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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

Delegação de Chimoio
Licenciatura em Eng. Agropecuária

Tema:
Processo De Transporte Da Água Nas Células Vegetais

Docente: Drs: Joia Godinho e Danúbio Estevão

Chimoio, Março de 2023


INSTITUTO SUPERIOR MUTASA
Delegação de Chimoio
Licenciatura em Eng. Agropecuária
2o Ano
Cadeira:
Fisiologia Vegetal
Turma: B
Tema:
Processo De Transporte Da Água Nas Células Vegetais

Discentes:
Cíntia da Márcia
João Rodrigues
Nélia Inês Cumuca
Dalton Da Conceição
Rubina Tenesse
Esmael Samuel

Docente: Drs: Joia Godinho e Danúbio Estevão

Chimoio, Março de 2023

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Índice
Introdução......................................................................................................................1

Objectivos......................................................................................................................2

Gerais.............................................................................................................................2

Específicos.....................................................................................................................2

Metodologia...................................................................................................................2

Processo De Transporte Da Água Nas Células Vegetais...............................................3

A água na vida das plantas.............................................................................................3

Estrutura e propriedades da água...................................................................................3

Processos de transporte de água.....................................................................................4

Fluxo de massa...............................................................................................................4

Osmose ..........................................................................................................................5

Componentes do potencial hídrico................................................................................6

Fluxo da água na célula ao longo de gradiente de potencial hídrico.............................7

Avaliação do “status” hídrico da planta.........................................................................9

Balanço hídrico das plantas.........................................................................................10

Absorção de água pelas raízes.....................................................................................11

Transporte de água para a parte aérea..........................................................................11

Movimento de água da folha para a atmosfera............................................................12

Causas da deficiência hídrica.......................................................................................14

Considerações Finais...................................................................................................15

Referencias Bibliográficas...........................................................................................16

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Introdução
Apesar da importância da água para o metabolismo vegetal, assim como para a sua
constituição, a quantidade de água existente na planta é pequena, quando comparada
com a quantidade de água que passa pela planta através da transpiração. Porém, a
transpiração tem efeitos importantes na agricultura tropical, como o resfriamento da
folha, pois, para evaporar-se na folha, a água absorve energia térmica desta (devido ao
seu alto calor de vaporização reduzindo a temperatura foliar em 2 a 3°C (Milburn,
1979). Além do resfriamento da folha, a transpiração tem também importância para a
aquisição e transporte dos nutrientes do solo para os diferentes tecidos do vegetal. Ainda
segundo Milburn (1979), o fluxo transpiratório auxilia o transporte e absorção de
nutrientes quando estes são abundantes, mas o principal efeito da transpiração é o
resfriamento de folhas, que pode cessar com o fechamento estomático, pois estas são
mais capazes de conviver com altas temperaturas que com a falta d’água. Em termos
químicos, a água é importante na reação fotossintética, por exemplo, pois seis moléculas
de CO2 reagem com uma molécula de H2O para formar uma molécula de glicose. Mas
deve-se ressaltar que, com a desidratação dos tecidos de vegetais superiores, em geral, a
morte da planta ocorre quando o conteúdo de água se situa em torno de 75% e, portanto,
ainda existe uma grande quantidade de água para a reação fotossintética (Kramer &
Boyer, 1995).

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Objectivos

Gerais
 Compreender o Processo De Transporte Da Água Nas Células Vegetais.

Específicos
 Descrever o Processos de transporte de água;
 Falar dos Componentes do potencial hídrico;
 Compreender o Transporte de água para a parte aérea;

Metodologia
Para elaboração deste trabalho utilizou-se ao método bibliográfico que consistiu na
consulta de obras bibliográficas e internet, método descritivo que consistiu na descrição
de informações recolhidas nas diferentes obras.

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Processo De Transporte Da Água Nas Células Vegetais

A água na vida das plantas


Falar da importância da água para as plantas constitui um truísmo. Sabe-se que a vida se
originou em ambiente aquático. A água representa de 80 a 95% da massa de tecidos
vegetais em crescimento, sendo o principal constituinte do protoplasma; reagente em
processos químicos (ex.: fotossíntese, hidrólise de ATP, amido, lipídios etc); permite o
desenvolvimento de pressão de turgescência na célula; é responsável por
micromovimentos (estomático, de flores, folíolos etc.); é solvente e “veículo” de
transporte de várias substâncias nas plantas; é também meio através do qual os gametas
móveis efetuam a fertilização, tornando-se essencial, na disseminação de esporos, frutos
e sementes; além de ser um fator ambiental indispensável na distribuição dos vegetais
na biosfera, limitando a produtividade agrícola e de ecossistemas naturais.

