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FISIOLOGIA VEGETAL

relações hídricas I

*Se liga nas perguntinhas marotas!

DISCUSSÃO

A água influencia no corpo vegetal, e há muito dados empíricos sobre isso –


especialmente no que diz respeito ao metabolismo da planta, em que quanto maior
a disponibilidade de água, maior a produção. Outra forma de comprovar isso é
pegar vegetações de diferentes locais com diferentes regimes hídricos e as
comparar.

Em outras palavras, a água influencia nos processos dos mais variáveis de um


vegetal – podendo até mesmo reduzir o crescimento da planta.

Se a planta tem o seu crescimento reduzido, podemos estar lidando com


uma escassez de água. Nesse caso, os processos afetados seriam a fotossíntese, a
respiração celular, a síntese proteica .. Com a falta de água pode, ainda, haver o
acúmulo de solutos, de substâncias .. Por exemplo, a escassez de água pode levar a
planta a produzir um determinado hormônio que acabará por induzir o fechamento
dos estômatos. Então, o crescimento reduzido indica uma resposta inversa, uma
resposta negativa com relação à disponibilidade de água.

Para mais, a água possui um papel importante em nível celular. Lá em


Anatomia Vegetal, “aprendemos” que a expansão da célula vegetal se deve a uma
estrutura conhecida como vacúolo – ao contrário da célula animal, em que a
estrutura responsável por tal evento é o citoesqueleto.

Então, a célula vegetal só é capaz de se expandir quando o vacúolo é


preenchido por água. E quanto maior o volume de água, maior o tamanho da
célula.

PROPRIEDADES DA ÁGUA

A água é considerada uma substância extremamente essencial para a vida no


planeta devido às suas propriedades. São elas:

 alto calor específico

 alto ponto de fusão


 alto ponto de vaporização

 polaridade

 tensão superficial

 capilaridade

Alto calor específico?

“Calor específico”, em termos quantitativos significa que, para aumentar em


1°C a temperatura de uma determinada substância, esta precisa armazenar uma
determinada quantidade de calor.

calor = energia

E essa quantidade de calor que é necessária, é específica para cada


substância, isto é, cada um tem o seu. A água, por exemplo, tem um alto calor
específico, ou seja, ela precisa absorver uma grande quantidade de calor do
ambiente para que ela mude de temperatura.

Talvez a água tenha sido selecionada como molécula necessária à vida


devido à sua dependência na absorção de uma grande quantidade de calor para
que ela mude de temperatura. Em outras palavras, a água consegue manter a
temperatura estável de um sistema mesmo que nesse sistema esteja acontecendo
uma série de reações que poderiam provocar uma alteração em sua temperatura.

E toda a energia que as reações liberam, a água absorve!

Detalhe: o mesmo número de moléculas de água ocupa mais espaço sólido que no
espaço líquido!

Em outras palavras, num mesmo volume, existem menos moléculas de água


no gelo do que no estado líquido.

Então tipo, tu pega um forminha de gelo e coloca 10 mililitros de água .. Essa


água vai ocupar um determinado volume. Se tu colocar essa forminha no
congelador, o volume ocupado pela água vai se tornar um pouquinho maior.
Entretanto, o número de moléculas não mudou.

O que acontece com essas moléculas nessa transição do estado líquido para o estado
sólido, de modo que elas ocupem um espaço maior que o inicial?

Essas moléculas, na transição, passam a se expandir, organizando-se na


forma de cristais. E, considerando o volume como sendo inversamente proporcional
à densidade, se no caso o volume aumenta, a densidade vai diminuir!

E o quê que isso implica para o que a gente chama de “vida”?

Nos oceanos, em temperaturas muito baixas, a água congela só em cima,


certo? O oceano não congela todo... Isso se dá graças a essa densidade menor do
gelo que fica em cima.

Para formar aquela camada de gelo não precisa de taaaaantas moléculas


comparadas com a quantidade total no oceano. Logo, isso permite a existência de
uma grande camada de água líquida embaixo do gelo. E mais, esse gelo ainda atua
como um isolante térmico – permitindo que a temperatura naquela coluna de água
que entra em contato com o ar seja um pouco mais amena.

