Você está na página 1de 13

A água exerce uma diversidade de funções fisiológicas e ecológicas nas plantas; e

dentre os recursos que a planta necessita para crescer e funcionar a água é o mais abundante e
mais limitante. Portanto, a distribuição vegetal sobre a superfície terrestre e a produtividade
agrícola são controladas principalmente pela disponibilidade de água.
A absorção de água pelas células gera, no interior delas, uma força conhecida como
turgor. Na ausência de qualquer tecido de sustentação, as plantas, para se manterem eretas,
necessitam manter a turgidez. A pressão de turgor é essencial também para muitos processos
fisiológicos, como o alongamento celular, as trocas gasosas nas folhas e o transporte no
floema. A perda do turgor devido ao estresse hídrico provoca o fechamento estomático, a
redução da fotossíntese e da respiração e a interferência em muitos processos metabólicos
básicos. Sob desidratação intensa, ocorre desorganização do protoplasma e a morte da
maioria dos organismos.
A água é essencial como reagente ou substrato de importantes processos como a
fotossíntese e hidrólise do amido a açúcar em sementes germinando. Além da essencialidade
da água como doadora de elétrons para o fluxo acíclico na fotossíntese, ela também é
importante na eliminação ou desintoxicação de formas de oxigênio reativo que podem se
acumular em resposta ao excesso de fótons, ou seja, a água pode dificultar a fotoinibição.
Outras funções importantes da água estão relacionadas ao movimento de nutrientes minerais
tanto no solo quanto nas plantas, ao movimento de produtos orgânicos da fotossíntese, à
locomoção de gametas no tubo polínico para a fecundação e como meio de transporte na
disseminação de esporos, frutos e sementes para muitas espécies.
A importância da água no sistema solo-planta-atmosfera está diretamente relacionada
às características químicas da molécula, que lhe conferem propriedades físico-químicas
singulares.
As fortes ligações entre as moléculas de água são devidas às formações de pontes de
hidrogênio como consequência da estrutura da molécula. A polaridade da molécula de água e
a extensiva quantidade de pontes de hidrogênio intermoleculares apresentada no estado
líquido contribuem para as propriedades raras ou singulares e biologicamente importantes
que a água apresenta.
Por ser um “solvente universal”, a água dissolve a maior quantidade e variedade de
substâncias do que qualquer outro solvente conhecido. Essa propriedade de solvente da água
se deve à sua natureza polar e ao seu pequeno tamanho, possibilitando que ela seja um bom
solvente para substâncias iônicas e para moléculas que contêm resíduos polares comumente
encontradas em açúcares e proteínas. Como solvente, a água é quimicamente bastante inerte,
atuando como um meio ideal para a difusão e as interações químicas de outras substâncias. A
efetividade da água como isolante elétrico diminui com a concentração do soluto.
A água tem a tendência também de se ligar fortemente à superfície de colóides do
solo, como argila, silte e areia, bem como à celulose e a muitas outras substâncias. Essa
característica de adsorção é de grande importância na relação solo-planta.
Em função da considerável quantidade de energia requerida para romper a forte
atração intermolecular causada pelas pontes de hidrogênio, a água apresenta propriedades
térmicas atípicas e biologicamente muito importantes, tais como elevados valores de ponto de
fusão e ebulição, de calor latente de fusão e de vaporização e de calor específico. Essas
propriedades são extremamente importantes, possibilitando que a água se mantenha no estado
líquido a temperaturas compatíveis com a vida.
A importância dessas propriedades para a vida das plantas é que, uma vez bem
hidratadas, as plantas, para sofrerem com a queda de temperatura, precisam perder grande
quantidade de calor. E, ao contrário, em função da necessidade de absorver grandes
quantidades de energia calórica de regiões vizinhas, o alto calor de vaporização da água leva
a um resfriamento associado com a evaporação. Esse alto calor específico possibilita que a
água funcione como um tampão de temperatura para os organismos. Sendo assim, as células
das plantas podem trocar quantidade de calor com o ambiente sem que ocorram variações
consideráveis na temperatura interna da célula. Uma outra propriedade importante para as
plantas é o fato de a água líquida ser quase incolor. A boa transmissão de luz visível torna
possível às plantas aquáticas fotossintetizarem a profundidades consideráveis.
