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Sumário
Faixa base

Água...................................................................................................................................5

Dinâmica e distribuição das populações............................................................................15

Sofistas e Sócrates ...........................................................................................................27

Exercícios sobre Movimento Uniforme (M.U.)..................................................................40

Movimento Uniformemente Variado (MUV).....................................................................46

Termometria: variação de temperatura.............................................................................56

Crise de 29 e o Keynesianismo..........................................................................................70

Fordismo e a produção em massa....................................................................................83

Do Mundo Antigo ao Feudalismo.....................................................................................95

Formação dos Estados Modernos....................................................................................109

Gêneros literários: épico e narrativo...............................................................................123

Grandezas Proporcionais................................................................................................140

Produtos notáveis e Fatoração........................................................................................156

Triângulos: cevianas e pontos notáveis...........................................................................166

Triângulos: condição de existência, lei angular e classificações......................................181

Palavras invariáveis: advérbios........................................................................................196

Palavras invariáveis: advérbios........................................................................................209


Sumário

Métodos de separação de misturas heterogêneas..........................................................219

Métodos de separação de misturas homogêneas............................................................231

A dissertação argumentativa...........................................................................................246

Processo de socialização e instituições sociais...............................................................259

Aprofundamento
Interpretando tabelas e figuras........................................................................................279

Filosofia Pré-socrática.....................................................................................................281

Termometria...................................................................................................................290

Estados Unidos: construção e regionalização.................................................................297

Grécia e Roma................................................................................................................308

Retas paralelas cortadas por uma transversal ................................................................325

Resolução de questões de compreensão textual............................................................331

Diagrama de fases...........................................................................................................314

Análise direcionada: “O valor da educação nas transformações sociais do Brasil”...........351

Como ser um bom leitor/escritor?..................................................................................354


Biologia

Água

Objetivo
Aprender as características gerais da água, suas propriedades e funções.

Curiosidade
A água é essencial para a vida, pois participa de diversas reações metabólicas. Também é nela que surgiram
os primeiros seres vivos, de acordo com todas as hipóteses de origem da vida — e é por isso que
pesquisadores em busca de vida fora da Terra sempre procuram planetas que tenham água!

Teoria

Todos os seres vivos apresentam metabolismo; para que este funcione corretamente, são necessárias
substâncias orgânicas e inorgânicas. Como exemplo, temos as reações de anabolismo e catabolismo, que
ajudam a regular e a realizar reações de síntese e quebra. A água e os sais minerais são substâncias
inorgânicas, enquanto os carboidratos são orgânicos. No material de hoje abordaremos a água!
A água é uma substância importante para a vida, responsável por formar a maior parte da massa dos seres
vivos. É uma substância inorgânica, composta por um átomo de oxigênio e dois de hidrogênio, formando uma
molécula polar de fórmula química H2O. O lado do oxigênio apresenta carga negativa e o lado dos hidrogênios
apresenta carga positiva. Essas cargas fazem com que a água seja considerada uma molécula polar, ou
dipolo, isto é, cada polo da sua molécula apresenta uma carga diferente.

Representação de uma molécula de água.

A disposição dos átomos e a presença de ligações de hidrogênio (também chamadas de pontes de


hidrogênio) faz com que essa molécula tenha certas propriedades específicas e muito importantes para os
sistemas biológicos. Podemos citar algumas:
• Alto calor específico: calor específico é o quanto de calor 1g de substância tem que receber para
aumentar a sua temperatura em 1°C. Quanto maior o calor específico, mais calor deve ser fornecido. O
calor específico da água igual a 1cal/g°C, ou seja, ela apresenta alta capacidade de absorver e conservar
o calor, sem mudar de estado físico e aquecer ou esfriar de maneira brusca;
• Adesão: força que permite que a água se ligue a outras superfícies carregadas, formadas por substâncias
que não são a água;
• Coesão: força que permite que a água se ligue com outras moléculas de água;
• Tensão superficial: força que permite que a ligação das moléculas de água na superfície não se rompa
quando se exerce força sobre ela (exemplo: insetos caminhando sobre a água).
Biologia

Foto de um inseto na superfície da água. Ele não afunda, devido à tensão superficial da água.
(Fonte: PXHere. Disponível em: https://pxhere.com/pt/photo/616993. Acessado em 03/09/2021.)

Interação das moléculas de água para formar a tensão superficial e forças que agem sobre um objeto na superfície da água. FS:
força da tensão superficial. FW = força do peso do objeto.
(Fonte: Booyabazooka e Karl Hahn. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tens%C3%A3o_superficial.
Acessado em 03/09/2021.)

A partir dessas propriedades, a água possui diferentes funções para os seres vivos, como:
• Participação na maioria das reações metabólicas: a água participa de reações de hidrólise (quebra de
moléculas pela água; a presença de uma molécula de água faz com que a ligação entre dois compostos
se rompa — reações de catabolismo) ou de síntese por desidratação (quando duas moléculas se unem
para formar outra; os H+ e OH liberados se ligam, formando água — reações de anabolismo);
• Solvente universal: por conta de sua polaridade, ela consegue solubilizar com facilidade outras moléculas
também polares (chamadas de hidrofílicas), como de carboidratos, proteínas, sais minerais, entre outras.
A água não consegue solubilizar moléculas apolares (chamadas de hidrofóbicas), como as de lipídios. É
por isso que, ao juntar óleo e água, as duas substâncias não se misturam — e podemos observar
diferentes fases na mistura;
o Transporte de substâncias: a água carrega diferentes tipos de substância no nosso corpo; por
exemplo, nutrientes e excretas;
o Regulação térmica: por conta do alto calor específico, a molécula consegue transportar calor em
processos como sudorese ou diurese, fazendo a regulação térmica. A água presente no suor absorve
o calor do nosso corpo, diminuindo a temperatura. Quando ele evapora, o calor também sai. Essa
propriedade está relacionada ao calor latente de vaporização.
Biologia

Ao juntar água e óleo, vemos uma mistura heterogênea, ou seja, eles não se misturam: a água fica embaixo e o óleo, em cima, já que
o óleo é lipossolúvel, então não se solubiliza na água. Já a mistura de água com sal é homogênea; já que o sal é hidrofílico, se
dissolve na água.

(Fonte: Quero Bolsa. Disponível em: https://querobolsa.com.br/enem/quimica/misturas-homogenea-e-heterogenea.


Acessado em 03/09/2021.)

A concentração de água varia no corpo de um indivíduo de acordo com alguns fatores, como você pode ver a
seguir:
• Metabolismo: quanto mais metabólico é um tecido, mais água é necessária, ou seja, a quantidade de
água varia entre os tecidos de acordo com a função e a taxa metabólica dele (ex.: 20% de água nos ossos,
85% de água no cérebro);
• Idade: indivíduos mais jovens apresentam mais água no corpo. Quanto maior a idade, de menos água o
corpo precisa, pois o metabolismo diminui;
• Espécie: dependendo da espécie, pode haver maior ou menor quantidade de água. Nos humanos, a média
é de 70% do corpo; as águas-vivas (cnidários) têm 95% do corpo composto por água; e uma minhoca
(anelídeos) apresenta cerca de 80% de sua estrutura formada por água.
Biologia

Exercícios de Fixação

1. Qual propriedade faz com que as moléculas de água permaneçam unidas entre si?

2. A água é um elemento de suma importância para a vida na Terra. Sabendo disso, quais são as principais
contribuições da água para o ser humano?

3. Qual das alternativas não é uma propriedade da água?


a) Alto calor específico.
b) Adesão e coesão.
c) Solubilizar lipídios.
d) Tensão superficial.

4. A água é considerada um solvente ou soluto universal? Ela é polar ou apolar?

5. Das opções a seguir, qual fala sobre um animal e um órgão que apresentam maior quantidade de água?
a) Cacto e osso.
b) Bactéria e pele.
c) Humanos e músculos.
d) Água-viva e cérebro.
Biologia

Exercícios de Vestibulares

1. (IFPE, 2017) A água tem uma importância fundamental na vida dos organismos vivos. Cerca de 70% da
massa de nosso corpo é constituída por água. Essa substância participa de inúmeras reações químicas
nos seres vivos onde as células produzem substâncias necessárias à vida. O consumo diário de água
é imprescindível para o funcionamento adequado de nosso corpo. Com relação à água e a sua
importância, podemos afirmar que:
a) à medida que avançamos em idade, a porcentagem de água em nosso corpo aumenta.
b) são chamados compostos hidrofóbicos aqueles capazes de serem dissolvidos em água.
c) as ligações de hidrogênio entre as moléculas de água não afetam suas propriedades.
d) a água tem o importante papel de auxiliar na manutenção da temperatura corporal.
e) os músculos e os ossos apresentam, em sua composição a mesma porcentagem de água.

2. (UFLA, 2017) O fato de alguns insetos se locomoverem sobre a superfície da água e algumas espécies
de plantas crescerem por cima da superfície da água é também uma das propriedades que deixa as
células individualizadas e coesas. Essa propriedade físico-química da água é denominada:
a) Densidade.
b) Tensão superficial.
c) Capacidade térmica.
d) Temperatura de fusão.
e) Alto poder de dissolução.

3. (UFTPR, 2008) A água apresenta inúmeras propriedades que são fundamentais para os seres vivos.
Qual, dentre as características a seguir relacionadas, é uma propriedade da água de importância
fundamental para os sistemas biológicos?
a) Possui baixo calor específico, pois sua temperatura varia com muita
facilidade.
b) Suas moléculas são formadas por hidrogênios de disposição espacial linear.
c) Seu ponto de ebulição é entre 0 e 100 °C.
d) É um solvente limitado, pois não é capaz de se misturar com muitas
substâncias.
e) Possui alta capacidade térmica e é solvente de muitas substâncias.

4. (UCPEL, 2006) Assim como os demais seres vivos, necessitamos de certa taxa de água no nosso corpo
para nos mantermos vivos. Na realidade estamos constantemente perdendo água para o ambiente, e
essa água precisa ser, de alguma forma, reposta, sem o que corremos o risco de nos desidratamos.
Podemos dizer que o papel da água nas reações químicas e metabolismo é
a) transportar substâncias por ela dissolvidas e facilitar as reações químicas.
b) agir exclusivamente nas membranas celulares.
c) participar somente nas reações de oxidação.
d) não transportar nenhum tipo de substância.
e) transportar substâncias e não facilitar a entrada de material orgânico.
Biologia

5. (UEPB, 2011) A água é um recurso natural de extrema importância. Presente em macro e


microambientes e sob várias formas, ela desempenha funções como hidratação, regulação da
temperatura, condução de vitaminas, proteínas, carboidratos e sais minerais, etc… Uma das
características da água é a quantidade presente no corpo humano, que varia entre células devido à
função exercida e idade. Imagine a seguinte situação: um experiente professor, com aproximadamente
50 anos de idade e 25 de profissão, com massa corporal de 85 kg bem distribuída nos seus 1,84 cm de
altura, acostumado a escalar serras durante suas pesquisas de campo, segue mais uma vez uma de
suas trilhas. Após um longo percurso, o professor e seus alunos, com idades variando entre 18 e 25
anos, chegam exaustos ao local da coleta de dados.
Baseado nas informações, pode-se afirmar, corretamente, que:
a) se encontrará quantidade de água igual tanto no organismo do professor quanto no dos alunos,
pois eles bebem água durante o trajeto.
b) se encontrará quantidade de água igual nos organismos do professor e dos alunos, pois cada
pessoa tem sua capacidade limite de transpiração e o professor tem um bom condicionamento
físico.
c) se encontrará menos água no organismo dos estudantes em relação ao professor, pois sendo mais
jovens andam mais rápido que o professor, e, portanto, transpiram mais e perdem mais água.
d) se encontrará menos água no organismo do professor, principalmente nas células musculares, em
relação aos organismos dos estudantes, devido à idade avançada dele e da perda por evaporação
durante o trajeto.
e) se encontrará menor quantidade de água no organismo dos estudantes em relação ao organismo
do professor porque suas células musculares gastaram mais energia, mesmo bebendo água
durante o trajeto.

6. (USC, 2015) Uma criança passeando com seus pais na beira da lagoa reparou que havia vários insetos
caminhando sobre a superfície da água. Eles não afundavam, porque:
a) As patas dos insetos estabelecem uma reação de mistura.
b) A água é uma substância apolar e forma uma reação química com a superfície das patas dos
insetos.
c) As pontes de hidrogênio são extremamente instáveis, tornando-se uma superfície sólida para os
insetos.
d) As patas dos insetos estabelecem uma reação hidrofílica.
e) A tensão superficial da água consegue suportar o peso do inseto.
Biologia

7. (Enem, 2005) A água é um dos componentes mais importantes das células. A tabela abaixo mostra
como a quantidade de água varia em seres humanos, dependendo do tipo de célula. Em média, a água
corresponde a 70% da composição química de um indivíduo normal.

Tipo de célula Quantidade de água

Tecido nervoso – substância cinzenta 85%

Tecido nervoso – substância branca 70%

Medula óssea 75%

Tecido conjuntivo 60%

Tecido adiposo 15%

Hemácias 65%

Ossos (Sem medula) 20%

(Fonte: L.C. Junqueira e J. Carneiro. Histologia Básica, 8ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1985.)

Durante uma biópsia, foi isolada uma amostra de tecido para análise em um laboratório. Enquanto
intacta, essa amostra pesava 200 mg. Após secagem em estufa, quando se retirou toda a água do
tecido, a amostra passou a pesar 80 mg. Baseado na tabela, pode-se afirmar que essa é uma amostra
de:
a) tecido nervoso – substância cinzenta.
b) tecido nervoso – substância branca.
c) hemácias.
d) tecido conjuntivo.
e) tecido adiposo.

8. (Uece, 2017) No corpo humano, a água exerce variadas atividades fundamentais que garantem o
equilíbrio e o funcionamento adequado do organismo como um todo. Considerando que um ser
humano adulto tem entre 40 e 60% de sua massa corpórea constituída por água, é correto afirmar que
a maior parte dessa água se encontra localizada:
a) na linfa.
b) nas secreções glandulares.
c) no meio intracelular.
d) no plasma sanguíneo.
e) nos pelos do corpo
Biologia

9. (UFG, 2011) A massa corporal dos seres vivos é constituída de aproximadamente 75% de água. A
solução que preenche todas as células vivas consiste em uma mistura aquosa. Qual a propriedade da
água e a função biológica a ela associada, respectivamente, que se relaciona a esse contexto?
a) Calor específico de vaporização; regular a temperatura corporal
b) Polaridade; dissolver substâncias iônicas e não iônicas.
c) Tensão superficial; sustentar pequenos animais na superfície da água.
d) Pontos de solidificação e de vaporização; manter a vida em ampla faixa de temperatura.
e) Densidade no estado sólido; manter a vida aquática em lagos congelados.

10. (UPE, 2014) Um ser humano pode ficar semanas sem ingerir alimentos, mas passar de três a cinco dias
sem ingerir líquidos pode ser fatal. Os especialistas recomendam que se deve beber no mínimo 2,5
litros de água por dia. “Quando a pessoa está com sede, é porque já passou do ponto de beber água,
diz a pneumologista Juliana Ferreira, do Hospital das Clínicas, em São Paulo”. Em dias muito quentes
ou quando a pessoa faz exercícios intensos, essa ingestão pode até superar 6 litros, principalmente
porque o suor “desperdiça” muito líquido, na tentativa de manter a temperatura do corpo num nível
adequado. “É preciso se hidratar corretamente, caso contrário o organismo gasta mais água do que
absorve, afirma a nutricionista Isabela Guerra, que desenvolve doutorado na área de hidratação e
esporte”
(Disponível em: Mundo Estranho / Saúde http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-sao-as-funcoes-da-agua-nocorpo
humano. Adaptado.)

Sabe-se que a recomendação de hidratação diária para o corpo humano é de 2.550 ml de água, que
podem ser abastecidos por meio da ingestão de alimentos (1.000 ml) e líquidos (1.200 ml) e de reações
químicas internas (350 ml). A desidratação diária, em condições normais, é do mesmo montante.
Assinale a alternativa que apresenta, em ordem decrescente, a perda de água no nosso organismo.
a) Fezes, urina, suor e respiração.
b) Suor, urina, fezes e respiração.
c) Respiração, urina, fezes e suor.
d) Suor, urina, fezes e respiração.
e) Urina, suor, respiração e fezes

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Biologia

Gabaritos

Exercícios de Fixação

1. Por meio das ligações de hidrogênio. Como a água é uma substância muito polar, entre suas moléculas
formam-se fortes ligações (de hidrogênio), que mantêm as moléculas coesas entre si.

2. A água é um elemento essencial para a manutenção da vida: cerca de 70 a 80% do nosso organismo é
composto por água. Ela é responsável pelo transporte de nutrientes em nosso organismo; é um regulador
de temperatura corporal; auxilia na eliminação de substâncias tóxicas durante o metabolismo; participa
de todas as reações químicas no organismo humano; participa de todos os processos fisiológicos de
digestão, absorção assimilação e excreção; e auxilia na prevenção de doenças (cálculo renal, infecção
urinária, entre outros).

3. C
Apesar de ser considerada um solvente universal, a água não consegue solubilizar lipídios, visto que eles
são compostos apolares hidrofóbicos.

4. A água dissolve uma grande quantidade de substâncias, por isso é considerada um solvente universal. A
água é polar: ela é formada por uma molécula polar, com o lado do oxigênio apresentando carga negativa
e o lado dos hidrogênios apresentando carga positiva. Essas cargas diferentes fazem com que a água
seja considerada um dipolo.

5. D
A água-viva é um animal do grupo dos cnidários, e pode ter até 90% de seu corpo formado por água. Já
o cérebro é um órgão muito ativo, e depende de ter muita água para que seu metabolismo funcione
corretamente.

Exercícios de vestibulares

1. D
A água, por ter um alto calor específico, ajuda na manutenção da temperatura corporal; por exemplo,
ajudando a resfriar o organismo pela sudorese.

2. B
A forte união entre as moléculas forma uma tensão (tensão superficial) que permite a alguns insetos a se
locomoverem sobre a superfície da água.

3. E
A temperatura da água não varia com facilidade, o que permite grande capacidade térmica (por seu alto
calor específico); além de ser considerada um solvente universal.

4. A
A água auxilia no transporte de diversas substâncias, como na corrente sanguínea ou nos espaços
intercelulares; também facilita reações químicas, participando dos processos de hidrólise e síntese por
desidratação.
Biologia

5. D
A concentração de água nos tecidos diminui conforme aumenta a idade do organismo; logo, em
comparação aos alunos, o professor tem menos água em seus tecidos.

6. E
A tensão superficial é a força com que as moléculas de água estão ligadas uma à outra, formando uma
superfície. Essa superfície tem uma resistência que permite que insetos andem sobre a água.

7. D
Após a secagem, a amostra perdeu 120mg de água, o que equivale a 60% da massa total. Podemos
observar na tabela que o tecido que apresenta em sua composição 60% de água é o tecido conjuntivo.

8. C
O meio intracelular é o que terá maior concentração de água, pois lá ocorre o metabolismo da célula.

9. B
O preenchimento de células com uma grande quantidade de água tem a ver com a capacidade de
dissolução da água. Por conta de suas propriedades de dipolo (apresentam polaridade), ela consegue
reagir com outras substâncias.

10. E
Perdemos muita água pela urina, já que todas as nossas excretas estão diluídas em água. Depois, a perda
de água pelo suor ocorre para ajudar a controlar a temperatura corporal. Durante a respiração, temos a
perda de água em menor quantidade. Por fim, nas fezes teremos a menor perda de água.
Biologia

Dinâmica e distribuição das populações

Objetivo
Entender como funciona a dinâmica de crescimento populacional e quais fatores influenciam no número de
indivíduos que a compõem.

Curiosidade
Diversas áreas da Ecologia estudam as populações, então fixando bem este assunto, outros conteúdos
ficarão bem mais fáceis de serem compreendidos! Este assunto apresenta alguns conceitos básicos de
Ecologia. Você pode usar este artigo para tirar dúvidas sobre estes termos!

Teoria

População é o conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que convivem e ocupam uma mesma área, no
mesmo período de tempo. As diferentes populações podem variar de tamanho, crescendo ou diminuindo.
Algumas populações conseguem se estabilizar, enquanto outras declinam podendo chegar à extinção. A
presença dessas variações na população é chamada de dinâmica de populações.
Para entender sobre dinâmica de populações, é importante diferenciar dois conceitos:

• Tamanho populacional, que equivale ao número de indivíduos de uma população;


• Densidade populacional, é a relação do tamanho populacional com a área ocupada pela população. A
densidade pode variar de acordo com as alterações do meio, e é determinada pela seguinte fórmula:

Nesta fórmula, temos: D = densidade populacional; N = número de indivíduos da população (tamanho populacional);
S = unidade de área ou de volume, sendo o espaço ocupado pela população.

Os principais fatores que modificam o número de indivíduos em uma população são:


• Imigração: novos indivíduos chegam na população
• Emigração: os indivíduos saem da população
• Natalidade: indivíduos que nascem em uma população
• Mortalidade: número de indivíduos que morrem em uma população

A imigração (I) e a natalidade (N) aumentam a densidade populacional, enquanto a emigração (E) e a
mortalidade (M) a diminuem.
Para saber qual a taxa de crescimento (TC) de uma população, utiliza-se as taxas de natalidade + imigração
e subtrai-se as taxas de mortalidade + emigração, como na seguinte fórmula: TC = (N+I)-(M+E). As relações
entre essas taxas podem indicar como a população está se comportando.

1
Biologia

Relação entre os fatores que alteram o tamanho populacional e o que ocorre com a população em cada caso.

Uma população que não tem nenhum fator ambiental impedindo seu crescimento terá um aumento do
número de indivíduos de forma exponencial (chamada de curva J). Esta curva representa o potencial biótico.
O potencial biótico é a capacidade de uma população para crescer em condições favoráveis, ou seja, é a
capacidade dos seres vivos se multiplicarem através da reprodução.
Porém, na natureza, as populações sofrem com fatores que atrapalham seu crescimento, sendo este o
crescimento real, graficamente representado por uma curva que se estabiliza (chamada de curva S). A
estabilização da curva ocorre quando o tamanho populacional atinge a capacidade suporte do ambiente
(representado por uma linha constante chamada de curva K) e isto se dá por conta da resistência do meio. A
resistência do meio é o conjunto de fatores ambientais que limitam o crescimento populacional, impedindo
um crescimento exponencial da população, e podem gerar como consequências a competição, o parasitismo
e o predatismo.

Gráfico representativo das curvas de crescimento populacional.

A competição por recursos do ambiente pode alterar drasticamente as populações quando diferentes
indivíduos interagem: no princípio de Gause, ou princípio da exclusão competitiva, duas espécies
compartilham nichos ecológicos semelhantes, e por causa dos recursos limitados competem entre si,
podendo causar a extinção da espécie menos apta à sobrevivência.

A população pode estar distribuída de diferentes formas em um ambiente. Ela pode ser
• Aleatória: não há nenhum tipo de padrão claro na distribuição dos indivíduos no ambiente.
• Uniforme: há uma distância padrão entre os indivíduos da população;

2
Biologia

• Agregada: indivíduos ficam próximos entre si, normalmente em grupos menores, afastados uns dos
outros.

Padrões básicos de distribuição de indivíduos em uma população. Marcos G. Fernandes. Disponível em:
https://entomologiaufgd.files.wordpress.com/2019/09/aula-indices-de-dispersao.pdf. Acessado em 05/09/2021

A população também pode ser classificada e representada em diferentes curvas de sobrevivência:


• Curva Tipo 1: Ocorre maior mortalidade em indivíduos mais velhos. Podem ser chamadas de espécies k
estrategistas, pois investem na qualidade dos filhotes.
• Curva Tipo 2: A mortalidade é semelhante em todas as faixas etárias;
• Curva Tipo 3: Ocorre maior mortalidade durante as primeiras faixas etárias. Podem ser chamadas de
espécies r estrategistas, pois investem em quantidade de filhotes;

Fonte: Ikaro Beraldo. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hist%C3%B3ria_de_vida.png. Acesso em 05/09/2021.

É importante saber que, apesar dos exemplos escritos, em todos os grupos podemos encontrar diferentes
tipos de estratégias e curvas de crescimento. Insetos como mosquitos são r estrategistas, mas alguns insetos
do grupo das mariposas possuem curva tipo 2. Algumas tartarugas marinhas (répteis) são r estrategistas,
enquanto outras tartarugas de água doce são k estrategistas. Entre mamíferos, ratos e coelhos são exemplos
de r estrategistas, enquanto humanos e elefantes são exemplos de k estrategistas.

3
Biologia

Exercícios de fixação

1. Em qual das alternativas está descrito corretamente o conceito de população?


a) Conjunto de indivíduos de qualquer espécie que vive em um mesmo ambiente ao mesmo tempo
b) Conjunto de indivíduos da mesma espécie que vive em um mesmo ambiente ao mesmo tempo
c) Conjunto de indivíduos de da mesma espécie que vivem isolados entre si ao mesmo tempo
d) Conjunto de indivíduos de qualquer espécie que vivem isolados entre si ao mesmo tempo

2. Em qual destes casos a população está crescendo?


a) Natalidade e imigração = 75 indivíduos; Mortalidade e emigração = 76 indivíduos
b) Natalidade e imigração = 53 indivíduos; Mortalidade e emigração = 67 indivíduos
c) Natalidade e imigração = 32 indivíduos; Mortalidade e emigração = 33 indivíduos
d) Natalidade e imigração = 25 indivíduos; Mortalidade e emigração = 21 indivíduos

3. Cite pelo menos dois fatores que podem impedir o crescimento de uma população.

4. Qual termo se refere a capacidade que os organismos têm de se reproduzir em um ambiente sem
restrições ambientais?
a) Potencial biótico
b) Resistência do meio
c) Reprodução sexuada
d) Crescimento real

5. Como pode ser chamada a curva que representa o crescimento real de uma população?
a) Curva J
b) Curva K
c) Curva S
d) Curva M

4
Biologia

Exercícios de vestibulares

1. (Unespar, 2016) “Em um experimento, foram cultivados separadamente Paramecium caudatum e


Paramecium aurelia. Ambos se desenvolveram, mas o P. aurelia cresceu muito mais rapidamente que
o P. caudatum. Entretanto, quando juntas, em um mesmo meio, o P. aurelia multiplicou-se muito mais
rapidamente e eliminou o P. caudatum”
(CHEIDA, L. E. Biologia integrada. São Paulo: FTD, 2002)

O experimento descrito acima foi muito importante na formulação do Princípio de Gause ou Princípio
da Exclusão Competitiva. Uma das consequências da competição entre duas populações de espécies
diferentes, com o mesmo nicho ecológico, é:
a) A extinção de uma das populações e a sobrevivência da outra;
b) A permanência de ambas num espaço comum, sem interferências recíprocas;
c) O fortalecimento dos limites dos nichos preexistentes, sem possibilidade de readaptações destes;
d) Emigração das duas populações, deixando o nicho do local vago;
e) Extinção de ambas, assim que uma delas emigre.

2. (Enem, 2011) Escargot é um caramujo comestível, especialmente utilizado na culinária francesa. No


Brasil, na década de 1980, empresários brasileiros trouxeram uma espécie de caramujo africano,
visando produzi-lo e vendê-lo como escargot. Porém, esses caramujos mostraram-se inúteis para a
culinária e foram liberados no ambiente. Atualmente, esse caramujo africano representa um sério
problema ambiental em diversos estados brasileiros.
Caramujos africanos invadem casas em Ribeirão Preto. Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 13 ago. 2008
(adaptado).

Além do clima favorável, que outro fator contribui para a explosão populacional do caramujo africano
no Brasil?
a) Ausência de inimigos naturais.
b) Alta taxa de mortalidade dos ovos.
c) Baixa disponibilidade de alimentos.
d) Alta disponibilidade de áreas desmatadas.
e) Abundância de espécies nativas competidoras.

5
Biologia

3. (UFRGS, 2017) Observe o gráfico abaixo, que representa o crescimento populacional de uma espécie
animal, em que x corresponde ao tamanho populacional e t, ao tempo.

Em relação a essa população, é correto afirmar que


a) ela vive em um ambiente com recursos ilimitados.
b) a sua estabilidade ocorre, quando não há mais predadores.
c) a sua estabilidade ocorre, quando atinge o limite máximo de indivíduos.
d) a resistência do meio não influencia sua densidade.
e) o seu índice de mortalidade é zero.

4. (UFRGS, 2019) Em relação às densidades populacionais dos ecossistemas, é correto afirmar que
a) as populações aumentam independentemente das condições ambientais.
b) os limites ambientais provocam aumento das taxas de mortalidade e diminuição das taxas de
natalidade.
c) os gráficos que expressam o tamanho de populações em relação ao tempo formam curvas
ascendentes contínuas.
d) as espécies de vidas curtas têm baixas taxas reprodutivas.
e) essas densidades são sempre maiores do que teoricamente possível.

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Biologia

5. (UFSCAR, 2007) Em um experimento, populações de tamanho conhecido de duas espécies de insetos


(A e B) foram colocadas cada uma em um recipiente diferente (recipientes 1 e 2). Em um terceiro
recipiente (recipiente 3), ambas as espécies foram colocadas juntas.

Durante certo tempo, foram feitas contagens do número de indivíduos em cada recipiente e os
resultados representados nos gráficos.

A partir desses resultados, pode-se concluir que


a) a espécie A se beneficia da interação com a espécie B.
b) o crescimento populacional da espécie A independe da presença de B.
c) a espécie B depende da espécie A para manter constante o número de indivíduos.
d) a espécie B tem melhor desempenho quando em competição com a espécie A.
e) o número de indivíduos de ambas se mantém constante ao longo do tempo quando as duas
populações se desenvolvem separadamente.

6. (Uff, 2019) Em ecologia, o crescimento das populações cuja curva é do tipo sigmoide, segundo a
equação de Verhulst-Pearl, alcança um limite superior que é representado pela constante K, que
corresponde:
a) à curva de crescimento real da população.
b) à capacidade máxima de suporte do ambiente.
c) à capacidade reprodutiva dos indivíduos.
d) ao potencial biótico da espécie.
e) ao tamanho mínimo da população para um determinado ambiente.

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Biologia

7. (Fuvest, 2009) A partir da contagem de indivíduos de uma população experimental de protozoários,


durante determinado tempo, obtiveram-se os pontos e a curva média registrados no gráfico abaixo. Tal
gráfico permite avaliar a capacidade limite do ambiente, ou seja, sua carga biótica máxima. De acordo
com o gráfico:

a) a capacidade limite do ambiente cresceu até o dia 6.


b) a capacidade limite do ambiente foi alcançada somente após o dia 20.
c) a taxa de mortalidade superou a de natalidade até o ponto em que a capacidade limite do ambiente
foi alcançada.
d) a capacidade limite do ambiente aumentou com o aumento da população.
e) o tamanho da população ficou próximo da capacidade limite do ambiente entre os dias 8 e 20.

8. (Enem, PPL, 2018) Um biólogo foi convidado para realizar um estudo do possível crescimento de
populações de roedores em cinco diferentes regiões impactadas pelo desmatamento para ocupação
humana, o que poderia estar prejudicando a produção e armazenagem local de grãos. Para cada uma
das cinco populações analisadas (I a V), identificou as taxas de natalidade (n), mortalidade (m),
emigração (e) e imigração (i), em número de indivíduos, conforme ilustrado no quadro.

N M E I
I 65 40 23 5
II 27 8 18 2
III 54 28 15 16
IV 52 25 12 40
V 12 9 6 4

Em longo prazo, se essas taxas permanecerem constantes, qual dessas regiões deverá apresentar
maiores prejuízos na produção/armazenagem de grãos?
a) I
b) II
c) III
d) IV
e) V

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Biologia

9. (Univasf, 2008) Os gráficos abaixo foram construídos com base em dados obtidos por diferentes
pesquisadores, em estudos sobre crescimento populacional, considerando diferentes espécies de
animais, inclusive o homem. Nos dois casos mostrados nos gráficos, para efeito de simplificação, faz-
se referência ao tempo, apenas sob o ponto de vista numérico.

Com base nesses gráficos, pode-se afirmar que:


a) Na natureza, a fase de equilíbrio do crescimento populacional, indicada em D, na figura (1), ocorre
em função da resistência ambiental.
b) O crescimento real de uma população não controlada depende de seu potencial biótico, como
indicado em B, na figura (1).
c) A população indicada no gráfico (2) sofreu uma maior ação da resistência ambiental no tempo de
0 a 80 do que no tempo de 100 a 120.
d) Apenas os microrganismos que vivem livres na natureza têm padrão de crescimento populacional
como ilustrado no gráfico (2).
e) A densidade de uma população mantida em laboratório, em condições ideais, deve obedecer à
curva descrita no gráfico (1).

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Biologia

10. (PUC-RJ, 2012) As figuras abaixo mostram o crescimento populacional, ao longo do tempo, de duas
espécies de Paramecium cultivadas isoladamente e em conjunto. Os resultados desse experimento
embasaram o que é conhecido como Princípio de Gause.

Considere o tipo de relação ecológica entre essas duas espécies e indique a afirmação correta.
a) A espécie P. aurelia é predadora de P. caudatum.
b) P. aurelia exclui P. caudatum por competição intraespecífica.
c) P. aurelia e P. caudatum utilizam recursos diferentes.
d) P. aurelia exclui P. caudatum por parasitismo.
e) P. aurelia exclui P. caudatum por competição interespecífica.

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Biologia

Gabaritos
Exercícios de fixação

1. B
População é o conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que convivem e ocupam uma mesma área,
no mesmo período de tempo.

2. D
A população descrita em D está crescendo, pois, a taxa de natalidade e imigração é maior que a de
mortalidade e emigração

3. Dentre as respostas, podemos ter: competição intraespecífica, competição interespecífica, falta de


recursos ambientais, alta mortalidade, alta emigração, parasitismo e predação.

4. A
O potencial biótico é a capacidade de uma população de crescer em condições favoráveis onde não há
restrições ambientais. Ou seja, a capacidade dos seres vivos se multiplicarem através da reprodução,
seja ela sexuada ou assexuada, em um ambiente onde a resistência do meio é ausente.

5. C
O crescimento real é graficamente representado por uma curva sigmoide, que se estabiliza, e pode ser
chamada de curva S.

Exercícios de vestibulares

1. A
Quando ocorre o princípio de Gause, pela competição interespecífica, uma das populações é vencedora,
porém a outra pode ter como consequência a sua extinção.

2. A
A ausência de inimigos locais reduz a resistência do meio ambiente e é um dos fatores de vantagem do
caramujo que foi trazido de outro ambiente.

3. C
A população se torna estável ao atingir a capacidade suporte do ambiente, ou seja, o número máximo de
indivíduos da população que conseguem sobreviver em determinado ambiente com os recursos
oferecidos.

4. B
Os limites ambientais, também conhecidos como fatores de resistência do meio, podem acabar
causando a morte de mais organismos (ex. por predação ou mesmo falta de alimento), também
interferindo na taxa de natalidade.

5. D
A competição entre espécies acaba limitando o crescimento principalmente da espécie menos adaptada,
podendo levá-la a diminuição do crescimento populacional.

6. B
A capacidade suporte do ambiente é representada por uma linha reta, horizontal paralela ao eixo X, e
pode ser chamada de curva K.

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Biologia

7. E
Entre os dias 8 e 20 a população permaneceu de forma estável, ou seja, a população chegou na
capacidade limite do ambiente.

8. D
Ao comparar a taxa de crescimento das diferentes populações, vemos que a população IV é a com a
maior taxa de crescimento, indicando um aumento mais expressivo na população de ratos, que trará
prejuízos para as plantações.
TC = (N+I) - (M+E)
i. (65+5) - (40+23) = 7
ii. (27+2) - (8+18) = 3
iii. (54+16) - (28+15) = 27
iv. (52+40) - (25+12) = 55
v. (12+4) - (9+6) = 1.

9. A
A resistência ambiental irá “frear” o crescimento populacional quando atingir a capacidade de suporte
do ambiente. Assim, a população tenderá a se tornar constante, não tendo um crescimento e nem
diminuição da população grandes.

10. E
O terceiro gráfico mostra que quando cultivadas juntas, a P. aurelia exclui P. caudatum por competição
interespecífica, onde P. aurelia possui elevada densidade, enquanto P. caudatum tem sua densidade
bastante reduzida.

12
Filosofia

Sofistas e Sócrates

Teoria

Sofistas: Os mestres da retórica


No período clássico (séc. V e IV a.C.), o centro cultural foi deslocado das colônias gregas para a cidade de
Atenas. Nesse momento, Atenas vivia uma intensa produção artística, filosófica e literária, além do
desenvolvimento da política.

Em meio a esse contexto, surgiram os sofistas, pensadores que ficaram conhecidos como mestres da
retórica. Ironicamente, boa parte do que sabemos sobre eles procede das obras dos seus adversários (os
filósofos). Por isso, eles passaram para a história como impostores, demagogos e enganadores. Na verdade,
os sofistas eram professores itinerantes que cobravam por seus ensinamentos.

Mas o que ensinavam os sofistas? A retórica. Ou seja, a arte de falar bem, isto é, de atacar e defender o
mesmo assunto com argumentos igualmente fortes. Além disso, eles ensinavam técnicas de memorização,
para que o orador fosse capaz de proferir longos discursos sem recorrer ao auxílio da leitura, bem como
técnicas de dicção, para que ele pudesse pronunciar as palavras clara e corretamente, de modo a ser
entendido por todos os ouvintes durante as assembleias que aconteciam na Ágora (local destinado aos
debates públicos).

De modo geral, aqueles que estudavam com os sofistas aprendiam, sobretudo, a dominar a arte da palavra,
ou seja, a falar com ritmo, graça e elegância. Tais habilidades eram fundamentais na democracia ateniense,
em que os cidadãos participavam ativamente dos debates públicos, cujo objetivo era, entre outras coisas,
definir os rumos políticos da cidade (Pólis).

Entretanto, a argumentação retórica não pretendia necessariamente alcançar a verdade, mas sim a
persuasão, o convencimento. Em outras palavras, seu objetivo era convencer os interlocutores. Para os
sofistas, a verdade é relativa, ou seja, aquilo que vale para um determinado lugar, não vale para outro. Portanto,
o que importa é dispor de argumentos capazes de, em qualquer circunstância, vencer o debate. Essa postura
lhes rendeu a fama de relativistas.

Durante muito tempo, criou-se uma visão pejorativa dos sofistas, que eram tidos como charlatães e
interesseiros, mas a partir do século XIX uma nova historiografia surgiu, reabilitando-os e realçando as suas
contribuições para o desenvolvimento do pensamento ocidental. Dentre elas, a contribuição para a
sistematização do ensino, elaborada a partir de um percurso de estudos dividido entre gramática (da qual são
os iniciadores) e retórica. Além disso, a contribuição decisiva para a consolidação da democracia ateniense.

8
Filosofia

Entre os sofistas de maior relevância estão Protágoras de Abdera e Górgias de Leontinos, ambos presentes
nos diálogos de Platão. O diálogo que leva o nome de Protágoras, apresenta questões acerca da natureza da
virtude e se é possível ensiná-la ou não. Por sua vez, o diálogo que leva o nome de Górgias, trata de questões
acerca da função da retórica e qual é a melhor maneira de utilizá-la.

Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas”


Protágoras nasceu por volta de 490 a.C. em Abdera e, possivelmente, foi o primeiro a defender, em As
Antilogias, que a respeito de todas as questões há dois discursos, coerentes em si mesmos mas que se
contradizem um ao outro.

Atribui-se a ele a famosa frase: “O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são,
das coisas que não são, enquanto não são”. Com isso, ele não só inaugurou o relativismo, como também
colocou o ser humano como o centro das discussões, uma vez que somos nós que damos sentido às coisas
do mundo e estabelecemos a verdade.

Górgias: “Nada existe”


Górgias, por sua vez, nasceu na Sicília, em Leontinos, entre 485 a.C. e 480 a.C. e, por seus discursos
performáticos, foi considerado o orador mais famoso da Grécia Antiga. Dentre as suas principais obras,
destacam-se Sobre o Não-Ser ou Sobre a Natureza, O Elogio de Helena e A Defesa de Palamedes.

Górgias é conhecido também por desenvolver três argumentos em torno das seguintes afirmações: “Nada
existe; mesmo que algo existisse, não poderíamos conhecê-lo; mesmo admitindo que pudéssemos conhecer
alguma coisa, não poderíamos comunicar esse conhecimento aos outros”. Desse modo, ele ao mesmo tempo,
aprofundou as consequências do relativismo de Protágoras e se opôs ao pensamento eleático (de
Parmênides e de seu discípulo Melisso).

Sócrates: “Só sei que nada sei”


Sócrates (c. 470 - 399 a.C.) foi um filósofo ateniense do período clássico da Grécia Antiga e é considerado
um dos fundadores da filosofia ocidental. Curiosamente, ele está entre os poucos pensadores da humanidade
que não registraram as suas ideias por escrito. Por isso, tudo o que sabemos sobre o seu pensamento e a
sua biografia vem dos relatos produzidos pelos seus discípulos, sobretudo Platão e Xenofonte.

A presença de Sócrates como personagem principal dos diálogos platônicos, bem como a escassez de
registros históricos fez com que, durante séculos, a sua real existência fosse amplamente questionada.
Somente no século XIX, com o avanço das pesquisas, houve a possibilidade de comprovação da existência
de Sócrates que, dentre outras coisas, teria participado da Guerra do Peloponeso.

O pensamento socrático é considerado um marco para a filosofia, na medida em que inaugura um momento
que ficou conhecido como período antropológico. Partindo da máxima: “Conhece-te a ti mesmo”, inscrita na

8
Filosofia

entrada do Oráculo de Delfos, Sócrates deslocou o foco da investigação filosófica das questões
cosmológicas (acerca da origem e da composição do Universo), para as questões antropológicas, isto é,
questões que são relativas à própria vida humana, tais como: “O que é a coragem?”, “O que é a virtude?”, “O
que é a justiça?” etc.

O método socrático: Ironia e maiêutica


Foi justamente em oposição à retórica dos sofistas que Sócrates desenvolveu a sua dialética, também
conhecida como método socrático, cujo objetivo era mostrar, por meio do diálogo e da oposição de ideias,
um caminho racional para o conhecimento verdadeiro. Para ele, a função do diálogo não é persuadir, mas sim
fazer com que as pessoas alcancem a verdade.

No diálogo Apologia de Sócrates, temos uma pista da origem do método socrático. Após descobrir que a
pitonisa de Delfos havia dito que ele era “o mais sábio dos homens”, Sócrates, que se considerava ignorante,
decidiu interrogar os homens que possuíam a reputação de sábios, para que assim pudesse contestar o
oráculo. Interrogou os políticos, os poetas e os artesãos.

Assim, ele percebeu que todos aqueles com quem conversava afirmavam conhecer alguma coisa, mas não
conheciam nada exatamente, pois as suas ideias estavam fundamentadas na mera opinião (doxa). Por isso,
Sócrates concluiu que era mais sábio do que todos aqueles homens justamente por reconhecer a própria
ignorância (“Só sei que nada sei”). Para ele, acreditar saber aquilo que não sabe é o erro mais reprovável.

Basicamente, o método socrático consiste em duas etapas. A primeira chamada de ironia e a segunda de
maiêutica. Embora, para nós, a ironia esteja ligada à figura de linguagem em que se diz o contrário do que se
quer dar a entender, ou ainda à manifestação de descaso ou de deboche, o verdadeiro sentido da ironia
socrática é completamente outro.

Ironia, do grego eironeia corresponde à “ação de perguntar, fingindo ignorar”. Desse modo, a ironia socrática
diz respeito ao conjunto de perguntas por meio das quais Sócrates interrogava os seus interlocutores, a
respeito dos conhecimentos que, até então, eles tomavam como verdadeiros. Tais perguntas tinham o
objetivo de evidenciar a ignorância desses interlocutores.

Concluída a primeira etapa, passava-se à segunda: a maiêutica. Maiêutica, do grego maieutiké significa “a
arte de fazer um parto”. Sócrates dizia que, enquanto sua mãe fazia o parto de corpos, ele ajudava a trazer à
luz as ideias. Por isso, a maiêutica consiste na investigação dos conceitos. Nesse momento, Sócrates fazia
novas perguntas para que seu interlocutor refletisse a respeito do assunto em questão. Dessa reflexão, surgia
a possibilidade de formular um conhecimento verdadeiro (episteme), fundamentado na razão.

Note que Sócrates não ensinava nada aos seus ouvintes, era o próprio interlocutor que descobria, dentro de
si, aquilo que a sua alma já conhecia. Portanto, assim como as parteiras conduzem os bebês para fora do
útero materno, Sócrates conduzia as pessoas para a verdade.

8
Filosofia

A Morte de Sócrates
Graças ao seu método filosófico, que expunha a ignorância daqueles que possuíam a fama de sábios,
Sócrates fez inúmeros adversários. Alguns deles eram menos conhecidos do que os sofistas, porém bem
mais perigosos. Como é o caso de Meleto, um poeta sem grandes talentos, Lícon, um antigo desafeto de
Sócrates e Ânito, um rico curtidor de couro.

Esses três foram os responsáveis por acusar Sócrates de impiedade e de corromper a juventude. Embora
Meleto e Lícon não fossem figuras muito importantes, a influência política de Ânito era tão grande que, mesmo
após provar a sua inocência, Sócrates foi condenado à morte pelo voto da maioria.

Nesses casos, a lei ateniense permitia que o condenado escolhesse uma pena alternativa, como o pagamento
de uma multa, por exemplo. Mas Sócrates, que se considerava inocente, não aceitou a proposta. Para ele,
conduzir os homens na busca pela verdade era uma tarefa tão importante que deveria ser digna de louvor e
não de punição, independente de qual fosse.

Assim, em 399 a.C., cumprindo a sentença imposta pelos cidadãos de Atenas, Sócrates morreu, após ingerir
o famoso cálice de cicuta. Apesar de seu destino trágico, ele mesmo defendia que: “É melhor sofrer uma
injustiça do que cometê-la”. De qualquer modo, é impossível pensar a filosofia sem lembrar dessa figura
enigmática e tão importante que foi Sócrates.

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Filosofia

Exercícios de fixação

1. Os sofistas ganharam a fama de:


a) Pré-socráticos
b) Filósofos da natureza
c) Relativistas
d) Dogmáticos

2. Qual é a principal temática do diálogo platônico protagonizado por Górgias?


a) A retórica
b) A virtude
c) O belo
d) A cidade

3. Sócrates dá início ao período da filosofia conhecido como:


a) Teológico.
b) Cosmológico.
c) Mitológico.
d) Antropológico.

4. A filosofia socrática era baseada na:


a) retórica
b) dialética
c) fé cristã
d) mitologia

5. Em que consiste a retórica ensinada pelos sofistas?

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Filosofia

Exercícios

1. (Enem Digital 2020) Há um tempo, belas e boas são todas as ações justas e virtuosas. Os que as
conhecem nada podem preferir-lhes. Os que não as conhecem, não somente não podem praticá-las
como, se o tentam, só cometem erros. Assim praticam os sábios atos belos e bons, enquanto os que
não o são só podem descambar em faltas. E se nada se faz justo, belo e bom que não pela virtude, claro
é que na sabedoria se resumem a justiça e todas as mais virtudes.
XENOFONTE. Ditos e feitos memoráveis de Sócrates. Apud CHALITA, G. Vivendo a filosofia. São Paulo: Ática, 2005.

Ao fazer referência ao conteúdo moral da filosofia socrática narrada por Xenofonte, o texto indica que
a vida virtuosa está associada à
a) aceitação do sofrimento como gênese da felicidade suprema.
b) moderação dos prazeres com vistas à serenidade da alma.
c) contemplação da physis como fonte de conhecimento.
d) satisfação dos desejos com o objetivo de evitar a melancolia.
e) persecução da verdade como forma de agir corretamente.

2. (Enem PPL 2019) Tomemos o exemplo de Sócrates: é precisamente ele quem interpela as pessoas na
rua, os jovens no ginásio, perguntando: “Tu te ocupas de ti?” O deus o encarregou disso, é sua missão,
e ele não a abandonará, mesmo no momento em que for ameaçado de morte. Ele é certamente o
homem que cuida do cuidado dos outros: esta é a posição particular do filósofo.
FOUCAULT, M. Ditos e escritos. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.

O fragmento evoca o seguinte princípio moral da filosofia socrática, presente em sua ação dialógica:
a) Examinar a própria vida.
b) Ironizar o seu oponente.
c) Sofismar com a verdade.
d) Debater visando a aporia.
e) Desprezar a virtude alheia.

