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Tratamento de Efluentes

Material Teórico
Tecnologias de Tratamento: Etapas do Processo de Tratamento
de Efluentes: Tratamentos Terciários

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Dra. Roberta Maria Salvador Navarro

Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Tecnologias de Tratamento:
Etapas do Processo de Tratamento
de Efluentes: Tratamentos Terciários

• Filtração
• Filtros intermitentes de areia
• Filtros de membrana
• Descrição dos tipos de processos de filtração
• Adsorção com carvão ativado

OBJETIVO DE APRENDIZADO
··Estudar as etapas dos processos dos tratamentos aplicados aos
efluentes despejados no meio ambiente.
··Abordar quanto aos tipos de filtros existentes e suas aplicações
específicas.
··Compreender quando utilizar filtros para o tratamento de efluentes.

ORIENTAÇÕES
Caro(a) aluno(a),

Leia atentamente o conteúdo desta unidade, que lhe possibilitará conhecer os


conceitos dos processos terciários que utilizam filtros para o tratamento de efluentes.

Você também encontrará nesta unidade uma atividade composta por questões
de múltipla escolha, relacionadas com o conteúdo estudado. Além disso,
terá a oportunidade de trocar conhecimentos e debater questões no Fórum
de discussão.

É extremamente importante que você consulte os materiais complementares, pois


são ricos em informações, possibilitando-lhe o aprofundamento de seus estudos
sobre este assunto.
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Tratamento de Efluentes: Tratamentos Terciários

Contextualização
Caro(a) aluno(a),

Para iniciar esta unidade, a partir dos artigos disponíveis nos links a seguir, reflita
sobre a importância da filtração na questão da qualidade da água para consumo.

VERAS, Luciana Rodrigues Valadares; BERNARDO, Luiz Di. Tratamento de água de


Explor

abastecimento por meio da tecnologia de filtração em múltiplas etapas – FIME.


Disponível em: http://goo.gl/SaSN5A
TONETTI, Adriano Luiz; CORAUCCI FILHO, Bruno; NICOLAU, Cintia Helena; BARBOSA, Martina;
TONON, Daniele. Tratamento de esgoto e produção de água de reuso com o emprego de
filtros de areia. Disponível em: http://goo.gl/LCPsiF

Oriente sua reflexão através dos seguintes questionamentos:

É possível transformar água de esgoto em água potável para consumo humano?

É possível através dos processos de filtração atender às exigências legais quanto


à qualidade da água para consumo humano a partir do esgoto?

Você consumiria água proveniente de tratamento de efluentes de esgoto?

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Filtração
Um ótimo exemplo de segurança sanitária da água filtrada ocorreu em um surto
de cólera em 1892. Às margens e abastecidas pelo rio Elba estão as cidades de
Hamburgo e Altona. Durante tal epidemia, Altona, que possuía filtros lentos, não
registrou casos dessa doença, enquanto Hamburgo, que não tinha instalações de
filtrações, registrou 8.000 mortes (RICHTER, 2002).

A filtração é, provavelmente, um dos processos unitários mais importantes dos


tratamentos de água. Pode ser um único processo, como na filtração lenta, ou
apenas precedido pela coágulo-floculação, como na filtração direta.

Nos processos em que se aplica a tecnologia de transferência de fase, o poluente


é simplesmente passado (transformado) para outro estado de agregação, isto é,
passa da fase aquosa para outra fase, que poderá ser sólida ou gasosa, isto é, que
pode ser transferida para a atmosfera ou ser transformada em resíduo sólido. Esse
último ocorre, por exemplo, com o método de adsorção por carvão ativado, que
será explicado mais adiante.

Nos processos em que se aplica a tecnologia destrutiva, o poluente é realmente


transformado em outro tipo de composto, ou seja, deixa de existir como tal. Isso é
conseguido através da oxidação da MO, que transforma as espécies químicas cada
vez mais oxidadas até a sua completa mineralização.

Os filtros são divididos em lentos e rápidos, separados pela velocidade que


trabalham e pelo método de limpeza. Os filtros rápidos trabalham em velocidades
40 vezes superiores em relação aos filtros lentos. São constantemente limpos por
lavagem a água a contracorrente, em uma operação rápida de limpeza (alguns
minutos). Já os filtros lentos são limpos com uma frequência bem menor, geralmente
por remoção manual da camada superior, onde as impurezas se juntam, podendo
durar até horas (RICHTER, 2002).

