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TRATAMENTOS DE EFLUENTES

SANITÁRIOS E INDUSTRIAIS

Trabalho Acadêmico apresentado à Tecnologia

Hidrosanitária do Departamento de Engenharia Civil

do CEFET/RJ, como requisito para a obtenção de

nota para a conclusão da disciplina.

Goodry Einstein Saint-Jean


Raphael A. G. Gentile Muglia
João Pedro de Andrade R. Maia

Rio de Janeiro
Abril de 2016
Sumário

1 Tipos de Efluentes Líquidos e Níveis de Tratamento


2 Tecnologias para o Tratamento Preliminar de Efluentes
2.1 Remoção de Sólidos Grosseiros: Gradeamento
2.2 Remoção de Areia: Desarenadores
2.3 Retenção de Partículas Mais Finas: Peneiras
2.4 Calhas Parshall
2.5 Tanques de Equalização
3 Tecnologias para Tratamento Primário de Efluentes
3.1 – Separadores Água – Óleo
3.2 – Decantadores Primários
3.3 – Flotadores
3.3.1 – Flotação por ar dissolvido – FAD
3.3.2 – Flotação por ar disperso
3.4 – Sedimentador – Reator
3.5 – Separação por Membranas – Filtração
4 Tecnologias para Tratamento Secundário de Efluentes
4.1 Sistema de Lodo Ativado
4.1.1 – Processo convencional, com fluxo em pistão
4.1.2 – Processo com mistura completa
4.1.3 – Aeração decrescente
4.1.4 – Aeração escalonada
4.1.5 – Aeração prolongada
4.2 – Lagoas de estabilização
4.2.1 Lagoas facultativas
4.2.2 Sistema de lagoas anaeróbias seguidas por lagoas
facultativas (Sistema Australiano)
4.2.3 Lagoas aeradas facultativas
4.2.4 Sistema de lagoas aeradas de mistura completa seguida por
lagoas de decantação
4.3 – Sistemas Anaeróbios
4.3.1 Reator UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket)
4.3.2 Tanques Sépticos
4.3.3 Filtros Anaeróbios
5 Tecnologias de Tratamento Terciário de Efluentes (Pós-Tratamento)
5.1 Precipitação química
5.2 Neutralização de ácidos e bases
5.2.1 Neutralização de Resíduos Ácidos
5.2.2 Neutralização de Resíduos Básicos
5.3 Coagulação / Flocuração / Sedimentação
5.3.1 5.4 Processos Oxidativos (Convencionais e Avançados)
5.3.1.1.1 5.4.1 Processos Oxidativos Convencionais
5.3.1.1.2 5.4.2 Processos Oxidativos Avançados (POA’s)
5.3.2 5.5 Adsorção com Carvão Ativado
6 Estudo de Caso e questões relacionadas ao estudo
7 Referências e Fontes
Índice de Figuras

Fig.1 – Desarenador (a), Parafuso de Arquimedes (b) e Cush-Cush (c)


Fig.2 – Peneira Fixa (a) e Peneira Rotativa (b)
Fig.3 – Esquema de uma Calha Parshall
Fig.4 – Esquema de um tanque de equalização e seus efeitos nas vazões
Fig.5 – Separador Água-Óleo
Fig.6 - Decantador circular não mecanizado (com descarte hidráulico)
Fig.7 - Decantador retangular não mecanizado (com descarte hidráulico) –
Fluxo Laminar
Fig.8 - Remoção do Material Flotado por Raspagem Superficial (“arraste”)
Fig.9 – Esquema Típico de Flotação para Efluentes Industriais
Fig.10 – Esquema de um sistema de flotação por ar disperso (ou ar
induzido)
Fig.11 – Esquema de um sedimentador-reator
Fig.12 - Filtração por membranas
Fig.13 – Fluxo de operação tangencial à membrana
Fig.14 – Tipos de Filtração
Fig.15 – Esquema de Funcionamento – Sistema de lodos ativados
Fig.16 - As cinco principais configurações do sistema de lodos ativados
Fig.17 - Esquema de uma lagoa facultativa
Fig.18 – Esquema de um sistema australiano
Fig.19 – Esquema de uma lagoa aerada facultativa
Fig.20 – Esquema de lagoa aerada com lagoa de
sedimentação/decantação
Fig.21 – Esquema de operação de um reator UASB
Fig.22 – Fossa Séptica (a) de câmara única, (b) de câmaras em série e (c)
de câmaras sobrepostas – tanque Imnhoff
Fig.23 – Filtro anaeróbio retangular de fluxo ascendente
Fig.24 – Exemplo de tanque de neutralização (para resíduos ácidos)
1. Tipos de Efluentes Líquidos e Níveis de Tratamento