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Filosofia

3. (UEG 2011, adaptada) No século V a.C., Atenas vivia o auge de sua democracia. Nesse mesmo período,
os teatros estavam lotados, afinal, as tragédias chamavam cada vez mais a atenção. Outro aspecto
importante da civilização grega da época eram os discursos proferidos na ágora. Para obter a
aprovação da maioria, esses pronunciamentos deveriam conter argumentos sólidos e persuasivos.
Nesse caso, alguns cidadãos procuravam aperfeiçoar sua habilidade de discursar. Isso favoreceu o
surgimento de um grupo de filósofos que dominavam a arte da oratória. Esses filósofos vinham de
diferentes cidades e ensinavam sua arte em troca de pagamento. Eles foram duramente criticados por
Sócrates e são conhecidos como:
a) maniqueístas.
b) hedonistas.
c) epicuristas.
d) sofistas.
e) estoicos.

4. (Enem 2015) Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça
era algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no certo e
no errado apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas
regras não passavam de invenções humanas.
RACHELS. J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.

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O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava que a
correlação entre justiça e ética é resultado de
a) determinações biológicas impregnadas na natureza humana.
b) verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais.
c) mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas.
d) convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes.
e) sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas.

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Filosofia

5. (UNICENTRO 2019) É comum se afirmar que Sócrates era um filósofo dado ao diálogo e que se
encontrar com ele para debater era sempre uma atividade de risco. Isso porque a forma dialogal
preferida desse pensador consistia em colocar em prática a sua Maiêutica, cuja primeira parte era a
Ironia. Essa Ironia Socrática deve ser interpretada como
a) uma postura de deboche e desconsideração em relação ao saber popular da época.
b) uma etapa do método socrático segundo o qual o saber dos filósofos pitagóricos precisava ser
ironizado para demonstrar sua fragilidade e inconsistência.
c) um método criado por Sófocles e adotado por Sócrates para provar a existência de seres
superiores, também chamados deuses.
d) uma prática discursiva criada pelos sofistas e adotada por Sócrates para defender a importância
da filosofia crítica.
e) uma etapa do método socrático que consiste em utilizar-se de perguntas com o objetivo de levar
o interlocutor a reconhecer a impropriedade de seu saber e, assim, torná-lo apto a construir um
novo saber.

6. (FUNCAB 2012) Os sofistas, mestres da retórica e da oratória, opunham-se aos pressupostos de que
as leis e os costumes sociais eram de caráter divino e universal.

Deu-se assim, entre eles, o:


a) naturalismo.
b) relativismo.
c) ceticismo filosófico.
d) cientificismo.
e) racionalismo.

7. (Enem 2017) Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e
embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os
temperamentais, como Alcibíades, sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes,
mas fogem porque receiam essa influência poderosa, que os leva a se censurarem. E sobretudo a esses
jovens, muitos quase crianças, que ele tenta imprimir sua orientação.
(BRÉHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977.)

O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na


a) contemplação da tradição mítica.
b) sustentação do método dialético.
c) relativização do saber verdadeiro.
d) valorização da argumentação retórica.
e) investigação dos fundamentos da natureza.

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Filosofia

8. (FUMARC 2018) Os Sofistas surgem na Grécia antiga, século V a. C. na passagem da oligarquia para a
democracia. São os mestres de retórica e oratória, muitas vezes mestres itinerantes, que percorrem as
cidades-estados fornecendo seus ensinamentos, sua técnica, suas habilidades aos cidadãos em geral.
Eram relativistas. Sócrates também ensinava nas praças públicas através de perguntas e respostas
que despertavam a verdade que está no interior de cada um. Sócrates afirmava que a opinião (doxa) é
uma expressão individual, já o conhecimento (episteme) é universal. Desta forma, os sofistas
ensinavam a retórica para convencer aos outros que sua opinião é a melhor e Sócrates ensinava a
dialética, que através de questionamentos (só sei que nada sei) levava ao conhecimento verdadeiro
(MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004, p. 42-48. Adaptado).

De acordo com o texto acima, Sócrates não era um sofista, pois ele
a) buscava a verdade da episteme, enquanto os sofistas despertavam a verdade dentro de cada um.
b) defendia a existência de uma verdade universal, enquanto os sofistas eram relativistas.
c) ensinava nas praças públicas apenas de Atenas, enquanto os sofistas eram itinerantes.
d) era cético, seu lema era “só sei que nada sei”, enquanto os sofistas defendiam uma verdade.
e) persuadia através da retórica de que estava certo, enquanto os sofistas eram dialéticos.

9. (Enem Libras 2017) Alguns pensam que Protágoras de Abdera pertence também ao grupo daqueles
que aboliram o critério, uma vez que ele afirma que todas as impressões dos sentidos e todas as
opiniões são verdadeiras, e que a verdade é uma coisa relativa, uma vez que tudo o que aparece a
alguém ou é opinado por alguém é imediatamente real para essa pessoa.
KERFERD, G. B. O movimento sofista. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado)

O grupo ao qual se associa o pensador mencionado no texto se caracteriza pelo objetivo de


a) alcançar o conhecimento da natureza por meio da experiência.
b) justificar a veracidade das afirmações com fundamentos universais.
c) priorizar a diversidade de entendimentos acerca das coisas.
d) preservar as regras de convivência entre os cidadãos.
e) analisar o princípio do mundo conforme a teogonia.

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Filosofia

10. (FUNCAB 2012) Assim como a filosofia, a política nasceu na Grécia antiga e esteve relacionada ao
surgimento da cidade-estado, a pólis. Os primeiros formuladores da ideia de política foram os sofistas,
contra os quais se pronunciaram Platão e Aristóteles. No âmbito das controvérsias acerca da política,
é correto dizer que:
a) o caráter divino da pólis e da justiça é explicado por Platão e Aristóteles.
b) os sofistas consideram a cidade o lugar onde alguns homens impõem sua vontade sobre outros
por meio da força.
c) a “virtude” do homem não se realiza na cidade, local da oratória persuasiva e falaciosa, de acordo
com Aristóteles.
d) a justiça é entendida como concórdia entre os filósofos, os guerreiros e os produtores, que, na
visão de Platão, têm como interesse comum o bem da pólis.
e) a pólis e as suas leis são estabelecidas por convenção entre os seres humanos, segundo os
sofistas.

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Filosofia

Gabaritos

Exercícios de fixação

1. C
Os sofistas ganharam a fama de relativistas. Para eles, a verdade é relativa, ou seja, aquilo que vale para
um determinado lugar, não vale para outro.

2. A
O diálogo platônico intitulado Górgias, que tem Górgias de Leontinos como uma das personagens
principais, ao lado de Sócrates, trata de questões acerca da função da retórica e qual é a melhor maneira
de utilizá-la.

3. D
O pensamento socrático é considerado um marco para a filosofia, na medida em que inaugura um
momento que ficou conhecido como período antropológico.

4. B
A filosofia socrática era baseada na dialética, também conhecida como método socrático, cujo objetivo
era mostrar, por meio do diálogo e da oposição de ideias, um caminho racional para o conhecimento
verdadeiro.

5. A retórica ensinada pelos sofistas consiste na arte de falar bem, isto é, de ser capaz de atacar e defender
o mesmo assunto com argumentos igualmente fortes, visando sempre a persuasão (convencimento do
outro).

Exercícios

1. E
O texto de Xenofonte indica que a vida virtuosa está associada à persecução (perseguição) da verdade.
Ou seja, para que se possa praticar ações justas e virtuosas é preciso e conhecê-las. Portanto, é
necessário buscar a verdade. Note que a alternativa B corresponde a um pensamento presente na
filosofia estoica. A alternativa C, por sua vez, corresponde a um pensamento presente na filosofia
epicurista. Já a alternativa D está relacionada ao hedonismo.

2. A
O fragmento extraído da obra de Michel Foucault evoca o princípio da filosofia moral de Sócrates, que
consiste em examinar a própria vida. O pensamento socrático é considerado um marco para a filosofia,
justamente por inaugurar um momento que ficou conhecido como período antropológico. Partindo da
máxima: “Conhece-te a ti mesmo”, inscrita na entrada do Oráculo de Delfos, Sócrates deslocou o foco da
investigação filosófica das questões cosmológicas (acerca da origem e da composição do Universo),
para as questões antropológicas, isto é, questões que são relativas à própria vida humana.

8
Filosofia

3. D
Conhecidos como mestres da retórica, os sofistas eram professores itinerantes que cobravam por seus
ensinamentos. Entre os sofistas de maior relevância estão Protágoras de Abdera e Górgias de Leontinos,
ambos presentes nos diálogos de Platão.

4. D
Para o pensamento socrático-platônico, a noção de justiça é real e tem validade universal. Ou seja, uma
vez que compreendemos qual é a definição de justiça, distinguimos aquilo que é justo em todas as
circunstâncias e em todos os lugares. Trasímaco, por sua vez, entende que a verdade é relativa, isto é,
que aquilo que vale para um determinado lugar, não vale para outro. Portanto, o que define algo como
justo ou injusto, certo ou errado são as convenções sociais.

5. E
Embora, para nós, a ironia esteja ligada à figura de linguagem em que se diz o contrário do que se quer
dar a entender, ou ainda à manifestação de descaso, ou de deboche, o sentido dentro do método
socrático é outro. Ironia, do grego eironeia corresponde à “ação de perguntar, fingindo ignorar”. Desse
modo, a ironia socrática diz respeito ao conjunto de perguntas por meio das quais Sócrates interrogava
os seus interlocutores a respeito dos conhecimentos que, até então, eles tomavam como verdadeiros,
de modo a evidenciar a sua ignorância.

6. B
A argumentação retórica, utilizada pelos sofistas, não pretendia alcançar a verdade, mas sim a
persuasão. Em outras palavras, seu objetivo era convencer os interlocutores. Para eles, a verdade é
relativa (o que vale para um determinado lugar, não vale para outro), portanto o que importa é dispor de
argumentos capazes de, em qualquer circunstância, vencer o debate. Essa postura lhes rendeu a fama
de relativistas.

7. B
Foi justamente em oposição à retórica dos sofistas que Sócrates desenvolveu a sua dialética, também
conhecida como método socrático, cujo objetivo era mostrar, por meio do diálogo (conversação) e da
oposição de ideias, um caminho racional para o conhecimento verdadeiro. Para ele, a função do diálogo
não é persuadir, mas sim fazer com que as pessoas alcancem a verdade.

8. B
De acordo com o texto, Sócrates não era um sofista, pois ele defendia a existência de uma verdade
universal, enquanto os sofistas eram relativistas. A alternativa A está incorreta, porque os sofistas
estavam preocupados com a persuasão, isto é, com o convencimento, e não em despertar a verdade
dentro de cada um. Na alternativa C temos um ponto de atenção: embora Sócrates vivesse em Atenas,
nós não podemos, a partir do texto, inferir que ele ensinava apenas nas praças públicas atenienses. A
alternativa D também traz um ponto importante: para os céticos, é impossível alcançar a verdade, por
isso, a atitude mais correta é suspender o juízo (epokhé). Sócrates, ao contrário, acredita que é possível
alcançá-la, mas para isso é necessário, primeiro, reconhecer a própria ignorância. Isso o distancia dos
céticos. Por fim, a alternativa E traz uma inversão nos métodos, pois o método dialético era praticado
por Sócrates, enquanto os sofistas persuadiam através da retórica.

8
Filosofia

9. C
O grupo ao qual Protágoras é associado é o dos sofistas, que consideravam não existir verdade absoluta,
mas uma diversidade de pontos de vista acerca da verdade, ou seja, existiriam apenas verdades relativas.

10. E
Há na antiguidade uma oposição entre aquilo que é estabelecido pela “natureza” (physis) e que, portanto,
é imutável e independente dos homens e aquilo que estabelecido pela “lei”, ou seja, por convenções
humanas. Para os sofistas, não há physis (“natureza”, realidade subjacente a tudo o que existe), tudo é
nómos (lei, norma, convenção), inclusive a cidade e a política.

8
Física

Exercícios sobre Movimento Uniforme (M.U.)

Exercícios

1. Um móvel com velocidade constante igual a 20 m/s parte da posição 5 m de uma reta numerada e anda
de acordo com o sentido positivo da reta. Qual a posição do móvel após 15 s de movimento?
a) 105 m
b) 205 m
c) 305 m
d) 405 m
e) 505 m

2. Um móvel com velocidade constante igual a 36 km/h parte da posição 10 m de uma reta numerada e
anda de acordo com o sentido positivo da reta. Qual a posição do móvel após 20 s de movimento?
a) 105 m
b) 180 𝑚
c) 200 𝑚
d) 210 𝑚
e) 230 m

3. Um homem sai da posição 15 m de uma pista de caminhada e anda até a posição 875 m mantendo
uma velocidade constante de 2 m/s. Sabendo disso, o tempo gasto para completar a caminhada é de
a) 430 s
b) 320 s
c) 450 s
d) 630 s
e) 530 s

4. (Unicamp, 2013) Para fins de registros de recordes mundiais, nas provas de 100 metros rasos não são
consideradas as marcas em competições em que houver vento favorável (mesmo sentido do corredor)
com velocidade superior a 2 m/s. Sabe-se que, com vento favorável de 2 m/s o tempo necessário para

1
Física

a conclusão da prova é reduzido em 0,1 s. Se um velocista realiza a prova em 10 s sem vento, qual seria
sua velocidade se o vento fosse favorável com velocidade de 2 m/s?
a) 8,0 m/s.
b) 9,9 m/s.
c) 10,1 m/s.
d) 12,0 m/s.
e) 28,0 m/s.

5. Um homem sai da posição 20 m de uma pista de caminhada e anda até a posição 1100 m mantendo
uma velocidade constante de 10,8 km/h. Sabendo disso, o tempo gasto em minutos para completar a
caminhada é de
a) 5,0 min
b) 5,2 min
c) 6,0 min
d) 6,8 min
e) 5,8 min

6. Em um dia normal, um veículo gasta 5 minutos para atravessar uma ponte, movendo-se a uma
velocidade de 20 m/s. Com base nos dados apresentados, calcule a extensão dessa ponte, em km.
a) 10 km
b) 100 km
c) 6 km
d) 10 km
e) 30 km

2
Física

7. (G1 – IFSP, 2012) Em um trecho retilíneo de estrada, dois veículos, A e B, mantêm velocidades
constantes 𝑣𝐴 = 14 𝑚/𝑠 e 𝑣𝐵 = 54 𝑘𝑚/ℎ

Sobre os movimentos desses veículos, pode-se afirmar que


a) ambos apresentam a mesma velocidade escalar.
b) mantidas essas velocidades, A não conseguirá ultrapassar B.
c) A está mais rápido do que B.
d) a cada segundo que passa, A fica dois metros mais distante de B.
e) depois de 40 s A terá ultrapassado B.

8. (Eear, 2017) Uma aeronave F5 sai da base aérea de Santa Cruz às 16h 30 min para fazer um sobrevoo
sobre a Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR), no momento da formatura de seus alunos do
Curso de Formação de Sargentos. Sabendo que o avião deve passar sobre o evento exatamente às
16ℎ36𝑚𝑖𝑛 e que a distância entre a referida base aérea e a EEAR é de 155 km, qual a velocidade média,
em km/h que a aeronave deve desenvolver para chegar no horário previsto?

a) 1.550
b) 930
c) 360
d) 180
e) 200

3
Física

9. (G1 – CPS, 2018) Para exemplificar uma aplicação do conceito de velocidade média, um professor de
Ciências explica aos seus alunos como é medida a velocidade de um veículo quando passa por um
radar. Os radares usam a tecnologia dos sensores magnéticos. Geralmente são três sensores
instalados no asfalto alguns metros antes do radar. Esse equipamento mede quanto tempo o veículo
demora para ir de um sensor ao outro, calculando a partir daí, a velocidade média do veículo.

Considere um veículo trafegando numa pista cuja velocidade máxima permitida seja de 40 km/h
(aproximadamente 11 m/s) e a distância média entre os sensores consecutivos seja de 2 metros.

O mínimo intervalo de tempo que o veículo leva para percorrer a distância entre um sensor e outro
consecutivo, a fim de não ultrapassar o limite de velocidade é, aproximadamente, de
a) 0,10s
b) 0,18s
c) 0m20s
d) 0,22s
e) 1,00s

10. (UFPR, 2017) A utilização de receptores GPS é cada vez mais frequente em veículos. O princípio de
funcionamento desse instrumento é baseado no intervalo de tempo de propagação de sinais, por meio
de ondas eletromagnéticas, desde os satélites até os receptores GPS. Considerando a velocidade de
propagação da onda eletromagnética como sendo de 300000 km/s e que, em determinado instante,
um dos satélites encontra-se a 30000 km de distância do receptor, qual é o tempo de propagação da
onda eletromagnética emitida por esse satélite GPS até o receptor?
a) 10s
b) 1s
c) 0,1s
d) 0,01s
e) 1ms

4
Física

Gabarito

1. C
A partir dos dados fornecidos, temos:
𝑣 = 20 𝑚/𝑠
𝑆0 = 5𝑚
𝑡 = 15
A partir da função horária da posição para o movimento uniforme, temos:
𝑆 = 𝑆0 + 𝑣. 𝑡
𝑆 = 5 + 20.15
𝑆 = 5 + 300
𝑆 = 305 𝑚

2. D
A partir dos dados fornecidos, temos:
𝑣 = 36 𝑘𝑚/ℎ = 10𝑚/𝑠
𝑆0 = 10𝑚
𝑡 = 20

A partir da função horária da posição para o movimento uniforme, temos:


𝑆 = 𝑆0 + 𝑣. 𝑡
𝑆 = 10 + 10.20
𝑆 = 10 + 200
𝑆 = 210 𝑚

3. A
Do enunciado da questão, temos:
𝑆0 = 15 𝑚
𝑆 = 875 𝑚
𝑣 = 2 𝑚/𝑠
A partir da função horária da posição para o movimento uniforme, podemos escrever que:
𝑆 = 𝑆0 + 𝑣. 𝑡
875 = 15 + 2. 𝑡
875 – 15 = 2. 𝑡
2. 𝑡 = 860
𝑡 = 430 𝑠

4. C
Velocidade média do atleta com a ajuda do vento:
𝛥𝑠 100
𝑣= =
𝛥𝑡 9,9
𝑣 ≃ 10.1 𝑚/𝑠

5. C
Do enunciado da questão, temos:
𝑆0 = 20 𝑚
𝑆 = 1100 𝑚
𝑣 = 10,8𝑘𝑚/ℎ = 3 𝑚/𝑠
A partir da função horária da posição para o movimento uniforme, podemos escrever que:
𝑆 = 𝑆0 + 𝑣. 𝑡
1100 = 20 + 3. 𝑡
1080 = 3. 𝑡
𝑡 = 360 𝑠
360
𝑡= = 6,0 𝑚𝑖𝑛
60

5
Física

6. C
Vamos resolver o exercício usando a fórmula da velocidade no MU, porém, antes disso, é necessário
converter o tempo, que está em minutos, para segundos. Para tanto, multiplicamos os minutos por 60:
𝛥𝑠
𝑣=
𝛥𝑡
𝛥𝑆
20 =
5 . 60
𝛥𝑆 = 6000 𝑚 𝑜𝑢 6 𝑘𝑚

7. B
Dados: VA = 14 m/s; VB = 54 km/h = 15 m/s.

Como a velocidade de A é menor que a de B, A não conseguirá ultrapassar B.

8. A
1
6 𝑚𝑖𝑛 = ℎ
10
𝛥𝑠
𝑣𝑚 =
𝛥𝑡
155
𝑣𝑚 =
1
10
𝑣𝑚 = 1550 𝑘𝑚/ℎ

9. B
Supondo que a velocidade do veículo é constante ao longo do percurso e igual a 11 m/s usamos a
expressão da velocidade média para calcular o tempo de deslocamento entre dois sensores:
𝛥𝑠
𝑣𝑚 =
𝛥𝑡
𝛥𝑠 2
𝛥𝑡 = =
𝑣𝑚 11
𝛥𝑡 = 0,18 𝑠

10. C
A velocidade média é dada pela razão entre a distância percorrida e o tempo gasto em percorrê-la.
𝛥𝑠
𝑣𝑚 =
𝛥𝑡

Portanto, substituindo os dados fornecidos:


30000
300000 =
𝛥𝑡

30000
𝛥𝑡 =
300000

𝛥𝑡 = 0,1 𝑠

6
Física

Movimento Uniformemente Variado (MUV): aceleração média e


equação horária da velocidade

Objetivo
Aprender as características do movimento uniformemente variado e a descrevê-lo em situações diversas.

Curiosidade
O movimento uniformemente variado é o que mais caracteriza nossa realidade; já que, quando nos
movimentamos, a velocidade varia gradativamente.

Teoria

Movimento retilíneo uniformemente variado (MUV)

Figura 1: Velocímetro.

A figura 1 é uma imagem clássica de filmes de ação, como Velozes e Furiosos, que demonstra um momento
de ação! A função do velocímetro é medir a velocidade do carro durante a trajetória e mostrar como essa
velocidade pode mudar ou não. O movimento retilíneo uniformemente variado (MUV) descreve um corpo que
apresenta um movimento com aceleração constante (a = cte), ou seja, que varia de velocidade com o passar
do tempo.

Aceleração
Antes de começar a mostrar as fórmulas, precisamos definir o que é aceleração. Para a física, aceleração é
a mudança do valor da velocidade de um corpo em função do tempo. Logo, podemos escrevê-la da seguinte
forma:

∆V
a=
∆t

Com essa definição, já somos capazes de desenvolver as fórmulas do MUV.

1
Física

Função horária da velocidade


A função horária da velocidade é uma expressão matemática que descreve como a velocidade de um corpo
pode ser alterada em função do tempo. Essa função é feita a partir da fórmula da aceleração, da seguinte
forma:

V = V0 + at

Classificação do movimento
Assim como feito em MU, podemos classificar o movimento de um corpo em MUV a partir da direção e
sentido da aceleração em relação à velocidade. Seu movimento será:
• Acelerado caso a aceleração apresente a mesma direção e sentido da velocidade;

• Retardado caso a aceleração apresente a mesma direção, mas sentido oposto à velocidade.

Como podemos ver, a classificação do MUV pode ser feita junto da classificação do MU. Então, para facilitar
a sua vida, montamos uma tabela, para você entender como classificar o movimento.

Velocidade Aceleração Movimento


Positiva Positiva Progressivo acelerado
Positiva Negativa Progressivo retardado
Negativa Positiva Retrógrado retardado
Negativa Negativa Retrógrado acelerado
Tabela 1: classificação do movimento.

2
Física

Exercícios de fixação

1. Um guepardo, partindo do repouso, atinge uma velocidade de 72km/h em 2 segundos. Qual a


aceleração do animal nesse intervalo de tempo?
a) a = 17m/s²
b) a = 15m/s²
c) a = 12m/s²
d) a = 10m/s²

2. Um avião parte do repouso e, com aceleração constante, atinge a velocidade de 450hm/h em 25


segundos. Qual a aceleração do avião?
a) a = 1m/s²
b) a = 3 m/s²
c) a = 5 m/s²
d) a = 8 m/s²

3. Um automóvel parte do repouso e atinge a velocidade de 100km/h em 8s. Qual é a aceleração desse
automóvel?

4. Um carro de corrida é acelerado de forma que sua velocidade em função do tempo é dada conforme a
tabela.
t (s) 3 6 9
v (m/s) 20 30 40
Determine o valor da aceleração média desse carro.

5. Uma partícula em movimento retilíneo movimenta-se de acordo com a equação v = 10 + 3t, com o
espaço em metros e o tempo em segundos. Determine, para essa partícula:
a) A velocidade inicial;
b) A aceleração;
c) A velocidade quando t = 5s e t=10s.

4
Física

Exercícios de vestibulares

1. (UTFPR G1, 2014) Suponha que um automóvel de motor muito potente possa desenvolver uma
aceleração média de módulo igual a 10 m/s2. Partindo do repouso, este automóvel poderia chegar à
velocidade de 90 km/h num intervalo de tempo mínimo, em segundos, igual a:
a) 2,0.
b) 9,0.
c) 2,5.
d) 4,5.
e) 3,0.

2. (UTFPR G1, 2018) Um ciclista movimenta-se em sua bicicleta, partindo do repouso e mantendo uma
m
aceleração aproximadamente constante de valor médio igual a 2,0  2 . Depois de 7,0 s de movimento,
s
m
atinge uma velocidade, em , igual a:
s

a) 49.
b) 14.
c) 98.
d) 35.
e) 10.

3. (UFRGS, 2015) Trens MAGLEV, que têm como princípio de funcionamento a suspensão
eletromagnética, entrarão em operação comercial no Japão, nos próximos anos. Eles podem atingir
velocidades superiores a 550km/h. Considere que um trem, partindo do repouso e movendo-se sobre
um trilho retilíneo, é uniformemente acelerado durante 2,5 minutos até atingir 540km/h.
Nessas condições, a aceleração do trem, em m/s 2 , é
a) 0,1.
b) 1.
c) 60.
d) 150.
e) 216.

5
Física
km
4. (Unesp, 2018) Um foguete lançador de satélites, partindo do repouso, atinge a velocidade de 5.400 
h
após 50 segundos. Supondo que esse foguete se desloque em trajetória retilínea, sua aceleração
escalar média é de
m
a) 30  2 .
s
m
b) 150  2 .
s
m
c) 388  2 .
s
m
d) 108  2 .
s
m
e) 54  2 .
s

5. (UFJF, 2019) O sistema de freios ABS (Anti-lock Braking System) aumenta a segurança dos veículos,
fazendo com que as rodas não travem e continuem girando, evitando que os pneus derrapem. Uma
caminhonete equipada com esse sistema de freios encontra-se acima da velocidade máxima de
km
110  permitida num trecho de uma rodovia. O motorista dessa caminhonete avista um Fusca que se
h
km
move no mesmo sentido que ele, a uma velocidade constante de módulo v = 108  , num longo trecho
h
plano e retilíneo da rodovia, como mostra a Figura. Ele percebe que não é possível ultrapassar o Fusca,
já que um ônibus está vindo na outra pista. Então, ele imediatamente pisa no freio, fazendo com que a
km
caminhonete diminua sua velocidade a uma razão de 14,4  por segundo. Após 5 s, depois de acionar
h
os freios, a caminhonete atinge a mesma velocidade do automóvel, evitando uma possível colisão.

O módulo da velocidade v0 da caminhonete no momento em que o motorista pisou no freio era de:
km
a) 128 
h
km
b) 135 
h
km
c) 145 
h
km
d) 150 
h
km
e) 180 
h

6
Física

6. (ACAFE, 2018) A Física é a ciência responsável pelos fenômenos que acontecem ao nosso redor, sendo
que a relação com a Matemática traduz-se em expressões algébricas ou fórmulas matemáticas, que
embasam os fundamentos teóricos. Em um M.R.U.V. para um determinado móvel a velocidade do
mesmo é descrita pela equação v = 50 − 10t (em unidades do SI).
Neste caso, a alternativa correta que apresenta o instante, em s, que o móvel inverte o sentido do
movimento é:
a) 0,5
b) 5,0
c) 1,0
d) 0,2

7. (UFJF, 2021) Cientistas da Universidade de Cambridge publicaram um trabalho na prestigiosa revista


Science (Science 341, 1254-1256 (2013)) mostrando que pequenos insetos da espécie para a
propulsão, como mostrado na figura.

m
Com isso, os pequenos insetos atingem a velocidade de aproximadamente 5  em um intervalo de
s
m
tempo de 1 ms, isto é, 10  s. Supondo g = 10  2 , a aceleração média do inseto em termos da
−3
s
aceleração da gravidade é dada por
a) 5000 g.
b) 500 g.
c) 50 g.
d) 5 g.
e) 0,5 g.

7
Física

8. (FAMERP, 2021) O sangue percorre as grandes artérias do corpo humano com velocidade aproximada
cm cm
de 30,00  , e os vasos capilares com velocidade de 0,05  . Supondo que o intervalo de tempo para
s s
certa massa de sangue ir de uma grande artéria até um vaso capilar seja de 30 s, essa massa de sangue
será submetida, nesse deslocamento, a uma aceleração média, em valor absoluto, de
aproximadamente
m
a) 0,05  2 .
s
m
b) 0,01  2 .
s
m
c) 0,10  2 .
s
m
d) 0,25  2 .
s
m
e) 0,50  2 .
s

9. (IFCE, 2016 - modificada) Um veículo parte do repouso em movimento retilíneo e acelera com
m
aceleração escalar constante e igual a 3,0  O valor da velocidade escalar vale.
s2 .
m
a) 12,0 
s
m
b) 6,0 
s
m
c) 8,0 
s
m
d) 16,0 
s
m
e) 10,0 
s

10. (UFPR, 2010 - modificada) Um motorista conduz seu automóvel pela BR-277 a uma velocidade de 108
km/h quando avista uma barreira na estrada, sendo obrigado a frear (desaceleração de 5 m/s2) e parar
o veículo após certo tempo. Pode-se afirmar que o tempo vale
a) 6 s
b) 10 s
c) 8 s
d) 12 s
e) 4 s

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8
Física

Gabaritos

Exercícios de fixação

1. D
Como ele parte do repouso, temos:
Vi = 0km/h
Vf = 72km/h = 20m/s
t i = 0s
t f = 2s

∆V
a=
∆t
a = 20/2
a = 10m/s²

2. C
Vi = 0km/h
Vf = 450km/h = 125m/s
t i = 0s
t f = 25s

∆V
a=
∆t
a = 125/25
a = 5m/s²

3. Convertendo a velocidade de km/h para m/s:


100 m
v= = 27,7
3,6 s

Calculando a aceleração:
∆v v − v0 27,7 − 0
a= = = = 3,46 m/s 2
∆t ∆t 8

4. C
Utilizando o intervalo entre o primeiro e o último número da tabla, temos:
∆v v − v0 60 − 20
a= = = = 6,66m/s 2
∆t ∆t 9−3

5.
a) Para encontrar o valor da velocidade inicial, devemos comparar a equação acima com a função
horária da velocidade:
V = vo + at
V = 10 + 3t
A partir dessa comparação, vemos que o termo que substituiu a velocidade inicial (v 0) da fórmula é o
número 10. Portanto, podemos concluir que v0 = 10 m/s

b) Comparando novamente as equações, vemos que o que substitui a aceleração (a) na equação é o
número 3. Portanto, a = 3 m/s2

9
Física

c) Quando t = 5s
v = 10 + 3 ∙ 5
v = 10 + 15
v = 25m/s

Quando t = 10s
v = 10 + 3 ∙ 10
v = 10 + 30
v = 40m/s

Exercícios de vestibulares

1. C
Dados: a = 10m/s2; v0 = 0; v = 90km/h = 25m/s.
Δv Δv 25−0
a= ⇒ Δt = = ⇒ Δt = 2,5s
Δt a 10

2. B
Da função horária da velocidade para o movimento uniformemente variado:
m
v = v0 + a t ⇒ v = 0 + 2(7) ⇒ v = 14 s

3. B
Dados: v = 540km/h = 150m/s; Δt = 2,5 min = 150s
Δv
a=
150 − 0
Δt a = 1 m/s 2
150

4. A
km m
5400 = 1500
h s

Pela equação horária da velocidade, temos:


v = v0 + at
1500 = 0 + a ⋅ 50
m
∴ a = 30 2
s

5. E
Aplicando a função horária da velocidade para o MUV:
v = v0 + at ⇒ 108 = v0 − 14,4(5) ⇒ v0 = 108 + 72 ⇒
km
v0 = 180 
h

6. B
O móvel em MUV inverte seu sentido de movimento quando sua velocidade muda de sinal, ou seja, passa
de positiva a negativa ou de negativa a positiva, de acordo com o referencial escolhido. Portanto, isto
ocorre quando a velocidade do móvel passa a ser nula. Assim, para a equação apresentada, fazendo a
velocidade ser nula, podemos calcular o tempo para que o sentido de movimento se altere.
v = 50 − 10t
0 = 50 − 10t
10t = 50
50
t= ∴ t = 5 
10

10
Física

7. B
Calculando a aceleração, obtemos:
Δv 5 − 0 m
a= = ⇒ a = 5000 2
Δt 10 −3 s
∴ a = 500g

8. B
Pela equação horária da velocidade, temos:
v = v0 + at
0,05 ⋅ 10−2 = 30 ⋅ 10−2 + a ⋅ 30
29,95 ⋅ 10−2
a = − 
30
m
∴ |a| ≅ 0,01  2
s

9. A
Funções horárias da velocidade e do espaço para o para o Movimento Uniformemente Variado:
v = v0 + a. t
v = 0 + 3 ∙ 4 = 12m/s

10. A
Dados: v0 = 108km/h = 30m/s; a = - 5m/s2.
Calculando o tempo de frenagem:
v = v0 + a t  0 = 30 - 5 t  t = 6s.

11
Física

Termometria: variação de temperatura

Objetivo
Você aprenderá a fazer conversões entre as diferentes escalas termométricas, com o objetivo de converter
variações de temperatura.

Curiosidade
A termometria é a base para uma das principais conversões da termologia, pois será muito utilizada em
conteúdos futuros.

Teoria

Variação de temperatura
Para converter uma variação de temperatura entre graus Celsius, graus Fahrenheit e Kelvin, observe o
esquema a seguir, em que comparamos essas escalas.

Vestibulandoweb.com.br – acessado em: setembro de 2021.

Note que a variação em uma das escalas é proporcional à variação correspondente na outra. Assim, podemos
afirmar que:
• Conversão da variação da escala Celsius para Fahrenheit:

ΔθC ΔθF
=
100 180

1
Física
Simplificando, temos:

ΔθC ΔθF
=
5 9

• Conversão entre as variações das escalas Celsius e Kelvin:

ΔθC ΔθK
=
100 100

Simplificando, temos:

ΔθC = ΔθK

Note também que a conversão da variação da temperatura de Celsius para Kelvin não necessita de conta, já
que ambas apresentam o mesmo valor. Isso será muito útil nos temas seguintes.

Resumo matemático:

ΔθC ΔθF ΔθK


= =
5 9 5

2
Física

Exercícios de fixação

1. Frente fria chega a São Paulo. Previsão para:


sexta-feira sábado
mín. 11°C mín. 13°C
máx. 16°C máx. 20°C
Com esses dados, pode-se concluir que a variação de temperatura na sexta-feira e a máxima no sábado,
na escala Fahrenheit, foram, respectivamente:
a) 9 e 33,8.
b) 9 e 68.
c) 36 e 9.
d) 68 e 33,8.
e) 68 e 36.

2. Uma panela com água é aquecida de 25°C para 80°C. A variação de temperatura sofrida pela panela
com água, nas escalas Kelvin e Fahrenheit, foi de
a) 32 K e 105°F.
b) 55 K e 99°F.
c) 57 K e 105°F.
d) 99 K e 105°F.
e) 105 K e 32°F.

3. O Brasil é reconhecidamente um país de contrastes. Entre eles, podemos apontar a variação de


temperatura das capitais brasileiras. Palmas, por exemplo, atingiu, em 1º de julho de 1998, a
temperatura de 13 °C e, em 19 de setembro de 2013, a temperatura de 42 °C (com sensação térmica
de 50 °C). Na escala Kelvin, a variação da temperatura na capital do Tocantins, entre os dois registros
realizados, corresponde a:
a) 13 K
b) 29 K
c) 42 K
d) 50 K

3
Física
4. Em 2016, os termômetros da cidade de Goiânia indicaram 34,7 °C, maior temperatura registrada desde
1961. No ano de 1938, a cidade registrou 1,2 °C, a menor registrada na história da cidade. Determine a
variação entre as temperaturas máxima e mínima, em °F, registradas em Goiânia.
a) 55,8
b) 60,3
c) 75,0
d) 30,5
e) 33,5

5. Durante o dia, ao ligar a TV de sua casa, um aluno viu um jornal europeu informar que, na cidade de
Porto Seguro, o serviço de meteorologia anunciou, entre a temperatura máxima e a mínima, uma
variação ∆F = 36°F. Esta variação de temperatura expressa na escala Celsius é:
a) ∆C =10 °C
b) ∆C =12 °C
c) ∆C =15 °C
d) ∆C =18 °C
e) ∆C =20 °C

4
Física

Exercícios de vestibulares

TEXTO PARA A QUESTÃO 1:


Os centros urbanos possuem um problema crônico de aquecimento denominado ilha de calor.
A cor cinza do concreto e a cor vermelha das telhas de barro nos telhados contribuem para esse fenômeno.
O adensamento de edificações em uma cidade implica diretamente no aquecimento. Isso acarreta
desperdício de energia, devido ao uso de ar condicionado e ventiladores.
Um estudo realizado por uma ONG aponta que é possível diminuir a temperatura do interior das construções.
Para tanto, sugere que todas as edificações pintem seus telhados de cor branca, integrando a campanha
chamada “One Degree Less” (“Um grau a menos”).

1. (CPS G1, 2017) O título da campanha, “Um grau a menos”, pode ser ambíguo para algum desavisado,
uma vez que a escala termométrica utilizada não é mencionada. Em caráter global, são consideradas
três unidades de temperatura: grau Celsius (°C), grau Fahrenheit (°F) e kelvin (K). A relação entre as
variações de temperaturas nas três escalas é feita por meio das expressões:
em que:
Δt K = Δt C
Δt K é a variação da temperatura em kelvin.
Δt C Δt F
= Δt C é a variação da temperatura em Celsius.
5 9
Δt F é a variação da temperatura em Fahrenheit.
Na campanha, a expressão “Um grau a menos” significa que a temperatura do telhado sofrerá variação
de 1 grau, como por exemplo, de 30 °C para 29 °C.
Considerando-se que o 1 grau a menos, da campanha, corresponde a 1 °C, essa variação de
temperatura equivale a variação de
a) 1 °F.
b) 1 K.
c) 0,9 °F.
d) 32 °F.
e) 273 K.

5
Física
2. (UERJ, 2015 - modificada) No mapa abaixo, está representada a variação média da temperatura dos
oceanos em um determinado mês do ano. Ao lado, encontra-se a escala, em graus Celsius, utilizada
para a elaboração do mapa.

Determine, em Kelvins, o módulo da variação entre a maior e a menor temperatura da escala


apresentada.
a) 8K
b) 10K
c) 6K
d) 15K
e) 1K

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


A ARTE DE ENVELHECER

1
O envelhecimento é sombra que nos acompanha desde a concepção: o feto de seis meses é muito
mais velho do que o embrião de cinco dias.
Lidar com a inexorabilidade desse processo exige uma habilidade na qual nós somos inigualáveis: a
adaptação. Não há animal capaz de criar soluções diante da adversidade como nós, de sobreviver em nichos
ecológicos que vão do calor tropical às geleiras do Ártico.
Da mesma forma que ensaiamos os primeiros passos por imitação, temos que aprender a ser
adolescentes, adultos e a ficar cada vez mais velhos.
A adolescência é um fenômeno moderno. 2Nossos ancestrais passavam da infância à vida adulta
sem estágios intermediários. Nas comunidades agrárias o menino de sete anos trabalhava na roça e as
meninas cuidavam dos afazeres domésticos antes de chegar a essa idade.
A figura do adolescente que mora com os pais até os 30 anos, sem abrir mão do direito de reclamar
da comida à mesa e da camisa mal passada, surgiu nas sociedades industrializadas depois da Segunda
Guerra Mundial. Bem mais cedo, nossos avós tinham filhos para criar.
A exaltação da juventude como o período áureo da existência humana é um mito das sociedades
ocidentais. Confinar aos jovens a publicidade dos bens de consumo, exaltar a estética, os costumes e os

6
Física
padrões de comportamento característicos dessa faixa etária tem o efeito perverso de insinuar que o declínio
começa assim que essa fase se aproxima do fim.
A ideia de envelhecer aflige mulheres e homens modernos, muito mais do que afligia nossos
antepassados. Sócrates tomou cicuta aos 70 anos, Cícero foi assassinado aos 63, Matusalém sabe-se lá
quantos anos teve, mas seus contemporâneos gregos, romanos ou judeus viviam em média 30 anos. No início
do século 20, a expectativa de vida ao nascer nos países da Europa mais desenvolvida não passava dos 40
anos.
A mortalidade infantil era altíssima; epidemias de peste negra, varíola, malária, febre amarela, gripe e
tuberculose dizimavam populações inteiras. Nossos ancestrais viveram num mundo devastado por guerras,
enfermidades infecciosas, escravidão, dores sem analgesia e a onipresença da mais temível das criaturas.
Que sentido haveria em pensar na velhice quando a probabilidade de morrer jovem era tão alta? Seria como
hoje preocupar-nos com a vida aos cem anos de idade, que pouquíssimos conhecerão.
3
Os que estão vivos agora têm boa chance de passar dos 80. Se assim for, 4é preciso sabedoria para
aceitar que nossos atributos se modificam com o passar dos anos. Que nenhuma cirurgia devolverá aos 60
o rosto que tínhamos aos 18, mas que envelhecer não é sinônimo de decadência física para aqueles que se
movimentam, não fumam, comem com parcimônia, exercitam a cognição e continuam atentos às
transformações do mundo.
Considerar a vida um vale de lágrimas no qual submergimos de corpo e alma ao deixar a juventude é
torná-la experiência medíocre. Julgar, aos 80 anos, que os melhores foram aqueles dos 15 aos 25 é não levar
em conta que a memória é editora autoritária, capaz de suprimir por conta própria as experiências traumáticas
e relegar ao esquecimento inseguranças, medos, desilusões afetivas, riscos desnecessários e as burradas
que fizemos nessa época.
5
Nada mais ofensivo para o velho do que dizer que ele tem “cabeça de jovem”. É considerá-lo mais
inadequado do que o rapaz de 20 anos que se comporta como criança de dez.
Ainda que maldigamos o envelhecimento, é ele que nos traz a aceitação das ambiguidades, das
diferenças, do contraditório e abre espaço para uma diversidade de experiências com as quais nem
sonhávamos anteriormente.
DRÁUZIO VARELLA. Folha de São Paulo, 23/01/2016.

3. (Simulado UERJ, 2018) O processo de adaptação consiste na capacidade do ser humano de criar
soluções diante das adversidades, permitindo sua sobrevivência desde os trópicos, cuja temperatura
média é de 20 °C, às regiões polares, onde termômetros atingem temperaturas próximas a −40 °C.
Considerando os valores acima, a variação em módulo da temperatura na escala Kelvin, corresponde
a:
a) 20
b) 40
c) 60
d) 80

7
Física
4. (UEG, 2010) A contracepção é a prevenção deliberada da gravidez. Uma das formas usadas para
impedir a gravidez é abster-se de relações sexuais apenas durante o período fértil do ciclo menstrual.
Esse método é conhecido como método do timo ovulatório ou da “tabelinha”. O gráfico abaixo
apresenta as variações em °C da temperatura corpórea em função dos dias do ciclo menstrual de uma
mulher.

Qual é a variação aproximada da temperatura corpórea, em graus centígrados no gráfico, que ocorre
no período seguro e que corresponde ao menor risco de gravidez?
a) 0,0
b) 0,3
c) 0,6
d) 1,1

5. (ITA, 1995) O verão de 1994 foi particularmente quente nos Estados Unidos da América. A diferença
entre a máxima temperatura do verão e a mínima no inverno anterior foi de 60 °C. Qual o valor dessa
diferença na escala Fahrenheit?
a) 108 °F
b) 60 °F
c) 140 °F
d) 33 °F
e) 92 °F

6. (UERN, 2015) A temperatura interna de um forno elétrico foi registrada em dois instantes consecutivos
por termômetros distintos – o primeiro graduado na escala Celsius e o segundo na escala Kelvin. Os
valores obtidos foram, respectivamente, iguais a 120°C e 438K. Essa variação de temperatura expressa
em Fahrenheit corresponde a
a) 65°F.
b) 72°F.
c) 81°F.
d) 94°F.

8
Física

7. (Unesp, 2010) Um termoscópio é um dispositivo experimental, como o mostrado na figura, capaz de


indicar a temperatura a partir da variação da altura da coluna de um líquido que existe dentro dele. Um
aluno verificou que, quando a temperatura na qual o termoscópio estava submetido era de 10 oC, ele
indicava uma altura de 5 mm. Percebeu ainda que, quando a altura havia aumentado para 25 mm, a
temperatura era de 15 oC.

Quando a temperatura for de 20 oC, a altura da coluna de líquido, em mm, será de


a) 25.
b) 30.
c) 35.
d) 40.
e) 45.

8. (Ufal, 2007) Considere uma escala termométrica X tal que, sob pressão normal, ao ponto de fusão do
gelo faça corresponder o valor - 20° X e ao ponto de ebulição da água o valor 180 ° X. Uma queda de
temperatura de 5° C corresponde na escala X a
a) 16
b) 12
c) 10
d) 8
e) 5

9. (Mackenzie, 2003) Os termômetros são instrumentos utilizados para efetuarmos medidas de


temperaturas. Os mais comuns se baseiam na variação de volume sofrida por um líquido considerado
ideal, contido num tubo de vidro cuja dilatação é desprezada. Num termômetro em que se utiliza
mercúrio, vemos que a coluna desse líquido "sobe" cerca de 2,7 cm para um aquecimento de 3,6 °C. Se
a escala termométrica fosse a Fahrenheit, para um aquecimento de 3,6°F, a coluna de mercúrio "subiria":
a) 11,8 cm
b) 3,6 cm
c) 2,7 cm
d) 1,8 cm
e) 1,5 cm

9
Física
10. (Fempar, 2019) Leia o texto que se segue e depois julgue as afirmativas.

Mercúrio será proibido em produtos para saúde

Termômetros e medidores de pressão corporal com coluna de mercúrio serão proibidos depois de 1º
de janeiro de 2019. A medida é resultado da Convenção de Minamata. O impacto da contaminação do
meio ambiente por mercúrio está ligada diretamente aos riscos provocados pela exposição ao mercúrio
para a saúde humana.
(Adaptado do disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br>. Acesso em: 28 jun. 2018)

( ) Como a temperatura de um corpo está relacionada ao grau de agitação de suas moléculas,


podemos afirmar que as escalas Celsius e Fahrenheit são relativas, uma vez que elas não atribuem
valor zero ao estado de agitação molecular mais baixo.
( ) A cidade de Curitiba é conhecida por apresentar grande variação de temperatura durante o dia.
Em um dia de inverno, por exemplo, a variação pode ocorrer de −1 °C a 18 °C. Essa variação na escala
Fahrenheit e na escala absoluta corresponde respectivamente a 34,2 °F e 19 K.
( ) Considere a seguinte situação: em uma escala arbitrária A, os estados térmicos referentes ao
ponto de fusão do gelo e de ebulição da água são respectivamente 20 °A e 70 °A. Nesses estados, os
respectivos comprimentos (h) de uma coluna de mercúrio são 8,5 cm e 28 cm. Em tais condições, a
35+19,5⋅θA
equação da temperatura em função do comprimento da coluna de mercúrio é dada por h = .
50

( ) Durante a Convenção de Minamata, dois cientistas de diferentes regiões consultam a temperatura


de seu país naquele instante por meio de um aplicativo de celular. O cientista brasileiro informa 24 °C
enquanto o norte-americano informa 75,2 °F. Numa comparação, os cientistas concluem que essas
temperaturas são equivalentes.
( ) Um aluno empolgado com a história dos termômetros resolveu criar sua própria escala
termométrica. Para isso, escolheu para ponto de fusão da água 10 °X e para ponto de ebulição 130 °X.
Sabendo que os infectologistas estabelecem valores acima de 37,8 °C para caracterizar estado de
febre, esse valor na escala do aluno corresponde a aproximadamente 58,36 °X.

Sua específica é naturezas e quer continuar treinando esse conteúdo?


Clique aqui, para fazer uma lista extra de exercícios.

10
Física

Gabaritos

Exercícios de fixação

1. B
A variação de temperatura na sexta-feira é determinada por:
∆TC ∆TF
=
100 180
16 − 11 ∆TF
=
100 180
∆TF = 9°F

Temperatura máxima no sábado:


TC TF − 32
=
5 9
20 TF − 32
=
5 9
TF = 68°F

2. B
Cuidado, está se falando de variação. Observe as três escalas citadas:

Fazendo as proporções entre os diversos segmentos, vem:


ΔK 55
= → ΔK = 55K
373 − 273 100 − 0
ΔF 55
= → ΔF = 990 F
212 − 32 100 − 0

3. B
As escalas Celsius e Kelvin podem ter suas variações convertidas da seguinte forma:
∆TC = ∆TK
∆TK = 42 − 13 = 29K

11
Física
4. B
As escalas Celsius e Fahrenheit podem ter suas variações convertidas da seguinte forma:
ΔTC ΔTF
=
5 9
34,7 − 1,2 ∆TF
=
5 9
33,5 ∆TF
=
5 9
∆TF
6,7 =
9
∆TF = 60,3 °F

5. E
Para essa conversão, podemos usar a seguinte expressão:
∆C ∆F
=
5 9
∆C 36
=
5 9
∆C = 20°C

Exercícios de vestibulares

1. B
Como a variação das escalas Celsius e Kelvin é igual, como mostra a equação: Δt K = Δt C . Se variar 1°C,
equivale a uma variação de 1 K.

