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Pré-floculação e filtração direta no tratamento de água de manancial eutrofizado

ARTIGO TÉCNICO

FILTRAÇÃO DIRETA COM PRÉ-FLOCULAÇÃO E COAGULAÇÃO


COM SULFATO DE ALUMÍNIO E HIDROXICLORETO DE ALUMÍNIO:
ESTUDO COM ÁGUA DE MANANCIAL EUTROFIZADO

DIRECT FILTRATION WITH PRE-FLOCCULATION AND COAGULATION WITH


ALUMINIUM SULFATE AND POLY ALUMINIUM CHLORIDE: AN EUTROPHICATED
WATER SOURCE CASE STUDY
RAMON LUCAS DALSASSO
Engenheiro Sanitarista. Doutor em Engenharia Ambiental. Pesquisador do Departamento de Engenharia Sanitária e
Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

MAURÍCIO LUIZ SENS


Engenheiro Sanitarista. Professor Titular do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFSC

Recebido: 02/06/05 Aceito 22/07/06

RESUMO ABSTRACT
Neste trabalho são apresentados dados de um estudo sobre This paper presents the results of a case study on the modifications
modificações em um sistema implantado de tratamento de applied in a direct descending filtration water treatment system.
água por filtração direta descendente, com o objetivo de The objective was to improve its performance according to
melhorar o seu desempenho em função das características the source water quality, characterized by low turbidity and
da água a ser tratada, caracterizada por baixa cor aparente e apparent color levels, but high concentration of phytoplankton.
turbidez, porém com elevada concentração de fitoplâncton. Jar test procedures preceded the tests conducted in a small scale
Ensaios em jarteste precederam a realização de carreiras de experiment, with or without a pre-flocculation step in expanded
filtração em sistema piloto, com ou sem pré-floculação em granular media. Aluminium sulfate and poly aluminium chloride
meio granular expandido. Foram testados sulfato de alumí- were both tested as coagulant elements, and anthracite and sand
nio e hidróxicloreto de alumínio como coagulantes, e leitos or only anthracite were tested as the filtering media. The use of a
filtrantes de antracito e areia ou apenas antracito. A adoção large grain size filtering media with a poly aluminium chloride
de um leito filtrante de maior granulometria, hidróxicloreto pre-flocculation step caused the washwater volume to reduce from
de alumínio e pré-floculação, reduziu o consumo de água 23.8% to 5.5%. This resulted in a better water quality outcome
de lavagem de 23,8% para 5,5%, resultando água filtrada measured in apparent color, turbidity and residual aluminium
com melhor qualidade em termos de cor aparente, turbidez concentrations.
e alumínio residual.

PALAVRAS-CHAVE: Filtração direta, pré-floculação, flocu- KEYWORDS: Direct filtration, pre-flocculation, granular
lador granular, tratamento de água. flocculator, water treatment.

INTRODUÇÃO e possibilitar a produção de água com Os mecanismos da filtração em


melhor qualidade. meio granular resultam da ação conjun-
A aplicação da filtração direta está Arboleda (2000) ressalta que não há ta de três fenômenos: transporte, ade-
fortemente condicionada à qualidade da nada definitivo com relação à necessidade rência, e desprendimento das partículas
água bruta, sendo relevantes os seguin- ou não de floculação prévia quando se em suspensão que se pretende remover.
tes parâmetros: turbidez, cor verdadeira, aplica a filtração direta descendente. O Em geral, o regime de escoamento na
sólidos em suspensão, densidade de autor relata experiências de outros autores, filtração é laminar, de modo que as
algas e quantidade de coliformes (Di onde há casos de benefício na duração partículas se movem ao longo de linhas
Bernardo et al, 2003). Os autores das carreiras de filtração pelo uso da pré- de corrente. Para que sejam removidas
fazem menção também a importância floculação, mas há casos também em que é necessário que os mecanismos de
da natureza e distribuição do tamanho foi observado o efeito contrário. A mesma transporte desviem suas trajetórias,
das partículas. Caso predominem par- observação foi feita com relação à quali- conduzindo-as à superfície dos grãos
tículas com tamanho médio na faixa dade da água filtrada, principalmente em (coletores) do meio filtrante, e as forças
de 1 a 3 µm, é conveniente promover relação ao tempo de floculação. Sendo que tendem a mantê-la aderida ao cole-
a floculação após a coagulação, para assim, o autor recomenda o estudo de tor superem as que atuam do sentido
reduzir os custos operacionais da ETA cada caso em particular. de desprendê-las.