Os efluentes líquidos são geralmente despejos provenientes de


estabelecimentos industriais (efluente industrial) ou resultantes das atividades
humanas (efluente doméstico) que são lançados no meio ambiente.
Os efluentes líquidos são considerados um dos maiores poluidores dos
corpos d’água e por isto tem sido de suma importância controlar a qualidade dos
mesmos. A fim de evitar e minimizar os danos ambientais advindos dessa
problemática, o CTA fornece, por meio de técnicos especializados, subsídios na
gestão desses efluentes, desde a sua geração, tratamento, até sua disposição
final.
O esgoto sanitário ou efluente doméstico são os termos usados para
caracterizar dejetos provenientes de residências, edifícios comerciais, indústrias,
instituições ou quaisquer edificações que contenham banheiros e/ou cozinhas,
dispostos em fossas ou tanques de acúmulo. Compõem-se basicamente de
líquidos de hábitos higiênicos e das necessidades fisiológicas como urina, fezes,
restos de comida, lavagem de áreas comuns, etc. Sua composição inclui sólidos
suspensos, sólidos dissolvidos, matéria orgânica, nutrientes (nitrogênio e
fósforo) e organismos patogênicos (vírus, bactérias, protozoários e helmintos).
Já o efluente industrial biodegradável possui características próprias,
inerentes aos processos industriais. Suas características químicas, físicas e
biológicas variam de acordo com o ramo de atividade da indústria, operação,
matérias-primas utilizadas, etc. Para que sejam avaliados os parâmetros de
tratamento, é necessário que uma amostra do resíduo líquido seja coletada e
enviada para caracterização em um laboratório credenciado. O laudo resultante
deverá incluir a análise dos parâmetros listados no artigo 19A do Decreto
8468/76, mais DBO, DQO, SST e BTEX. Tudo isso tem de ser levado em
consideração ao realizar a gestão de resíduos de sua empresa.
As tecnologias para tratamento dos efluentes líquidos, ou águas residuais
(esgoto), que são as águas com alterações indesejáveis nas características, são
classificadas em três grupos distintos de processo: físicos, químicos e biológicos.
Geralmente, esses grupos não atuam isoladamente e o processo mais adequado
ao seu efluente será definido a partir de alguns itens, como: as características
do efluente a ser tratado, o atendimento às exigências legais, a área disponível
e o custo envolvido.
Como ponto de partida deste trabalho elencaremos as tecnologias de
tratamento de efluentes sanitários e industriais de acordo com seus níveis de
tratamento. São eles: o tratamento preliminar, primário, secundário e tratamento
terciário (ou pós tratamento).
2. Tecnologias para o Tratamento Preliminar de Efluentes

Esta etapa tem como objetivo preparar as águas residuais para


tratamento posterior, reduzindo ou eliminando as características não favoráveis
que poderiam impedir o funcionamento ou aumentar excessivamente a
manutenção dos equipamentos e processos a jusante. Estas características
incluem sólidos, abrasivos, odores e, em certos casos, grandes cargas
hidráulicas ou orgânicas. Esse processo é composto por operações de remoção
de sólidos grosseiros, areia, retenção de partículas mais finas e medida
preliminar de vazão – para ajustes operacionais do sistema de tratamento. São
elencados, a seguir equipamentos e tecnologias de pré-tratamento.
2.1 Remoção de Sólidos Grosseiros: Gradeamento
A remoção de sólidos grosseiros é feita através de gradeamento,
dispostos na entrada das instalações de tratamento. Esta atividade tem como
finalidade proteger as unidades subsequentes, as bombas e tubulações e os
corpos receptores.

2.2 Remoção de Areia: Desarenadores

Já a remoção de areia é feita mediante o emprego de desarenadores


(caixas de areia), que objetivam evitar abrasão nas bombas e tubulações, evitar
obstrução em tubulações e facilitar o transporte do líquido.

Para a remoção da areia deposta no desarenador, faz-se uso de


equipamento como o Parafuso de Arquimedes e Cush-Cush.

Fig.1 – Desarenador (a), Parafuso de Arquimedes (b) e Cush-Cush (c)

2.3 Retenção de Partículas Mais Finas: Peneiras

Para a retenção de partículas mais finas, costuma-se usar peneiras, cuja


utilização é imprescindível em tratamento de efluentes de indústrias
refrigerantes, têxtil, pescado, abatedouros e frigoríficos, curtumes, cervejarias,
sucos de frutas e outras indústrias de alimentos. As peneiras devem ser
aplicadas também em outros efluentes que apresentem materiais grosseiros, tais
como: fiapos; plásticos; resíduos de alimentos, etc.
Fig.2 – Peneira Fixa (a) e Peneira Rotativa (b)

2.4 Calhas Parshall

O controle operacional da instalação de tratamento, é subsidiado por


dados provenientes de medidores de vazão – mais conhecidos como calhas
parshal.

A medição de vazão em equipamentos do tipo Calha Parshall se dá


através de uma relação pré-estabelecida entre a altura da lamina do fluído na
calha, demonstrada por meio de escala de graduação fixada no interior da
mesma, e sua vazão.

Para realizar esta relação, os medidores de vazão do tipo Calha Parshall


dividem-se em três partes distintas:

 Seção Convergente - Tem por função reduzir/adequar a velocidade do


fluído em sua entrada, diminuindo a possibilidade de turbulências e
aumentando a capacidade de precisão de mensuração do equipamento.

 Seção de Estrangulamento (Garganta) - Segunda seção do equipamento,


onde o líquido é submetido a uma concentração produzida pelo
estreitamento das laterais e/ou pela elevação do fundo do canal.

 Seção Divergente ou de Alargamento - Posicionada na parte final do


equipamento, após seu estreitamento garganta), tem por objetivo
propiciar a normalização do fluxo do canal.

Fig.3 – Esquema de uma Calha Parshall


A Calha Parshal também pode ser utilizada como um misturador rápido
de coagulantes. No tratamento de efluentes industriais, esgotos ou água a
coagulação é o processo no qual produtos químicos denominados coagulantes
são adicionados ao meio líquido de modo a reduzir as forças de repulsão entre
colóides em suspensão e proporcionar sua aproximação e flotação ou
sedimentação.