2. A
As variações de temperatura nas escalas Celsius (θ) e Kelvin (T) são numericamente iguais.
Δθ = 4,5 − (−3,5) = 8 °C ⇒ ΔT = 8 K

3. C
Como a variação de temperatura nas escalas Celsius e Kelvin é igual, então a variação dada no texto em
Celsius, já nos fornece a variação na escala Kelvin, ou seja:
ΔT = 20 − (−40) ∴ ΔT = 60 °C = 60 K

4. B
A parte sombreada do gráfico mostra o período seguro.

No período seguro, a temperatura varia entre um mínimo de 36,45 °C e 36,70 °C.


ΔT = 36,70 - 36,45 = 0,25°C

12
Física
5. A
ΔC ΔF
=
5 9
60 ΔF
= ∴ ΔF = 108°F
5 9

6. C
Transformando a primeira temperatura para a escala Kelvin, temos:
T1 K = T1 C + 273
T1 K = 120 + 273
T1 K = 393 K

Assim, a variação de temperatura em Kelvin é dada pela diferença entre as duas temperaturas:
ΔTK = 438 − 393
ΔTK = 45 K

Utilizando a relação existente entre a variação de temperatura em Kelvin e Fahrenheit:


ΔTK ΔTF
=
5 9
45 ⋅ 9
ΔTF =
5
ΔTF = 81°F

7. E
Como a temperatura varia linearmente com a altura da coluna líquida, podemos escrever:
ΔT Δh 15 − 10 20 − 10 5 10
= ⇒ = ⇒ = ⇒ 5(h − 5) = 200 ⇒ h = 45 mm
T0 h0 25 − 5 h−5 20 h − 5

8. C
A figura abaixo mostra a relação entre as escalas:

Por segmentos proporcionais, vem:


ΔX 180 − (−20) ΔX 200
= → = → ΔX = 100 X
ΔC 100 − 0 5 100

9. E
A relação entre as escalas Celsius e Fahrenheit diz:
ΔC ΔF ΔC 3,6
= → = → ΔC = 2, 00 C
5 9 5 9

3, 60 C → 2,7cm
2, 00 C →   X
2,0 × 2,7
x= = 1,5cm
3,6

13
Física
10. V – V – V – V – F
Análise das assertivas:
Verdadeira. As escalas termométricas relativas possuem um valor zero, mas este valor não é relacionado
ao ponto de menor agitação molecular como nas escalas absolutas Kelvin (relacionada à escala Celsius)
e Rankine (relacionada à escala Fahrenheit).

Verdadeira. A variação entre as escalas Celsius, Kelvin e Fahrenheit é dada pela seguinte relação:
Δ°C Δ°F ΔK
= =
1 1,8 1

Esta relação significa que, para cada grau Celsius de variação de temperatura, temos uma variação de
1,8 graus na escala Fahrenheit e a variação de um grau na escala Kelvin. Como a variação na escala
Celsius é de 19 graus, então:
19°C Δ°F ΔK
= =
1 1,8 1

Assim:
1,8°F
Δ°F = 19°C ⋅ ∴ Δ°F = 34,2°F
°C
ΔK = Δ°C = 19K

Verdadeira. Comprova-se que as temperaturas 24 °C e 75,2 °F são equivalentes, transformando uma
escala na outra e comparando as duas. Assim:
24°C F − 32 9 ⋅ 24
= ⇒F= + 32 ∴ F = 75,2 °F
5 9 5

Verdadeira. Para a interpolação com o diagrama abaixo, temos:

θA − 20 h − 8,5 θA − 20 h − 8,5 θA − 20
= ⇒ = ⇒ h = 19,5 ⋅ ( ) + 8,5 ∴
70 − 20 28 − 8,5 50 19,5 50
19,5 ⋅ θA + 35
h=
50

Falsa. Fazendo a interpolação entre as escalas de acordo com o esquema abaixo, temos:

X − 10 37,8 − 0 X − 10 37,8 simplificando X − 10 37,8


= ⇒ = → =
130 − 10 100 − 0 120 100 6 5
6 ⋅ 37,8
X= + 10 ∴ X = 55,36 °X
5

14
Geografia

Crise de 29 e o Keynesianismo

Objetivos
Estudar o contexto, o significado e as consequências da crise do liberalismo, além de compreender o papel
do contexto produtivo que estava envolvido com essa crise. Posteriormente explicar o que foi o
Keynesianismo e sua relação com esse período.

Se liga
É valido assistir à aula anterior “Fordismo e a produção em massa” , que contém conceitos que serão
utilizados nesta aula.

Curiosidade
A Crise de 29 é considerada a pior crise econômica da história. Na época, os Estados Unidos eram
responsáveis por quase 50% da produção mundial.

Teoria

Introdução
A Crise de 1929, Crise de 29 ou Grande Depressão, foi uma crise financeira que começou nos Estados Unidos
e que, posteriormente, atingiu as principais potências econômicas e ganhou dimensão mundial. É uma crise
do liberalismo. Com o otimismo pós-guerra (Primeira Guerra Mundial), observou-se o aumento da produção
possibilitado pelo Fordismo. Todavia, esse otimismo e crescimento não se manifestaram no consumo, em
parte, porque não houve aumento do poder de compra dos trabalhadores. Assim, produzia-se mais do que se
consumia. Genericamente, essas foram as condições para a crise de superprodução de 1929. Cuidado!! Não
é uma crise do Fordismo (modelo produtivo), e sim do modelo econômico liberalismo.

O liberalismo
O liberalismo defendia a economia de livre mercado, ou seja, uma economia que se “autorregula”. Ele tinha
também como características o individualismo e a defesa da propriedade privada. Foi na decadência do
mercantilismo e com o firmamento do capitalismo que surgiu a teoria do liberalismo econômico. Essa teoria
se baseava na não intervenção de qualquer agente externo à economia (Estado, leis, políticas), pois, de
acordo com ela, o mercado consegue se autorregular sem a intervenção do Estado. É a ideia da “mão
invisível” que regula a economia a partir dos demais princípios básicos, como a livre concorrência, que
causaria uma espécie de seleção das melhores lojas e empresas, e a lei da oferta e da procura, em que os
preços se autorregulam no mercado a partir da relação entre disponibilidade dos produtos e demanda.

1
Geografia

A Crise de 29
O consumismo era uma importante bandeira pregada nesse contexto, no qual a capacidade de expandir o
mercado consumidor estava limitada. Com estoques cheios, os bancos concediam créditos, empréstimos
para que a população pudesse acessar a modernidade que estava sendo produzida. Outra característica de
uma democracia liberal é a redução de direitos trabalhistas, uma vez que é o Estado o responsável por
assegurá-los. Ou seja, havia consumo sem que houvesse de fato poder de compra por parte dos
trabalhadores. A Crise de 29, portanto, foi uma crise de superprodução e de concessão de créditos, que levou
à quebra dos bancos e da Bolsa de Valores de Nova York, assim como ao fechamento de fábricas,
desemprego e consequente redução do consumo.

Desempregados norte-americanos fazem fila para um café e sopa grátis. Disponível em: <https://www.politize.com.br/os-90-anos-
da-crise-de-1929/>. Acessado em: 03/09/2021.

O Keynesianismo
O Keynesianismo, assim como o liberalismo, é uma doutrina econômica que foi instaurada para reaquecer a
economia no contexto de crise liberal. O cientista econômico John Maynard Keynes já vinha apontando para
a possibilidade de uma crise econômica, devido à não interferência do Estado na economia. Ele defendia que
o Estado deveria ser atuante (forte) na economia, para ajudar o capitalismo nos momentos de crise, naturais
desse sistema. O Estado seria, portanto, responsável por prover não somente os direitos básicos da
população, como o acesso a serviços de saúde e educação, mas também por realizar grandes obras em
setores estratégicos, como transporte, energia e infraestrutura, além de controlar as empresas e a atuação
financeira, ampliando o setor estatal. O aumento da atuação pública garantiria uma boa qualidade de vida e
reaquecimento do consumo. É o que ficou conhecido como Estado de Bem-Estar Social (Welfare State). Após
a crise do liberalismo, Keynes, que já apontava para seu esgotamento, passou a ser um grande referencial na
economia.

2
Geografia

O New Deal e a recuperação econômica


Franklin Delano Roosevelt, inspirado nas ideias de Keynes, lançou o New Deal (Novo Acordo), em 1933, para
recuperar a economia americana a partir do aumento do consumo. Lembre-se: a Crise de 1929 tinha sido
resultado da superprodução e estagnação do consumo. Roosevelt fundamentou-se nas ideias de Keynes para
recuperar a economia. Fizeram parte das medidas desse Novo Acordo:
● Pleno emprego e estabilidade;
● Aumento dos salários;
● Menos horas de trabalho;
● Aumento dos direitos trabalhistas e previdenciários;
● Obras públicas em setores estratégicos;
● Controle da produção;
● Fiscalização bancária e de outras instituições financeiras;
● Subsídios a pequenas empresas.

Todas essas ações buscavam o crescimento do número de empregos, da renda e do consumo, recuperando
a economia americana. Esse Estado forte na economia ficou conhecido como Estado Keynesiano ou Estado
do Bem-Estar Social. Nos Estados Unidos, foi responsável por consolidar o American Way of Life (estilo de
vida americano). Essa é uma expressão utilizada para se referir ao estilo de vida americano, geralmente
representado por uma família feliz com os inúmeros produtos que pode consumir, façanha conquistada pelo
aumento da produtividade (Fordismo) e da superioridade tecnológica americana no pós-Primeira Guerra
Mundial. Porém, esse modelo foi afetado com a Crise de 1929, ressurgindo no contexto do New Deal.
Entretanto, ele se consolida, de fato, no pós-Segunda Guerra Mundial, passando a ser referência de modelo
de vida e bem-estar para outros países capitalistas. Na Europa, está associado a diversos ganhos sociais
promovidos pelo Estado, que passa a ser responsável pela economia e sociedade. Sua principal característica
é a defesa dos direitos à saúde, educação, previdência e trabalho. Essa defesa é feita pelo Estado, que enxerga
esse modelo como uma forma de combate às desigualdades.

3
Geografia

Exercícios de fixação

1. Apesar da Crise de 29 não ter sido a crise do Fordismo, mas a crise do modelo liberal, pode-se dizer
que o modelo produtivo citado também contribuiu em parte para o problema econômico que ocorreu
na época. No entanto, foi a partir do rompimento com o liberalismo que o modelo keynesiano permitiu
que o Fordismo chegasse ao seu auge, os anos dourados da década de 50 e início da década de 60.

Dito isso, assinale a alternativa que indica um aspecto do Fordismo que contribuiu para a Crise de 29.
a) Produção fragmentada e mão de obra alienada
b) Produção em série e acumulação de estoques
c) Obsolescência programada e contratação qualificada
d) Maquinização da produção e desemprego estrutural

2. A quebra da bolsa de valores expôs uma fragilidade do modelo liberal, que guiava o mercado, as
revoluções industriais e os meios de produção. Milhares de investidores tentavam vender suas ações,
e ninguém pensava em comprar naquele momento.

Escreva qual conceito liberal ficou exposto como fragilidade no texto e o explique.

3. Enquanto o ____________ é um modelo econômico em que o Estado possui forte intervenção na


economia, o ________ foram as medidas adotadas para consolidar esse modelo no contexto da Crise
de 29, em que o Estado subsidiou empresas, garantiu a continuidade da circulação econômica por meio
da manutenção de postos de trabalho e outras medidas sociais.

Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas


a) Liberalismo e Livre Mercado
b) Neoliberalismo e Consenso de Washington
c) Keynesianismo e New Deal

4. Liberalismo, Keynesianismo e Neoliberalismo são modelos


a) Econômicos
b) Produtivos
c) Políticos
d) Sociais

5. Elabore uma frase que associa corretamente a ideia do 1) estilo de vida americano, o 2) consumismo,
o 3) Fordismo e a 4) Crise de 29. Aponte, em seguida, as consequências da Crise de 29 no Brasil.

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Geografia

Exercícios de vestibulares

1. “Para Keynes (...) para criar demanda, as pessoas deveriam obter meios para gastar. Uma conclusão
daí decorrente é que os salários de desemprego não deveriam ser considerados simplesmente como
débito do orçamento, um meio por intermédio do qual a demanda poderia aumentar e estimular a oferta.
Além do mais, uma demanda reduzida significava que não haveria investimento suficiente para produzir
a quantidade de mercadorias necessárias para assegurar o pleno emprego. Os governos deveriam,
portanto, encorajar mais investimentos, baixando as taxas de juros (...), bem como criar um extenso
programa de obras públicas, que proporcionaria emprego e geraria uma demanda maior de produtos
industriais.”
O texto refere-se a uma teoria cujos princípios estiveram presentes
a) no “New Deal”, planejamento econômico baseado na intervenção do Estado, elaborado devido à
crise de 1929.
b) na obra MEIN KAMPF, que desenvolveu os fundamentos do nazismo: ideia da existência da raça
ariana.
c) no Plano Marshall, cujo objetivo era recuperar a economia europeia através de maciços
investimentos.
d) na criação da Comunidade Econômica Europeia, organização que visa o livre comércio entre os
países.
e) no livro O CAPITAL, onde se encontram os princípios básicos que fundamentam o socialismo
marxista.

2. A grave crise econômico-financeira que atingiu o mundo capitalista, na década de 30, tem suas origens
nos Estados Unidos. A primeira medida governamental que procurou, internamente, solucionar essa
crise foi o “New Deal”, adotado por Roosevelt, em 1933. Uma das medidas principais desse programa
foi o(a):
a) encerramento dos investimentos governamentais em obras de infraestrutura.
b) fim do planejamento e da intervenção do Estado na economia.
c) imediata suspensão da emissão monetária.
d) política de estímulo à criação de novos empregos.
e) redução dos incentivos à produção agrícola.

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Geografia

3. (Enem, 2012)
TEXTO I
A Europa entrou em estado de exceção, personificado por obscuras forças econômicas sem rosto ou
localização física conhecida que não prestam contas a ninguém e se espalham pelo globo por meio de
milhões de transações diárias no ciberespaço.
ROSSI, C. Nem fim do mundo nem mundo novo. Folha de São Paulo, 11 dez. 2011 (adaptado).

TEXTO II
Estamos imersos numa crise financeira como nunca tínhamos visto desde a Grande Depressão iniciada
em 1929 nos Estados Unidos.
Entrevista de George Soros. Disponível em: www.nybooks.com. Acesso em: 17 ago. 2011 (adaptado).

A comparação entre os significados da atual crise econômica e do crash de 1929 oculta a principal
diferença entre essas duas crises, pois:
a) o crash da Bolsa em 1929 adveio do envolvimento dos EUA na I Guerra Mundial e a atual crise é o
resultado dos gastos militares desse país nas guerras do Afeganistão e Iraque.
b) a crise de 1929 ocorreu devido a um quadro de superprodução industrial nos EUA e a atual crise
resultou da especulação financeira e da expansão desmedida do crédito bancário.
c) a crise de 1929 foi o resultado da concorrência dos países europeus reconstruídos após a I Guerra
e a atual crise se associa à emergência dos BRICS como novos concorrentes econômicos.
d) o crash da Bolsa em 1929 resultou do excesso de proteções ao setor produtivo estadunidense e a
atual crise tem origem na internacionalização das empresas e no avanço da política de livre
mercado.
e) a crise de 1929 decorreu da política intervencionista norte-americana sobre o sistema de comércio
mundial e a atual crise resultou do excesso de regulação do governo desse país sobre o sistema
monetário.

4. (Ufc, 2002) Ante a grande depressão de 1929, o economista John M. Keynes defendia o déficit público
como uma forma de enfrentar a recessão. Nos Estados Unidos, o Presidente Franklin Roosevelt, a partir
de 1930, financiou obras públicas a fim de diminuir o desemprego. A partir desse período, as mudanças
na política econômica propiciaram:
a) a oposição do governo norte-americano ao desenvolvimento do intervencionismo na economia.
b) a intervenção do Estado na economia, como estratégia de ampliação do mercado de trabalho.
c) a consolidação dos grupos econômicos que impediam a intervenção estatal.
d) o fechamento do comércio europeu ao capital norte-americano.
e) a livre aplicação do capital pela iniciativa privada.

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Geografia

5. (Cesgranrio, 2010) “Cenas de agonia se passavam, nas salas de clientes dos vários corretores. Ali, os
que poucos dias antes haviam-se regalado em ilusões de riqueza, viam todas as suas esperanças
esmagadas num colapso tão devastador, tão além de seus mais desenfreados temores, que tudo
parecia irreal. Buscando salvar um pouco da ruína, mandavam vender suas ações "no mercado", quando
descobriam que não apenas haviam perdido tudo, mas ainda estavam em débito com o corretor.
E então, reviravolta irônica: a sacudida seguinte do louco mercado elevava os preços para onde eles
poderiam haver vendido e conseguido um substancial equilíbrio de caixa restante. Toda jogada era
errada naqueles dias. O mercado parecia uma coisa insensata, se vingava louca e impiedosamente dos
que julgavam dominá-lo."
24/out/1929 - BELL, Elliot V. New York Times. In LEWIS, John - O Grande Livro do Jornalismo. Rio de Janeiro: José Olympio,
2008, p 107.

O texto acima relata uma crise que


a) provocou transformações estruturais na economia europeia que, com déficit de produção, buscou
matéria-prima em outros continentes, dando início ao moderno imperialismo.
b) provocou uma reestruturação das instituições financeiras americanas com o objetivo de evitar a
ampliação da crise e a consequente contaminação da economia mundial.
c) não afetou a economia latino-americana, tradicionalmente agrária, tendo em vista que a crise foi
motivada fundamentalmente pela superprodução industrial.
d) demonstrou a fragilidade do capitalismo liberal e conduziu à adoção de medidas saneadoras que
ampliaram a participação do Estado na economia.
e) levou a Europa a adotar medidas livre-cambistas, como estratégia para conter o avanço da crise
financeira em seu território.

6. No fim da década de 20, após anos de prosperidade, uma grave crise econômica, conhecida como a
Grande Depressão, começou nos EUA e atingiu todos os países capitalistas. J. K. Galbraith, economista
norte-americano, afirma que “à medida que o tempo passava tornava-se evidente que aquela
prosperidade não duraria. Dentro dela estavam contidas as sementes de sua própria destruição.”
Dias de boom e de desastre in J.M. Roberts (org), História do Século XX.

São características da Crise de 1929:


a) o aumento da produção automobilística, a expansão do mercado de trabalho e a falta de
investimentos em tecnologia.
b) a destruição dos grandes estoques de mercadorias, o aumento dos preços agrícolas e o aumento
dos salários.
c) a cultura de massa com a venda de milhões de discos, as dívidas de guerra dos EUA e o aumento
do número de empregos.
d) a superprodução, a especulação desenfreada nas bolsas de valores e a queda da renda dos
trabalhadores.
e) o aumento do mercado externo, o mito do American way of life e a intervenção do Estado na
economia.

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Geografia

7. (Enem, 2017) O New Deal visa restabelecer o equilíbrio entre o custo de produção e o preço, entre a
cidade e o campo, entre os preços agrícolas e os preços industriais, reativar o mercado interno – o
único que é importante –, pelo controle de preços e da produção, pela revalorização dos salários e do
poder aquisitivo das massas, isto é, dos lavradores e operários, e pela regulamentação das condições
de emprego.
CROUZET,M. Os Estados perante a crise. In: História geral das civilizações. São Paulo: Difel, 1966(adaptado).

Tendo como referência os condicionantes históricos do entre guerras, as medidas governamentais


descritas objetivavam
a) flexibilizar as regras do mercado financeiro.
b) fortalecer o sistema de tributação regressiva.
c) introduzir os dispositivos de contenção creditícia.
d) racionalizar os custos da automação industrial mediante negociação sindical.
e) recompor os mecanismos de acumulação econômica por meio da intervenção estatal.

8. O colapso deflagrado no mundo pela crise financeira dos anos 20 teve como principal ato o craque da
Bolsa de Valores de Nova York, em outubro de 1929. Como consequência dessa crise, podemos
destacar:
a) os preços e salários subiram, aumentando a oferta de empregos na área industrial europeia.
b) a Europa recuperou sua prosperidade com altos investimentos dos fundos particulares norte-
americanos.
c) o Brasil manteve-se fora da crise com contínuos aumentos das exportações do café.
d) o mundo todo foi afetado drasticamente, quando a Inglaterra abandonou o padrão-ouro,
permitindo a desvalorização da libra.
e) nos primeiros anos da década de 30, a indústria alemã duplicou a sua produção, acarretando o
crescimento do comércio mundial.

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Geografia

9. (Uerj adaptada, 2011)

A história em quadrinhos apresenta uma característica fundamental do modo de produção capitalista


na atualidade e uma política estatal em curso em muitos países desenvolvidos.
Essa característica e essa política estão indicadas em:
a) liberdade de comércio – ações afirmativas para grupos sociais menos favorecidos
b) sociedade de classe – sistemas de garantias trabalhistas para a mão de obra sindicalizada
c) economia de mercado – programas de apoio aos setores econômicos pouco competitivos
d) trabalho assalariado – campanhas de estímulo à responsabilidade social do empresariado
e) livre circulação de mercadorias – projetos que visam diminuir as barreiras fiscais entre os Estados

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Geografia

10. (Enem cancelado, 2009) “A depressão econômica gerada pela Crise de 1929 teve no presidente
americano Franklin Roosevelt (1933 - 1945) um de seus vencedores. New Deal foi o nome dado à série
de projetos federais implantados nos Estados Unidos para recuperar o país, a partir da intensificação
da prática da intervenção e do planejamento estatal da economia. Juntamente com outros programas
de ajuda social, o New Deal ajudou a minimizar os efeitos da depressão a partir de 1933. Esses projetos
federais geraram milhões de empregos para os necessitados, embora parte da força de trabalho norte-
americana continuasse desempregada em 1940. A entrada do país na Segunda Guerra Mundial, no
entanto, provocou a queda das taxas de desemprego, e fez crescer radicalmente a produção industrial.
No final da guerra, o desemprego tinha sido drasticamente reduzido”.
EDSFORD, R. America’s response to the Great Depression. Blackwell Publishers, 2000 (tradução adaptada).

A partir do texto, conclui-se que:


a) o fundamento da política de recuperação do país foi a ingerência do Estado, em ampla escala, na
economia.
b) a crise de 1929 foi solucionada por Roosevelt, que criou medidas econômicas para diminuir a
produção e o consumo.
c) os programas de ajuda social implantados na administração de Roosevelt foram ineficazes no
combate à crise econômica.
d) o desenvolvimento da indústria bélica incentivou o intervencionismo de Roosevelt e gerou uma
corrida armamentista.
e) a intervenção de Roosevelt coincidiu com o início da Segunda Guerra Mundial e foi bem sucedida,
apoiando- se em suas necessidades.

Sua específica é humanas e quer continuar treinando esse conteúdo?


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Geografia

Gabaritos

Exercícios de fixação

1. B
A produção em série fordista acumulava estoques, que eram estimulados pelas propagandas e ideologia
consumista para serem vendidos. Acontece que isso gerou um desbalanço na oferta de crédito dos
bancos, que buscavam estimular esse consumismo. A maquinização da produção e o desemprego
estrutural são características da Terceira e Quarta Revoluções Industriais.

2. Lei da oferta e da procura – um dos princípios que guia o livre mercado. Quando há muita oferta de um
determinado produto e pouca procura, o preço tende a baixar para atrair essa procura e circular a oferta
extra. Quando há muita procura e pouca oferta, o preço pode subir, pois há garantia de venda pela alta
procura.
No caso exposto da quebra da bolsa de valores, todos queriam vender; logo, havia muita oferta e
nenhuma procura, o que baixou o preço das ações e investimentos. Cabe ressaltar que a população no
geral já percebia as contradições dessas leis, como a da livre concorrência e da oferta e da procura, que
geravam vulnerabilidades sociais. Mas, no contexto exposto, o impacto foi no setor macroeconômico, o
que afetou a economia em escala.

3. C
O contexto da Crise de 29 foi a virada do modelo liberal para modelos em que o Estado se torna um
agente central na economia, a nível hegemônico nos países do mundo.

4. A
Liberalismo, Keynesianismo e neoliberalismo são modelos econômicos. Conceitualmente, divergem
quanto ao papel do Estado e das empresas no setor econômico. É comum confudir com modelos
políticos e associar, por exemplo, o Keynesianismo com modelos socialistas. O socialismo, assim como
o capitalismo, é um modelo político. É possível existir um modelo de Estado interventor na economia
numa ditadura militar, como foi o caso brasileiro.

5. O estilo de vida americano era propagado pela mídia com valores consumistas, em que, para ser feliz,
era preciso ter e consumir as modernidades produzidas pelo Fordismo na época. Acontece que esse
consumismo foi estimulado pelos bancos a partir da concessão de créditos, o que gerou um desbalanço
econômico que culminou na Crise de 29, ou crise do liberalismo. No Brasil, a exportação de café, nosso
principal produto que sustentava nossas estruturas produtivas, sofreu grande impacto. Desse modo, o
governo passou a comprar o próprio café, para não falir as fazendas, e a investir na industrialização
interna, a fim de diminuir a dependência. Foi a política de Vargas que ficou conhecida como substituição
de importações.

Exercícios de vestibulares

1. A
O New Deal, adotado por Roosevelt, em 1933, foi um programa econômico de governo que empregava
as ideias de John M. Keynes, com o objetivo de recuperar a economia norte-americana após a crise de
1929.

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2. D
Entre as principais medidas propostas pelo New Deal para a resolução dos impactos da crise de 1929,
podem-se citar o aumento dos salários, a estabilidade no emprego, a redução das jornadas de trabalho
e, consequentemente, a geração de novos empregos.

3. B
A diferença entre as duas crises refere-se às suas causas. A crise de 29 está relacionada a uma
superprodução industrial e à falta de mercado no período em que o modelo fordista-taylorista estava em
destaque. Já a crise de 2008 está relacionada a uma grande oferta de crédito bancário, em que foi
desconsiderado o pagamento deste.

4. B
O New Deal marca o início de um Estado interventor, com o objetivo de recuperar a economia norte-
americana a partir do consumo. Para isso, o Estado buscou fazer grandes investimentos, garantindo o
pleno emprego.

5. D
A crise da bolsa de Nova Iorque, em 1929, foi caracterizada por um considerável aumento de produção,
não acompanhado pelo respectivo consumo. As empresas vendiam ações no mercado financeiro com
valor alavancado, escorado na produção, mas a economia não dava contrapartida no consumo, e as
taxas de juros praticadas eram altas, atraindo investidores do mundo todo, resultando em um surto
especulativo. Com o estouro da bolha especulativa, ocorreram inúmeras falências e elevadas taxas de
desemprego. Ficou evidente a fragilidade do capitalismo liberal, que facilitou a adoção de medidas
saneadoras que ampliaram a participação do Estado na economia, através do New Deal, política
implementada no primeiro governo de Franklin D. Roosevelt.

6. D
A crise de superprodução, a especulação financeira e a diminuição da renda dos trabalhadores, devido
às demissões, estão entre as principais características dessa crise.

7. E
O New Deal (Novo Acordo) foi a política implementada por Franklin Delano Roosevelt, presidente dos
Estados Unidos, para solucionar a crise econômica que assolou o país após a quebra da bolsa de Nova
Iorque. Essa política representou um rompimento com o modelo liberal vigente. Baseando-se no
Keynesianismo, o New Deal visava a solucionar a crise por meio da intervenção econômica do Estado.

8. D
Devido à forte junção entre capital financeiro e industrial, a crise de 1929 afetou todo o mundo. A
Inglaterra foi um dos poucos países que garantiram uma paridade da sua moeda a um determinado peso
em ouro. Com o fim dessa paridade (padrão-ouro) e a desvalorização da libra, as referências monetárias
se tornaram artificiais.

9. C
Na tirinha, Calvin tenta vender seu produto dentro da lógica capitalista e obter maior lucro, mas isso se
mostra impossível, pois não há procura que dê o retorno desejado. A Lei da Oferta e da Procura possui
limitações que podem obrigar os países a contrair dívidas externas e o Estado a conceder incentivos
fiscais. No final da tirinha, ele pede para ser subsidiado. Subsídio significa uma concessão de dinheiro
que o governo oferece para determinadas atividades, a fim de manter o preço do produto acessível para
estimular as vendas e as exportações.

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Geografia

10. A
A questão evidencia a importância do Estado para a recuperação da economia, retomando importante
conceito do intervencionismo keynesiano. Ressalta-se que ingerência é um substantivo feminino, cujo
significado corresponde ao ato ou efeito de ingerir(-se); introdução, intromissão. Nesse sentido,
ingerência do Estado significa intromissão, intervenção e, por isso, Keynesianismo. A alternativa E está
errada, pois a intervenção de Roosevelt NÃO coincidiu com o início da Segunda Guerra Mundial.

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Geografia

Fordismo e a produção em massa

Objetivo
Você aprenderá sobre Taylorismo, Fordismo, linha de montagem, trabalho repetitivo, entre outras
características da produção na segunda fase da Revolução Industrial.

Se liga
Esse conteúdo é muito importante para as aulas de Toyotismo e Terceira Revolução Industrial.

Curiosidade
Tempos Modernos, de 1936, roteirizado, dirigido e produzido por Charlie Chaplin, é a grande referência para
esse assunto.

Teoria
Introdução
Para obter maior lucratividade, a indústria passou a aperfeiçoar as formas de trabalho e produção. É nesse
contexto que surgem os modelos produtivos, que consistem em um método de racionalização da produção.
O Fordismo (1914) e o Toyotismo (1970) são os dois modelos produtivos estudados pela Geografia, pois eles
transcendem a organização da fábrica.

Taylorismo
O engenheiro norte-americano Frederick W. Taylor (1856-1915), visando a aumentar a eficiência produtiva,
estudou tempos e movimentos de operários e máquinas na linha de produção. Seus estudos foram reunidos
e publicados no seu livro Princípios de Administração Científica. Posteriormente, tais conhecimentos foram
chamados Taylorismo. Alguns autores denominam o Taylorismo como modelo de produção. Outros definem
o Taylorismo como uma ciência da organização do trabalho.
É desse sistema que surgiu a ideia de que o trabalhador deveria realizar procedimentos repetitivos e
especializados como forma de aumentar a produtividade. Taylor defendia que a indústria deveria adotar
princípios da racionalidade no uso de ferramentas e matérias-primas para reduzir os custos de produção.

Fordismo
Henry Ford (1863-1947) já desenvolvia sua linha de montagem para aumentar sua produção quando ouviu
falar das ideias de Taylor. Impressionado, Ford contratou o engenheiro para trabalhar na sua fábrica. O
Fordismo nasce dessa associação entre as ideias de Taylor e a prática de Ford. Aqui é possível observar a
combinação perfeita entre a redução dos custos de produção pela adoção das práticas tayloristas e o
aumento do consumo pela elevação dos salários dos trabalhadores. Por isso, o Fordismo também é chamado
de Fordismo-Taylorismo.

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Geografia

Características do Fordismo:
● Linha de montagem: é a famosa esteira rolante retratada no filme Tempos Modernos. O item a ser
produzido era movido ao longo da linha de montagem e o trabalhador ficava parado para executar sua
tarefa. É nesse contexto que o trabalhador passa a se especializar em uma única atividade.
● Trabalho especializado (repetitivo): é a pura aplicação das ideias de Taylor. Quanto mais fragmentada
fosse a tarefa, isto é, quanto mais simples, mais fácil seria executada pelo trabalhador. A repetição dessa
ação o tornaria um especialista naquela tarefa. Por isso, a mão de obra desse período é denominada
especializada. Ao mesmo tempo, isso gerava grande dependência daquela indústria, pois o trabalhador
só sabia fazer aquela tarefa e desconhecia as outras etapas produtivas. Nesse sentido, esses
trabalhadores eram considerados alienados.
● Padronização: a repetição das tarefas exigia uma padronização da produção.
● Mão de obra alienada: o trabalhador executava apenas uma tarefa e não conhecia todo o método de
produção, apenas a sua função.
● Produção concentrada: espacialmente, a fábrica fordista era concentrada em um local, produzindo e
armazenando (estoques lotados) tudo no mesmo espaço. A concentração espacial reunia no mesmo
espaço milhares de trabalhadores, o que facilitava a ação de sindicatos; por isso, a pressão sindical era
muito forte.

Ilustração da linha de montagem do Ford T. Disponível em:


<https://www.oblogdomestre.com.br/2015/03/TaylorismoFordismoToyotismo.Historia.html>. Acessado em: 02/09/2021.

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Geografia

Complexo industrial da Ford. Disponível em: <https://en.wheelsage.org/picture/hs07r9/>. Acessado em: 02/09/2021.

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Geografia

Exercícios de fixação

1. Considerando as características do Fordismo qual seria um objetivo de adotar esse modelo produtivo?
a) Diversificar a produção
b) Maximizar a produção
c) Aumentar a empregabilidade

2. Qual a diferença entre Taylorismo e Fordismo?

3. Diferencie trabalho qualificado de trabalho especializado.

4. Estabeleça a relação entre mão de obra especializada, padronização da produção e rigidez do modelo
fordista.

5. Uma das características do Fordismo era a concentração espacial da produção, que reunia centenas a
milhares de trabalhadores em um único espaço. Qual a consequência dessa concentração industrial
no mundo do trabalho?
a) Fortalecimento dos sindicatos
b) Enfraquecimento da organização laboral
c) Maior dificuldade produtiva

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Geografia

Exercícios de vestibulares

1. (Enem 2ª aplicação, 2016)

THAVES. Jornal do Brasil, 19 fev. 1997 (adaptado).

A forma de organização interna da indústria citada gera a seguinte consequência para a mão de obra
nela inserida:
a) Ampliação da jornada diária.
b) Melhoria da qualidade do trabalho.
c) Instabilidade nos cargos ocupados.
d) Eficiência na prevenção de acidentes.
e) Desconhecimento das etapas produtivas.

2. (Enem PPL, 2014) A introdução da organização científica taylorista do trabalho e sua fusão com o
fordismo acabaram por representar a forma mais avançada da racionalização capitalista do processo
de trabalho ao longo de várias décadas do século XX.
ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2009
(adaptado).

O objetivo desse modelo de organização do trabalho é o alcance da eficiência máxima no processo


produtivo industrial que, para tanto,
a) adota estruturas de produção horizontalizadas, privilegiando as terceirizações.
b) requer trabalhadores qualificados, polivalentes e aptos para as oscilações da demanda.
c) procede à produção em pequena escala, mantendo os estoques baixos e a demanda crescente.
d) decompõe a produção em tarefas fragmentadas e repetitivas, complementares na construção do
produto.
e) outorga aos trabalhadores a extensão da jornada de trabalho para que eles definam o ritmo de
execução de suas tarefas.

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Geografia

3. “No tempo em que os sindicatos eram fortes, os trabalhadores podiam se queixar do excesso de
velocidade na linha de produção e do índice de acidentes sem medo de serem despedidos. Agora,
apenas um terço dos funcionários da IBP [empresa alimentícia norte-americana] pertence a algum
sindicato. A maioria dos não sindicalizados é imigrante recente; vários estão no país ilegalmente; e no
geral podem ser despedidos sem aviso prévio por seja qual for o motivo. Não é um arranjo que encoraje
ninguém a fazer queixa. [...] A velocidade das linhas de produção e o baixo custo trabalhista das fábricas
não sindicalizadas da IBP são agora o padrão de toda indústria.”
SCHLOSSER, Eric. País Fast- Food. São Paulo: Ática, 2002. p. 221.

No texto, o autor aborda a universalização, no campo industrial, dos empregos do tipo Mcjobs
“McEmprego”, comuns em empresas fast-food. Assinale a alternativa que apresenta somente
características desse tipo de emprego.
a) Alta remuneração da força de trabalho adequada à especialização exigida pelo processo de
produção automatizado.
b) Alta informalidade relacionada a um ambiente de estabilidade e solidariedade no espaço da
empresa.
c) Baixa automatização num sistema de grande responsabilidade e de pequena divisão do trabalho.
d) Altas taxas de sindicalização entre os trabalhadores aliadas a grandes oportunidades de avanço
na carreira.
e) Baixa qualificação do trabalhador acompanhada de má remuneração do trabalho e alta
rotatividade.

4. Nas primeiras décadas do século XX, o engenheiro Frederick Taylor desenvolveu os princípios de
administração científica, que consistiam, basicamente, no controle dos tempos e dos movimentos dos
trabalhadores para aumentar a eficiência do processo produtivo. Ao adotar estes princípios em sua
fábrica, Henry Ford criava um novo método de produção. A inovação mais importante do modelo
fordista de produção foi:
a) a fragmentação da produção.
b) o trabalho qualificado.
c) a linha de montagem.
d) a produção diferenciada.
e) a redução dos estoques.

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Geografia

5. Os trabalhadores que construíam seus carros Modelo N, predecessor do Modelo T, dispunham as peças
e partes numa fileira no chão, punham-nas em trilhos deslizadores e arrastavam-nas, ajustando umas
às outras. Mais tarde, o dinamismo do processo tornou-se mais sofisticado. Ford dividiu a montagem
do Modelo T em 84 passos discretos, por exemplo, treinando cada um de seus operários em executar
apenas um dos passos. Contratou também o especialista em estudos de movimento, Frederick Taylor,
para tornar a execução ainda mais eficiente. Nesse meio tempo, construiu máquinas que poderiam
estampar as partes automaticamente e muito mais rapidamente do que o mais ágil dos trabalhadores.
Com base no texto, a produção fordista tem por característica a
a) flexibilização da produção.
b) produção padronizada.
c) produção por demanda.
d) utilização de trabalho escravo.
e) valorização do trabalho artesanal.

6. As inovações na organização do processo de produção, desenvolvidas a partir do fim do século XIX e


início do XX, ficaram conhecidas a partir da derivação dos nomes de seus principais expoentes,
Frederick Winslow Taylor e Henry Ford. Além disso, o taylorismo e o fordismo caracterizam,
respectivamente, dois princípios de organização do trabalho, denominados:
a) empirismo e produção artesanal.
b) administração científica e linhas de produção.
c) administração científica e células de produção.
d) administração empírica e linhas de produção.
e) administração emotiva e produção dispersa.

7. (Uel 2014) No início do século XX, o desenvolvimento industrial das cidades criou as condições
necessárias para aquilo que Thomas Gounet denominou "civilização do automóvel". Nesse contexto,
um nome se destacou, o de Henri Ford, cujas indústrias aglutinavam contingentes de trabalhadores
maiores que o de pequenas cidades com menos de 10.000 habitantes. O nome de Ford ficou marcado
pela forma de organização de trabalho que propôs para a indústria.
Com base nos conhecimentos sobre a organização do trabalho nos princípios propostos por Ford,
assinale a alternativa correta.
a) A organização dos sindicatos de trabalhadores dentro da fábrica transformou-os em
colaboradores da empresa.
b) A implantação da produção flexível de automóveis garantiu uma variedade de modelos para o
consumidor.
c) A produção em massa foi substituída pela de pequenos lotes de mercadorias, a fim de evitar
estoques de produtos.
d) O método de Ford potencializou o parcelamento de tarefas, largamente utilizado por Taylor.
e) Para obter ganhos elevados, a organização fordista implicava uma drástica redução dos salários
dos trabalhadores.

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Geografia

8. (Enem PPL, 2012) Outro importante método de racionalização do trabalho industrial foi concebido
graças aos estudos desenvolvidos pelo engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor. Uma de
suas preocupações fundamentais era conceber meios para que a capacidade produtiva dos homens e
das máquinas atingisse seu patamar máximo. Para tanto, ele acreditava que estudos científicos
minuciosos deveriam combater os problemas que impediam o incremento da produção.
Taylorismo e Fordismo. Disponível em www.brasilescola.com. Acesso em: 28 fev. 2012.

O Taylorismo apresentou-se como um importante modelo produtivo ainda no início do século XX,
produzindo transformações na organização da produção e, também, na organização da vida social. A
inovação técnica trazida pelo seu método foi a
a) utilização de estoques mínimos em plantas industriais de pequeno porte.
b) cronometragem e controle rigoroso do trabalho para evitar desperdícios.
c) produção orientada pela demanda enxuta atendendo a específicos nichos de mercado.
d) flexibilização da hierarquia no interior da fábrica para estreitar a relação entre os empregados.
e) polivalência dos trabalhadores que passaram a realizar funções diversificadas numa mesma
jornada.

9. (Uerj, 2001 - adaptada) Utilize as informações abaixo para responder à questão


Taylorismo Fordismo
● separação do trabalho por tarefas e níveis ● produção e consumo em massa
hierárquicos ● extrema especialização do trabalho
● racionalização da produção ● rígida padronização da produção
● controle do tempo linha de montagem
● estabelecimento de níveis mínimos de
produtividade.

Pós-fordismo
● estratégia de produção e consumo em
escala planetária
● valorização da pesquisa científica
● desenvolvimento de novas tecnologias
● flexibilização dos contratos de trabalho
Pelas características dos modelos produtivos do momento da Segunda Revolução Industrial, é possível
afirmar que o fordismo absorveu certos aspectos do taylorismo, incorporando novas características.
Essa afirmação se justifica, dentre outras razões, porque os objetivos do fordismo, principalmente,
pressupunham:
a) elevada qualificação intelectual do trabalhador ligada ao controle de tarefas sofisticadas.
b) altos ganhos de produtividade vinculada a estratégias flexíveis de divisão do trabalho na linha de
montagem.
c) redução do custo de produção associada às potencialidades de consumo dos próprios operários
das fábricas.
d) máxima utilização do tempo de trabalho do operário relacionada à despreocupação com os
contratos de trabalhos.
e) racionalização dos estoques, diminuindo a disponibilidade dos produtos e a possibilidade de
crises econômicas.

8
Geografia

10. Em seus Princípios de Administração Científica, Frederick Taylor desenvolvia um sistema de


organização dos processos de produção que poderia ser aplicado em todo o tipo de empresa, mesmo
que os experimentos tenham ocorrido em empresas industriais. Taylor apresentava algumas formas
de organização do trabalho que incluem várias características, como:
a) O estímulo da produção através da qualificação da mão de obra.
b) A divisão do processo de fabricação em gestos complexos.
c) A medição e racionalidade no uso de matérias-primas e ferramentas de trabalho.
d) A liberdade para os trabalhadores escolherem a forma de trabalho.
e) A mensuração da produtividade final e não do tempo para a execução das atividades.

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9
Geografia

Gabaritos

Exercícios de fixação

1. B
As indústrias passaram a aperfeiçoar e adotar modelos produtivos com o objetivo de maximizar a
produção. A ideia era diminuir os gastos excessivos com maquinário e trabalhadores, aumentando o
lucro. A organização da produção também possibilitava aumentar o total da produção.

2. O Taylorismo corresponde a um conjunto de ideias criadas por Frederick Taylor, que buscava melhor
organizar o trabalho dentro da fábrica para aumentar a produção. O Fordismo compreende um modelo
produtivo mais complexo que, além de adotar esses preceitos de Taylor, ficou famoso por melhor
incorporar a linha de montagem na produção. Assim, muitos afirmam que o Fordismo vai além do
Taylorismo, pois também gera impactos na sociedade, devido à lógica de produção e ao consumo em
massa, enquanto as ideias de Taylor se limitam a questões internas da fábrica.

3. O trabalho qualificado é aquele vinculado à qualificação educacional do trabalhador, o que significa


frequentar cursos, fazer ensino superior, mestrado, doutorado. Aqui, há maior emprego de informação
na educação do profissional. O trabalho especializado não exige essa qualificação, e o trabalhador pode
adquirir experiência com o tempo, tornando-se o melhor da área sem fazer um curso, apenas
reproduzindo aquela tarefa.

4. A concepção adotada na época era a de fragmentar ao máximo as etapas produtivas. Essa simplificação
possibilitava a qualquer trabalhador ser empregado em uma fábrica fordista. Ao mesmo tempo,
dificultava mudanças internas na linha de produção, pois isso resultava em um longo tempo de
aprendizagem do trabalhador. Os produtos fordistas eram padronizados por essa concepção, que
dificultava mudanças dentro do modelo, o que explica a sua rigidez.

5. A
A fábrica fordista era caracterizada por produzir tudo no mesmo espaço. Tal condição gerava uma
grande concentração espacial dos trabalhadores, o que facilitava a ação dos sindicatos. Nesse sentido,
devido à facilidade de união, os trabalhadores conseguiam maiores conquistas laborais, como aumento
do salário, férias e outros benefícios.

Exercícios de vestibulares

1. E
A organização interna da indústria e do trabalho fordista/taylorista é caracterizada pela adoção da linha
de montagem, produção em massa, grandes estoques e especialização do trabalho. Um dos impactos
da divisão e especialização do trabalho é que o operário não conhece a totalidade ou o conjunto das
etapas produtivas.

10
Geografia

2. D
A racionalização da produção em larga escala levou à criação de um modelo produtivo altamente
fragmentado, em que os trabalhadores executavam atividades repetitivas dentro de uma cadeia de
produção.

3. E
Os fast-foods são um bom exemplo das heranças fordistas e demonstram como a sobreposição dos
tempos traz a historicidade nos novos modelos. Alta rotatividade, baixa qualificação e má remuneração
são características desse tipo de trabalho.

4. C
A linha de montagem foi a concretização material das ideias de Taylor, que buscava uma maior
produtividade do trabalho e, consequentemente, lucratividade. Foi a partir da linha de montagem que se
definiu o recorte temporal do Fordismo, sendo um componente fundamental desse modelo. A
fragmentação da produção, escrita dessa forma, significa espalhar a produção pelo mundo. Cada país
irá fabricar a parte de um produto e, portanto, é uma característica do Toyotismo. Cuidado para não
confundir com fragmentação das tarefas, que aí sim seria característica de Taylor.

5. B
As principais características do Fordismo são a linha de montagem e a produção padronizada.

6. B
Os preceitos científicos de Taylor (reduzir tempo de produção, simplificar tarefas, diminuir desperdício
de matéria-prima) publicados em seu livro Princípios de Administração Científica, juntamente com a
prática de Ford (linhas de produção), fizeram um modelo eficiente de exploração e produção em massa.
A letra D está incorreta, pois Taylor defendia a administração científica e não empírica. A alternativa E
está incorreta, pois não é a administração das emoções do trabalhador que irá aumentar a produção.

7. D
O Fordismo apoiou-se na concepção de Taylor, caracterizando-se pela divisão do trabalho nas fábricas,
cuja produção é gerenciada pelo sistema Just-in-case, que buscava ampliar o estoque dos produtos.

8. B
O Taylorismo compreende um sistema de organização industrial desenvolvido no século XX com o
objetivo de maximizar a produção. Seus objetivos são: utilização de métodos de padronização da
produção para evitar o desperdício produtivo, adoção de métodos para evitar a fadiga dos trabalhadores
e disciplina da distribuição das tarefas.

9. C
A exploração do trabalhador assalariado presume o aumento da lucratividade, a mais-valia com que o
patrão lucra. Ao mesmo tempo, em um sistema que busca a máxima produção, é preciso que os
trabalhadores tenham dinheiro para consumir seu produto, a fim de movimentar os estoques.

11
Geografia

10. C
O engenheiro norte-americano Frederick W. Taylor (1856-1915), visando a aumentar a eficiência
produtiva, estudou tempos e movimentos de operários e máquinas na linha de produção. Seus estudos
foram reunidos e publicados no seu livro Princípios de Administração Científica. Taylor defendia que a
indústria deveria adotar princípios da racionalidade no uso de ferramentas e matérias-primas, para
reduzir os custos de produção, o que explica o gabarito da letra C. Além do que, as tarefas deveriam ser
simplificadas ao máximo. Quanto mais fragmentada fosse a tarefa, isto é, quanto mais simples, mais
fácil seria executada pelo trabalhador. A repetição dessa ação o tornaria um especialista naquela tarefa.
Por isso, a mão de obra desse período é denominada especializada. Tais indústrias não buscavam a
qualificação da mão de obra, e a divisão do processo se resumia a gestos simples, o que explica o erro
das alternativas A e B. A esteira de produção e sua posição nela é que definiria a tarefa a ser executada.
Você não poderia decidir apertar um parafuso se na posição da esteira você fosse responsável por pintar
uma peça. Isso explica o erro da D. Por fim, a produtividade do trabalhador é medida a partir da velocidade
com que ele executa as tarefas, podendo ser promovido de cargo. Se o trabalhador fosse lento, seria
demitido.

12
História

Do Mundo Antigo ao Feudalismo

Objetivo
Compreender o período conhecido como Idade Média europeia de forma crítica, analisando a estrutura social
predominante, o feudalismo, o poder da Igreja Católica e a crise do século XIV.

Se liga
Para mandar bem nesse conteúdo, é importante estar ligado na matéria sobre o Mundo Antigo e a formação
das primeiras civilizações consideradas complexas.

Curiosidade
Foi durante o Período Medieval que surgiram alguns dos contos de fadas famosos, como Chapeuzinho
vermelho. Mas, eles eram beeeem mais assustadores do que conhecemos hoje.