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Partículas com tamanho inferior a de pelo menos 2,4 mm no filtro descen- mara de nível constante dotada de orifício
1µm são eficientemente transportadas dente, para a obtenção de carreiras com calibrado. A vazão excedente retorna para o
por difusão browniana até a superfície duração aceitável. tanque de água bruta. A câmara de mistura
dos grãos que constituem o filtro, A estação de tratamento de água rápida é alimentada com vazão constante
mantendo-se aderidas a ele se estiverem da lagoa do Peri foi projetada com a tec- e recebe os produtos químicos através de
desestabilizadas. Entretanto partículas nologia da filtração direta descendente. bombas dosadoras de diafragma.
menores tendem a provocar maior Essa concepção mostrou-se compatível Inicialmente foram realizados
perda de carga. Partículas maiores, da à qualidade da água do manancial ensaios em jarteste para definir as con-
ordem de 10 µm estão sujeitas ao trans- citado, sobretudo em termos de cor dições de mistura rápida (gradiente de
porte por ação hidrodinâmica quando verdadeira e turbidez, até hoje inferiores velocidade e tempo) e coagulação (pH
sujeitas a gradientes de velocidade a 20 uH e 10 UT respectivamente, em e dosagem de coagulante). Os ensaios
diferente de zero, aspecto relacionado 100% do tempo. foram feitos com um equipamento
as características do meio granular e a O manancial caracteriza-se pela modelo LDB310 da Nova Ética com as
taxa de filtração. presença de fitoplâncton, com do- seguintes características: 6 cubas de 2 L;
Para tentar melhorar a eficiência mínio de espécies filamentosas como gradiente de velocidade variável de 10
do processo pode-se promover a flocu- a Cylindrospermopsis raciborskii e a 2000 s-1 (20 a 800 rpm); controle de
lação prévia e/ou aumentar a granulo- Pseudoanabaena sp (Laudares, 1999). rotação por tacógrafo digital e extração
metria do meio filtrante. A Floculação Após um ano do início da operação simultânea de amostras. A filtração das
prévia tem por objetivo aumentar o da ETA, foi constatada a elevação amostras foi feita em Filtros de Labo-
tamanho das partículas encaminhadas da concentração de fitoplânctons. ratório de Areia (FLAs) acoplados ao
ao filtro. De acordo com Brandão et al Os valores até então registrados da aparelho de jarteste, com as seguintes
(1996) a perda de carga desenvolvida ordem de 10.000 indivíduos/mL características: meio filtrante com
por um filtro, para um mesmo volume ou menos, deram lugar a sucessivas 15 cm de areia (grãos de 0,42 a 0,84mm
de sólidos retidos, será tanto menor ocorrências de picos da ordem de e tamanho efetivo 0,5mm); filtração
quanto maior for o tamanho das par- 100.000 indivíduos/mL, atingindo até com taxa entre 80 a 100 m3/m2.d com
tículas que chegam à unidade, o que 250.000 indivíduos/mL. A mudança carga hidráulica constante.
a princípio, permitiria adotar taxas de ocorrida na qualidade da água bruta Como coagulantes foram utili-
filtração mais elevadas. trouxe problemas operacionais pela zadas soluções a 1% preparadas com
A esse respeito De Pádua (2001) redução da duração das carreiras de água filtrada, dos produtos comerciais:
destaca que a qualidade da água pro- filtração, e pela qualidade da água pro- Sulfato de Alumínio (SA), com 14,4%
duzida em unidades de filtração de alta duzida. Para tentar manter a tecnologia de Al2O3, e Hidroxicloreto de Alumínio
taxa, não é afetada substancialmen- de tratamento da ETA em questão, foi (PANFLOC AB34 da Panamericana
te quando se adotam taxas de até desenvolvido o presente trabalho, cujos S.A), com 10,5% de Al2O3 e 67,47%
600 m3/m2.d, desde que a água seja objetivos são apresentados a seguir. de basicidade. Para ajustes do pH de
adequadamente pré-condicionada, coagulação utilizou-se solução de cal
contudo, valores elevados de taxa de fil- OBJETIVOS hidratada comercial a 0,5% ou solução
tração influenciam de modo expressivo de ácido sulfúrico PA 0,05N, ambas
a perda de carga. Estudar medidas para adequação preparadas com água filtrada. Os de-
O aumento da granulometria deve e otimização da ETA da lagoa do Peri, mais produtos químicos utilizados nas
ser compensado pelo aumento da espes- que utiliza a tecnologia da filtração dire- análises de qualidade da água foram
sura da camada filtrante para garantir a ta, para tratamento de água com elevada PA.
mesma eficiência da filtração (Arboleda, concentração de fitoplâncton, destinada A mistura rápida em sistema pilo-
2000). A adoção de tal medida permitirá ao abastecimento público. to foi feita por agitador mecânico com
a penetração mais profunda do material rotação regulável. A partir da câmara de
floculado no meio filtrante. Sendo assim, METODOLOGIA mistura rápida, cujo volume pode ser
os flocos deverão resistir às forças de ci- regulado, o sistema piloto é alimentado
salhamento para serem transportados ao As investigações experimentais foram por gravidade, podendo a água coagula-
longo dos caminhos tortuosos formados realizadas em sistema piloto no Labora- da passar ou não pelo floculador.
pelos espaços intergranulares. tório de Águas da Lagoa do Peri L.A.L.P. A floculação foi realizada em
A resistência e a densidade dos (convênio UFSC/CASAN - Companhia meio granular expandido. O floculador
flocos podem ser influenciadas pelo tipo Catarinense de Águas e Saneamento), foi construído com tubo de acrílico
e dosagem de coagulante ou do auxiliar situado na Estação de Tratamento de Água transparente, com diâmetro interno de
de coagulação utilizado no tratamento, da Lagoa do Peri, em Florianópolis SC. 115 mm e altura total de 3,2 m. O
assim como pelas condições de coagu- A ETA citada é do tipo Filtração Direta material granular tem as seguintes
lação e floculação. Descendente, com meio filtrante de dupla características: massa específica =
Rissoli et al (2000) estudaram camada (antracito e areia) e utiliza sulfato 1,055 g/cm3; diâmetro equivalente =
a pré-filtração em pedregulho como de alumínio como coagulante. 3,3 mm; coeficiente de esfericidade =
pré-tratamento à filtração rápida des- O sistema piloto utilizado nos en- 0,86; porosidade = 39%; base quími-
cendente, para tratar água de lago com saios está representado pela Figura 1. A ca = PS (poliestireno); altura de leito
elevada concentração de algas. Seus água bruta proveniente da lagoa do Peri, antes da expansão = 1,61 m. As ca-
estudos indicaram a necessidade de alimenta constantemente o reservatório racterísticas do floculador e condições
material granular com tamanho efetivo inferior, de onde é bombeada para uma câ- operacionais como: gradiente de velo-