Para maior eficiência do processo, a dispersão do coagulante no meio


líquido deve se dar de forma homogenia e o mais rápida possível. Uma forma
eficiente de se propiciar uma mistura com estas características se dá através de
turbilhonamento por meio de condições de ressalto hidráulico.

Neste sentido a calha parshall pode ser um importante aliado no


processo de mistura, adicionando-se ao equipamento essa condição de ressalto
hidráulico, através do posicionamento de placas no canal de saída da calha de
modo a afogar seu fluxo de saída.

2.5 Tanques de Equalização

Por fim, tanques de equalização regularizam a vazão de efluentes para as


fases seguintes de tratamento. Sua importância decorre do fato de que variações
tanto de vazão como em concentração das águas residuais levam ao
comprometimento da eficiência dos processos preliminares. Isso acontece
porque para a obtenção de condições ótimas de tratamento do efluente, é
necessário que este seja tanto quanto possível constante, em termos
quantitativos e qualitativos.

Esses elementos trazem como vantagens:

- Aumenta as características de tratabilidade da água.


- Melhora do tratamento biológico devido a eliminação ou diminuição dos efeitos
causados por cargas bruscas de substâncias inibidoras e/ou estabilização do pH.
- Melhora a qualidade do efluente e o rendimento dos decantadores pois trabalha
com cargas constantes de sólidos.
- No tratamento físico-químico ocorrerá um melhor controle na dosagem dos
reagentes levando a viabilidade desta etapa.

É importante ressaltar que o tanque de equalização deverá ter uma


tamanho suficiente para compensar as variações de vazão e deve ser provido
de mecanismos de mistura do líquido, que homogeneize as características físico-
químicas do efluente e evite a deposição da matéria orgânica. Utilizam-se para
isto mixers, aeradores flutuantes e difusores de ar.
Fig.4 – Esquema de um tanque de equalização e seus efeitos nas vazões

3. Tecnologias para Tratamento Primário de Efluentes

O tratamento primário de efluentes tem como principal objetivo a remoção


de sólidos em suspensão sedimentáveis, materiais flutuantes (óleos e graxas) e
parte da matéria orgânica em suspensão e envolve a remoção parcial de sólidos
suspensos e matéria orgânica do esgoto por meio de operações físicas, tais
como triagem e sedimentação. Destina-se principalmente a produção de um
efluente adequado para o tratamento biológico a jusante e separar sólidos de um
lodo que pode ser conveniente e economicamente tratados antes do descarte
final. O efluente do tratamento primário contém uma boa quantidade de matéria
orgânica e é caracterizada por uma DBO relativamente elevada.

Existem várias tecnologias de tratamento nesta fase, tais como


decantadores primários , sedimentadores/reatores, separadores de água/óleo,
flotadores, e separação por membranas (filtração). Tais tecnologias serão
descritas a seguir:

3.1 – Separadores Água - Óleo

Águas residuais ou efluentes, provenientes de indústria petroquímica,


que trabalham com separadores água – óleo de alto rendimento tem seus
projetos de dimensionamento prevendo um tempo mínimo de detenção
hidráulica de 10 minutos. Alguns separadores água – óleo podem ser instalados
ao nível do solo ou abaixo, enterrado.
Esses dispositivos têm suas principais aplicações em aeroportos,
instalações para lavagem e manutenção de veículos, ferrovias, instalações
militares, estacionamentos e áreas de circulação intensa de veículos, áreas de
manuseio e armazenamento de petróleo e similares.

Fig.5 – Separador Água-Óleo

3.2 – Decantadores Primários

Nos decantadores primários, sob as condições de escoamento


normalmente adotadas em seus projetos, ocorre remoção de 40 a 60% de
sólidos em suspensão dos esgotos sanitários, correspondendo a cerca de 30 a
40% da DBO. Neles, ocorre a sedimentação de partículas mais pesadas do
esgoto ocorrendo separação de fases. Usa, portanto, a força gravitacional para
separar partículas mais pesadas do esgoto. Um resultado notável do emprego
dessa tecnologia é a remoção da turbidez do efluente.

Basicamente os decantadores podem ser classificados, quanto à forma,


em circulares e retangulares.

Os decantadores circulares podem ser de alimentação periférica ou ao


centro. No caso de a alimentação ser ao centro, o efluente é introduzido num
poço central, sendo removido pelo perímetro do tanque. Quando a alimentação
é periférica, porém, o efluente é retirado pelo centro do tanque.

Já os tanques retangulares poderão ser mais adequados quando o


espaço disponível limitado. Além disso uma série de tanques retangulares seria
mais barata de construir, devido ao conceito de parede partilhada
Fig.6 - Decantador circular não mecanizado (com descarte hidráulico)

Fig.7 - Decantador retangular não mecanizado (com descarte hidráulico) – Fluxo


Laminar

3.3 – Flotadores

Essas instalações promovem a flotação, que é uma operação unitária


usada para separar partículas sólidas ou líquidas de uma fase líquida. A
separação se dá pela introdução de pequenas bolhas de gás (usualmente ar) na
fase líquida. As bolhas se ligam à matéria particulada e a força de empuxo das
partículas associadas às bolhas de gás é grande o suficiente para fazer com que
a partícula suba até a superfície do líquido. Assim, faz-se com que partículas
mais densas que o líquido flutuem, e facilita a separação de partículas ou líquidos
menos densos.