Teoria

Formação do Mundo Medieval


A partir do século III, o Império Romano passou por intensas crises. As guerras de conquista não aconteciam
desde o século II d.C e, com isso, a obtenção de novos escravizados foi interrompida, o que fez reduzir a
quantidade de mão de obra. Assim, esse processo afetou a economia romana e causou a diminuição de sua
produtividade, provocando, consequentemente, um aumento no custo de vida em todo o império.

Para agravar esse cenário, os altos gastos para manter suas extensas fronteiras
protegidas, além de invasões de povos chamados de bárbaros, principalmente os
germânicos, ajudaram a desestabilizar o Império. Ocorreram diversas tentativas
de restabelecer a estabilidade, como a divisão do território em duas partes:
Império Romano do Ocidente, com capital em Roma, e Império Romano do Oriente,
com capital em Constantinopla, visando melhorar a administração.
No entanto, em meio às invasões ao Império Romano do Ocidente, houve um
intenso processo de ruralização, com o objetivo de fugir e buscar proteção. Tal
fato culminou na queda de Roma, em 476, marcando o fim da Idade Antiga e o
início da Idade Média. Vale lembrar que essas invasões não foram todas agressivas, mas, em muitos casos,
um processo de migração para o interior das fronteiras do então império em busca de segurança e
estabilidade. Esse processo provocou uma pluralidade cultural que forneceu as bases para o feudalismo.
História

A Idade Média e o feudalismo


A Idade Média começou a se estruturar com a queda de Roma, quando começou a se desenvolver uma nova
estrutura social, política e econômica, caracterizada por uma sociedade rural, descentralizada e estamental.
O período durou mais de 1000 anos, suas características estão mais associadas à Europa Ocidental, e pode
ser dividido em Alta Idade Média (séculos V ao X) e Baixa Idade Média (séculos XI ao XV).
Desta forma, a Alta Idade Média foi uma fase marcada pela forte presença dos novos reinos na Europa,
consolidados por povos como os francos, os visigodos, ostrogodos, saxões e outros. Dentre eles, apesar da
forte fragmentação e da falta de centralizações política ser uma característica comum, podemos destacar
algumas exceções. No caso dos francos, com a expansão desse povo e a conversão ao cristianismo, o
Império Carolíngio se destacou na Europa pela quantidade de terras ocupadas e por sua centralização política
na Alta Idade Média.

Logo, apesar de termos uma importante experiência centralizadora na Europa, sobretudo com o reinado de
Carlos Magno, após a morte deste rei, o processo de descentralização passou a ganhar força também entre
os francos, com o império se fragmentando entre seus herdeiros (como o caso do Tratado de Verdun – 843)
e a declaração de diversos títulos de nobreza, que permitiam o crescimento de poderes locais pela Europa.
Assim, ao longo da Alta Idade Média, o sistema feudal de produção se formou reunindo características do
antigo sistema de colonato romano, das características próprias dos povos bárbaros e do poder da Igreja
Católica. Desta forma, o feudalismo se caracterizava principalmente pelo domínio sobre a terra por um nobre
conhecido como Senhor Feudal e pela formação de uma sociedade estamental consolidada por pactos e
contratos.

Antes de analisarmos a hierarquia social que marcou esse período, vale destacar que três grupos foram
fundamentais na formação desses estamentos, sendo eles o clero, a nobreza e os servos. Esses três grupos
podem ser associados respectivamente as funções sociais que normalmente exerciam, sendo eles: “aqueles
que rezam, aqueles que lutam e aqueles que trabalham”. Pelo trabalho braçal ser considerado algo mal visto
e degradante, eram justamente os mais pobres que realizavam as atividades laborais e que não possuíam
muitos direitos. Já o clero e os nobres concentravam privilégios e direitos, como, por exemplo, a não
imposição de impostos sobre suas camadas.

Na base dessa sociedade, a população mais pobre, visando fugir da violência e


dos saques, desde o século V já migrava em busca de uma vida camponesa. No
feudo, esses camponeses poderiam viver na terra do Senhor Feudal, se alimentar
das sobras da produção e seriam protegidos pela nobreza, mas, em troca, o
contrato de servidão exigia que eles trabalhassem para o Senhor feudal e
pagassem impostos como a talha, a corveia, a banalidade e outros. Esses servos,
portanto, não eram escravizados, pois não pertenciam ao Senhor. Porém,
dificilmente teriam qualquer tipo de ascensão social, ficando muitas vezes
presos a vida toda à terra. Sendo assim, se a obrigação dos servos era a de
trabalhar na agricultura e garantir a produção alimentícia, por parte da nobreza e dos senhores feudais, a
principal obrigação que estes tinham era a de manter a segurança no feudo e garantir a estabilidade nas
terras. Por isso, realizavam alianças com outros feudos e contratos de suserania e vassalagem para ampliar
suas conexões, influências e poderes. Nesse acordo, um nobre doava terras conquistadas por ele (suserano)
a outro nobre (vassalo) que, em troca, garantia ao suserano fidelidade nos compromissos militares e
conselhos.
Apesar da existência da figura de reis na Europa, na maioria das regiões, esses monarcas foram muito
limitados, já que o poder estava descentralizado entre diversos senhores feudais. No entanto, com o tempo,
essas alianças entre diversos vassalos e suseranos construiu uma rede de proteção entre os feudos na Idade
História

Média que, por vezes, envolvia até mesmo os reis, que assim passaram a acumular cada vez mais vassalos
ao seu redor.

A Igreja Medieval
As relações sociais e o modo de produção feudal foram características fundamentais da sociedade medieval,
mas não podemos compreender este período sem entendermos a importância da influência da Igreja Católica
e do clero neste mundo. A questão espiritual, desde a antiguidade, manifestou-se como característica
essencial de diversas culturas e, no caso europeu, desde o fim do Império Romano, o cristianismo se tornava
a grande influência religiosa da região.

Com o período Carolíngio, como visto, a Igreja Católica passou a exercer mais do que um
poder espiritual, pois adentrou definitivamente nas questões políticas dos reinos
germânicos, passou a influenciar decisões, controlar a vida das pessoas e se tornou,
enfim, uma grande proprietária de terras, fortemente vinculada à estrutura feudal. Assim,
a Igreja Católica detinha um vasto poder sobre os calendários, as datas, as decisões
políticas, as horas de trabalho e até mesmo os dias nos quais poderiam haver batalhas e
os dias santos.

Dominando grande parte da Europa e se relacionando com as principais monarquias e nobrezas, a Igreja
conseguiu se tornar a principal instituição do mundo e realizar obras faraônicas para constantemente
reforçar o seu poder. Durante a Idade Média, diversas igrejas de arquitetura gótica, mosteiros e abadias foram
construídos pela Europa, sendo estes últimos importantes centros de cultura letrada.
Nos mosteiros e nas abadias os monges preservavam textos antigos, traduziam livros estrangeiros,
organizavam bibliotecas e escolas e guardavam artefatos considerados sagrados. Muitos monges chegaram
a abandonar a chamada “vida secular” (em contato com a terra, com as riquezas), para se dedicarem
integralmente às regras do cristianismo, isolando-se em mosteiros e abrindo mão de todos os bens materiais,
ficando conhecidos como o clero regular.
Por outro lado, o chamado clero secular manteve-se ligado às riquezas possuídas pela Igreja Católica, à
administração de terras e ao mundo material. Muitos monges acumularam vastas riquezas através das
doações de fiéis que buscavam perdão por seus pecados. Por volta do ano 1000, essa onda de doações se
tornou ainda maior, visto que a crença na proximidade do fim do mundo desesperava muitos fiéis, que
tentavam de tudo para conseguir o perdão. De fato, o apego de parte deste clero aos bens materiais acabou
gerando muitas críticas e denúncias por parte de fiéis que não concordavam com essa ostentação, antes
mesmo das grandes reformas protestantes.

Baixa Idade Média


Em comparação com as disputas territoriais do início da Alta Idade Média, a Europa viveu durante os séculos
X e XII uma fase muito mais segura internamente. As alianças realizadas entre os feudos e a proteção dos
cavaleiros garantiu uma maior estabilidade para os senhores e servos. No entanto, a condição estável, o
desenvolvimento de técnicas e tecnologias para melhorar a agricultura e a redução dos saques e invasões
garantiram também um crescimento demográfico neste período. Esse aumento da população proporcionou
um inchaço dos feudos, que não conseguiu garantir alimentação para todas as pessoas e ainda precisava se
esforçar cada vez mais para submeter tantos servos aos tributos e opressões.
Apesar de inovações técnicas terem facilitado a produção agrícola neste período, essas novidades foram
insuficientes para garantir uma produção que atendesse as necessidades da população desses séculos. Este
cenário, portanto, provocou um deslocamento de massas de camponeses e cavaleiros que, expulsos de suas
terras, passaram a vagar entre feudos ou a vadiar em busca de trabalhos temporários e pequenos saques.
Nessa conjuntura, apesar de muitos ainda vagarem pelos bosques e terras vazios, outros decidiram se
História

aventurar nas antigas ruínas do Império Romano e reocupar as cidades abandonadas. Esse processo de
crescimento demográfico e de êxodo marcou o início da Baixa Idade Média e deu origem ao que conhecemos
como a crise do feudalismo.

Milhões de habitantes
60

50
50,35
40

30 34,65
20 25,85
22,1
10

0
1000 1100 1200 1300
Anos

Milhões de habitantes

Fonte: Hilário Franco Jr. E Ruy de Oliveira Andrade Filho. Atlas de História Geral. São Paulo, Scipione, 1993, p. 23

Tendo em vista esse cenário, além do crescimento da população e da miséria na Europa, a nobreza e a Igreja
Católica ainda observavam atentas a expansão islâmica no Oriente Médio. Durante o século VII, o profeta
Maomé passou a pregar suas visões e mensagens do Anjo Gabriel nas cidades da península arábica e ganhou
milhares de seguidores. Assim, enquanto o feudalismo se consolidava na Europa, os árabes muçulmanos
conquistaram o Oriente Médio e o norte da África em pouco tempo. Já no século XVIII alcançaram a Península
Ibérica e a cidade de Jerusalém, considerada sagrada para os cristãos.

Assim, no ano 1095, diante de tais crises, o Papa Urbano II convocou o Concílio de Clemont, que defendia a
paz entre os povos cristãos da Europa e a concessão de indulgência a todos que morressem enfrentando os
muçulmanos no Oriente. O discurso do Papa conseguiu reunir exércitos de católicos de todos os estamentos
prontos para lutarem pelo cristianismo. Assim, expedições militares de caráter religioso, conhecidas como
cruzadas, foram organizadas para marchar em direção ao Oriente.

Visto isso, o objetivo principal das cruzadas eram reconquistar a cidade sagrada de Jerusalém (dominada
pelos muçulmanos desde o século VII), expandir a fé cristã e penetrar novamente o catolicismo romano no
Império Bizantino. Entretanto, além desses objetivos, muitos nobres, camponeses e trabalhadores livres
partiram nas cruzadas por interesses próprios, como enriquecimento, conquista de terras, glórias e o próprio
perdão.
Desta forma, as marchas cruzadistas, além de reconquistarem os territórios, também
foram fundamentais para a abertura de antigas rotas comerciais, dominadas pelos
árabes, pelo estabelecimento de postos comerciais ao longo do Mediterrâneo, que
garantiram o ressurgimento das cidades e, enfim expandiram a fé cristã. Visto isso,
podemos perceber que as cruzadas foram fundamentais para desenvolver um
processo que já se iniciava há anos na Europa, mas que agora se acelerava com o
encontro do Ocidente e do Oriente, que foi o renascimento comercial e urbano.
Apesar das cidades e do comércio nunca terem, de fato, desaparecido da Europa ao
longo da Idade Média, é verdade que a ocupação urbana e as relações de troca
História

perderam espaço com a ascensão do feudalismo no final da Alta Idade Média. Entretanto, com o inchaço
demográfico do campo, as duras obrigações feudais, o êxodo, as cruzadas, a aproximação dos árabes e a
maior circulação de pessoas por essas rotas comerciais, muitos decidiram retomar a vida nas cidades e
buscar no comércio uma forma de enriquecer, mesmo não sendo nobre.

É nesse contexto que as feiras europeias crescem e algumas cidades comerciais, conhecidas como burgos,
passam a ganhar grande importância. Nos burgos, portanto, surge um grupo voltado para as relações
comerciais e para as atividades financeiras que passa a ser conhecido como a burguesia, que inicialmente
não contava com qualquer privilégio político, mas que aos poucos passou a crescer e lutar pelos seus
interesses.

O outono da Idade Média


Se a crença na chegada iminente do fim do mundo assolava os cristãos durante o ano 1000, a crise do século
XIV representou para a Europa quase um apocalipse atrasado. Durante este século, a população europeia
enfrentou não só as guerras com as quais já estava acostumada, mas também sofreu com a fome causada
pelas más colheitas e pelo fechamento de rotas comerciais por batalhas e, enfim, conheceu a chamada peste
bubônica.

Em 1315, intensas chuvas no noroeste da Europa dificultaram a produção agrícola da região, causando uma
crise de abastecimento no continente. Para piorar, alguns anos depois, os alimentos e produtos que
atravessavam as novas rotas comerciais começaram a sofrer com o bloqueio dos caminhos ocasionado por
batalhas, como a Guerra dos Cem anos (1337 - 1453). Esse cenário caótico de más colheitas e bloqueio
comercial acabou gerando a chamada grande fome do século XIV.

Com a fome e as guerras assolando a maior parte da Europa, um novo


problema também surgiu neste período para ampliar o número de mortos e
devastar cerca de 1/3 da população europeia: a peste bubônica. Na época,
com uma medicina incipiente e com poucos estudos sobre a questão, não
havia medicamentos ou tratamentos eficazes contra a doença e nem mesmo
uma informação exata sobre os motivos reais da peste, sendo genericamente
associada à grande população de ratos que circulavam pelas cidades
reocupadas. No entanto, a verdadeira causa da peste, descoberta graças aos estudos da microbiologia no
século XIX, estaria nas pulgas contaminadas que transmitiam a doença.

Sendo assim, essa conjuntura de fome, doenças, guerras e mortes, somados à vida precária e submissa de
servos no campo, acabou sendo o estopim para diversas revoltas na Europa e, naturalmente, para o desgaste
do próprio feudalismo. Não bastasse todo o infortúnio, os senhores feudais começaram a aumentar o valor
dos impostos sobre os camponeses a fim de suprir a diminuição de seus ganhos em decorrência da baixa
produtividade. Um grande exemplo dessas revoltas que apavorou senhores feudais na Europa foram as
chamadas jacqueries, que estouraram no norte da França em 1358. Cerca de 20 mil camponeses foram
mortos pelo exército francês após se rebelarem contra as opressões sofridas e contra os problemas que
abatiam a população local.

Todo esse contexto gerou um clima de insegurança nos senhores feudais, que começaram a se assustar com
as constantes revoltas camponesas. Boa parte deles passou a, gradualmente, ceder o seu poder e sua
fidelidade à figura do rei (sim, ele mesmo, aquele que quase não possuía poder político) com o intuito de
proteger suas terras. Além disso, a ascensão da burguesia e o seu interesse na expansão comercial mostrou
como o feudalismo havia entrado em colapso e que ele, na verdade, não dava mais conta das transformações
da modernidade que ganhavam cada vez mais força na sociedade.
História
História

Exercícios de fixação

1. Cite três características do feudalismo.

2. No que consistia a relação de suserania e vassalagem?

3. Qual foi a importância das cruzadas?

4. Explique como era organizada a sociedade feudal.

5. Como surgiu a burguesia?


História

Exercícios de vestibulares

1. (Enem, 2014)
Sou uma pobre e velha mulher,
Muito ignorante, que nem sabe ler.
Mostraram-me na igreja da minha terra
Um Paraíso com harpas pintado
E o Inferno onde fervem almas danadas,
Um enche-me de júbilo, o outro me aterra.
(VILLON, F. In: GOMBRICH, E. História da arte. Lisboa: LTC, 1999.)

Os versos do poeta francês François Villon fazem referência às imagens presentes nos templos
católicos medievais. Nesse contexto, as imagens eram usadas com o objetivo de:
a) redefinir o gosto dos cristãos.
b) incorporar ideais heréticos.
c) educar os fiéis através do olhar.
d) divulgar a genialidade dos artistas católicos.
e) valorizar esteticamente os templos religiosos.

2. (Enem Digital, 2020) Constantinopla, aquela cidade vasta e esplêndida, com toda a sua riqueza, sua
ativa população de mercadores e artesãos, seus cortesãos em seus mantos civis e as grandes damas
ricamente vestidas e adornadas, com seus séquitos de eunucos e escravos, despertaram nos cruzados
um grande desdém, mesclado a um desconfortável sentimento de inferioridade.
RUNCIMAN, S. A Primeira Cruzada e a fundação do Reino de Jerusalém. Rio de Janeiro: Imago, 2003 (adaptado).

A reação dos europeus quando defrontados com essa cidade ocorreu em função das diferenças entre
Oriente e Ocidente quanto aos(às)
a) modos de organização e participação política.
b) níveis de disciplina e poderio bélico do exército.
c) representações e práticas de devoção politeístas.
d) dinâmicas econômicas e culturais da vida urbana.
e) formas de individualização e desenvolvimento pessoal.
História

3. (Enem, 2019) A cidade medieval é, antes de mais nada uma sociedade da abundância, concentrada
num pequeno espaço em meio a vastas regiões pouco povoadas. Em seguida, é um lugar de produção
e de trocas, onde se articulam o artesanato e o comércio, sustentados por uma economia monetária. É
também centro de um sistema de valores particular, do qual emerge a prática laboriosa e criativa do
trabalho, o gosto pelo negócio e pelo dinheiro, a inclinação para o luxo, o senso da beleza. E ainda um
sistema de organização de um espaço fechado com muralhas, onde se penetra por portas e se caminha
por ruas e praças e que é guarnecido por torres.
(LE GOFF, J.; SCHMITT, J.-C. Dicionário temático do Ocidente Medieval. Bauru: Edusc, 2006.)

No texto, o espaço descrito se caracteriza pela associação entre a ampliação das atividades urbanas e
a) emancipação do poder hegemônico da realeza.
b) aceitação das práticas usurárias dos religiosos.
c) independência da produção alimentar dos campos.
d) superação do ordenamento corporativo dos ofícios.
e) permanência dos elementos arquitetônicos de proteção.

4. (Enem, 2015) No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média — no Ocidente — nasceu com
elas. Foi com o desenvolvimento urbano ligado às funções comercial e industrial — digamos
modestamente artesanal — que ele apareceu, como um desses homens de ofício que se instalavam
nas cidades nas quais se impôs a divisão do trabalho. Um homem cujo ofício é escrever ou ensinar, e
de preferência as duas coisas a um só tempo, um homem que, profissionalmente, tem uma atividade
de professor e erudito, em resumo, um intelectual — esse homem só aparecerá com as cidades.
LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010.

O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no texto evidencia o(a):


a) apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato.
b) relação entre desenvolvimento urbano e divisão do trabalho.
c) importância organizacional das corporações de ofício.
d) progressiva expansão da educação escolar.
e) acúmulo de trabalho dos professores e eruditos.
História

5. (Enem, PPL, 2014) Veneza, emergindo obscuramente ao longo do início da Idade Média das águas às
quais devia sua imunidade a ataques, era nominalmente submetida ao Império Bizantino, mas, na
prática, era uma cidade estado independente na altura do século X. Veneza era única na cristandade
por ser uma comunidade comercial: “Essa gente não lavra, semeia ou colhe uvas”, como um surpreso
observador do século XI constatou. Comerciantes venezianos puderam negociar termos favoráveis
para comerciar com Constantinopla, mas também se relacionaram com mercadores do islã.
(FLETCHER, R. A cruz e o crescente: cristianismo e islã, de Maomé à Reforma. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004.)

A expansão das atividades de trocas na Baixa Idade Média, dinamizadas por centros como Veneza,
reflete o(a)
a) importância das cidades comerciais.
b) integração entre a cidade e o campo.
c) dinamismo econômico da Igreja cristã.
d) controle da atividade comercial pela nobreza feudal.
e) ação reguladora dos imperadores durante as trocas comerciais.

6. (Enem, 2021) Nem guerras, nem revoltas. Os incêndios eram o mais frequente tormento da vida urbana
no Regnum Halicum. Entre 880 e 1080, as cidades estiveram constantemente entregues ao apetite das
chamas. A certa altura, a documentação parece vencer pela insistência do vocabulário, levando até o
leitor mais critico a cogitar que os medievais tinham razão ao tratar aqueles acontecimentos como
castigos que antecediam o julgamento final. Como um quinto cavaleiro apocalíptico, o incêndio agia ao
feitio da peste ou da fome: vagando mundo afora, retornava de tempos em tempos e expurgava justos
e pecadores num tormento derradeiro, como insistiam os textos do século X. O impacto acarretado
sobre as relações sociais era imediato e prolongava-se para além da destruição material. As medidas
proclamadas pelas autoridades faziam mais do que reparar os danos e reconstruir a paisagem: elas
convertiam a devastação em uma ocasião para alterar e expandir não só a topografia urbana, mas as
práticas sociais até então vigentes.
RUST L. D Uma calamidade nssciável Rev. Bras. Mist. n 72, mmo-ago 2016 (adaptado)

De acordo com o texto, a catástrofe descrita impactava as sociedades medievais por proporcionar a
a) correção dos métodos preventivos e das regras sanitárias.
b) revelação do descaso público e das degradações ambientais.
c) transformação do imaginário popular e das crenças religiosas.
d) remodelação dos sistemas políticos e das administrações locais.
e) reconfiguração dos espaços ocupados e das dinâmicas comunitárias.
História

7. (Enem, PPL, 2018)


TEXTO I
É da maior utilidade saber falar de modo a persuadir e conter o arrebatamento dos espíritos desviados
pela doçura da sua eloquência. Foi com este fim que me apliquei a formar uma biblioteca. Desde há
muito tempo em Roma, em toda a Itália, na Germânia e na Bélgica, gastei muito dinheiro para pagar a
copistas e livros, ajudado em cada província pela boa vontade e solicitude dos meus amigos.
GEBERTO DE AURILLAC. Lettres. Século X. Apud PEDRERO-SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: texto e
testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.

TEXTO II
Eu não sou doutor nem sequer sei do que trata esse livro; mas, como a gente tem que se acomodar às
exigências da boa sociedade de Córdova, preciso ter uma biblioteca. Nas minhas prateleiras tenho um
buraco exatamente do tamanho desse livro e como vejo que tem uma letra e encadernação muito
bonitas, gostei dele e quis comprá-lo. Por outro lado, nem reparei no preço. Graças a Deus sobra-me
dinheiro para essas coisas.
AL HADRAMI. Século X. Apud PEDRERO-SÁNCHEZ, M. G. A Península Ibérica entre o Oriente e o Ocidente: cristãos, judeus e
muçulmanos. São Paulo: Atual, 2002.

Nesses textos do século X, percebem-se visões distintas sobre os livros e as bibliotecas em uma
sociedade marcada pela:
a) difusão da cultura favorecida pelas atividades urbanas.
b) laicização do saber, que era facilitada pela educação nobre.
c) ampliação da escolaridade realizada pelas corporações de ofício.
d) evolução da ciência que era provocada pelos intelectuais bizantinos.
e) publicização das escrituras, que era promovida pelos sábios religiosos.

8. (Enem 2018) A existência em Jerusalém de um hospital voltado para o alojamento e o cuidado dos
peregrinos, assim como daqueles entre eles que estavam cansados ou doentes, fortaleceu o elo entre
a obra de assistência e de caridade e a Terra Santa. Ao fazer, em 1113, do Hospital de Jerusalém um
estabelecimento central da ordem, Pascoal II estimulava a filiação dos hospitalários do Ocidente a ele,
sobretudo daqueles que estavam ligados à peregrinação na Terra Santa ou em outro lugar. A
militarização do Hospital de Jerusalém não diminuiu a vocação caritativa primitiva, mas a fortaleceu.
(DEMURGER, A. Os Cavaleiros de Cristo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002 (adaptado).)

O acontecimento descrito vincula-se ao fenômeno ocidental do(a):


a) surgimento do monasticismo guerreiro, ocasionado pelas cruzadas.
b) descentralização do poder eclesiástico, produzida pelo feudalismo.
c) alastramento da peste bubônica, provocado pela expansão comercial.
d) afirmação da fraternidade mendicante, estimulada pela reforma espiritual.
e) criação das faculdades de medicina, promovida pelo renascimento urbano.
História

9. (Enem, 2013) Quando ninguém duvida da existência de um outro mundo, a morte é uma passagem que
deve ser celebrada entre parentes e vizinhos. O homem da Idade Média tem a convicção de não
desaparecer completamente, esperando a ressurreição. Pois nada se detém e tudo continua na
eternidade. A perda contemporânea do sentimento religioso fez da morte uma provação aterrorizante,
um trampolim para as trevas e o desconhecido.
(DUBY, G. Ano 2000 na pista dos nossos medos. São Paulo: Unesp, 1998 (adaptado).)

Ao comparar as maneiras com que as sociedades têm lidado com a morte, o autor considera que houve
um processo de:
a) mercantilização das crenças religiosas.
b) transformação das representações sociais.
c) disseminação do ateísmo nos países de maioria cristã.
d) diminuição da distância entre saber científico e eclesiástico.
e) amadurecimento da consciência ligada à civilização moderna.

10. (Enem, PPL, 2015)


TEXTO I
Não é possível passar das trevas da ignorância para a luz da ciência a não ser lendo, com um amor
sempre mais vivo, as obras dos Antigos. Ladrem os cães, grunhem os porcos! Nem por isso deixarei de
ser um seguidor dos Antigos. Para eles irão todos os meus cuidados e, todos os dias, a aurora me
encontrará entregue ao seu estudo.
(BLOIS, P. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: texto e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.)

TEXTO II
A nossa geração tem arraigado o defeito de recusar admitir tudo o que parece vir dos modernos. Por
isso, quando descubro uma ideia pessoal e quero torná-la pública, atribuo-a a outrem e declaro: — Foi
fulano de tal que o disse, não sou eu. E para que acreditem totalmente nas minhas opiniões, digo: — O
inventor foi fulano de tal, não sou eu.
(BATH, A. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: texto e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.)

Nos textos são apresentados pontos de vista distintos sobre as mudanças culturais ocorridas no
século XII no Ocidente. Comparando os textos, os autores discutem o (a)
a) produção do conhecimento face à manutenção dos argumentos de autoridade da Igreja.
b) caráter dinâmico do pensamento laico frente à estagnação dos estudos religiosos.
c) surgimento do pensamento científico em oposição à tradição teológica cristã.
d) desenvolvimento do racionalismo crítico ao opor fé e razão.
e) construção de um saber teológico científico.

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História

Gabaritos
Exercícios de fixação
1. Características: Descentralização política / relação de suserania e vassalagem / economia agrária /
sociedade estamental / trabalho servil.

2. As relações políticas entre nobres eram baseadas no princípio da suserania e da vassalagem, no qual
um nobre doava terras conquistadas por ele (suserano) a outro nobre (vassalo) em troca de fidelidade
nos compromissos militares do suserano. Essas alianças entre diversos vassalos e suseranos construía
uma rede de proteção entre os feudos que envolvia até mesmo os reis, que poderiam ser tanto suseranos
quanto vassalos.

3. As cruzadas foram missões da Igreja Católica com intuito de conquistar a cidade sagrada de Jerusalém
do domínio dos turcos, expandir a fé cristã, penetrar novamente o catolicismo romano no Império
Bizantino. Dentro do contexto de ruralização e do fechamento da economia dentro dos feudos, as
cruzadas facilitaram a reocupação das antigas cidades, o reavivamento do comércio e a abertura de
antigas rotas comerciais.

4. A sociedade feudal se caracterizou por uma estrutura estamental. Os estamentos eram divididos entre
os que guerreavam (nobreza), os que rezavam (clero) e os que trabalhavam (servos). A mobilidade social
era quase inexistente, já que a posição ocupada era determinada pelo nascimento.

5. A burguesia surgiu durante a Baixa Idade Média e é resultado direto da ocupação das antigas cidades e
do reavivamento do comércio. A nova classe social surgiu com os burgos, que eram cidades onde os
habitantes se dedicavam a produção artesanal e a atividade mercantil, ficando conhecidos como
burgueses.

Exercícios de vestibulares
1. C
A maioria dos fiéis católicos durante a Idade Média não sabia ler e nem escrever, logo, para fins
educativos, os vitrais e as imagens católicas auxiliaram muito na difusão das ideias.

2. D
A relação que os europeus nutriram com os habitantes da cidade de Constantinopla está muito próxima
àquilo que podemos denominar como etnocentrismo. Por não se identificarem com as dinâmicas
econômicas e culturais da cultura local, os europeus passaram a nutrir esse sentimento de desdém,
ainda que tivessem algum desconforto com isso.

3. E
As cidades medievais se tornaram, sobretudo na Baixa Idade Média, espaços de trocas comerciais
centrados em uma economia monetária. Apesar do contraste com o ambiente feudal, as cidades
mantiveram elementos arquitetônicos dos feudos, como as muralhas.

4. B
Ao afirmar no texto que alguns intelectuais e profissionais como os professores só poderiam surgir na
Europa medieval graças às cidades, o autor está associando o desenvolvimento urbano à uma nova
divisão do trabalho nessa sociedade, com novos profissionais surgindo.

5. A
Com o renascimento das cidades e o reavivamento do comércio durante a Baixa Idade Média, as cidades
comerciais começaram a ganhar importância com suas atividades mercantis.
História

6. E
Segundo o texto, as autoridades buscaram se aproveitar da ocasião para alterar e expandir a topografia
urbana e as práticas sociais, logo podemos entender como interferências nos espaços ocupados e na
dinâmica comunitária.

7. A
No contexto em que os dois fragmentos foram escritos, do século X, podemos observar na Europa já um
crescimento da vida urbana e um aumento do comércio, inclusive de livros, que influencia o chamado
renascimento comercial e urbano. Nos fragmentos, cidades como Córdoba estão destacadas reforçando
essa interpretação.

8. A
O grande projeto de expansão do cristianismo, especialmente com as cruzadas, a partir de uma
estratégia de retomada de territórios levou a Igreja Católica a um processo de militarização da própria
instituição.

9. B
As mudanças sociais, culturais e econômicas realizadas entre o ano 1000 e o ano 2000 provocaram
alterações também na forma como o ser humano se relaciona com o mundo físico e espiritual, ou seja,
houve uma mudança nas representações sociais do que seria entendido como vida, morte e eternidade.

10. A
Ambos os textos tratam de uma importante característica da filosofia medieval: a valorização dos
argumentos de autoridade, isto é, das ideias e perspectivas de autores consagrados. De fato, seja vista
sob um prisma positivo (como no texto I) ou negativo (como no texto II), o fato é que o pensamento
medieval sempre entendia que as novas verdades devem sempre ser procuradas a partir da tradição e
não contra ela.
História

Formação dos Estados Modernos

Objetivo
Compreender o processo de formação dos Estados Modernos, a importância da centralização do poder no
período e as características do absolutismo e do mercantilismo.

Se liga
Para mandar bem nesse conteúdo, é importante estar ligado na matéria sobre o Período Medieval, dando uma
ênfase na fase da Baixa Idade Média.

Curiosidade
A França é reconhecida como um dos grandes exemplos de consolidação do regime absolutista na Europa,
graças ao poder de seus reis. Desta forma, destaca-se nessa sociedade não só a força dos reis como também
o luxo de sua corte nobiliárquica, famosa internacionalmente, e a própria imponência do Palácio de Versalhes.
Localizado na cidade de Versalhes, esse palácio se tornou um símbolo do poder e das riquezas do Antigo
Regime francês.

Teoria

A crise do modelo feudal e a centralização do poder


Ao longo dos séculos XIII e XIV, o sistema feudal entrou em colapso na Europa diante de uma série de crises
que abalaram a sociedade desse período. Com a Guerra dos Cem anos, a Peste Bubônica, o crescimento da
fome e das revoltas camponesas, muitos feudos conviveram com meses de intranquilidade e até mesmo as
cidades passaram a sentir a crise nos negócios.

Assim, mediante ao caos em que a Europa estava, a alternativa encontrada


pela nobreza e pela alta burguesia, com o intuito de manter seus interesses,
foi o de apoiar a centralização do poder nas mãos de uma única pessoa –
o Rei. A figura do monarca, até então, não possuía grande expressão de
poder político, uma vez que a sua autoridade estava diluída entre os nobres
que possuíam os títulos de senhores feudais, de modo que muitas vezes só
concentrava poderes militares. Desta forma, diversos territórios ao longo da
Europa realizaram esse movimento de centralização, com apoio de nobres e burgueses, que sustentaram a
formação de grandes reinos que conhecemos como os Estados Modernos, governados por monarcas.

Pega a visão: apesar da burguesia “apoiar” a centralização do poder, quem fez um pacto com o rei para
concretizar tal projeto foi a nobreza! E por que isso é importante? Porque a burguesia não garantiu nenhum
tipo de privilégio, uma vez que pertencia ao terceiro estado e precisava pagar impostos para sustentar os
outros dois estados. Vai dar ruim? Vai! Aguardem as cenas dos próximos capítulos.

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História

Alguns fatores foram essenciais para a consolidação desses Estados que tinham características em comum:
● Delimitação de um território: definição de fronteiras e de uma unidade territorial.
● Criação de um exército nacional: para defender os interesses do Estado recém-formado, garantir a sua
soberania, proteger as terras da nobreza e o comércio. Vale ressaltar que, em muitos casos, esses
exércitos eram formados por mercenários.
● Burocracia administrativa: corpo responsável pela unificação da administração pública, pela cobrança
de impostos e pelo aparato administrativo.
● Unidade cultural: elementos culturais em comum que possibilitaram uma identificação entre os diversos
grupos que ocupavam o mesmo espaço, como língua, religião e história.
● Criação de um conjunto de leis: possibilitaram a manutenção da ordem e a aplicação de uma justiça na
qual as pessoas pudessem recorrer.
● Monarca: concentrava em suas mãos o poder sobre o território.

Como visto, o acordo entre diferentes grupos possibilitou a formação desses Estados Modernos, no entanto,
nem todos foram privilegiados com a nova configuração política. Os nobres foram os que mais ganharam,
pois se transformaram na base política dessas monarquias, ocupando cargos de confiança e sendo
sustentados por esse Estado forte em ascensão. A Igreja Católica, apesar de inicialmente apoiar esse
processo, perdeu forças em alguns reinos graças à expansão da Reforma Protestante e ao fortalecimento de
alguns monarcas, pois alguns Estados passaram a adotar religiões próprias e se afastar do catolicismo,
diminuindo a influência do Papa. Logo, apesar de manter sua força entre reinos importantes da Idade
Moderna, como Portugal, Espanha e França, perdeu espaço em outros, como na Inglaterra.

A burguesia, por sua vez, também apoiou o rei inicialmente e chegou a lucrar com expedições militares e
comerciais. Entretanto, ao longo dos séculos XVI e XVII a centralização do poder passou a se aprofundar
ainda mais em alguns reinos como a França, construindo regimes extremamente autoritários que ficaram
conhecidos como absolutistas. Assim, o chamado absolutismo foi uma teoria política que configurou a forma
de muitos monarcas governarem, concedendo a eles poderes quase absolutos. O rei absolutista, portanto,
tornava-se em muitos locais uma figura que representava o próprio Estado, intervindo diretamente na vida
dos súditos, na economia e nas decisões políticas. Assim, para a burguesia, o surgimento do absolutismo e
essa constante intervenção do rei nas práticas financeiras, no mercado, na vida particular e nas liberdades
pessoais passou a incomodar profundamente com o tempo.

Vale destacar que esse poder absoluto do rei possui algumas especificidades. O primeiro ponto a ser
enfatizado é que, para ser entendido como um “poder natural” pelos súditos, os monarcas precisavam
construir e difundir discursos que confirmassem essa ideia. Logo, durante a Idade Moderna vários pensadores
surgiram com o intuito de teorizar sobre os ideais absolutistas corroborando com a ideia de uma sociedade
disciplinada e sob o controle de um único líder.
Desta forma, teóricos como Thomas Hobbes, com a “Teoria do Contrato Social”, Nicolau Maquiavel, com seu
livro “O Príncipe” e Jacques Bossuet, com sua ideia do “Direito Divino do Rei” foram importantes nomes que
fundamentaram e embasaram esses novos modelos de governabilidade. Além disso, as práticas absolutistas
se fundamentavam na própria figura do rei no dia a dia, ou seja, para convencer os súditos de seus poderes e
da sua divindade, o rei deveria sempre ser visto cercado por luxos e glórias, jamais por fraqueza e
incapacidade. Visto isso, era fundamental sempre construir narrativas que glorificassem o monarca, pinturas
que o mostrassem como um herói e realizar rituais que fortalecessem os aspectos de divindade, visando
sempre a manutenção desse poder.

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História

Mercantilismo
O período de transição da Baixa Idade Média para a Idade Moderna, como visto
acima, marcou profundas mudanças na sociedade europeia. Assim, as
transformações políticas e sociais do período – o aumento exponencial da
comercialização com a descoberta de novas rotas comerciais, a conquista de novos
territórios e a própria centralização do poder nas mãos dos reis – passaram a
demandar novas ideias e práticas econômicas.
É neste contexto que podemos observar a formação de um conjunto de práticas
chamado de mercantilismo, que foi estruturado de forma a explorar as novas terras extraindo o máximo de
riquezas possíveis e proporcionando uma grande acumulação de capital, principalmente para a nobreza.
O mercantilismo está intimamente associado à Idade Moderna e ao próprio absolutismo. Portanto, apesar de
não podermos afirmar que todos os reinos praticavam igualmente o mercantilismo ou que todos os monarcas
defendiam ideias econômicas semelhantes, algumas características em comum podem ser observadas.

Primeiramente, vale destacar que o mercantilismo depende profundamente de um Estado forte e interventor,
que era o principal responsável pela exploração de um território conquistado e colonizado, e quem
monopolizava a prática comercial mantendo a colônia ligada diretamente a sua autoridade, sobretudo através
de imposições, como o “Exclusivo comercial” (também chamado de Pacto Colonial).
Outra característica importante na economia desses Estados Modernos era a grande valorização dos metais
preciosos. O chamado metalismo, portanto, foi a promoção de uma intensa busca por metais preciosos que,
pelas ideias mercantilistas, eram vistos como uma das principais fontes de arrecadação e de abastecimento
dos Estados. Apesar dos metais serem considerados a principal fonte de riqueza, extraídas principalmente
da América através da colonização, o comércio também tinha uma função fundamental na manutenção dessa
riqueza. Logo, para um Estado manter a saúde econômica, além do acúmulo de metais era preciso valorizar
a produção interna e a exportação. Assim, as práticas mercantilistas defendiam a adoção de medidas
protecionistas, como aumento de impostos sobre produtos estrangeiros e a valorização de uma balança
comercial favorável, visando regular as importações e exportações a fim de controlar o fluxo de mercadorias
dentro de suas fronteiras.

Um exemplo dessa prática mercantilista está na própria assinatura do chamado Tratado de Methuen (1703).
Acordado entre Portugal e Inglaterra, o tratado também conhecido como “panos e vinhos”, determinou a
redução de taxas do vinho português na Inglaterra e do tecido inglês em Portugal. No entanto, com a alta
produção têxtil e a grande demanda de tecidos, a exportação inglesa superou a importação do vinho, tornando
a balança comercial mais favorável aos ingleses que aos portugueses. Assim, enquanto os primeiros lucraram
e passaram a desenvolver suas indústrias, os lusitanos amarguraram grandes dívidas.

Assim, o mercantilismo, conhecido também por alguns autores como “capitalismo comercial”, difundiu-se
pela Europa, estabelecendo-se principalmente em regiões como Gênova, Veneza, Holanda, Portugal, França,
Inglaterra e Espanha. Apesar do Estado e do monarca serem os grandes privilegiados por esse sistema
econômico, inicialmente, a expansão comercial também chegou a beneficiar a burguesia. No entanto, com o
caminhar dos séculos, assim como o absolutismo passou a restringir as liberdades e a limitar os poderes da
burguesia, o mercantilismo também se tornou um entrave econômico para os interesses dessa classe, que
passou a não tolerar mais o protecionismo, o monopólio e as intervenções na economia.
Enfim, é importante ressaltar que a escravidão africana e o tráfico negreiro proveniente da colonização e da
expansão marítima também foram fontes de arrecadação de extrema importância para as monarquias
nacionais.

8
História

O pioneirismo português na formação dos Estados Modernos


Dentro do processo de formação das monarquias modernas, Portugal se destacou
por concretizar sua unificação de forma pioneira, o que possibilitou que se
tornasse uma potência comercial e marítima ainda no século XIV. Antes da
centralização, os reinos da Península Ibérica conviveram com grande parte do
território ocupado por mulçumanos desde a invasão árabe no século VIII. A saga
pela constituição do reino de Portugal começou com a própria retomada de seus
territórios durante o processo que ficou conhecido como a Reconquista.
Esse período ocorreu entre o século VIII e o XV, quando diversos conflitos foram
deflagrados entre os monarcas católicos da região e os árabes, disputando
justamente a hegemonia política, religiosa e econômica da região, que tinha suma
importância por conta das rotas comerciais para o sul da Europa e o norte da África.

Tendo em vista todo esse processo ao longo dos séculos, novos reinos surgiram na Península Ibérica, como
Aragão, Castela, Leão e Navarra. Visando se defender de possíveis novos avanços árabes, esses reinos
passaram a construir sistemas de defesa cada vez mais sólidos, assim como fortaleceram as alianças
militares e familiares entre os cristãos. Foi nesse cenário que Henrique de Borgonha se destacou no combate
contra os árabes e, pelo apoio e empenho, recebeu de Afonso VI, rei de Leão, o domínio sobre as terras do
condado portucalense. Em 1139, através do Tratado de Zamora, o filho de Henrique de Borgonha, Afonso
Henriques, conquistou a independência do território, separando-o de Leão e formando o Reino de Portugal.

A dinastia Borgonha formou a primeira linha monárquica de Portugal, sendo responsável por expandir as
fronteiras do reino e reconquistar Lisboa, tornando-a capital. Em 1383, com a morte de D. Fernando, chega
ao fim a dinastia Borgonha, que não havia legado um herdeiro direto ao trono. Estabeleceu-se uma crise de
sucessão que atraiu o interesse expansionista de reinos vizinhos, como o de Castela. Neste cenário de
incertezas quanto ao futuro, com a possibilidade de ser anexado e temendo perder sua autonomia, alguns
setores portugueses, como a burguesia e uma parte da nobreza, declararam seu apoio ao irmão bastardo do
rei falecido, João – conhecido também como Mestre de Avis. A burguesia portuguesa que já se encontrava
em um crescente sucesso econômico devido ao comércio no Mar Mediterrâneo e no Mar do Norte, proveu os
recursos financeiros para a manutenção do Exército que garantiu vitória de Dom João.
A vitória portuguesa marcou o processo conhecido como a Revolução de Avis, que consolidou o poder
monárquico em Portugal e unificou o país em torno da figura de Dom João I. O rei então iniciou uma política
de favorecimento à expansão econômica dos burgueses, que se fortaleceram e apoiaram os projetos de
expansão ultramarina do Estado.

A formação do Império espanhol


Até o século XV, o território que virá a ser chamado de Espanha se encontrava
descentralizado e dividido em diversos reinos e vice-reinos como Leão, Castela,
Aragão e Granada (que ainda se encontrava em poder dos mouros). Com o
casamento entre Fernando, rei de Aragão, e Isabel, sucessora no trono de Castela,
a unificação começou a tomar forma após a morte do pai da herdeira e a decisão
de unir as duas coroas. Conhecidos popularmente como os “Reis Católicos”,
Fernando e Isabel firmaram um acordo com a Igreja Católica a fim de expulsar os
árabes e os judeus do seu território, criando assim um Tribunal do Santo Ofício -
Inquisição – na região sob a responsabilidade da coroa.

8
História

Assim, os Reis Católicos promoveram uma caçada política e religiosa contra aqueles considerados inimigos
durante o processo de Reconquista. Usada como um instrumento de controle, a Inquisição utilizou o terror
como forma de subjugar todos aqueles que questionassem o poder da monarquia espanhola.
Com a conquista de Granada em 1492, o último reduto de mulçumanos na Península Ibérica, consolidou-se
o Estado espanhol. Vale destacar que no mesmo ano Cristóvão Colombo chegou às Américas, financiado
pela coroa espanhola que rivalizava com a expansão portuguesa. Fatores importantes, como a Universidade
de Salamanca, facilitaram a expansão marítima espanhola através do desenvolvimento de novas tecnologias
marítimas e de estudos humanistas. Com as Grandes Navegações e a conquista de possessões no além-mar,
a Espanha se tornou um dos maiores impérios comerciais do início da Era Moderna.

A monarquia à la francesa
O reino francês é considerado o primeiro a dar início ao processo de
unificação política. Porém, essa centralização monárquica foi
interrompida devido a uma série de conflitos com o reino inglês. Ainda
no século X, sob o comando da Dinastia dos Capetíngios, medidas
como a salvaguarda – mecanismo de proteção das cidades promovida
pelo rei – iniciavam o aumento do poder em torno da figura do
monarca. Contudo, foi durante o reinado de Felipe II que a
centralização tomou consistência com a formação de uma burocracia
administrativa instituída pelo rei para a cobrança de impostos e assuntos econômicos.
Com Felipe IV (1285-1314) no poder, a expansão do poderio monárquico ficou ainda maior com a convocação
dos Estados Gerais – uma assembleia composta pelo clero, pela nobreza e pela burguesia – e a aprovação
da cobrança de impostos às propriedades da Igreja Católica. A decisão marcou o início de uma relação
conturbada entre a Igreja e o Estado francês, conhecida como “Cisma do Ocidente”, uma vez que o papa
ameaçou excomungar o rei.

A Guerra dos Cem Anos (1337 -1453) entre a França e a Inglaterra foi um divisor de águas para ambas as
coroas e seu resultado impulsionou o processo de unificação monárquica francesa. O interesse inglês em
unir as duas coroas, sob o comando de Eduardo III, que se considerava o herdeiro direto do antigo rei, levou a
Inglaterra a invadir o território francês após a morte de Felipe IV, conhecido como O Belo. O conflito estimulou
a construção de um exército e a cobrança unificada de impostos para a sua manutenção na guerra contra os
ingleses por territórios que pertenciam ao reino. A durabilidade do conflito também possibilitou a criação de
um sentimento de pertencimento à população do território francês.
Com mais de cem anos de duração, a guerra foi composta por vitórias inglesas e francesas em momentos
diferentes. Contudo, o conflito terminou com a expulsão dos ingleses do reino francês e com a garantia da
unidade territorial. Terminada a guerra, a França consolidou de vez a centralização política na figura do rei e,
a partir da expansão do poder dessa monarquia ao longo dos próximos séculos, ela se tornou o símbolo do
absolutismo na Europa.

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História

A Inglaterra e o absolutismo
Apesar de o absolutismo ter representado um regime político bem difundido pela
Europa, durante a Idade Moderna, na Inglaterra, esse modelo não obteve uma
longa estabilidade como em outros Estados modernos do continente.
Assim como a França, a tentativa de centralização política ocorreu bem antes do
início da Idade Moderna sob o comando de Guilherme, o Conquistador, no século
XI. A imposição de impostos unificados e a obrigatoriedade do juramento de
vassalagem diretamente ao rei foram ações que visavam a centralização do
poder na mão do monarca inglês. Com a promulgação das Common Laws – leis
que valiam para todo o território – no reinado de Henrique II (1154-1189), ocorre
a tentativa de recrudescimento desse poder.

Porém, como dito anteriormente, os ingleses não eram muito fãs do absolutismo. Assim, em 1215, a nobreza
reagiu ao fortalecimento do poder do rei com a imposição da Magna Carta ao rei conhecido como João Sem-
Terra, limitando o poder real e frustrando as tentativas de centralização. A manutenção da fragmentação
deste poder no início da Idade Moderna permitiu não só que as nobrezas regionais tivessem maior poder,
como a própria burguesia ascendesse economicamente.

Com a derrota para a França na Guerra dos Cem Anos, essa descentralização foi interrompida no século XVI
quando, após a Guerra das Duas Rosas (1455 – 1485), entre as famílias York e Lancaster pelo trono inglês, a
nobreza enfraqueceu. Essa nova realidade política, portanto, permitiu a ascensão de Henrique VII, da família
Tudor ao trono e, posteriormente, Henrique VIII (1509-1547), que deu corpo ao absolutismo inglês.
Apesar da postura centralizadora deste rei, o absolutismo não conseguiu se estabilizar na Inglaterra, gerando
assim diversos conflitos com o parlamento e sendo muitas vezes responsável pelo crescimento das tensões
religiosas. O momento mais sensível entre rei e parlamento, no entanto, se configurou com a dinastia Stuart,
com Jaime I (1603 – 1625) e Carlos I (1625 – 1648), em um contexto conhecido pela Revolução Inglesa.