A atração intermolecular que ocorre com as moléculas de água resultando na
formação de pontes de hidrogênio é conhecida como coesão. Como consequência dessa alta
força coesiva interna entre as moléculas, a água apresenta também considerável tensão
superficial. Como resultado dessa alta tensão superficial, a água apresenta dificuldades de se
espalhar e penetrar nos espaços de uma superfície. Isso fica evidente pela formação de
gotículas nas folhas e pelo fato de a água não entrar nos espaços intercelulares das folhas
através dos estômatos abertos. A coesão das moléculas de água é também responsável pela
alta força de tensão, definida como a capacidade de resistir a uma força de arraste, ou, ainda,
é a tensão máxima que uma coluna ininterrupta de qualquer material pode suportar sem
quebrar. No xilema, o rompimento da coluna contínua de água tem efeito devastador sobre o
transporte da seiva bruta, principalmente em árvores.
As mesmas forças que atraem as moléculas de água são aquelas que atraem as
moléculas de água às superfícies sólidas, uma propriedade conhecida como adesão. Essas
interações atrativas são importantes para a subida da água em tubos de pequenos diâmetros.
As propriedades de coesão, tensão superficial, força de tensão e adesão, juntas, ajudam a
explicar o fenômeno conhecido como capilaridade, que é o movimento ascendente da água
em tubos de pequenos diâmetros, como por exemplo no xilema.
Tanto nos sistemas vivos quanto no mundo abiótico, os movimentos das moléculas
são governados por dois processos: o fluxo em massa e a difusão. No caso da água, deve ser
considerada também a osmose. Esses movimentos obedecem as leis físicas. O gradiente de
potencial de pressão (ou pressão hidrostática) geralmente constitui a força que dirige o
movimento de fluxo em massa; outro tipo de gradiente, o de potencial químico, está
geralmente relacionado ao movimento por difusão. Sendo assim, e ao contrário do fluxo em
massa, a força que dirige a difusão da água é dependente do gradiente de concentração do
soluto.
O movimento de grupos de moléculas por fluxo em massa ocorre quando forças
externas são aplicadas, tais como pressão produzida por alguma compressão mecânica ou a
própria gravidade; assim, todas as moléculas tendem a se mover na mesma direção em massa,
enquanto a difusão resulta do movimento ao acaso de moléculas individuais. Pode-se então
definir o fluxo em massa como o movimento conjunto de partículas de um fluido em resposta
a um gradiente de pressão; é a forma mais simples de movimento fluido. Exemplos comuns
de fluxo em massa são o movimento da água em um rio e a chuva; ambos são respostas à
pressão hidrostática estabelecida pela gravidade.
Águas e solutos se movem através do xilema por fluxo em massa. Esse movimento é
causado pela tensão ou pressão negativa desenvolvida nas superfícies transpirantes, a qual é
transmitida à seiva do xilema da parte aérea para as raízes. No interior das plantas pode
ocorrer também o fluxo em massa através das paredes das células, e a própria ciclose
(movimento do citoplasma nas células) pode ser considerada um fluxo em massa. Pode ainda
ocorrer fluxo em massa de água e outras substâncias no solo, e deste para as plantas.
Ao contrário do fluxo em massa, a difusão envolve movimento espontâneo, ao acaso,
de partículas individuais. Define-se o fenômeno de difusão como o movimento, ao acaso, de
partículas (moléculas e íons), causado pela sua própria energia cinética, de uma região para
outra adjacente, onde a mesma substância está em menor concentração ou menor potencial
químico. Sendo assim, a difusão é um processo pelo qual as partículas se misturam como
resultado de sua agitação ao acaso.
A difusão tem grande significado na relação água-planta. A transpiração é um
processo difusional, sendo importante também no movimento de nutrientes e água do solo
para chegar até as raízes e da água e gases no interior da planta. Em particular, a difusão é o
que possibilita o suprimento de dióxido de carbono para a fotossíntese, o que pode ocorrer
para distâncias maiores porque o coeficiente de difusão no ar é muito maior do que nas
soluções aquosas.
As membranas celulares de todos os organismos são semipermeáveis, ou seja, elas
permitem que água e outras pequenas substâncias sem carga atravessem mais prontamente do
que solutos de partículas grandes e substâncias carregadas. Esse maior movimento da água
através da membrana semipermeável é chamado de osmose. A osmose envolve também fluxo
em massa através de canais da membrana. Sabe-se hoje que as aquaporinas são proteínas que
aumentam a permeabilidade das membranas biológicas à água e são amplamente distribuídas
nos diferentes organismos. A osmose ocorre na absorção de água pelas células envolve a
combinação de difusão das moléculas de água através da membrana plasmática e o fluxo em
massa através de canais de dimensões
moleculares, que ficam cheios de água.