A flotação deve ser aplicada principalmente para sólidos com altos teores
de óleos e graxas e/ou detergentes tais como os provenientes de indústrias
petroquímicas, de pescado, frigoríficas e de lavanderias.

A flotação não é aplicada aos efluentes com óleos emulsionados, a não


ser que os efluentes tenham sido coagulados previamente. Além de ser um
processo unitário utilizado no nível primário de tratamento, é aplicado também
na etapa de espessamento de lodo.

A principal vantagem da flotação sobre a sedimentação/decantação é


que partículas muito pequenas ou leves, que sedimentam lentamente, podem
ser removidas completamente em um menor espaço de tempo. Uma vez que as
partículas flutuem até a superfície, elas podem ser coletadas por uma operação
de “arraste”.

Fig.8 - Remoção do Material Flotado por Raspagem Superficial (“arraste”)

Alguns produtos químicos são comumente usados para auxiliar o


processo de flotação. A função destes produtos é, em grande parte, criar uma
superfície ou uma estrutura que possa absorver ou capturar as bolhas de ar.
Produtos químicos inorgânicos, como sais de alumínio e ferro e sílica ativada,
podem ser usadas para unir o material particulado e, assim, criar uma estrutura
que facilmente capture as bolhas de ar. Muitos polímeros orgânicos podem ser
usados para mudar a natureza tanto da interface ar-líquido como a da interface
sólido-líquido, ou de ambas.
Fig.9 – Esquema Típico de Flotação para Efluentes Industriais

Pode-se destacar duas tecnologias de flotadores muito utilizadas, à saber:

3.3.1 – Flotação por ar dissolvido - FAD

Tem como finalidade a separação dos flocos formados no processo de


floculação da água (clarificado), seja por adição de elementos que interagem
com a matéria orgânica ou não, e servem para pré-tratamento e polimento de
efluentes.

O sistema FAD se baseia no contato e na adesão de microbolhas de ar


com as partículas do efluente, diminuindo sua densidade e desta forma
promovendo a ida da mesma para superfície líquida do tanque. O efluente bruto
entra no misturador e receberá as soluções de produtos químicos como solução
de correção de PH, coagulante e floculante para floculação do material em
suspensão coloidal. O efluente floculado entra no flotador por ar dissolvido. As
microbolhas formadas em tanque de pressão carregarão a matéria em
suspensão até a superfície onde será raspado por um removedor de flotado. O
removedor superficial enviará o flotado para caixa de escuma e posteriormente
ao tanque de flotado para possível reaproveitamento e /ou disposição final.

Fig. – Esquema de um flotador por ar dissolvido


Fig. – Tanques de Flotação por Ar Dissolvido

3.3.2 – Flotação por ar disperso

A flotação por ar disperso (também conhecida como flotação por ar


induzido) é mais comumente utilizada em aplicações industriais para a remoção
de óleos emulsionados de grandes vazões de esgoto ou de águas de
processamento. Nesse sistema, bolhas de ar são formadas através da
introdução de fase gasosa diretamente na fase líquida por meio de uma hélice
rotativa - que atua como uma bomba, forçando o fluido através de aberturas de
dispersão e criando um vácuo na tubulação de entrada. O vácuo aspira o ar (ou
gás) para a tubulação misturando-o completamente com o líquido. Conforme a
mistura gás/líquido passa através do dispersador, uma força de mistura é criada,
forçando o gás a formar bolhas bem pequenas. O líquido se movimenta através
de uma série de células antes de deixar a unidade. As partículas de óleo de
sólidos suspensos se agregam às bolhas conforme elas sobem à superfície. O
óleo e os sólidos suspensos se acumulam em uma densa escuma na superfície
que é removida por pás raspadoras.

Fig.10 – Esquema de um sistema de flotação por ar disperso (ou ar induzido)


3.4 – Sedimentador – Reator

O sedimentador-reator é uma variação onde as funções coagulação,


floculação e sedimentação são combinadas numa unidade de clarificação de alta
eficiência. Esta combinação atinge as mais altas taxas de overflow" e qualidade
de efluente tratado de todos os projetos de decantadores.

Fig.11 – Esquema de um sedimentador-reator

3.5 – Separação por Membranas - Filtração

Com essa tecnologia, busca-se promover a separação de um ou mais


componentes de uma fase líquida ou gasosa baseada principalmente, na
diferença de tamanho. A separação de partículas sólidas imiscíveis, em uma
barreira porosa em que toda a corrente a ser tratada atravessa o meio poroso,
deixando para trás os contaminantes. Para tanto, tem-se a pressão hidráulica
como força motriz responsável pela separação.

Fig.12 - Filtração por membranas

A filtração por membranas pode separar sólidos imiscíveis e solutos que


se encontram dissolvidos pois a membrana atua como uma barreira seletiva
permitindo a passagem de determinados componentes enquanto impede a
passagem de outros.

O fluxo é, preferencialmente, tangencial à membrana sendo produzidos


dessa forma duas correntes: a de fluxo concentrado e e a de fluxo permeado
(ou purificado).
Fig.13 – Fluxo de operação tangencial à membrana

De acordo com a dimensão dos poros da membrana utilizada, podem


ser retidos diferentes tipos de materiais. O esquema a seguir mostra quatro tipos
de separação por membrana do tamanho e peso molecular dos materiais.