Apesar da necessidade de garantir uma percentagem tão elevada de água no seu corpo,
as plantas não podem deslocar-se para ir buscá-la. Assim, a compreensão da forma
como as plantas vão obter, distribuir pelos diferentes tecidos do seu corpo e como a
conseguem armazenar é um dos aspectos fundamentais da Fisiologia Vegetal.

Estrutura e propriedades da água


A água apresenta propriedades especiais que lhe permitem agir como um excelente
solvente e ser prontamente transportada através da planta. Tais propriedades estão
intimamente relacionadas à sua estrutura eletrônica, ou seja, derivam primariamente da
estrutura polar da molécula de água.

A molécula de água consiste de um átomo de oxigênio covalentemente


ligado a dois átomos de hidrogênio (Figura 1.1). A separação de cargas positivas e
negativas gera uma atração elétrica mútua entre moléculas polares, que
possibilita a formação das chamadas pontes de hidrogênio, responsáveis por muitas
das propriedades incomuns da água, tais como alto calor específico (ajuda a manter a
temperatura mais ou menos constante das plantas); alto calor latente de vaporização
(permite às plantas se refrescarem por transpiração); elevados pontos de fusão e de
ebulição; coesão; adesão e tensão superficial.

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Diagrama da molécula de água. As duas ligações intramoleculares hidrogênio-oxigênio formam um
ângulo de 105º. As cargas parciais opostas (δ- e δ+) na molécula de água, levam à formação das pontes de
hidrogênio com outras moléculas de água. Fonte: TAIZ; ZEIGER (2009

Processos de transporte de água


A água se desloca do solo, através da planta, até a atmosfera por meios bastante
variáveis. Logo, quando se estuda as relações hídricas nas plantas, é interessante que se
conheça o que governa o movimento da água. O movimento da água é governado
basicamente por três processos: o fluxo de massa, a difusão e a osmose.

Fluxo de massa
Fluxo de massa é o movimento em conjunto de grupos de moléculas em massa, mais
comumente em resposta a um gradiente de pressão (exemplos: água movendo-se em
uma mangueira de jardim ou em um rio, chuva caindo). O fluxo de massa da água
movido por pressão é responsável pelo transporte de água de longa distância no xilema,
pela maior parte do fluxo de água no solo e nas paredes celulares de tecidos vegetais.

O fluxo de massa é explicado pela equação de Poiseuille, onde: a taxa de fluxo


volumétrico (m3 s-1) depende do raio (r) do tubo, da viscosidade do líquido (η) e do
gradiente de pressão (ψp/∆x) que governa o fluxo.

Difusão
A difusão pode ser interpretada como movimento de moléculas por agitação térmica
aleatória de regiões de alta concentração (alta energia livre) para regiões de baixa
concentração (baixa energia livre). A difusão é calculada pela Lei de Fick:

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Em que Js= densidade de fluxo [mol m-2 s-1]; Ds= coeficiente de difusão; DCs=
diferença de concentração da substância “s”; ∆x = distância entre dois pontos. O sinal
negativo na equação indica que o fluxo ocorre em direção à menor concentração.
A difusão é rápida para curtas distâncias, mas extremamente lenta para longas
distâncias. O tempo médio de difusão para uma distância L é igual a L = L2/Ds, onde
Ds é o coeficiente de difusão, o qual depende da identidade da partícula e do meio onde
ela se difunde.

Osmose
Da mesma forma como ocorre com a difusão molecular e o fluxo de massa governado
por pressão, a osmose ocorre espontaneamente em resposta a uma força propulsora. A
osmose é definida como o movimento de água através de uma membrana seletivamente
permeável devido a um gradiente de potencial hídrico. Neste processo, os dois tipos de
gradientes (concentração de água e de pressão) influenciam o transporte, ou seja, a
direção e a taxa de fluxo de água sobre a membrana são determinados pela soma dessas
duas forças propulsoras. Durante anos, houve muitas dúvidas sobre o movimento da
água através de membranas vegetais. Com a descoberta das aquaporinas, essa incerteza
foi desfeita. As aquaporinas são proteínas integrais de membrana, as quais formam
canais seletivos à água através da membrana (Figura 1.2). Uma vez que a água se
difunde mais rapidamente por meio desses canais que pela dupla camada lipídica, as
aquaporinas facilitam o movimento de água para o interior das células vegetais.

