8 - Dados para o dimensionamento dos floculadores.


DADOS
Vazão (𝑄 ) 110 L/s
Qtd. De Floculadores 2 unid
Vazão por floculador (𝑄𝑓 ) 0,055 m³/s
Tempo de floculação (𝑇𝑑 ) 21 min
Coeficiente de Manning (𝜂) 0,013
Peso específico (𝛾) 9980 N/m³
Viscosidade absoluta da água (𝜇) 0,001005 N.s/m³
Qtd. de canais 3 unid
Lâmina (ℎ) 1,0 m
Comprimento do canal (𝐿) 7,0 m
Espessura das Chicanas (𝑒) 0,015 m
Fonte: Os autores, 2022.

A metodologia de cálculo segue idêntica para ambos os floculadores, portanto,


serão apresentadas as equações pertinentes aos parâmetros e posteriormente os resultados
obtidos para todos os canais de um dos floculadores, sendo ambos idênticos.
23

4.2 VELOCIDADES MÉDIA DE ESCOAMENTO

A NBR 12.216/1992 esclarece que as velocidades de escoamento do canal devem


estar entre 0,1 m/s e 0,3 m/s. Portanto, para a velocidade média de escoamento entre as
chicanas (Ve1) foram distribuídos valores dentro da faixa normatizada. Quanto a velocidade
média de escoamento nas voltas (Ve2), tomou-se a equação 27.
2
𝑉𝑒2 = 3 ∗ 𝑉𝑒1 (eq. 27)

As velocidades adotadas, assim como as obtidas pela equação estão apresentadas na Tabela 9.

Tabela 9 – Velocidades média de escoamento.


𝑽𝒆𝟏 𝑽𝒆𝟐
Câmara
(m/s) (m/s)
1 0,24 0,16
2 0,19 0,13
3 0,14 0,09
Fonte: Os autores, 2022.

4.3 TEMPO MÉDIO DE DETENÇÃO

Conforme já mencionado, o valor adotado para o tempo de detenção no


floculador foi de 21 minutos, sendo que o mesmo será igualmente distribuído entre as
câmaras do floculador. Assim, para um floculador com 3 câmaras, o tempo de detenção será
de 7 min para cada.

4.4 DIMENSÕES DAS CÂMARAS

Os floculadores serão divididos em três câmaras (ou canais), as quais ocorrerá o


escoamento da água e processo de floculação. Para diminuição do gradiente de velocidade, há
a presença de chicanas, que possibilitara a melhor formação de flocos.

As dimensões dos canais podem ser visualizadas na figura 6.


24

Figura 6 – Floculador hidráulico.

4.4.1 ESPAÇAMENTO ENTRE AS CHICANAS (𝒂𝑳 )

Para obtenção do espaçamento entre as chicanas em cada canal, é adotado uma


relação entre a média de escoamento, a velocidade de escoamento entre as chicanas e a altura
da lâmina d’água, conforme equação 28.
𝑄
𝑎𝐿 = 𝑉𝑒 𝑓∗ℎ (eq. 28)
1

4.4.2 ESPAÇAMENTO ENTRE A ARESTA DAS CHICANAS E


A PAREDE DO CANAL (𝑺𝑳 )

De forma semelhante ao item anterior, obtém-se o espaçamento entre a arestra


das chicanas e a parede do canal, considerando a velocidade de escoamento nas voltas.
𝑄
𝑆𝐿 = 𝑉𝑒 𝑓∗ℎ (eq. 29)
2

4.4.3 LARGURA DO CANAL (𝑩𝑳 )

A largura do canal é igual para todas as câmaras, portanto, utiliza-se a equação


XX para obtenção dele.
𝑄𝑓 ∗𝑇𝑑
𝐵𝐿 = (eq. 30)
ℎ∗𝐿

4.4.4 DIMENSÕES OBTIDAS

Tomando as equações, 28, 29 e 30, foi obtido as características dos 3 canais do


floculador, conforme Tabela 10.
25

Tabela 10 – dimensões dos canais do floculador.


𝑻𝒅 𝒂𝑳 𝑺𝑳 𝑩𝑳
Câmara
(min) (m) (m) (m)
1 7 0,23 0,34 3,3
2 7 0,29 0,43 3,3
3 7 0,39 0,58 3,3
Fonte: Os autores, 2022.