Segundo Richter (2002), a filtração é um processo físico-químico e, em alguns


casos, é considerada um processo biológico (filtros lentos) para a separação de
impurezas em suspensão na água, devido à passagem do efluente por um meio
poroso. Diversos materiais granulares podem ser usados como meio poroso. Entre
eles, a areia é o mais comum e mais barato, seguido do antracite, areia de granada,
carvão ativado granular etc. A remoção de matéria em suspensão pelo filtro
depende do tamanho dos grãos e do vazio entre eles (poros). A Tabela 1 compara
as principais características dos filtros lentos e rápidos.

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Tabela 1 - Características dos filtros lentos e rápidos (adaptada de RICHTER 2002).


Item Filtros lentos Filtros rápidos
Taxa de filtração 1-7,5 m3/m2 dia 120-480 m3/m2 dia
0,3m de camada de pedregulho, 0,4 m de pedregulho,
Profundidade do leito
1,0-1,5m de areia 0,5-0,7 m de areia
Duração da carreira de filtração entre
20-60 dias Estratificado
limpeza
Perda de carga limite Profundidade da água no filtro 1-3 dias
Penetração da matéria em suspensão Superficial Profundidade da água no filtro
Raspagem da camada superficial e Lavagem a contracorrente a ar e água
Método de limpeza
lavagem da areia ou somente a água a alta taxa
Coagulação + Floculação + Decantação
Pré-tratamento Geralmente nenhum
ou Flotação

Inicialmente, acreditava-se que apenas a ação de coar era suficiente. Porém,


no processo de filtração, as partículas consideravelmente menores que os
poros são removidas no filtro. A filtração, na verdade, possui algumas etapas
distintas, incluindo:
a) interceptação;
b) difusão;
c) inércia;
d) sedimentação; e
e) ação hidrodinâmica.

As etapas predominantes na filtração são a sedimentação, a interceptação e


a difusão. Uma vez que a remoção pela sedimentação depende da superfície das
bordas dos grãos, que proporciona uma grande massa de bordas reentrantes e
espaço suficientemente grande para acumular o material no meio filtrante. Tal
característica torna a eficiência do filtro dependente da área total da superfície das
partículas do meio filtrante.

Entretanto, a redução da porosidade acarreta a diminuição da permeabilidade,


aumentando a perda de carga. Durante a filtração, as partículas em suspensão
penetram nos poros do leito filtrante, aderindo ao mesmo. Conforme aumenta
o depósito de material, diminui a quantidade de espaços vazios, aumentando a
velocidade e, consequentemente, a perda de carga. A ação das forças de viscosidade,
através do aumento da velocidade, arranca da superfície dos grãos parte do material
já depositado, o qual pode ser barrado nas camadas mais profundas do leito ou
voltar para o efluente, aumentando sua turbidez. Assim, o término de uma carreira
de filtração e o momento ideal para sua limpeza são definidos ou pelo alcance de
uma perda de carga máxima ou pelo aumento da turbidez.

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Filtros intermitentes de areia
Desenvolvida há mais de 80 anos nos Estados Unidos, a técnica dos filtros
intermitentes de areia (ver figura 1) acarreta a ideia de se inutilizar completamente
qualquer atividade agrícola paralela com o objetivo de reduzir a área requerida.

Segundo Imhoff (2002), o efluente atravessa a areia da área do solo, que deverá
permanecer vazia durante um período de tempo suficientemente longo para
permitir reaeração. Com essa finalidade, divide-se a área em um grande número
de leitos individuais. Estes não devem ser maiores que 0,4 ha. Todos os leitos têm
fundo perfeitamente horizontal. Remove-se a camada superior de terra vegetal
e põe-se a descoberto a camada arenosa; com a terra removida são construídos
diques. As canalizações são implantadas nos diques. Os esgotos são distribuídos
aos leitos por meio de canaletas de madeira (ver figura 1). Colocam-se drenos a
1 m de profundidade com espaçamento de 10 m. O diâmetro dos tubos drenantes é
de 100 mm, a não ser que o dimensionamento hidráulico exija diâmetros maiores.

Atualmente, antes desse tipo de filtração é necessária sempre a realização de um


pré-tratamento por decantação. Em seguida, deve-se ter um tanque com capacidade
de armazenamento do volume a ser tratado por um leito isoladamente, com o
objetivo de conseguir a inundação rápida da unidade, visando a uma distribuição
uniforme por toda a superfície.

Existem normas bastante eficientes para a determinação da constituição do solo


e consequente capacidade. Estas levam em consideração o peso do solo seco e o
diâmetro do mesmo. A partir desse valor de diâmetro que depende a permeabilidade
do solo. O volume dos interstícios do solo arenoso seco oscila geralmente entre
25 e 40%, e a capacidade de absorção de ar do solo molhado fica entre 20 e 25%.

