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VEGETAL
Introdução
A água é uma das substâncias cruciais para o nosso planeta. A evolução
da vida veio por meio da água, que é o solvente ideal para a ocorrência
dos processos bioquímicos. Sem água, a vida como nós conhecemos
não existiria. A água é importante para a manutenção funcional das
moléculas orgânicas biológicas e da atividade metabólica das células
vegetais e animais. A cada grama de matéria orgânica produzido, 500
gramas de água são absorvidos pelas raízes, transportados pelo corpo
da planta e perdidos para a atmosfera.
Estudar as relações hídricas em plantas é importante devido à diversidade
das funções fisiológicas e ecológicas que a água exerce. A água é o recurso
mais abundante, mas também mais limitante, quando falamos de recursos
para o crescimento e bom funcionamento dos vegetais. A quantidade
de água disponível é diretamente relacionada com a manutenção da
turgescência dos tecidos, que é importante para a fotossíntese, a floração,
a frutificação e a qualidade de produtos como verduras e frutas.
Assim, neste capítulo, você vai reconhecer a importância da água
para a planta, identificando como ocorrem os processos de absorção e
perda de água pela planta.
Solvente
A água é considerada o solvente universal, por dissolver maior variedade de
substâncias do que qualquer outro líquido O tamanho pequeno da molécula e a
polaridade fazem com que ela dissolva quantidades maiores de uma variedade
mais ampla de substâncias do que outros solventes. Nesse sentido, o transporte
de substâncias orgânicas e inorgânicas, no xilema e no floema, só ocorre na
presença de água como solvente, transportando açúcares e proteínas.
Reagente
A água participa de inúmeras e importantes reações químicas vitais para a
planta, como a fotossíntese (Figura 1), a respiração, a hidrólise e a condensação.
Fotossíntese
6 CO + 6 H O C H O + 6O
Luz
6 CO + 12 H O C H O + 6H O + 6O
Pigmentos
(gás (água) fotossintéticos (glicose) (água) (oxigênio)
carbônico)
Regulação térmica
A água possui um alto calor específico, que faz com que a planta tenha a
capacidade de absorver grandes quantidades de calor sem elevar a temperatura
prejudicialmente. No processo de transpiração, a planta apresenta um efeito de
resfriamento. Assim, observamos que, na sombra das árvores, a temperatura
é mais amena.
Absorção passiva
O mecanismo de absorção passiva está diretamente relacionado com a
transpiração das folhas da planta, processo no qual a planta perde a água em
forma de vapor pelos estômatos. À medida que a água evapora, toda a coluna
líquida dentro dos vasos do xilema é arrastada para cima, uma vez que as
moléculas de água se mantêm unidas por forças de coesão.
Esse processo pode ser comparado ao ato de beber água com um canudo,
em que, ao sugar, a boca cria uma tensão que suga a água de uma ponta à outra
dentro do canudo. No processo de absorção passiva, a boca seria a atmosfera,
o canudo seria os vasos do xilema, a extremidade inferior do canudo seria a
raiz, e a água seria a solução do solo.
Alguns fatores podem inibir o crescimento das raízes, como os solos compactados e a
presença de alumínio no solo, interferindo diretamente na absorção de água pela planta.
Absorção ativa
O mecanismo de absorção ativa da água ocorre quando a atividade de
transpiração é reduzida. O mecanismo funciona devido ao aumento da
concentração de sais no xilema, aumentando a demanda de água, criando uma
concentração diferente da água da solução do solo, permitindo a entrada de
água na planta. Alguns fatores podem influenciar na absorção da água, como:
Acesse o link a seguir e saiba mais sobre a importância das micorrizas — associações
de fungos com as raízes das plantas, que determinam um aumento da superfície de
contato das raízes com o solo. Como consequência, aumenta-se também a capacidade
de absorção de água e nutrientes pelas plantas.
https://goo.gl/JsJTt7
Transpiração
Nas plantas, a transpiração ocorre fundamentalmente nas folhas, que apre-
sentam ampla superfície exposta ao ambiente; é considerada a principal força
responsável pela subida de água pelo xilema. À medida que a água evapora,
toda a coluna líquida dentro dos vasos do xilema é arrastada para cima, uma
vez que as moléculas de água se mantêm unidas por forças de coesão, conforme
Taiz e Zeiger (2017).
Dentre as estruturas celulares mais importantes nesse processo de trans-
piração estão os estômatos (Figura 2), que estão presentes na maioria das
6 A água na planta
Gutação ou sudação
A gutação ou sudação ocorre quando a pressão positiva da raiz se encontra
em um solo encharcado, e a umidade do ar está elevada. Nessas condições, as
plantas perdem a água das folhas das plantas através dos hidatódios ou poros
aquíferos, que são terminais dos vasos do xilema, localizados no ápice ou na
borda das folhas. Esse processo pode ser visto pela manhã, com a formação
de gotículas nas bordas das folhas, conforme Ambis e Martho (1998). Esse
processo se torna evidente quando a transpiração é suprimida e a umidade
relativa é alta, como ocorre durante a noite.
Acesse o link a seguir para assistir a um vídeo que demonstra o processo de gutação.
https://goo.gl/1a2w1K
Exsudação
É um processo de perda de seiva pela planta, provocado normalmente por podas,
incisões ou ferimentos nas plantas. A seiva perdida na exsudação possui água e
sais minerais absorvidos, que seriam transportados para a parte aérea da planta.
Com base na compreensão desse processo, é importante programar as podas
para um período de dormência das plantas, quando o fluxo de seiva for reduzido.
Déficit hídrico
A deficiência de água na planta, em muitas culturas, gera um impacto negativo
no crescimento e desenvolvimento das plantas, existindo um conflito entra a
conservação da água pela planta e a taxa de assimilação de CO2 para produção
de carboidratos. O Quadro 1 apresenta os efeitos do déficit hídrico.
8 A água na planta
AMBIS, J. M.; MARTHO, G. R. Fundamentos da biologia moderna. 2. ed. São Paulo: Moderna,
1998.
PETRIN, N. Autotrofismo. Estudo Prático, 03 set. 2014. Disponível em: https://www.
estudopratico.com.br/autotrofismo-fotossintese-e-quimiossintese/. Acesso em: 18
fev. 2019.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
10 A água na planta
Leituras recomendadas
CUTLER, D. F.; BOTHA, T.; STEVENSON, D. W. Anatomia vegetal: uma abordagem aplicada.
Porto Alegre: Artmed, 2011. 304 p.
LACERDA, C. F.; ENÉAS FILHO, J.; PINHEIRO, C. B. Fisiologia vegetal. Fortaleza: UFC, 2007.
Disponível em: http://www.fisiologiavegetal.ufc.br/apostila.htm. Acesso em: 18 fev. 2019.
PES, L. Z.; ARENHARDT, M. H. Fisiologia vegetal. Santa Maria: Colégio Politécnico da
UFSM, 2015. Disponível em: http://estudio01.proj.ufsm.br/cadernos_fruticultura/
terceira_etapa/arte_fisiologia_vegetal.pdf. Acesso em: 18 fev. 2019.
RODRIGUES, J. D. Identidade dos seres vivos: como a planta consegue produzir seu
próprio alimento? Museu Escola do IB, 2008. Disponível em: http://www2.ibb.unesp.
br/Museu_Escola/3_identidade/3-identidade_funcoes_fotossintese2.htm. Acesso
em: 18 fev. 2019.