A capacidade de transportar água pode
ser regulada pelo estado de fosforilação das
aquaporinas, ou seja, pela adição ou remoção de
grupos fosfatos de resíduos de aminoácidos
específicos das proteínas dos canais de água.
Essa regulação pode alterar a taxa de
movimento da água, mas não muda a direção do
movimento nem a força que o dirige.
A osmose não é dirigida somente pela
concentração de soluto dissolvido, mas também
por pressões a que os sistemas podem ser submetidos. As soluções possuem potencial
osmótico (Ψπ), que é uma de suas propriedades, cujo valor é o mesmo da pressão osmótica,
mas com sinal negativo, pois apresentam forças iguais mas opostas.
Quando células flácidas, ou seja, com baixa pressão de turgor, são colocadas em água,
no início a absorção é rápida, diminuindo lentamente até chegar ao equilíbrio dinâmico,
cessando a absorção líquida de água. Nesse ponto, a energia livre da água fora e dentro da
célula é a mesma. Embora haja uma maior concentração de água livre do lado de fora da
célula, o aumento da pressão de turgor no interior da célula vai balancear essa diferença,
possibilitando o equilíbrio da célula vegetal com a água pura. O estado de energia livre da
água representa o seu potencial químico, que é, na verdade, a força que dirige o movimento
da água nas plantas. Essa força é composta, pois a osmose é dirigida por gradiente de
concentração, como a difusão, e por gradiente de pressão, como o fluxo em massa.
O potencial químico (μ) é uma maneira termodinâmica de descrever
quantitativamente a energia livre associada com a capacidade de uma substância realizar
trabalho. Como qualquer outra substância, a água move-se de uma região de maior para outra
de menor potencial químico. Tanto para a água quanto para qualquer outra substância, o
potencial químico é claramente dependente de vários fatores, como concentração (ou
atividade química), pressão, potencial elétrico e efeito da gravidade. O potencial de água
(ψw) é definido como a diferença do potencial químico da água numa condição qualquer
daquele da água líquida pura em estado padrão dividido pelo volume parcial molal.
O potencial de pressão (ψp) representa a pressão hidrostática que difere da pressão
atmosférica do ambiente, ou seja, uma vez que o ψw de referência (água pura) é considerado
em pressão atmosférica, por definição, nessas condições, o ψp é igual a zero. Quando nos
referimos à pressão hidrostática dentro das células, o ψp é usualmente chamado de pressão de
turgor e tem um valor positivo. A pressão de turgor resulta da água que chega ao protoplasto,
pressionando-o contra a parede celular que resiste à expansão. Células com pressão de turgor
são ditas túrgidas e sem turgor são ditas flácidas. O potencial osmótico (Ψπ) diz respeito ao
efeito do soluto dissolvido sobre o ψw (potencial hídrico), quando diluídos em água, os
solutos reduzem a energia livre do sistema.
Os espaços dentro das células (citoplasma e vacúolos) são chamados de simplasto,
enquanto os externos à membrana plasmática, de apoplasto. Mesmo um ligeiro aumento no
volume causa uma considerável elevação da pressão hidrostática dentro das células vegetais,
devido à presença de paredes celulares relativamente rígidas. A parede celular resiste ao
aumento da pressão interna exercendo uma pressão contrária sobre a célula. Assim, a entrada
de água na célula provoca um aumento da pressão hidrostática ou pressão de turgor (ψp),
aumentando consequentemente o ψw. Considerando que as células vegetais possuem paredes
celulares bastante rígidas, conclui-se que pouca água deve entrar.

O ponto em que o protoplasto deixa de pressionar a parede celular é chamado de


plasmólise incipiente. Plasmólise é a condição em que o protoplasto se desprende da parede
celular; essencialmente é um fenômeno de laboratório, com possíveis exceções em condições
extremas de estresse salino ou de água, que raramente ocorrem na natureza.