Fig.14 – Tipos de Filtração

4 – Tecnologias para Tratamento Secundário de Efluentes


O objetivo do tratamento secundário é a remoção de matéria orgânica
solúvel e coloidal e sólidos em suspensão que escaparam do tratamento
primário. Isso geralmente é feito por meio de processos biológicos,
nomeadamente o tratamento por lodos ativados e reatores de filme fixo,
filtragem biológica ou sistemas lagunares e sedimentação.

Do ponto de vista biológico temos tecnologias de tratamento aeróbias


(lodos ativados, sistemas de lagoas, filtros biológicos) e anaeróbias (reatores
anaeróbios), que serão descritas a seguir:

4.1 – Sistema de Lodo Ativado


O sistema de lodo ativado tem como princípio de funcionamento a
degradação de matéria orgânica e a sua transformação numa suspensão
“floculenta” que sedimente facilmente, permitindo o uso de processos
gravitacionais para a sua remoção.

Essa tecnologia é composta basicamente de um reator e de um


decantador secundário, como mostrado na figura abaixo.

Fig.15 – Esquema de Funcionamento – Sistema de lodos ativados

A remoção da matéria orgânica é feita pelas bactérias, fungos, algas,


protozoários e micrometazoários que crescem no tanque de aeração e formam
uma biomassa a ser sedimentada no decantador. O lodo do decantador
secundário é retornado, por bombeamento, ao tanque de aeração, para
aumentar a eficiência do sistema. O oxigênio é fornecido por aeradores
mecânicos superficiais ou por tubulações de ar no fundo do tanque. Tais
sistemas podem operar continuamente ou de forma intermitente, e quase não
produzem maus odores e insetos.

Existem pelo menos cinco tipos de configurações para os processos de


tratamento por lodos ativados. São eles:

4.1.1 - Processo convencional, com fluxo em pistão

O escoamento se dá ao longo da câmara de aeração, e toda a vazão de


esgoto mantém um sentido longitudinal de escoamento.

4.1.2 – Processo com mistura completa

No processo de mistura completa, a vazão do efluente alimenta o tanque


diretamente sob os rotores de aeração.

4.1.3 – Aeração decrescente

O ar é introduzido em quantidade decrescente ao longo do tanque de


aeração.

4.1.4 – Aeração escalonada


O esgoto é introduzido gradualmente ao longo do tanque de aeração.

4.1.5 – Aeração prolongada

A vazão do afluente alimenta diretamente o tanque de aeração, sem a


passagem do mesmo pelo decantador primário.

Fig.16 - As cinco principais configurações do sistema de lodos ativados

4.2 – Lagoas de estabilização

As lagoas de estabilização são consideradas como uma das técnicas


mais simples de tratamento de esgotos. Dependendo da área disponível,
topografia do terreno e grau de eficiência desejado, podem ser empregados os
seguintes tipos de sistemas de lagoas de estabilização:

4.2.1 Lagoas facultativas

O processo de tratamento por lagoas facultativas é muito simples e


constitui-se unicamente por processos naturais. Estes podem ocorrer em três
zonas da lagoa: zona anaeróbia, zona aeróbia e zona facultativa.

O efluente entra por uma extremidade da lagoa e sai pela outra. Durante
este caminho, que pode demorar vários dias, o esgoto sofre os processos que
irão resultar em sua purificação. Após a entrada do efluente na lagoa, a matéria
orgânica em suspenção (DBO particulada) começa a sedimentar formando o
lodo de fundo. Este sofre tratamento anaeróbio na zona anaeróbia da lagoa. Já
a matéria orgânica dissolvida (DBO solúvel) e a em suspensão de pequenas
dimensões (DBO finamente particulada) permanecem dispersas na massa
líquida. Estas sofrerão tratamento aeróbio nas zonas mais superficiais da lagoa
(zona aeróbia). Nesta zona há necessidade da presença de oxigênio. Este é
fornecido por trocas gasosas da superfície líquida com a atmosfera e pela
fotossíntese realizada pelas algas presentes, fundamentais ao processo. Para
isso há necessidade de suficiente iluminação solar, portanto, estas lagoas
devem ser implantadas em lugares de baixa nebulosidade e grande radiação
solar. Na zona aeróbia há um equilíbrio entre o consumo e a produção de
oxigênio e gás carbônico. Enquanto as bactérias produzem gás carbônico e
consomem oxigênio através da respiração, as algas produzem oxigênio e
consomem gás carbônico na realização da fotossítese. As reações são
praticamente as mesmas com direções opostas.

Fig.17 - Esquema de uma lagoa facultativa

4.2.2 Sistema de lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas


(Sistema Australiano)

