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MEMORIAL DE CÁLCULO E DESCRITIVO TÉCNICO

Estação de Tratamento de Água de Reúso


ETAR SUPERGASBRAS
Serra, ES

Novembro/2013
APRESENTAÇÃO

O presente documento apresenta o Memorial Descritivo e de Cálculo para o sistema de tratamento


de água de lavagem de caminhões para o empreendimento Supergasbras Energia LTDA,
localizado na cidade de Serra/ES.

O sistema de tratamento é constituído por uma Estação de Tratamento de Água de Reúso,


projetada para uma vazão de 7,5 m³/dia. O sistema de tratamento proposto é pela via físico-
química.

Este memorial é composto por fluxograma, etapas do tratamento, características do efluente


tratado, desempenho operacional e dimensionamento das unidades de tratamento.
EQUIPE

COORDENAÇÃO:
_______________________________________
Ricardo Franci Gonçalves
Engenheiro Civil e Sanitarista - D.Ing.
CREA 3502/ D - ES

EQUIPE TÉCNICA:

Renate Wanke
Engª Civil, Especialista em Engenharia Ambiental
M.Sc. Engª Ambiental

Thiago Tozi de Mattos


Engenheiro Ambiental

Miquéias Pereira da Silva


Desenhista

Mateus Alves
Supervisor de Montagem

Diego Segatto Valadares Goastico


Auxiliar Técnico

CLIENTE:
Supergasbras Energia LTDA
Sr. Oscar Luiz Carvalho da Silva
Tel: (27) 3398-1573
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................. 7
2 DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE TRATAMENTO..............................................................................8
2.1 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE REÚSO.................................................................8
2.1.1 Pré-tratamento.............................................................................................................................. 8
2.1.2 Tratamento Físico-químico........................................................................................................... 8
2.1.3 Tratamento terciário..................................................................................................................... 9
2.1.4 Gerenciamento do resíduo sólido................................................................................................. 9
3 CARACTERÍSTICAS DO EFLUENTE............................................................................................ 12
4 DIMENSIONAMENTO DA ETAR.................................................................................................... 13
4.1 CARACTERÍSTICAS DO AFLUENTE.........................................................................................13
4.1.1 Cálculo das vazões.................................................................................................................... 13
4.2 PRÉ-TRATAMENTO.................................................................................................................... 13
4.2.1 SEPARADOR DE ÁGUA E ÓLEO.............................................................................................. 13
4.3 COAGULAÇÃO............................................................................................................................ 15
5 CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA ADOTADO............................................................................16
6 FUNCIONAMENTO DO SISTEMA................................................................................................. 16
7 POTÊNCIA INSTALADA................................................................................................................ 17

LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Fluxograma do sistema de tratamento da ETAR Supergasbras......................................11

LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Etapas do tratamento da ETAR......................................................................................... 8
Tabela 2: Características típicas de águas de lavagem de veículos...............................................12
Tabela 3: Padrões de qualidade para reúso exigidos pela NBR 13969:1997.................................12
Tabela 4: Características do sistema adotado na ETAR.................................................................16
Tabela 5: Potência instalada........................................................................................................... 17

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1 INTRODUÇÃO

O aumento da preocupação com o meio ambiente e, em especial, com o uso dos recursos hídricos
resultou na valorização da água potável como bem de consumo. Frente a potencial escassez deste
recurso, os órgãos ambientais têm aplicado a legislação ambiental com maior rigor. Em nível
internacional, a principal tendência nas empresas e indústrias é a implementação de sistemas para a
Recirculação ou Reúso da água gerada em seus processos. Estes sistemas funcionam de maneira
integrada com o processo que gera o efluente visando à redução de desperdícios. Para tanto é
necessário um processo de alta eficiência e baixo custo para o tratamento dos efluentes líquidos.
A atividade de lavagem de veículos utiliza uma grande quantidade de água que normalmente não é
reaproveitada, sendo simplesmente descartada na rede de esgoto municipal. Nos últimos anos,
aumentou a preocupação com esse fato que, além de representar um custo elevado para algumas
empresas, pode causar impactos no ambiente aquático.