Tanto a água utilizada pelas plantas nas suas funções vitais quanto a que é perdida
para a atmosfera por transpiração provêm do solo. As plantas absorvem água do solo pelas
raízes e as translocam até as folhas, onde é perdida para a atmosfera, estabelecendo uma
coluna contínua de água no
sistema solo-planta-atmosfera,
obedecendo a um gradiente
decrescente de ψw.
A estrutura do solo afeta a
porosidade, a qual está ligada
diretamente à retenção de
água e à aeração. Solos
arenosos têm relativamente
baixa área superficial por
grama de solo, com espaços relativamente grandes, ou canais entre as partículas, exatamente
o oposto de um solo argiloso. Portanto, solos argilosos que apresentam microporos ou poros
capilares reterão mais água do que solos arenosos, que apresentam poros de maior diâmetro.
Quando um solo recebe grande quantidade de água, seja por chuva ou por irrigação artificial,
os poros ficam saturados, diminuindo parcial ou totalmente os espaços aéreos. O excesso de
água é drenado livremente por gravidade, e o restante permanecerá retido nas camadas
superficiais do solo. O conteúdo de água do solo que permanece retido por capilaridade após
o excesso de água ter sido drenado livremente é denominado capacidade de campo (CC).
Pelo fato de o solo argiloso apresentar maior quantidade de poros menores, ele possui maior
capacidade de estocar água, ou seja, maior CC do que o solo arenoso. Sendo assim, o solo
arenoso apresenta baixa capacidade de campo e é bem aerado, enquanto o solo argiloso tem
alta CC mas é menos aerado. O ideal para o desenvolvimento das plantas é uma estrutura de
solo que represente um balanceamento entre retenção de água e aeração.
A absorção de água pelas plantas só ocorre se houver um gradiente favorável de ψw
entre a água e o solo e as raízes. Em um solo perdendo água permanentemente por
evapotranspiração durante o dia, as plantas terão dificuldades crescentes de retirar água para
balancear a perdida por transpiração, levando a uma perda de pressão de turgor ou
murchamento. No entanto, com a quase total interrupção da transpiração à noite, o turgor das
plantas poderá ser recuperado.
De uma maneira aproximada, estabeleceu-se que a disponibilidade de água do solo
para as plantas está compreendida entre a CC e o PMP (ponto de murcha permanente). Mas,
nem toda água nessa faixa está uniformemente disponível, pois a retirada de água se torna
progressivamente mais difícil à medida que o ψw do solo diminui em direção ao PMP. Isso é
facilmente observado em plantas submetidas à deficiência hídrica, que apresentarão sinais de
estresse hídrico e redução do crescimento antes de o ψw do solo chegar ao PMP. Assim como
a retenção, a faixa de disponibilidade de água para as plantas é maior nos solos argilosos do
que nos arenosos.
Nas plantas, o sistema de raízes é tão complexo quanto a parte aérea em sua
diversidade, apresentando muitas interações com a matriz do solo e com a grande quantidade
de organismos que o circunda. O sistema de raízes exerce várias funções importantes, como
sustentação da planta, armazenamento de reservas, síntese de substâncias importantes e
absorção de nutrientes. Além disso, a maior parte da água que as plantas adquirem é
absorvida através das raízes. Toda absorção da água ocorre devido a um gradiente
decrescente de ψw entre o meio em que as raízes se encontram e o xilema destas. O gradiente
pode ser menor ou maior, dependendo da taxa de transpiração da planta.
As regiões mais maduras das raízes podem possuir camadas externas de tecidos com
paredes celulares contendo materiais hidrofóbicos que dificultam a absorção de água. No
entanto, para espécies arbóreas, especialmente durante os períodos de dormência, as regiões
mais velhas das raízes podem absorver quantidade significativa de água.
Após a água ter sido absorvida nos pêlos ou células da epiderme das raízes, ela tem
que se movimentar radialmente atravessando o córtex para chegar aos elementos do xilema
no centro do estelo. Existem três caminhos possíveis para o movimento da água até a
epiderme até a endoderme das raízes: a via apoplasto, transmembrana e simplasto. A via
apoplasto verifica-se através de um caminho contínuo representado pelas paredes celulares e
espaços intercelulares; nela, portanto, a água não atravessa nenhuma membrana. Tanto na via
transmembrana quanto através do simplasto, a água necessita atravessar membranas. No caso
do caminho transmembrana, ocorre passagem de água através de várias membranas, entrando
numa célula de um lado e
saindo do outro para entrar
em outra célula. A água
atravessa pelo menos duas
membranas de cada célula,
isso quando o tonoplasto não
está envolvido.