Este sistema de tratamento de esgoto constituído por lagoas anaeróbias


seguidas por lagoas facultativas, também conhecido como sistema australiano.
As lagoas anaeróbias é normalmente profunda, variando entre 4 a 5
metros. A profundidade tem a finalidade de impedir que o oxigênio produzido
pela camada superficial seja transmitido às camadas inferiores. Para garantir
as condições de anaerobiose é lançado uma grande quantidade de efluente por
unidade de volume da lagoa. Com isto o consumo de oxigênio será superior ao
reposto pelas camadas superficiais. Como a superfície da lagoa é pequena
comparada com sua profundidade, o oxigênio produzido pelas algas e
o proveniente da reaeração atmosférica são considerados desprezíveis. No
processo anaeróbio a decomposição da matéria orgânica gera subprodutos de
alto poder energético (biogás) e, desta forma, a disponibilidade de energia para
a reprodução e metabolismo das bactérias é menor que no processo aeróbio.
A eficiência de remoção de DBO por uma lagoa anaeróbia é da ordem de
50% a 60%. Como a DBO efluente é ainda elevada, existe a necessidade de
uma outra unidade de tratamento. Neste caso esta unidade constitui-se de uma
lagoa facultativa, porém esta necessitará de uma área menor devido ao pré-
tratamento do esgoto na lagoa anaeróbia. O sistema lagoa anaeróbia + lagoa
facultativa representa uma economia de cerca de 1/3 da área ocupada por uma
lagoa facultativa trabalhando como unidade única para tratar a mesma
quantidade de esgoto. Devido a presença da lagoa anaeróbia, maus odores,
provenientes da liberação de gás sulfídrico, podem ocorrer como
consequência de problemas operacionais. Por este motivo este sistema deve
ser localizado em áreas afastadas, longe de bairros residenciais.

Fig.18 – Esquema de um sistema australiano

4.2.3 Lagoas aeradas facultativas

A principal diferença entre este tipo de sistema e uma lagoa facultativa


convencional é que o oxigênio, ao invés de ser produzido por fotossíntese
realizada pelas algas, é fornecido por aeradores mecânicos. Estes constituem-
se de equipamentos providos de turbinas rotativas de eixo vertical que causam
um grande turbilhonamento na água através de rotação em grande velocidade.
O turbilhonamento da água facilita a penetração e dissolução do oxigênio.
Tendo em vista a maior introdução de oxigênio na massa líquida do que é
possível numa lagoa facultativa convencional, há uma redução significativa no
volume necessário para esse tipo de sistema, sendo suficiente um tempo de
detenção hidráulica variando entre 5 a 10 dias, e como consequência, o
requesito de área é menor.
O grau de energia introduzido na lagoa através dos aeradores é suficiente
apenas para a obtenção de oxigênio, porém não é suficiente para a
manutenção dos sólidos em suspensão e bactérias dispersos na massa líquida.
Portanto ocorre sedimentação da matéria orgânica formando o lodo de fundo
que será estabilizado anaerobiamete como em uma lagoa facultativa
convencional.
A lagoa aerada pode ser utilizada quando se deseja um sistema
predominantemente aeróbio e a disponibilidade de área é insuficiente para a
instalação de uma lagoa facultativa convencional. Devido a introdução de
equipamentos eletro-mecânicos a complexidade e manutenção operacional do
sistema é aumentada, além da necessidade de consumo de energia elétrica. A
lagoa aerada pode também ser uma solução para lagoas facultativas que
operam de forma saturada e não possuem área suficiente para sua expansão.

Fig.19 – Esquema de uma lagoa aerada facultativa

4.2.4 Sistema de lagoas aeradas de mistura completa seguida por lagoas


de decantação

O grau de energia introduzido é suficiente para garantir a oxigenação da


lagoa e manter os sólidos em suspensão e a biomassa dispersos na massa
líquida. Devido a isto, o efluente que sai de uma lagoa aerada de mistura
completa, possui uma grande quantidade de sólidos suspensos e não é
adequado para ser lançado diretamente no corpo receptor. Para que ocorra a
sedimentação e estabilização destes sólidos é necessária a inclusão de
unidade de tratamento complementar, que neste caso, são as lagoas de
decantação.
O tempo de detenção nas lagoas aeradas é da ordem de 2 a 4 dias e
nas lagoas de decantação da ordem de 2 dias. O acumulo de lodo nas lagoas
de decantação é baixo e sua remoção geralmente é feita com intervalos de 1 a
5 anos. Este sistema ocupa uma menor área que outros sistemas compostos
por lagoas. Os requisitos energéticos são maiores que os exigidos por outros
sistemas compostos por lagoas.

Fig.20 – Esquema de lagoa aerada com lagoa de sedimentação/decantação


4.3 Sistemas Anaeróbios

O tratamento anaeróbio é um processo em que as bactérias anaeróbias


convertem compostos orgânicos em biogás na ausência de oxigénio. O
tratamento anaeróbio é um processo eficiente em termos de energia sendo que é
normalmente utilizado para tratar efluentes industriais de alta resistência que são
quentes e contêm altas concentrações de DBO e / ou DQO ou efluentes
domésticos.

Dentre as tecnologias de sistemas anaeróbios pode-se destacar três


principais: reator aeróbio de manta de lodo (reator UASB), tanque séptico e filtro
anaeróbio.

4.3.1 Reator UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket)

Esse sistema estabiliza a matéria orgânica usando as bactérias


dispersas em um tanque fechado - o fluxo do esgoto é de baixo para cima e na
zona superior há coleta de gás. O reator não necessita de decantação prévia e
eficiência na remoção de DBO e de patogênicos está entre 60-90%.

Fig.21 – Esquema de operação de um reator UASB


4.3.2 Tanques Sépticos

São unidades cilíndricas ou prismáticas retangulares, de fluxo horizontal,


destinadas ao tratamento de esgotos por processos de sedimentação, flotação
e digestão. Têm, portanto, como funções principais: realizar a separação
gravitacional da escuma e dos sólidos, em relação ao líquido afluente, vindo os
sólidos a se constituir em lodo; promover a digestão anaeróbia e liquefação
parcial do lodo e; armazenar o lodo.