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História

Exercícios de fixação

1. Ao longo do período conhecido como a Baixa Idade Média, milhares de pessoas foram enviadas para
combater os Árabes nas expedições militares e religiosas conhecidas como as Cruzadas. Tendo em
vista o que foi estudado, cite uma consequência econômica e outra social das cruzadas para a
Europa.

2. Durante o século XIV, podemos observar uma grave crise que abalou a Europa, criando profundas
cicatrizes no continente. Tendo em vista esse século, cite pelo menos um fenômeno, conflito ou
evento que esteja diretamente relacionada a tal crise.

3. O processo de centralização política dos reinos da Península Ibérica foi marcado por conflitos
antecedentes, como:
a) As guerras entre as dinastias Tudor e Stuart.
b) As chamadas Guerras de Reconquista contra os povos árabes.
c) A disputa pelo trono português na Revolução dos Cravos.

4. Ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII, os processos de centralização política na Europa deram
origem aos Estados Modernos. No entanto, a concentração do poder nas mãos de alguns reis, com
o tempo, também deu início as chamadas práticas absolutistas. Cite duas características do
absolutismo.

5. As mudanças no mundo durante a Idade Moderna tiveram como consequência transformações nas
próprias atividades econômicas. Assim, alguns Estados passaram a adotar um conjunto de práticas
econômicas conhecido como mercantilismo. Cite ao menos duas características das práticas
mercantilistas.

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História

Exercícios de vestibulares

1. (Enem, 2009) O que se entende por Corte do antigo regime é, em primeiro lugar, a casa de habitação
dos reis de França, de suas famílias, de todas as pessoas que, de perto ou de longe, dela fazem parte.
As despesas da Corte, da imensa casa dos reis, são consignadas no registro das despesas do reino da
França sob a rubrica significativa de Casas Reais.
(ELIAS, N. A sociedade de corte. Lisboa: Estampa, 1987.)

Algumas casas de habitação dos reis tiveram grande efetividade política e terminaram por se
transformar em patrimônio artístico e cultural, cujo exemplo é:
a) o palácio de Versalhes.
b) o Museu Britânico.
c) a catedral de Colônia.
d) a Casa Branca.
e) a pirâmide do faraó Quéops.

2. (Enem, 2012) Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para suspender as leis ou seu
cumprimento. Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso do Parlamento,
sob pretexto de prerrogativa, ou em época e modo diferentes dos designados por ele próprio. Que é
indispensável convocar com frequência os Parlamentos para satisfazer os agravos, assim como para
corrigir, afirmar e conservar leis. Declaração de Direitos.
(Disponível em: http://disciplinas.stoa.usp.br Acesso em: 20 dez. 2011 (adaptado).)

No documento de 1689, identifica-se uma particularidade da Inglaterra diante dos demais Estados
europeus na Época Moderna. A peculiaridade inglesa e o regime político que predominavam na Europa
continental estão indicados, respectivamente, em:
a) Redução da influência do papa – Teocracia.
b) Limitação do poder do soberano – Absolutismo.
c) Ampliação da dominação da nobreza – República.
d) Expansão da força do presidente – Parlamentarismo.
e) Restrição da competência do congresso – Presidencialismo.

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História

3. (Enem, PPL, 2020) A Inglaterra não só os produzia em condições técnicas mais avançadas do que o
resto dos países, como os transportava e distribuía. Tinha, pois, necessidades de mercados, e foi por
isso que se esforçou, naquela etapa de sua história, para criá-los e desenvolvê-los. O Tratado de
Methuen em 1703 estabelecia a compra dos tecidos ingleses por parte de Portugal, enquanto a
Inglaterra se comprometia a adquirir a produção vinícola dos lusitanos.
SODRÉ, N. W. As razões da independência. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969 (adaptado).

No contexto político-econômico da época, esse tratado teve como consequência para os britânicos a:
a) aplicação de práticas liberais.
b) estagnação de superávit mercantil.
c) obtenção de privilégios comerciais.
d) promoção de equidade alfandegária.
e) equiparação de reservas monetárias.

4. (Enem, PPL, 2020) Ordena-se pela autoridade do Parlamento, que ninguém leve, ou faça levar, para fora
deste reino ou Gales, ou qualquer parte do mesmo, qualquer forma de dinheiro da moeda desse reino,
ou de dinheiro e moedas de outros reinos, terras ou senhorias, nem bandejas, vasilhas, barras ou joias
de ouro guarnecidas ou não, ou de prata, sem a licença do rei.
HUBERMAN, L. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

A temática exposta no texto, referente à Inglaterra dos séculos XVI e XVII, caracteriza uma associação
entre:
a) determinação de regras protecionistas e fortalecimento das instituições monárquicas.
b) racionalização da empresa colonial e reconhecimento dos particularismos regionais.
c) demarcação de fronteiras comerciais e descentralização dos poderes políticos.
d) expansão das atividades extrativas e questionamento da investidura divina.
e) difusão de práticas artesanais e aumento do controle do legislativo.

5. (UEA, 2019) Em quase todos os lugares, o peso esmagador dos impostos — taille e gabelle na França,
servicios na Espanha — recaía sobre os pobres. Não existia a concepção jurídica de “cidadão” sujeito
ao fisco pelo simples fato de pertencer à nação. Na prática, a classe senhorial estava efetivamente
isenta de taxação direta, em toda parte.
(Perry Anderson. Linhagens do Estado absolutista, 2016.)

O excerto do livro Linhagens do Estado absolutista descreve:


a) a legalização das desigualdades tributárias, típicas da sociedade pós-industrial.
b) a exploração do operariado industrial, típica do capitalismo contemporâneo.
c) a situação de privilégios sociais, típicos do Antigo Regime da Idade Moderna.
d) a restrição à participação nas decisões políticas, típica da democracia antiga.
e) a manutenção dos poderes políticos da nobreza, típicos do Feudalismo medieval

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História

6. (Enem, 2006) “O que chamamos de corte principesca era, essencialmente, o palácio do príncipe. Os
músicos eram tão indispensáveis nesses grandes palácios quanto os pasteleiros, os cozinheiros e os
criados. Eles eram o que se chamava, um tanto pejorativamente, de criados de libré. A maior parte dos
músicos ficava satisfeita quando tinha garantida a subsistência, como acontecia com as outras
pessoas de classe média na corte; entre os que não se satisfaziam, estava o pai de Mozart. Mas ele
também se curvou às circunstâncias a que não podia escapar”.
(Norbert Elias. Mozart: sociologia de um gênio. Ed. Jorge Zahar, 1995, p. 18 (com adaptações).)

Considerando-se que a sociedade do Antigo Regime dividia-se tradicionalmente em estamentos:


nobreza, clero e 3° Estado, é correto afirmar que o autor do texto, ao fazer referência a “classe média”,
descreve a sociedade utilizando a noção posterior de classe social a fim de:
a) aproximar da nobreza cortesã a condição de classe dos músicos, que pertenciam ao 3º. Estado.
b) destacar a consciência de classe que possuíam os músicos, ao contrário dos demais
trabalhadores manuais.
c) indicar que os músicos se encontravam na mesma situação que os demais membros do 3.°
Estado.
d) distinguir, dentro do 3.° Estado, as condições em que viviam os “criados de libré” e os camponeses.
e) comprovar a existência, no interior da corte, de uma luta de classes entre os trabalhadores
manuais.

7. (FDF, 2013) "A etiqueta foi, nos séculos do seu apogeu (do XV ao XVIII), minucioso cerimonial regendo
a vida em sociedade: roupas, formas de tratamento, uso da linguagem, distribuição no espaço, tudo
isso esteve determinado pela lei e pelo costume."
Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 7. A etiqueta no Antigo Regime.

O papel da etiqueta no Antigo Regime pode ser associado


a) ao esforço da realeza para impedir a exposição pública da ostentação e da pompa que orientavam
sua vida privada.
b) à dinâmica política do Estado absolutista, em que os governantes deviam acolher no seu espaço
privado representantes de todas as classes sociais.
c) à disposição, natural na burguesia mercantil metropolitana, de buscar o luxo e a ostentação.
d) à lógica hierarquizadora da sociedade, em que cada pessoa devia conhecer seu lugar, sua posição
e seu papel social.
e) ao papel regrador da sociedade, exercido pela Igreja Católica, que determinava o vestuário
adequado dos fiéis.

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História

8. (Enem, 2012)

(Charge anônima. BURKE, P. A fabricação do rei. Rio de Janeiro: Zahar, 1994. (Foto: Enem).)
Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por um conjunto de estratégias que visavam
sedimentar uma determinada noção de soberania. Neste sentido, a charge apresentada demonstra
a) a humanidade do rei, pois retrata um homem comum, sem os adornos próprios à vestimenta real.
b) a unidade entre o público e o privado, pois a figura do rei com a vestimenta real representa o
público e sem a vestimenta real, o privado.
c) o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao conhecimento do público a figura de um rei
despretensioso e distante do poder político.
d) o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a elegância dos trajes reais em relação aos de
outros membros da corte.
e) a importância da vestimenta para a constituição simbólica do rei, pois o corpo político adornado
esconde os defeitos do corpo pessoal.

9. (UFT, 2014) “O Mercantilismo resulta numa exaltação do espírito de empresa e trabalho criador. Realiza
assim, em relação aos ideais pregados pela cultura medieval, uma verdadeira subversão das
hierarquias e dos valores. É levado a lutar contra os preconceitos nobiliários, a ociosidade, o gosto da
função pública, mantido pela venalidade e hereditariedade dos ofícios”.
FONTE: DEYON, Pierre. O Mercantilismo. SP: Perspectiva, 1992, p. 54.

O Mercantilismo tinha como princípio básico:


a) o desenvolvimento do exército para resguardar o Estado.
b) o estímulo ao consumo de bens e produtos importados.
c) o princípio de autonomia entre a metrópole e a colônia.
d) o aumento das taxas sobre produtos de exportação.
e) o enriquecimento e fortalecimento do Estado.

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História

10. (Unesp, 2009) (...) O trono real não é o trono de um homem, mas o trono do próprio Deus. Os reis são
deuses e participam de alguma maneira da independência divina. O rei vê de mais longe e de mais alto;
deve-se acreditar que ele vê melhor, e deve obedecer-se-lhe sem murmurar, pois o murmúrio é uma
disposição para a sedição.
(Jacques-Bénigne Bossuet (1627-1704), Política tirada da Sagrada Escritura.apud Gustavo de Freitas, 900 textos e
documentos de História)

Com base no texto, assinale a alternativa correta.


a) O autor critica o absolutismo do rei e enfatiza o limite da sua autoridade em relação aos homens.
b) Para Bossuet, o poder real tem legitimidade divina e não admite nenhum tipo de oposição dos
homens.
c) Bossuet defende a autoridade do rei, mas alerta para as limitações impostas pelas obrigações
para com Deus.
d) Os princípios de Bossuet defendem a soberania dos homens diante da autoridade divina dos reis.
e) O autor reconhece o direito humano de revolta contra o soberano que não se mostre digno de sua
função.

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História

Gabaritos

Exercícios de fixação

1. Dentre as consequências econômicas das cruzadas para a Europa, podemos citar a abertura de novas
rotas comerciais, a conquista de importantes regiões como o Mediterrâneo, a retomada da circulação de
moedas e o surgimento da classe burguesa no processo de renascimento comercial. Já entre as
consequências sociais, podemos citar a reconquista de cidades e o renascimento urbano, o êxodo de
camponeses para os novos centros urbanos e o surgimento de novas relações sociais nas cidades que
não dependiam mais da servidão.

2. Dentre os fenômenos que podemos afirmar como fundamentais para o desenrolar da crise do século XIV
há a peste bubônica, a grande fome e miséria, as más colheitas, o bloqueio de rotas comerciais e a Guerra
dos Cem anos.

3. B
Com a Península Ibérica dominada pelos povos Árabes desde a Alta Idade Média, os povos cristãos da
região, que se diziam descendentes dos antigos visigodos, tentaram durante séculos retomar as terras
através de conflitos. Esse processo ficou conhecido pelos portugueses como “Reconquista” e foi
fundamental para a centralização política e a formação de reinos na região.

4. Dentre as características do absolutismo que podem ser citadas estão: a concentração dos poderes nas
mãos de um monarca, a fundamentação do regime através da teoria do Direito Divino, a intervenção do
Estado na vida privada, censurado e impedindo a liberdade dos súditos, a valorização dos privilégios
nobiliárquicos, a interferência real em assuntos religiosos, a concentração da carga tributária no terceiro
estado e a transmissão hereditária do poder e a adoção de práticas mercantilistas.

5. Dentre as características do mercantilismo que podem ser citadas estão: o metalismo, a balança
comercial favorável, a intervenção do Estado na economia, o monopólio estatal e o protecionismo.

Exercícios de vestibulares

1. A
O Palácio de Versalhes se tornou o símbolo do absolutismo na França. O início da sua construção data
do governo de Luís XIV, chamado de Rei-Sol, e sua opulência e riqueza retratavam a concentração de
poder na mão desse monarca.

2. B
Enquanto quase toda Europa ocidental possuía o absolutismo como modelo de governo, a burguesia
inglesa já havia feito a sua revolução e implementando uma monarquia constitucional, onde o rei era
submetido ao parlamento e a uma constituição.

3. C
Para os ingleses, o Tratado de Methuen representou privilégios comerciais, pois lucravam muito mais
com a venda de tecidos em massa do que os portugueses com a venda de vinhos.

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História

4. A
A determinação de manter as riquezas dentro do reino pode ser entendida como uma prática
protecionista do mercantilismo. Com a afirmação de que a regra só poderia ser contrariada com a
autorização do rei, podemos perceber um fortalecimento da monarquia.

5. C
O novo modelo de sociedade inaugurado com o Estado Absolutista foi construído em cima de privilégios
nobiliárquicos, onde os grandes beneficiários eram o clero e a nobreza. Enquanto, os tributos eram
cobrados do povo, inclusive da burguesia que fazia parte desse grupo heterogêneo.

6. C
O texto aponta a estrutura estamental do Antigo Regime e defende a dificuldade e quase improbabilidade
de membros de uma “classe média” se tornarem nobres. Até mesmo indivíduos geniais como Mozart ou
ainda aqueles que serviam e conviviam com a nobreza, como o pai do músico, não pertenciam de fato à
nobreza.

7. D
Dentro de uma estrutura social profundamente desigual e estamental, a etiqueta cumpria um papel
hierarquizante e se tornava um símbolo de diferenciação entre a nobreza e o resto do povo.

8. E
O estado se confundia com a própria pessoa do rei. Devido a isso, o soberano tendia a adornar-se, pois
assim fortalecia a imagem do estado.

9. E
Um dos principais objetivos do mercantilismo era fortalecer a figura do Estado promovendo o seu
enriquecimento a partir de práticas protecionistas como a manutenção de uma balança comercial
favorável, o metalismo, o pacto colonial e o tráfico negreiro.

10. B
Em um contexto de concentração do poder nas mãos dos reis, uma serie de teóricos surgiram para
legitimar o absolutismo, dentre eles, Jacques Bossuet, com sua ideia do “Direito Divino do Rei”. Para o
autor, o rei tem soberania e permanece no poder graças à vontade divina.

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Literatura

Gêneros literários: épico e narrativo

Teoria

A definição dos gêneros literários começa com a visão na Grécia Antiga, tendo modificações até os dias
atuais. Para essa aula, veremos alguns pontos importantes sobre o gênero épico/narrativo.

Os gêneros literários
Os gêneros literários são conjuntos ou categorias que reúnem aspectos semelhantes de forma e conteúdo
em relação às produções literárias. Esse agrupamento também pode ser realizado de acordo com
características semânticas, contextuais, discursivas e sintáticas. O filósofo Aristóteles foi o primeiro a definir
os gêneros e os dividiu em três importantes classificações: épico ou narrativo, dramático e lírico.

Gênero épico/narrativo
No gênero épico, do grego “epikos”, há a presença de uma narrativa mitológica com temáticas grandiosas e
heróicas sobre a história de um povo e seus personagens. O narrador fala de um determinado passado e
apresenta também o espaço onde sucederam as ações. Em geral, o texto é constituído por versos e há a
presença de elementos míticos ou fantasiosos.
Duas obras muito conhecidas são “Ilíada” e “Odisseia”, heróis épicos da Grécia Antiga. Na Idade Média, Dante
Alighieri retoma a escrita com “Divina Comédia”; já na Era Moderna, Luís Vaz de Camões revive o gênero com
“Os Lusíadas”. Abaixo, você encontra um pequeno trecho de “Ilíada” e algumas características da lírica épica:

“Torna ao conflito o herói; se à frente há pouco


Era atroz, o furor se lhe triplica.
Quando o leão, que assalta agreste bardo,
Sem rendê-lo o pastor golpeia e assanha,
Foge e a grei desampara; a pulo a fera
Trepa, amedronta o ermo, umas sobre outras
Atropela as lanígeras ovelhas,
Do redil sai ovante e ensangüentado:
Anda assim na baralha o cru Tidides.”
Literatura

Já o gênero narrativo nasce na modernidade e é derivado do épico; no entanto, é constituído em prosa. É


exemplificado pelas novelas, romances, contos, etc. Por desenvolver uma estrutura diferente das antigas
obras épicas, ele é caracterizado por:
● Apresentação: Introdução dos personagens, ● Clímax: momento da história de maior tensão,
tempo e espaço em que seguirá a narrativa. é o ápice da narrativa.
● Desenvolvimento: parte da história é ● Desfecho: finalização dos conflitos e
desenvolvida com base nas ações dos desenvolvimentos, conclusão dos
personagens, direcionando a um momento de personagens e de suas relações.
ápice.

Leia, abaixo, um trecho da obra “Senhora”, de José de Alencar e identifique as características do texto
narrativo:
“Filho de um empregado público e órfão aos dezoito anos, Seixas foi obrigado a abandonar seus estudos na
Faculdade de São Paulo pela impossibilidade em que se achou sua mãe de continuar-lhe a mesada.
Já estava no terceiro ano, e se a natureza que o ornara de excelentes qualidades lhe desse alguma energia a
força de vontade, conseguiria ele vencendo pequenas dificuldades, concluir o curso; tanto mais quanto um
colega e amigo, o Torquato Ribeiro lhe oferecia hospitalidade até que a viúva pudesse liquidar o espólio.
Mas Seixas era desses espíritos que preferem a trilha batida, e só impelidos por alguma forte paixão, rompem
com a rotina. Ora, a carta de bacharel não tinha grande solução para sua bela inteligência mais propensa à
literatura e ao jornalismo.”

Elementos do gênero épico/narrativo

Os elementos da narrativa são essenciais para o gênero em questão, pois é por meio deles que ocorrem as
ações da história. Dividem-se em cinco:
● Personagem: São as pessoas (ou seres) ● Tempo: Podendo ser cronológico (que segue
presentes na narrativa. De acordo com sua uma linearidade dos acontecimentos) ou
importância, são denominados como ocorrer de modo interior e digressivo, é
“protagonistas” (figuras principais) ou importante ressaltar que toda a narrativa é
“coadjuvantes” (personagens secundários). transmitida em um certo tempo para que se
façam os acontecimentos.
● Enredo: É o tema/assunto da história, que
pode ser contada de maneira linear ou não- ● Espaço: É o local em que se desenvolve a
linear (respeitando ou não a cronologia). E é a narrativa. Podendo ser físico ou psicológico,
partir dele que irá se desdobrar o decorrer da determinará onde as ações irão acontecer.
narrativa.
● Narrador: Também chamado de “foco
narrativo”, é a “voz” do texto, ou seja, é quem
irá transmitir as ideias presentes da narrativa.
Literatura

Obs: É importante lembrar os tipos de narradores: há o narrador-personagem, que é aquele que narra e
também faz parte do enredo; há o narrador-observador, que não faz parte do enredo e narra a história em 3ª
pessoa e, por fim, há o narrador onisciente, que é aquele que narra e sabe os anseios e sentimentos dos
personagens.

Textos de apoio:

TEXTO I
Cessem do sábio grego e do troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a musa antiga canta
Que outro valor mais alto se alevanta
CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas

TEXTO II
O arquivo
No fim de um ano de trabalho, joão obteve uma redução de quinze por cento em seus vencimentos.
joão era moço. Aquele era seu primeiro emprego. Não se mostrou orgulhoso, embora tenha sido um os
poucos contemplados. Afinal, esforçara-se. Não tivera uma só falta ou atraso. Limitou-se a sorrir, a agradecer
ao chefe.
No dia seguinte, mudou-se para um quarto mais distante do centro da cidade. Com o salário reduzido, podia
pagar um aluguel menor.
Passou a tomar duas conduções para chegar ao trabalho. No entanto, estava satisfeito. Acordava mais cedo,
e isto parecia aumentar-lhe a disposição.
Dois anos mais tarde, veio outra recompensa.
O chefe chamou-o e lhe comunicou o segundo corte salarial.
Desta vez, a empresa atravessava um período excelente. A redução foi um pouco maior: dezessete por cento.
Novos sorrisos, novos agradecimentos, nova mudança.
Agora joão acordava às cinco da manhã. Esperava três conduções. Em compensação, comia menos. Ficou
mais esbelto. Sua pele tornou-se menos rosada. O contentamento aumentou.
Prosseguiu a luta.
Porém, nos quatro anos seguintes, nada de extraordinário aconteceu.
Literatura

(...)
A vida foi passando, com novos prêmios.
Aos sessenta anos, o ordenado equivalia a dois por cento do inicial. O organismo acomodara-se à fome. Uma
vez ou outra, saboreava alguma raiz das estradas. Dormia apenas quinze minutos. Não tinha mais problemas
de moradia ou vestimenta. Vivia nos campos, entre árvores refrescantes, cobria-se com os farrapos de um
lençol adquirido há muito tempo.
O corpo era um monte de rugas sorridentes.
Todos os dias, um caminhão anônimo transportava-o ao trabalho. Quando completou quarenta anos de
serviço, foi convocado pela chefia:
— Seu joão. O senhor acaba de ter seu salário eliminado. Não haverá mais férias. E sua função, a partir de
amanhã, será a de limpador de nossos sanitários.
O crânio seco comprimiu-se. Do olho amarelado, escorreu um líquido tênue. A boca tremeu, mas nada disse.
Sentia-se cansado. Enfim, atingira todos os objetivos. Tentou sorrir:
— Agradeço tudo que fizeram em meu benefício. Mas desejo requerer minha aposentadoria.
O chefe não compreendeu:
— Mas seu joão, logo agora que o senhor está desassalariado? Por quê? Dentro de alguns meses terá de pagar
a taxa inicial para permanecer em nosso quadro. Desprezar tudo isto? Quarenta anos de convívio? O senhor
ainda está forte. Que acha?
A emoção impediu qualquer resposta.
joão afastou-se. O lábio murcho se estendeu. A pele enrijeceu, ficou lisa. A estatura regrediu. A cabeça se
fundiu ao corpo. As formas desumanizaram-se, planas, compactas. Nos lados, havia duas arestas. Tornou-se
cinzento.
João transformou-se num arquivo de metal.
Victor Giudice
Literatura

TEXTO III
ULISSES

O mito é o nada que é tudo.


O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.

Este, que aqui aportou,


Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.

Assim a lenda se escorre


A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
Mensagem. Fernando Pessoa.
Literatura

TEXTO IV
Ia encontrar Basílio no Paraíso pela primeira vez. E estava muito nervosa: não pudera dominar, desde pela
manhã, um medo indefinido que lhe fizera pôr um véu muito espesso, e bater o coração ao encontrar
Sebastião. Mas ao mesmo tempo uma curiosidade intensa, múltipla, impelia-a, com um estremecimentozinho
de prazer. − Ia, enfim, ter ela própria aquela aventura que lera tantas vezes nos romances amorosos! Era uma
forma nova do amor que ia experimentar, sensações excepcionais! Havia tudo − a casinha misteriosa, o
segredo ilegítimo, todas as palpitações do perigo! Porque o aparato impressionava-a mais que o sentimento;
e a casa em si interessava-a, atraía-a mais que Basílio! Como seria? (...) Desejaria antes que fosse no campo,
numa quinta, com arvoredos murmurosos e relvas fofas; passeariam então, com as mãos enlaçadas, num
silêncio poético; e depois o som da água que cai nas bacias de pedra daria um ritmo lânguido aos sonhos
amorosos... Mas era num terceiro andar − quem sabe como seria dentro? (...)

E ao descer o Chiado, sentia uma sensação deliciosa em ser assim levada rapidamente para o seu amante, e
mesmo olhava com certo desdém os que passavam, no movimento da vida trivial − enquanto ela ia para uma
hora tão romanesca da vida amorosa! (...) Imaginava Basílio esperando-a estendido num divã de seda; e quase
receava que a sua simplicidade burguesa, pouco experiente, não achasse palavras bastante finas ou carícias
bastante exaltadas. Ele devia ter conhecido mulheres tão belas, tão ricas, tão educadas no amor! Desejava
chegar num cupê seu, com rendas de centos de mil-réis, e ditos tão espirituosos como um livro...

A carruagem parou ao pé duma casa amarelada, com uma portinha pequena. Logo à entrada um cheiro mole
e salobre enojou-a. A escada, de degraus gastos, subia ingrememente, apertada entre paredes onde a cal caía,
e a umidade fizera nódoas. No patamar da sobreloja, uma janela com um gradeadozinho de arame, parda do
pó acumulado, coberta de teias de aranha, coava a luz suja do saguão. E por trás duma portinha, ao lado,
sentia-se o ranger dum berço, o chorar doloroso duma criança.
(...)
Luísa viu logo, ao fundo, uma cama de ferro com uma colcha amarelada, feita de remendos juntos de chitas
diferentes; e os lençóis grossos, dum branco encardido e mal lavado, estavam impudicamente entreabertos...
O Primo Basílio. Eça de Queirós.
Literatura

Exercícios de fixação

1. Conto, crônica, romances e folhetins fazem parte de uma escrita peculiar na literatura, que se modifica
ao longo dos anos, a partir de diversas temáticas. Esses exemplos se identificam, geralmente, ao
gênero literário:
a) Lírico
b) Dramático
c) Épico
d) Narrativo

2. Não é uma característica do gênero épico


a) Presença de mitologia para contribuir com a narrativa.
b) História narrada em versos, geralmente.
c) Abandono do caráter heroico.
d) Verbos e acontecimentos no passado.

3. Quais são os elementos necessários para a construção do gênero épico/narrativo?


a) Personagem, enredo, tempo, espaço e modernidade.
b) Personagem, tempo, narrador, eu-lírico e espaço.
c) Personagem, narrador, eu-lírico, verossimilhança e tempo.
d) Personagem, enredo, narrador, tempo e espaço.

4. Analise o excerto abaixo, buscando identificar a qual divisão do gênero literário pertence. Justifique
sua resposta.

O diabo existe e não existe


De primeiro, eu fazia e mexia, e pensar não pensava. Não possuía os prazos. Vivi puxando difícil de
difícil, peixe vivo no moquém: quem mói no asp'ro não fantasêia. Mas, agora, feita a folga que me vem,
e sem pequenos dessossegos, estou de range rede. E me inventei nesse gosto de especular idéia. O
diabo existe e não existe. Dou o dito. Abrenúncio. Essas melancolias. O senhor vê: existe cachoeira; e
pois? Mas cachoeira é barranco de chão, e água caindo por ele, retombando; o senhor consome essa
água, ou desfaz o barranco, sobra cachoeira alguma? Viver é negócio muito perigoso...
ROSA, Guimarães. Grande Sertão Veredas, 2001, p. 26.
Literatura

5. Analise o excerto de Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões.

Cessem do sábio Grego e do Troiano


As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Netuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se levanta.

É sabido que a obra corresponde ao gênero épico. Assim, apresente duas características que
comprovem tal afirmação.
Literatura

Exercícios

1. (Enem, PPL, 2020) Isaac Newton nasceu em 4 de janeiro de 1643, no condado de Lincolnshire,
Inglaterra. Filho de fazendeiros, o cientista, físico e matemático nunca conheceu seu pai, morto três
meses antes de o filho nascer.
Estudou na escola King’s School, onde era um aluno mediano. Entretanto, depois de uma briga com um
colega de classe, começou a se esforçar mais nos estudos. Passou então a ser um dos melhores
alunos da escola. O sucesso nos estudos levou Newton a entrar na Faculdade Trinity, em Cambridge,
onde auxiliava outros alunos em troca de uma bolsa de estudos paga pela faculdade.
Newton se interessava pelos pioneiros da ciência, como o filósofo Descartes e os astrônomos
Copérnico, Galileu e Kepler. Depois de formado, fez estudos em matemática e foi eleito professor da
matéria em 1669. Em 1670, começou a dar aulas de ótica. Nessa época, demonstrou como, através de
um prisma, é possível separar a luz branca nas cores do arco-íris.
Em 1679, o cientista inglês voltou-se para mecânica e os efeitos da gravitação sobre as órbitas dos
planetas. Em 1687, publicou o livro Principia mathematica, em que demonstrou as três leis universais
do movimento. Com esse livro, Newton ganhou reconhecimento mundial.
Disponível em: www.invivo.fiocruz.br. Acesso em: 1 dez. 2017 (adaptado).

A análise dos elementos constitutivos desse texto, como forma de composição, tema e estilo de
linguagem, permite identificá-lo como
a) didático, já que explica a importância das contribuições de Isaac Newton.
b) jornalístico, pois dá a conhecer fatos relacionados a Isaac Newton.
c) científico, pois investiga informações sobre Isaac Newton.
d) ensaístico, já que discute fatos da vida de Isaac Newton.
e) biográfico, pois narra a trajetória de vida de Isaac Newton.
Literatura

2. (Enem, 2021) – O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que
quer? Nunca ouviu falar num troço chamado autoridades constituídas? Não sabe que tem de conhecer
as leis do país? Não sabe que existe uma coisa chamada Exército Brasileiro, que o senhor tem de
respeitar? Que negócio é esse? {…] Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro: “dura lex”! Seus filhos
são uns moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o General, vai tudo em cana.
Morou? Sei como tratar gringos feito o senhor. […] Foi então que a mulher do vizinho do General
interveio:
– Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido? O delegado apenas olhou-a, espantado com o
atrevimento.
– Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não é gringo
nem meus filhos são moleques. Se por acaso importunaram o General, ele que viesse falar comigo,
pois o senhor que sou brasileira, sou prima de um Major do Exército, sobrinha de um Coronel, e filha de
um General! Morou? Estarrecido, o delegado só teve força para engolir em seco e balbuciar
humildemente: – Da ativa, minha senhora?.
SABINO, F. A mulher do vizinho. In: Os melhores contos. Rio de Janeiro: Record, 1986

A representação do discurso intimidador engendrada no fragmento é responsável por


a) ironizar atitudes e ideias xenofóbicas.
b) conferir à narrativa um tom anedótico.
c) dissimular o ponto de vista do narrador.
d) acentuar a hostilidade das personagens.
e) exaltar relações de poder estereotipadas.
Literatura

3. (Enem, 2020)
Caminhando contra o vento,
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou

O sol se reparte em crimes


Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bombas e Brigitte Bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou
VELOSO, C. Alegria, alegria. In: Caetano Veloso. São Paulo.

É comum coexistirem sequências tipológicas em um mesmo gênero textual. Nesse fragmento, os tipos
textuais que se destacam na organização temática são
a) descritivo e argumentativo, pois o enunciador detalha cada lugar por onde passa, argumentando
contra a violência urbana.
b) dissertativo e argumentativo, pois o enunciador apresenta seu ponto de vista sobre as notícias
relativas à cidade.
c) expositivo e injuntivo, pois o enunciador fala de seus estados físicos e psicológicos e interage com
a mulher amada.
d) narrativo e descritivo, pois o enunciador conta sobre suas andanças pelas ruas da cidade ao
mesmo tempo que a descreve.
e) narrativo e injuntivo, pois o enunciador ensina o interlocutor como andar pelas ruas da cidade
contanto sobre sua própria experiência.
Literatura

4. (Enem, 2019) Ed Mort só vai


Mort. Ed Mort. Detetive particular. Está na plaqueta. Tenho um escritório numa galeria de Copacabana
entre um fliperama e uma loja de carimbos. Dá só para o essencial, um telefone mudo e um cinzeiro.
Mas insisto numa mesa e numa cadeira. Apesar do protesto das baratas. Elas não vencerão. Comprei
um jogo de máscaras. No meu trabalho o disfarce é essencial. Para escapar dos credores. Outro dia
entrei na sala e vi a cara do King Kong andando pelo chão. As baratas estavam roubando as máscaras.
Espisoteei meia dúzia. As outras atacarama mesa. Consegui salvar a minha Bic e o jornal. O jornal era
novo, tinha só uma semana. Mas elas levaram a agenda. Saí ganhando. A agenda estava em branco.
Meu último caso fora com a funcionária do Erótica, a primeira ótica da cidade com balconista topless.
Acabara mal. Mort. Ed Mort. Está na plaqueta.
VERISSIMO, L. F. Ed Mort: todas as histórias. Porto Alegre: L&PM, 1997 (adaptado).

Nessa crônica, o efeito de humor é basicamente construído por uma


a) segmentação de enunciados baseada na descrição dos hábitos do personagem.
b) ordenação dos constituintes oracionais na qual se destaca o núcleo verbal.
c) estrutura composicional caracterizada pelo arranjo singular dos períodos.
d) sequenciação narrativa na qual se articulam eventos absurdos.
e) seleção lexical na qual predominam informações redundantes.

5. (Enem, 2016) Em casa, Hideo ainda podia seguir fiel ao imperador japonês e às tradições que trouxera
no navio que aportara em Santos. […] Por isso Hideo exigia que, aos domingos, todos estivessem juntos
durante o almoço. Ele se sentava à cabeceira da mesa; à direita ficava Hanashiro, que era o primeiro
filho, e Hitoshi, o segundo, e à esquerda, Haruo, depois Hiroshi, que era o mais novo. […] A esposa, que
também era mãe, e as filhas, que também eram irmãs, aguardavam de pé ao redor da mesa […]. Haruo
reclamava, não se cansava de reclamar: que se sentassem também as mulheres à mesa, que era um
absurdo aquele costume. Quando se casasse, se sentariam à mesa a esposa e o marido, um em frente
ao outro, porque não era o homem melhor que a mulher para ser o primeiro […]. Elas seguiam de pé, a
mãe um pouco cansada dos protestos do filho, pois o momento do almoço era sagrado, não era hora
de levantar bandeiras inúteis […].
NAKASATO, O. Nihonjin. São Paulo: Benvirá, 2011 (fragmento).

Referindo-se a práticas culturais de origem nipônica, o narrador registra as reações que elas
provocam na família e mostra um contexto em que
a) a obediência ao imperador leva ao prestígio pessoal.
b) as novas gerações abandonam seus antigos hábitos.
c) a refeição é o que determina a agregação familiar
d) os conflitos de gênero tendem a ser neutralizados.
e) o lugar à mesa metaforiza uma estrutura de poder
Literatura

6. (Enem, 2019) Menina


A máquina de costura avançava decidida sobre o pano. Que bonita que a mãe era, com os alfinetes na
boca. Gostava de olhá-la calada, estudando seus gestos, enquanto recortava retalhos de pano com a
tesoura. Interrompia às vezes seu trabalho, era quando a mãe precisava da tesoura. Admirava o jeito
decidido da mãe ao cortar pano, não hesitava nunca, nem errava. A mãe sabia tanto! Tita chamava-a
de ( ) como quem diz ( ). Tentava não pensar as palavras, mas sabia que na mesma hora da tentativa
tinha-as pensado. Oh, tudo era tão difícil. A mãe saberia o que ela queria perguntar-lhe intensamente
agora quase com fome depressa depressa antes de morrer, tanto que não se conteve e — Mamãe, o
que é desquitada? — atirou rápida com uma voz sem timbre. Tudo ficou suspenso, se alguém gritasse
o mundo acabava ou Deus aparecia — sentia Ana Lúcia. Era muito forte aquele instante, forte demais
para uma menina, a mãe parada com a tesoura no ar, tudo sem solução podendo desabar a qualquer
pensamento, a máquina avançando desgovernada sobre o vestido de seda brilhante espalhando luz luz
luz.
ÂNGELO, I. Menina. In: A face horrível. São Paulo: Lazuli, 2017.

Escrita na década de 1960, a narrativa põe em evidência uma dramaticidade centrada na


a) insinuação da lacuna familiar gerada pela ausência da figura paterna.
b) associação entre a angústia da menina e a reação intempestiva da mãe.
c) relação conflituosa entre o trabalho doméstico e a emancipação feminina.
d) representação de estigmas sociais modulados pela perspectiva da criança.
e) expressão de dúvidas existenciais intensificadas pela percepção do abandono.

7. (Enem – 2010) Texto I


Logo depois transferiram para o trapiche o depósito dos objetos que o trabalho do dia lhes
proporcionava. Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não mais estranhas, porém, que
aqueles meninos, moleques de todas as cores e de idades as mais variadas, desde os nove aos
dezesseis anos, que à noite se estendiam pelo assoalho e por debaixo da ponte e dormiam, indiferentes
ao vento que circundava o casarão uivando, indiferentes à chuva que muitas vezes os lavava, mas com
os olhos puxados para as luzes dos navios, com os ouvidos presos às canções que vinham das
embarcações…
AMADO, J. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 (fragmento).

TEXTO II
À margem esquerda do rio Belém, nos fundos do mercado de peixe, ergue-se o velho ingazeiro – ali
os bêbados são felizes. Curitiba os considera animais sagrados, provê as suas necessidades de
cachaça e pirão. No trivial contentavam-se com as sobras do mercado.
TREVISAN, D. 35 noites de paixão: contos escolhidos. Rio de Janeiro: BestBolso, 2009 (fragmento).

Sob diferentes perspectivas, os fragmentos citados são exemplos de uma abordagem literária
recorrente na literatura brasileira do século XX. Em ambos os textos,
a) a linguagem afetiva aproxima os narradores dos personagens marginalizados.
b) a ironia marca o distanciamento dos narradores em relação aos personagens.
c) o detalhamento do cotidiano dos personagens revela a sua origem social.
d) o espaço onde vivem os personagens é uma das marcas de sua exclusão.
e) a crítica à indiferença da sociedade pelos marginalizados é direta.
Literatura

8. (Enem Digital, 2020) A carroça sem cavalo


Conta-se que, em noites frias de inverno, descia um forte nevoeiro trazido pelo mar e, nessa noite,
ouviam-se muitos barulhos estranhos. Os moradores da cidade de São Francisco, que é a cidade mais
antiga de Santa Catarina, eram acordados de madrugada com um barulho perturbador. Ao abrirem a
janela de casa, os moradores assustavam-se com a cena: viam uma carroça andando sem cavalo e
sem ninguém puxando… Andava sozinha! Na carroça, havia objetos barulhentos, como panelas, bules,
inclusive alguns objetos amarrados do lado de fora da carroça. O medo dominou a pequena cidade.
Conta-se ainda que um carroceiro foi morto a coices pelo seu cavalo, por maltratar o animal. Nas noites
de manifestação da assombração, a carroça saía de um nevoeiro, assustava a população e, depois de
um tempo, voltava a desaparecer no nevoeiro.
Disponível em: www.gazetaonline.com.br. Acesso em: 12 dez. 2017 (adaptado).

Considerando-se que os diversos gêneros que circulam na sociedade cumprem uma função social
específica, esse texto tem por função
a) abordar histórias reais.
b) informar acontecimentos.
c) questionar crenças populares.
d) narrar histórias do imaginário social.
e) situar fatos de interesse da sociedade.

9. (Enem, 2020) Viajo Curitiba das conferências positivistas, elas são onze em Curitiba, há treze no mundo
inteiro; do tocador de realejo que não roda a manivela desde que o macaquinho morreu; dos bravos
soldados do fogo que passam chispando no carro vermelho atrás do incêndio que ninguém não viu,
esta Curitiba e a do cachorro-quente com chope duplo no Buraco do Tatu eu viajo.
Curitiba, aquela do Burro Brabo, um cidadão misterioso morreu nos braços da Rosicler, quem foi? quem
não foi? foi o reizinho do Sião; da Ponte Preta da estação, a única ponte da cidade, sem rio por baixo,
esta Curitiba viajo.
Curitiba sem pinheiro ou céu azul, pelo que vosmecê é — província, cárcere, lar—, esta Curitiba, e não a
outra para inglês ver, com amor eu viajo, viajo, viajo.

TREVISAN. D. Em busca de Curitiba perdida. Rio de Janeiro: Record. 1992.

A tematização de Curitiba é frequente na obra de Dalton Trevisan. No fragmento, a relação do


narrador com o espaço urbano é caracterizada por um olhar
a) destituído de afetividade, que ironiza os costumes e as tradições da sociedade curitibana.
b) marcado pela negatividade, que busca desconstruir perspectivas habituais de representação da
cidade.
c) carregado de melancolia, que constata a falta de identidade cultural diante dos impactos da
urbanização.
d) embevecido pela simplicidade do cenário, indiferente à descrição de elementos de reconhecido
valor histórico.
e) distanciado dos elementos narrados, que recorre ao ponto de vista do viajante como expressão de
estranhamento.
Literatura

10. (Enem, 2020) A vida às vezes é como um jogo brincado na rua: estamos no último minuto de uma
brincadeira bem quente e não sabemos que a qualquer momento pode chegar um mais velho e avisar
que a brincadeira já acabou e está na hora do jantar. A vida afinal acontece muito de repente – nunca
ninguém nos avisou que aquele era mesmo o último Carnaval da Vitória. O Carnaval também chegava
sempre de repente. Nós, as crianças, vivíamos num tempo fora do tempo, sem nunca sabermos dos
calendários de verdade. […] O “dia da véspera do Carnaval”, como dizia a avó Nhé, era dia de confusão
com roupas e pinturas a serem preparadas, sonhadas e inventadas. Mas quando acontecia era um dia
rápido, porque os dias mágicos passam depressa deixando marcas fundas na nossa memória, que
alguns chamam também de coração.
ONDJAKI. Os da minha rua. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2007.

As significações afetivas engendradas no fragmento pressupõem o reconhecimento da


a) perspectiva infantil assumida pela voz narrativa.
b) suspensão da linearidade temporal da narração.
c) tentativa de materializar lembranças da infância.
d) incidência da memória sobre as imagens narradas.
e) alternância entre impressões subjetivas e relatos factuais.

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Literatura

Gabaritos

Exercícios de fixação

1. D
Os exemplos descritos no enunciado correspondem, geralmente, ao gênero narrativo, uma vez que não
há a necessidade de um feito grandioso, bem como também não é exigida a construção de uma temática
fixa para a apresentação do assunto.

2. C
O caráter heroico, sendo a construção de narrativas carregadas de emoção e sentimentalismo sobre um
indivíduo, nação ou situação, é uma das características principais do gênero épico. Assim, sua ausência
descaracteriza o conceito dele.

3. D
Os cinco elementos do gênero épico/narrativo são: personagem, enredo, narrador, tempo e espaço –
que, juntos, auxiliam na construção da história.

4. A obra de João Guimarães Rosa, Grande Sertão Veredas, faz parte do gênero textual romance, sendo
caracterizado pelo gênero literário narrativo. Desse modo, faz a utilização dos cinco elementos da
narrativa, sem a presença das características principais da definição sobre épico.

5. A obra épica de Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas, é criada em versos que narram a viagem de Vasco da
Gama às Índias, bem como também apresentam o caráter vanglorioso de Portugal. Assim, no excerto, é
possível perceber a característica da história sendo narrada em versos, bem como a presença da
mitologia (Netuno e Marte, por exemplo), e, ainda é vista a exaltação da nação portuguesa (peito ilustre
Lusitano/ outro valor mais alto se levanta).

Exercícios

1. E
O texto narra a história de vida de Isaac Newton, trazendo elementos como a data do seu início de vida,
os territórios nos quais frequentou e outros dados acerca de sua vivência. Assim, trata-se de um texto
biográfico, porque narra a vida de uma figura específica.

2. B
O discurso da mulher, em contraposição à fala constrangedora do delegado, recorre à intimidação
pautada em relações de parentesco. O caráter irônico e anedótico é garantido, principalmente, com a
mudança de postura de agressivo para ‘humilde’ do delegado, somada à sua pergunta após o comentário
da mulher.

3. D
O tipo narrativo aparece na sequência sugerida pela ação em andamento “caminhando” seguida pelo
verso que se repete “eu vou”. O tipo descritivo surge na caracterização das paisagens e impressões sob
o sol.

4. D
O efeito de humor é obtido pela concatenação de sequências inusitadas/absurdas/estranhas: baratas
roubando objetos; o rosto do King Kong andando pela sala; uma ótica com uma balconista fazendo
topless.
Literatura

5. E
O lugar à mesa nas práticas culturais nipônicas reflete uma pirâmide hierárquica na qual a mulher ocupa
o lugar mais baixo.

6. D
A hesitação da menina em perguntar à mãe o sentido da palavra “desquitada”, somada ao clima gerado
após a pergunta, representa o estigma social em relação à figura da mãe solteira.

7. D
As descrições de ambiente predominam nos textos I e II, permitindo ao leitor perceber a exclusão social
da qual os personagens são vítimas. Assim, nota-se essa questão nas seguintes passagens: no texto I,
os meninos de “Capitães da Areia”, que “à noite se estendiam pelo assoalho e por debaixo da ponte” e
no texto II, os bêbados, que dormem “nos fundos do mercado de peixe”, à margem do rio Belém.

8. D
O texto, através de elementos narrativos, possui como objetivo retratar histórias do imaginário social,
visto que se trata de uma lenda urbana. Nota-se que há a marcação temporal (“em noites frias de
inverno”), espacial (“cidade de São Francisco”), narrador, personagens e um enredo retratado.

9. B
Trevisan aborda, nesse fragmento, a sua relação com a Curitiba banal, das pessoas e lugares comuns
(“Curitiba sem pinheiro ou céu azul”), não a que interessa aos turistas (“a outra para inglês ver”).

10. A
No texto, as imagens narradas aparecem a todo momento atravessadas pela memória. Essa impressão
é reforçada pela frase final, onde se afirma que “os dias mágicos passam depressa deixando marcas
fundas na nossa memória, que alguns chamam também de coração”, e no trecho “nós, as crianças”.
Matemática

Grandezas Proporcionais

Objetivo
Compreender os conceitos de razão e proporção. Resolver exercícios que envolvam grandezas direta e
inversamente proporcionais e razões.

Se liga
Para esta aula é necessário ter conhecimento das operações básicas e também das operações com frações.

Curiosidade
Você sabia que razão e proporção aparecem no nosso dia a dia? Para saber mais, confira um post nosso
mostrando 3 momentos em que razão e proporção estarão em sua vida. Basta clicar aqui.

Teoria

Razão e proporção
Razão é a fração determinada por duas grandezas, que visa a obter a relação que se estabelece entre as
quantidades de cada uma delas em uma determinada situação. Assim, uma razão entre as grandezas 𝒂 e 𝒃 é
𝑎
dada por .
𝑏

Quando duas razões têm o mesmo resultado, ou seja, se elas são iguais, determinam uma proporção. Desse
modo, a proporção dada por quatro números 𝑎, 𝑏, 𝑐 e 𝑑 é representada pela seguinte igualdade de razões:
𝑎 𝑐
= =𝑘
𝑏 𝑑
em que 𝒌 é a constante de proporcionalidade.

Grandezas
Grandeza é tudo aquilo que pode ser medido numericamente.
Exemplo: preço, tempo, quantidade....

Grandezas podem ser relacionadas. Por exemplo: “o confeiteiro faz 5 bolos em 8 horas”. Nessa frase, as
grandezas quantidade e tempo estão sendo relacionadas. Quando duas grandezas são relacionadas, elas
podem ser diretamente ou inversamente proporcionais, dependendo da aplicação.

1
Matemática

Grandezas Diretamente Proporcionais


Duas grandezas 𝑎 e 𝑏 são diretamente proporcionais quando à medida que uma AUMENTA, a outra também
AUMENTA na mesma proporção. Se uma dobrar, a outra também terá que dobrar; se uma triplicar, a outra
também terá que triplicar, e por aí vai...

Por exemplo: Vamos supor que, em um determinado tempo, uma pessoa faça uma determinada quantidade
de pizzas. O que acontece com a quantidade de pizzas se dobrarmos o tempo? Bem, essa pessoa fará o dobro
de pizzas! Logo, nesse caso, as grandezas tempo e quantidade são diretamente proporcionais!

➢ Quando duas grandezas são diretamente proporcionais, a razão entre elas é constante, ou seja:
𝑎
=𝑘
𝑏
Assim, ao variar uma grandeza, a outra também varia na mesma razão.

Exemplo: um pai deixou para seus filhos André, Bruno e Cristiano uma herança de R$ 70.000,00 a ser
distribuída em quantias diretamente proporcionais a 1, 2 e 4, respectivamente. Quanto cada um dos três filhos
recebeu?