O simplasto consiste no
espaço ocupado por
citoplasmas de células
interconectadas por
plasmodesmos (microporos),
através dos quais a
água caminha de
uma célula para
outra por meio dos
plasmodesmos.
O
movimento de
água diminui
quando as raízes
estão sujeitas a
baixas
temperaturas,
níveis elevados de dióxido de carbono, anaerobiose ou tratamento com inibidores da
respiração, como cianeto ou dinitrofenol. A anaerobiose é mais comumente encontrada em
plantas submetidas a solo alagado, podendo levar a um murchamento nas espécies não
adaptadas a tal condição.
Assim como na absorção, seja qual for o caminho do movimento radial, o fluxo de
água será dependente do gradiente decrescente de potencial de água entre o xilema e a
solução do solo em contato com a superfície das raízes. Esse gradiente aumenta com o
estabelecimento de uma pressão negativa (tensão) dentro do xilema, devido à evaporação de
água nas folhas (transpiração).
O principal tecido condutor de água nas plantas é o xilema, responsável também pela
condução de minerais, de algumas pequenas moléculas orgânicas e pela sustentação. Existem
dois tipos básicos de células condutoras no xilema, os traqueídeos e os elementos de vaso,
sendo ambos mortos. Constituem-se de células alongadas com paredes secundárias nas quais
ocorrem as pontuações. As pontuações dos traqueídeos pontiagudos concentram-se nas
extremidades, conectando-os com o traqueídeo vizinho. Os elementos de vaso, além das
pontuações, apresentam perfurações que são áreas destituídas de paredes primária e
secundária. As perfurações podem ocorrer lateralmente, mas geralmente ocorrem nas paredes
terminais (placa de perfuração), de modo que os elementos de vaso são unidos por placas de
perfuração constituindo colunas contínuas e longas, chamadas de vasos.
A força motriz que dirige o movimento de água através da raiz é representada pela
diferença de potencial de água entre a solução do solo na superfície da raiz e a seiva do
xilema. O potencial osmótico contribui relativamente pouco para o potencial de água no
xilema em plantas que transpiram rapidamente, mas é importante a baixas velocidades de
transpiração, levando ao desenvolvimento de um fenômeno conhecido como pressão positiva
da raiz. O potencial osmótico nessa situação, decresce aos seus níveis mais baixos em plantas
desfolhadas em que a transpiração é zero.
A capilaridade ocorre devido à interação de forças como adesão, coesão e tensão
superficial da água. A força de adesão é gerada pela atração entre grupos polares, ao longo da
superfície interna do tubo, e as moléculas de água, quer seja o tubo de vidro ou elementos
traqueais do xilema. À medida que ocorre o fluxo de água ao longo da parede do tubo, as
forças de coesão entre as moléculas de água agem “puxando” o volume de água que se
encontra no interior do tubo. Essa subida da água continua até essas forças serem balanceadas
pela força da gravidade.
Nas plantas vasculares, a água chega até as folhas através do xilema, que apresenta
muitas ramificações, formando uma intricada rede de vasos no limbo foliar. Devido à
transpiração que as plantas geralmente apresentam, é muito importante qua a água perdida
seja rapidamente reposta. A reposição da água nas folhas deve-se a uma diminuição no
potencial de água causada pela evaporação nesses órgãos, que provocará o carreamento de
água dos terminais do xilema. Do xilema, a água é “puxada” junto às paredes celulares para
dentro das células da folha. Como resultado da remoção de água do xilema, a seiva fica sob
tensão (pressão negativa), que é transmitida para as regiões inferiores da planta até as raízes,
através das colunas contínuas de água existentes nos traqueídeos ou nos elementos de vaso.
Nas raízes, o potencial de água é reduzido da seiva do xilema fará com que a água se mova
em direção aos elementos condutores vinda da solução do solo atravessando o córtex e a
endoderme. A teoria da coesão e tensão fundamenta-se na existência de uma coluna contínua
de água indo da ponta das raízes, passando pelo caule, até as células do mesofilo das folhas. É
na superfície das paredes celulares das folhas que se desenvolve a pressão negativa que causa
o movimento ascendente da seiva no xilema.