A etapa dos filtros intermitentes de areia baseia-se em encher cada leito individual
com uma camada de água de 5 a 10 cm, de forma rápida, de 5 a 15 minutos,
geralmente uma vez por dia. Se a vazão de efluentes a serem filtrados for baixa,
intercalam-se dias de repouso; se os efluentes estiverem muito diluídos, deve-se
repetir o processo várias vezes ao dia. A água cobre em pouco tempo toda a
superfície do leito, infiltra-se no solo, expulsa o ar intersticial e sai purificada pela
drenagem. O ar renovado penetra nos interstícios. Quando o tempo necessário
para que a infiltração se complete ultrapassar 4 horas, indica haver colmatação
superficial. Tira-se o leito do ciclo de funcionamento e aguarda-se a secagem do
leito até um estágio em que se possa retirar o lodo superficial sob a forma de
uma manta seca. Nivela-se novamente a superfície e o leito estará pronto para
entrar novamente em operação. De maneira alguma deve-se revolver a superfície
colmatada sem retirada do lodo.

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Lateral em PVC e
conchas dos orifícios
Sistema de ventilação Caixa de válvula

Válvula de descarga
Brita

Areia
Ventilação
Gravilhão
Brita
Para dreno no
poço de sucção
Tubo de PVC serrado Manta impermeável

Figura – 1 – Seção típica dos filtros intermitentes de areia enterrados.

Apesar de todos os cuidados necessários serem atendidos, a colmatação vai


tomando conta das camadas mais profundas do filtro progressivamente. Após
algum tempo (poucos anos) se faz necessária a substituição da areia da camada
superior; e após algumas dezenas de anos a eficiência do filtro estará totalmente
comprometida, sendo necessária a substituição da areia empregada. Nesta
oportunidade, pode-se construir uma estação de tratamento em ciclo completo
(com filtros biológicos ou Iodos ativados) e os velhos filtros intermitentes de areia
podem ser empregados como leitos de secagem de lodo.

Colmatação: do verbo colmatar. 1. Encher uma depressão ou abertura com determinado


Explor

material, igual a TAPAR. 2. Corrigir ou completar as falhas de alguma coisa.

Fonte: PRIBERAM DICIONÁRIO. Disponível em: http://goo.gl/RE1CCP

A eficiência desse tipo de filtro intermitente de areia é muito elevada. A redução


da DBO ultrapassa geralmente os 90% e a da contagem de bactérias, os 95%. Uma
vantagem especial é produzir-se um efluente absolutamente hialino. Devido à sua
simplicidade, o processo é também adequado às pequenas populações. Também
pode ser aplicado eficientemente no tratamento de alguns despejos industriais, como
os de cervejarias, destilarias, fábricas de papel, lanifícios — sempre pressupondo a
existência de solo arenoso.

Filtros de membrana
Outro tipo de filtro que também é empregado no tratamento de efluentes é o de
membrana. É aplicado quando se quer separar uma ou mais substâncias de uma
fase líquida ou gasosa usando para isso, principalmente, a diferença de tamanho das
partículas dos compostos. A segregação de partículas sólidas imiscíveis presentes
no efluente a ser tratado é realizada por uma barreira porosa; tal barreira denomina-
se membrana.

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Tal filtração é muito utilizada em indústrias de laticínios com o objetivo de
concentrar proteínas no processo de fabricação do queijo, para a remoção de
gorduras e para a clarificação da salmoura. Em indústrias de alimentos e bebidas,
com a finalidade de concentrar o leite, clarificar sucos, cervejas, vinhos, vinagres, e
também na clarificação e concentração de gelatinas.

As indústrias farmacêuticas e biológicas utilizam esse método de filtração para


remover bactérias, sólidos em suspensão, para clarificar e concentrar produtos
fermentados, para o fracionamento de produtos e para a produção de enzimas,
entre outras aplicações. Para o tratamento de água, é aplicado quando se quer
concentrar proteínas ou também para remover óleos emulsionados.

É possível separar os sólidos dissolvidos no efluente com muita facilidade. A


membrana faz o papel de uma barreira seletiva, a qual permite apenas a passagem
de alguns componentes, impedindo que os demais componentes indesejados
ultrapassem a membrana. O fluxo do efluente é, preferencialmente, tangencial
à membrana. São produzidas duas correntes, o concentrado e o permeado ou
purificado. Para melhor entendimento, a figura 2 detalha tal fluxo.