Em outras palavras, em termos de densidade, o gelo flutua e ao mesmo


tempo funciona como um isolante térmico, impedindo que aquela coluna de água
líquida abaixo dele entre em contato com a atmosfera hiper mega gelada – já que
existe vida naquela coluna de água!

Alto ponto de fusão e de vaporização?

Isso significa que é necessária uma temperatura extrema para que a água
mude de estado – ou muito alta ou muito baixa. “Alto ponto de fusão” se refere ao
alto ponto de congelamento da água, em que a uma temperatura extremamente
baixa faz com que a água mude do estado sólido para o estado líquido, enquanto
“alto ponto de vaporização”, em que é necessária uma alta temperatura para que a
água passe do estado líquido para o estado gasoso.

Observação: esse negócio de “alto” e “baixo”... Nós precisamos levar em conta outros
solventes. Não é “alto” e “baixo” em níveis absolutos, e sim em relação a outros
solventes.

Polaridade?
A água atua como um solvente, ou seja, ela consegue solubilizar uma grande
quantidade de substâncias. Uma das coisas que influenciam essa propriedade é o
fato de que encontramos na estrutura da molécula de água os quatro elétrons do
oxigênio livres. Mas, você dizer que a água é um “solvente universal porque tem
carga” não está exatamente certo, porque íon também tem carga, e a água não é
um íon.

A justificativa para a água ser considerada um solvente é, na verdade, por ela


ser uma molécula dipolo – molécula que possui uma carga parcial positiva e uma
carga parcial negativa. Isso permite à água fazer interações com outras moléculas
que tenham carga – pelo menos carga parcial, né?

Tensão superficial?

É uma propriedade extremamente importante desenvolvida justamente pela


polaridade que a molécula de água possui. Então, por causa do grande grau de
coesão entre as próprias moléculas de água, esta acaba por desenvolver a tensão
superficial.

Para entender como é a tensão superficial na prática, basta imaginar uma


pequena bolha de ar na piscina .. A tensão vai envolver as muitas e muitas
moléculas de água da piscina ao redor dessa bolha, e essas moléculas fazem
ligações entre si, exercendo uma força central que comprime a bolha.

Detalhe: duas moléculas de água adjacentes podem interagir entre si. Nesse tipo de
ligação – água com água –, o polo parcial negativo do oxigênio de uma molécula é
atraído pelo polo parcial positivo do hidrogênio da outra molécula de água. Essa
interação recebe o nome de ponte de hidrogênio ou ligação de hidrogênio. E, essa
ligação de hidrogênio não é uma ligação covalente.

Capilaridade?

Você sabe o que é uma superfície molhável e uma superfície não-molhável?

Entende-se por “superfície molhável” uma superfície hidrofílica, enquanto


uma “superfície não-molhável” é uma superfície hidrofóbica. Se é “hidrofílica”, quer
dizer que o substrato possui moléculas que são capazes de interagir com as
moléculas de água e, se consegue interagir, então, as moléculas do substrato são
polares assim como as da água – tornando a ligação ainda mais forte.
O tanto que uma superfície é molhável é medido a partir do ângulo que uma
gota d’água forma ao entrar em contato com o substrato em questão. Então, em
uma superfície hidrofóbica, por exemplo, as gotas d’água formam um ângulo maior
que 90°.

A capilaridade se refere à propriedade de adesão – e é aí que entra a parada


de superfícies hidrofílicas e hidrofóbicas. Enquanto a tensão superficial diz respeito à
coesão entre as próprias moléculas de água, a capilaridade tem a ver com o grau de
interação entre as moléculas de água e outros substratos, isto é, o quanto ela se
adere às diferentes superfícies.

Observação: nas plantas, a capilaridade é uma característica importante para o


processo de condução!

ÁGUA DA CÉLULA

Quais são os processos que promovem o movimento da água em nível celular?

O processo fundamental responsável por isso é a conhecida difusão – em


que o soluto de um meio hiperconcentrado começa a se distribuir e migrar para o
meio de menor concentração. Se tiver uma membrana no meio, esse processo deixa
de ser chamado de difusão e passa a ser chamado de osmose – mas, não deixa de
ser uma difusão. Tem meio que a ver com o contexto mesmo!

