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Brião, V. B. & Tavares, C. R. G.

NOTA TÉCNICA

ULTRAFILTRAÇÃO COMO PROCESSO DE TRATAMENTO PARA O


REÚSO DE EFLUENTES DE LATICÍNIOS

ULTRAFILTRATION AS TREATMENT PROCESS FOR REUSE OF DAIRY EFFLUENT


VANDRÉ BARBOSA BRIÃO
Faculdade de Engenharia e Arquitetura. Departamento de Engenharia de Alimentos. Universidade de Passo Fundo
CÉLIA REGINA GRANHEN TAVARES
Departamento de Engenharia Química. Universidade Estadual de Maringá

Reebido: 15/12/05 Aceito: 12.04.07

RESUMO ABSTRACT
O trabalho objetivou testar duas membranas de ultrafiltração The work aimed to test two different pore size ultrafiltration
com diferentes tamanhos de poros (uma membrana espiral de membranes (a spiral wound PES membrane, cut off 5-8 kDa;
polieterssulfona e corte de 5-8 kDa e uma membrana tubular and another, a tubular PVDF membrane, cut off 30-80 kDa) to
de PVDF com corte de 30-80 kDa) para a recuperação de nutrients recovery from dairy effluents, looking up to evaluate the
nutrientes do efluente de laticínios, procurando avaliar o com- flux behavior and the pollution control parameters removal. The
portamento de fluxo e a remoção de parâmetros de controle results have shown that COD removal is nearby 75%; however,
de poluição. Os resultados demonstraram uma remoção de proteins separation is near 97% and fats removal is in a range
DQO próxima de 75%, separando, no entanto, proteínas na 91% - 93%. The fluxes were 18 kg m-1 h-1 for spiral wound
faixa de 97% e gorduras na faixa de 91% a 93%. Os fluxos membrane and 50 kg m-2 h-1 for tubular membrane. The process
apresentados foram de 18 kg m-2 h-1 para a membrana espiral has shown latter studies could became possible the both nutrients
e 50 kg m-2 h-1 para a membrana tubular. O processo demon- reuse on dairy products.
strou que estudos posteriores poderiam tornar possível o reuso
destes dois nutrientes em subprodutos lácteos.

PALAVRAS-CHAVE: Laticínios, ultrafiltração, membranas, KEYWORDS: Dairy, ultrafiltration, membrane, effluent,


efluente, leite, reúso. milk, reuse.

INTRODUÇÃO descartando conseqüentemente grandes tração, nanofiltração e osmose inversa)


volumes de efluentes. Em alguns casos, apresentam um grande potencial para a
A poluição das águas tornou-se cada litro de leite processado pode gerar recuperação de efluentes, pois são meios
assunto de interesse público em todas até onze litros de efluente enviados ao porosos (no caso da osmose inversa até
as partes do mundo, de modo que não tratamento de final de tubo (Brião, mesmo despreza-se a presença de poros)
apenas os países desenvolvidos são 2000). que atuam como filtros em nível mole-
afetados pelos problemas ambientais, O reúso e reciclo de efluentes sur- cular, possibilitando o fracionamento dos
as nações em desenvolvimento sofrem ge, neste contexto, como alternativa pa- compostos que constituem o efluente. A
também com os graves impactos da ra a minimização dos resíduos, evitando ultrafiltração é um processo intermediário
poluição (Braile & Cavalcanti, 1993). a sobrecarga nos sistemas de tratamento referente ao tamanho dos poros, que retém
A inserção do conceito de “usuário e servindo como uma ferramenta na tipicamente moléculas com massa molar
pagador” na captação de água e descarte redução de custos. A implementação de entre 500 Daltons a 500000 Daltons.
de efluentes (Brasil, 1997) levou técni- circuitos fechados ou semifechados de Incluem-se nessa faixa gorduras, emulsões,
cos e administradores de atividades pro- água para uso industrial tem sido estu- proteínas, polímeros, biomoléculas e colói-
dutivas a repensar o planejamento estra- dada para se avaliar a melhor proposta des (Peppin & Elliot, 2001).
tégico de alguns setores. As indústrias para o reuso, minimizando também A aplicação dos processos de sepa-
de alimentos são exemplos de atividades os custos com o tratamento necessário ração por membranas na purificação de
que sofrerão conseqüências econômicas para tal. Diferentes alternativas podem efluentes da indústria alimentícia para
com o conceito do usuário pagador, ser disponibilizadas para tratar efluen- reuso apresenta-se como um desafio,
pois há um grande consumo de água tes para o reuso, dado que diferen- visto que o volume e a carga dos efluen-
para o processamento de seus produtos tes podem ser as necessidades e ten- tes apresentam uma grande variação,
e limpeza de seus equipamentos. As dências de cada atividade produtiva ou dependendo sobretudo, da água utili-
usinas de laticínios encontram-se nesse região onde está inserida esta atividade zada, do tipo de processo e do controle
grupo de indústrias, pois as operações (Ballanec, 2002). exercido sobre as várias descargas de
de lavagens de silos, tubulações, tan- Os processos com membranas que resíduos. Além disso, a possibilidade
ques, pasteurizadores e equipamentos utilizam o gradiente de pressão como de reutilização da fração concentrada
demandam grandes volumes de água, força motriz (microfiltração, ultrafil- (ou retida) é uma motivação adicional,

