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HIDROLOGIA APLICADA A

BARRAGENS

UNIDADE I
CONCEITOS HIDROLÓGICOS APLICADOS
Elaboração
Igor Brumano Coelho Amaral

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

UNIDADE I
CONCEITOS HIDROLÓGICOS APLICADOS................................................................................................................................... 5

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO À HIDROLOGIA................................................................................................................................................. 7

CAPÍTULO 2
PRECIPITAÇÃO............................................................................................................................................................................. 11

CAPÍTULO 3
INFILTRAÇÃO E EVAPORAÇÃO.............................................................................................................................................. 15

REFERÊNCIAS............................................................................................................................................... 20
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CONCEITOS
HIDROLÓGICOS UNIDADE I
APLICADOS

O estudo dos conceitos hidrológicos é de suma importância para a compreensão


dos processos físicos relacionados à ação da água nas estruturas das barragens,
sobretudo as barragens de rejeitos.

No século XIX, iniciaram-se medições sistemáticas de precipitações e vazões para


análises do comportamento de bacias hidrográficas e, posteriormente, foram sendo
incorporados aos estudos indicadores estatísticos com base nos dados coletados.
Atualmente, com o uso de computadores, as técnicas estatísticas e numéricas
propiciaram o desenvolvimento de modelos precipitação-vazão.

Nesta unidade, trataremos de considerações gerais sobre diversos conceitos


hidrológicos aplicados. No primeiro capítulo, são apresentados conceitos iniciais de
hidrologia, como a compreensão do ciclo hidrológico e sua importância no estudo de
previsão de cheias em reservatórios.

No segundo capítulo, estudaremos o fenômeno da precipitação, os tipos de chuva


e os métodos utilizados para medição e previsão de ocorrência de cheias. Por fim,
no terceiro capítulo, serão apresentados mais a fundo os fenômenos de infiltração
e evaporação, bem como os ensaios realizados para estimativa dos parâmetros
necessários para compreendê-los.

Figura 1. Barragem em Goiás extravasa com fortes chuvas.

Fonte: Defato (2020).

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UNIDADE i | Conceitos hidrológicos aplicados

Objetivos da Unidade
» Relembrar conceitos importantes de hidrologia.

» Compreender a importância do estudo do ciclo hidrológico.

» Conhecer o fenômeno da precipitação e aprender a medi-lo.

» Aprofundar conceitos sobre evaporação e infiltração.

» Conhecer os métodos de estimativa da evaporação e da infiltração.

» Conhecer os fatores que influenciam na infiltração no solo.

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CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO À HIDROLOGIA

A hidrologia envolve o estudo da água presente na Terra, bem como sua


distribuição, ciclo hidrológico, propriedades físicas e químicas e relações com
o meio em que se insere. A esse estudo adicionam-se os aspectos relacionados
a impactos ambientais e poluição de cursos hídricos por atividades humanas,
buscando compatibilizar o uso e a conservação dos recursos.

Os pesquisadores que estudam os aspectos hidrológicos são chamados hidrologistas.


Entre seus objetos de estudo, encontram-se o abastecimento doméstico e industrial
por meio da captação de água de cursos hídricos, além da avaliação das condições de
contaminação e escassez que podem ocorrer em águas superficiais ou subterrâneas.

Os estudos dos aspectos hidrológicos, sobretudo quanto à distribuição dos recursos


hídricos, são importantes para o controle de inundações, enchentes, geração de
energia hidrelétrica e projetos de irrigação, como visto nas figuras a seguir.

Figura 2. Esquema de irrigação em cultura de cebolas.

Fonte: Pinto, Costa e Resende (2007).

Figura 3. Usina hidrelétrica de Itaipu.

Fonte: Globo (2014).

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UNIDADE i | Conceitos hidrológicos aplicados

Figura 4. Enchente na cidade de Encantado-RS em 2020.

Fonte: Independente (2020).

O estudo das águas marítimas, oceanos e zonas costeiras é realizado por


oceanógrafos, que buscam entender as condições físicas, químicas e biológicas
desses ambientes. Esse estudo também é importante para estudo de ciclos
hidrológicos e previsões climáticas, bem como para interação das comunidades
litorâneas e costeiras com o mar.

Um dos aspectos mais estudados pelos hidrologistas é o ciclo hidrológico, que


envolve as análises de distribuição e circulação da água no planeta. Chamamos
de hidrosfera os conjuntos hídricos que compõem e cobrem a superfície terrestre.
Uma ilustração do ciclo hidrológico pode ser vista na figura 5 a seguir.