Detalhe: em uma célula, a água entra e sai o tempo todo – de acordo com a
concentração de solutos intracelular comparativamente à concentração extracelular.
Se a gente, eventualmente, esmagar essa célula, por ela possuir várias proteínas em
sua membrana que permitem a passagem de água, a gente acaba induzindo o
movimento de água através da pressão!

Além disso, há o que chamamos de fluxo de massa – movimento da água


produzido pela gravidade, pela chuva ou até mesmo por uma bomba de caixa
d’água. Em outras palavras, é o movimento da água gerado por uma força capaz de
induzir o seu fluxo.

POTENCIAL HÍDRICO

Um sistema é capaz de ceder água para um outro sistema?


Lá em Física, na época da escola, a gente chegou a dar uma olhadinha num
conteúdo que lidava com “trabalho”. As questões consideravam um sistema ideal,
em que poderia se medir o quanto de trabalho o sistema precisaria realizar para
transferir “x” quantidade de energia – e vice-versa. Se esse sistema for capaz de
realizar “trabalho”, então, o sistema será capaz de ceder água para um outro sistema.

Quanto ao “ceder água”, temos as seguintes situações – em ordem


cronológica de eventos:

Situação I. Sistema com água pura, possuindo a maior capacidade para ceder água.

Situação II. Adição de soluto no sistema com água pura, havendo uma redução no
potencial hídrico da solução – significando uma diminuição da capacidade do
sistema de ceder água.

Situação III. Solução com água e soluto, e uma célula hiperconcentrada – havendo o
alcance no equilíbrio do potencial hídrico através da perda de água da célula.

Situação IV. Adição de mais soluto no sistema já equilibrado – havendo a diminuição


do potencial hídrico da solução, forçando mais a saída de água da célula, esta
sofrendo plasmólise.

Situação V. Compressão da célula plasmolisada – aumentando a pressão na célula e,


consequentemente, aumentando mais a saída de água e diminuindo ainda mais o
volume celular, assim como o potencial osmótico dentro da célula.

Observação: o potencial osmótico diminui na situação V porque a concentração de


soluto não foi alterada, mas, a concentração de água sim, fazendo com que haja
mais soluto que água dentro da célula. E quanto mais impuro o sistema, mais
negativo é o potencial hídrico!
Plasmólise?

É o evento que acontece na situação IV, que envolve a contração do


protoplasto, devido à grande saída de água de dentro da célula, diminuindo seu
volume. Lembrando que “protoplasto” é o conteúdo interno da célula –
considerando a membrana delimitando o corpo celular. Em outras palavras, a
membrana plasmática é contraída e acaba por diminuir o volume do conteúdo
interno da célula vegetal – enquanto a parede celular fica intacta, meio que
desprendida do protoplasto.

O potencial hídrico pode ser desmembrado em duas variáveis!

São elas:

 potencial osmótico / potencial de soluto

 potencial de pressão / pressão hidrostática

Potencial osmótico?

É um fator que pode ser calculado – caso você tenha os valores da constante
dos gases, da temperatura ou da concentração do sistema. A água pura,
teoricamente, é o nosso referencial para essa variável, sendo o sistema com a maior
capacidade de ceder água.

Em outras palavras, qualquer coisa, qualquer soluto que você adicione nesse
sistema de água pura, vai reduzir a capacidade desse sistema de ceder água –
reduzindo, literalmente, o “potencial osmótico”, com o potencial de pressão
assumindo o valor zero, pois não haveria nenhuma pressão agindo nessa situação.

Falou em “concentração”, falou em “potencial osmótico”!

Potencial de pressão?

É um fator que também pode ser calculado com um termômetro – um


aparelho de pressão –, se utilizando, por exemplo, da capilaridade da água que, por
sua vez, gera uma pressão hidrostática.
Detalhe: quanto mais próximo de zero – quanto mais positivo –, maior a
concentração de água com relação à concentração de soluto, enquanto o potencial
hídrico vai se tornando cada vez mais negativo quando a quantidade de água é
cada vez menor. Em outras palavras, se o potencial hídrico vai reduzindo, isso indica
que a pureza da água no sistema está diminuindo!