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cidade médio e tempo de floculação, função das dimensões do filtro e da gulante – 6 ensaios (3 com e 3 sem
foram definidas com base em estudos velocidade ascensional anteriormente pré-floculação).
prévios com água do mesmo manancial indicada, o volume de água gasto em Inicialmente foram realizados os
(Dalsasso, 2003). cada lavagem foi Val = 360 L. Consi- ensaios da série A. Em seguida o meio
Na filtração foi reproduzida a derando também a vazão de alimenta- filtrante foi substituído para a realização
técnica adotada pela ETA em foco, ção do filtro Q = 317 L/h, os cálculos dos demais ensaios. Alguns ensaios
ou seja, filtração direta descendente. percentuais do consumo de água de foram desconsiderados e refeitos em
O filtro construído em chapas de aço lavagem e produção efetiva foram feitos função da não obtenção do mesmo
inoxidável, com altura total de 4,2 m, como segue: padrão de qualidade da água filtrada.
seção interna útil de 19,5 x 19,5 cm, Val% = (Val/Q.dc).100 = con- Após a troca do meio filtrante de L2
possui visores laterais para observar a sumo de água de lavagem (%), onde para L1, constatou-se que nos primeiros
expansão do leito durante a lavagem. dc = duração da carreira (h). Pe% = ensaios, e de forma mais acentuada nas
A operação foi com taxa constante de 100 – Val% = produção efetiva do primeiras cinco horas de cada ensaio,
200 m3/m2.d e carga hidráulica variável. filtro (%). o pH da água filtrada resultou inferior
As características dos leitos filtrantes Por limitações do sistema piloto, ao da coagulada. Em função desse as-
avaliados estão na Tabela 1. não foi possível realizar simultaneamen- pecto que afetava a qualidade da água
As carreiras foram encerradas te ensaios com e sem pré-floculação. Tal produzida pelo filtro, oito ensaios foram
quando a perda de carga total no meio procedimento foi permitido, porque as desconsiderados e refeitos na série B.
granular, medida por piezômetros, atin- variações diárias de qualidade da água
giu 1,76 m ou por deterioração progres- bruta são pequenas, conforme análise RESULTADOS E
siva da qualidade da água filtrada. estatística apresentada em resultados e DISCUSSÕES
Para cada ensaio foi coletado uma discussões. Ressalte-se também a possi-
amostra composta de água filtrada para bilidade do efetivo controle da vazão de As variações na qualidade da água
análise do alumínio residual. As técnicas alimentação do sistema piloto, dosagem bruta durante período de estudo são
analíticas e os equipamentos utilizados nas de produtos químicos e condições de mostradas na Tabela 3. As variações
análises estão indicados no Tabela 2. coagulação. com influência mais acentuada sobre a
A lavagem do filtro foi feita com Os ensaios foram feitos em dias filtração direta são relacionadas a maté-
ar e água filtrada bombeada, com dois consecutivos e de forma alternada, com ria em suspensão, ou seja, fitoplâncton
ciclos: 2x(injeção de ar por 5 min + e sem pré-floculação. Foram feitos três e turbidez. O fitoplâncton na lagoa do
injeção de água filtrada por 5 min). séries de ensaios totalizando 20 ensaios Peri tem influência sazonal, com forte
A injeção de água para lavagem, com conforme segue: presença no verão.
velocidade ascensional de 1 m/min, 1. Série A: meio filtrante L2 e A turbidez em parte é devida ao
foi controlada por medidor eletrônico sulfato de alumínio como coagulante fitoplâncton, mas também varia em
de vazão. A injeção de ar, na razão de – 8 ensaios (4 com e 4 sem pré-flo- função dos ventos, principalmente
20 L/s.m2 ( 2736 L/h), foi controlada culação); do quadrante norte, que provocam
pela regulagem da pressão de alimen- 2. Série B: meio filtrante L1 e o embate das águas nas margens e o
tação, fixada em 1 atm, previamente sulfato de alumínio como coagulante revolvimento do material sedimentado
aferida com rotâmetros. – 6 ensaios (3 com e 3 sem pré-flocu- no fundo da lagoa, junto a captação que
O tempo total de lavagem dos lação); alimenta a ETA e o sistema piloto.
filtros com água foi 10 min para todos 3. Série C: meio filtrante L1 e A cor aparente e o COT são
os ensaios. Nessas circunstâncias, em hidróxicloreto de alumínio como coa- influenciados pelo fitoplâncton e pela

Tabela 1 – Composição dos meios filtrantes utilizados no filtro piloto


Características Meio L1 *Meio L2
Material Antracito Antracito Areia
Espessura da camada 143 cm 90 cm 30 cm
Tamanho efetivo dos grãos 2,5 mm 1,1 mm 0,50 mm
Coeficiente de desuniformidade (CD) 1,1 1,1 <2
Características da camada suporte com 35 cm de espessura utilizada em todos os casos
Subcamadas Diâmetro (mm) Espessura (cm)
Topo 19,0 a 12,7 5
6a camada 12,7 a 6,4 5
5a camada 6,4 a 3,2 5
4a camada 3,2 a 1,6 5
3a camada 3,2 a 6,4 5
2a camada 6,4 a 12,7 5
Base 12,7 a 19,0 5
* existente na ETA da lagoa do Peri

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Dosagem de
Agitador mecânico
produtos
químicos

Câmara de
Nível
constante

Unidade de
distribuição
de vazão

Agitador mecânico
Bomba
Câmara de dosadora
mistura rápida

Retorno Câmara de FILTRO iezô


P metros
nível
constante NA máx
.

