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16/04/2018 Reação álcali-agregado – Wikipédia, a enciclopédia livre

Reação álcali-agregado
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Reação álcali-agregado (RAA) é um termo usado principalmente para se referir a reação que ocorre no
concreto no estado endurecido em idades tardias[1] entre álcalis(óxido de sódio ou óxido de potássio)[2] . Essa reação
normalmente causa expansão pela formação de um gel expansivo(também chamado de gel de sílica[3],/gel sílico-
alcalino[4]) que absorve água por osmose e se expande entre os poros do concreto, até que os espaços vazios terminem
e leve a um aumento de tensão[4]. Esse aumento nos esforços internos pode causar a fissuração [3][4], e perda de
resistência do concreto.[5]

É um dos fenômenos que mais interfere na durabilidade do concreto.[4]

Esse fenômeno foi identificado pela primeira vez por Stanton nos Estados Unidos.[5][6] O maior número de estruturas
atingidas está na America do Norte, porém há casos documentados recentemente no Brasil.[5] Embora seja
documentado desde 1940[6], não foi formulado até hoje nenhum modelo numérico para simular sua influência sobre
uma estrutura.[5] Foram propostos diferentes mecanismos de sua atuação por pesquisadores como: Léger et al e
Peterson e Ulm[5].

A reação álcali-agregado é genérica, mas relativamente vaga, podendo levar a confusões. Definições mais precisas são
as abaixo:

1. Reação álcali-sílica[5](ASR, tipo mais comum);


2. Reação álcali-silicato[5]; e
3. Reação álcali-carbonato.[5]
Como existe uma dependência da umidade este tipo de reação é mais comum em obras hidráulicas(ou expostas a
umidade).[5][7] Também recomenda-se maior preocupação em obras de estruturas especiais, mesmo que sejam
maciças e secas.[7]

Índice
Fatores para ocorrência da reação
Presença de álcalis
Presença de sílica reativa
Reação álcali-sílica
Reação álcali-silicato
Mecanismo de reação Rachaduras típicas relacionada com
Fase Inicial a reação álcali-sílica ao longo da
Fase de desenvolvimento rodovia perto Leominster, (MA -
Fase de repouso EUA).

Reação álcali-carbonato
Mecanismo
Consequência
Casos
Brasil
Estados Unidos

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Soluções
Referências

Fatores para ocorrência da reação


O surgimento está relacionada a:

Presença de sílica reativa[5][8]


Presença de álcalis[5][8]
Umidade suficientemente alta[5][8]
Temperatura[8]

Presença de álcalis
A presença de álcalis aumenta a concentração de hidroxilas(elevando o pH).[5] Normalmente esses álcalis têm origem
no clínquer do cimento.[5] O máximo de álcalis no concreto varia dependendo de pesquisa de 1,8 a 2,3 kg/m³ e limite
máximo do sódio entre 0,4 a 0,6 %[2][3]. Se houver alto consumo de cimento uma taxa menor 3 kg/m³ é apontado
como melhor parâmetro para ignorar os efeitos da RAA.[2] Porém na literatura há divergências quanto ao uso somente
da concentração de álcalis, pela possível interferência da vizinhança.[2]

O feldspato alcalino também é apontado como uma das fontes potássio e sódio. É encontrado em rochas ígneas tais
como granitos e riolitos.[3]

Presença de sílica reativa


A identificação de sua presença no agregado é difícil.[5]

Entre as rochas que apresentam maior incidência são os quartzitos e quartzos fraturados, tensionados e preenchidos
por inclusões.[2]

Reação álcali-sílica
A reação álcali-sílica é a mais comum forma de reação álcali agregado. Está relacionada a presença de sílica amorfa.[8]
A sílica amorfa está presente em agregados como opala, calcedônia,cristobalita, tridimita, certos tipos de vidros
naturais (vulcânicos) e artificiais, e o quartzo.[2]

Nessa reação há o ataque da sílica ativa pelo hidróxido de cálcio dissolvido a partir dos álcalis do cimento Portland ,
normalmente nos poros ou superfície dos agregados.[2]

Reação álcali-silicato
É considerada um caso particular reação álcali-sílica.[4]

Reação álcali-silicato ocorre quando uma camada de silicatos(argilo mineras), presente na forma de impureza reagem,
porém mais lentamente. De forma resumida a reação se processa quando os hidróxidos dos álcalis reagem com os
silicatos e agregam-se entre a pasta do cimento e o agregado constituindo um gel sílico-alcalino que expande-se.[2]

É a reação mais comum no Brasil[2][4] devido a utilização de quartzito, granito e gnaisses rochas de mineralogia:
quartzo e feldspato[2].