Vamos imaginar uma célula vegetal hiperconcentrada sendo adicionada em


uma solução hipoconcentrada .. A gente viu que um sistema com soluto diminui a
pureza da água. E se o sistema é impuro, o potencial hídrico diminui, isto é, a
capacidade de ceder água diminui, ganhando um valor negativo. Nessa situação, a
célula é mais negativa que a solução, pois ela é mais concentrada em soluto. Logo,
de modo a manter um equilíbrio no potencial hídrico do sistema como um todo,
haverá a entrada de água da solução para a célula, diminuindo a alta concentração
de soluto e, consequentemente, aumentando o valor do potencial hídrico até que se
iguale ao valor da solução.

Com a entrada de água na célula, esta começa a se expandir – expansão que


acaba pressionando a parede celular, afetando, portanto, no valor do que demos o
nome de “potencial de pressão”, enquanto o potencial osmótico continua o mesmo,
já que não teve distribuição de soluto nenhum.

Como a água atravessa as membranas das células?

Em qualquer célula de qualquer organismo vivo, a água é capaz de


atravessar a membrana celular através de uma proteína conhecida como aquaporina.

A difusão da água só pela membrana é muito baixa. Por isso, existem


proteínas de membrana que formam canais, que formam poros capazes de gerar
um fluxo de massa – aumentando a velocidade e a taxa do transporte de substância
para dentro e para fora da célula. Elas podem, ainda, participar do processo de
controle – se abrindo e se fechando dependendo do pH do meio, permitindo a
passagem da água ou restringindo-a.
BALANÇO HÍDRICO

Se você cortar o tronco de uma árvore ou o pecíolo de uma folha, há vazamento de


água?

É pouco comum. Mas, em alguns casos, de fato, bem próximo da raiz pode
se formar uma película de água. Em outras palavras, pode acontecer de acumular
um pouco de água na porção cortada. Mas, essa película de água em questão pode
ser apenas do tecido danificado e acabou se acumulando na região. Ou seja, essa
situação não serviria como um exemplo para apontar a presença de água correndo
ao longo do corpo vegetal.

Para isso, existe um teste muito simples e eficaz. Tal teste implica em coletar
folhas de algumas plantas, envolvendo essas folhas em um saco plástico – deixando
esse saco ali. Considerando o corpo vegetal como uma estrutura anatomicamente
contínua, uma vez dentro dos sacos as folhas iriam “vazar” água, esta se
acumulando no saco plástico depois de uns três dias, mais ou menos – isso porque
as plantas possuem uma taxa de transpiração altíssima.

Há um outro experimento também, em que se pega uma flor branca e a


coloca em um pote cheio de corante. Depois de um tempo, teoricamente, o corante
vai começar a circular pela planta através dos vasos condutores – corando as pétalas
da flor em alguns casos.

O que proporciona o movimento da água ao longo do corpo vegetal?

De fato, o que proporciona o movimento de água é o potencial hídrico – em


que a água vai de um sistema de potencial hídrico mais alto para um sistema de
potencial hídrico mais baixo.

O potencial hídrico nas folhas é menor que potencial hídrico no solo e nas raízes?

Teoricamente, sim! Esses potenciais hídricos podem ser medidos através de


um equipamento, por exemplo, conhecido como psicrômetro. É um equipamento
em forma de câmara, composta por um filamento ligado a um termômetro – o qual
mede a temperatura do próprio filamento. Neste filamento pode-se colocar tanto
uma solução quanto um tecido vegetal – mas, geralmente, coloca-se uma solução
com uma concentração de solutos já conhecida.

Vamos supor que a soluçãox possua uma concentração de solutos mais alta
que o fragmento vegetal “y”. Nesse caso, o potencial hídrico, especificamente o
potencial osmótico, da solução é menor e, portanto, a água acaba saindo do
vegetal para o filamento – já que a grande concentração de água no fragmento
vegetal tentaria amenizar a grande concentração de solutos no filamento.