4.5 NÚMERO DE CHICANAS IGUALMENTE ESPAÇADAS

Pelas características adotadas para o floculador e especificações obtidas para as


câmaras, obteve-se o número de chicanas pela equação 31
(𝐿−𝑎 )
𝑛𝑐 = (𝑒+𝑎𝐿) (eq. 31)
𝐿

A Tabela 11 apresenta o número de chicanas (𝑛𝑐 ) em cada canal.

Tabela 11 – Número de chicanas por canal


𝒏𝒄
Câmara
(unidade)
1 28
2 22
3 16
Fonte: Os autores, 2022.

4.6 EXTENSÃO MÉDIA PERCORRIDA PELA ÁGUA NOS


CANAIS (𝐿𝑡 ) E RAIO HIDRÁULICO (𝑅𝐻 )

A equação 32 resulta na extensão média percorrida pela água.

𝐿𝑡 = 𝑉𝑒1 ∗ 𝑇𝑑 (eq. 32)


Para uma seção retangular, de acordo com a figura X, tem-se que a o raio
hidráulico pode ser obtido pela equação 33.
𝑎 ∗ℎ
𝑅𝐻 = (𝑎 𝐿+2ℎ) (eq. 33)
𝐿

A tabela 13 apresenta a extensão média percorrida pela água (Lt) e o raio


hidráulico (Rh).
26

Tabela 13 – extensão média percorrida pela água (Lt) e o raio hidráulico (Rh).
𝑳𝒕 𝑹𝑯
Câmara
(m) (m)
1 100,80 0,103
2 79,80 0,127
3 59,85 0,163
Fonte: Os autores, 2022.

4.7 PERDA DE CARGA

Para o concreto com acabamento (rugosidade mínima), 𝜂 = 0,013, obteve-se a


perda de carga por atrito (ℎ𝑝2 ) pela equação 34.

(𝑉𝑒1 ∗𝜂)2 ∗𝐿𝑡


ℎ𝑝2 = (eq. 34)
𝑅𝐻 4/3

Além disso, a perda de carga nas curvas (ℎ𝑝1 ) foi obtida pela equação XX.

𝑛𝑐 ∗𝑉𝑒1 2 +(𝑛𝑐 −1)∗𝑉𝑒2 2


ℎ𝑝1 = (eq. 35)
2𝑔

Portanto, somando ambas as perdas de carga, tem-se a perda de carga total (ℎ𝑝𝑡 )
(equação 36).

ℎ𝑝𝑡 = ℎ𝑝1 + ℎ𝑝2 (eq. 36)

Os valores obtidos das equações mencionadas estão contidos na Tabela 14.

Tabela 14 – Valores de perda de carga por câmara.


𝒉𝒑𝟐 𝒉𝒑𝟏 𝒉𝒑𝒕
Câmara
(m) (m) (m)
1 0,02 0,117 0,138
2 0,008 0,058 0,065
3 0,002 0,023 0,026
Fonte: Os autores.

4.8 GRADIENTE DE VELOCIDADE

Tomando a equação 37 e os valores pertinentes para o peso específico (𝛾 =


9789 𝑁/𝑚³) e viscosidade absoluta da água (𝜇 = 0,001005 𝑁. 𝑠/𝑚³), obteve-se valores do
gradiente estimado em cada canal.
27

𝛾∗ℎ𝑝
𝐺𝑚 = √ 𝜇∗𝑇 𝑡 (eq. 37)
𝑑

A tabela 15 a seguir apresenta os resultados obtidos.

Tabela 5 – Valores de gradiente de velocidade por câmara.


𝑮𝒎
Câmara
(s-1)
1 57
2 39
3 25
Fonte: Os autores, 2022.

Os valores de Gradiente estão contidos dentro do intervalo de 10 s-1 a 70 s-1,


conforme imposição da NBR 12.216/1992.

4.9 TEMPO REAL DE DETENÇÃO

Apesar de adotado inicialmente um valor de tempo de detenção para o sistema e a


distribuição igualitária entre os canais, o que ocorre considerando as diferenças geométricas
dos canais é que o escoamento ocorrerá de forma diferente em cada canal, portanto o tempo
detenção real (𝑇𝑑,𝑟𝑒𝑎𝑙 ) em cada câmara, será diferente.

Portanto, é necessário avaliar a influência dos volumes da chicanas (𝑉𝑜𝑙𝑐ℎ , dado


pela equação 38) e o próprio volume do canal (𝑉𝑜𝑙𝑐â , dado pela equação 39), para obtenção
do volume real por onde ocorre o escoamento (𝑉𝑜𝑙𝑟𝑒𝑎𝑙 , dado pela equação 40) e posterior
cálculo do tempo real de detenção (equação 41).