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Ultrafiltração para o reúso de efluentes de laticínios

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pois muitas vezes é uma corrente rica
em nutrientes e sais.
O objetivo do trabalho foi utilizar
duas membranas de ultrafiltração, com
diferentes tamanhos de poros, para tra-
tar um efluente industrial de laticínios,
avaliando as correntes permeada e retida Rejeito
de modo a estudar-se um possível reuso
para estas.
Alimentação
MATERIAIS E MÉTODOS
Permeado
O trabalho experimental consistiu
em utilizar duas membranas em um Ar comprimido

módulo piloto de filtração tangencial:


Legenda: 5 - Unidade de ultrafiltração;
uma membrana tubular de polivini-
1 - Filtro de água e filtro de óleo; 6 - Manômetro da pressão de operação;
lideno - PVDF (HFM 180 - Koch 2 - Válvula da alimentação do ar 7 - Válvula de diafragma para ajuste da
Membrane Systems) com 166 cm2 de comprimido; vazão de rejeito e pressão de operação;
área filtrante e corte de 30 - 80 kDa 3 - Manômetro da linha de ar 8 - Tanque de alimentação;
(segundo o fabricante) e uma mem- comprimido; 9 - Tomada da vazão de recirculação.
brana espiral de polieterssulfona (PES), 4 - Bomba pneumática;
modelo HFM 131 - Koch Membrane
Figura 1- Módulo de ultrafiltração
Systems, com 2800 cm2 de área e corte
de 5 - 8 kDa (segundo o fabricante).
A Figura 1 apresenta um diagrama do A remoção foi calculada conforme ção apresenta diferenças. A membrana
módulo de ultrafiltração utilizado. a Equação 1 (Ballanec et al, 2002). tubular demonstra uma rápida redução
O efluente foi obtido de uma linha de fluxo já nos momentos iniciais do
industrial de pasteurização e envase em $1 (1) processo, estabilizando após, em um
3  E  O

