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Licenciatura em Engenharia Hidráulica

Modelação Hidrológica
Turma: H31. 3º Ano. Io Semestre

DISCENTE DOCENTE
Abel Alberto Murinane Prof. Doutor Felex Banze

Songo, Março de 2024


Índice
1.1 O que se espera aprender na Unidade de competência Modelação Hidrológica .... 1.1.1-4
1.1.1 O Ciclo hidrológico ...................................................................................... 1.1.1-4
1.1.2 Componentes do ciclo hidrológico ............................................................... 1.1.2-5
1.1.3 Modelação hidrológica ................................................................................. 1.1.3-6
1.1.4 Porquê estudar o ciclo hidrológico ............................................................... 1.1.4-6
1.1.5 Meteorologia Agrícola ................................................................................. 1.1.5-7
1.1.6 Componente do balanço hídrico para condições naturais ............................ 1.1.6-8
1.1 O que se espera aprender na Unidade de competência Modelação
Hidrológica
Na unidade de competência Modelação Hidrológica, espera-se aprender sobre os
modernos modelos hidrológicos.

Como usar a unidade de competência Modelação Hidrológica para contribuir na


prevenção e mitigação de desastres naturais à medida que passa a compreender os
factores condicionantes que geram os fenómenos naturais, possibilitando aumentar a
resistência potencial da sociedade contra esses fenómenos

1.1.1 O Ciclo hidrológico


É o fenómeno global de circulação fechada da água entre a superfície terrestre e a
atmosfera, impulsionado fundamentalmente pela energia solar associada à gravidade e à
rotação terrestre. O conceito de ciclo hidrológico está ligado ao movimento e à troca de
água nos seus diferentes estados físicos, que ocorre na Hidrosfera, entre os oceanos, as
calotes de gelo, as águas superficiais, as águas subterrâneas e a atmosfera. Este
movimento permanente deve-se ao Sol, que fornece a energia para elevar a água da
superfície terrestre para a atmosfera (evaporação), e à gravidade, que faz com que a
água condensada se caia (precipitação) e que, uma vez na superfície, circule através de
linhas de água que se reúnem em rios até atingir os oceanos (escoamento superficial) ou
se infiltre nos solos e nas rochas, através dos seus poros, fissuras e fracturas
(escoamento subterrâneo).

Nem toda a água precipitada alcança a superfície terrestre, já que uma parte, na sua
queda, pode ser interceptada pela vegetação e volta a evaporar-se. A água que se infiltra
no solo é sujeita a evaporação directa para a atmosfera e é absorvida pela vegetação, que
através da transpiração, a devolve à atmosfera. Este processo chamado
evapotranspiração ocorre no topo da zona não saturada, ou seja, na zona onde os
espaços entre as partículas de solo contêm tanto ar como água. A água que continua a
infiltrar-se e atinge a zona saturada, entra na circulação subterrânea e contribui para um
aumento da água armazenada (recarga dos aquíferos).

No entanto, a água subterrânea pode ressurgir à superfície (nascentes) e alimentar as


linhas de água ou ser descarregada directamente no oceano. A quantidade de água e a
velocidade com que ela circula nas diferentes fases do ciclo hidrológico são
influenciadas por diversos factores como, por exemplo, a cobertura vegetal, altitude,
topografia, temperatura, tipo de solo e geologia.

O ciclo hidrológico não tem um início nem um fim, no entanto, para o descrever é usual
definir um ponto de início, por exemplo a atmosfera. O vapor de água existente na
atmosfera, transportado pela circulação atmosférica alimenta as nuvens a partir das
quais se forma a precipitação, fundamentalmente sob a forma de chuva e neve. A água
precipitada na superfície terrestre segue vários caminhos: uma parte é evaporada
durante a queda; outra parte é interceptada (plantas, casas, etc.) sendo também
evaporada; uma outra parte dá lugar ao escoamento superficial que se dirige para os rios
que por sua vez alimentam os lagos e oceanos donde é evaporada; outra parte infiltra-se,
humedece o solo que também é fonte de evaporação, alimenta as plantas através das
quais volta à atmosfera por transpiração, ou alimenta os aquíferos que por sua vez
alimentam os cursos de água donde será também evaporada, fechando-se assim o ciclo.

1.1.2 Componentes do ciclo hidrológico


1.1.3 Modelação hidrológica
Modelação hidrológica é o campo funcional da hidrologia que visa o desenvolvimento e
a validação de modelos hidrológicos, isto é de representações conceptuais simplificadas
do ciclo hidrológico, ou de qualquer das suas componentes, visando a previsão
hidrológica, a simulação de escoamentos ou da evolução da disponibilidade e da
qualidade da água. Os modernos modelos hidrológicos agrupam-se em dois tipos
principais: (1) os modelos com base nos processos físicos, em que se visa a simulação
dos processos hidrológicos e de qualidade das águas através de equações de carácter
determinístico ou empíricas construídas com recurso aos conceitos da mecânica dos
fluidos e de outros ramos da física, da química e da biologia; e (2) os modelos
estocásticos, construídos com recurso a relações assentes nas leis da probabilidade e na
aplicações das regras da aleatoriedade, encarando os processos hidrológicos como uma
caixa preta. Em geral a modelação hidrológica está associada à modelação da qualidade
da água, sendo comuns os modelos que juntam ambas as componentes.