Figura 1.2 Água atravessando a membrana celular de plantas. (A) por difusão de moléculas individuais através da
bicamada lipídica; (B) por fluxo em massa, através de poros seletivos formados por proteínas integrais da membrana,
como as aquaporinas. Fonte: Costa (2001).

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Potencial hídrico

O potencial hídrico (Yw) tem ganhado aceitação pelos fisiologistas vegetais como
medida fundamental do “status” energético da planta. É importante para permitir o
estudo do movimento da água no complexo solo-planta-atmosfera, uma vez que a água
circula nesse sistema sob a ação dos gradientes de potencial hídrico. É uma medida da
energia livre da água por unidade de massa (J kg-1) ou de volume (J m-3). Essas
unidades são equivalentes a unidades de pressão, onde: 0,987atm (atmosfera) = 1 bar =
0,1 MPa (megapascal).

µ - µ º = diferença entre o potencial químico da água e o potencial químico da água pura


(Yw= 0); V = volume molal parcial da água (volume de 1 mol de água:18x10-6
cm3mol1).

Componentes do potencial hídrico


O potencial hídrico é resultante dos seguintes componentes:

Os termos ψp, ψs, ψg e ψm denotam os efeitos da pressão, dos solutos, das forças de
gravidade e de superfície, respectivamente, sobre a energia livre da água. Como o
estado de referência foi estabelecido como zero (Yw= 0), os fatores supracitados podem
aumentar ou diminuir o potencial hídrico, isto é, a energia livre capaz de realizar
trabalho.
Pressão – O termo ψp corresponde ao potencial de pressão ou pressão hidrostática.
Pressão positiva aumenta o ψw, pressão negativa o reduz. A pressão hidrostática
positiva dentro de células é aquela que se refere à pressão de turgor. O ψp também pode
ser negativo, tal como ocorre no xilema e nas paredes entre as células, ou pode ser igual
a zero, como nas células em estado de plasmólise incipiente.

Solutos – O termo ψs, denominado potencial osmótico ou de solutos representa o efeito


de solutos dissolvidos sobre o potencial hídrico. Para soluções diluídas de substâncias
indissociáveis, como a sacarose, o ψs pode ser estimado pela equação de van’t Hoff:

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R = constante dos gases; T = temperatura absoluta (ºK); cs = concentração de soluto na
solução, expressa como osmolalidade (mol L-1). O sinal negativo (-) indica que os
solutos dissolvidos reduzem o ψw da solução em relação ao estado de referência da
água pura.
Gravidade

–Oψg representa o potencial gravitacional e expressa a ação da gravidade sobre a


energia livre da água. Depende da altura (h) da água acima do estado de referência dela,
da densidade da água (ρw) e da aceleração da gravidade (g). Pode ser calculado pela
equação: ψg=ρwgh

Mátrico – o potencial mátrico (ψm) define as influências que as forças superficiais e


espaços intermicelares exercem sobre o potencial químico da água. Pode ser desprezado
ou ter valores negativos. É importante na caracterização do processo de embebição
pelas sementes e nas relações hídricas de solos. A tensão negativa formada nas paredes
celulares e transmitida aos vasos do xilema é também referida como potencial mátrico.

Fluxo da água na célula ao longo de gradiente de potencial hídrico


Para facilitar a compreensão dos conceitos de potencial hídrico e de seus componentes a
nível celular, consideremos, então, as alterações sofridas por uma célula, conforme
exemplificadas na Figura 1.3. Um ponto comum em todos esses exemplos merece
destaque: o fluxo de água através de membranas é um processo passivo, ou seja, a água
move-se em resposta a forças físicas, em direção a regiões de baixo potencial hídrico.