Para que a separação por membrana seja eficiente, é importante usar a membrana
certa em cada caso. Existem diversos tipos de membranas que serão descritas a
seguir. Cada uma dessas membranas oferece um tipo diferente de filtração, que é
descrito na figura 3.

Água + Sólidos
em Supensão
Elemento filtrante Sólidos

Água

Concentrado

Elemento filtrante
(MEMBRANA)
Permeado

Figura 2 – Separação por membranas filtrantes (PINTO, 2009).

Sabia que é possível transformar esgoto doméstico em energia? A cidade de Hamburgo, na


Explor

Alemanha, faz isso e de forma mais barata. Confira nesta matéria do Jornal Nacional.
Disponível em: https://youtu.be/vTszMirXufY

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As membranas porosas de Microfiltração (MF), Ultrafiltração (UF), Nanofiltração


(NF) e Diálise são produzidas de acetato de celulose e polisulfona; as membranas
não porosas ou densas, de Osmose Reversa (OR) e Pervaporação são de materiais
como o polipropileno, poliamida, poliacrilonitrilo, e de materiais cerâmicos como
a alumina, o zircônio, a sílica e a hematite. E nas membranas eletricamente
carregadas (Eletrodiálise) ou membranas de troca iônica, a presença de cargas
elétricas influencia na capacidade de separação. A maioria das membranas
apresenta carga elétrica líquida negativa e melhor desempenho para separação de
contaminantes com a mesma carga. Contaminantes com cargas positivas resultam
na redução do fluxo através da membrana; essa redução resulta do fenômeno de
adesão. (DIAS, 2006).

Além disso, os processos de separação por membranas também podem ser


classificados em função do tamanho e do peso molecular dos materiais a serem
filtrados. Existem 4 tipos relacionados a seguir e que estão melhor descritos na figura 4.
• MF – microfiltração: filtra bactérias, vírus e sólidos suspensos.
• UF – ultrafiltração: filtra proteínas, amido, antibióticos, vírus, sílica coloidal,
gelatina, orgânicos, bactérias, corantes, gorduras e pigmentos.
• NF – nanofiltração: filtra amido, açúcar, pesticidas, herbicidas, pirogênios, íons
di-polivalentes, DBO, DQO, metais pesados, detergentes e corantes.
• OR – osmose reversa: filtra íons metálicos, ácidos, açúcares, sais em solução,
corantes, resinas naturais, íons monovalentes, DBO e DQO.
Pressão (bar) Diâmentro do
Poro (mm)

Osmose Reserva 15 - 150 < 0,001

Nanofiltração 5 - 35 < 0,001

Ultrafiltração 1 - 10 0,001 - 0,1

Microfiltração < 2,0 0,1 - 5

Água
Sais dissolvidos Alimentação Membrana Concentrado

Lactose Permeado
Proteínas
Bactérias e gorduras

Figura 3 – Eficiência obtida através da filtração entre os diferentes tipos de membranas existentes (PINTO, 2009).

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Você Sabia? Importante!

A falta de tratamento dos esgotos e condições adequadas de saneamento podem


contribuir para a proliferação de inúmeras doenças parasitárias e infecciosas, além da
degradação do corpo da água? Saiba mais em: http://goo.gl/KUNwf2

FEC UNICAMP. Biblioteca didática de tecnologias ambientais. Disponível em: <http://www.fec.unicamp.br/~bdta/esgoto/importancia.html

MICRO ULTRA NANO NANO


FILTRAÇÃO FILTRAÇÃO FILTRAÇÃO FILTRAÇÃO

Bactéria Proteínas Amído Íons Metálicos


Virus Amído Açúcar Ácidos
Sólidos Suspensos (MF) Antibióticos (UF) Pesticidas (NF) Açucares (OR)
Virus Herbicidas Sais em Solução
Sílica Coloidal Pirogênios Corantes
Orgânicos Íons Di-polivalentes Resinas Naturais
Bactérias DBO Íons Monovalentes
Corantes DQO DBO
Gorduras Metais Pesados DQO
Pigmentos Detergentes
Corantes

Figura 4 - Separação por membranas classificada em função do tamanho


e do peso molecular dos materiais a serem filtrados (PINTO, 2009).

Descrição dos tipos de processos


de filtração
A Microfiltração é um processo de separação em que são utilizadas membranas
com poros muito pequenos (membranas para baixa pressão de partículas coloidais
e em suspensão na faixa entre 0,05 - 10 micron) e em que a separação da parte
líquida dos sólidos poluentes é devida à pressão exercida através da passagem do
efluente na membrana e os seus poros.