O processo de rápida formação de bolhas no xilema é chamado de cavitação,
resultando na formação de bolhas de ar que provocam obstrução do conduto, chamada de
embolia. A embolia no xilema quebra a continuidade da coluna de água, interrompendo o
transporte de água. O rompimento nas colunas de água do xilema não é muito frequente;
entretanto, quando ocorre, se não for reparado, pode ser prejudicial às plantas.A expansão da
cavitação no xilema pode ser impedida porque os gases não atravessam facilmente os
pequenos poros das pontuações dos elementos de vaso e traqueídeos, um efeito também
causado pela alta tensão superficial da água.
A perda de água pelas plantas na forma de vapor é conhecida como transpiração. Esse
processo pode ser considerado dominante na relação água-planta. A evaporação da água
produz o gradiente de ψw, que é a causa principal do movimento da água através do xilema,
controlando a taxa de absorção e ascensão da seiva. A transpiração pode ocorrer em qualquer
parte do organismo vegetal acima do solo; no entanto, apesar de uma pequena quantidade de
água ser perdida através de pequenas aberturas da casca de caules e ramos jovens (lenticelas),
a maior proporção ocorre nas folhas. Isso torna a transpiração intimamente relacionada à
anatomia da folha.
A multicamada de ceras conhecida como cutícula, que cobre a epiderme das folhas,
funciona como uma barreira bastante efetiva à saída de água, tanto líquida quanto na forma
de vapor, protegendo as células de uma eventual dessecação letal. A continuidade da
epiderme imposta pela cutícula é interrompida por pequenos poros que fazem parte do
complexo estomático. Cada poro é circundado por duas células especializadas, as células-
guardas, que funcionam como válvulas, operadas pela turgescência que controlam o tamanho
da abertura do poro.
Na transpiração estão envolvidas a evaporação da água das paredes celulares para o
espaço subestomático e a difusão do vapor de água do espaço subestomático para a
atmosfera. Acredita-se que grande parte da água evapore da superfície interna das células do
mesofilo que rodeiam os espaços de ar subestomáticos. O caminho pelo qual o vapor de água
escapa após a evaporação é relativamente simples. Ele se difunde através dos espaços
intercelulares e para fora, através dos estômatos.
A abertura dos estômatos ocorre devido à absorção osmótica de água pelas células-
guardas, trazendo como consequência um aumento do turgor e da pressão hidrostática. Em
vista das propriedades elásticas de suas paredes, as células-guardas podem, de modo
reversível, aumentar seu volume. O fechamento estomático ocorre em resposta à saída de
água das células-guardas, com diminuição da pressão de turgor e o consequente relaxamento
de suas paredes.
Em situação de estresse hídrico moderado, a abertura estomática será a máxima
possível, sem que ocorra uma desidratação letal da planta, mas ainda capaz de fixar dióxido
de carbono. Se o estresse persistir, a planta manterá os estômatos fechados. Com o
fechamento estomático, as plantas podem manter certo turgor (maior potencial de água), o
que é uma importante característica de tolerância à seca.
Fatores ambientais, como o
nível de água, temperatura,
qualidade e intensidade de luz e
concentração intracelular de
dióxido de carbono, controlam o
movimento de abertura e
fechamento dos estômatos.
Esses fatores funcionam como
sinais que são percebidos pelas células-guardas e integrados dentro de uma resposta
estomática bem definida.
O ácido abscísico é um hormônio vegetal também conhecido pela sigla ABA. Esse
hormônio é produzido a partir do ácido mevalônico nos cloroplastos e em outros plastídios.
Sua síntese é alta em folhas maduras e sementes, sendo que seu transporte ocorre
normalmente via floema. Esse fitormônio possui uma característica inibitória no que diz
respeito ao crescimento. Ele é responsável por cessar o crescimento de algumas plantas em
determinadas épocas do ano. Também podendo ser atribuído à ele a função de retardar a
germinação de sementes; aumentando a produção de proteínas reserva, também conferindo
tolerância à desidratação e ao frio. Além disso, o ABA está relacionado ao mecanismo de
abertura e fechamento estomático, chegando nas células-guardas sinalizando a ocorrência de
um estresse hídrico nas proximidades, induzindo o fechamento dos mesmos. Tal sinalização
pelo ABA pode se originar nas próprias raízes, informando sobre a existência de um estresse
hídrico no solo. O início da resposta do fechamento hidroativo é mediado por ABA, oriundo
do mesófilo ou de outras partes da planta.

Você também pode gostar