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Figura 1.3 Cinco exemplos ilustram o conceito de potencial hídrico e seus componentes.
(A) Água pura; (B) Solução contendo 0,1 M de sacarose; (C) Célula flácida (em
ar) é mergulhada na solução 0,1 M de sacarose (uma vez que Ψw inicial da célula é
menor que o Ψw da solução, a célula absorve água. Após o equilíbrio, o Ψw da célula
aumenta para igualar o Ψw da solução, e o resultado é uma célula com pressão de
turgor positiva); (D) O aumento da [sacarose] na solução faz a célula perder água,
reduzindo o Ψp no caso, o protoplasto é capaz de se afastar da parede celular ,isto é,
a célula plasmolisa, pois moléculas de sacarose são capazes de passar pelos poros
relativamente grandes das paredes celulares. Por outro lado, quando uma célula seca
ao ar, como a célula flácida no painel C, a plasmólise não ocorre, uma vez que a água
retida por forças capilares na parede celular impede a infiltração do ar para dentro de
qualquer espaço vazio entre a membrana plasmática e a parede celular; e (E) Outra
forma de fazer uma célula perder água é pressioná-la lentamente entre duas placas.
Nesse caso, metade da água celular é removida, de forma que o potencial osmótico
aumenta por um fator 2. Fonte: TAIZ; ZEIGER (2009)

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Avaliação do “status” hídrico da planta
Determinação do potencial hídrico (Yw)

O conceito de potencial hídrico tem dois usos principais: governa o transporte, através
de membranas celulares, e é comumente utilizado como uma medida do “status” hídrico
de uma planta. Pode ser determinado por vários métodos: bomba à pressão ou de
Scholander (método mais utilizado, o qual mede a pressão hidrostática negativa - tensão
- no xilema de muitas plantas, onde ψw = ψp xilema); mudança de peso ou de volume
(ausência de mudanças no peso ou no volume do tecido significa que o ψw da solução
em questão é igual ao do tecido); entre outros.

Determinação do déficit de saturação hídrica e do teor relativo de água


O déficit de saturação hídrica (ΔWsat) indica a quantidade de água que a planta precisa
para alcançar sua total saturação. O teor relativo de água (TRA) representa o conteúdo
de água de um tecido comparado com o máximo que poderá reter, em um determinado
tempo. As metodologias baseiam-se na obtenção dos pesos frescos (PF), secos (PS) e
túrgidos (peso máximo) das folhas. É estimado como se segue:

Outras características

Alguns autores utilizam diversas variáveis que identificam, indiretamente, o “status”


hídrico da planta. Essas variáveis devem ser analisadas, de preferência em conjunto.
Vejamos as mais importantes:

 Elasticidade da parede celular (ε) = (ΔΨp/ΔΨp).V;


 Condutância estomática (movimento dos estômatos);
 Variações no diâmetro do caule;
 Relação temperatura da folha / temperatura do ambiente;
 Murchamento visual.

Sensibilidade de processos fisiológicos ao potencial hídrico

A sensibilidade de determinado processo fisiológico é, em grande parte, um reflexo da


estratégia da planta em lidar com a variação da disponibilidade de água no solo. O
estado de hidratação das plantas pode variar tanto entre espécies de iferentes estratos

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numa formação vegetal, quanto para as mesmas espécies em diferentes estações.
Algumas das primeiras respostas à deficiência hídrica parecem ser mediadas,
predominantemente, por eventos biofísicos, mais do que por alterações de reações
químicas causadas pela desidratação. Na Figura 1.4, podemos observar a sequência de
eventos que vão surgindo gradualmente à medida que o estresse hídrico vai se
desenvolvendo.

Figura 1.4 Respostas das plantas ao estresse hídrico. a) A sensibilidade das várias
funções e processos celulares durante a deficiência hídrica. As linhas horizontais
contínuas mostram a gama de potencial hídrico para a qual, na maioria das plantas,
ocorre uma resposta clara; a linha tracejada vertical mostra o início do fechamento
estomático; b) Curso temporal das respostas metabólicas devido à perturbação da
turgidez. Fonte: Larcher (2000); Costa (2001)

Balanço hídrico das plantas


Água no solo

O conteúdo de água e sua taxa de movimento no solo dependem, em grande parte, do


tipo e da estrutura do solo. Em solos arenosos, os espaços entre as partículas são largos,
e a água tende a drenar entre eles, permanecendo somente nas superfícies das partículas
e/ou nos interstícios entre elas. Nos solos argilosos, os canais são estreitos, e a água não
drena facilmente. O conteúdo de água do solo que permanece retido por capilaridade
após drenagem do excesso é chamado de capacidade de campo. Em solos muitos
secos, o ψw pode cair até atingir o ponto de murcha permanente, quando não existe
mais água disponível para as plantas, o qual depende do solo e da espécie de planta.