Principais vantagens:
 Sistema compacto e de fácil instalação;
 Simplicidade operacional;
 Baixo custo de implantação e operação;
 Baixo impacto em ambientes urbanos (ruído, odor, visual);
 Reduzido consumo de energia;
 Flexibilidade operacional.

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2 DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE TRATAMENTO

2.1 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE REÚSO

O tratamento realizado na ETAR compreende as etapas discriminadas na Tabela 1.

Tabela 1: Etapas do tratamento da ETAR


UNIDADE COMPONENTES
Pré-tratamento Separador água e óleo e caixa retentora de areia
Tratamento físico- Bomba dosadora de Sulfato de Alumínio, Tanque de mistura e
químico decantação
Tratamento terciário Filtro de areia
Tratamento do lodo Bolsa drenante

2.1.1 Pré-tratamento

O pré-tratamento é responsável pela remoção de sólidos grosseiros. Esta etapa é uma preparação do
efluente para os tratamentos subsequentes e consistirá em um Separador de Água e Óleo (SAO) com
caixa de retenção de areia. Trata-se de princípio de retenção puramente físico, no qual os sólidos
presentes no efluente ficam retidos nas etapas do SAO.

O objetivo do pré-tratamento é proteger os equipamentos eletromecânicos do desgaste provocado


pelo choque com estes materiais, bem como evitar que sobrenadantes alcancem a superfície líquida
do tanque de mistura. Os sólidos removidos incluem todos os materiais, orgânicos e inorgânicos, e
deverão ser dispostos em aterro sanitário. O material orgânico varia em função das características do
sistema de esgotamento e da época do ano.

2.1.2 Tratamento físico-químico

Após a passagem pelo pré-tratamento, o efluente é encaminhado para o tratamento físico-químico,


realizado em um tanque de mistura onde recebe dosagem de Sulfato de Alumínio e mistura do
efluente, ambos controlados por equipamentos.
Neste mesmo tanque de mistura, serão observados três processos diferentes e subsequentes.

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Primeiramente a adição de Sulfato de Alumínio será responsável pela coagulação, processo
responsável pela transformação das partículas suspensas para o estado coloidal.
Desta forma, com o equipamento de mistura em funcionamento, essas partículas sofrerão choques
mecânicos e formarão flocos maiores. Este processo é conhecido como floculação.
Após a floculação, o misturador é desligado, ocorrendo a decantação dos flocos recém-formados no
tanque de mistura, deixando o efluente com aspecto clarificado.

2.1.3 Tratamento terciário

Finalizado o tempo de decantação no tanque de mistura, o efluente é bombeado para o tratamento


terciário. O tratamento terciário consiste na passagem do efluente pelo filtro de areia.
O filtro de areia tem a finalidade de reter partículas de sólidos que tenham passado pelos processos
anteriores e assim garantir um efluente de alta qualidade. A limpeza é manual, sendo realizada
através do sistema de retrolavagem. Nesse processo a água passa no sentido contrário ao do fluxo,
retirando as impurezas do meio filtrante.

2.1.4 Gerenciamento do resíduo sólido

O resíduo sólido decantado no tanque de mistura deverá ser desaguado na bolsa drenante
periodicamente através de manobras simples de abertura manual de válvulas.

O desaguamento do resíduo reduz o volume em excesso através da redução do seu teor de umidade.
As principais razões de se realizar o desaguamento são:

 Redução do custo de transporte para o local de disposição final;


 Melhoria nas condições de manejo do resíduo;
 Redução do volume para disposição em aterro sanitário;
 Diminuição da produção de lixiviados quando da sua disposição em aterros sanitários.

Este processo retém, no interior de uma bolsa de malha sintética reforçada, os sólidos presentes nos
efluentes de ETEs através de filtração. A maior parte do líquido presente flui através das paredes, em
malha, da bolsa drenante e é direcionada para o início do fluxograma de tratamento. O volume é
reduzido em até 85% em um período de 24 horas, sem demandar insumos tais como energia ou
produtos químicos.