Figura 5. Enchente na cidade de Encantado-RS em 2020.

Armazenamento
na atmosfera Condensação
Sublimação

Armazenamento
de gelo e neve
Evapotranspiração
Degelo e Precipitação
escoamento
Evaporação

Escoamento
superficial Armazenamento
de água doce

Infiltração

Armazenamento
Armazenamento nos oceanos
no subsolo

Fonte: adaptada de Escola Educação (2020).

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Conceitos hidrológicos aplicados | UNIDADE i

Os processos descritos no ciclo hidrológico envolvem as mudanças no estado físico


da água como um ciclo fechado, no qual a água parte do estado líquido presente na
superfície evapora-se, transformando-se em vapor d’água, que se condensa para a
formação das nuvens e retorna para a superfície por meio da precipitação.

Dessa forma, a água que bebemos hoje pode já ter sido bebida por outros há algum
tempo e ter viajado por quilômetros até nosso copo. Isso significa dizer que a massa
de água presente no planeta é praticamente constante ao longo do tempo.

A primeira etapa do ciclo hidrológico é marcada pela passagem da água do estado


líquido para vapor, que ocorre com a evaporação direta da água doce superficial e
oceânica e com evapotranspiração, por meio da transpiração dos organismos da
fauna e flora terrestre. Fatores importantes que aumentam a evaporação da água
líquida são o calor, geralmente ligado à luz solar, e o vento, que carreia partículas
líquidas e ajudam a dispersá-las no ar.

O vapor d’agua também pode ser formado por meio da sublimação do gelo e da
neve superficial, no qual a água no estado sólido passa ao estado de vapor sem
passar pelo estado líquido intermediário. No entanto, pode ocorrer o degelo com
o derretimento de camadas de gelo e neve, quando a água passa do estado sólido
para o líquido, incorporando-se ao escoamento superficial.

Quando presente na atmosfera, o vapor d’água se condensa voltando ao estado


líquido, ocorrendo a formação das nuvens para armazenamento da água na
atmosfera. Das nuvens, a água líquida pode se precipitar e cair sobre a superfície
sob a forma de chuva, granizo, nevascas etc. O processo de precipitação é tratado
mais detalhadamente no Capítulo 2 desta unidade.

Além do armazenamento da água superficial, temos também o armazenamento no


subsolo por meio da infiltração da água. Esses processos são tratados no Capítulo 3
desta unidade.

Em suma, o ciclo hidrológico tem grande influência no microclima de uma região,


além de desempenhar papel importante na purificação da água por meio da
evaporação, quando apenas as moléculas de água evaporam e, posteriormente,
precipitam, e as impurezas permanecem na superfície.

Dito isso, é nítida a importância dos estudos hidrológicos, sobretudo na avaliação


da construção de barragens de rejeitos, uma vez que o regime de chuvas na
região de implantação estudado pelos hidrologistas deve apresentar informações
importantes sobre os períodos e volumes de cheia dos reservatórios. Esses

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UNIDADE i | Conceitos hidrológicos aplicados

aspectos são importantes para o projeto das barragens e reservatórios, crucial


para a determinação da altura de uma barragem, por exemplo.

Hidrologia: ciência e aplicação (2007)

Autor: Carlos E. M. Tucci

Editora: UFRGS

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CAPÍTULO 2
PRECIPITAÇÃO
A precipitação é o processo pelo qual as moléculas de água presentes nas nuvens
caem de volta à superfície terrestre. Chamamos a distribuição das chuvas ao
longo do tempo de regime hidrológico, o que depende das condições climáticas
e geológicas da região. Essas características determinam a temperatura média, a
umidade e o vento na região, interferindo diretamente na frequência e quantidade
de chuva.

As nuvens desempenham papel importante na etapa de precipitação do ciclo


hidrológico. Elas são formadas por minúsculas partículas de gelo ou água em
suspensão na atmosfera que, ao provocar a saturação do ar, tornam-se visíveis.

A água presente nas nuvens encontra-se sob a forma de partículas líquidas bem
espaçadas e dispersas, que devem se precipitar justamente quando ocorrer
aglomeração das moléculas e crescimento das gotas mais pesadas. Essa aglomeração
pode ocorrer por variações na pressão e pela ação do vento, por exemplo.