A microfiltração é utilizada para remover sólidos em suspensão e também


bactérias do efluente a ser tratado. É possível reter parte da quantidade de vírus
presente no efluente; apesar de os vírus serem menores que os poros da membrana
de microfiltração, muitos se juntam às bactérias e, portanto, acabam retidos
juntamente com as mesmas. Através da microfiltração, é possível se obter uma
redução significativa na turbidez do efluente tratado.

A retenção dos contaminantes pode ser realizada de duas maneiras distintas e


de fluxos diferentes: “dead end” ou “crossflow”.

Nas microfiltrações de processos “dead end”, uma corrente do efluente passa


através do mesmo; então os sólidos ficam retidos e se acumulam sobre a superfície
e no interior do meio filtrante.

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Nas microfiltrações de processos “crossflow”, é possível obter duas vazões


distintas ao passar uma corrente do efluente através do filtro: uma das vazões flui
de maneira paralela à membrana arrastando os sólidos retidos, e a outra vazão, já
purificada, consegue transpassar a membrana.

A Ultrafiltração é um processo em que ocorre um fracionamento exclusivo; são


aplicadas pressões acima de 145 psi (10 bar). A ultrafiltração é capaz de concentrar
sólidos suspensos e solutos de peso molecular maior do que 1.000. É o processo
mais eficiente para a remoção de sólidos em suspensão, bactérias, vírus e outros
organismos patogênicos.

Além disso, o processo de ultrafiltração é muito aplicado como pré-tratamento de


águas superficiais, água de mar e efluentes biologicamente tratados, para os sistemas
de desmineralização por membranas, tais como osmose reversa e nanofiltração.
O que diferencia o processo de osmose reversa do processo de ultrafiltração é o
tamanho das partículas retidas pelas membranas e as características distintas das
membranas utilizadas em cada processo.

A Nanofiltração é utilizada quando os processos de osmose reversa e


ultrafiltração não são adequados. No processo de nanofiltração, o mecanismo de
transferência de massa é a difusão que permite a propagação de certas soluções
iônicas (tais como sódio e cloretos), predominantemente íons monovalentes,
bem como água.

A filtração por processo de nanofiltração consegue reter facilmente


espécies iônicas maiores, incluindo íons bivalentes e multivalentes, além de
moléculas mais complexas. O processo acontece a uma pressão de 5 a 35 bar.
Compostos como o cálcio e magnésio são facilmente removidos nos processos
de nanofiltração, mas não é tão eficiente quanto a dessalinização, em que é
possível verificar a passagem de pouca quantidade de cloro. É considerado
ainda um processo mais barato que a osmose reversa e por isso é largamente
utilizada para dessalinização.

A Osmose Reversa – OR, também conhecida como Osmose Inversa, é um


processo em que o efluente passa por uma membrana semipermeável que retém
o sal e componentes nocivos à saúde, permitindo apenas a passagem da água
purificada (ver figura 5).

A osmose reversa ocorre quando duas soluções distintas, de concentrações


diferentes (exemplo: água pura e água salobra), são separadas por uma membrana
semipermeável, ou seja: permeável para solventes e impermeável para solutos. Nesse
exemplo, o sistema de OR consegue remover até 99% do sal (cloreto de sódio), além
de atingir quase a mesma eficiência para outros minerais presentes na água.

Os sistemas de OR são muito empregados nas indústrias, e na maioria das vezes


com o objetivo de separar os íons presentes nos efluentes. A água pura obtida
nesse processo é muito empregada na alimentação de caldeiras e para a produção
de alguns produtos químicos que necessitam de uma água praticamente pura.

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Figura 5 – Fluxograma de um processo de OR (FOGAÇA, 2015).

Adsorção com carvão ativado


O processo de adsorção para tratamento de efluentes consiste na adsorção física
de compostos orgânicos solúveis poluentes presentes no efluente na superfície do
carvão ativado.

A adsorção de vários componentes orgânicos e inorgânicos poluentes dissolvidos


na água em carvão ativado baseia-se na adesão desses compostos poluentes na
superfície de um grão de carvão poroso (alta superfície específica) ou na retenção
física dentro desses poros.

Os compostos que foram adsorvidos podem ser removidos sempre que


necessário, o que permite a reutilização do carvão regenerado durante alguns ciclos
do processo.

O processo de regeneração do carvão pode ser térmico, a vapor, por extração por
solvente, tratamento básico ou ácido e oxidação química. O processo de adsorção por
carvão ativado é muito empregado no tratamento e recuperação de águas residuais
industriais com o objetivo de remover substâncias não biodegradáveis, como, por
exemplo, pesticidas e fenóis, além de compostos que conferem cor aos efluentes.