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Os sólidos acumulados na bolsa drenante devem ser encaminhado para disposição final em aterro
sanitário juntamente com a bolsa drenante.

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Figura 1: Fluxograma do sistema de tratamento da ETAR Supergasbras.

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3 CARACTERÍSTICAS DO EFLUENTE

As características quantitativas químicas típicas de águas cinza consideradas no dimensionamento


da Estação de Tratamento de Águas Cinza encontram-se apresentadas de forma sintetizada na
tabela abaixo.

Tabela 2: Características típicas de águas de lavagem de veículos


Parâmetros Valor típico
pH 7,4
Sólidos em suspensão totais 659 mg/L
DBO5 69 mg/L
DQO 238 mg/L
Óleos e Graxas 90 mg/L
Fósforo 2,8 mg/L
Fonte: Adaptado de U.S.EPA (1980) apud Teixeira (2003).

Caso o efluente apresente características diferentes das apresentadas na tabela acima, a estação
terá sua eficiência comprometida.
Segundo a NBR 13969:1997, os efluentes classificados como classe 2 são aqueles reutilizados para:
lavagens de pisos, calçadas e irrigação dos jardins, manutenção dos lagos e canais para fins
paisagísticos, exceto chafarizes. Os efluentes reutilizados para descargas dos vasos sanitários são
classificados como classe 3. Os padrões de qualidade exigidos pela NBR 13969:1997 são descritos
na tabela a seguir.

Tabela 3: Padrões de qualidade para reúso exigidos pela NBR 13969:1997.


NBR 13969:1997
Parâmetro Unidade
Classe 2 Classe 3
Turbidez UNT ≤ 5,0 ≤ 10
Coliformes Fecais NMP/100mL ≤ 500 ≤ 500
Cloro Residual mg/L ≥ 0,5
4 DIMENSIONAMENTO DA ETAR

Dados de entrada:
 Vazão média de água cinza: 7,5 m³/dia
 Coeficiente do dia de maior consumo: k1 = 1,2
 Coeficiente da hora de maior consumo: k2 = 1,5
 Temperatura média do efluente: 25 °C

4.1 CARACTERÍSTICAS DO AFLUENTE

4.1.1 Cálculo das vazões

Vazão média de águas cinza:


Qméd =7,5 m ³/dia

Vazão máxima total:


Qmáx =Qméd x k 1 x k 2
Qmáx =13,5 m ³/dia

Vazão mínima total:


Qmín =Qméd x 0,5
Qmín =3,75 m ³/dia

4.2 PRÉ-TRATAMENTO

4.2.1 Separador de água e óleo

A água e o óleo terão as seguintes características:


Viscosidade da Água a 30ºC (μa): 0,0008 poises
Densidade da Água a 30ºC (ρa): 996 kg/m³
Densidade do Óleo (ρo): 860 kg/m³
Diâmetro da Menor Partícula de Óleo a Ser Removida (d): 0,015 cm

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 Cálculo da Velocidade de Ascensão

Vo = (g / (18 x μa)) x (ρa – ρo) x d²


g = Gravidade

Vo = 0,021 m/s

 Cálculo da Velocidade Horizontal

A velocidade horizontal deverá ser:

Vh = 15 x Vo e menor que 0,01524 m/s

Vh = 0,01524 m/s

 Cálculo da Seção Transversal do Tanque será:

At = Q / Vh e menor que 14,4 m²


Considerando a vazão de 7,5 m³/dia durante 8 horas de funcionamento, a vazão é de 0,9375 m³/h.

At = 0,017m²

B = √ ( At /0,4 ) com Largura Máxima de 6,0 m


B = 0,21 m

h = 0,41 x B
h = 0,086 m

Onde:
At = Área Transversal
B = Largura do Modulo de Separação
h = Altura do vertedouro

 Cálculo do Comprimento da Caixa Separadora

Nova velocidade de acordo com a largura e profundidade da caixa.