Um dos processos de formação das gotas de chuva é conhecido como coalescência,


caracterizado pelo aumento do tamanho das gotas nas nuvens por aglutinação em
razão do movimento constante em que elas se encontram. Essa aglutinação pode
estar relacionada ao movimento de massas de ar ou à atração elétrica entre as
moléculas de água.

Dessa forma, a aglutinação das moléculas de água forma gotas pesadas o suficiente
para superar a resistência do ar atmosférico, provocando queda e, portanto, as
precipitações.

Para estudarmos a precipitação em uma região de interesse, devemos conhecer os


três tipos de chuva que podem ocorrer, como podem ser vistos na figura 6.

Figura 6. Os tipos de chuva.

Tipos de chuva
Ar quente
Ar frio
Condensação

Evapotranspiração

Chuva frontal
Chuva convectiva
Vento
Sotavento
Barlavento (sem chuva)
(com chuva)
Mar

Fonte: adaptada de So Geografia (201?).

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UNIDADE i | Conceitos hidrológicos aplicados

As chuvas frontais ou ciclônicas são causadas pelo encontro de uma massa


de ar quente e úmida com outra fria e seca. A massa de ar quente, por ser menos
densa, sobrepõe-se à massa de ar frio, o que leva ao processo de condensação e
posterior precipitação. Esse tipo de chuva, apesar de apresentarem intensidade
mais moderada, costumam ter longa duração e se estender a grandes áreas.

As chuvas orográficas ou de relevo ocorrem devido ao encontro de uma massa


de ar úmida com uma barreira geológica íngreme, como picos e montanhas. Esse
tipo de chuva ocorre, geralmente, em regiões litorâneas e acaba por impedir que a
umidade adentre o continente.

Por sua vez, as chuvas convectivas ou chuvas de verão ocorrem pela


movimentação vertical das massas de ar. Essa convecção representa a inversão
das posições entre a massa de ar quente, que sobe carregando a umidade da
superfície, e a massa de ar frio, que desce. Esse tipo de chuva ocorre em regiões
mais concentradas e tem curta duração, mas pode ter grande intensidade.

O estudo das precipitações envolve, então, algumas medições que podem ser
realizadas para caracterizar o regime de chuvas em uma determinada região. Essas
características envolvem o volume da chuva e sua duração, permitindo determinar
a intensidade da precipitação.

Figura 7. Grandezas envolvidas nas medidas pluviométricas.

ALTURA PLUVIOMÉTRICA

• É a medida em milímetros da altura de uma camada de chuva em uma


superfície plana e impermeável.
• Sua medição é realizada nos pluviômetros ou pluviógrafos.

DURAÇÃO

• É o tempo transcorrido desde o início de uma precipitação até seu término.


• Expressa em minutos ou horas.

INTENSIDADE

• É a relação entre a altura da chuva e sua duração.


• Expressa em mm/min ou mm/h.

Fonte: elaborada pelo autor (2020).

A intensidade (I) de uma chuva é dada pela equação 1 abaixo.

[1]

Sendo h a altura expressa em mm e t, o tempo em minutos ou horas.

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Conceitos hidrológicos aplicados | UNIDADE i

O pluviômetro é um aparelho composto por um funil receptor de chuva de


dimensões padronizadas conectado a uma proveta graduada para medição da
altura da chuva acumulada no período de leitura.

Já o pluviógrafo é um aparelho automático que registra variações no nível


d’água no receptor da chuva de modo contínuo.

É importante destacar que, em bacias muito grandes, os pluviômetros devem ser


instalados em diversos pontos, pois a intensidade da precipitação não é constante
ao longo de toda a região. Nas figuras 8 e 9, podemos visualizar um pluviômetro e
um pluviógrafo.

Figura 8. Pluviômetro: (a) Modelo Ville de Paris; (b) Padrão de instalação.

400 cm² de “boca”

Pluviômetro
Tipo Ville de Paris

1,50 m

(a) (b) (c)

Fonte: Batista (2019).

Figura 9. Pluviógrafo.

Fonte: Estação (2011).

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UNIDADE i | Conceitos hidrológicos aplicados

Nas análises de precipitação, é importante a interpretação de hidrogramas,


que se trata da representação gráfica de relação entre a vazão (Q) e o tempo (t)
num determinado curso hídrico. Esses gráficos são importantes para o estudo do
escoamento superficial e subterrâneo, portanto trataremos mais detalhadamente no
Capítulo 1 da Unidade II.