embalagem plástica flexível. Coletou-se $B patamar próximo a 50 kg m-2 h-1. Já
apenas o efluente produzido pelo enxá- Sendo R o coeficiente de remoção a membrana espiral demonstrou uma
güe inicial da linha de produção. (%); Ca a concentração na corrente de redução de fluxo inicial mais branda;
Para os ensaios de concentração, alimentação (mg L-1) e Cp a concentra- contudo, apresentou uma redução de
utilizou-se um efluente diluindo-se leite ção da corrente permeada (mg L-1). fluxo ao longo do tempo, caracterizan-
em pó integral em água potável (rela- O Fator de Concentração (FC) do o fouling de longo período, sendo
ção de 1,8 g L-1), de modo a simular a foi calculado conforme a Equação 2 este valor de 18 kg m-2 h-1, após 70 min
carga do efluente industrial. Utilizou-se (Ballanec et al, 2002). de ultrafiltração.
somente a membrana espiral de PES 7P 7P
'$   (2)
para este ensaio. 7S 7P  7Q Remoção
As condições operacionais eram Sendo V 0 o volume inicial de
pré-ajustadas rapidamente circulan- efluente, Vr o volume final de rejeito e A Tabela 1 apresenta as concen-
do-se água destilada no módulo, por Vp o volume de permeado. FC unitário trações médias do permeado e alimen-
meio da válvula de diafragma e pelo corresponde ao efluente inicial. tação, bem como as remoções obtidas
controle da vazão de ar comprimido nos experimentos, com as membranas
que movimenta a bomba pneumá- RESULTADOS E tubular e espiral mantendo-se a concen-
tica. A pressão de operação foi de DISCUSSÃO tração da alimentação constante.
294 kPa (3,0 kgf cm-2). A velocidade A moderada DQO do permeado
tangencial foi de 2,23 m s-1 para a mem- Fluxo deve-se em grande parte à lactose, que
brana tubular e 0,44 m s-1 para a mem- permeia a membrana em valores acima
brana espiral. Os ensaios foram condu- A Figura 2 apresenta o perfil de de 70%. Embora a dimensão da lactose
zidos à temperatura ambiente, embora fluxo nos experimentos realizados. seja menor que o diâmetro dos poros de
esta não tenha excedido os limites de A membrana tubular apresentou ambas membranas, há uma pequena
23 ± 2ºC, sendo realizadas duplicatas maior fluxo que a membrana espiral remoção devido à camada de proteínas
dos experimentos. por apresentar um maior diâmetro de aderida à membrana, que forma uma
Os parâmetros avaliados segui- poros, permitindo uma maior passa- camada secundária, e evita a passagem
ram as recomendações analíticas da gem de permeado. Ambas membranas de uma parcela de lactose através da
American Publican Health Association demonstraram uma redução de fluxo membrana.
- APHA (1995). São eles: DQO, turbi- semelhante, pois decorridos setenta No permeado restam apenas re-
dez, fósforo, nitrogênio, óleos e graxas e minutos de experimento o fluxo da síduos de proteínas, que variaram de
cálcio e sólidos totais. Foram analisados membrana tubular era apenas 57% do 13 mg L-1 a 16 mg L-1. Esta pequena
também proteínas segundo o método fluxo inicial, sendo este valor de 53% diferença mostra que é provável que a
de Lowry e lactose pelo método de para a membrana espiral. Entretanto, segunda membrana esteja separando
açúcares redutores do 3,5 DNS. o comportamento da curva de filtra- também as proteínas do soro, uma

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90

80
70
Fluxo (kg m -2 h-1)
60
50
40

30
20

10
0
0 10 20 30 40 50 60 70
tem po de filtração (m in)

Figura 2 - Fluxo permeado


†: membrana tubular; U: membrana espiral

Tabela 1- Concentrações da alimentação e permeado obtidos na ultrafiltração do efluente de laticínios


Membrana Tubular Membrana Espiral
Alimentação Permeado Remoção (%) Alimentação Permeado Remoção (%)
Turbidez* 2095,5 0,5 99,98 2121,5 Zero 100,00
DQO** 3445,0 894,0 74,05 3434,7 839,6 75,56
Proteína** 485,6 16,1 96,68 482,9 13,0 97,31
Lactose** 923,4 737,0 20,19 948,8 717,2 24,42
Óleos e graxas** 859,5 71,0 91,74 835,0 53,5 93,59
Nitrogênio** 68,6 2,0 97,08 70,1 1,4 98,00
Fósforo** 11,8 7,2 38,72 12,0 6,9 42,26
Cálcio** 39,0 22,0 43,72 37,7 21,7 42,44
* valores expressos em FAU; ** valores expressos em mg L-1

vez que possui uma menor dimensão aplicação em outros subprodutos e/ou Logo, a grande separação de proteí-
de poros. No entanto, as proteínas do processos. nas e gorduras do permeado resultou
soro constituem uma pequena fração do Ambas membranas apresentaram em uma corrente de permeado com
teor total de proteínas do leite, o que rejeições moderadas de cálcio e fósforo. turbidez próxima de zero. A Figura 3
explicaria a pequena diferença entre a Embora estes sais possuam dimensões apresenta o permeado, alimentação e
concentração de proteínas no permea- inferiores aos poros das membranas, rejeito do experimento realizado com
do das duas membranas. Apesar disso, esses compostos encontram-se ligados a membrana espiral.
tem-se uma considerável recuperação ao complexo formado entre as micelas
de proteínas (acima de 96%) para de caseína e gordura na forma de fosfato Concentração do efluente
ambas membranas, refletindo também de cálcio (Bylund, 1995). Quando a ca-
em uma remoção de nitrogênio acima seína é rejeitada no processo, é provável A Tabela 2 mostra as caracteriza-
de 97%. que o cálcio e fosfato que integram esse ções da alimentação inicial, do rejeito
A concentração de óleos e graxas complexo também sejam rejeitados, re- final e do permeado final após atingir-se
no permeado mostra que uma reduzi- sultando em um fracionamento parcial FC = 34.
da parcela desses compostos permeia da matéria mineral. A Tabela 2 mostra que se partiu de
a membrana, variando de cerca de Os glóbulos de gorduras e pro- uma alimentação com menos de 0,2%
50 mg L-1 a 70 mg L-1. Entretanto, teínas são responsáveis pela cor, con- de sólidos totais, atingindo-se ao final
ambas membranas apresentaram uma sistência e opalescência do leite. A cor a concentração de cerca de 2,3% deste
alta remoção desses compostos (acima é também resultado da dispersão da parâmetro no concentrado. Verificou-se
de 90%), que permanecem no rejeito e luz em proteínas, gorduras, fosfatos que houve basicamente a concentração
possibilitam a recuperação destes para e citrato de cálcio (Tetra Pak, 1992). de proteínas e gorduras do leite, uma