Chamemos por A, B e C as quantias recebidas por André, Bruno e Cristiano, respectivamente. A seguinte
proporção pode ser montada:
𝐴 𝐵 𝐶
= = =𝑘
1 2 4
Igualando-se cada razão à constante 𝑘 de proporcionalidade, podem-se criar as seguintes equações:
𝐴=𝑘
𝐵 = 2𝑘
𝐶 = 4𝑘
Dessa maneira, sabemos que a soma das quantias recebidas por cada um é o valor total da herança,
R$ 70.000,00:
𝐴 + 𝐵 + 𝐶 = 70000
𝑘 + 2𝑘 + 4𝑘 = 70000
7𝑘 = 70000
70000
𝑘=
7
𝑘 = 10000
Assim, André recebeu R$ 10 000,00; Bruno recebeu R$ 20 000,00; e Cristiano, R$ 40 000,00.

2
Matemática

Grandezas Inversamente proporcionais


Duas grandezas 𝑎 e 𝑏 são inversamente proporcionais quando à medida que uma AUMENTA, a outra DIMINUI
na mesma proporção. Se uma dobra, a outra reduz à metade; se uma triplica, a outra reduz à terça parte.
Por exemplo: vamos supor que, em um determinado tempo, um grupo de trabalhadores construa uma casa.
O que acontece com o tempo se dobrarmos a quantidade de pessoas? Bem, essa casa será construída na
metade do tempo. Então, nesse caso, as grandezas tempo e quantidade são inversamente proporcionais!

➢ Quando duas grandezas são inversamente proporcionais, o produto entre elas é constante, ou seja:
𝑎∙𝑏 = 𝑘
Assim, ao variar uma grandeza, a outra também varia na razão inversa.

Exemplo: um pai deixou para seus filhos André, Bruno e Cristiano uma herança de R$ 70.000,00 a ser
distribuída em quantias inversamente proporcionais a 1, 2 e 4, respectivamente. Quanto cada um dos três
filhos recebeu?
Chamemos por A, B e C as quantias recebidas por André, Bruno e Cristiano, respectivamente. A seguinte
proporção pode ser montada:
𝐴=2
𝐵=4
𝐶=𝑘
Igualando-se cada razão à constante k de proporcionalidade, podem-se criar as seguintes equações:
𝐴=𝑘
𝑘
𝐵=
2
𝑘
𝐶=
4
Dessa maneira, sabemos que a soma das quantias recebidas por cada um é o valor total da herança, R$
70.000,00:
𝐴 + 𝐵 + 𝐶 = 70000
𝑘 𝑘
𝑘+ + = 70000
2 4
4𝑘 + 2𝑘 + 𝑘
= 70000
4
7𝑘
= 70000
4
7𝑘 = 70000 ∙ 4
280000
𝑘=
7
𝑘 = 40000
Assim, André recebeu R$ 40 000,00; Bruno recebeu R$ 20 000,00; e Cristiano, R$ 10 000,00.

3
Matemática

Mapa mental sobre proporcionalidade

Quer assistir ao QQD desse mapa mental? Clique aqui.

4
Matemática

Exercícios de fixação

1. Paulo e Marcos são irmãos. Sabe-se que Marcos nasceu 4 anos antes de Paulo e que os dois
aniversariam no mesmo dia do ano. Considere que, no dia em que Paulo completou 8 anos de idade, o
pai deles dividiu R$ 300,00 entre os dois de modo que cada um deles tenha recebido uma quantia
proporcional à sua idade. Nesse caso, Paulo recebeu R$ 120,00 e Marcos, R$ 180,00.
a) Certo.
b) Errado.

2. Certa empresa de contabilidade recebeu um grande malote de 115 documentos para serem arquivados.
O gerente pediu que André, Bruno e Carlos realizassem esse arquivamento. Para tentar favorecer os
funcionários mais antigos, o gerente decidiu que a distribuição do número de documentos que cada
um dos três ficaria responsável em arquivar seria inversamente proporcional ao seu tempo de serviço
na empresa. Antônio era o mais novo na empresa, com 3 anos de contratado; Bruno era o mais antigo,
com 16 anos de contratado; e Carlos tinha 12 anos de contratado. Com isso, Carlos ficou responsável
por arquivar:
a) 25 documentos
b) 15 documentos
c) 20 documentos
d) 30 documentos
e) 80 documentos

3. Duas torneiras são utilizadas para encher um tanque vazio. Sabendo que sozinhas elas levam 10 horas
e 15 horas, respectivamente, para enchê-lo. Quanto tempo as duas torneiras juntas levam para encher o
tanque?
a) 6 horas;
b) 12 horas e 30 minutos;
c) 25 horas;
d) 8 horas e 15 minutos.

4. Calcule três número x, y e z, diretamente proporcionais a 2, 3 e 4, sabendo-se que: 3𝑥 − 𝑦 + 2𝑧 = 66.

5. Em uma determinada prova, um candidato que acertou 12 questões recebeu um total de 39 pontos.
Sabendo que o valor das questões é sempre o mesmo, um candidato que obteve 52 pontos acertou um
total de:
a) 15 questões
b) 16 questões
c) 17 questões
d) 18 questões
e) 20 questões

5
Matemática

Exercícios de vestibulares

1. (Enem – 2021) Em uma corrida automobilística, os carros podem fazer paradas nos boxes para efetuar
trocar de pneus. Nessas trocas, o trabalho é feito por um grupo de três pessoas em cada pneu.
Considere que os grupos iniciam o trabalho no mesmo instante, trabalham à mesma velocidade e cada
grupo trabalha em um único pneu. Com os quatro grupos completos, são necessários 4 segundos para
que a troca seja efetuada. O tempo gasto por um grupo para trocar um pneu é inversamente
proporcional ao número de pessoas trabalhando nele. Em uma dessas paradas, um dos trabalhadores
passou mal, não pôde participar da troca e nem foi substituído, de forma que um dos quatro grupos de
troca ficou reduzido. Nessa parada específica, com um dos grupos reduzido, qual foi o tempo gasto,
em segundo, para trocar os quatro pneus?
a) 6,0
b) 5,7
c) 5,0
d) 4,5
e) 4,4

2. (Enem – 2017) A mensagem digitada no celular, enquanto você dirige, tira a sua atenção e, por isso,
deve ser evitada. Pesquisas mostram que um motorista que dirige um carro a uma velocidade
constante percorre “às cegas” (isto é, sem ter visão da pista) uma distância proporcional ao tempo
gasto ao olhar para o celular durante a digitação da mensagem. Considere que isso de fato aconteça.
Suponha que dois
motoristas (X e Y) dirigem com a mesma velocidade constante e digitam a mesma mensagem em seus
celulares. Suponha, ainda, que o tempo gasto pelo motorista X olhando para seu celular enquanto digita
a mensagem corresponde a 25% do tempo gasto pelo motorista Y para executar a mesma tarefa .
Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 21 jul. 2012 (adaptado).

A razão entre as distâncias percorridas às cegas por X e Y, nessa ordem, é igual a:


5
a)
4
1
b)
4
4
c)
3
4
d)
1
3
e)
4

6
Matemática

3. (Enem – 2017) O resultado de uma pesquisa eleitoral, sobre a preferência dos eleitores em relação a
dois candidatos, foi representado por meio do Gráfico 1.

Ao ser divulgado esse resultado em jornal, o Gráfico 1 foi cortado durante a diagramação, como mostra
o Gráfico 2.

Apesar de os valores apresentados estarem corretos e a largura das colunas ser a mesma, muitos
leitores criticaram o formato do Gráfico 2 impresso no jornal, alegando que houve prejuízo visual para
o candidato B. A diferença entre as razões da altura da coluna B pela coluna A nos gráficos 1 e 2 é:
a) 0
1
b)
2

1
c)
5
2
d)
15
8
e)
35

7
Matemática

4. (Enem – 2019) Para contratar três máquinas que farão o reparo de vias rurais de um município, a
prefeitura elaborou um edital que, entre outras cláusulas, previa:
• Cada empresa interessada só pode cadastrar uma única máquina para concorrer ao edital;
• O total de recursos destinados para contratar o conjunto das três máquinas é de R$ 31 000,00;
• O valor a ser pago a cada empresa será inversamente proporcional à idade de uso da máquina
cadastrada pela empresa para o presente edital.

As três empresas vencedoras do edital cadastraram máquinas com 2, 3 e 5 anos de idade de uso.
Quanto receberá a empresa que cadastrou a máquina com maior idade de uso?
a) R$ 3 100,00
b) R$ 6 000,00
c) R$ 6 200,00
d) R$ 15 000,00
e) R$ 15 500,00

5. (Enem – 2017) Para uma temporada das corridas de Fórmula 1, a capacidade do tanque de combustível
de cada carro passou a ser de 100 kg de gasolina. Uma equipe optou por utilizar uma gasolina com
densidade de 750 gramas por litro, iniciando a corrida com o tanque cheio. Na primeira parada de
reabastecimento, um carro dessa equipe apresentou um registro em seu computador de bordo
acusando o consumo de quatro décimos da gasolina originalmente existente no tanque. Para minimizar
o peso desse carro e garantir o término da corrida, a equipe de apoio reabasteceu o carro com a terça
parte do que restou no tanque na chegada ao reabastecimento.
Disponível em: www.superdanilof1page.com.br. Acesso em: 6 jul. 2015 (adaptado).

A quantidade de gasolina utilizada, em litro, no reabastecimento, foi:


20
a)
0,075
20
b)
0,75
20
c)
7,5
d) 20 ∙ 0,075
e) 20 ∙ 0,75

8
Matemática

6. (Enem – 2021) A relação de Newton-Laplace estabelece que o módulo volumétrico de um fluido é


diretamente proporcional ao quadrado da velocidade do som (em metro por segundo) no fluido e à sua
densidade (em quilograma por metro cúbico), com uma constante de proporcionalidade adimensional.
Nessa relação, a unidade de medida adquada para o módulo volumétrico é
a) 𝑘𝑔 ∙ 𝑚−2 ∙ 𝑠 −1
b) 𝑘𝑔 ∙ 𝑚−1 ∙ 𝑠 −2
c) 𝑘𝑔 ∙ 𝑚−5 ∙ 𝑠 2
d) 𝑘𝑔−1 ∙ 𝑚1 ∙ 𝑠 2
e) 𝑘𝑔−1 ∙ 𝑚5 ∙ 𝑠 −2

7. (Enem – 2017) Em uma cantina, o sucesso de venda no verão são sucos preparados à base de polpa
de frutas. Um dos sucos mais vendidos é o de morango com acerola, que é preparado com 2/3 de polpa
de morango e 1/3 de polpa de acerola.
Para o comerciante, as polpas são vendidas em embalagens de igual volume. Atualmente, a
embalagem da polpa de morango custa R$ 18,00 e a de acerola, R$ 14,70. Porém, está prevista uma
alta no preço da embalagem da polpa de acerola no próximo mês, passando a custar R$ 15,30.
Para não aumentar o preço do suco, o comerciante negociou com o fornecedor uma redução no preço
da embalagem da polpa de morango.
A redução, em real, no preço da embalagem da polpa de morango deverá ser de:
a) 1,20.
b) 0,90.
c) 0,60.
d) 0,40.
e) 0,30

9
Matemática

8. (Enem – 2019) Em um jogo on-line, cada jogador procura subir de nível e aumentar sua experiência, que
são dois parâmetros importantes no jogo, dos quais dependem as forças de defesa e de ataque do
participante. A força de defesa de cada jogador é diretamente proporcional ao seu nível e ao quadrado
de sua experiência, enquanto sua força de ataque é diretamente proporcional à sua experiência e ao
quadrado do seu nível. Nenhum jogador sabe o nível ou a experiência dos demais. Os jogadores iniciam
o jogo no nível 1 com experiência 1 e possuem força de ataque 2 e de defesa 1. Nesse jogo, cada
participante se movimenta em uma cidade em busca de tesouros para aumentar sua experiência.
Quando dois deles se encontram, um deles pode desafiar o outro para um confronto, sendo o desafiante
considerado o atacante. Compara-se então a força de ataque do desafiante com a força de defesa do
desafiado e vence o confronto aquele cuja força for maior. O vencedor do desafio aumenta seu nível
em uma unidade. Caso haja empate no confronto, ambos os jogadores aumentam seus níveis em uma
unidade. Durante um jogo, o jogador J , de nível 4 e experiência 5, irá atacar o jogador J , de nível 2 e
1 2

experiência 6. O jogador J venceu esse confronto porque a diferença entre sua força de ataque e a
1

força de defesa de seu oponente era


a) 112.
b) 88.
c) 60.
d) 28.
e) 24.

9. (Enem – 2020) Um agricultor sabe que a colheita da safra de soja será concluída em 120 dias caso
utilize, durante 10 horas por dia, 20 máquinas de um modelo antigo, que colhem 2 hectares por hora.
Com o objetivo de diminuir o tempo de colheita, esse agricultor optou por utilizar máquinas de um novo
modelo, que operam 12 horas por dia e colhem 4 hectares por hora.

Quantas máquinas do novo modelo ele necessita adquirir para que consiga efetuar a colheita da safra
em 100 dias?
a) 7
b) 10
c) 15
d) 40
e) 58

10
Matemática

10. (Enem – 2012) A resistência mecânica S de uma viga de madeira, em forma de um paralelepípedo
retângulo, é diretamente proporcional à sua largura (b) e ao quadrado de sua altura (d) e inversamente
proporcional ao quadrado da distância entre os suportes da viga, que coincide com o seu
comprimento (x), conforme ilustra a figura. A constante de proporcionalidade k é chamada de
resistência da viga.

A expressão que traduz a resistência S dessa viga de madeira é

𝑘∙𝑏∙𝑑²
a) 𝑆= 𝑥²
𝑘∙𝑏∙𝑑
b) 𝑆= 𝑥²
𝑘∙𝑏∙𝑑²
c) 𝑆= 𝑥
𝑘∙𝑏²∙𝑑
d) 𝑆= 𝑥²
𝑘∙𝑏∙2𝑑
e) 𝑆= 2𝑥

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11
Matemática

Gabaritos

Exercícios de fixação

1. Certo.
𝑴=𝑷+𝟒
𝑴 𝑷
= =𝒌
𝟏𝟐 𝟖
Então,
𝑴 = 𝟏𝟐𝒌 e 𝑷 = 𝟖𝒌
Então,
12𝑘 + 8𝑘 = 300
20𝑘 = 300
𝑘 = 15
Substituindo, temos:
𝑀 = 12(15) = 180 e 𝑃 = 8(15) = 120
Então, Marcos recebeu 180 reais, e Paulo recebeu 120 reais.

2. C
Vamos considerar que a quantidade A de documentos de André, B de Bruno e C de Carlos são
inversamente proporcionais, respectivamente, a 3, 16 e 12; então:
𝟑𝑨 = 𝟏𝟔𝑩 = 𝟏𝟐𝑪 = 𝒌
Colocando em função de k, temos:
𝒌
𝑨=
𝟑
𝒌
𝑩=
𝟏𝟔
𝒌
𝑪=
𝟏𝟐
Portanto,
𝑨 + 𝑩 + 𝑪 = 𝟏𝟏𝟓
𝒌 𝒌 𝒌
+ + = 𝟏𝟏𝟓
𝟑 𝟏𝟔 𝟏𝟐
Tirando o MMC (3,16,12) = 48, temos:
𝟏𝟔𝒌 + 𝟑𝒌 + 𝟒𝒌
= 𝟏𝟏𝟓
𝟒𝟖
𝟐𝟑𝒌
= 𝟏𝟏𝟓
𝟒𝟖
𝟐𝟑𝒌 = 𝟏𝟏𝟓 ∙ 𝟒𝟖
𝟓𝟓𝟐𝟎
𝒌=
𝟐𝟑
𝒌 = 𝟐𝟒𝟎
Substituindo achamos:
𝟐𝟒𝟎
𝑪= = 𝟐𝟎 𝒅𝒐𝒄𝒖𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐𝒔
𝟏𝟐

12
Matemática

3. A
A torneira 1 enche 1 tanque em 10 horas, então temos:
𝟏 𝒕𝒂𝒏𝒒𝒖𝒆
𝑻𝟏 =
𝟏𝟎 𝒉𝒐𝒓𝒂𝒔
A torneira 2 enche 1 tanque em 15 horas, então temos:
𝟏 𝒕𝒂𝒏𝒒𝒖𝒆
𝑻𝟐 =
𝟏𝟓 𝒉𝒐𝒓𝒂𝒔
Desse modo, as duas torneiras encherão juntas o tanque em:
𝑻 = 𝑻𝟏 + 𝑻𝟐
𝟏 𝟏
𝑻= +
𝟏𝟎 𝟏𝟓
𝟑+𝟐
𝑻=
𝟑𝟎
𝟓
𝑻=
𝟑𝟎
𝟏 𝒕𝒂𝒏𝒒𝒖𝒆
𝑻=
𝟔 𝒉𝒐𝒓𝒂𝒔

4. x = 12; y = 18; z= 24
Como x, y e z são diretamente proporcionais, respectivamente, a 2, 3 e 4, então:
𝒙 𝒚 𝒛
= =
𝟐 𝟑 𝟒
Pegando a primeira e a segunda temos:
𝒙 𝒚
=
𝟐 𝟑
𝟐𝒚 = 𝟑𝒙
𝟑𝒙
𝒚=
𝟐
Pegando a segunda e a terceira, temos:
𝒙 𝒛
=
𝟐 𝟒
𝟐𝒛 = 𝟒𝒙
𝟒𝒙
𝒛= = 𝟐𝒙
𝟐
Agora podemos substituir em 𝟑𝒙 − 𝒚 + 𝟐𝒛 = 𝟔𝟔
𝟑𝒙
𝟑𝒙 − + 𝟐(𝟐𝒙) = 𝟔𝟔
𝟐
𝟑𝒙
𝟕𝒙 − = 𝟔𝟔
𝟐
𝟏𝟒𝒙 − 𝟑𝒙
= 𝟔𝟔
𝟐
𝟏𝟏𝒙 = 𝟔𝟔 ∙ 𝟐
𝟏𝟑𝟐
𝒙=
𝟏𝟏
𝒙 = 𝟏𝟐
Então,
𝟑𝒙 𝟑 ∙ 𝟏𝟐
𝒚= = = 𝟑 ∙ 𝟔 = 𝟏𝟖
𝟐 𝟐
E
𝒛 = 𝟐𝒙 = 𝟐 ∙ 𝟏𝟐 = 𝟐𝟒
Portanto, x= 12; y = 18; z = 24.

13
Matemática

5. B
A pontuação é diretamente proporcional à quantidade de pontos. Logo, temos:
12 𝑥
=
39 52
39𝑥 = 12 ∙ 52
39𝑥 = 624
624
𝑥=
39
𝑥 = 16

Exercícios de vestibulares

1. A
2 3
Se o número de pessoas foi reduzido para da quantidade inicial, então o tempo aumentará para do
3 2
3
valor inicial, ou seja, passará a ser de ∙ 4 = 6 segundos.
2

2. B
Calculando:
𝑉𝑥 = 𝑉𝑦
{ ∆𝑡𝑦
∆𝑡𝑥 = 0,25∆𝑡𝑦 =
4
∆𝑡𝑦
∆𝑑𝑥 ∆𝑑𝑦 ∆𝑑𝑥 ∆𝑡𝑥 1
= → = = 4 =
∆𝑡𝑥 ∆𝑡𝑦 ∆𝑑𝑦 ∆𝑡𝑦 ∆𝑡𝑦 4

3. E
Analisando o gráfico 1, podemos perceber que a razão B sobre A será:
30 3
𝑅1 = =
70 7
Analisando o gráfico 2, podemos perceber que a razão B sobre A será:
30 − 20 10 1
𝑅2 = = =
70 − 20 50 5
Então a diferença é
3 1 15 − 7 8
− = =
7 5 35 35

4. B
Sejam x, y e z, respectivamente, os valores recebidos pelos contratos das máquinas com 2, 3 e 5 anos de
idade de uso. Logo, temos 2𝑥 = 3𝑦 = 5𝑧 = 𝑘, com k sendo a constante de proporcionalidade. Em
consequência, vem
𝑘 𝑘 𝑘
𝑥 + 𝑦 + 𝑧 = 31000 ⇔ + + = 31000 ⇔ 𝑘 = 30000
2 3 5
A resposta é
𝑘 30000
𝑧= = = 𝑅$ 6.000,00
5 5

14
Matemática

5. B
Calculando:
Início: 100 kg

4
𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 → ∙ 100 = 40 𝑘𝑔
1ª 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑑𝑎 { 10
𝑟𝑒𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 → 100 − 40 = 60 𝑘𝑔
60 20 ∙ 1000 20
𝑅𝑒𝑎𝑏𝑎𝑠𝑡𝑒𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 → = 20 𝑘𝑔 → 𝑒𝑚 𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜𝑠 → = 𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜𝑠
3 750 0,75

6. B
Sejam M o módulo volumétrico, 𝑣 a velocidade do som e 𝑑 a densidade. Logo, temos
𝑚 2 𝑘𝑔
𝑀 = 𝑘 ∙ 𝑣 2 ∙ 𝑑 = ( ) ∙ 3 = 𝑘𝑔 ∙ 𝑚−1 ∙ 𝑠 −2
𝑠 𝑚

7. E
Iremos primeiro calcular o custo para fazer o suco antes do valor da embalagem da polpa de acerola
aumentar
2 1
𝐶 = 18 ∙ + 14,70 ∙ = 16,90
3 3
Como ele não quer aumentar o valor do suco, pediu para que houvesse uma redução no preço da
embalagem da polpa de morango, e para o custo ser o mesmo, essa redução será:
2 1
16,90 = ∙ 𝑥 + ∙ 15,30
3 3
2
16,90 = ∙ 𝑥 + 5,10
3
2
16,90 − 5,10 = ∙ 𝑥
3
2
11,8 = ∙ 𝑥
3
11,8 ∙ 3 = 2 ∙ 𝑥
2 ∙ 𝑥 = 35,4
35,4
𝑥=
2
𝑥 = 17,70
Então a redução do morango foi de 18-17,70 = 0,30

8. B
Sejam d e a, respectivamente, a força de defesa e a força de ataque. Logo, sendo n o nível e l a experiência,
temos 𝑑 = 𝛼 ∙ 𝑛 ∙ 𝑙² 𝑒 𝑎 = 𝛽 ∙ 𝑛² ∙ 𝑙.
Desse modo, segue que 1 = 𝛼 ∙ 1 ∙ 1² ⇔ = 1 𝑒 2 = 𝛽 ∙ 1² ∙ 1 ⇔ 𝛽 = 2
Portanto, sabendo que J1 ataca J2, podemos concluir que a resposta é dada por 2 ∙ 4² ∙ 5 – 2 ∙ 6² =
160 – 72 = 88

15
Matemática

9. B
Sejam d, h, n e a, respectivamente, o número de dias, o número de horas por dia, o número de máquinas
e o número de hectares por hora. Logo, vem
1
𝑚=𝑘∙
𝑑∙ℎ∙𝑎
Com 𝑘 sendo a constante de proporcionalidade.
Portanto, desde que 𝑚 = 20, 𝑑 = 120, ℎ = 10 e 𝑎 = 2, temos
1
20 = 𝑘 ∙ ⇔ 𝑘 = 48000
120 ∙ 10 ∙ 2
Se 𝑑 = 100, ℎ = 12 e 𝑎′ = 4, então
′ ′

1
𝑚′ = 48000 ∙ = 10
100 ∙ 12 ∙ 4
Que é o resultato procurado.

10. A
Como S é diretamente proporcional a b e d², isso quer dizer que:
𝑆 = 𝑘 ∙ 𝑏 ∙ 𝑑²
Lembrando que k já está incluso na fórmula.
Como S é inversamente proporcional a x², podemos dizer que:
𝑘 ∙ 𝑏 ∙ 𝑑²
𝑆=
𝑥²

16
Matemática

Produtos notáveis e Fatoração

Objetivo
Identificar e aplicar corretamente casos de produtos notáveis e fatoração. Saber utilizar os produtos notáveis
e fatoração para facilitar o tratamento de expressões algébricas.

Se liga
Para este módulo, são interessantes algumas propriedades de potenciação. Quer relembrá-las? Então assista
a esta aula. ;)

Curiosidade
O produto notável (𝑎 + 𝑏)² equivale a calcular a área de um quadrado cujo lado mede 𝑎 + 𝑏.

Teoria
Produtos Notáveis
Por serem frequentes no cálculo algébrico, alguns produtos são chamados de produtos notáveis. São eles:
• Produto da soma pela diferença de dois termos: (𝑥 + 𝑦) ∙ (𝑥 − 𝑦)
• Quadrado da soma de dois termos: (𝑥 + 𝑦) ∙ (𝑥 + 𝑦) = (𝑥 + 𝑦)²
• Quadrado da diferença de dois termos: (𝑥 − 𝑦) ∙ (𝑥 − 𝑦) = (𝑥 − 𝑦)²

Desenvolvendo esses produtos temos (aplicando a distributiva):


• (𝑥 + 𝑦) ∙ (𝑥 − 𝑦) = 𝑥² + 𝑥𝑦 − 𝑥𝑦 − 𝑦² = 𝒙² − 𝒚²
O produto da soma pela diferença é igual à diferença de quadrados.

• (𝑥 + 𝑦) ∙ (𝑥 + 𝑦) = (𝑥 + 𝑦)² = 𝑥² + 𝑥𝑦 + 𝑥𝑦 + 𝑦² = 𝒙² + 𝟐𝒙𝒚 + 𝒚²
O quadrado da soma de dois termos é igual ao quadrado do primeiro, mais duas vezes o primeiro termo
vezes o segundo, mais o quadrado do segundo.
Obs.: esse resultado é chamado trinômio quadrado perfeito.

• (𝑥 − 𝑦) ∙ (𝑥 − 𝑦) = (𝑥 − 𝑦)² = 𝑥² − 𝑥𝑦 − 𝑥𝑦 + 𝑦² = 𝒙² − 𝟐𝒙𝒚 + 𝒚²
O quadrado da diferença de dois termos é igual ao quadrado do primeiro, menos duas vezes o primeiro
termo vezes o segundo, mais o quadrado do segundo.

1
Matemática

Alguns exemplos de aplicação:


• (3 + 𝑥)² = 3² + 2 ∙ 3 ∙ 𝑥 + 𝑥² = 9 + 6𝑥 + 𝑥²
• (2𝑥 − 3𝑦)² = (2𝑥)² − 2 ∙ 2𝑥 ∙ 3𝑦 + (3𝑦)² = 4𝑥² − 12𝑥𝑦 + 9𝑦²
• (4𝑥 + 2)(4𝑥 − 2) = (4𝑥)2 − 22 = 16𝑥² − 4

Podemos usar produtos notáveis para realizar cálculos! Por exemplo:


Cálculo de 122² utilizando o quadro da soma:
1222 = (120 + 2)2 = 1202 + 2 ⋅ 120 ⋅ 2 + 22 = 14.400 + 480 + 4 = 14.884

Cálculo de 79² utilizando o quadrado da diferença:


792 = (80 − 1)2 = 802 − 2 ⋅ 80 ⋅ 1 + 12 = 6.400 − 160 + 1 = 6.241

Fatoração
Fatorar uma expressão diz respeito à transformação em fatores de um produto. Por exemplo: a forma
fatorada de 𝑥² + 2𝑥 + 1 é (𝑥 + 1)² (que é igual (𝑥 + 1)(𝑥 + 1)), a forma fatorada de 𝑥² − 5𝑥 + 6 é (𝑥 − 2) ∙
(𝑥 − 3). O que faremos, muitas vezes, é o caminho inverso ao de um produto notável.
Fatorar muitas vezes é útil para simplificações algébricas. Por exemplo, para 𝑥 ≠ −1, é válido fazer:
𝑥²+2𝑥+1 (𝑥+1) ∙ (𝑥+1)
= = (𝑥 + 1).
𝑥+1 (𝑥+1)

Fator comum em evidência


Uma técnica muito útil é a de fatorar pelo fator comum em evidência. Como, por exemplo: 2𝑥 + 2𝑦. Note que
2 é fator comum em ambos os termos. Logo, podemos reescrever 2𝑥 + 2𝑦 como 2(𝑥 + 𝑦). Caso se efetue a
distributiva, chega-se ao termo original 2𝑥 + 2𝑦. Observe alguns exemplos de fatoração pelo fator comum em
evidência:
• 𝑎 + 𝑎𝑏 = 𝑎(1 + 𝑏). Nesse caso, o fator comum é o 𝑎.
• 10𝑥 − 20𝑦 = 10(𝑥 − 2𝑦). Nesse caso, o fator comum é o 10, que é o maior divisor comum entre 10 e 20.
• 𝑥³ + 3𝑥 = 𝑥(𝑥² + 3). Nesse caso, o fator comum é o 𝑥.
• 𝑥3 𝑦2 − 𝑥𝑦2 + 𝑥𝑦 = 𝑥𝑦(𝑥2 𝑦 − 𝑦 + 1). Nesse caso, o fator comum é 𝑥𝑦.

Agrupamento
Essa outra técnica é usada quando o fator comum é um grupo comum. Por exemplo: 2𝑥 + 2 + 𝑎𝑥 + 𝑎. Nesse
caso podemos fatorar pelo fator comum os dois primeiros e os dois últimos termos dessa soma, ficando com
2(𝑥 + 1) + 𝑎(𝑥 + 1). Note que, após essa primeira etapa, 𝑥 + 1 é comum a ambos os termos da soma. Logo,
podemos por esses termos em evidência, agrupando-os: (𝑥 + 1)(2 + 𝑎). Para verificar se isso foi feito
corretamente, efetue a distributiva e você voltará ao 2𝑥 + 2 + 𝑎𝑥 + 𝑎. Outros exemplos:
• 𝑥² + 𝑎𝑥 + 𝑏𝑥 + 𝑎𝑏 = 𝑥(𝑥 + 𝑎) + 𝑏(𝑥 + 𝑎) = (𝑥 + 𝑎)(𝑥 + 𝑏)
• 𝑥³ − 𝑥² + 𝑥 − 1 = 𝑥²(𝑥 − 1) + 1 ∙ (𝑥 − 1) = (𝑥 − 1)(𝑥 2 + 1)

2
Matemática

Mapa mental sobre produtos notáveis e fatoração

Quer assistir ao QQD desse mapa mental? Clique aqui.

3
Matemática

Exercícios de fixação

1. Aplique os seguintes produtos notáveis:


a) (4𝑟 + 3)2
9 2
b) ( − 𝑠)
2

c) (6𝑢 + 5)(6𝑢 − 5)

20212 − 2020²
2. Determine o valor de .
4041

3. Julgue os itens a seguir em verdadeiro (V) ou falso (F).


( ) Dados dois números 𝑎 e 𝑏, temos que (𝑎 + 𝑏)² = (−𝑎 − 𝑏)².
( ) Dados dois números 𝑚 e 𝑛, temos que (𝑚 + 𝑛)2 − 4𝑚𝑛 = (𝑚 − 𝑛)².
2
( ) O valor de (√2 + √3) é igual a 5 + 2√6.

4. A diferença entre o quadrado da soma e o quadrado da diferença de dois números reais é igual a:
a) a diferença dos quadrados dos dois números.
b) a soma dos quadrados dos dois números.
c) a diferença dos dois números.
d) ao dobro do produto dos números.
e) ao quádruplo do produto dos números.

5. Faça o que se pede:


a) Seja 𝑥 2 + 𝑦 2 = 60. Qual é o valor positivo de 𝑥 + 𝑦, sabendo que 𝑥𝑦 = 20?
b) Preencha as lacunas a fim de tornar a sentença abaixo verdadeira:
(3 𝑎 + ) ² = 9 𝑎 ² + 30 𝑎 +
c) Preencha as lacunas a fim de tornar a sentença abaixo verdadeira:
( + 8 ) ² = 4𝑥 ² + + 64
d) Que número devemos adicionar à expressão 25𝑥 + 30𝑥 para transformá-la em um trinômio
2

quadrado perfeito?
𝑥2
e) Que número devemos adicionar à expressão + 7𝑥 para transformá-la em um trinômio quadrado
4
perfeito?

4
Matemática

Exercícios de vestibulares

1. Qual é o fator comum a todos os termos do polinômio 18𝑥 2 𝑦 8 − 36𝑥 9 𝑦 9 + 24𝑥³𝑦 5 ?


a) 6𝑥 2 𝑦 5
b) 2𝑥 2 𝑦 9
c) 36𝑥 9 𝑦 9
d) 3𝑥 9 𝑦 9
e) 6𝑥 9 𝑦 9

2. O produto (4𝑥 + 𝑦)(4𝑥 – 𝑦) equivale a:


a) 16𝑥² – 𝑦²
b) 8𝑥² – 𝑦²
c) 4𝑥² – 𝑦²
d) 16𝑥² – 8𝑥𝑦 + 𝑦²
e) 8𝑥 2 – 4𝑥𝑦 + 𝑦 2

3. Fatorando a expressão 𝑎𝑐 + 2𝑏𝑐 – 𝑎𝑑 – 2𝑏𝑑, obtemos:


a) (𝑎 – 2𝑏)(𝑐 – 𝑑)
b) (𝑎 + 2𝑏)(𝑐 – 𝑑)
c) (𝑎 – 2𝑏) (𝑐 + 𝑑)
d) (𝑎 + 𝑐)2(𝑎 – 𝑏)
e) (𝑎– 𝑐)(𝑎 + 2𝑏)

1 2 1
4. Se (𝑥 − ) = 3 , então 𝑥 2
𝑥
+ 𝑥 2 é igual a:
a) 0
b) 1
c) 5
d) 6
e) 8

5
Matemática

5. Se 𝑥 + 𝑦 = 13 e 𝑥 · 𝑦 = 1, então 𝑥² + 𝑦² é
a) 166
b) 167
c) 168
d) 169
e) 170

𝑥 2 −𝑦² 𝑥 2 −2𝑥𝑦+𝑦²
6. O valor da expressão ∙ , para 𝑥 = 1,25 e 𝑦 = 0,75, é:
𝑥+𝑦 𝑥−𝑦
a) – 0,25
b) – 0,125
c) 0
d) 0,125
e) 0,25

7. O valor da expressão 𝑥²𝑦 + 𝑥𝑦², no qual 𝑥𝑦 = 12 e 𝑥 + 𝑦 = 8, é:


a) 40
b) 96
c) 44
d) 88
e) 22

8. A expressão (𝑥 – 𝑦)² – (𝑥 + 𝑦)² é equivalente a:


a) 0
b) 2𝑦²
c) – 2𝑦²
d) – 4𝑥𝑦
e) – 2(𝑥 + 𝑦)²

𝑥 2 +6𝑥+9
9. Simplificando a expressão , obtém-se:
𝑥 2 −9
a) 6𝑥
b) – 6𝑥
𝑥−3
c)
𝑥+3
𝑥+3
d)
𝑥−3
𝑥+9
e)
𝑥−9

6
Matemática

10. O valor da expressão (𝑎−1 + 𝑏 −1 )−2 é:


𝑎𝑏
a)
(𝑎+𝑏)2
𝑎𝑏
b)
(𝑎²+𝑏²)2

c) 𝑎2 + 𝑏²
𝑎²𝑏²
d)
(𝑎+𝑏)2
𝑎+𝑏
e)
(𝑎+𝑏)2

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7
Matemática

Gabaritos

Exercícios de fixação

1.
a) (4𝑟 + 3)2 = (4𝑟)2 + 2 ∙ 4𝑟 ∙ 3 + 32 = 16𝑟 2 + 24𝑟 + 9
9 2 9 2 9 81
b) ( − 𝑠) = ( ) − 2 ∙ ∙ 𝑠 + 𝑠 2 = − 9𝑠 + 𝑠 2
2 2 2 4
c) (6𝑢 + 5)(6𝑢 − 5) = (6𝑢)2 − 52 = 36𝑢2 − 25

2. O resultado é 𝟏.
Aplicando a fatoração da diferença de quadrados:

20212 − 2020² (2021 − 2020)(2021 + 2020) 1 ∙ 4041


= = =1
4041 4041 4041

3. V-V-V
2
(V) Como (−𝑎 − 𝑏)2 = ((−1)(𝑎 + 𝑏)) = (−1)2 (𝑎 + 𝑏)2 = 1 ∙ (𝑎 + 𝑏)2 = (𝑎 + 𝑏)², a sentença é
verdadeira. Outra forma de verificar sua veracidade é realizando a distribuição (−𝑎 − 𝑏)(−𝑎 − 𝑏) =
(−𝑎)2 + 𝑎𝑏 + 𝑎𝑏 + 𝑏 2 = 𝑎2 + 2𝑎𝑏 + 𝑏 2 = (𝑎 + 𝑏)².

(V) Aplicando o produto notável do quadrado da soma de dois termos: (𝑚 + 𝑛)2 − 4𝑚𝑛 = 𝑚2 + 2𝑚𝑛 +
𝑛2 − 4𝑚𝑛 = 𝑚2 − 2𝑚𝑛 + 𝑛2 = (𝑚 − 𝑛)².

2 2 2
(V) (√2 + √3) = √2 + 2 ∙ √2 ∙ √3 + √3 = 2 + 2√2 ∙ 3 + 3 = 5 + 2√6.

4. E
Quadrado da soma: (𝑥 + 𝑦)2 = 𝑥 2 + 2𝑥𝑦 + 𝑦²
Quadrado da diferença: (𝑥 − 𝑦)2 = 𝑥 2 − 2𝑥𝑦 + 𝑦²
Diferença entre o quadrado da soma e o quadrado da diferença:
(𝑥 2 + 2𝑥𝑦 + 𝑦 2 ) − (𝑥 2 − 2𝑥𝑦 + 𝑦 2 ) = 𝑥 2 + 2𝑥𝑦 + 𝑦 2 − 𝑥 2 + 2𝑥𝑦 − 𝑦 2 = 4𝑥𝑦

8
Matemática

5.
a) Desenvolvendo o quadrado da soma de dois termos:
(𝑥 + 𝑦)2 = 𝑥 2 + 2𝑥𝑦 + 𝑦 2 = 𝑥 2 + 𝑦 2 + 2𝑥𝑦

Pelo enunciado, 𝑥 2 + 𝑦 2 = 60 e 𝑥𝑦 = 20. Logo,


(𝑥 + 𝑦)2 = 60 + 2 ∙ 20 → (𝑥 + 𝑦)2 = 60 + 40 → (𝑥 + 𝑦)2 = 100 → (𝑥 + 𝑦) = ±10

Porém, foi pedido somente o valor positivo. Assim, 𝑥 + 𝑦 = 10.

b) O termo central no desenvolvimento do quadrado da soma é “duas vezes o primeiro termo vezes o
30𝑎
segundo”. Como sabemos que o primeiro termo é 3𝑎, segue que 2 ∙ 3𝑎 ∙ ? = 30𝑎 → ? = →
6𝑎
? = 5. Assim, o segundo termo desse produto notável é 5, e as lacunas devem ser preenchidas
respectivamente por 5 e 25 (já que 52 = 25).

c) O primeiro e o último termos do trinômio quadrado perfeito são iguais ao quadrado do primeiro e ao
quadrado do segundo termo, respectivamente. Assim, se 4𝑥² é o o quadrado do primeiro termo,
então o primeiro termo é 2𝑥. Se 64 é o quadrado do segundo termo, então o segundo termo é 8.
Dessa forma, as lacunas devem ser preenchidas respectivamente com 2𝑥 e 32𝑥 (já que 2 ∙ 2𝑥 ∙ 8 =
32𝑥).

d) Dado que 25𝑥 2 = (5𝑥)2 , o primeiro termo desse trinômio é 5𝑥. Seja 𝑦 o valor do segundo termo.
30𝑥
Como 30𝑥 = 2 ∙ 5𝑥 ∙ 𝑦 → 𝑦 = 10𝑥 → 𝑦 = 3, que é o valor do segundo termo. Assim, devemos
somar 32 = 9 à expressão para transformá-la em um quadrado perfeito.

𝑥2 𝑥 2 𝑥
e) Dado que = (2) , o primeiro termo desse trinômio é 2. Seja 𝑦 o valor do segundo termo. Como
4
𝑥 7𝑥
7𝑥 = 2 ∙ 2 ∙ 𝑦 → 𝑦 = → 𝑦 = 7, que é o valor do segundo termo. Assim, devemos somar 72 =
𝑥
49 à expressão para transformá-la em um quadrado perfeito.

Exercícios de vestibulares

1. A
18𝑥²𝑦 8 = 6𝑥²𝑦 5 . 3𝑦³
36𝑥 9 𝑦 9 = 6𝑥²𝑦 5 . 6𝑥 7 𝑦 4
24𝑥³𝑦 5 = 6𝑥²𝑦 5 . 4𝑥

2. A
(4𝑥 + 𝑦)(4𝑥 − 𝑦) = (4𝑥)² − (𝑦)² = 16𝑥² − 𝑦²

3. B
𝑎𝑐 + 2𝑏𝑐 – 𝑎𝑑 – 2𝑏𝑑 = 𝑎(𝑐 − 𝑑) + 2𝑏(𝑐 − 𝑑) = (𝑎 + 2𝑏)(𝑐 − 𝑑)

9
Matemática

4. C
1 2 1 1 1 1
(𝑥 − ) = 𝑥² − 2. 𝑥. + = 3 ⇔ 𝑥² − 2 + = 3 ⇔ 𝑥² + =5
𝑥 𝑥 𝑥² 𝑥² 𝑥²

5. B
x + y = 13  (x + y)² = 169  x² + 2xy + y² = 169
x.y = 1
x² + 2 + y² = 169  x² + y² = 167

6. E
𝑥 2 −𝑦 2 𝑥 2 −2xy+𝑦 2 (𝑥+𝑦)(𝑥−𝑦) (𝑥−𝑦)²
· = · = (𝑥 − 𝑦)² =
𝑥+𝑦 𝑥−𝑦 𝑥+𝑦 𝑥−𝑦
= (1,25 − 0,75)² = (0,5)² = 0,25

7. B
𝑥²𝑦 + 𝑥𝑦² = 𝑥𝑦(𝑥 + 𝑦) = 12.8 = 96

8. D
(𝑥 – 𝑦)² – (𝑥 + 𝑦)² = 𝑥² − 2𝑥𝑦 + 𝑦² − 𝑥² − 2𝑥𝑦 − 𝑦² = −4𝑥𝑦

9. D
𝑥² + 6𝑥 + 9 (𝑥 + 3)² 𝑥+3
= =
𝑥² − 9 (𝑥 + 3)(𝑥 − 3) 𝑥 − 3

10. D
−1 −1
1 1 2 1 2 1 −1 𝑏² + 2𝑎𝑏 + 𝑎² 𝑎²𝑏²
(𝑎 –1 + 𝑏 –1 )–2 = (( + ) ) =( + + ) =( ) =
𝑎 𝑏 𝑎² 𝑎𝑏 𝑏² 𝑎²𝑏² (𝑎 + 𝑏)²

10
Matemática

Triângulos: cevianas e pontos notáveis

Objetivo
Compreender as características e propriedades das cevianas de um triângulo. Atribuir significados aos pontos
de encontro das cevianas de um triângulo.

Se liga
Para esta aula, é importante que você esteja a par das características gerais de um triângulo. Quer rever isso?
Clique aqui.

Curiosidade
O nome ceviana vem do engenheiro italiano Giovanni Ceva. Ele formulou o Teorema de Ceva, o qual estabelece
uma condição necessária e suficiente para que as três cevianas de um triângulo sejam todas concorrentes.
Quer ver um mapa mental sobre esse assunto sendo construído por um professor? Acesse aqui.

Teoria

Ceviana
Ceviana é qualquer segmento que parte de um vértice de um triângulo e corta o lado oposto a esse vértice ou
seu prolongamento. São exemplos de cevianas: mediana, altura e bissetriz.

Mediana
Mediana é uma ceviana que liga o vértice de onde ela parte ao ponto médio do lado oposto a esse vértice.

𝑆𝑒 𝐵𝑀 é 𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎𝑛𝑎, 𝑒𝑛𝑡ã𝑜 𝐴𝑀 = 𝑀𝐶

Baricentro
O baricentro é exatamente o ponto de encontro das medianas. É o centro de gravidade (ponto de equilíbrio)
do triângulo.

8
Matemática

Importante saber que se 𝐵𝐷 for uma mediana do triangulo temos algumas relações importantes:
𝐵𝐺 = 2𝐷𝐺
2
𝐵𝐺 = 𝐵𝐷
3
1
𝐷𝐺 = 𝐵𝐷
3

Observação: É importante ressaltar que um triângulo possui três medianas e a propriedade do baricentro
funciona com todas elas.

Altura
A altura é uma ceviana que parte de um vértice e faz 90° com o lado oposto ao mesmo ou a seu
prolongamento. Ou seja, ela é perpendicular ao lado oposto a esse vértice ou ao seu prolongamento. De cada
vértice do triângulo parte uma única altura.

𝑆𝑒 𝐵𝐻 é 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎, 𝑒𝑛𝑡ã𝑜 𝐵𝐻 ⊥ 𝐴𝐶

Ortocentro
O ortocentro é exatamente o ponto de encontro das três alturas desse triângulo, podendo pertencer ao exterior
do triângulo, ou até mesmo coincidir com um de seus vértices.

8
Matemática

Bissetriz
A bissetriz é uma ceviana que parte de um vértice do triângulo e que divide ao meio o ângulo referente a esse
vértice. Em um triângulo, de cada vértice parte uma única bissetriz. A bissetriz de um ângulo é uma reta que
está equidistante aos lados que formam esse ângulo.

𝑆𝑒 𝐵𝑃 é 𝑏𝑖𝑠𝑠𝑒𝑡𝑟𝑖𝑧, 𝑒𝑛𝑡ã𝑜 𝐴𝐵̂ 𝑃 = 𝐶𝐵̂ 𝑃

Incentro
O incentro é o ponto de encontros das três bissetrizes internas do triângulo.

O incentro também é o centro da circunferência inscrita nesse triângulo, pois equidista dos três lados. Repare
que 𝐷 é um dos pontos de tangência da circunferência com o triângulo.

Mediatriz
É a reta perpendicular a um determinado lado do triângulo e que passa por seu ponto médio (M).

𝐴𝑀 = 𝑀𝐶

8
Matemática

Circuncentro
Todo triângulo possui três mediatrizes que se encontram em um ponto denominado circuncentro,
simbolizado na figura pela letra 𝐶:

O circuncentro é equidistante dos vértices do triângulo, logo, é o centro da circunferência circunscrita ao


triângulo.

Informações importantes:
● No triângulo equilátero, os pontos notáveis são coincidentes.
● No triângulo isósceles, a altura relativa à base também é bissetriz, mediana e mediatriz.
● A Mediatriz não é dita ceviana, pois não necessariamente parte do vértice.

8
Matemática

8
Matemática

Exercícios de fixação
1. Em um parque de diversões há três estabelecimentos: um posto de primeiros socorros, uma barraca
de pipoca e um guichê para compra de ingressos. Deseja-se construir um banheiro de modo que ele
esteja a uma mesma distância desses três estabelecimentos. Considerando este um problema de
geometria plana, em que os estabelecimentos são representados por pontos e que construímos um
triângulo a partir desses três pontos, o ponto que satisfaz ao objetivo é o:

a) Ortocentro desse triângulo.


b) Incentro desse triângulo.
c) Circuncentro desse triângulo.
d) Baricentro desse triângulo.

2. Duas guaritas estão localizadas em um terreno no qual é desejado construir uma estrada retilínea e
pavimentada. O projeto estabelece que qualquer lugar estrada esteja sempre a uma mesma distância
das guaritas. Considerando este um problema de geometria plana, em que as guaritas são
representadas por pontos e a estrada por uma reta, a estrada é, em relação ao segmento que liga as
duas guaritas:

a) Sua bissetriz.
b) Sua mediana.
c) Sua altura.
d) Sua mediatriz.
e) Sua perpendicular.

8
Matemática

3. Um terreno triangular pertence a uma família e possui o formato triangular, como abaixo. É desejado
construir um poço de água que esteja a uma mesma distância de todos os lados do terreno.

Considerando este um problema de geometria plana, em que o poço é representado por um ponto,
podemos dizer que poço estará no:
a) Circuncentro do triângulo.
b) Incentro do triângulo.
c) Ortocentro do triângulo.
d) Ponto médio de um dos lados do triângulo.
e) Baricentro do triângulo.

4. O proprietário de terreno da questão acima faleceu, sendo necessário dividir o terreno tria1ngular entre
duas irmãs, de modo que elas recebam porções de terra de mesma área. É desejado que a divisão do
terreno seja feita por meio de uma cerca retilínea, a qual se inicia em algum dos vértices do terreno
(𝑉1 , 𝑉2 ou 𝑉3 ), como abaixo:

Considerando este um problema de geometria plana, em que a cerca é representada por um segmento
de reta, podemos dizer que a cerca representa nesse triângulo um(a):
a) Mediana.
b) Mediatriz.
c) Altura.
d) Bissetriz.
e) Ponto médio.