Saída da
água de
lavagem
NA mín.
NA mín.
FLOCULADOR GRANULAR

NA mín.

Carvão
Areia

Camada suporte

Saída de Dreno
Água
filtrada

Floculador
ÁGUA
ÁGUA granular ÁGUA
BRUTA
BRUTA FILTRADA

B o m b a d e a l im e n t a ç ã o B o m b a d e a l im e n t a ç ã o

Figura 1 – Esquema geral do sistema piloto de


floculação/filtração direta

Tabela 2 - Parâmetros de controle de qualidade da água, métodos analíticos e freqüência das análises
1
Parâmetro Método analítico/Equipamento associado Frequência/2Tipo de água
Alcalinidade total Volumétrico/Titulador digital HACH S/B
Alumínio Kit HACH/ ** Espectrofotômetro D/F
Clorofila a NUSCH – extração com etanol/*Espectrofotômetro S/B
Cor aparente APHA Platinum-Cobalt – S.M/**Espectrofotômetro, D/B – H/F
O = 455nm
Cor verdadeira Idem ao da cor aparente, com filtragem em membrana S/B
0,45µm
***COT Kit HACH / **Espectrofotômetro S/B
Condutividade Condutivímetro HACH D/B
Cloretos Volumétrico/Titulador digital c/nitrato de prata S/B
Dureza total Volumétrico/ Titulador digital c/ EDTA S/B
Fitoplâncton Contagem em câmara de SR com microscópio invertido (S) S/B
Nitrato Kit HACH/**Espectrofotômetro S/B
Nitrogênio amoniacal Kit HACH/**Espectrofotômetro S/B
Oxigênio dissolvido Kit HACH/**Espectrofotômetro S/B
PH pHmetro digital HACH SensIon D/B – H/F, C
Temperatura Termômetro de mercúrio D/B – H/F, C
Turbidez Turbidímetro portátil HACH DR 2100P D/B – H/F, Floc
*HACH DR 4000, **HACH DR 2010. 1Frequência: H=horária, D=diária, S=semanal. 2Tipo de água: B=bruta, C=coagulada, Floc=floculada,
F=filtrada. *** Método baseado na oxidação do carbono da amostra pelo persulfato. As amostras não são filtradas em membrana 0,45Pm.