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Absorção de água pelas raízes
Nas raízes, o movimento de água dá-se das células epidérmicas até o cilindro central.
Existem três rotas pelas quais a água pode fluir (Figura 1.5): a apoplástica, a simplástica
e a transcelular (ou transmembrana). Na endoderme, o fluxo de água através do
apoplasto é obstruído pela estria de Caspary, rica em suberina (substância cerosa e
hidrofóbica), forçando a água e os solutos a atravessarem pela membrana plasmática.

Figura 1.5 Rotas para absorção de água pelas raízes. Na rota simplástica, a água
flui entre células pelos plasmodesmas, sem atravessar a membrana plasmática. Na
transcelular, a água move-se através das membranas plasmáticas. Na apoplástica,
a água move-se pela parede celular sem atravessar a membrana, sendo bloqueada
pela estria de Caspary. Fonte: COSTA (2001)

Transporte de água para a parte aérea


A existência de plantas terrestres altas só se tornou possível quando as plantas
adquiriram, no decorrer da evolução, um sistema vascular que permitiu um movimento
rápido da água para a parte aérea onde ocorre a transpiração. O principal tecido
condutor de água nas plantas é o xilema, responsável também pela condução de
minerais e de algumas moléculas orgânicas pequenas. O movimento de água das raízes
para a folha, via xilema, pode ocorrer devido a uma pressão positiva na base (raiz) ou a
uma pressão negativa (tensão), desenvolvida na parte aérea (folha). A pressão radicular

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é maior em
plantas bem hidratadas e sob condições de alta umidade relativa do ar quando a
transpiração é baixa. A maior evidência da ocorrência da pressão positiva nas raízes é
um fenômeno conhecido por gutação, o qual acorre frequentemente em plantas de
florestas pluviais tropicais e nos ápices de folhas quando a umidade relativa do ar é alta
(Figura 1.6). Em plantas com alta taxa transpiratória, a absorção, o transporte e a
perda de água para a atmosfera são tão rápidas que a pressão positiva no
xilema não se desenvolve. Nesses casos, ocorre o estabelecimento de uma
pressão hidrostática negativa, gerada pela transpiração foliar, que puxa a
água através do xilema.

Figura 1.6 Exemplo de gutação indica gotas de solução xilemática exsudadas através de
hidatódios em folhas de plântulas de milho (Zea mays L.). Fonte: COSTA (2001)

Movimento de água da folha para a atmosfera


A água move-se, na fase líquida, em toda extensão do sistema vascular, chegando até os
sítios de evaporação nas paredes celulares do parênquima lacunoso das folhas. Daí,
através das câmaras subestomáticas, dos ostíolos e da cutícula, ela se move para a
atmosfera externa na fase de vapor. A cutícula cerosa é uma barreira efetiva no
movimento de água. Estima-se que 5% da perda de água da folha seja pela cutícula. Os
estômatos, por sua vez, acoplam a absorção de CO2 (Fotossíntese) com a perda de água
na forma de vapor (Transpiração), conforme pode ser observado na Figura 1.7

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Figura 1.7 Trajetória da água pela folha. A água é puxada do xilema para as paredes
celulares do mesófilo, de onde evapora para os espaços intercelulares dentro da folha. O
vapor da água difunde-se, então, pelos espaços intercelulares da folha, através
do poro estomático e da camada limítrofe de ar parado, situada junto à superfície foliar.
O CO2 difunde-se na direção oposta, ao longo de seu gradiente de concentração
(baixa no interior, mas alta no exterior). Fonte: TAIZ; ZEIGER (2009)