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Matemática

5. Duas estradas retilíneas se cruzam em um único ponto. É desejado construir um radar de velocidade
em algum lugar no espaço entre essas estradas, mas de modo que seja equidistante às duas estradas.
Considere este um problema de geometria plana, em que cada estrada é representada por uma reta.

Para que a condição acima seja atendida, o radar pode ser construído em qualquer:
a) Reta perpendicular a ambas as estradas.
b) Reta paralela a ambas as estradas.
c) Ponto pertencente à reta perpendicular que passa pela interseção das estradas.
d) Ponto pertencente à bissetriz de algum dos ângulos formados entre as estradas.

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Matemática

Exercícios de vestibulares

1. (Unesp, 2013) Um aluno precisa localizar o centro de uma moeda circular e, para tanto, dispõe apenas
de um lápis, de uma folha de papel, de uma régua não graduada, de um compasso e da moeda.

Nessas condições, o número mínimo de pontos distintos necessários de serem marcados na


circunferência descrita pela moeda para localizar seu centro é
a) 3
b) 2
c) 4
d) 1
e) 5

2. (Unitau, 1995) O segmento da perpendicular traçada de um vértice de um triângulo à reta suporte do


lado oposto é denominado:
a) Mediana
b) Mediatriz
c) Bissetriz
d) Altura
e) Base

3. (Unificado - RJ) Na figura a seguir, os pontos A, B e C representam as posições de três casas


construídas numa área plana de um condomínio. Um posto policial estará localizado num ponto P
situado à mesma distância das três casas. Em Geometria, o ponto P é conhecido pelo o nome de

a) Baricentro
b) Ortocentro
c) Circuncentro
d) Incentro
e) Ex-incentro

8
Matemática

4. No triangulo obtusângulo 𝑀𝑁𝑃 da figura, podemos afirmar que:

a) o baricentro se encontra na região externa do triângulo 𝑀𝑁𝑃.


b) o ortocentro se encontra na região externa do triângulo 𝑀𝑁𝑃.
c) o incentro se encontra na região externa do triângulo 𝑀𝑁𝑃.
d) o circuncentro se encontra na região interna do triângulo 𝑀𝑁𝑃.

5. (UFES) Um dos ângulos internos de um triângulo isósceles mede 100°. Qual é a medida do ângulo
agudo formado pelas bissetrizes dos outros ângulos internos?
a) 20°
b) 40°
c) 60°
d) 80°
e) 140°

6. (FGV) Na figura, ̅̅̅̅


𝐴𝑁 e ̅̅̅̅̅
𝐵𝑀 são medianas do triângulo 𝐴𝐵𝐶. Se ̅̅̅̅̅
𝐵𝑀 é igual a 12 𝑐𝑚, a medida do
̅̅̅̅̅
segmento 𝐺𝑀 é igual a:

a) 10
b) 9
c) 8
d) 6
e) 4

8
Matemática

7. (Unicamp, 2019) No triângulo 𝐴𝐵𝐶 exibido na figura a seguir, 𝐴𝐷 é a bissetriz do ângulo interno em 𝐴, e
𝐴𝐷 = 𝐷𝐵. O ângulo interno em 𝐴 é igual a

a) 60°
b) 70°
c) 80°
d) 90°

8. (Ifal, 2012) Considere um triângulo ABC cuja base ̅̅̅̅


𝐴𝐵 mede 27 dm. Traçando-se uma reta “t”, paralela
à base, ela determina sobre os lados 𝐴𝐶 𝑒 𝐵𝐶 , respectivamente, os pontos D e E. Sabe-se que ̅̅̅̅
̅̅̅̅ ̅̅̅̅ 𝐷𝐶 mede
14 dm, 𝐵𝐸̅̅̅̅ mede 8 dm e ̅̅̅̅
𝐷𝐸 mede 18 dm.
Assinale a alternativa verdadeira.
a) O triângulo ABC é equilátero, logo, ele pode ser inscrito em uma circunferência.
b) O triângulo ABC é um polígono regular, logo, ele pode ser inscrito em uma circunferência.
c) O triângulo ABC é escaleno, mesmo assim ele pode ser inscrito em uma circunferência.
d) O raio da circunferência circunscrita ao triângulo ABC mede 9√3 dm.
e) O apótema da circunferência circunscrita ao triângulo ABC mede 4,5√3 dm.

8
Matemática

9. No triangulo 𝐴𝐵𝐶 abaixo, temos ̅̅̅̅̅ ̅̅̅̅̅, 𝐵𝐴̂𝑃 = 𝑃𝐴̂𝐶 e ̅̅̅̅


𝐵𝑀 = 𝐶𝑀 ̅̅̅̅ e os pontos 𝑀, 𝑃 e 𝐻
𝐴𝐻 perpendicular à 𝐵𝐶
não são coincidentes.

I. ̅̅̅̅̅
𝐴𝑀 é uma mediana e ̅̅̅̅ 𝐴𝐻 e uma altura
II. ̅̅̅̅ é uma mediatriz
𝐴𝑃
III. ̅̅̅̅
𝐴𝑃 é uma bissetriz
IV. ̅̅̅̅ ̅̅̅̅̅ é uma mediatriz
𝐴𝐻 é uma altura e 𝐴𝑀

Podemos afirmar que:


a) II e IV são verdadeiras.
b) I e III são verdadeiras.
c) I e II são verdadeiras.
d) III e IV são verdadeiras.
e) II e III são verdadeiras.

10. (UFC, 2002) Na figura a seguir, temos dois triângulos equiláteros 𝐴𝐵𝐶 e 𝐴’𝐵’𝐶’ que possuem o mesmo
baricentro, tais que 𝐴𝐵//𝐴′𝐵′, 𝐴𝐶//𝐴′𝐶′ e 𝐵𝐶//𝐵′𝐶′. Se a medida dos lados de 𝐴𝐵𝐶 é igual a 3√3 e a
distância entre os lados paralelos mede 2 𝑐𝑚, então, a medida das alturas de 𝐴’𝐵’𝐶’ é igual a

a) 11,5
b) 10,5
c) 9,5
d) 8,5
e) 7,5

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8
Matemática

Gabaritos

Exercícios de fixação
1. C
O ponto que é equidistante a todos os outros é o circuncentro. O circuncentro é o centro da circunferência
circunscrita ao triângulo (por isso o seu nome). Desse modo, essa circunferência passa pelos três
vértices do triângulo (os primeiros socorros, a pipoca e os ingressos). Assim, a distância de todos esses
vértices ao centro dessa circunferência será a mesma e medirá exatamente o raio 𝑅 desta circunferência.

2. D
A mediatriz é perpendicular ao segmento limitado pelas guaritas e passa pelo ponto médio, bem no meio,
deste segmento. Por conta de sua perpendicularidade, todos os pontos contidos na mediatriz são
equidistantes dos extremos do segmento ligando as guaritas.

3. B
O incentro (encontro das bissetrizes) do triângulo coincide com o centro da circunferência inscrita a esse
triângulo (por isso o seu nome). Assim, o círculo inscrito tangencia os lados do triângulo e todos eles
estarão a uma distância 𝑟 (raio) do poço.

4. A
Quando traçamos a mediana de um triângulo, ela o divide em dois triângulos de mesma área, uma vez
que serão triângulos de mesma base (cada uma medindo metade da original) e mesma altura (já que o
vértice oposto às bases é o mesmo). Assim, essa é a nossa resposta. (Ao lado, os triângulos roxo e bege
têm mesma área).

8
Matemática

Pensando além: se traçamos as três medianas, elas se intercpetam no baricentro e o triângulo original é
dividido em seis de mesma área. É por isso que usamos esse nome, baricentro, já que ele corresponde
ao centro de massa do triângulo (bari = peso).

5. D
A bissetriz é a reta que divide um dado ângulo ao meio. Consequentemente, ao tomarmos um ponto
qualquer dessa bissetriz, ele sempre estará a uma mesma distância dos lados que formaram aquele
ângulo.

Exercícios de vestibulares
1. A
Marcando 3 pontos na circunferência, determinamos os vértices de um triângulo inscrito na mesma. O
centro da moeda é o circuncentro do triângulo obtido.

2. D
O segmento descrito é a altura. Ela é uma ceviana que parte de um vértice e faz 90° com o lado oposto
ao mesmo ou a seu prolongamento.

3. C
O circuncentro é equidistante dos vértices do triângulo, logo, é o centro da circunferência circunscrita ao
triângulo. Como as casas estão nos vértices do triângulo, logo, P é circuncentro.

4. B
Todo triângulo obtusângulo possui ortocentro na região externa do triângulo.

5. B
O triângulo isósceles tem 2 ângulos com a mesma medida.
𝑥 + 𝑥 + 𝑦 = 180º
O ângulo de 100º só pode ser y, pois se for x, só os 2x dariam 200 graus, e sabemos que os 3 somados têm que
dar 180.
𝑥 + 𝑥 + 100 = 180
2𝑥 = 180 − 100
2𝑥 = 80
𝑥 = 40°
Bissetriz é a ceviana que divide o ângulo no meio, então a bissetriz de um ângulo de 40º divide-o em 2 ângulos
de 20°. As duas bissetrizes se encontram no interior do triângulo, formando 4 ângulos: 2 agudos e 2 obtusos. O
problema quer saber o valor dos agudos.

De início só temos como calcular o valor do ângulo obtuso, pois ele forma com as bissetrizes um novo triângulo
(é o que está pintadinho na imagem em anexo).
20 + 20 + 𝑎 = 180
40 + 𝑎 = 180

8
Matemática

𝑎 = 180 − 40
𝑎 = 140°
a e b estão sobre a mesma reta. São ângulos suplementares. a é o obtuso, de 140º b é seu suplementar:
180 − 140 = 40°

6. E
1 12
Pelo teorema do baricentro, 𝐺𝑀 mede do segmento 𝐵𝑀. Ou seja, 𝐺𝑀 = = 4.
3 3

7. C
1
Temos que AD = DB, então 𝐷𝐴̂𝐵 = 𝐷𝐵̂ 𝐴 , como AD é bissetriz do ângulo BÂC, então 𝐷𝐵̂ 𝐴 = 𝐵Â𝐶,
2
portanto
1
60° + 𝐵Â𝐶 + 𝐵Â𝐶 = 180°
2
3𝐵Â𝐶
= 120°
2
𝐵Â𝐶 = 80°

8. C
O triângulo ABC é escaleno, pois possuem medidas diferentes e qualquer triângulo pode ser inscrito
numa circunferência. O centro dessa circunferência é o circuncentro do triângulo, ou seja, o ponto de
encontro das mediatrizes dos lados.

9. B
• Já que BM = CM, então AM é uma mediana. Como AH é perpendicular a BC, então AH é altura do
triângulo ABC. Alternativa I verdadeira.
• AP não é mediatriz pois não passa pelo ponto médio do segmento AC, que é o ponto M. Alternativa
II falsa.
• AP é uma bissetriz pois BÂP = PÂC. Alternativa III verdadeira.
• AH é uma altura, mas AM não é mediatriz por não ser perpendicular ao lado AC Alternativa IV falsa.

10. B
Seja G o baricentro dos dois triângulos. Como a medida dos lados de ABC é 3√3, temos que sua altura é
dada por:
l√3 3√3 ∙ √3 9
= =2
2 2

Além disso, usaremos a propriedade que nos diz que o baricentro divide a altura em uma proporção 1: 2.
1 9 3
Assim, o segmento GD abaixo mede ∙2 = 2.
3

1
Agora, podemos perceber que GD’ é equivale a da altura de A’B’C’. Como sabemos que DD’ = 2 cm,
3
temos que:
̅̅̅̅̅ 3 7
𝐺𝐷′ = + 2 =
2 2
Por fim:
7 𝐻 21
= ⇒𝐻= = 10,5
2 3 2

8
Matemática

Triângulos: condição de existência, lei angular e classificações

Objetivo
Aprender a condição de existência de um triângulo, suas leis e como classificá-lo quanto aos lados e quanto
aos ângulos.

Se liga
Para essa aula, será importante lembrar da aula de introdução à geometria plana, principalmente no que diz
respeito aos ângulos.

Curiosidade
Você sabia que a fórmula da área do triângulo vem da fórmula da área do paralelogramo? Isso mesmo, a área
do paralelogramo é dada por “base x altura”, mas se você traçar uma diagonal em um paralelogramo, você
terá dois triângulos idênticos de mesma base, mesma altura e com metade da área. Por isso a fórmula da
área do triângulo é “(base x altura) / 2”

Teoria

Um triângulo é uma figura geométrica construída a partir de três pontos distintos não colineares e segmentos
de reta que os ligam.

Na figura acima, temos que A, B e C são chamados de vértices e os segmentos 𝐴𝐵, 𝐵𝐶 𝑒 𝐶𝐴 são os lados.
Temos também os ângulos internos 𝐴̂, 𝐵̂ 𝑒 𝐶̂ . Diz-se também que os lados 𝐵𝐶 , 𝐶𝐴 𝑒 𝐴𝐵 e os ângulos 𝐴̂, 𝐵̂ 𝑒 𝐶̂
são, respectivamente, opostos.

Condição de existência
A condição de existência de um triângulo é:
Num triângulo ABC, qualquer lado é menor que a soma dos outros dois e maior que o módulo da diferença,
ou seja, considerando a, b e c os lados do triângulo:
|𝑏 − 𝑐| < 𝑎 < 𝑏 + 𝑐
|𝑎 − 𝑐| < 𝑏 < 𝑎 + 𝑐
|𝑎 − 𝑏| < 𝑐 < 𝑎 + 𝑏
Note que o triângulo de lados 5, 12 e 13 satisfaz a condição de existência (comparando com a fórmula anterior
a = 5, b = 12 e c= 13):

8
Matemática

|12 − 13| < 5 < 12 + 13 = |−1| < 5 < 25 = 1 < 5 < 25


|5 − 13| < 12 < 5 + 13 = |−8| < 12 < 18 = 8 < 12 < 18
|5 − 12| < 13 < 5 + 12 = | − 7| < 13 < 17 = 7 < 13 < 17

Portanto, é possível existir um triângulo de lados 5, 12 e 13.

No entanto, se os lados fossem 5, 1 e 7, teríamos:


|5 − 1| < 7 < 5 + 1
4<7<6

Como essa desigualdade é falsa, não podemos construir um triângulo cujos lados medem 1, 5 e 7. Ou seja,
isso implica em um triângulo que não “fecha”:

Lei angular
Considere o triângulo abaixo:

Nele, temos que 𝛼 (𝑎𝑙𝑓𝑎), 𝛽 (𝑏𝑒𝑡𝑎) 𝑒 𝛾 (𝑔𝑎𝑚𝑎) são ângulos internos do triângulo. A lei angular dos triângulos
diz que a soma dos ângulos internos de um triângulo qualquer vale 180°. Nesse caso, 𝛼 + 𝛽 + 𝛾 = 180°.
Ou seja, a lei angular vale para qualquer tipo de triângulo. Temos também que o maior lado é oposto ao maior
ângulo. Do mesmo modo, o menor lado é oposto ao menor ângulo, por exemplo, se num triângulo ABC, 𝐶𝐴 >
𝐵𝐶 então 𝐵̂ > 𝐴̂ .

Teorema do ângulo externo


Observe o triângulo abaixo:

8
Matemática

Temos que 𝜃, 𝜆 𝑒 𝜀 são chamados de ângulos externos do triângulo e o teorema do ângulo externo diz que um
ângulo externo tem a mesma medida que a soma de dois ângulos internos não adjacentes (ou seja, o que não
está ao lado dele). Nesse triângulo, temos que:

𝜃 =𝛽+𝛾
{𝜆 = 𝛼 + 𝛽
𝜀 =𝛾+𝛼

Por que isso vale?


Observe que 𝜃 e 𝛼 são suplementares, ou seja, 𝜃 + 𝛼 = 180° ⇒ 𝜃 = 180° − 𝛼.
Vimos na lei angular que 𝛼 + 𝛽 + 𝛾 = 180°. Então, podemos substituir 180° pela soma dos ângulos internos.

𝛼 + 𝛽 + 𝛾 = 180°
} 𝜃 =𝛼+𝛽+𝛾−𝛼 =𝛽+𝛾
𝜃 = 180° − 𝛼

Observe que se somarmos as 3 equações, obtemos

𝜃 =𝛽+𝛾
{𝜆 = 𝛼 + 𝛽
𝜀 =𝛾+𝛼
𝜃+𝜆+𝜀 = 𝛽+𝛾+𝛼+𝛽+𝛾+𝛼
𝜃 + 𝜆 + 𝜀 = 2𝛼 + 2𝛽 + 2𝛾
𝜃 + 𝜆 + 𝜀 = 2 ∙ (𝛼 + 𝛽 + 𝛾)

Pela lei angular, temos que 𝛼 + 𝛽 + 𝛾 = 180°

𝜃 + 𝜆 + 𝜀 = 2 ∙ 180°
𝜃 + 𝜆 + 𝜀 = 360º

Ou seja, a soma dos ângulos externos de um triângulo qualquer é igual a 360º.

Classificação do triângulo
Quanto aos lados
Equilátero: Apresenta os três lados congruentes (iguais).

8
Matemática

Isósceles: Apresenta os dois lados congruentes (e ângulos da base iguais).

Escaleno: Apresenta os três lados diferentes entre si.

Exemplo: Classifique os triângulos abaixo quanto aos lados:

a) b) c)

Em a) temos um triângulo equilátero, pois possui todos os lados iguais a 3. Em b) temos um triângulo
isósceles, pois possui apenas 2 lados iguais. Em c) temos um triângulo escaleno, pois os 3 lados são
diferentes entre si.
OBS:
Um triângulo equilátero também é equiângulo, pois possui todos os ângulos internos iguais a 60°.

8
Matemática

Em um triângulo isósceles, o lado que possui medida diferente é chamado de base. E se um triângulo possui
dois lados iguais, ele também tem os dois ângulos da base iguais. E todo triângulo equilátero é também
triângulo isósceles. O perímetro de um triângulo é calculado pela soma de seus lados.

Quanto aos ângulos


Retângulo: Possui um ângulo interno de 90 graus (reto) e dois ângulos agudos.

Acutângulo: Possui três ângulos internos agudos (menor que 90 graus).

Obtusângulo: Possui um ângulo obtuso (maior que 90 graus) e dois ângulos agudos.

Exemplo: Classifique os triângulos abaixo quanto aos ângulos:

8
Matemática

a) b) c)

Temos em a) um triângulo retângulo, pois possui um ângulo de 90°. Em b) temos um triângulo acutângulo,
pois possui três ângulos internos agudos (menor que 90 graus). Em c) temos um triângulo obtusângulo,
pois possui um ângulo obtuso (maior que 90 graus) e dois ângulos agudos.

Observe que no exemplo a) temos um triângulo retângulo com os outros ângulos iguais a 45º. Logo, esse
triângulo também é isósceles. Portanto, temos um triângulo retângulo isósceles nesse caso.
Além disso, no triângulo retângulo, o lado oposto ao ângulo de 90º é chamado de hipotenusa e os outros
dois são chamados de catetos.

8
Matemática

Exercícios de fixação

1. Considere dois triângulos em que o primeiro possui um ângulo de 120° e o segundo possui três lados
iguais. As classificações respectivamente corretas para esses triângulos são:
a) Retângulo e isósceles
b) Retângulo e equilátero
c) Obtusângulo e escaleno
d) Obtusângulo e equilátero

2. De acordo com as classificações quanto aos lados, um triângulo não é escaleno quando, e apenas
quando, ele
a) é isósceles.
b) é isósceles, mas não é equilátero.
c) não é isósceles.
d) não é equilátero, nem é isósceles.

3. Diga se a afirmativa a seguir é correta ou incorreta.


Se um triângulo tem lados medindo 16cm e 8cm, então, o terceiro lado pode medir 6 cm.

4. Sobre as propriedades e características de triângulos, marque a alternativa correta:


a) A soma dos ângulos externos de um triângulo qualquer é igual a 180º.
b) Todos os ângulos internos de um triângulo equilátero são iguais a 60º.
c) Um triângulo retângulo não pode ser isósceles.
d) Quando um triângulo tem dois ângulos iguais é chamado de escaleno.

5. Assinale a alternativa que apresenta valores de segmentos de reta que NÃO podem formar um
triângulo:
a) 5, 10, 9
b) 8, 10, 14
c) 3, 7, 12
d) 3, 4, 5

8
Matemática

Exercícios de vestibulares

1. (Enem, 2018) O remo de assento deslizante é um esporte que faz uso de um barco e dois remos do
mesmo tamanho. A figura mostra uma das posições de uma técnica chamada afastamento.

Nessa posição, os dois remos se encontram no ponto A e suas outras extremidades estão indicadas
pelos pontos B e C. Esses três pontos formam um triângulo ABC cujo ângulo BÂC tem medida de 170°.
O tipo de triângulo com vértices nos pontos A, B e C, no momento em que o remador está nessa
posição, é
a) retângulo escaleno.
b) acutângulo escaleno.
c) acutângulo isósceles.
d) obtusângulo escaleno.
e) obtusângulo isósceles.

2. (Mackenzie - 2018)

O triângulo 𝑃𝑀𝑁 acima é isósceles de base 𝑀𝑁. Se p, m e n são os ângulos internos do triângulo, como
representados na figura, então podemos afirmar que suas medidas valem, respectivamente,
a) 50°,  65°,  65°
b) 65°,  65°,  50°
c) 65°,  50°,  65°
d) 50°,  50°,  80°
e) 80°,  80°,  40°

8
Matemática

3. (Uece, 2014) No triângulo OYZ, os lados OY e OZ têm medidas iguais. Se W é um ponto do lado OZ tal que os
segmentos YW, WO e YZ têm a mesma medida, então, a medida do ângulo YÔZ é
a) 46°
b) 42°
c) 36°
d) 30°

4. (Enem, 2014) Uma criança deseja criar triângulos utilizando palitos de fósforo de mesmo comprimento.
Cada triângulo será construído com exatamente 17 palitos e pelo menos um dos lados do triângulo
deve ter o comprimento de exatamente 6 palitos. A figura ilustra um triângulo construído com essas
características.

A quantidade máxima de triângulos não congruentes dois a dois que podem ser construídos é
a) 3
b) 5
c) 6
d) 8
e) 10

5. ̂ 𝐹 mede 80º,
(Fuvest, 2001) Na figura abaixo, tem-se que 𝐴𝐷 = 𝐴𝐸 , 𝐶𝐷 = 𝐶𝐹 e 𝐵𝐴 = 𝐵𝐶. Se o ângulo 𝐸𝐷
então o ângulo 𝐴𝐵̂ 𝐶 mede:

a) 20º
b) 30º
c) 50º
d) 60º
e) 90º

8
Matemática

6. (Fuvest, 1981) Na figura: AB = BD = CD. Então

a) 𝑦 = 3𝑥
b) 𝑦 = 2𝑥
c) 𝑥 + 𝑦 = 180°
d) 𝑥 = 𝑦
e) 3𝑥 = 2𝑦

7. (Cefet-SC, 2008) Num triângulo isósceles, cada ângulo da base mede o dobro da medida do ângulo do
vértice. A medida do ângulo do vértice é:
a) 36°
b) 72°
c) 50°
d) 40°
e) 80°

8. (UFMG, 1997) Observe a figura.

Nela, a, 2a, b, 2b, e x representam as medidas, em graus, dos ângulos assinalados. O valor de x, em
graus, é:
a) 100
b) 110
c) 115
d) 120
e) 130

8
Matemática

9. (UFU-MG, 2004) Na figura abaixo, o ângulo x em graus pertence a qual intervalo?

a) [0,15]
b) [15,20]
c) [20,25]
d) [25,30]
e) [30,35]

10. (Mackenzie, 2003) Na figura, 𝐴𝐵 = 𝐴𝐶 e 𝐶𝐸 = 𝐶𝐹. A medida de β é:

a) 90°
b) 120°
c) 110º
d) 130°
e) 140°

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8
Matemática

Gabaritos

Exercícios de fixação
1. D
O Primeiro triângulo possui um ângulo de 120 graus, ou seja, um ângulo obtuso. Isso torna esse triângulo
um Triângulo Obtusângulo. O Segundo triângulo possui os três lados iguais, ou seja, ele só pode ser um
triângulo equilátero.

2. A
Devemos ter atenção pois a questão quer saber quando o triângulo não é escaleno. Por definição, o
triângulo escaleno possui os 3 lados diferentes, então basta que dois de seus lados sejam iguais para
que ele NÃO seja escaleno. Então, um triângulo não é escaleno apenas quando ele é isóscele. Portanto,
alternativa A. Observação: o triângulo equilátero não é escaleno, mas todo triângulo equilátero também
é um triângulo isósceles, então a afirmativa acima continua valendo.

3. Errada.
Medida do lado maior: 16cm. Soma dos lados menores: 8 cm + 6 cm = 14cm. 16cm > 14cm → a medida
do lado maior não é menor que a soma dos lados menores. A condição de existência não é satisfeita.
Portanto, é incorreta, já que o terceiro lado não pode medir 6cm.

4. B
Temos que um triângulo equilátero também é equiângulo, logo, possui todos os ângulos internos iguais
e esses ângulos medem 60º.

5. C
Temos que com 3, 7, 12 não podemos formar um triângulo, pois ao fazermos a condição de existência,
temos
|𝒃 − 𝒄| < 𝒂 < 𝒃 + 𝒄
|𝟕 − 𝟑| < 𝟏𝟐 < 𝟕 + 𝟑
𝟒 < 𝟏𝟐 < 𝟏𝟎

E 12 não é menor que 10, portanto, a condição de existência não é satisfeita, logo, esse triângulo não
pode existir.

Exercícios de vestibulares
1. E
Como ̅̅̅̅ ̅̅̅̅ , temos que o triângulo é isósceles. Como BÂC = 170º, o triângulo é obtusângulo.
𝐴𝐵 = 𝐴𝐶

2. A
𝑛 = 180° − 115° ⇒ 𝑛 = 65°
𝑃𝑀 = 𝑃𝑁 ⇒ 𝑚 = 65°

Logo,
𝑝 = 180° − 2 ⋅ 65° = 50°

3. C
A medida do ângulo YOZ é 36º.
Como os lados OY e OZ possuem medidas iguais, então podemos afirmar que o triângulo OYZ é isóscele. Vamos
considerar que os ângulos da base são iguais a x.
Sabemos que a soma dos ângulos internos é igual a 180º. Então, a medida do ângulo YOZ é igual a 180° − 2𝑥.
O triângulo YWZ também é isóscele, sendo que os ângulos YWZ e YZW são iguais a x e o ângulo WYZ é igual a
180° − 2𝑥.
Como o ângulo OYZ mede x, então o ângulo OYW mede 𝑥 − 180° + 2𝑥 = 3𝑥 − 180°.

8
Matemática

Se WO = YW, então os ângulos YOZ e OYW são iguais. Assim, temos a seguinte equação:
180° − 2𝑥 = 3𝑥 − 180°
3𝑥 + 2𝑥 = 180° + 180°
5𝑥 = 360°
𝑥 = 72°
Portanto, podemos concluir que a medida do ângulo YOZ é igual a: 180° − 2 ⋅ 72 = 36°.

4. A
Sabemos que um dos lados tem 6 palitos, tomando a e b como as quantidades de palitos em cada um
dos outros dois lados do triângulo. Poderíamos ter:
1) 1 – 10
2) 2 – 9
3) 3 – 8
4) 4 – 7
5) 5 – 6
Porém, apenas 3 desses satisfazem a condição de existência de um triângulo. Então, só poderia ser
1) 3 – 8
2) 4 – 7
3) 5 – 6

6-6-5;7-6-4;8-6-3

5. A
Observe a figura:

Sendo o triângulo ABC isósceles (AB = BC), os ângulos da base AC têm a mesma medida α. Os triângulos
ADE e DCF são semelhantes porque são isósceles e possuem os ângulos dos vértices congruentes, logo
os ângulos de suas bases também são congruentes e medem δ. Analisando a figura ao lado, conclui-se
que:
𝐴𝐷𝐸 + 𝐸𝐷𝐹 + 𝐹𝐷𝐶 = 180
2𝛿 + 80 = 180
2𝛿 = 100
𝛼 = 80
2 𝛼 = 160
𝛽 = 20

6. A
No triângulo ABD, AD = BD, então os ângulos 𝐵𝐴̂𝐷 = 𝐴𝐷̂ 𝐵 = 𝑥. Então, 𝐶𝐵̂ 𝐷 = 𝑥 + 𝑥 = 2𝑥. E como CD =
AD, então, no triângulo BCD, 𝐵𝐶̂ 𝐷 = 𝐶𝐵̂ 𝐷 = 2𝑥.
Como a soma dos ângulos internos de um triângulo é igual a 180°, temos que no triângulo CBD
2𝑥 + 2𝑥 + 𝐶𝐷̂ 𝐵 = 180°
𝐶𝐷̂ 𝐵 = 180° − 4𝑥

Logo,
̂ 𝐵 + 𝐶𝐷
𝐴𝐷 ̂ 𝐵 + 𝑦 = 180°

8
Matemática

𝑥 + 180° − 4𝑥 + 𝑦 = 180°
𝑦 = 3𝑥

7. A
Como é um triângulo isósceles, possui os ângulos da base iguais. Seja A, a medida do ângulo do vértice,
então os ângulos da base B = C = 2A, logo
𝐴 + 𝐵 + 𝐶 = 180°
𝐴 + 2𝐴 + 2𝐴 = 180°
5𝐴 = 180°
𝐴 = 36°

8. D
Sabemos que x é igual 2a + 2b, pois x é ângulo externo do triângulo que possui os ângulos 2b (oposto
pelo vértice) e 2ª.
𝑥 = 2𝑎 + 2𝑏
𝑥 = 2(𝑎 + 𝑏)

Sabemos também que a+b+x=180, pois são ângulos de um triângulo. Agora, substituímos o valor que
encontramos de y na primeira, e colocamos nessa:
𝑎 + 𝑏 + 𝑥 = 180
𝑎 + 𝑏 + 2(𝑎 + 𝑏) = 180
𝑎 + 𝑏 + 2𝑎 + 2𝑏 = 180
3𝑎 + 3𝑏 = 180

simplificamos por 3:
a + b = 60

Voltando na formula acima:


𝑥 = 2(𝑎 + 𝑏)
𝑥 = 2 ∙ 60
𝑥 = 120.

9. B
1º triângulo:
𝑦 + 3𝑥 + 4𝑥 = 180
𝑦 + 7𝑥 = 180
𝑦 = 180 − 7𝑥

2º triângulo:
𝑦 + 𝑧 + 5𝑥 = 180
como 𝑦 = 180 − 7𝑥, então:
180 − 7𝑥 + 𝑧 + 5𝑥 = 180
𝑧 = 2𝑥

3º triângulo:
𝑧 + 6𝑥 + 2𝑥 = 180
2𝑥 + 6𝑥 + 2𝑥 = 180
10𝑥 = 180
𝑥 = 18°

10. B
Observe a figura:

8
Matemática

O triângulo CEF é isósceles, pois CE = CF. Logo, 𝐵Ê𝐷 = 𝐶Ê𝐹 = 𝐶𝐹𝐸 = 40. Como ACB é externo ao
triângulo CEF, temos 𝐴𝐶𝐵 = 40 + 40 = 80 graus.
O triângulo ABC é isósceles, pois AB = AC. Logo, ABC = ACB = 80. Como β é externo ao triângulo BDE,
temos 𝛽 = 40 + 80 = 120 graus.

8
Português

Palavras invariáveis: advérbios (continuação)


Objetivo
Conhecer os advérbios e suas funções e perceber como eles atuam na progressão e estruturação textual.

Curiosidade
Os advérbios são essenciais para nos expressarmos, pois eles funcionam como modalizadores do discurso,
ajudando, assim, a projetar nosso ponto de vista.

Teoria

Veja a tirinha a seguir:

Disponível em: facebook.com/tirasarmandinho

No segundo quadrinho, Armandinho fala “Existem problemas de visão muito piores…”. A palavra “muito”,
nesse caso, é um advérbio de intensidade, pois é um termo invariável que acompanha um adjetivo. Repare,
também, que o advérbio é um termo dispensável à estrutura da frase (chamado “termo acessório”), já que, se
fosse retirado da estrutura frasal, não haveria prejuízo na organização sintática. No entanto, o sentido seria
prejudicado, por conta de os advérbios serem semanticamente importantes.

No terceiro quadrinho, aparece a palavra “muita”. Nesse caso, não podemos dizer que se trata, também, de
um advérbio de intensidade, pois, além de estar flexionado em gênero, está acompanhando um substantivo.
Trata-se, então, de um pronome adjetivo (veremos com mais detalhes quando chegarmos em “pronomes”).

1
Português

Semântica
Como vimos acima, os advérbios e locuções adverbiais têm importância semântica, ou seja, são relevantes
para a construção de sentido do discurso. Por isso, listaremos, aqui, alguns dos principais valores semânticos
(circunstâncias) que eles podem desempenhar:
● Tempo – hoje, amanhã, à noite, ao longo do tempo, nunca, atualmente etc.
● Modo – em geral, mal, rapidamente, calmamente, às pressas etc.
● Afirmação – certamente, sim, com certeza, sem dúvidas, de fato etc.
● Dúvida – talvez, provavelmente, quiçá, possivelmente etc.
● Negação – não, nunca, de forma alguma etc.
● Lugar – aqui, de perto, à direita, à esquerda, no parque etc.
● Intensidade – muito, bastante, demasiadamente, pouco, meio, apenas etc.

ATENÇÃO!
É comum que os advérbios de modo sejam formados pelo sufixo “-MENTE”. No entanto, é importante perceber
que nem todo advérbio terminado em “mente” será de modo, assim como existem, também, advérbios de
modo que não são terminados em “mente” (como podemos ver nos exemplos acima). Por isso, devemos
sempre estar atentos ao contexto da frase.

Advérbios interrogativos
Esses advérbios são utilizados em interrogações diretas ou indiretas em relação às circunstâncias de tempo,
modo, lugar e causa. São eles: quando, como, onde, aonde, por que.
Ex.: Como foram na prova?
Perguntaram onde estive.
Não sabia por que choravam.

Advérbio x adjetivo
É importante que tenhamos atenção para não confundir locuções adverbiais com locuções adjetivas. Em
primeiro lugar, é necessário destacar que a locução adjetiva só se liga a substantivos (assim como o adjetivo),
já a locução adverbial se liga a verbos, adjetivos e advérbios. Veja os exemplos:

Guido passeia na praia. (= locução adverbial de lugar, pois se liga ao verbo “passeia”)
O passeio na praia foi divertido. (= locução adjetiva, pois se liga ao substantivo “passeio”)

Bruna chegou de casa. (= locução adverbial de lugar)


O trabalho de casa estava complicado. (= locução adjetiva)

Como já foi visto, o uso de advérbios em músicas é bastante comum. Vamos analisar mais um caso? O trecho
que veremos, a seguir, com certeza marcou a infância e juventude de muitas gerações.
“Quando você passa (Turu-turu)”, Sandy e Júnior.

[...]
Nem estou dormindo mais
Já não saio com os amigos
Sinto falta dessa paz
Que encontrei no seu sorriso

2
Português

Qualquer coisa entre nós


Vem crescendo pouco a pouco
E já não nos deixa sós
Isso vai nos deixar loucos
[...]

Advérbio “Nem” “Mais” “Já” “Não” “Com os “No seu “Pouco a


amigos” sorriso” pouco”
Valor Negação Tempo Tempo Negação Companhia Lugar Modo
semântico

Obs.: A palavra “sós” pode ser advérbio ou adjetivo. Quando for advérbio, é invariável, sendo sinônima de
somente. A locução adverbial “a sós” também é invariável, sendo sinônima de “sem mais companhia”.
Quando adjetivo, pode ser flexionada em número (singular e plural), sendo sinônima de “sozinho”. No
penúltimo verso transcrito da música, a palavra “sós” é adjetivo. Como saber? Só trocar o pronome “nos”
(plural) pelo “me” (singular) que percebemos a variação em número “E já não me deixa só”.

Estilística
Outro caso importante, além dos que vimos anteriormente, é que o advérbio pode modificar toda uma oração.
Nesses casos, ele aparece, geralmente, destacado no início, no meio ou no fim da oração, separado por uma
pausa, marcada na escrita por vírgula. Por exemplo:
Todos vieram, felizmente.
Os alunos, certamente, irão comparecer à reunião.

Concorrendo na frase mais de um advérbio terminado em “–mente”, é possível e usual o emprego desse
sufixo apenas no último; a menos que, por ênfase, prefira-se a repetição/eco. Veja os exemplos:
Estávamos calma, tranquilamente, aguardando a solução do caso.

“Que brilhe a correção dos alabastros


Sonoramente, luminosamente” (Cruz e Sousa)

3
Português

Exercícios de fixação

1. Assinale a alternativa em que há um advérbio de afirmação:


a) Amanhã iremos à praia.
b) Indubitavelmente, o país precisa de reformas.
c) Talvez seja melhor conferir o horário.

2. Indique qual é a locução adverbial na frase “os alunos fizeram os deveres de aula na sala”.

3. Em “mal olhou e já disse que não queria”, o advérbio sublinhado atribui circunstância de:
a) Negação
b) Tempo
c) Modo

4. Na frase “Ricardo fechou a porta demorada e calmamente”, temos:


a) 1 advérbio
b) 2 advérbios
c) Nenhum advérbio

5. (PUC-RJ, 2018) É interessante observar como na história das ideias e dos saberes algumas noções ou
definições parecem intocáveis, melhor dizendo, têm uma vitalidade histórica contínua, apesar das
rupturas epistemológicas que ocorreram no campo das ciências naturais e humanas, especialmente
neste nosso século. Ainda hoje prevalece a representação corpórea e sexualizada da mulher em
oposição à representação cerebral e racionalizada do homem. Apesar de esta dicotomia não ser restrita
aos espaços de produção do conhecimento científico, as dicotomias de gênero, fundadas na diferença
sexual, têm uma história que se enraíza no processo de constituição dos saberes médico e científico
sobre estas diferenças. Na verdade, acostumamo-nos com a representação corpórea e sexualizada da
mulher através do sutil mecanismo ideológico da naturalização. Evidentemente não se trata de negar as
diferenças sexuais, nem a corporalidade, mas sim de questionar a naturalização destas representações
e explicitar seu conteúdo ideológico. Expressões como “a mulher é o seu corpo” ou “tudo no corpo da
mulher é sexualizado” não são (ou dificilmente seriam) traduzíveis para a definição da masculinidade,
não porque sejam representações de fatos naturais, mas porque são representações de uma construção
humana e histórica de relações sociais fundadas sobre a oposição e a assimetria entre os dois sexos
biológicos. [...]
MARTINS, Ana Paula Vosne. Visões do Feminino: a medicina da mulher nos séculos XIX e XX. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2004.
p. 107-111. Disponível em: . Acesso em: 9 ago. 2017.

Observe as frases abaixo e indique a informação acrescentada pelo emprego do advérbio “ainda” em (ii).
(i) Hoje prevalece a representação corpórea e sexualizada da mulher.
(ii) Ainda hoje prevalece a representação corpórea e sexualizada da mulher.

4
Português

Exercícios de vestibulares

1. (Vunesp, 2017)

Depois que comecei a tuitar diariamente, não consigo mais escrever com perfeição os relatórios.

As expressões destacadas apresentam, respectivamente, as circunstâncias de:


a) tempo e de modo.
b) tempo e de intensidade.
c) modo e de afirmação.
d) modo e de intensidade.
e) afirmação e de modo.

2. (ESPM, 2017) Quando se perde o grau de investimento, corre-se o risco de uma debandada dos capitais
estrangeiros, aí é preciso tomar medidas mais drásticas do que se desejaria.
Joaquim Levy
O vocabulário grifado é:
a) advérbio, expressando a ideia de “nesse lugar”.
b) interjeição, traduzindo ideia de apoio, animação.
c) palavra expletiva (dispensável) ou de realce.
d) advérbio, expressando ideia de conclusão “então”.
e) substantivo, traduzindo ideia de “por outro lado”.

5
Português

3. (Eear, 2017) Em qual das alternativas abaixo o advérbio em destaque é classificado como advérbio de
tempo?
a) Não gosto de salada excessivamente temperada.
b) Ele calmamente se trocou, estava com o uniforme errado.
c) Aquela vaga na garagem do condomínio finalmente será minha.
d) Provavelmente trocariam os móveis da casa após a mudança.

4. (UFPR, 2006)
PASSO NO RUMO CERTO
Na semana passada, a claque convocada para a inauguração de um aeroporto na cidade mineira
de Uberlândia ouviu de Lula a seguinte frase: "Quero dizer que a crise é extremamente grave. Em horas
de crise é preciso ter muita paciência para não tomar decisão precipitada, não se deixar levar pelo
estado emocional, mas, sim, pela razão". Embora o presidentejá tenha se manifestado a respeito da
dificil situação política em diversas ocasiões (não raro para negar a sua realidade, como se tudo não
passasse de uma alucinação coletiva promovida por prestidigitadores da elite, mas deixemos isso de
lado), foi a primeira vez que ele uniu a palavra "crise" um advérbio de intensidade, "extremamente", e um
adjetivo grandiloquente, "grave". O encadeamento de tais termos permite supor que Lula finalmente (no
que pode ser considerado um advérbio de alívio) reconheceu a existência da fissura ética, política e
criminosa que há mais de 100 dias se aprofunda mais e mais, levando o governo de cambulhada.
Nessa hipótese, e não se quer aqui evocar o doutor Pangloss, aquele personagem de Voltaire para
quem todos vivíamos no melhor dos mundos, é uma ótima notícia o presidente ter admitido que o
horizonte anda carregado. Pelo simples motivo de que, para sanar um problema, qualquer que seja eIe,
é preciso antes de mais nada reconhecer sua existência. Caberia agora a Lula contribuir para que a
resolução da crise seja efetiva, não deixando margem à impressão olfativa de que tudo terminará em
pizza. O presidente volta e meia afirma que não tem como interferir no andamento das investigações e
das punições. Não é verdade. Pelo peso de seu cargo, e sem extrapolar suas atribuições constitucionais,
Lula pode, sim, proceder a que corrompidos e corrompedores, no Legislativo e no Executivo, sintam na
carne e na biografia que não sairão impunes dos crimes de desvio de dinheiro público, formação de
quadrilha e tráfico de influência. Ao empenhar-se com afinco nesse objetivo, movido pela razão e sem
emocionalismos, o presidente prestaria ao mesmo tempo um grande serviço ao Brasil e a si próprio.
(VEJA, Editorial, 07 jul. 2005.)

Ao fazer menção a um "advérbio de alívio", o autor cria uma classificação de advérbio inexistente na
gramática tradicional para um advérbio que representa uma avaliação ou atitude do emissor do texto,
no caso uma atitude de alívio. Qual dos advérbios a seguir, em vez de modificar algum termo da oração,
denota uma avaliação ou atitude do emissor?
a) Além de provocar uma fissura ética, a crise comprometerá gravemente a imagem do governo.
b) As atitudes presidenciais devem ser enérgicas para que a crise seja cuidadosamente resolvida.
c) A fala do presidente mostra que ele agiu precipitadamente e se deixou dominar pela emoção.
d) O presidente se demorou, infelizmente, a reconhecer a existência da crise.
e) A crise política provém do fato de alguns políticos terem agido criminosamente.

6
Português

5. (Unicamp, 2018)

Considerando os sentidos produzidos pela tirinha, é correto afirmar que o autor explora o fato de que
palavras como “ontem”, “hoje” e “amanhã”
a) mudam de sentido dependendo de quem fala.
b) adquirem sentido no contexto em que são enunciadas.
c) deslocam-se de um sentido concreto para um abstrato.
d) evidenciam o sentido fixo dos advérbios de tempo.

6. (Ita, 2003) Leia o texto abaixo e assinale a alternativa correta:


Sonolento leitor, o jogo do Brasil já aconteceu. Como estou escrevendo ontem, não faço ideia do que
ocorreu. Porém, tentei adivinhar a atuação dos jogadores. Cabe ao leitor avaliar minha avaliação e dar-
me a nota final.
TORETO, José Roberto. Folha de S. Paulo, 13/06/2002, A-1

Com o uso do advérbio em “Como estou escrevendo ontem...”, o autor:


a) marcou que a leitura do texto acontece simultaneamente ao processo de produção do texto.
b) adequou esse elemento à forma verbal composta de auxiliar + gerúndio, para guiar a interpretação
do leitor.
c) não observou a regra gramatical que impede o uso do verbo no presente com aspecto durativo
juntamente com um marcador de passado.
d) sinalizou explicitamente que a produção e a leitura do texto acontecem em momentos distintos.
e) lançou mão de um recurso que, embora gramaticalmente incorreto, coloca o leitor e o produtor do
texto em dois momentos distintos: passado e presente, respectivamente.

7
Português

7. (Fuvest, 2015) Tornando da malograda espera do tigre, alcançou o capanga um casal de velhinhos, que
seguiam diante dele o mesmo caminho, e conversavam acerca de seus negócios particulares. Das
poucas palavras que apanhara, percebeu Jão Fera que destinavam eles uns cinquenta mil-réis, tudo
quanto possuíam, à compra de mantimentos, a fim de fazer um moquirão*, com que pretendiam abrir
uma boa roça.
- Mas chegará, homem? perguntou a velha.
- Há de se espichar bem, mulher!
Uma voz os interrompeu:
- Por este preço dou eu conta da roça!
- Ah! É nhô Jão!
Conheciam os velhinhos o capanga, a quem tinham por homem de palavra, e de fazer o que prometia.
Aceitaram sem mais hesitação; e foram mostrar o lugar que estava destinado para o roçado.
Acompanhou-os Jão Fera; porém, mal seus olhos descobriram entre os utensílios a enxada, a qual ele
esquecera um momento no afã de ganhar a soma precisa, que sem mais deu costas ao par de velhinhos
e foi-se deixando-os embasbacados.
José de Alencar, Til.
* moquirão = mutirão (mobilização coletiva para auxílio mútuo, de caráter gratuito).

Considerada no contexto, a palavra sublinhada no trecho “mal seus olhos descobriram entre os
utensílios a enxada” expressa ideia de
a) tempo
b) qualidade
c) intensidade
d) modo
e) negação

8. (Uerj, 2011) Memórias do cárcere


Resolvo-me a contar, depois de muita hesitação, casos passados há dez anos − e, antes de começar,
digo os motivos por que silenciei e por que me decido. Não conservo notas: algumas que tomei foram
inutilizadas, e assim, com o decorrer do tempo, ia-me parecendo cada vez mais difícil, quase impossível,
redigir esta narrativa. Além disso, julgando a matéria superior às minhas forças, esperei que outros
mais aptos se ocupassem dela. Não vai aqui falsa modéstia, como adiante se verá. Também me afligiu
a ideia de jogar no papel criaturas vivas, sem disfarces, com os nomes que têm no registro civil.
Repugnava-me deformá-las, dar-lhes pseudônimo, fazer do livro uma espécie de romance; mas teria eu
o direito de utilizá-las em história presumivelmente verdadeira? Que diriam elas se se vissem
impressas, realizando atos esquecidos, repetindo palavras contestáveis e obliteradas?
(...)
O receio de cometer indiscrição exibindo em público pessoas que tiveram comigo convivência forçada
já não me apoquenta. Muitos desses antigos companheiros distanciaram-se, apagaram-se. Outros
permaneceram junto a mim, ou vão reaparecendo ao cabo de longa ausência, alteram-se, completam-
se, avivam recordações meio confusas − e não vejo inconveniência em mostrá-los.
(...)
E aqui chego à última objeção que me impus. Não resguardei os apontamentos obtidos em largos dias
e meses de observação: num momento de aperto fui obrigado a atirá-los na água.