Dessa forma, destacamos a importância do conhecimento do regime pluviométrico


da região em que se pretende implantar uma obra de barragem, pois a ocorrência de
fenômenos de chuva intensos pode levar à saturação e ao incremento de carga nos
maciços, o que pode levar à instabilidade e à ruptura.

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CAPÍTULO 3
INFILTRAÇÃO E EVAPORAÇÃO

A infiltração da água das chuvas é um fenômeno importante para molhagem do


solo e reabastecimento de aquíferos subterrâneos. Ela ocorre com a penetração da
água precipitada em meio aos vazios do solo por ação da gravidade.

A ocorrência desse fenômeno é importante para o amortecimento de cheias e


diminuição do escoamento superficial, que deve começar a ocorrer quando houver
a saturação da superfície permeável. Quando o solo se satura, é formado um
espelho d’água superficial que, em locais íngremes, escoam em busca do ponto
mais baixo para se depositar. Esse fenômeno de escoamento tem implicação direta
nos processos erosivos e de inundações.

Comumente dividimos a infiltração em três etapas: o intercâmbio, a descida ou


redistribuição e a circulação, conforme descrito abaixo:

» Intercâmbio: nessa etapa, a água penetra as camadas superficiais do solo,


podendo retornar à atmosfera por capilaridade e evaporação ou ser absorvida
pela vegetação.

» Descida ou redistribuição: ocorre quando a água começa a atingir


camadas mais inferiores do solo até uma camada impermeável, que pode
ser composta por solo compacto ou rochas. Essa etapa ocorre quando há
saturação das camadas superiores enquanto as camadas inferiores ainda
não estão saturadas.

» Circulação: está relacionada ao abastecimento dos aquíferos subterrâneos,


quando a água tende a se acumular e sofrer movimentações subterrâneas.

Podemos dividir o solo em camadas ou zonas de acordo com a profundidade e


distribuição da umidade, conforme pode ser visto na figura 10.

Figura 10. Zonas de umidade no solo durante o processo de infiltração.

Zona de transição:
Região em que o teor de umidade Zona de saturação:
decresce rapidamente com a Região em que o solo está saturado.
profundidade. Aproximadamente 5,0 cm. Aproximadamente 1,5 cm.

Zona de transmissão:
Região em que o teor de umidade varia
pouco em relação ao tempo,
caracterizando uma infiltração mais lenta.

Zona de umedecimento:
Região em que o teor de umidade
decresce rapidamente com a
profundidade.
Frente de umedecimento:
Região de grande gradiente hidráulico que
representa o limite da movimentação de
água subterrânea.

Fonte: elaborada pelo autor (2020).

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UNIDADE i | Conceitos hidrológicos aplicados

O estudo da infiltração envolve equações matemáticas complexas que seguem


avaliações experimentais e são específicas a cada região e sobretudo ao tipo de
solo. Algumas características que influenciam na infiltração são:

» Granulometria: a distribuição granulométrica das partículas do solo é


uma característica importante para entender os processos de colmatação
(preenchimento dos vazios).

» Porosidade: relaciona o volume de vazios com o volume total do solo em


percentagem (%).

» Capacidade de infiltração (CI): caracteriza a quantidade máxima de


umidade que um solo por unidade de tempo, dada em mm/h.

» Taxa de infiltração (TI): caracteriza a velocidade com que a água penetra e


escoa em um solo saturado, dada em mm/h.

Quando há excesso de precipitação, a taxa de infiltração pode se igualar à capacidade


de infiltração do solo, inicialmente mais alto, mas que se torna constante com o
passar do tempo. A taxa de infiltração pode ser dada pela equação 2, que relaciona
a infiltração acumulada (I), em mm, e o tempo (t), em h.




[2]

O movimento da água que infiltra no solo pode ser representado pela equação 3
de Darcy, que permite calcular a densidade de fluxo (q) em mm/h.

[3]

Sendo K0 a condutividade hidráulica no solo saturado (mm/h); H o potencial total


de água no solo saturado (mm); e z a distância entre os pontos considerados (mm).

O gradiente hidráulico é dado pela parcela � e representa a intensidade do


escoamento da água no solo saturado. A equação é válida apenas em condições
de escoamento laminar, segundo a lei de Darcy. Em casos de solo não saturado, a
equação pode ser descrita conforme a Equação 4.