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Vhc = Qe / B x h e menor que 0,01524 m/s
Vhc = 0,014 m/s
Lcsp = Ft x (Vhc / Vo) x h
Ft = 1,65 - Tabelado (Ref. API – 421)

Lcsp = 0,18 m

Onde:
Ft = Fator de Turbulência e curto circuito
Vhc = Velocidade de Escoamento na Câmara Corrigido (m/s)
Vo = Velocidade ascensional do óleo (m/s)

Pelo fato da vazão de projeto ser muito baixa, as dimensões do SÃO ficaram pequenas
impossibilitando qualquer tipo de operação e manutenção.
De forma a corrigir estes aspectos e garantir máxima eficiência no processo, foram adotadas as
seguintes medidas:

B = 0,60 m
L = 1,60 m
Hu = 0,70 m

4.3 COAGULAÇÃO

 Cálculo da bomba dosadora de Sulfato de Alumínio

Como a bomba estará dosando na linha (tubulação), será sempre acionada juntamente com a bomba
da EEE.
Deste modo, a vazão utilizada para o cálculo da dosagem será a vazão retirada da curva da bomba
de recalque.

Dimensionamento da bomba dosadora de Sulfato de Alumínio:

Qr = 7,0 m³/h
Dosagem estimada = 100 mg/l

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Capacidade de dosagem:
100 x 7,0/1000 = 0,7 kg/h

O Sulfato de Alumínio (produto adquirido em pó) será diluído para 40%:


0,7 kg / h
 = 1,75 kg/h
0,4

Com  = 1,30 g/cm³, temos:

1,75 kg/h
= 1,35 L/h
1,3 0

Ou seja, a vazão da bomba dosadora será de 1,35 L/h.

4.3.1 Concentração de Sulfato de Alumínio na bombona

Para reposição da solução de Sulfato de Alumínio na bombona, deve-se utilizar a seguinte proporção:

Para cada 100 litros de água adicionados a bombona, devem ser despejados 30 kg de Sulfato de
Alumínio em pó.

5 CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA ADOTADO

Tabela 4: Características do sistema adotado na ETAR.


ITE
M UNIDADE DESCRIÇÃO QUANTIDADE MATERIAL
1 Pré-tratamento SAO 01 PRFV
2 Elevatória ϕ = 1,20 m, H = 1,60 m 01 PRFV
3 Bomba de recalque Bomba Autoescorvante 02
Schneider Modelo BCA 1 1/2
4 Tanque Cilíndrico ϕ = 2,20 m, H = 2,70 m 01 PRFV
5 Filtro de areia Dancor Modelo DFR-11 01
6 Bomba do filtro Dancor Modelo PF-17 01

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7 Sistema de mistura Misturador Lento Vertical 01
8 Painel elétrico Painel elétrico para motores 01
Legenda: PRFV: Plástico Reforçado com Fibra de Vidro; ϕ : Diâmetro; H: Altura.

6 FUNCIONAMENTO DO SISTEMA

O sistema da ETAR instalado na Supergasbras foi preparado para funcionar da seguinte forma:

O efluente chega pelo SÃO e em seguida enche a elevatória (EEE). Ao atingir o nível máximo as
bombas autoaspirantes são acionadas por boia de nível e bombeiam o efluente até o tanque de
mistura. Juntamente com as bombas de recalque, a dosadora estará injetando Sulfato de Alumínio na
tubulação para o tanque de mistura.
Ao final do dia, o tanque de mistura atingirá o nível máximo, fazendo com que as bombas de recalque
e dosadora desliguem automaticamente. Logo em seguida o misturador é acionado e mantém
funcionamento durante 01 (uma) hora.
Após esse período, o efluente permanece em repouso no tanque de mistura durante 02 (duas) horas.
Depois de sofrer decantação o efluente é bombeado pelo filtro de areia e retorna para o reúso.

7 POTÊNCIA INSTALADA

Tabela 5: Potência instalada


Potência Potência Potência
Equipamentos Quantidade
unitária (cv) total (cv) total (kW)
Bomba dosadora - 01 - -
Bomba do filtro de areia 0,25 01 0,25 0,18
Misturador Lento Vertical 0,50 01 0,50 0,37
Bomba de recalque 0,75 02 1,50 1,10
TOTAL 2,25 1,65

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