Detalhe: devido à propriedade de alto calor específico da água, é possível medir o


potencial hídrico de determinadas substâncias. À medida que a água sai do
fragmento vegetal, este adquire uma redução de sua temperatura. Nesse momento,
são adicionadas diferentes substâncias no filamento que são capazes de abaixar a
temperatura da solução ali presente. Então, tu adiciona uma, depois outra e depois
outra substância, até que, em um determinado momento você encontra uma
substância que não consegue alterar a temperatura, o que significa que você
descobriu o potencial hídrico da substância – tendo como referência o calor
específico da água!

Há, ainda, um outro equipamento, um microscópio conhecido como


osmômetro criosópico, que segue o princípio do calor latente – descobrindo a
concentração das substâncias a partir da propriedade coligativa da água.

Entende-se por “propriedade coligativa da água” o seguinte: quando a gente


adiciona um soluto na água, esta muda o seu ponto de ebulição e o seu ponto de
fusão. Em outras palavras, quando você adiciona um soluto de qualquer natureza, a
concentração desse soluto levará a uma mudança de estado físico da água.

Então, o equipamento envolve um termômetro conectado a uma placa que,


por sua vez, possui a capacidade de controlar a temperatura.

Imaginemos uma soluçãoa sendo colocada na placa ..

Geralmente, o experimento é iniciado em -30°C. A água da solução, claro, vai


congelar! Ao congelar, o osmômetro começa a aquecer a placa até que todos os
cristais de gelo derretam – momento em que a água passa completamente para o
estado líquido. A temperatura que permite a mudança da água do estado sólido
para o líquido é registrada – já que ela é capaz de informar a concentração do
soluto, de acordo com a molaridade do soluto demonstrada em uma tabela de
valores pré-formulada. Em outras palavras, dependendo da concentração do soluto,
o estado físico da água é alterado.
Então, se você sabe a temperatura, você sabe a concentração da substância.
E se você descobre a concentração da substância, a gente consegue utilizar aquela
fórmula que eu citei lá em cima para calcular o potencial osmótico cujo valor você
descobre se você tiver os dados da temperatura, da concentração da substância e
de sua constante, esta dada em uma tabela de valores.

Tanto o psicrômetro quanto o osmômetro são equipamentos utilizados para


calcular o potencial osmótico. Em contraste, há um equipamento que trabalha com
o potencial hidrostático – o também chamado potencial de pressão. Um outro
equipamento conhecido como sonda de pressão – o qual é composto por um capilar
de vidro, isto é, um tubinho de vidro cuja ponta é selada.

Para entender o funcionamento desse equipamento, é só a gente imaginar


uma seringa com o êmbolo estendido e tampar a pontinha dela. Num determinado
momento, a gente passa a aplicar uma força nesse êmbolo até que a pressão
dentro da seringa seja tão alta a ponto de se igualar com a pressão que a gente
estaria fazendo, impedindo o movimento do êmbolo – em que a gente já não
consegue mais empurrar o êmbolo.

Seguindo esse princípio, a gente imagina o capilar de vidro sendo


introduzido em uma célula vegetal que, por sua vez, possui, naturalmente, uma
pressão hidrostática dentro de si – geralmente, retida pela força da parede celular.
Na hora em que o capilar é introduzido, por ter a sua ponta selada, há ar preso. No
momento em que a água intracelular tentar entrar no capilar de vidro, ela não vai
conseguir, devido à pressão que o ar presente está fazendo. Como resposta, a água
acaba por fazer uma pressão hidrostática no tubinho – indicando a ausência de
movimento dela dentro do capilar, já que ela não consegue passar por causa do ar
que já está lá. Por fim, como o tubinho possui uma escala de valores, a gente
consegue medir a pressão gerada ali.

A sonda de pressão é bem simples e, claro, existem equipamentos um pouco


melhores que foram sendo desenvolvidos ao longo do tempo. A sonda termoelástica,
por exemplo – acho que é esse o nome –, é um equipamento bem parecido. Esse
processamento envolve uma espécie de pipeta capaz de controlar delicadamente a
pressão – já que fica “dentro d’água”. Essa “pipeta” é introduzida na célula e o
conteúdo celular tende a entrar nela. Só que, é feita uma força na “pipeta” que a faz
empurrar esse conteúdo celular de volta para a célula. Na hora em que esse
conteúdo volta todinho para dentro da célula, a “pipeta” através do seu sensor de
pressão permite a determinação de valores.