[4]

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Conceitos hidrológicos aplicados | UNIDADE i

Sendo K(θ) a condutividade hidráulica num determinado teor de umidade (θ);


Ψ, o potencial matricial de água no solo; e Z o potencial gravitacional de água
no solo.

A aplicação da equação 4 permite compreender o comportamento da infiltração


de água no solo não saturado, que apresenta uma taxa de infiltração muito alta no
início, que se tornará constante rapidamente.

A infiltração da água no solo depende de alguns fatores específicos, como mostrado


na figura 11.

Figura 11. Fatores que influenciam a infiltração.

Condições superficiais
• Condições de permeabilidade da superfície, se há cobertura vegetal ou
cobertura impermeável, por exemplo.
• A cobertura vegetal também ajuda a reduzir o escoamento superficial, portanto
pode aumentar a lâmina d'água sobre o solo e, consequentemente, a
infiltração.
• Por sua vez, a presença de sistemas radiculares cria fendas e caminhos no
solo para infiltração.
Tipo de solo
• Textura, granulometria e estrutura do solo influenciam na infiltração.

Condições no solo
• Algumas alterações realizadas no solo podem alterar suas propriedades e
favorecer ou não a infiltração.
• Solos compactados têm capacidade de infiltração reduzida. Essa compactação
pode ocorrer por máquinas, animais ou pelo impacto de gotas de chuva ou de
sistemas de irrigação.
• A cobertura vegetal reduz o impacto das gotas de chuva na compactação do
solo.
• Caso haja a presença de fendas no solo, artificiais ou naturais, a infiltração
ocorre mais rápida.
Umidade do solo
• Como visto, se o solo não estiver seco, a taxa de infiltração é menor.

Carga hidráulica
• Quanto maior a lâmina d'água sobre o solo, maior a taxa de infiltração.

Temperatura
• O aumento da temperatura diminui a viscosidade do solo, portanto torna o
processo de infiltração mais fácil.

Fonte: elaborada pelo autor (2020).

Dessa forma, há alguns métodos para cálculo da capacidade de infiltração (CI), os


quais serão apresentados no Capítulo 2 da Unidade II.

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UNIDADE i | Conceitos hidrológicos aplicados

Podemos, assim, compreender a importância da investigação dos processos de


infiltração na região de implantação da barragem ou outras obras hidráulicas,
sobretudo em barragens com maciço de terra e outras.

O fenômeno de evaporação consiste na mudança de estado físico da água do estado


líquido para o vapor, sendo transmitida para a atmosfera. Além da evaporação,
outro fenômeno de retorno da água para a atmosfera é a transpiração dos seres
vivos que compõem a Terra, mas, no nosso caso de estudo, de reservatórios e
barragens, iremos nos concentrar apenas na evaporação.

Como vimos no Capítulo 1 desta Unidade, alguns fatores podem agilizar esse
processo, como a energia térmica em razão da luz do sol, a energia cinética dos
ventos, umidade relativa do ar e outros.

Qualquer água superficial está sujeita à evaporação, sejam rios, lagos, reservatórios,
oceanos etc., e existem alguns métodos para medição da intensidade de evaporação
descritos abaixo:

» Evaporímetros: são instrumentos para medição direta da evaporação com


a utilização de atmômetros e tanques de evaporação. Um exemplo pode ser
visto na figura 12.

Figura 12. Tanque medidor de evaporação.

Fonte: IG Instrumentos (2006).

» Transferência de massa: o método de transferência de massa se baseia na


Equação 5 abaixo.

��
[5]

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Sendo E0 a medida da evaporação; C o coeficiente característico de localidade; es a


pressão de vapor de saturação; e e a pressão de vapor do ar.

» Balanço hídrico: podemos utilizar o balanço hídrico para estimar a variação


de volume de um reservatório conforme a Equação 6 abaixo:

� ��� �

[6]

Sendo V o volume de água do reservatório; t o tempo; I e Q a vazão de entrada e


de saída do reservatório, respectivamente; E 0 a evaporação; P a precipitação; e A
a área do reservatório.

O uso da Equação 6 pode ser simplificado utilizando métodos matemáticos


conhecidos e deve ser analisada caso a caso.

Dessa maneira, sabemos da importância do estudo da evaporação para cálculo do


volume do reservatório e da concentração da lama de rejeito, imprescindíveis para
dimensionamento e projeto das estruturas hidráulicas.

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REFERÊNCIAS

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Referências

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