A identificação dessa reação é mais difícil se ela estiver associada a reação álcali-sílica que processa mais
rapidamente.[2]
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Mecanismo de reação

Fase Inicial
O ataque das hidroxilas nos grupos silanol ( ) formando o gel expansível ( ), conforme a
equação:[9]

(Reação I)

Posteriormente há o ataque do solixano(também com a formação de um gel expansível), conforme a equação:[9]

(Reação II)

De forma análogo, esse processo ocorre para o potássio:[9]

(Reação I)

(Reação II)

Fase de desenvolvimento

Fase de repouso

Reação álcali-carbonato
Essa reação ocorre entre alguns tipos de calcários dolomíticos e os álcalis presentes no concreto.[10] É o tipo mais
agressivo além de ocorrer em idades mais jovens,[1] porém como depende de substâncias mais raras nos agregados seu
número de ocorrência é menor.[11]

É a única em que não se forma um gel expansivo, mas uma combinação dos álcalis com hidróxidos de magnésio, que
causa a "desdolomitização" do agregado.[2] A "desdolomitização" modifica a estrutura do calcário, provocando
aumento de volume e enfraquecimento da ligação pasta-agregado..[4]

Essa reação também é a única que o uso de pozolana pode não ser efetivo, nesse caso a escória de alto de alto forno
apresentaria melhor resultado por reduzir a permeabilidade.[2]

Na reação álcali-carbonato diferentemente das demais não é formado gel expansivo[4][10], ocorre a expansão do
mineral Brucita (Mg(OH)2).[4] Além disso, também há a formação de carbonatos cálcicos e silicato magnesiano.[4]

Mecanismo
As reações presentes são:

"Desdolomitização":[9][10]

(Reação I)

Onde:

é a dolomita
é a brucita
é a calcita
A representa o álcali que participa do processo(sódio, potássio ou lítio).

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O carbonato alcalino, representado como reage. No caso do sódio conforme:[9][10]

(Reação II)

No caso do potássio conforme:[9]

(Reação II)

A reação II intensifica a primeira, uma vez que por meio da segunda reação é formado o álcali necessário para
desdolomitização. Dessa forma, as reações ocorrem com alta intensidade até que haja perda do álcali por reações
secundárias ou a dolomita tenha reagido por completo.[10]

Consequência
Indícios de RAA:

Eflorescência do gel expansivo[10]


Descoloração do concreto[10]
Agregados graúdos com sinais de reação em suas bordas[10]
Preenchimento de poros por material esbranquiçado com composição do gel.[10]
Surgimento de microfissura na argamassa preenchidas por material esbranquiçado.[10]
As principais consequências são:

Fissuras nas camadas de concretagem.[10]


Deslocamento diferencial entre blocos de concreto.[10]
Diminuição da resistência.[12]
Diminuição do módulo de elasticidade[12]

Casos
Atualmente estima-se que haja casos RAA documentados em 50 países.[9] Em 1995 se realizava a seguinte
estimativa[2][10]:

País Porcentagem de casos publicados


Estados Unidos 25
Canadá 23
África do Sul 12
Noruega 6
Reino Unido 5
França 5
Espanha 3
Brasil 3
Portugal 2
Índia 2
Paquistão 2

Argentina, Austrália, Gana, Ilhas Jersey, Quénia, Moçambique, Nigéria, Suíça, Zâmbia e outros apresentam apenas 1%
dos casos notórios até 1995.[2][10]

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Brasil
No Brasil são relatados casos em: Paulo Afonso I [4](identificado 78-23 anos após a construção)[12], Paulo Afonso II [4]
(identificado 78-16 anos após a construção)[12] e Paulo Afonso III[4] (identificado 78-5 anos após a
construção)[12],Paulo Afonso IV(identificado em 1984-4 anos após a construção)[4][12], Usina hidrelétrica Apolônio
Sales(Moxotó)(identificado 1978[2][4][10]-4 anos após a construção)[12], reservatório de Pedro Beicht[6](identificado
91-56 anos após a construção)[12], barragem rio das pedras [6], Sobradinho[6], Jaquara(identificado 71-17 anos após a
construção)[12], entre outras barragens.

Também foram identificado em 2004 em Recife nos Edifício Areia Branca[2], Solar da Piedade,[2] Edifício Apolônio
Sales[12] e Edifício da Piedade[12] casos de RAA.(no caso do Areia Branca, apesar de haver o colapso da estrutura a
RAA não foi causadora).[12] Uma das explicações é o contato da fundação com os rasos lençóis freáticos da cidade.[12]

Estados Unidos
Problemas ocorreram em várias barragens como: Parker, Stewart Mountain, Gene Wash, Copper Basin, Buck,
American Falls, Coolidge, Owyhee, Hiwassee, Chickamauga, Fontana.[10] Além de efeitos em obras rodoviárias e
monumentos.[10]

Soluções
Não há método recomendado de prevenção quando o agregado é identificado como reativo a RAA, somente o uso de
fontes alternativas.[1] Porém essa solução pode não ser economicamente viável.[1]

Contudo algumas medidas podem ser adotadas anteriormente a construção:

Sílica ativa,[8]
escória de alto forno e[8]
pozolana.[8];
Uso de cimentos CP II E, CP II Z, CP III, CP IV.[7]
Uso de cimento de baixa quantidade de álcali, menos de 0,60% .[1]
Limitar os álcalis em 3 kg/m³ ou menos.[1]
Aditivos químicos como nitrato de lítio tem demostrado a eficiência abrandar a ação da RAA.[1]