𝑉𝑜𝑙𝑐ℎ = 𝑛𝑐 ∗ (𝐵𝐿 − 𝐿) ∗ 𝑒 ∗ ℎ (eq. 38)

𝑉𝑜𝑙𝑐â = 𝐵𝐿 ∗ 𝐿 ∗ ℎ (eq. 39)

𝑉𝑜𝑙𝑟𝑒𝑎𝑙 = 𝑉𝑜𝑙𝑐â − 𝑉𝑜𝑙𝑐ℎ (eq. 40)

𝑄
𝑇𝑑,𝑟𝑒𝑎𝑙 = 𝑉𝑜𝑙 𝑓 (eq. 41)
𝑟𝑒𝑎𝑙

Os resultados obtidos estão contidos na tabela 16.


28

Tabela 16 – Volumes das chicanas, volume das câmaras, volume real e tempo de detenção
real.

𝑽𝒐𝒍𝒄𝒉 𝑽𝒐𝒍𝒄â 𝑽𝒐𝒍𝒓𝒆𝒂𝒍 𝑻𝒅,𝒓𝒆𝒂𝒍


Câmara
(m³) (m³) (m³) (min)
1 1,243 23,100 21,857 6,62
2 0,947 23,100 22,153 6,71
3 0,653 23,100 22,447 6,8
SOMA 2,843 69,300 66,457 20,14
Fonte: Os autores, 2022.

A soma dos tempos de detenção real, resultam em aproximadamente 20 minutos e


8 segundos, valor contido no limite de 20 a 30 minutos, estabelecido pela NBR 12.216/1992
para floculadores hidráulicos.

4.10 COMPORTAS

Para controle de entrada e saída da água do floculador, está previsto a


implantação de comportas. Para atender as características do canal de interligação e dos
floculadores dimensionados, foi adotado uma comporta vertedora da empresa “ORBINOX”,
de modelo RB.

A comporta é projetada para abertura descendente e para um controle mais


preciso do fluxo exigido para floculadores hidráulicos. A dimensão adotada foi de 200 mm
para a largura do a entrada do floculador.

A tabela 17 apresenta as dimensões disponíveis, além isso e a figura 7 apresenta o


desenho com detalhes assim como a cartilha com descrição do produto. Ambos estão
contidos no anexo A.

4.11 REGISTRO DE DESCARGA

Conforme a NBR12.216/1992, os tanques de floculação devem ser providos de


descarga com diâmetro mínimo de 150 mm e fundo com declividade mínima de 1%, na
direção desta. Assim, para facilitar a descarga durante limpeza do sistema ou para eventuais
necessidades, previu-se execução de um fundo com declividade de 1% e um registro de
descarga, de diâmetro nominal de 150 milímetros na terceira câmara de cada floculador. O
29

escoamento ocorrerá para um corpo receptor de descargas próximo à estação de tratamento.


30

5 REFERÊNCIAS

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12.216 - Projeto de estações de


tratamento de água para abastecimento público. 1992.

BRASIL, MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL – MDR. Plano Nacional


de Saneamento Básico. Brasília, 25 de julho de 2019.

BRASIL, MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL – MDR. Sistema


Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS. Disponível em: <
http://www.snis.gov.br/painel-informacoes-saneamento-brasil/web/painel-setor-
saneamento>. Acesso em 20 de fevereiro de 2022.

BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA. Conselho Nacional do Meio


Ambiente – CONAMA, Resolução Nº 357, 2005.

CATÁLOGO DESPURIFIL. Disponível em: <


https://www.despurifil.com.br/equipamentos/tratamento-de-efluentes-esgoto/calha-
parshall/>. Acesso em 03 de março de 2022.

CAVALCANTI, J. E. W. A. Manual de Tratamento de Efluentes Industriais. 2 ed ampliada.


São Paulo: Engenho Editora técnica Ltda., 2012, 499 p.

DI BERNARDO, L., DANTAS, A. DI B., VOLTAN, P. E. N. Métodos e técnicas de


tratamento de água. São Carlos: LDiBe Editora, 2017, 1246 p.

LIBÂNIO, M. FUNDAMENTOS DE QUALIDADE DE TRATAMENTO DE ÁGUA. 2010,


Campinas, SP, 3ª edição

ORBINOX. Catálogo - RB - Comporta vetedora (DIN 19599-4/BS 7775). Disponível em:


Acesso em: 03 março de 2022.