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Ultrafiltração para o reúso de efluentes de laticínios

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vez que estes dois compostos correspon-
dem a 90% da concentração de sólidos
totais. Quanto ao permeado, observou-
se que mesmo havendo a elevação da
concentração do rejeito, a membrana
manteve baixo o teor de proteínas e
gorduras, embora tenha ocorrido um
aumento de 47% na concentração de
lactose em comparação com o valor
obtido na Tabela 1. A concentração
final de proteínas atingiu 1,17%,
mostrando uma boa capacidade do
processo em recuperar este composto,
sendo que observação semelhante pode
ser feita para gorduras, uma vez que Figura 3 - Fotografia do permeado, alimentação e rejeito do processo de
a concentração final destas no rejeito ultrafiltração com a membrana espiral
alcançou 0,91%.
Tabela 2. Caracterização da alimentação, rejeito e permeado obtidos no
Oportunidades de reúso ensaio de concentração para FC = 34
Efluente inicial Rejeito final Permeado final
O fracionamento do efluente de
laticínios em permeado e rejeito abre a Turbidez (FAU) 2261 38650 Um
hipótese para uso das duas correntes. O DQO (mg L-1) 2154 97200 977
permeado apresenta uma concentração
-1
moderada de matéria orgânica (basi- Sólidos totais (mg L ) 1728 23148 1284
camente lactose, elevando a DQO), o Proteína (mg L )-1
410 11704 27
que dificulta sua aplicação. Entretanto, -1
o enxágüe inicial, que visa a remoção Lactose (mg L ) 718 2458 1054
grosseira, poderia ser testado com esta Óleos e graxas (mg L ) -1
874 9122 89
corrente. A Figura 4 mostra a seqüência
para essa alternativa. O enxágüe inicial como doce de leite, substituindo-se
com o permeado poderia reduzir o Produção
parcialmente a matéria-prima por este
volume de água fresca utilizada para concentrado. A adição de sólidos de
o enxágüe posterior. Entretanto, um origem láctea é permitida pela legislação
minucioso estudo tanto técnico quanto brasileira (Brasil, 1997a) e já vem sendo Enxágüe com
econômico deveria ser realizado com o executada comercialmente por algu- permeado
objetivo de se verificar os ganhos de tal mas empresas do ramo, utilizando-se,
alternativa. Embora a ultrafiltração seja entretanto, o leitelho (soro resultante
passível de remoção microbiológica, há do batimento da manteiga) ou mesmo
o risco da recontaminação, uma vez que o soro de queijo para esse fim. Um Enxágüe com água
o permeado ainda contém uma conside- exemplo de aplicação do concentrado
rável concentração de açúcares (lactose). obtido por ultrafiltração é apresentado
Uma reutilização imediata seria necessá-
ria para evitar tais problemas. De qual-
na Figura 5. CIP
A Figura 5 demonstra que somen-
quer modo, o sistema teria ainda como te o efluente do enxágüe inicial seria
garantias a limpeza CIP (Cleaning In aproveitado para ser inserido em sub- Produção
Place), que visa a remoção de matéria produtos, pois os enxágües posteriores
orgânica, sais minerais, e também a carregam consigo os resíduos de hidró- Figura 4 - Exemplo de reúso da
descontaminação microbiológica (ou xido de sódio ou ácido nítrico, soluções corrente permeada em um ciclo
sanitização), se necessária. estas utilizadas para a limpeza CIP do de produção-limpeza
Por outro lado, o uso do rejeito sistema. Além disso, uma etapa de pas-
obtido com o processo abre muitas teurização após a ultrafiltração torna-se formação de cristais no produto. Em
possibilidades. Em outros setores, necessária, uma vez que, se o resíduo produtos lácteos com baixa umidade
Skelton (2000) relatou exemplos de for proveniente de um tanque de leite e adicionados de açúcar (como leite
aplicações de processos de separação in natura, este efluente possui ainda condensado e doce de leite), a lactose
com membranas para recuperação de grande carga microbiana. A pasteuriza- cristaliza devido à sua baixa solubilidade
gordura de indústrias de margarina, ção garantiria também a possibilidade (em comparação à sacarose). Os cristais
concentrando o rejeito e possibilitando de um armazenamento temporário do de lactose conferem sensorialmente ao
o reúso. Na indústria de laticínios, uma concentrado, aguardando lacunas da produto a sensação indesejável de are-
promissora alternativa seria a aplicação produção de doce de leite. nosidade. Em muitos produtos comer-
deste concentrado, rico em proteínas A utilização do concentrado pode ciais, adiciona-se a enzima lactase para
e gorduras, em subprodutos lácteos, auxiliar também na prevenção da hidrolisar a lactose, evitando a cristaliza-