De acordo com a NBR 7229 os tanques sépticos são indicadas para


áreas desprovidas de rede pública coletora de esgotos; como alternativa de
tratamento de esgotos em áreas providas de rede coletora local ou; quando da
utilização de redes coletoras com diâmetro e/ou declividades reduzidos.

Pode se apresentar em três configurações: Câmara única, Câmaras


em série e Câmaras sobrepostas (tanque Imnhoff).

Fig.22 – Fossa Séptica (a) de câmara única, (b) de câmaras em série e (c) de
câmaras sobrepostas – tanque Imnhoff

4.3.3 Filtros Anaeróbios

Consistem de tanques com leito de pedras ou outro material suporte


para desenvolvimento de microrganismos. Entre os fenômenos que ocorrem no
filtro anaeróbio temos a retenção por contato com o biofilme, sedimentação
forçada de sólidos de pequenas dimensões, partículas finas e coloidais e ação
metabólica dos microrganismos do biofilme sobre a matéria dissolvida.

São indicados para esgotos com contaminantes predominantemente


solúveis, pois quanto maior a quantidade de contaminantes particulados, os
sólidos suspensos, maior a possibilidade de entupimento. Podem ser
construídos com fluxo ascendente, descendente ou horizontal. A eficiência de
redução de DBO pode variar de 40 a 75%, para DQO de 40 a 70%; para sólidos
suspensos, de 60 a 90% e para sólidos sedimentáveis, 70% ou mais.

Os filtros anaeróbios apresentam efluentes clarificados e com baixa


concentração de matéria orgânica. Não consomem energia, removem matéria
orgânica dissolvida, têm baixa produção de lodo, a água tratada presta-se para
disposição no solo, resistem bem às variações de vazão afluente, a construção
e operação são simples, não necessitam de lodo inoculador nem recirculação de
lodo. Entre as desvantagens citam-se a produção de um efluente rico em sais
minerais e risco de entupimento.

A fossa séptica serve como tanque de retenção/sedimentação para


tratamentos preliminares de água e os filtros anaeróbios como redutores de DBO
(demanda biológica de oxigênio), carga orgânica e nutrientes. São equipamentos
que funcionam normalmente sem gasto de energia, por gravidade. O filtro
anaeróbio é uma tecnologia conhecida, eficiente e robusta, capaz de obter
reduções substanciais redução de DBO.

Fig.23 – Filtro anaeróbio retangular de fluxo ascendente

A seguir à sedimentação, gradagem ou filtração, a água estará pronta


para o tratamento de retirada de carga orgânica dissolvida (DBO). O filtro
anaeróbio, pelo baixos custos operacionais e consumo de energia, é posicionado
após a fossa, caixa de gordura, caixa de areia, peneira e/ou gradeamento e antes
do reator aeróbio. Ocorre neste equipamento uma redução grande de DBO/DQO
que ajuda tratamentos subseqüentes, normalmente aeróbios para polimento e
levar os teores às exigências legais. A água deve entrar no filtro sem sólidos
sedimentáveis e apenas com os solúveis e as reduções de DBO/DQO se situam
na faixa de 75%

5 Tecnologias de Tratamento Terciário de Efluentes (Pós-


Tratamento)
Esse tipo ultrapassa o nível de tratamento secundário convencional para
remover quantidades significativas de nitrogênio, fósforo, metais pesados,
compostos orgânicos biodegradáveis, bactérias e vírus. Algumas tecnologias
dessa fase podem ser elencadas, à saber:

5.1 Precipitação química

Essa tecnologia altera o equilíbrio iônico de um composto metálico para


produzir um precipitado insolúvel.

É bastante utilizada no tratamento de efluentes industriais para remover


íons metálicos como os de cálcio e magnésio, ânions fosfatos e metais pesados.
A precipitação de Metais Pesados, em particular, podem ser tratadas com
hidróxidos de sódio ou cálcio, para converte-los em compostos insolúveis em
água, ou ainda tratá-los com sulfeto de sódio, tiouréia ou tiocarbonatos para
precipitá-los como sulfetos.

5.2 Neutralização de ácidos e bases

5.2.1 Neutralização de Resíduos Ácidos

Os métodos de neutralização de resíduos ácidos incluem a adição de


quantidades apropriadas de bases fracas ou fortes ao resíduo; passagem do
efluente ácido através de leitos de calcário; mistura do resíduo ácido com cal ou
lama de cal dolomítica e; Mistura do resíduo ácido com um resíduo básico
compatível.

Agentes cáusticos tipicamente usados para neutralizar os resíduos


ácidos são: NaOH (soda cáustica), Na2CO3, amônia e vários tipos de cal.

Fig.24 – Exemplo de tanque de neutralização (para resíduos ácidos)

5.2.2 Neutralização de Resíduos Básicos

Os métodos de neutralização de resíduos alcalinos incluem adição de


quantidades apropriadas de ácidos fortes ou fracos ao resíduo; adição de CO2
comprimido ao resíduo e; mistura do resíduo ácido com um resíduo básico
compatível.

O método mais comum de neutralização usados de resíduos alcalinos


é pela adição de ácidos minerais, dos quais se destacam o ácido clorídrico e o
ácido sulfúrico – sendo o ácido sulfúrico o mais usado, em virtude de seu menor
preço.