PORTO, R. M. Hidráulica Básica. 3a Ed. Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade


de São Paulo. 2004.
31

ROSA, M. S. Avaliação do emprego de coagulantes orgânico e inorgânico no tratamento


primário de efluente de abate e industrialização de aves. Trabalho de Conclusão de
Curso. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. 2019. Disponível em:
https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/12533/2/empregocoagulantestratament
oefluente.pdf. Acesso em: 01 de março de 2022.

SANTOS, P. H. V. – Dimensionamento hidráulico de uma estação de tratamento de água de


ciclo completo com sistemas de mistura rápida e floculação constituídos de trechos de
canalizações em conduto forçado. Orientador: Iridalques Fernandes de Paula. 55 f. TCC
(Graduação) – Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de Uberlândia.
Disponível em: <
https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/24481/3/DimensionamentoHhidr%c3%a
1ulicoEsta%c3%a7%c3%a3o.pdf>.
ANEXO A

Tabela 17 – Especificações da comporta modelo da Orbinox.

Fonte: Orbinox
Imagem 7 – Comporta modelo RB.

Fonte: Os autores, 2020.


PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

Calha Parshall

Medidor de altura Ha

45°
degrau (entrada no canal de interligação)

38
8,0
57,5

36,2
canal de inteligação
Corte A-B Convergente Divergente

22,9
46,32
88,0

10,0
Canal montante Canal jusante
86,4 30,5 45,7

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION


PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

Planta baixa
Escala 1:100

Corte C-D
Tabela de Dados
Sigla Significado Valor
Aplicação do coagulante
Ea Energia total disponível 49,3 cm

altura da lâmina de água


medidor da altura Ha Ha 35,56 cm
normal
Energia total disponível N desnível da calha 11,4 cm
Ressalto hidráulico
Ea= 49,3

y1 altura da lâmina de água


parede do canal de interligação 19,84 cm
no início do ressalto
Ha = 35,56

(ao fundo)

r =15 y2 = 35,61
profundidade no final do

y3 = 39,41
y2 35,61 cm
Canal de interligação trecho divergente
Entrada de água
bruta saída de água altura da lâmina no trecho
y3 39,41 cm
coagulada divergente
degrau ao final do trecho
N= 11,4

referencial r 15 cm
divergente
y1 = 19,84

W calha Parshall (garganta) 22,9 cm


degrau
largura do trecho
D 57,5 cm
convergente

D = 57,5 Corte A-B E altura da calha 76,3 cm

Escala 1:100
W = 22,9
E = 76,3

Corte C-D
Escala 1:50

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION


PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

degrau (entrada no canal de interligação)

38

36,2
Comporta

Corte A-B Entrada no floculador

Canal de interligação escadas


600

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION


PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

Corte C-D
Plataforma de acesso às comportas
Planta baixa
Escala 1:150

parede do canal de
Ressalto hidráulico Comportas
interligação (ao fundo)
plataforma de acesso às
comportas
y3 = 39,41
h= 50,6

escadas

50,0
entrada de água
15

referencial coagulada

degrau
Corte A-B 600
Canal de interligação
Escala 1:100

aplicação do
coagulante (ao fundo)
15,0
Calha parshall
22,9
lâmina d' água
50,6

Degrau
15,0

Corte C-D
Escala 1:25
10,0

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION


PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION


PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

Calha Parshall

Convergente Divergente
canal de inteligação

degrau (entrada no canal de interligação)

Canal montante Escada


Canal jusante
Plataforma de acesso a comportas
Medidor de altura Ha

Planta baixa
Escala 1:1000

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION


PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

Corte A-B
Planta baixa
DN= 150 mm

Registro de descarga
Escala 1:150
Vai para o corpo
receptor de descarga
O registro deveria ter saido 7,000

por baixo ao final da camara


nc = 28

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION


PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

0,230

i=1%

3,300
i=1% i=1%
1,000

DN= 150 mm
Vai para o corpo

0,797
3,300 3,300 3,300
receptor de descarga

Registro de descarga

O registro deveria ter saido


Corte A-B

0,430
por baixo ao final da camara
nc = 22
Escala 1:50
Corte C-D 0,290

3,300
0,590
nc = 16
0,390

3,300
Registro de descarga

DN= 150 mm

Vai para o corpo receptor


de descarga

Corte C-D Vai para o corpo receptor


de descarga

Escala 1:50
As placas não devem ir até a laje, uns 10 cm acima do nível de água

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

Você também pode gostar