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matéria vegetal decomposta que integra qualidade da água filtrada. As condições início da lavação do próximo, decorrem
o solo do fundo da lagoa. Apesar de de floculação foram: gradiente de velo- 3,84 h. Embora o aumento na duração
ampla, as variações de pH ocorreram cidade médio = 55 s-1 (53 a 56); tempo das carreiras para 21,7 h conseguido
na realização de apenas dois ensaios médio de floculação = 2,85 min (2,8 a com as alterações citadas ainda seja
consecutivos. Na maior parte do tempo 2,9); Velocidade ascensional = 731 m/d; baixo, do ponto de vista operacional
o pH esteve próximo da neutralidade. Expansão média do leito = 52 % (50 a permite manter a atual tecnologia de
O manancial em questão vem 53); GT médio = 9405 (9275 a 9576). tratamento.
sendo estudado nos últimos três anos, A Figura 3 mostra os valores Os efeitos da pré-floculação nessa
e as variações sofridas na qualidade de médios de qualidade da água filtrada particular situação foram devidos a
suas águas não difere muito da apresen- e duração das carreiras por série de mudança do coagulante. De acordo
tada, exceto pela ocorrência de picos ensaios realizados. Observa-se que nos com Di Bernardo et al (2003), alguns
acentuados de fitoplâncton da ordem ensaios da série A as carreiras tiveram estudos ressaltam o melhor desempe-
de 1,5x105 indivíduos/mL. Sabe-se duração média de 5 horas, com ou sem nho do PAC em relação ao SA na flocu-
que as concentrações de fitoplâncton pré-floculação. Nos ensaios da série lação, por apresentar maior estabilidade
encontradas são proibitivas para o B a duração média foi da ordem de das espécies hidrolisadas, aspecto que
emprego da filtração direta, porém 13,4 horas, com ou sem pré-floculação, favorece a agregação das partículas em
cabe lembrar, que trata-se de uma um aumento médio de 168% em rela- menor tempo, e possibilita aplicar me-
ETA que passou apresentar problemas ção aos ensaios da série A. nores dosagens do coagulante para obter
devido a presença desses organismos, Esse aumento foi devido a mu- a mesma qualidade de água, quando
um ano depois do início de operação. dança da granulometria, cujo tamanho comparado ao sulfato de alumínio. Os
Esse trabalho é parte de um estudo efetivo aumentou de 1,1mm para autores apresentam resultados de jartes-
maior, de alternativas para solucionar 2,5mm, e na altura do meio filtrante, te em que houve redução significativa
o problema sem modificar a tecnologia que passou de 0,9m para 1,43m. Nas na turbidez da água filtrada utilizando
de tratamento. duas séries de ensaios em questão, o PAC, quando a basicidade do produto
Em data posterior aos estudos coagulante foi o sulfato de alumínio. comercial passou de 8% para 18%.
apresentados foi avaliado a distribuição Na série A a dosagem variou de 1,21 a No presente estudo foi utilizado
do tamanho de partículas em um con- 1,37 mg/L de Al3+ , enquanto na série PAC com basicidade de 67,47%. Uma
junto de amostras daquele manancial, B a dosagem variou de 1,7 a 2,2 mg/L das características do produto em foco,
que pode ser usado como referência de Al3+. A qualidade da água filtrada é a expressiva concentração de íons
para explicar os efeitos positivos ob- na série B foi ligeiramente superior hidroxilas, que a partir de ligações de
tidos pela pré-floculação. A Figura 2 em termos de cor aparente e turbidez, coordenação com átomos de alumínio,
mostra esses resultados, onde observa- provavelmente devido a dosagem mais formam compostos polinucleares no
se o predomínio de partículas com elevada de coagulante. interior das moléculas de coagulantes
tamanhosd2 Pm. Nos ensaios da série C houve pré-polimerizados, propiciando me-
Os ensaios em jarteste mostraram redução de 7,8% na duração das car- nor redução do pH do meio, quando
variações nas condições de coagulação reiras sem pré-floculação, em relação comparado aos tradicionais coagulantes
em função das características da água aos ensaios da série B, embora a do- inorgânicos. Esse aspecto é particular-
e do tipo de coagulante utilizado. Em sagem de alumínio no primeiro caso mente favorável para águas com baixa
termos de mistura rápida, independen- tenha sido menor. Observa-se também alcalinidade como as da lagoa do Peri.
temente da qualidade da água bruta através da Tabela 4 que nos ensaios sem Observou-se também que a faixa
e do coagulante utilizado, resultou: pré-floculação da série C, os valores de do pH de coagulação é mais ampla com
Gradiente de velocidade G = 1200 s-1 e turbidez foram menores que na série a utilização do hidróxicloreto de alumí-
tempo de mistura rápida T = 30 s. B, caracterizando melhor desempenho nio do que com a utilização do sulfato
Em termos de coagulação os do PAC nesse aspecto e justificando a de alumínio, aspecto que contribuiu
parâmetros foram os seguintes: coa- diferença na duração das carreiras. para obtenção de água filtrada com me-
gulação com sulfato de alumínio - SA Comparando apenas os ensaios lhores características, tanto em jarteste
(ensaios da série A)Ÿdosagem = 1,22 a da série C, a pré-floculação aumentou como em sistema piloto, quando da
1,37 mg/L Al 3+ , pH de coagula- a duração das carreiras em 68%. Con- utilização daquele primeiro coagulante.
ção = 5,6 a 5,8, turbidez da água filtra- siderando todas as séries de ensaios, a Esse aspecto é muito importante para
da = 0,5 uT; SA (ensaios da série mudança na granulometria aumentou o controle da coagulação/floculação,
B)Ÿ dosagem = 1,67 a 2,2 mg/L Al3+, mais a duração das carreiras do que a sobretudo se a tecnologia de tratamento
pH de coagulação = 5,6 a 5,8, turbidez pré-floculação. O aumento acumulado for a filtração direta, onde qualquer
da água filtrada = 0,5 uT; coagulação devido a mudança de granulometria, distúrbio nas etapas em questão pode
com hidróxicloreto de alumínio – PAC mudança de coagulante e pré-flocula- resultar em queda na qualidade da
(ensaios da série C)Ÿ dosagem = ção, foi da ordem de 334%. água filtrada, seja em termos de cor e
1,0 a 1,1 mg/L Al3+, pH de coagula- Considerando que a ETA da lagoa turbidez, como em termos de alumínio
ção 5,5 a 6,5, turbidez da água filtra- do Peri possui 5 filtros, que o sistema residual.
da = 0,3 uT. de lavagem é 4 lavam 1, que o tempo A Figura 4 ilustra a participação
A Tabela 4 mostra os principais total de lavagem de um filtro incluindo do meio filtrante na retenção de im-
resultados obtidos nos ensaios realizados todas a manobras de injeção de ar e purezas para três ensaios. Na figura
e considerados, em termos de qualidade água é da ordem de 30 min, entre o citada o gráfico ( a ) representa um
da água bruta, condições de coagulação e final de uma lavação de um filtro e o ensaio da série A sem pré-floculação.

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Dalsasso, R. L. & Sens, M. L.
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Tabela 3 – Características das águas da lagoa do Peri, janeiro-abril/2004


Parâmetros Variação Parâmetros Variação
Alcalinidade (mg/L CaCO3) 6,5 a 13 Dureza total (mg/L CaCO3) 6,5 a 13,6
Clorofila a (µg/L) 4,6 a 34,7 Nitrogênio (mg/L NH4) 0,02 a 0,16
Fitoplâncton (ind / mL) 1,3x104a 9,95x104 Nitrato (mg/L NO3 -) 0,017 a 0,8
Cor aparente (uH) 43 a 97 Oxigênio dissolvido (mg/L) 6,8 a 9,8
Cor verdadeira (uH) 5 a 10 pH 6a9
COT (mg/L) 4,6 a 7,5 Temperatura (ºC) 22 a 31
Condutividade (µS/cm) 53 a 80 Turbidez (uT) 3 a 8,5
Cloretos (mg/L Cl - ) 11,4 a 22