O carvão ativado normalmente é 100 vezes mais poroso que o carvão comum.
Essa porosidade está diretamente ligada à “limpeza” que o material sofre no
processo de ativação. Para melhor entendimento, a figura 6 ilustra a diferença
entre o carvão comum e o carvão ativado.

O processo de ativação do carvão consiste em remover as substâncias contidas


nos poros obstruídos do carvão comum. Esse processo é realizado em fornos
ativadores a uma temperatura de aproximadamente 800 °C, e atmosfera redutora;
proporcionando, dessa forma, pontes de ligações abertas no interior dos poros.

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O processo de adsorção por carvão ativado é bem simples. Em um leito fixo


ou fluidizado são utilizadas colunas em série, onde é possível atingir uma utilização
máxima da capacidade do carvão.

A adsorção dos poluentes, compostos orgânicos da fase líquida para sólida,


ocorre em três estágios: movimento do contaminante, chamado de adsorvato ou
soluto, através de um filme superficial envolvendo a fase sólida, conhecida como
adsorvente, isto é, o próprio carvão ativado. Após isso, acontece, então, a difusão
do adsorvato (poluente) para dentro dos poros do carvão ativo, e a adsorção do
material na superfície do meio adsorvedor (carvão ativado).
Carvão Comum Carvão Ativado
Macro poro

Meso poro
Micro poro

Corte de uma partícula


Figura 6 – Diferença entre o carvão comum e o carvão ativado (PINTO, 2009).
Fonte: FOGAÇA, 2015

Outros processos de tratamento biológicos

Processos oxidativos
Os processos oxidativos oferecem três opções distintas para tratamento de
efluentes contaminados. São elas:
1. transformar (oxidar) os poluentes presentes nos efluentes em compostos
finais não poluentes;
2. converter os poluentes em compostos intermediários mais biodegradáveis; e
3. converter os compostos poluentes em compostos de fácil remoção por alguma
operação ou processo unitário.

Como resultado da oxidação dos poluentes, verifica-se a remoção de compostos como


H2S, CN-, além da remoção de odor e cor presentes nos efluentes tratados. Também se
verifica a redução da DQO e a melhora significativa na desinfecção de águas.

A conversão de poluentes em compostos intermediários que possuem maior


biodegradabilidade é feita através da pré-oxidação com o O3 (ozônio) ou H2O2
(peróxido de hidrogênio) de compostos orgânicos recalcitrantes (não biodegradáveis).

E a terceira opção, que consiste na conversão de poluentes em substâncias


removíveis por alguma operação ou operação unitária, é realizada através da
oxidação do Fe2+ a Fe3+ e a oxidação do As3+ em As5+, o que permite a precipitação

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dos mesmos e consequentemente a sua fácil remoção. Além disso, nesse processo
ocorre também a oxidação parcial de compostos orgânicos, o que permite a sua
posterior adsorção em carvão ativado em complementação ao processo.

Os processos oxidativos convencionais visam à destruição dos poluentes


por processos oxidativos, e são amplamente utilizados na remoção de odores e
como agentes desinfectantes. Os compostos oxidantes mais empregados nesse
processo são: H2O2, Cl2 (cloro), KMNO4 (permanganato de potássio), HClO (ácido
hipocloroso ou ácido perclórico) e O3.

Os processos oxidativos avançados (POA) têm como objetivo transformar os


compostos contaminantes orgânicos em CO2, H2O e ânions inorgânicos, através
da degradação que envolve espécies transitórias oxidantes, principalmente radicais
OH-. São processos limpos e não seletivos, amplamente utilizados com o objetivo
de destruir compostos orgânicos em fase aquosa, gasosa ou adsorvidos numa
matriz sólida. Os compostos oxidantes mais empregados nesse processo são: O3/
U.V. (ultravioleta), O3/OH-, O3/H2O2/U.V., Catalisador/H2O2/U.V., H2O2/U.V.,
TiO2/U.V. (dióxido de titânio), O3/H2O2, e H2O2/Fe2+.

Os compostos oxidantes KMnO4 e HClO devem ser utilizados com muita cautela,
pois podem se tornar um risco à saúde devido à sua elevada toxicidade. O cloro
quando dissolvido em água pura é rapidamente hidrolisado, formando uma mistura
de ácido hipocloroso e ácido clorídrico, conforme representado pela equação 1.

Cl2 + H2O → HClO + H+ + Cl- (eq. 1)

Alguns compostos que são empregados nos processos de oxidação são


considerados oxidantes contaminantes, pois podem deixar resíduos indesejáveis
no tratamento dos efluentes. São eles: Cloro/Hipoclorito, Ácido Crômico/Di-
cromato, Ácido Nítrico e Permanganato de potássio.