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ção desta. A adição de um concentrado


possuindo proteínas e gordura do leite Enxágüe inicial de
equipamentos
valorizaria a recuperação do efluente,
uma vez que reduzida a concentração
de lactose, poderia vir a minimizar a
Recirculação Efluente
cristalização deste composto.
Matéria-prima Ingredientes
CONCLUSÕES
Permeado
As duas membranas utilizadas
nos experimentos apresentaram forte
redução de fluxo. A membrana espiral
apresentou um fluxo de 18 kg m-2 h-1 Concentrado
após 70 min de ultrafiltração, enquanto
a membrana tubular apresentou um
valor aproximadamente 270% maior Doce de leite
(50 kg m-2 h-1).
A remoção dos parâmetros anali- Figura 5- Exemplo de processo para reaproveitamento do concentrado
sados foi semelhante nas duas membra- obtido por ultrafiltraço de efluente de enxágüe inicial de equipamentos
nas, removendo DQO acima de 74%, da indústria de laticínios
proteínas em cerca de 97% e óleos e
graxas acima de 90%. Compostos como
PEPPIN, S. S. L.; ELLIOT, J. A. W.
lactose, cálcio e fosfato, de menores Non-equilibrium ther modynamics of Endereço para correspondência:
dimensões, também são removidos, concentration polarization. Advances in Colloid
embora com menores rejeições. and Interface Science, Amsterdan, v. 92,
p. 1 – 72, 2001. Vandré Barbosa Brião
O processo de ultrafiltração apre-
Universidade de Passo Fundo
senta-se desta forma, como uma pro- S K E LT O N , R . M e m b r a n e s i n f o o d
processing. Filtration and Separation. v. 37, n. 3, Campus I - Bairro São José - BR
missora alternativa para o tratamento
p. 28 - 30, 2000. 285 - km 171
de efluentes de laticínios, possibilitando
Caixa Postal 611
a retirada de nutrientes da corrente TETRA PAK. Leite: Alimento indispensável. São
Paulo. Catálogo de exposição. 1992. 99001-970 Passo Fundo - RS -
descartada, com a possibilidade de con-
Brasil
centrá-los para um possível reúso como
Tel.: (54)3316 8490
ingrediente de subprodutos lácteos.
Email: vandre@upf.br
Testes com tal finalidade estão ainda
em andamento.

REFERÊNCIAS
A M E R I C A N P U B L I C H E A LT H
ASSOCIATION - APHA. Standard Methods for
the Examination of Water and Wastewater, 20. ed.
Washington: IWWA, 1995.
BALLANEC, B. et al. Treatment of dairy process
waters by membrane operation for water reuse and milk
consituents concentration. Desalination, Amsterdan,
v. 147, p. 89 – 94, 2002.
BRAILE, P.M.; CAVALCANTI, J.E.W.A. Manual
de tratamento de águas residuárias. São Paulo:
CETESB, 1993.
BRASIL. Lei nº 9433, de 8 de janeiro de 1997.
Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos,
cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos. Brasília, DF, 1997.
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mento.Portaria nº354, de 4 de setembro de 1997.
Fixa padrões de identidade e qualidade para a
produção de doce de leite. Brasília, DF, 1997a.
BRIÃO, V. B. Estudo de prevenção à poluição
em uma indústria de laticínios. Maringá, UEM,
Dissertação de Mestrado. 71 p.2000.
BYYLUND, G. Tetra Pak Dairy Processing
Handbook. Sweden: Tetra Pak Processing System,
1995.

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