12000
4
m
A

10000
2
m
A
000
8
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Figura 2 – Distribuição de partículas em amostras de água


da lagoa do Peri, Junho2004

Nesse caso a retenção de impurezas na qualidade da água filtrada para dois floculação e 5,5% - com pré-floculação.
ocorreu praticamente nos primeiros ensaios da série C. Percebe-se uma ligei- Portanto, a produção efetiva dos filtros,
30 cm, atingindo seu limite próximo de ra melhora na qualidade da água filtrada relação entre o volume produzido e
50 cm. Esse comportamento ocorreu em termos de turbidez, no ensaio com o consumido na lavagem, variou de
nos demais ensaios dessa série, com ou pré-floculação. 76,8% a 94,8%.
sem pré-floculação, resultando carreiras Embora o efeito maior da pré-flo- Para verificar se houve variação
de curta duração. culação tenha sido prolongamento das significativa na turbidez da água bruta
Os gráficos ( b ) e ( c ) ressaltam carreiras de filtração pela redução da durante os testes com e sem pré-flocula-
a diferença da participação do meio perda de carga, observou-se uma ligeira ção, já que os mesmos foram realizados
filtrante em função da pré-floculação, melhora na qualidade da água filtrada. em dias alternados, foi aplicado o teste
do antracito com granulometria maior Nos ensaios com a pré-floculação as con- de Mann-Whitney, aos dados da Tabela
e do uso do PAC como coagulante. No centrações de alumínio residual foram 5. Os resultados foram os seguintes:
caso ( b ) a participação do leito atin- menores tendo o sulfato de alumínio Número de casos: n1 (com pré-
giu cerca de 1m, e no caso ( c ), com como coagulante. Para os ensaios com floculação) = n2 (sem pré-floculação)
pré-floculação, atingiu cerca de 1,4m, hidróxicloreto de alumínio, a concentra- = 10
conseqüência da resistência dos flocos às ção de alumínio residual na água filtrada Soma dos postos no grupo n1:
forças de cisalhamento, que possibilitou esteve abaixo do limite de detecção, R1 = 106
a sua penetração até as camadas mais independentemente da pré-floculação ou Soma dos postos no grupo n2:
profundas do meio filtrante. Durante os não, conforme mostra a Tabela 5. R2 = 104
ensaios com pré-floculação observou-se O consumo de água para lava- Cálculo da estatística µ para o
intensa produção de flocos com tama- gem dos filtros teve o seguinte com- menor valor de R: R2 = 104
nho estimado de 0,3 a 0,5mm. portamento médio: ensaios da série O ? O I
A Figura 5 mostra a variação da A = 23,0%; ensaios da série B = 8,6%; '  OO  3  

perda de carga total no meio filtrante e ensaios da série C = 9,3% - sem pré- (1)

Eng. sanit. ambient. 246 Vol.11 - Nº 3 - jul/set 2006, 241-249


Pré-floculação e filtração direta no tratamento de água de manancial eutrofizado

ARTIGO TÉCNICO
Tabela 4 - Resultados de ensaios de filtração direta com e sem pré-floculação, janeiro-abril/2004
Ensaio Água bruta Coagulação Água filtrada Água filtrada Duração
(sem pré-floculação) (com pré-floculação) da
pH Turbidez Cor pH Coagulante Turbidez Cor Turbidez Cor carreira
(uT) aparente mg/L (tipo) (uT) aparente (uT) aparente (h)
(uH) mg/L Al3+ (uH) (uH)
AC1 6,6 6,8 90,9 5,6 16 (SA)1,22 - - 0,6 7,4 4,7
6,4-6,8 6,13-7,61 85-97 5,5-5,7 1,33-0,38 14-5
AS1 6,8 7,2 94 5,7 16 (SA)1,22 0,6 6,7 - - 4,3
6,6-6,8 6,46-8,52 90-97 5,6-5,8 1,23-0,37 14-4
AC2 6,8 7,3 91,9 5,7 16 (SA)1,22 - - 0,6 8,8 5,8
6,7-6,9 6,14-8,20 88-96 5,5-5,8 1,25-0,43 17-5
AS2 6,7 5,6 81,3 5,8 16 (SA)1,22 0,7 8,9 - - 6
6,4-6,9 4,83-6,54 72-90 5,7-5,8 1,52-0,46 17-6
AC3 6,7 6,3 86 5,8 18(SA)1,37 - - 0,6 7,5 5,5
6,5-6,9 5,19-7,26 81-88 5,6-6,0 1,13-0,39 16-4
AS3 6,6 5,9 79,1 5,6 18 (SA)1,37 0,6 7,3 - - 4,3
6,45-6,8 5,17-6,61 76-81 5,5-5,8 1,22-0,42 17-5
AC4 6,6 6,8 85,1 5,8 18 (SA)1,37 - - 0,6 7 4,7
6,4-6,7 5,67-8,16 82-91 5,7-5,9 1,34-0,41 14-5
AS4 6,8 5,6 80,5 5,7 18 (SA)1,37 0,6 8 - - 5
6,8-6,9 5,35-5,8 79-82 5,65-5,8 1,12-0,38 16-4
BC1 7 3,8 59,2 5,7 24 (SA)1,82 - - 0,5 7 11,8
6,96-7,36 3,15-4,35 54-62 5,4-5,82 1,21-0,35 14-5
BS1 7 3,6 58,1 5,7 23 (SA)1,75 0,6 7,1 - - 12,5
6,5-7,4 3,17-4,14 52-63 5,4-5,9 22-24 1,74-0,38 24-5
BC2 7 4 55,5 5,9 28(SA)2,13 - - 0,5 5,5 15,5
6,87-8,38 3,47-4,56 53-58 5,75-6,34 27-29 1,53-0,29 23-3
BS2 7 3,9 53,9 5,8 27(SA)2,05 0,5 6,1 - - 14
6,84-7,47 3,28-4,97 48-59 5,75-5,92 24-28 1,21-0,35 14-4
BC3 7 4 62,3 5,8 28,8(SA)2,2 - - 0,5 5,9 13
6,87-7,08 3,47-4,54 59-65 5,71-5,91 28-29 1,53-0,33 25-3
BS3 7 4 56,8 5,8 28 (SA)2,13 0,5 6,3 - - 13,5
6,9-7,08 3,83-4,09 52-59 5,76-5,84 1,51-0,38 17-5
CC1 7,5 3,5 53,9 6 22 (PAC)1,1 - - 0,6 7,5 21,5
6,35-8,94 3,13-4,55 50-58 5,79-6,29 0,91-0,34 13-5 *17
CS1 6,9 3,6 57,3 6,1 22 (PAC)1,1 0,4 5,6 - - 13,3
6,57-8,48 3,24-4,03 53-64 5,95-6,24 0,72-0,28 11-2
CC2 7,1 4 60,7 5,9 22 (PAC)1,1 - - 0,4 5,8 20,7
6,37-8,61 3,51-4,86 57-66 5,79-6,22 0,97-0,25 14-3
CS2 6,8 4,2 65,4 6 21(PAC)1,05 0,5 7,4 - - 12,4
5,98-7,84 3,47-4,75 60-71 5,7-6,3 20-22 0,57-0,39 10-5
CC3 7,1 3,5 49 6 22 (PAC)1,1 - - 0,4 4,9 22,4
6,53-8,9 3,01-3,98 44-61 5,76-6,15 0,69-0,3 9-2
CS3 6,6 3,8 50,5 6 21(PAC)1,05 0,5 5,1 - - 13
6,08-6,86 3,1-4,73 43-56 5,91-6,08 20-22 0,53-0,39 6-3
OBS: Os valores separados por hífen (Ex: 43-56) representam a faixa de variação do parâmetro.
* Carreira encerrada com duração de 17:00 h e 1,31m de perda de carga, devido fortes variações no pH da água bruta, dificultando o controle do pH de
coagulação e consequentemente da qualidade da água filtrada. 21,5 h representa a duração estimada da carreira para atingir 1,76m de perda de carga.
Exemplo: AS2 = ensaio 2 da série A Sem pré-floculação; AC2 = ensaio 2 da série A Com pré-floculação.