Em contrapartida, são considerados oxidantes limpos compostos como o


Oxigênio, Ozônio, Peróxido de Hidrogênio, e os processos de oxidação avançada
que utilizam os radicais HO-.

Oxidação com peróxido de hidrogênio


Considerado um ácido fraco, em contato com a água o peróxido de hidrogênio
se dissocia facilmente, formando 2 compostos iônicos distintos, conforme descrito
na equação 2.

H2O2 + H2O ↔ H3O+ + HO2- (eq. 2)

A forma oxidante HO2- ocorre de maneira significativa em meio alcalino. Na


maioria das vezes, é adicionado no sistema reacional em concentrações que podem
variar de 35,5 a 70%. Dentre as vantagens que o processo com H2O2 oferece,
estão a grande capacidade de oxidar compostos diretamente, a sua solubilidade em
água, a formação de dois radicais OH por meio da própria molécula de H2O2 e a

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Tratamento de Efluentes: Tratamentos Terciários

sua boa estabilidade térmica. Como desvantagens, é possível destacar que a taxa
de oxidação é limitada exatamente pela formação dos radicais OH, e que o H2O2
pode se tornar um receptor de OH (o que ocorre na reação inversa, conforme já
observado na equação 2).

Como precauções, mesmo em processos combinados com U.V. ou sais


de Ferro, deve ser utilizado na estequiometria certa, para que não ocorra a
formação de resíduos, evitando-se, assim, o gasto excessivo (pois é um reagente
oneroso) e a interferência que poderá vir a provocar em análises de DQO,
como exemplo.

O H2O2 é muito utilizado na remoção de cianetos, sulfetos, sulfitos, nitritos,


metais pesados, na indústria têxtil, de papel, de alimentos, metalúrgicas,
petroquímica, entre outras. Também pode ser utilizado na produção de água
potável e na remediação de solos contaminados e efluentes perigosos.

Oxidação com ozônio


Considerada a forma tri atômica do oxigênio, o ozônio possui alto poder
oxidante (E° = 2,08V). Em solução aquosa se decompõe em O2 e em espécies
radicais, como o OH- e o HO2- (ver equação 3), ambos compostos iônicos também
possuem grande poder oxidativo.

O3 + H2O → H2O2 + O2 (eq. 3)

O O3 é muito utilizado na remoção de cianetos, sulfetos, nitritos e metais


pesados. É utilizado no tratamento de efluentes das indústrias de papel e têxteis,
proporcionando a degradação de seus compostos poluentes. Também pode ser
utilizado no pré-tratamento, oxidação e desinfecção de água potável, na remoção
de ferro e manganês, na inativação de bactérias, na degradação de efluentes
agrícolas e na remoção de odores em fases gasosas.

Processos oxidativos avançados


Nesse tipo de processo, o radical OH atua como principal oxidante. Quanto
mais eficientemente esses radicais forem gerados, maior será o poder oxidativo do
processo. Isso se deve ao fato de que o radical OH possui um potencial de oxidação
bastante elevado (E° = 2,80V). Tem sido amplamente utilizado devido à sua elevada
eficiência e sua baixa toxicidade.

Nos sistemas homogêneos, não é necessária a presença de catalisadores sólidos,


e a degradação do composto poluente pode ser realizada por dois mecanismos:
• Fotólise direta com U.V.: onde o comprimento de onda U.V. é o responsável
pela destruição do composto poluente, porém esse método possui baixa
eficiência quando comparado ao processo de geração de OH-.

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• Geração do radical OH-: ocorre devido à presença de oxidantes fortes, como
o H2O2 e O3 na presença ou não de irradiação U.V. Os radicais OH- podem
ser gerados pela oxidação eletroquímica, radiólise, feixe de elétrons e plasma.

Em sistemas heterogêneos, é necessária a presença de catalisadores sólidos


(semicondutores que atuam como fotocatalisadores). São processos muito rápidos
(com duração de nanosegundos). O TiO2 é o mais empregado devido ao custo
baixo, não toxicidade, fotoestabilidade, insolubilidade em água, estabilidade química
e possibilidade de imobilização em sólidos.

Nesse processo, quando os compostos poluentes são irradiados por U.V. ocorre
uma excitação eletrônica. O processo forma radicais OH-, responsáveis pela
oxidação da matéria orgânica, transformando-a em CO2 e H+. Como vantagens,
pode-se destacar o baixo custo e toxicidade, a estabilidade química e a possibilidade
de adsorção em sólidos. É muito empregado na degradação de componentes
orgânicos, na redução de metais pesados e na degradação de cianotoxinas.