Após a construção:

Análise petrográfica(NBR 7389/92 e ASTM C 856-02);[3]


Método acelerado de barras de argamassa(AMBT)(ASTM 1260/05);[3]
Método dos prismas de concreto(CPT);[3]
Método acelerado de prismas de concreto(ACPT, ASTM C 151-05, ASTM C 227-03, ASTM C 1293-05, ASTM C
1567-04, ASTM C 151-00 );[3]
Localização do cimento e do agregado utilizados;[3]
Avaliação da expansão;[3]
Injeção de pasta de cimento ("Permeation Grouting");[3]
Medição das fissuras existentes;[3]
Limpeza das fissuras existentes com ar comprimido;[3]
Instalação de bicos de injeção metálicos ao longo das fissuras;[3]
Injeção de cimento ou lítio nas fissuras;[3]
Fechamento das fissuras exterior com grout tixotrópico;[3]
Reforço dos blocos de fundação com disposição de cabos protendidos;[3]
Instalação armaduras adicionais e tela soldada de aço ao longo do bloco de fundação;[3]
Criação de junta de alívio(isopor) para evitar as expansões horizontais futuras;

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Instalação de forma de encamisamento do bloco de fundação;[3]


Pintura externa do bloco com argamassa polimérica visando a não penetração de água no bloco de fundação[3]

Referências
1. «CIP 43 - Alkali-Aggregate Reaction (AAR)» (http://www.nrmca.org/aboutconcrete/cips/43pr.pdf) (PDF) (em
inglês). NRMCA - National Ready Mixed Concrete Association. 2014
2. LIMA, Renilda Batista da Silva; SILVA, Antonio Sergio Ramos da;COSTA, Fernanda Nepomuceno. «REAÇÃO
ÁLCALI AGREGADO E SEUS EFEITOS NA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS» (http://www.joinville.udesc.br/portal/
professores/carmeane/materiais/ART_020709.pdf) (PDF)
3. «Início de Ocorrências de Ataque da Reação Álcali-Agregado em Fundações de Estruturas de Concreto - CREA -
RN» (http://www.crea-rn.org.br/artigos/ver/101). www.crea-rn.org.br. Consultado em 17 de outubro de 2015
4. Patrícia Neves Silva Selmo Chapira Kupeiman (2008). «Reação álcali-agregado nas usinas hidroelétricas do
complexo Paulo» (http://www.pcc.usp.br/files/text/publications/BT_00480.pdf) (PDF). Escola Politécnica da USP -
Departamento de Engenharia de Construção Civil. Consultado em 17 de outubro de 2015
5. Luciana Ericeira Lopes. «MODELAGEM MECÂNICA E NUMÉRICA DA REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO COM
APLICAÇÃO A BARRAGENS DE CONCRETO» (http://wwwp.coc.ufrj.br/teses/doutorado/estruturas/2004/Teses/L
OPES_LE_04_t_D_est.pdf) (PDF). Consultado em 17 de outubro de 2015
6. Gisele Jesus (2008). «Identificação e análise da reação álcali-agregado segundo metodologia de ensaio
laboratoriais» (http://engenharia.anhembi.br/tcc-08/civil-25.pdf) (PDF). Consultado em 17 de outubro de 2015
7. Arnaldo Forti Battagin (15 de outubro de 2010). «A experiencia da aplicação da norma brasileira de reação álcali-
agregado» (http://www.ibracon.org.br/eventos/52cbc/ARNALDO.pdf) (PDF). Ibracon. Consultado em 17 de outubro
de 2015
8. «Reações álcalis-agregado em estruturas de concreto | E-Civil» (http://www.ecivilnet.com/artigos/reacoes_alcalis_
agregado.htm). www.ecivilnet.com. Consultado em 17 de outubro de 2015
9. Lira Madureira, Edmilson (2007). «Simulação numérica do comportamento mecânico de elementos de concreto
armado afetados pela reação álcali-agregado» (http://repositorio.ufpe.br/bitstream/handle/123456789/5328/arquiv
o6262_1.pdf?sequence=1&isAllowed=y) (PDF). UFPE. Consultado em 18 de outubro de 2015
10. SILVEIRA, Ana Lívia Zeitune de Paula. (Jul 2006). «Estudo da reação álcali-agregado em rochas carbonáticas»
(http://repositorio.unb.br/handle/10482/6503). Dissertação (Mestrado em Geociências)-Universidade de Brasília.
Consultado em 17 de outubro de 2015
11. «Alkali-Aggregate Reaction» (http://www.cement.org/for-concrete-books-learning/concrete-technology/durability/al
kali-aggregate-reaction). Portland Cement Association
12. ANNA PAULA GUIDA FERREIRA (2008). «MODELAGEM DA EXPANSÃO POR REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO
DO CONCRETO» (http://www.ufjf.br/mac/files/2009/06/tfc_final.pdf) (PDF). UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ
DE FORA - CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL. Consultado em 18 de outubro de 2015

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