Eng. sanit. ambient. 247 Vol.11 - Nº 3 - jul/set 2006, 241-249


Dalsasso, R. L. & Sens, M. L.
ARTIGO TÉCNICO

Testar no nível de 5% as hipó- duração da carreira ( h )


teses. 25

21,67
turbidez da água filtrada ( uT )
H0 = Não há diferença entre os cor aparente da água filtrada ( uH )
valores médios de turbidez. 20
H1 = Há diferença entre os valores

13,43
13,33
médios de turbidez.

12,9
Escala de valores
15
Para D = 5% na tabela de xdis-
tribuição normal (Fonseca,1996)

7,7 3

7,6 8
10
obteve-se: ZD/2 # 1,91.Determinação

6,1 3

6,0 3

6,0 7
6,5
5,18
da variável Zcal

4,9
5
' ? VI  O  O  

0,6 3

0,5 3

0,4 7

0,4 7
(2)

0,6


0,5
0
O  O ? O O OI

BS

CS
AS

BC

CC
AC
/ ? VI    

(3) SA / L2 SA / L1 PAC / L1
'  ' ? VI
;DBM     (4) Ensaios de filtração direta
/ ? VI
Como -1,91 < 0,075 < 1,91, Figura 3 – Valores médios de qualidade da água filtrada
não se pode rejeitar H0. Conclui-se e duração das carreiras
que existe um risco menor que 5% de
haver diferença entre os valores médios 2
, 2
na turbidez da água bruta, dos ensaios Duração da carreira (h)
2
(a) E
aio A
s
n 4
S
com e sem pré-floculação. 1
, 8 0 0
, 5
1
, 6
1 2
CONCLUSÕES
1
, 4
1
, 2 3 4
a (m
)

1
5
erda de carg

A filtração direta descendente não 0


, 8
0
, 6
im
Lite da reten
çã o
deve ser a escolha para tratamento de 0
, 4
de im
urez
p a s
águas com presença de fitoplâncton 0
, 2
P

em número e espécies indicadas nes- 0


0
- 2
,
se trabalho. Entretanto em sistemas ,
0 5
,1
0 1
,3
0 0
5
6
,4 0
2
,6 0
5
,7 0
3
,9 5
8
,0
1 0
4
,2
1 5
9
,3
1 0
,5
1
implantados, é possível otimizar a tec- rofun
P didade do e
mio filtran
te (m )
nologia para obter condições razoáveis
em termos de produção e qualidade
da água; ,8
1 Duração da carreira (h)
,6
1
A pré-floculação mostrou benefí- ,4
1
(b
)Eaio S
s
n 3
C 0 1 3
cios em termos de aumento na duração ,2
1
5 7 9
das carreiras de filtração, entretanto o 1
a (m
)

sucesso de sua aplicação depende do co- ,8


0 1 1
3
erda de carg

im
Lite da reten
ção
,6
0
agulante utilizado e das características ,4
0
de im
urez
p as
do meio filtrante. No presente estudo ,2
0
o hidróxicloreto de alumínio forneceu
P

os melhores resultados, enquanto com ,2


-0
0 0
,2 ,4
0 ,6
0 ,8
0 1 ,2
1 ,4
1 ,6
1 ,8
1
sulfato de alumínio não houve benefí- rofun
P didade do e
mio filtran
te (m )
cios em termos de aumento na duração
das carreiras de filtração;
,8
1
A qualidade da água filtrada em Duração da carreira (h)
,6
1
termos de cor aparente e turbidez foi (c) E
aio C
s
n 3 0 0
, 5
,4
1
levemente beneficiada pela pré-flocu- ,2
1
1 2
5 8
lação, principalmente com a utilização 1
a (m