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UNIDADE Tecnologias de Tratamento: Etapas do Processo de
Tratamento de Efluentes: Tratamentos Terciários

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Para complementar os conhecimentos adquiridos nesta unidade e enriquecer sua
compreensão a respeito dos benefícios do tratamento dos efluentes, pesquise:
Sites
Cuidar da água que se consome evita doenças
Portal da Saúde.
Disponível em: http://goo.gl/0oip7N
Site SABESP.
Disponível em: http://goo.gl/9R5Ay
Abastecimento de água no meio rural
UFCG. Capítulo III – Tratamento.
Disponível em: http://goo.gl/Gveoid

Leitura
Saneamento domiciliar
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de instruções de
uso das melhorias sanitárias domiciliares. Brasília: FUNASA, 2014.
Disponível em: http://goo.gl/Uitplj
Boas práticas no abastecimento de água: procedimentos para a minimização de riscos à saúde
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual para os
responsáveis pela vigilância e controle. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
Disponível em: http://goo.gl/k8Krfh

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Referências
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e osmose reversa. Revista e portal Meio Filtrante. Ano X – Edição nº 53 –
novembro/dezembro de 2011. Disponível em: <http://www.meiofiltrante.com.
br/materias_ver.asp?id=740&revista=n53>. Acesso em: 13 dez. 2015.

BATTALHA, B. H. L. Controle da qualidade da água para consumo humano.


CETESB, 1977.

CEFET/BA - Centro Federal de Educação Tecnológica – Coordenação de Processos


Industriais. Tratamento de efluentes. Marcelo Pestana e Diógenes Ganghis.
Disponível em: <http://goo.gl/81E0tf>. Acesso em: 07 dez. 2015.

COSTA, César da. Instrumentação de sistemas – INS. 3ª aula – Processos


industriais. Disponível em: <http://goo.gl/PozTwJ>. Acesso em: 01 dez. 2015.

CRQ4 - Conselho Regional de Química - 4ª Região. Minicursos 2009. Tratamento


de efluentes industriais e domésticos. Ministrante: Karla Gomes de Alencar Pinto.
Campinas, 29 de agosto de 2009. Disponível em: <http://goo.gl/C4Q2yC>.
Acesso em: 16 nov. 2015.

Dias, T. Membranas: meio filtrante de tecnologia avançada. Revista e portal Meio


Filtrante. Ano V – Edição nº 23 – novembro/dezembro de 2006. Disponível em:
<http://goo.gl/uFUvLI>. Acesso em: 22 nov. 2015.

FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos. Gonçalves, R. F. et al. Programa


de Pesquisa em Saneamento Básico – PROSAB. Gerenciamento do lodo
de lagoas de estabilização não mecanizadas - Departamento de Hidráulica
e Saneamento. Centro Tecnológico. Universidade Federal do Espírito Santo –
publicado em 1999. Disponível em: <https://www.finep.gov.br/images/apoio-e-
financiamento/historico-de-programas/prosab/gerenciamento_lodo_de_lagoas.
pdf>. Acesso em: 16 nov. 2015>.

FOGAÇA, J. Tratamento terciário de efluentes. Disponível em: <http://


brasilescola.uol.com.br/quimica/tratamentos-terciarios-efluentes.htm>. Acesso
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IMHOFF, KARL; IMHOFF, KLAUSS. Manual de tratamento de águas


residuárias. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda, 2002. 3ª reimpressão.

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clássica de tratamentos de esgoto. CETESB, 1975.

RICHTER, C. A.; NETTO, J, M. A. Tratamento de água - tecnologia atualizada.


São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda, 2002. 4ª reimpressão.

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rural. Porto Alegre: Emater, 2003.

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UNIDADE Tecnologias de Tratamento: Etapas do Processo de
Tratamento de Efluentes: Tratamentos Terciários

UFSM - Universidade Federal de Santa Maria. Tratamento de esgotos sanitários


– lodos ativados. Prof. Carlos Ernando da Silva. Disponível em: <http://jararaca.
ufsm.br/websites/ces/download/A4.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2015.

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VON SPERLLING, M. Lagoas de estabilização. Belo Horizonte: Editora da


UFMG, 1896.

VON SPERLLING, M. Lodos ativados. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1997.

VON SPERLLING, M. Lodos de esgotos: tratamentos e disposição final I. Belo


Horizonte: Editora da UFMG, 2001.

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