Transpiração
De toda a água absorvida pelas plantas, aproximadamente 95% é perdida pela
transpiração, e o restante é utilizado no crescimento e no metabolismo. A
transpiração pode ocorrer pelos estômatos (transpiração estomática), pela epiderme
cutinizada (transpiração cuticular) e pelas superfícies suberizadas (transpiração
peridérmica).
A sua importância tem sido bastante discutida. Acredita-se que pode contribuir
para a absorção e a distribuição de água e de sais minerais, para o resfriamento da
planta e a turgidez ótima (vantagens), tornando-se a principal causa da perda da
turgescência dos tecidos (desvantagem).
A transpiração depende de dois fatores principais: a diferença na concentração de vapor
d’água entre a folha e a atmosfera externa, e a resistência difusional (r) dessa rota. Essa
resistência consiste de dois componentes: resistência estomática (rs) e resistência da
camada de ar limítrofe (rar). Assim, a taxa transpiratória (T), em mol m-2 s-1, é
determinada pela seguinte equação:

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Causas da deficiência hídrica
A deficiência hídrica na planta ocorre basicamente por duas causas:

 Redução do potencial hídrico do solo: quando o ψw do solo sofre redução, há


uma concomitante redução no ψw da planta;
 Defasagem diária entre a transpiração e a absorção: ocorre como uma
consequência de o ritmo de transpiração ser superior ao de absorção.

Essas diferenças são motivadas basicamente pela resistência ao movimento de água


através da planta e pelas taxas de absorção e de transpiração serem controladas por
fatores distintos. Entre outros podemos citar:

Fatores que afetam a transpiração: VPD (diferença de pressão de vapor); temperatura


do ar; vento; área foliar; estrutura da folha; abertura dos estômatos; diferença de ψ w
entre a planta e o solo.

Fatores que afetam a absorção: ritmo de perda d’água (transpiração); extensão e


eficiência do sistema radicular; permeabilidade da raiz; temperatura do solo; aeração do
solo; ψw do solo e condutividade hidráulica.

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Considerações Finais
Chegando ao fim do trabalho concluiu-se que a água é uma das mais importantes
substâncias do nosso planeta. A vida evoluiu na água, que é o solvente ideal para a
ocorrência dos processos bioquímicos. Sem água, a vida como nós conhecemos não
existiria. As plantas vasculares estão entre os primeiros organismos de que se tem
registro fóssil, aproximadamente 450 milhões de anos atrás; no entanto, isso
corresponde apenas a 10% da idade da Terra. Provavelmente, essa demora na conquista
do ambiente terrestre tenha sido causada pela dificuldade na obtenção de água em um
ambiente inerentemente seco. O desenvolvimento de raízes e um sistema vascular
avançado foram necessários para absorver e transportar água, enquanto epiderme e
estômatos foram necessários para conservá-la. Em tecidos metabolicamente ativos de
plantas em crescimento, a água constitui 80 a 95% da massa, enquanto, em tecidos
lenhosos, alcança de 35 a 75%. Embora certas plantas tolerantes a dessecação possam
experimentar conteúdo de água de somente 20%, e sementes secas possam conter 5 a
15%, ambas, nessas condições, estão metabolicamente inativas e reassumem atividade
metabólica somente após a absorção de uma considerável quantidade de água. A água é
absorvida do solo, movimenta-se através da planta e boa parte é perdida para a
atmosfera na forma de vapor, processo esse conhecido como transpiração. Sob o calor
de um dia ensolarado, a folha pode trocar 100% de seu conteúdo de água apenas em 1
hora. Para cada 2 g de matéria orgânica produzida pela planta, aproximadamente 1 litro
de água é absorvido pelas raízes, transportado através do corpo da planta e perdido para
a atmosfera. Em plantas mesófilas (plantas adaptadas a ambientes com relativa
disponibilidade de água, no solo e na atmosfera), num solo húmido e atmosfera com
baixa umidade relativa (UR), cerca de 82% da água absorvida é transpirada e 18% é
armazenada. Já em plantas xerófilas (plantas adaptadas a ambientes secos) suculentas,
apenas 50% da água absorvida é transpirada. A água nas células é armazenada nos
vacúolos e protoplasma (90 a 95%) e paredes (5 a 1D%). A importância de estudar as
relações hídricas em plantas se deve à diversidade de funções fisiológicas e ecológicas
que a água exerce. Entre os recursos de que a planta necessita para crescer e funcionar, a
água é o mais abundante e, também, o mais limitante.

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Referencias Bibliográficas
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