Observação: os valores são medidos pela unidade megapascal (MPa)!

Sabendo da existência de equipamentos capazes de medir as variáveis do


potencial hídrico, fica mais fácil de responder a essa pergunta.

Se a gente quisesse medir o potencial hídrico de um solo qualquer ou de


uma folha, a gente poderia usar o psicrômetro, coletando uma porção de cada um
e adicionando na câmara. Se a gente quisesse medir o potencial hídrico do xilema
ou do floema da raiz, a gente se utilizaria do acúmulo de solutos para medir a
pressão hidrostática das estruturas .. Varia de acordo com o seu objetivo!

O gradiente de potencial hídrico varia de planta para planta!

Assim como também varia de ambiente para ambiente e ao longo do dia.


Em outras palavras, não há valores fixos, não há valores específicos. Por exemplo, às
vezes a planta tá absorvendo uma maior quantidade de sais de um solo, adquirindo
um determinado potencial hídrico e, quando essa mesma planta entra em contato
com um outro solo pobre em nutrientes, ela passa a ter um outro potencial hídrico.
Se as folhas de uma planta estiverem em um ambiente cuja umidade relativa é
extremamente baixa, o potencial hídrico delas será bem negativo – diferente de
folhas que estiverem em um ambiente com uma alta taxa de umidade relativa, já
que o potencial hídrico do ar é influenciado pela umidade relativa, tornando-o mais
positivo.

Por que o solo possui um potencial hídrico?

Porque o potencial hídrico está relacionado com a concentração de solutos,


e o solo possui seus nutrientes – os quais são absorvidos pelas plantas. Quanto mais
próximo da raiz, menor o potencial hídrico do solo – pois a raiz está absorvendo a
água ali presente. Isso quer dizer que, o movimento da água do solo está
direcionado à raiz – “quanto mais se cede água, menor o potencial hídrico”.

Quando a raiz absorve os solutos, o potencial hídrico da raiz acaba


relativamente diminuindo. “Relativamente” porque junto com os nutrientes, também
entra água – mas, claro, não em mesma quantidade. E a presença de solutos,
independentemente da concentração deles, acaba por reduzir o potencial hídrico da
região – seja do solo, seja da planta.

Precisamos pensar que quando a planta absorve as riquezas do solo, ela não
separa as coisas: “Primeiro vou absorver os nutrientes e depois vou absorver a
água”. Não! Ela absorve o que tá lá .. Mas, dependendo da concentração de cada
um no solo, as variáveis do potencial hídrico da raiz mudam – uma vez que a raiz é
a responsável pela absorção das coisas.

Então, considerando que a concentração de soluto seja maior que a


concentração de água no solo, ambos entram na planta ao mesmo tempo. Se há
mais nutrientes que água, o potencial hídrico da planta se torna negativo. Porém, a
água que entra junto com esses nutrientes faz com que haja uma pressão
hidrostática direcionada à planta. Então, ao mesmo tempo em que o potencial
osmótico é reduzido, o potencial de pressão aumenta – podendo resultar em um
potencial hídrico resultante positivo na planta, já que o potencial osmótico não
diminui tanto assim quando há água junto com os solutos.

O xilema da raiz, por ser um tecido condutor, acaba por possuir o que
demos o nome de fluxo de massa – o potencial de pressão que antes aumentava ao
ser absorvido pela raiz, agora é reduzido ao percorrer o xilema. Isso porque esse
fluxo é gerado pela força da transpiração – já que a água está sendo transpirada,
perdendo sua pressão. Ao mesmo tempo, o potencial osmótico começa a
aumentar, porque toda aquela concentração de soluto começa a se dissolver e se
difundir.

Chegando ao xilema da folha, as forças que atuam sobre o fluxo são


geradas, em grande parte, pela capilaridade e, um pouco pelo potencial osmótico –
resultando em um potencial hídrico ainda mais baixo.

A água sempre vai das raízes para as folhas?

Até recentemente, só se falava em condução ascendente de água: raiz-folha.


As escolas e as universidades só falam nisso! Mas, há um tempinho – em torno de
cinco anos atrás – isso começou a ser questionado, até que propuseram uma maior
complexidade nesse movimento da água.