1.1.4 Porquê estudar o ciclo hidrológico


Lencastre e França (1984) destaca entre outros aspectos que a Modelação Hidrológica é
importante por actuar no controle de cheias e por “procurar controlar, sobretudo a parte
da precipitação que influi à rede hidrográfica, tirando benefícios do ciclo hidrológico
natural”. Ele destaca ainda que as componentes do ciclo hidrológico de maior interesse
da Hidrologia são a precipitação e o escoamento superficial. Assim, a ciência
hidrológica está directamente relacionada aos desastres naturais ocasionados
principalmente por inundações/enchentes e secas e, indirectamente, com os movimentos
de massa, a erosão e o assoreamento. Neste ínterim, a ciência hidrológica passa a ter
grande importância na tomada de decisão, no sentido de prevenir e minimizar os efeitos
provocados pelos desastres naturais no mundo.

A Modelação Hidrológica pode contribuir na prevenção e mitigação de desastres


naturais à medida que passa a compreender os factores condicionantes que geram os
fenómenos naturais, possibilitando aumentar a resistência potencial da sociedade contra
esses fenómenos. Kobiyama etal. (2004) citam que as formas de actuação na mitigação
de desastres naturais são as pesquisas de monitoramento (contínuo em tempo real) e
modelagem que servirão de base ao zoneamento de áreas de perigo e/ou risco e ao
sistema de alerta.
1.1.4.1 Balanço Hídrico

Esquematização de balanço hídrico

O balanço hídrico nada mais é do que o computo das entradas e saídas de água de um
sistema. Várias escalas espaciais podem ser consideradas para se contabilizar o balanço
hídrico. Na escala macro, o “balanço hídrico” é o próprio “ciclo hidrológico”, cujo
resultado nos fornecerá a água disponível no sistema (no solo, rios, lagos, vegetação
húmida e oceanos), ou seja na biosfera.

1.1.5 Meteorologia Agrícola


Em uma escala intermediária, representada por uma micro-bacia hidrográfica, o balanço
hídrico resulta na vazão de água desse sistema. Para períodos em que a chuva é menor
do que a demanda atmosférica por vapor d´água, a vazão (Q) diminui, ao passo em que
nos períodos em que a chuva supera a demanda, Q aumenta.

Na escala local, no caso de uma cultura, o balanço hídrico tem por objectivo estabelecer
a variação de armazenamento e, consequentemente, a disponibilidade de água no solo.
Conhecendo-se qual a humidade do solo ou quanto de água este armazena é possível se
determinar se a cultura está sofrendo deficiência hídrica, a qual está intimamente ligada
aos níveis de rendimento dessa lavoura.
1.1.6 Componente do balanço hídrico para condições naturais

Entradas

P = chuva

O = orvalho

Ri = escorrimento superficial

DLi = escorrimento sub-superficial AC = ascensão capilar

Saídas

ET = evapotranspiração

Ro = escorrimento superficial

DLo = escorrimento sub-superficial

DP = drenagem profunda
1.1.6.1 Dedução da equação do balanço hídrico
O ciclo hidrológico pode ser expresso através de uma equação geral de balanço de água,
para uma dada região.

Onde I e O representam, respectivamente, a quantidade de água que entra e sai do


sistema, e ∆S representa a variação no armazenamento de água no interior do sistema.
Para uma dada região, pode estabelecer-se a seguinte equação, que traduz o balanço
hidrológico total.

onde P é a precipitação (que representa uma entrada no sistema), Rsup e Rsub são,
respectivamente, o escoamento superficial e subterrâneo (que representam saídas do
sistema), ET é a evapotranspiração (que representa uma saída do sistema) e ∆Ssup,
∆Ssol e ∆Ssub são, as variações de água, respectivamente, na superfície, no solo e no
subsolo. A equação do balanço hidrológico (1.2) pode ser simplificada se considerarmos
a região da bacia hidrográfica e se considerarmos um intervalo de tempo
suficientemente longo para que as variações nos armazenamentos (termo direito da
equação) possam ser consideradas nulas. Assim, e agrupando os escoamentos,
superficial e subterrâneo, numa única variável R, podemos escrever.

Ou
Referências bibliográficas

Chow Ven Te; Maidment D. R.; Mays, L. W. (1988). Applied Hydrology, McGraw-
Hill, New York. Hipólito J. R. e Vaz, A. C. (2011). Hidrologia e Recursos Hídricos, IST
Press, Lisboa. INAG, SNIRH (2010). http://snirh.inag.pt/ Lencastre A. e Franco F. M.
(2003). Lições de Hidrologia, Fundação Armando Lencastre, Lisboa. Quintela A. C.
(1992). Hidráulica aplicada. Parte I - Hidrologia e Recursos Hídricos. Instituto Superior
Técnico. Lisboa. Viessman Jr. W.; Knapp J. W.; Lewis G. L. and Harbaugh T. E.
(1977). Introduction to Hydrology, Second edition, Harper and Row, New

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