5.3 Coagulação / Floculação / Sedimentação

Essa tecnologia tem por princípio a desestabilização química das


partículas coloidais do efluente (aquelas com dimensões entre 0,1 – 1 μm) para
permitir sua aglutinação em flocos – que são mais facilmente removíveis.
Para tanto, utiliza-se coagulantes, dos quais se destacam os sais
trivalentes de ferro e alumínio. Eles são preferíveis pois criam grandes flocos,
aumentando a eficiência do processo.

O processo de coagulação em ETE’s ocorre logo no início em algum


ponto onde se tenha gradiente de velocidade elevado que permita a rápida
dispersão do coagulante empregado. Esta etapa do tratamento chama-se
mistura rápida e normalmente não é necessária a construção de um tanque
específico para este
fim, utilizando-se pontos de estrangulamento no canal de chegada da água na
estação, como a calha Parshall, dispositivo de medição de vazão onde ocorrem
velocidades elevadas.

5.4 Processos Oxidativos (Convencionais e Avançados)

5.4.1 Processos Oxidativos Convencionais

Promovem a destruição dos poluentes, oxidando-os e:

 transformando-os em produtos finais não poluentes (sendo uteis à


redução da DBQ, remoção de odor e cor de águas residuárias,
desinfecção de águas e retirada de H2S e CN-);
 convertendo-os em substâncias intermediárias mais biodegradáveis (pré-
oxidação com O3 ou H2O2 de compostos orgânicos não biodegradáveis
- recalcitrantes) ou ainda;
 convertendo-os em substâncias removíveis por alguma operação ou
processo unitário (oxidação do Fe2+ em Fe3+ e As3+ em As5+,
permitindo sua precipitação ou; oxidação parcial de compostos orgânicos
permitindo sua adsorção em carvão ativado).

As principais substâncias usadas nos processos oxidativos convencionais


são H2O2, CL2, KMnO4, HClO e O3.

5.4.2 Processos Oxidativos Avançados (POA’s)

Transformam os contaminantes orgânicos em CO2, H2O e ânions


inorgânicos, através de degradação que envolve espécies instáveis de
oxidantes, principalmente radicais hidroxilas OH-. São processos limpos e não
seletivos usados para destruir compostos orgânicos nas fases aquosa, gasosa
ou adsorvidos em matriz sólida.

Têm grande utilização na remoção de cianetos, sulfetos, sulfitos, nitritos


e metais pesados, com uso difundido no tratamento de efluentes de indústrias
têxtil, de papel, alimentícia, petroquímica, metalúrgica além de efluentes
agrícolas.

A base tecnológica desse processo está no tratamento de águas


residuárias com emprego dos seguinte agentes:
 O3/UV
 O3/H2O2/UV
 H2O2/UV
 O3/H2O2
 O3/OH-
 Catalisador/H2O2/UV
 TiO/UV
 H2O2/Fe2+

5.5 Adsorção com Carvão Ativado

A adsorção de vários componentes orgânicos e inorgânicos dissolvidos


na água em carvão ativado baseia-se na adesão desses compostos na superfície
de um grão de carvão poroso (alta superfície específica) ou na retenção física
dentro desses poros. O material adsorvido pode ser removido sempre que
necessário, permitindo a reutilização do carvão regenerado durante alguns ciclos
de operação.

O reaproveitamento do carvão ativado por ser feita através de


regeneração térmica, a vapor, extração por solvente, tratamento básico ou
ácido e oxidação química.

As suas principais aplicações no tratamento de águas residuais


industriais: remoção de substâncias não biodegradáveis, tais como, compostos
que conferem cor, pesticidas e fenóis.
ESTUDO DE CASO E QUESTÕES
RELACIONADAS
QUESTÕES RELACIONADAS AO ESTUDO DE CASO

1 – Segundo o estudo de caso analisado, qual é a principal função de


uma Estação de Tratamento de Esgoto – ETE?

Remover a matéria orgânica presente no esgoto a tal ponto que o efluente


possa ser lançado no meio ambiente, respeitando sua capacidade de
suporte em conformidade com os padrões de qualidade estabelecidos pelas
legislações estaduais e federais.

2 – Descreva sucintamente a composição de uma lagoa de


estabilização disposta segundo o método australiano (tecnologia
utilizada na ETE Água Vermelha, objeto do estudo de caso).

É formada pela combinação de uma lagoa anaeróbia seguida por uma


lagoa facultativa.

3 – Qual tecnologia, implantada na reforma da ETE Água Vermelha,


objetiva a redução de coliformes termotolerantes, a fim de atender os
padrões de qualidade do corpo receptor.

Unidade de Desinfecção por Ultravioleta (UV)


Referências e Fontes

http://www.revistatae.com.br/noticiaInt.asp?id=8782

www.novarsa.com/force_download.php?file=pdfs/IAF-por.pdf

http://slideplayer.com.br/slide/2293842/

http://www.fec.unicamp.br/~bdta/esgoto/lagoas.html

http://slideplayer.com.br/slide/366614/

http://www.em.ufop.br/deciv/departamento/~carloseduardo/Aula%2015%20Tan
que%20Septico%20n.pdf

http://www.naturaltec.com.br/Tratamento-Agua-Fossa-Filtro.html

http://www.abes-dn.org.br/eventos/abes/1oficina-tratamento-preliminar

http://agetec.com.br/equipamentos/medidores-de-vazao-tipo-calha-parshall/

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