1 1
4
do hidroxicloreto de alumínio. Os
)

,8
0 1
7 2
0
erda de carg

níveis de alumínio residual na água ,6


0 2 4
,

filtrada foram em média 41% menores ,4


0 im
Lite da reteçnã o
com a pré-floculação utilizando sulfato ,2
0
de im
urez
p as
P

de alumínio, e não detectáveis pelo 0

método analítico empregado, utilizan- ,2


-0
0 ,2
0 ,4
0 ,6
0 ,8
0 1 ,2
1 1
,4 1
,6 ,8
1
do-se hidroxicloreto de alumínio com
rofud
P nidade do e
mio ifltran
te (m )
ou sem pré-floculação;
A pré-floculação com sulfato de Figura 4 – Comparativo da variação da perda de carga no meio
alumínio, contribuiu para manutenção filtrante nos ensaios de filtração direta, em função do tipo
com maior facilidade, dos níveis de de leito e do coagulante

Eng. sanit. ambient. 248 Vol.11 - Nº 3 - jul/set 2006, 241-249


Pré-floculação e filtração direta no tratamento de água de manancial eutrofizado

ARTIGO TÉCNICO
Tabela 5 – Alumínio residual nos ensaios de filtração direta com e sem pré-floculação
Ensaio Alumínio Ensaio Alumínio Ensaio Alumínio
Residual Residual Residual
mg/L Al3+ mg/L Al3+ mg/L Al3+
AC1 0,17 AS4 0,24 CS1 < 0,01
AS1 0,23 BC1 0,15 CC1 < 0,01
AC2 0,15 BS1 0,32 CS2 < 0,01
AS2 0,25 BC2 0,10 CC2 < 0,01
AC3 0,15 BS2 0,19 CS3 < 0,01
AS3 0,19 BC3 0,09 CC3 < 0,01
AC4 0,09 BS3 0,12

t()
g
á
a
z
e
id
rb
u
T flt()
g
á
za
e
id
rb
u
T iflt()
m
o
n
cg
a
rd
e
P

()
c
flo
g
á
a
z
e
id
rb
u
T

10 10
s ro
v e
a l

1,0 1,0
lcsE
a
d
e

S
C
)a
( 3 (b
)C 3
0,1 0,1
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 2
0 1
2 2 2
3

a
ru
D çã
o d
a
cre
i(h ) a
ru
D çã
o
d
a
cr e
ira (h )

Figura 5 – Variações na perda de carga e na qualidade da água filtrada entre ensaios


de filtração direta descendente com e sem pré-floculação

qualidade da água filtrada em termos de DE PÁDUA, V. L. Filtração Direta Descendente


cor aparente e turbidez, frente às varia- – Investigação experimental da coagulação, flocu- Endereço para correspondência:
lação e filtração em instalação piloto. Relatório de
ções no pH de coagulação decorrentes atividades – PROSAB 3. Universidade Federal
das variações no pH da água bruta, do Ceará, 2001. Ramon Lucas Dalsasso
considerando o controle operacional Departamento de Engenharia
DI BERNARDO, L. et al. Tratamento de Água
do sistema piloto. para Abastecimento por Filtração Direta. PROSAB Sanitária e Ambiental
3. RIMA Editora, 498p. Rio de Janeiro, 2003. Universidade Federal de Santa
REFERÊNCIAS FONSECA, J.S.; MARTINS, G. A. Curso de Esta-
Catarina
tística. Editora Atlas S.A., 320p. São Paulo, 1996. Centro Tecnológico
ARBOLEDA, J.V. Teoría y práctica de la purifica- Campus Universitário
ción del agua – TOMO 2. Editora McGraw-Hill. RISSOLI, M. C., CARVALHO, R.P.M.,
BRANDÃO, C.C.S. O efeito da coagulação quí- Caixa Postal nº 476
Santa Fe de Bogotá. Colombia: 2000.
mica na pré-filtração em pedregulho de águas com 88040-070 Trindade -
BRANDÃO, C.C.S,; LACERDA, M.R.S.; presença de algas, e seu potencial como pré-tratamen- Florianópolis - SC - Brasil
ABREU, M. C. Influência do tempo de floculação to para a filtração rápida descendente. In: XXVII
na filtração direta de águas com baixa turbidez e teor
Tel.: (48)3331-9470
CONGRESSO INTERAMERICANO DE
elevado de algas. In: VII SIMPÓSIO LUSO-BRA- ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, E-mail:dalsasso@ens.ufsc.br
SILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E Anais.. Porto Alegre - Brasil, pp 1-11. 2000.
AMBIENTAL, Anais...Lisboa, Portugal, 1996.
SILVA, R. L. Aspectos limnológicos, varia-
DALSASSO, R. L. et al. Floculação em meio bilidade espacial e temporal na estrutura da
granular com materiais alternativos. In: 22º CON- comunidade fitoplanctônica da Lagoa do Peri.
GRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA Santa Catarina, Brasil. Tese de doutorado.
SANITÁRIA E AMBIENTAL, Joinvile, SC. 218 p. São Carlos, UFSCar, 1999.
ABES, 2003.

Eng. sanit. ambient. 249 Vol.11 - Nº 3 - jul/set 2006, 241-249

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