Conseguiram descrever, por exemplo, um processo que ficou conhecido


como redistribuição hidráulica. A planta pode, por exemplo, absorver água das
camadas mais profundas do solo e liberar essa mesma água absorvida no solo
mesmo, nas camadas mais superficiais dele – antes mesmo de chegar às partes
aéreas. da planta.

Isso pode ter acontecido, provavelmente, porque o potencial hídrico nas


porções radiculares mais profundas estivesse extremamente negativo quando
comparado com o da copa da planta – esta liberando a água antes de chegar à
copa, já que a copa da planta tava de boa.

Pode acontecer uma redistribuição especificamente lateral – em que a água


é absorvida de um lado da planta e liberada pelo outro lado – e uma redistribuição
especificamente horizontal – em que a água é absorvida por um ápice e liberada
por outro.

E ainda pode acontecer uma desidratação de tecidos – em que, muitas vezes,


as folhas acabam armazenando uma grande quantidade de água em seu
parênquima. Nesse caso, essa água é liberada no solo – sai das folhas e vai até às
raízes.

Essas alternativas faz a gente pensar que o transporte hídrico nas plantas é
muito mais complexo do que o que se pensava – de que a água entrava
unicamente pelas raízes e saía pelas folhas. E, claro, começaram a questionar o
significado adaptativo dessas alternativas – não só em nível individual, mas em nível
ecossistêmico.

A parada da desidratação de tecidos pode acontecer, em nível de indivíduo,


para que haja uma reidratação das camadas do solo. Então, na hora em que a
planta precisar de água – seja para realizar a fotossíntese, a respiração etc –, ela
teria uma boa disponibilidade de água ali. Ao mesmo tempo, em nível de
comunidade, no momento em que libera água para o solo, ela fornece condições
para que outras plantas consigam se estabelecer.

ÁGUA DO SOLO

Quais são os processos relacionados ao movimento de água no solo?


A granulometria é um fator importantíssimo para que haja movimento hídrico
no solo – no que diz respeito à retenção de água. Esse fator influencia fortemente
no potencial de pressão do solo devido à alta taxa de capilaridade presente no solo.
Lembrando que essa propriedade de capilaridade da água tem a ver com a
capacidade de adesão das moléculas de água à superfície.

Um solo grosso tem menos superfície, já que as partículas são bem maiores.
Quanto menores as partículas do solo, mais contato existe entre ele e a água. Por
isso, a granulometria influencia tão significativamente no potencial de pressão do
solo – pois a capilaridade, a difusão da água pelo solo, por sua vez, influencia na
pressão hidrostática do solo.

Quando o solo é encharcado com água, esse solo é drenado pela força da
gravidade. Essa água em excesso que está sendo drenada, ela vai ficando retida ao
longo do solo por capilaridade e também pela presença dos solutos ali, capazes de
interagir com ela.

Quando encharcado, significa que o solo possui muita água para ceder.
Quanto mais água se tem para ceder, maior o potencial hidrostático do solo. À
medida que o solo vai secando, o potencial de pressão vai se tornando
proporcionalmente negativo. E quanto menor o potencial hídrico do solo, menos a
água consegue absorver.

Observação: a parte da água que é retida no solo recebe o nome de capacidade de


campo (CC). Então, solos argilosos possuem uma capacidade de campo maior que
os solos arenosos. Em outras palavras, solos argilosos possuem maior capacidade
de reter água que os solos arenosos!
Qual é o momento em que a planta, de fato, não consegue mais absorver água do
solo?

Há dois momentos: quando o potencial hídrico do solo está em equilíbrio –


parando o movimento da água – ou quando o potencial hídrico do solo está mais
negativo que o da planta. Ambos são chamamos de ponto de murcha permanente –
em que há água no solo, mas, ainda assim, a planta não é capaz de absorver nada,
e aí, a planta começa a murchar.

A água vai se mover em um solo com potencial hídrico mais elevado ou mais
negativo?

Obviamente mais elevado. Quanto maior o potencial hídrico, maior a


mobilidade, enquanto quanto mais baixo o potencial hídrico, mais fortemente a
água está ligada às partículas do solo – diminuindo a movimentação da água.

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