8
Português

Certamente me irão fazer falta, mas terá sido uma perda irreparável? Quase me inclino a supor que foi
bom privar-me desse material. Se ele existisse, ver-me-ia propenso a consultá-lo a cada instante,
mortificar-me-ia por dizer com rigor a hora exata de uma partida, quantas demoradas tristezas se
aqueciam ao sol pálido, em manhã de bruma, a cor das folhas que tombavam das árvores, num pátio
branco, a forma dos montes verdes, tintos de luz, frases autênticas, gestos, gritos, gemidos. Mas que
significa isso? Essas coisas verdadeiras podem não ser verossímeis.
E se esmoreceram, deixá-las no esquecimento: valiam pouco, pelo menos imagino que valiam pouco.
Outras, porém, conservaram-se, cresceram, associaram-se, e é inevitável mencioná-las. Afirmarei que
sejam absolutamente exatas? Leviandade. (...) Nesta reconstituição de fatos velhos, neste
esmiuçamento, exponho o que notei, o que julgo ter notado. Outros devem possuir lembranças
diversas. Não as contesto, mas espero que não recusem as minhas: conjugam-se, completam-se e me
dão hoje impressão de realidade. Formamos um grupo muito complexo, que se desagregou. De repente
nos surge a necessidade urgente de recompô-lo. Define-se o ambiente, as figuras se delineiam,
vacilantes, ganham relevo, a ação começa. Com esforço desesperado arrancamos de cenas confusas
alguns fragmentos. Dúvidas terríveis nos assaltam. De que modo reagiram os caracteres em
determinadas circunstâncias? O ato que nos ocorre, nítido, irrecusável, terá sido realmente praticado?
Não será incongruência? Certo a vida é cheia de incongruências, mas estaremos seguros de não nos
havermos enganado? Nessas vacilações dolorosas, às vezes necessitamos confirmação, apelamos
para reminiscências alheias, convencemo-nos de que a minúcia discrepante não é ilusão. Difícil é
sabermos a causa dela, desenterrarmos pacientemente as condições que a determinaram. Como isso
variava em excesso, era natural que variássemos também, apresentássemos falhas. Fiz o possível por
entender aqueles homens, penetrar-lhes na alma, sentir as suas dores, admirar-lhes a relativa grandeza,
enxergar nos seus defeitos a sombra dos meus defeitos. Foram apenas bons propósitos: devo ter-me
revelado com frequência egoísta e mesquinho. E esse desabrochar de sentimentos maus era a pior
tortura que nos podiam infligir naquele ano terrível.
GRACILIANO RAMOS Memórias do cárcere. Rio de Janeiro: Record, 2002.

O advérbio destacado é empregado para relativizar o sentido da palavra a que se refere em:
a) utilizá-las em história presumivelmente verdadeira? (l. 8-9)
b) Certamente me irão fazer falta, (l.17)
c) Afirmarei que sejam absolutamente exatas? (l.25)
d) desenterrarmos pacientemente as condições que a determinaram. (l.36-37)

9
Português

9. (Uerj, 2018) Com o outro no corpo, o espelho partido


O que acontece com o sentimento de identidade de uma pessoa que se depara, diante do espelho, com
um rosto que não é seu? Como é possível manter a convicção razoavelmente estável que nos
acompanha pela vida, a respeito do nosso ser, no caso de sofrermos uma alteração radical em nossa
imagem? Perguntas como essas provocaram intenso debate a respeito da ética médica depois do
transplante de parte da face em uma mulher que teve o rosto desfigurado por seu cachorro em Amiens,
na França.
Nosso sentimento de permanência e unidade se estabelece diante do espelho, a despeito de todas as
mudanças que o corpo sofre ao longo da vida. A criança humana, em um determinado estágio de
maturação, identifica-se com sua imagem no espelho. Nesse caso, um transplante (ainda que parcial)
que altera tanto os traços fenotípicos quanto as marcas da história de vida inscritas na face destruiria
para sempre o sentimento de identidade do transplantado? Talvez não. Ocorre que o poder do espelho
– esse de vidro e aço pendurado na parede – não é tão absoluto: o espelho que importa, para o humano,
é o olhar de um outro humano. A cultura contemporânea do narcisismo*, ao remeter as pessoas a
buscar continuamente o testemunho do espelho, não considera que o espelho do humano é, antes de
mais nada, o olhar do semelhante.
É o reconhecimento do outro que nos confirma que existimos e que somos (mais ou menos) os
mesmos ao longo da vida, na medida em que as pessoas próximas continuam a nos devolver nossa
“identidade”. O rosto é a sede do olhar que reconhece e que também busca reconhecimento. É que o
rosto não se reduz à dimensão da imagem: ele é a própria presentificação de um ser humano, em sua
singularidade irrecusável. Além disso, dentre todas as partes do corpo, o rosto é a que faz apelo ao
outro. A parte que se comunica, expressa amor ou ódio e, sobretudo, demanda amor.
A literatura pode nos ajudar a amenizar o drama da paciente francesa. O personagem Robinson Crusoé
do livro Sexta-feira ou os limbos do Pacífico, de Michel Tournier, perde a noção de sua identidade e
enlouquece, na falta do olhar de um semelhante que lhe confirme que ele é um ser humano. No início
do romance, o náufrago solitário tenta fazer da natureza seu espelho. Faz do estranho, familiar,
trabalhando para “civilizar” a ilha e representando diante de si mesmo o papel de senhor sem escravos,
mestre sem discípulos. Mas depois de algum tempo o isolamento degrada sua humanidade.
A paciente francesa, que agradeceu aos médicos a recomposição de uma face humana, ainda que não
seja a “sua”, vai agora depender de um esforço de tolerância e generosidade por parte dos que lhe são
próximos. Parentes e amigos terão de superar o desconforto de olhar para ela e não encontrar a mesma
de antes. Diante de um rosto outro, deverão ainda assim confirmar que ela continua sendo ela. E amar
a mulher estranha a si mesma que renasceu daquela operação.
MARIA RITA KEHL. Adaptado de folha.uol.com.br, 11/12/2005.
* Narcisismo – amor do indivíduo por sua própria imagem

o espelho do humano é, antes de mais nada, o olhar do semelhante. (l. 15)

Em “o espelho do humano é, antes de mais nada, o olhar do semelhante.” (l. 15), a expressão sublinhada
enfatiza uma ideia, tal como se observa em:
a) “A cultura contemporânea do narcisismo, ao remeter as pessoas a buscar continuamente o
testemunho do espelho,” (l. 13-14)
b) “Além disso, dentre todas as partes do corpo, o rosto é a que faz apelo ao outro.” (l. 20-21)
c) “A parte que se comunica, expressa amor ou ódio e, sobretudo, demanda amor.” (l. 21)
d) “A paciente francesa, que agradeceu aos médicos a recomposição de uma face humana, ainda que
não seja a “sua”,” (l. 29-30)

10
Português

10. (USS - Adaptada) A solidão é a grande ameaça


Quando eu era jovem, eu nunca tive o conceito de “redes”. Eu tinha o conceito de laços humanos,
de comunidades, esse tipo de coisa, mas não redes. Qual é a diferença entre comunidade e rede? A
comunidade precede você. Você nasce numa comunidade. Por outro lado, temos a rede.
O que é uma rede? Ao contrário da comunidade, a rede é feita e mantida viva por duas atividades
diferentes. Uma é conectar e a outra é desconectar. E eu acho que a atratividade do novo tipo de
amizade, o tipo de amizade do Facebook, como eu a chamo, está exatamente aí. Que é tão fácil de
desconectar. É fácil conectar, fazer amigos. Mas o maior atrativo é a facilidade de se desconectar.
Imagine que estamos falando não de amigos on-line, conexões on-line, compartilhamento on-line, mas
sim de conexões off-line, conexões de verdade, frente a frente, corpo a corpo, olho no olho. Neste caso,
romper relações é sempre um evento muito traumático. Você tem que encontrar desculpas, você tem
que se explicar, você tem que mentir com frequência e, mesmo assim, você não se sente seguro, porque
seu parceiro diz que você não tem direitos, que você é um porco etc. É difícil. Na internet, é tão fácil,
você só pressiona delete e pronto. Em vez de 500 amigos, você terá 499, mas isso será apenas
temporário, porque amanhã você terá outros 500, e isso corrói muito os laços humanos.
Os laços humanos são uma mistura de bênção e maldição.
Bênção porque é realmente muito prazeroso, é muito satisfatório ter outro parceiro em quem confiar
e fazer algo por ele ou ela. É um tipo de experiência indisponível para a amizade no Facebook; então,
é uma bênção... E eu acho que muito jovem não tem nem mesmo consciência do que eles realmente
perderam, porque eles nunca vivenciaram esse tipo de situação.
Por outro lado, há a maldição, pois quando você entra no laço, você espera ficar lá para sempre. Você
jura, você faz um juramento: até que a morte nos separe, para sempre. O que isso significa? Significa
que você empenha o seu futuro. Talvez amanhã, ou no mês que vem, ou no ano que vem, haja novas
oportunidades. Agora você não consegue prevê-las, porque você ficará preso aos seus antigos
compromissos, às suas antigas obrigações.
Então, trata-se de uma situação muito ambivalente e, consequentemente, de um fenômeno curioso
dessa pessoa solitária numa multidão de solitários. Estamos todos numa solidão e numa multidão ao
mesmo tempo.
Zygmunt Bauman.
Adaptado de fronteiras.com/artigos/zygmunt-bauman-la-solidao-e-a-grande-ameaca.

O vocábulo “muito” costuma ser classificado como advérbio de intensidade. Essa palavra deixa de
assumir papel adverbial no trecho:
a) isso corrói muito os laços humanos (l. 14)
b) é muito satisfatório ter outro parceiro (l. 16)
c) muito jovem não tem nem mesmo consciência (l. 18)
d) trata-se de uma situação muito ambivalente (l. 25)

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11
Português

Gabaritos
Exercícios de fixação

1. B
“indubitavelmente” indica certeza (= sem dúvidas).

2. “na sala” é a locução adverbial de lugar; “de aula” é uma locução adjetiva.

3. C
“Mal” é advérbio de modo.

4. B
Há dois advérbios (“demorada” e “calmamente”), pois “demorada”, por mais que pareça adjetivo, é um
advérbio de modo cujo sufixo “-mente” foi suprimido por questão de estilística.

5. (Gabarito oficial)
A representação corpórea e sexualizada da mulher é um conceito que já existia e permanece hoje como
tal.
Comentário: O advérbio “ainda” demonstra a permanência de um conceito dentro da sociedade e, além
disso, podemos perceber um juízo de valor pela informação introduzida pelo advérbio: a representação
corpórea e sexualizada da mulher é algo que não deveria mais existir hoje em dia.

Exercícios de vestibulares

1. A
O advérbio “diariamente” dá a ideia de tempo/frequência; já a locução adverbial “com perfeição” diz
respeito ao modo de realização da ação.

2. D
O advérbio “aí”, no contexto, possui ideia de conclusão: já que a perda do grau de investimento acarreta
o risco de debandada dos capitais estrangeiros, a conclusão é de que, nessas condições, “é preciso
tomar medidas mais drásticas do que se desejaria”. Assim, seria possível substituir “aí” por “então”, sem
prejuízo ao sentido original.

3. C
“Excessivamente” é um advérbio de intensidade; “calmamente”, de modo, e “provavelmente”, de dúvida.

4. D
O advérbio “infelizmente” projeta uma opinião sobre o que está sendo dito.

5. B
Na tirinha, o significado dos advérbios “ontem”, “hoje” e “amanhã” são estabelecidos pela situação
comunicativa. O referencial do advérbio “hoje” é determinado, no primeiro quadrinho, pela fala do
personagem Mazzaropi, e, a partir dele, depreende-se o significado dos outros advérbios.

6. D
A combinação do tempo verbal presente com um advérbio de tempo que dá ideia de passado deixa clara
a intenção do autor de explicitar que a produção do texto não se dá no mesmo momento de sua recepção
pelo leitor.

7. A
Nesse contexto, o advérbio “mal” é entendido com o mesmo sentido de “assim que”, conferindo ideia de
temporalidade.

12
Português

8. A
O advérbio “presumivelmente” indica que não há certeza sobre o que se fala, apenas é
presumível/provável.

9. C
O advérbio “sobretudo”, assim como a locução “antes de mais nada”, indica uma ideia de
importância/prioridade.

10. C
Apenas na letra C, a palavra “muito” equivale à quantidade (= ”diversos jovens”). Nos demais exemplos,
funciona como advérbio de intensidade.

13
Português

Palavras invariáveis: advérbios

Objetivo
Entender o conceito dos advérbios e suas funções discursivas.
Aprender a semântica dos advérbios e das locuções adverbiais a fim de empregá-las corretamente.
Analisar como os advérbios contribuem para a progressão textual.

Curiosidade
Os advérbios são essenciais para nos expressarmos, pois eles funcionam como modalizadores do discurso,
ajudando, assim, a projetar nosso ponto de vista.

Teoria

Por serem palavras que têm por função atribuir circunstâncias, os advérbios são empregados com diversos
objetivos discursivos. Dessa forma, é muito comum que eles apareçam em músicas e, às vezes, nem nos
damos conta. Veja um trecho da canção “Cotidiano” (1971), de Chico Buarque.

Todo dia ela faz tudo sempre igual Seis da tarde como era de se esperar
Me sacode às seis horas da manhã Ela pega e me espera no portão
Me sorri um sorriso pontual Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de hortelã E me beija com a boca de paixão

Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar Toda noite ela diz pra eu não me afastar
E essas coisas que diz toda mulher Meia-noite ela jura eterno amor
Diz que está me esperando pro jantar E me aperta pra eu quase sufocar
E me beija com a boca de café E me morde com a boca de pavor

Todo dia eu só penso em poder parar


Meio-dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão

Disponível em: https://www.letras.com/chico-buarque/82001/

Repare que, na letra da música, foram destacados os advérbios e locuções adverbiais que atribuem
circunstância de tempo. Podemos perceber que são muitos, não é mesmo? Isso não é uma coincidência.
Atente-se ao fato de que o nome da música é “Cotidiano”, isto é, representa ações que acontecem com
frequência no dia a dia. Dessa forma, é razoável entender o emprego constante de advérbios que trazem
noção de tempo, pois eles reforçam o caráter cotidiano descrito na canção, criando a ideia de uma rotina
repetitiva e monótona de um casal.

Vamos, então, entender melhor sobre essa classe de palavras.

1
Português

Conceito
Os advérbios fazem parte das classes de palavras invariáveis. Isso significa que eles não sofrem variação
em número e gênero. A função primordial do advérbio é modificar o adjetivo, o advérbio e, principalmente, o
verbo, para atribuir-lhe uma circunstância. Há casos em que o advérbio pode atribuir circunstância a uma
oração inteira. Observe os exemplos:
Ficara completamente imóvel.
O homem caminhava muito devagar.
Eu me recuso, simplesmente.

A classificação dos advérbios é atribuída a partir da circunstância que expressam. Entre essas circunstâncias
listamos as seguintes: afirmação, assunto, causa, companhia, concessão, condição, conformidade, dúvida,
finalidade, instrumento, intensidade, lugar, meio, modo, negação, tempo, entre outras.

Grau dos advérbios


I. Grau superlativo – é formado pela variação de intensidade dos advérbios. Pode ser:
a) Analítico: advérbio de intensidade + advérbio
Ex.: Chegaram muito tarde. (advérbio de intensidade “muito” + advérbio de tempo “tarde”)
José dormia bastante profundamente. (advérbio de intensidade “bastante” + advérbio de modo
“profundamente”)
b) Sintético: é formado pelo acréscimo de sufixo intensificador.
Ex.: A encomenda chegou rapidíssimo.
II. Grau comparativo – formado pelo uso de advérbios com valor comparativo. Pode ser:
a) De inferioridade – Ela fala mais lentamente (do) que as outras professoras.
b) De igualdade – Breno foi tão bem quanto Eduarda na prova.
c) De superioridade – Juliana chegou mais rápido do que Joana.

Locuções adverbiais
São expressões formadas por mais de uma palavra que exercem papel semelhante ao advérbio. Iniciam-se
comumente por preposição e contribuem para ampliar a lista das circunstâncias adverbiais.
Alguns exemplos comuns de locuções adverbiais: às cegas, às claras, à toa, a medo, à pressa, às pressas, à
tarde, à noite, a fundo, às escondidas, às vezes, ao acaso, de súbito, vez por outra, lado a lado, etc.
Observe:
Todos ficaram à vontade na reunião.
Às vezes, é importante abrir mão de determinados desejos.

Posição do advérbio
É importante destacar que a maioria dos advérbios (e das locuções adverbiais) pode mudar sua posição
dentro da frase. Isso ocorre devido ao destaque que o emissor deseja dar a uma determinada informação.

Veja os exemplos:
Resolverei o problema junto com você. (ordem direta)
Junto com você, resolverei o problema. (ordem inversa)
Resolverei, junto com você, o problema. (ordem inversa)
Note que nas frases anteriores não há alteração de sentido entre as frases. Precisamos apenas ressaltar que,
devido ao deslocamento da locução adverbial, a vírgula se torna obrigatória.

2
Português

Exercícios de fixação

1. Os advérbios não se ligam a:


a) Advérbios
b) Verbos
c) Substantivos

2. Assinale a alternativa em que há um advérbio de modo:


a) Sofia sairá às 15h.
b) Calmamente, todos foram deixando o prédio.
c) Helena era muito esperta.

3. Em qual opção a palavra sublinhada é advérbio?


a) Aqui, as pessoas são felizes.
b) Talvez ele queira passear mais tarde.
c) Ricardo bebeu meio copo de suco.

4. Comente a frase “Cristina estava meia intrigada com as propostas.” dizendo se está correta ou não.

5. Dê dois exemplos de locuções adverbiais de tempo.

3
Português

Exercícios de vestibulares

1. (UFV) Em todas as alternativas há dois advérbios, exceto em:


a) Ele permaneceu muito calado.
b) Amanhã, não iremos ao cinema.
c) O menino, ontem, cantou desafinadamente.
d) Tranquilamente, realizou-se, hoje o jogo.
e) Ela falou calma e sabiamente.

2. (ITA, 2003) (…) As angústias dos brasileiros em relação ao português são de duas ordens. Para uma
parte da população, a que não teve acesso a uma boa escola e, mesmo assim, conseguiu galgar
posições, o problema é sobretudo com a gramática. É esse o público que consome avidamente os
fascículos e livros do professor Pasquale, em que as regras básicas do idioma são apresentadas de
forma clara e bem-humorada. Para o segmento que teve oportunidade de estudar em bons colégios,
a principal dificuldade é com clareza. É para satisfazer a essa demanda que um novo tipo de
profissional surgiu: o professor de português especializado em adestrar funcionários de empresas.
Antigamente, os cursos dados no escritório eram de gramática básica e se destinavam principalmente
a secretárias. De uns tempos para cá, eles passaram a atender primordialmente gente de nível superior.
Em geral, os professores que atuam em firmas são acadêmicos que fazem esse tipo de trabalho
esporadicamente para ganhar um dinheiro extra. “É fascinante, porque deixamos de viver a teoria para
enfrentar a língua do mundo real”, diz Antônio Suárez Abreu, livre-docente pela Universidade de São
Paulo (…)
JOÃO GABRIEL DE LIMA. Falar e escrever, eis a questão. Veja, 7/11/2001, n. 1725.

O adjetivo “principal” (em “a principal dificuldade é com clareza”) permite inferir que a clareza é apenas
um elemento dentro de um conjunto de dificuldades, talvez o mais significativo. Semelhante inferência
pode ser realizada pelos advérbios:
a) avidamente, principalmente, primordialmente.
b) sobretudo, avidamente, principalmente.
c) avidamente, antigamente, principalmente.
d) sobretudo, principalmente, primordialmente.
e) principalmente, primordialmente, esporadicamente.

3. (Fuvest, 1992) Assinalar a alternativa que registra a palavra que tem o sufixo formador de advérbio.
a) desesperança
b) pessimismo
c) empobrecimento
d) extremamente
e) sociedade

4
Português

4. (UPE, 2013 – adaptada) Assinale a alternativa em que a mudança de posição do segmento destacado
alterou significativamente o sentido do enunciado original.
a) “Relacionamentos modernos deixam romantismo de lado, dizem jovens”.
“Relacionamentos modernos deixam de lado romantismo, dizem jovens”.
b) “Um casal de namorados trocando juras de amor parece ser cena rara de se ver atualmente.”
“Um casal de namorados trocando juras de amor parece ser, atualmente, cena rara de se ver.”
c) “Segundo o estudante Bruno Gensen, de 17 anos, a pessoa ideal ainda não chegou.”
“Segundo o estudante Bruno Gensen, de 17 anos, a pessoa ideal não chegou ainda.”
d) “A mãe de Juliana ficou cheia de cuidados, mas logo percebeu que ver a alegria da filha valeria a
pena.”
“A mãe de Juliana ficou cheia de cuidados, mas logo percebeu que valeria a pena ver a alegria da
filha.”
e) “No dia 12 de Junho, em que se comemora a data mais romântica do calendário, o jovem casal é
uma aula [...].”
“No dia 12 de Junho, em que se comemora mais a data romântica do calendário, o jovem casal é
uma aula [...].”

5. (Unifesp, 2009) Considere a charge e as afirmações:

A charge é uma ilustração que tem como objetivo fazer uma sátira de alguém ou de alguma situação
atual por meio de desenhos caricatos.
I. O advérbio “já”, indicativo de tempo, atribui à frase o sentido de mudança;
II. Entende-se pela frase da charge que a população de idosos atingiu um patamar inédito no país;
III. Observando a imagem, tem-se que a fila de velhinhos esperando um lugar no banco sugere o
aumento de idosos no país.

Está correto o que se afirma em:


a) I apenas.
b) II apenas.
c) I e II apenas.
d) II e III apenas.
e) I, II e III.

5
Português

6. (IFSP, 2017) De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa e com a gramática normativa e
tradicional, assinale a alternativa em que o termo destacado tem valor de advérbio.
a) Não há meio mais difícil de trabalhar.
b) Só preciso de meio metro de aniagem para sacos de carvão.
c) Encarou os meninos carvoeiros, esboçando meio sorriso.
d) Os carvões caíram no meio da estrada.
e) Achei o menino meio triste, raquítico.

7. (Uece, 2017)
GRITO
Quadro que fundou o expressionismo nasceu de um ataque de pânico
Edvard Munch nasceu em 1863, mesmo ano em que O piquenique no bosque, de Édouard Manet,
era exposto no Salão dos Rejeitados, chamando a atenção para um movimento que nem nome tinha
ainda. Era o impressionismo, superando séculos de pintura acadêmica. Os impressionistas deixaram o
realismo para a fotografia e se focaram no que ela não podia mostrar: as sensações, a parte subjetiva
do que se vê.
Crescendo durante essa revolução, Munch – que, aliás, também seria fotógrafo – achava a
linguagem dos impressionistas superficial e científica, discreta demais para expressar o que sentia. (...)
Fruto de suas obsessões, O Grito não foi seu primeiro quadro, mas o que o tornaria célebre. A inspiração
veio do que parece ter sido um ataque de pânico, que ele escreveu em seu diário, pouco mais de um ano
antes do quadro: “Estava andando por um caminho com dois amigos – o sol estava se pondo – quando,
de repente, o sol tornou-se vermelho como o sangue. Eu parei, sentindo-me exausto, e me encostei na
cerca – havia sangue e línguas de fogo sobre o fiorde negro e a cidade. Meus amigos continuaram
andando, e eu fiquei lá, tremendo de ansiedade – e senti um grito infinito atravessando a natureza”.
Ali nasceria um novo movimento artístico. O Grito seria a pedra fundadora do expressionismo, a
principal vanguarda alemã dos anos 1910 aos 1930.
Adaptado (Aventuras da História)

Sobre o advérbio “Ali”, é correto afirmar que indica:


a) um lugar distante da pessoa que fala.
b) um lugar diferente do lugar da pessoa que fala.
c) naquele ato, naquelas circunstâncias, naquela conjuntura.
d) hora, naquele momento.

8. (Ifal, 2016) Em “Dos armários tirou as roupas de seda, das gavetas tirou todas as joias”, temos uma
mudança na ordem direta da frase, de modo que o advérbio ficou deslocado de sua posição mais
habitual, que seria após o verbo. Assinale a alternativa em que uma nova posição do advérbio não altera
o sentido da frase original nem gera ambiguidade:
a) Tirou as roupas dos armários de seda.
b) Tirou as roupas de seda dos armários.
c) Tirou dos armários de seda as roupas.
d) Dos armários de seda tirou as roupas.
e) Das roupas de seda tirou o armário.

6
Português

9. (Uerj, 2010)
Filme
Berenice não gostava de ir ao cinema, de modo que o pai a levava à força. Cinema era coisa que
ele adorava, sempre sonhara em se tornar cineasta; não o conseguira, claro, mas queria que a filha
partilhasse sua paixão, com o que se sentiria, de certa forma, indenizado pelo destino. Uma
responsabilidade que só fazia aumentar o verdadeiro terror que Berenice sentia quando se aproximava
o sábado, dia que habitualmente o pai, homem muito ocupado, escolhia para a sessão cinematográfica
semanal. À medida que se aproximava o dia fatídico, ela ia ficando cada vez mais agitada e nervosa; e
quando o pai, chegado o sábado, finalmente lhe dizia, está na hora, vamos, ela frequentemente se punha
a chorar e mais de uma vez caíra de joelhos diante dele, suplicando, não, papai, por favor, não faça isso
comigo. Mas o pai, que era um homem enérgico e além disso julgava ter o direito de exigir da filha que
o acompanhasse (viúvo desde há muito, criara Berenice sozinho e com muito sacrifício), mostrava-se
intransigente: não tem nada disso, você vai me acompanhar. E ela o fazia, em meio a intenso
sofrimento.
Por fim, aprendeu a se proteger. Ia ao cinema, sim. Mas antes que o filme começasse, corria ao
banheiro, colocava cera nos ouvidos. Voltava ao lugar, e mal as luzes se apagavam cerrava firmemente
os olhos, mantendo-os assim durante toda a sessão. O pai, encantado com o filme, de nada se
apercebia; tudo o que fazia era perguntar a opinião de Berenice, que respondia, numa voz neutra mas
firme:
– Gostei. Gostei muito.
Era de outro filme que estava falando, naturalmente. Um filme que o pai nunca veria.
MOACYR SCLIAR. In: Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

No trecho “Era de outro filme que estava falando, naturalmente.”, o termo em destaque cumpre a função
de:
a) afirmar ponto de vista
b) projetar ideia de modo
c) revelar sentimento oculto
d) expressar sentido reiterativo

7
Português

10. (PUC - Campinas, 2016) Se o relógio da História marca tempos sinistros, o tempo construído pela arte
abre-se para a poesia: o tempo do sonho e da fantasia arrebatou multidões no filme O mágico de Oz
estrelado por Judy Garland e eternizado pelo tema da canção Além do arco-íris. Aliás, a arte da música
é, sempre, uma habitação especial do tempo: as notas combinam-se, ritmam e produzem melodias,
adensando as horas com seu envolvimento.

Considere o parágrafo e o verbete extraído do Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa:


aliás: advérbio. 1. De outro modo, de outra forma. Ex: sempre ajudou o filho, a. seria mau pai se não o
fizesse; 2. Além disso. Ex: a., não era a primeira sujeira que ele fazia; 3. Emprega-se em seguida a uma
palavra proferida ou escrita por equívoco; ou melhor, digo. Ex: estávamos em março, a., abril; 4. Seja dito
de passagem; verdade seja dita; a propósito. Ex: não aceitou o emprego, que a. é muito cobiçado; 5. No
entanto, contudo. Ex: andar muito é cansativo, sem, a., deixar de ser saudável.

O sentido preciso com que a palavra “aliás” foi empregada no texto está indicado em:
a) 3
b) 2
c) 5
d) 4
e) 1

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8
Português

Gabaritos
Exercícios de fixação

1. C
Os advérbios se ligam somente a outros advérbios, a verbos e a adjetivos.

2. B
“Calmamente” é um advérbio de modo. “Às 15h” é advérbio de tempo; “muito” é advérbio de intensidade.

3. B
“Felizes” é adjetivo; “meio”, nesse caso, é numeral fracionário (= metade de um copo).

4. A frase não está gramaticalmente correta, pois a palavra “meia” não é adequada nesse caso. O certo,
então, seria “meio intrigada”, já que “meio” é um advérbio de intensidade e advérbios não variam em
gênero.

5. Alguns exemplos que podem ser considerados: À noite, pela manhã, em breve, logo depois, entre outras.

Exercícios de vestibulares

1. A
Na letra A, apenas “muito” é advérbio. Na B, “amanhã” e “não”. Na C, “ontem” e “desafinadamente”. Na D,
“tranquilamente” e “hoje”. Na E, “calma” (subentende-se “calmamente”) e “sabiamente”.

2. D
Os advérbios “sobretudo, principalmente, primordialmente” são os que se enquadram no mesmo
contexto, trazido pelo enunciado da questão, em relação ao adjetivo “principal”, pois demonstram haver
outros fatores envolvidos.

3. D
O sufixo “mente” forma os advérbios de modo: apressadamente, felizmente, calmamente etc.

4. E
Na alternativa E, na primeira construção, o advérbio de intensidade “mais” está intensificando o adjetivo
“romântica”: é a data mais romântica dentre as outras datas. Já na segunda construção, a mudança de
posição faz com que o advérbio “mais” intensifique o verbo “comemora”.

5. E
De acordo com a charge apresentada, é possível perceber que a fila de idosos esperando um lugar no
banco indica o aumento dessa faixa etária no país. Além disso, o advérbio “já” traz o sentido à frase de
que, como o aumento dessa população é esperado, já chegou ao patamar de 10% no país.

6. E
Nas opções A e D, “meio” é substantivo. Nas opções B e C, numeral. Na alternativa E, “meio” é advérbio
de intensidade.

7. C
O advérbio “ali” que inicia o último parágrafo do texto é precedido do relato do próprio Munch sobre o
que aconteceu durante uma crise de ansiedade. Por isso, indica as circunstâncias e a conjuntura em que
o Expressionismo aconteceu.

9
Português

8. B
A alternativa A apresenta ambiguidade, pois é possível ler que tanto as roupas quanto os armários podem
ser seda. A alternativa C tem o seu sentido alterado. Na alternativa D, entende-se que os armários são
feitos de seda, e na alternativa E, o sentido é alterado, já que coloca que ela tirou o armário de dentro das
roupas de seda.

9. A
O advérbio de modo “naturalmente”, de acordo com o contexto apresentado no texto, apresenta uma
confirmação do ponto de vista do narrador.

10. D
O advérbio “aliás” introduz, por associação instantânea de ideias, um pensamento que, provocado por
situação presente, evoca outro que confirma e reforça a tese defendida, significando “por falar nisso”, “a
propósito”, “por sinal”.

10
Química

Métodos de separação de misturas heterogêneas

Objetivo
Você irá conhecer melhor as misturas heterogêneas, suas principais características e como pode ser feita a
separação desses tipos de misturas.

Se liga
Para que você compreenda os métodos de separação de misturas heterogêneas é recomendável que
compreenda antes os sistemas heterogêneos e homogêneos. Tem alguma dúvida nesse assunto? Clique aqui
e assista a uma aula para tirar suas dúvidas.

Curiosidade
Nos desenhos presentes nos escritos dos alquimistas alexandrinos, que sobreviveram até nossos dias em
cópias manuscritas feitas entre os séculos XI e XV, estão algumas figuras de instrumentos que os químicos
de hoje podem facilmente associar com aparatos utilizados em laboratórios para separar misturas.

Teoria
Métodos de separação de misturas
Como vimos anteriormente, é possível saber se um material é substância pura ou mistura através da análise
de suas propriedades específicas. Se o resultado das análises indicar uma mistura de várias substâncias e
houver necessidade de isolar as substâncias puras presentes, será necessário escolher um método adequado
de separação.
Você já se perguntou como se separa a água do óleo ou como o sal é retirado da água do mar? Veremos
agora algumas técnicas de separação bastante comuns não apenas no dia a dia de um laboratório, mas
também aí na sua casa!

Misturas heterogêneas
As misturas heterogêneas são aquelas constituídas por duas ou mais substâncias, que podem ser
visualmente distinguíveis em um microscópio óptico. Nesse tipo de mistura os componentes ficam em fases
diferentes. Um bom exemplo de sistema heterogêneo é a mistura da água e do óleo.

Mistura heterogênea: água e óleo.


Química

Agora que nós entendemos o que é uma mistura heterogênea, vamos começar a ver as técnicas utilizadas
para separar os componentes da mistura.

No processo de filtração, quando a mistura é despejada sobre o filtro, o sólido não dissolvido fica retido no
filtro e a fase líquida passa.

Método de filtração

A decantação é o processo utilizado para separar misturas tipo líquido-líquido (como água e óleo) e sólido-
líquido (como mostrado na ilustração acima). As misturas podem ser líquido-sólido, em que a fase sólida,
por ser mais densa, deposita-se(sedimenta-se) no fundo do recipiente e a fase líquida pode ser transferida
para outro frasco. A decantação é usada, por exemplo, nas estações de tratamento de água.

Se liga no exemplo a seguir, o processo decantação de uma mistura que contém água com açúcar e areia.

Uso da técnica decantação líquido-sólido, fonte: Manualdoenem.com, acesso em 02/09/21 às 14h37


Química

Já nas misturas do tipo líquido-líquido, temos a deposição do constituinte mais denso no fundo do funil de
decantação, o líquido de maior densidade é escoado pela torneira e o líquido de menor densidade fica retido
no funil. A figura a seguir ilustra a aparelhagem utilizada nesse tipo de separação.

Ilustração por Rebeca Khouri. Uso da técnica de decantação líquido-líquido.

A centrifugação utiliza um equipamento chamado de centrífuga para aumentar a velocidade da decantação.


A mistura é submetida a um movimento circular, de maneira uniforme, com velocidade elevada, de modo que
o componente mais denso vai para o fundo do recipiente, enquanto o menos denso fica na superfície. Nesse
processo aplicamos a força centrífuga (força que atua sobre objetos em trajetórias circulares).
Um caso muito comum onde a centrifugação é utilizada é para a separação dos componentes do sangue.

No método de sifonação, por meio da ação gravitacional e com auxílio de uma mangueira, pipeta, seringa ou
canudo, é possível retirar o líquido mais denso (ou o menos denso) de uma mistura. Esse método é baseado
na diferença de pressão causado na maqueira, pipeta, seringa.
Química

O esquema abaixo ilustra a sifonação em mistura líquido-sólido e líquido-líquido.

Uso da técnica de sifonação para a separação de uma mistura líquido-líquido e de uma mistura líquido-sólido.

Um exemplo para não esquecer é quando um carro fica sem combustível e utilizamos uma maqueira para
puxar o combustível de um outro veículo. Depois que o combustível começa a sair, basta por a mangueira
para baixo que a pressão faz todo o trabalho.

A separação magnética ou imantação é uma técnica que consiste em separar misturas em que um dos
componentes é atraído por um ímã. É fundamental que um dos participantes da mistura apresente
propriedades magnéticas.

Nos ferros-velhos nós iremos encontrar imas enormes que passão pelas montanhas de lixo com o objetivo
de atrair qualquer material metálico que posso existir ali no meio.

A dissolução fracionada é aplicada quando se tem uma mistura de sólidos em que apenas um desses
componentes é solúvel em um determinado solvente. Um exemplo de mistura na qual é possível aplicar essa
técnica é a mistura de açúcar e areia. Ao adicionarmos água, apenas o sal irá se dissolver.

Uso da técnica de dissolução fracionada para a separação de uma mistura sólido-sólido. Fonte: Manualdoenem.com, acesso em
02/09/21 às 15h45

A catação consiste em separar uma mistura manualmente. Nesse método a mistura pode ser formada por
sólidos que apresentam diferenças que podem ser observadas a olho nu, ou por um sólido não dissolvido em
um líquido. É comum utilizar recursos como as mãos, pegadores e pinças.
Química

A ventilação é um método usado para separar misturas sólido-sólido em que os dois componentes
apresentam densidades diferentes, no qual é feita a aplicação de corrente de ar sobre a mistura, e o sólido
menos denso é carregado, e o mais denso fica onde estava
O método de levigação utiliza a força da água para separar o componente mais denso de uma mistura
formada por sólidos. Um exemplo de mistura para aplicá-la é ouro e cascalho.
A flotação é o método no qual um líquido de densidade intermediária, que não é capaz de dissolver nenhum
dos componentes da mistura, é adicionado a uma mistura formada por dois sólidos ou um sólido e um líquido
para separá-los pela diferença de densidade.

Uso da técnica de flotação para a separação de uma mistura sólido-sólido. Fonte: Manualdoenem.com, acesso em 02/09/21 às 16h15

Uma técnica cotidiana, utilizada para separar misturas heterogêneas é a peneiração. Nesse método temos o
uso de peneira para fazer a separação de sólidos com diferentes diâmetros de suas partículas. Os pedreiros
usam essa técnica para separar a areia mais fina de pedrinhas.
Química

Exercícios de fixação

1. Uma mistura formada por gasolina, água, serragem e sal de cozinha pode ser separada nos seus
diversos componentes seguindo-se as seguintes etapas:
a) filtração, decantação e destilação.
b) catação e decantação.
c) sublimação e destilação.
d) prensagem e decantação.

2. O “funil de bromo” também conhecido como funil de decantação é usado em laboratório para separar
algumas misturas. Qual das misturas abaixo poderia ser separada usando esse tipo de funil?
a) Água e glicose dissolvida.
b) Água e álcool.
c) Água e gasolina, dois líquidos imiscíveis.
d) Água e areia.
e) Areia e pó de ferro.

3. Para que seja possível separar uma mistura heterogênea que contenha sal e areia, devemos aplicar
quais métodos de separação?
a) Dissolução fracionada e filtração.
b) peneiração e filtração.
c) Decantação e destilação.
d) Destilação e filtração.
e) Diluição e decantação

4. Uma das etapas do funcionamento do aspirador de pó é a_________.


a) Imantação.
b) decantação.
c) sedimentação.
d) peneiração
e) filtração.

5. Se tivermos que realizar a separação de uma mistura heterogênea formada por um sólido e um líquido,
qual dos métodos a seguir poderia ser utilizado?
a) Destilação fracionada
b) Decantação
c) Sublimação fracionada
d) Destilação simples
e) Evaporação
Química

Exercícios de vestibulares

1. (UEG- GO) A natureza dos constituintes de uma mistura heterogênea determina o processo adequado
para a separação dos mesmos. São apresentados, a seguir, exemplos desses sistemas.
I. Feijão e casca
II. Areia e limalha de ferro
III. Serragem e cascalho
Os processos adequados para a separação dessas misturas são, respectivamente:
a) ventilação, separação magnética e destilação.
b) levigação, imantização e centrifugação.
c) ventilação, separação magnética e peneiração.
d) levigação, imantização e catação.
e) destilação, decantação e peneiração.

2. (Enem-2020/digital) As populares pilhas zinco-carbono (alcalinas e de Leclanché) são compostas por


um invólucro externo de aço (liga de ferro-carbono), um ânodo (zinco metálico), um cátodo (grafita) e
um eletrólito (MnO2 mais NH4 Cl ou KOH), contido em uma massa úmida com carbono chamada pasta
eletrolítica. Os processos de reciclagem, geralmente propostos para essas pilhas usadas, têm como
ponto de partida a moagem (trituração). Na sequência, uma das etapas é a separação do aço, presente
no invólucro externo, dos demais componentes.
Que processo aplicado à pilha moída permite obter essa separação?
a) Catação manual
b) Ação de um eletroímã
c) Calcinação em um forno
d) Fracionamento por densidade
e) Dissolução do eletrólito em água

3. (Enem- 2017) As centrífugas são equipamentos utilizados em laboratórios, clínicas e indústrias. Seu
funcionamento faz uso da aceleração centrífuga obtida pela rotação de um recipiente e que serve para
a separação de sólidos em suspensão em líquidos ou de líquidos misturados entre si.
RODITI, I. Dicionário Houaiss de física. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005 (adaptado).

Nesse aparelho, a separação das substâncias ocorre em função


a) das diferentes densidades.
b) dos diferentes raios de rotação.
c) das diferentes velocidades angulares.
d) das diferentes quantidades de cada substância.
e) da diferente coesão molecular de cada substância.
Química

4. (Enem PPL 2016) Em Bangladesh, mais da metade dos poços artesianos cuja água serve à população
local está contaminada com arsênio proveniente de minerais naturais e de pesticidas. O arsênio
apresenta efeitos tóxicos cumulativos. A ONU desenvolveu um kit para tratamento dessa água a fim
de torná-la segura para o consumo humano. O princípio desse kit é a remoção do arsênio por meio de
uma reação de precipitação com sais de ferro(III) que origina um sólido volumoso de textura gelatinosa.
Disponível em: http://tc.iaea.org. Acesso em: 11 dez. 2012 (adaptado).

Com o uso desse kit, a população local pode remover o elemento tóxico por meio de:
a) fervura.
b) filtração.
c) destilação.
d) calcinação.
e) evaporação.

5. (Enem – PPL/2019) Na perfuração de uma jazida petrolífera, a pressão dos gases faz com que o
petróleo jorre. Ao se reduzir a pressão, o petróleo bruto para de jorrar e tem de ser bombeado. No
entanto, junto com o petróleo também se encontram componentes mais densos, tais como água
salgada, areia e argila, que devem ser removidos na primeira etapa do beneficiamento do petróleo.
A primeira etapa desse beneficiamento é a:
a) decantação.
b) evaporação.
c) destilação.
d) floculação.
e) filtração.

6. (UFSC -2018)Sobre as misturas e métodos de separação, analise as afirmativas abaixo e assinale a


alternativa correta.
I. Água e óleo de cozinha formam uma mistura homogênea, pois o óleo não se mistura com a água.
II. A água forma uma mistura heterogênea com o óleo de cozinha, pois ocorre a formação de duas
fases distintas.
III. A catação pode ser utilizada para separar a água do álcool etílico.
IV. A gasolina comum, vendida nos postos de combustíveis, é uma mistura homogênea que contém
álcool etílico e outras substâncias provenientes do petróleo.
V. A decantação é um método de separação de misturas heterogêneas, a partir da diferença de
densidade dessas substâncias.

a) Somente as afirmativas I e IV estão corretas


b) Somente as afirmativas I, III e V estão corretas.
c) Somente as afirmativas III, IV e V estão corretas.
d) Somente as afirmativas II, IV e V estão corretas.
e) Somente as afirmativas II e III estão corretas.
Química

7. (G1 – cftmg) Considere a sequência dos seguintes métodos a seguir representados.

O emprego dos processos de separação na ordem indicada é capaz de isolar todos os componentes
da mistura de:
a) areia, gasolina e água.
b) areia, óleo e salmoura.
c) água mineral, gasolina e gelo.
d) álcool, água gaseificada e óleo.
e) nenhuma das alternativas.

8. (Unisinos 2012)

São dadas três misturas heterogêneas de sólidos:


1. Sal e areia
2. Naftaleno e areia
3. Ferro e areia

Os processos mais convenientes para separá-las são, respectivamente:


a) catação, dissolução fracionada; peneiração.
b) levigação; evaporação; separação magnética.
c) peneiração; sublimação; catação.
d) dissolução fracionada; sublimação; separação magnética.
e) centrifugação; evaporação; separação magnética.
Química

9. (UFG-2010) Considere a descrição da seguinte técnica: O minério pulverizado é recoberto com óleo,
água e detergente; nessa mistura, é borbulhado ar. Essa descrição refere-se a um método de separação
de misturas muito utilizado em indústrias metalúrgicas. Qual é essa técnica?
a) Decantação
b) Flotação
c) Cristalização
d) Destilação
e) Sublimação

10. (UECE-2016) Um sistema heterogêneo é constituído por uma solução verde claro e um sólido
marrom. Esse sistema foi submetido ao seguinte esquema de separação:

Ao destilar-se o líquido Q sob pressão constante de 1 atmosfera, verifica-se que sua temperatura de
ebulição variou entre 115 °C e 130 °C.

Considerando o esquema acima, assinale a afirmação verdadeira.


a) A operação 1 é uma destilação simples.
b) O sistema heterogêneo G tem, no mínimo, 4 componentes.
c) A operação 2 é uma decantação.
d) O líquido incolor Q é uma substância pura.
e) Nenhuma das alternativas.

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Química

Gabaritos

Exercícios de fixação
1. A
A filtração separa a fase 2 das demais fases, pois a serragem, partículas sólidas, fica retida no meio
filtrante.
A decantação separa a fase 1 da fase 3, pois os líquidos possuem densidades diferentes e, devido às
suas características químicas, não se misturam, pois a água é polar e a gasolina é apolar.
A destilação promove a evaporação do solvente, a água, e o sólido que estava dissolvido, o sal de
cozinha, volta a se cristalizar

2. C
A decantação com funil de bromo é um método de separação de misturas usado especificamente para
misturas heterogêneas formadas por dois líquidos imiscíveis (ou seja, líquidos insolúveis). Essa técnica
de decantação utilizando o funil de bromo é feita tendo como base a diferença de densidade entre dois
líquidos imiscíveis, que é o caso da água e da gasolina.

3. A
As etapas utilizadas para separar a mistura que contém sal e areia seriam:
1°–Adicione água à mistura até que o sal esteja totalmente diluído (dissolução).
2° – Em seguida, promova a filtragem da solução através de papel filtro. A areia vai ficar retida no papel
e a solução salina irá passar através dele (esse é o processo de filtração). Para obter o sal puro basta
aquecer o líquido até sua completa evaporação; o sal ficará no fundo do recipiente. (ebulição)

4. E
A maioria dos modelos de aspirador de pó têm um filtro que retém a sujeira, separando-a do ar aspirado.

5. B
Como o enunciado propõe uma mistura heterogênea formada por sólido e líquido, o método mais
apropriado é o da decantação.

Exercícios de vestibulares
1. C
[I] Feijão e casca: a separação é possível pela ventilação, em que uma corrente de ar separa o sólido
menos denso, no caso a casca, do feijão.
[II] Areia e limalha de ferro: como a limalha de ferro é atraída pelo ímã, essa separação ocorre por
separação magnética.
[III] Serragem e cascalho: a separação ocorre pela peneiração, que separa o cascalho, que são partículas
maiores, da serragem, que é menor.

2. B
Para separar o aço, presente no invólucro externo, dos demais componentes, o processo aplicado à pilha
moída é a ação de um eletroímã, pois o ferro contido no aço tem propriedades magnéticas (atraído por
ímã).
Química

3. A
Corpos com densidades diferentes, de acordo com as leis de Newton, terão acelerações diferentes.

4. B
A presença de sais de ferro provoca a precipitação do arsênio, que, por sua vez, é removido por filtração.

5. A
A primeira etapa desse beneficiamento é a decantação. Nesse processo, a fase mais densa (imiscível)
se separa da fase menos densa da mistura.

6. D
I – A mistura formada por água e óleo de cozinha compõe um sistema heterogêneo.
III – Catação é a separação de misturas de forma manual. Essa técnica não pode ser aplicada em uma
mistura de água e álcool etílico.

7. A
Processo de separação I: filtração da areia.
Processo de separação II: decantação de gasolina e água.

8. D
Sal e areia – dissolução fracionada.
Naftalina e areia – sublimação.
Ferro e areia – separação magnética.

9. B
A – É uma técnica de separação de misturas que também se baseia na diferença de densidade, mas que
utiliza a força da água para arrastar o material menos denso;
C/D/E – São métodos de separação que se baseiam na diferença de densidade, porém não utilizam
adição de ar.

10. B
Operação 1: pode ser uma filtração ou decantação.
Operação 2: destilação simples.
Sistema heterogêneo (G): separação em duas fases, uma sólida (sólido (J), marrom) e outra líquida (L).
Conclusão: um componente sólido (J).
Líquido verde claro (L): separação em duas outras fases, um sólido verde (M) e um líquido incolor (Q).
A temperatura de ebulição variou entre eles, ou seja, não foi constante.
Conclusão: o sólido verde é constituído por um componente, e o líquido incolor pode ser constituído por
dois componentes.
Conclusão final: o sistema heterogêneo poderia ser constituído por quatro componentes.
Química

Métodos de separação de misturas homogêneas

Objetivo
Você conhecerá melhor as misturas homogêneas, suas principais características e como pode ser feita a
separação desses tipos de misturas.

Se liga
Para que você compreenda os métodos de separação de misturas homogêneas, é recomendável
compreender antes os sistemas heterogêneos e homogêneos. Tem alguma dúvida nesse assunto? Clique
aqui, para assista a uma aula e tirar suas dúvidas (caso não seja direcionado, pesquise por “Aspectos
Macroscópicos - Propriedades da matéria, substância, mistura e sistema” na biblioteca).

Curiosidade
Nos desenhos que estariam presentes nos escritos dos alquimistas alexandrinos (que sobreviveram até
nossos dias em cópias manuscritas feitas entre os séculos XI e XV) estão algumas figuras de instrumentos
que os químicos de hoje podem facilmente associar com aparatos utilizados em laboratórios para separar
misturas.

Teoria

Métodos de separação de misturas


Como vimos anteriormente, é possível saber se um material é substância pura ou mistura por meio da análise
de suas propriedades específicas. Se o resultado das análises indicar uma mistura de várias substâncias e
houver necessidade de isolar as substâncias puras presentes, será necessário escolher um método adequado
de separação.

Você já se perguntou como se separa a água do óleo ou como o sal é retirado da água do mar? Veremos
agora algumas técnicas de separação bastante comuns não apenas no dia a dia de um laboratório, mas
também aí na sua casa!

Misturas homogêneas
As misturas homogêneas apresentam-se de forma uniforme, em apenas uma fase (monofásica). Um bom
exemplo de sistema homogêneo é a mistura da água e açúcar.

Mistura de água e açúcar.


Química

Você já parou para pensar em como é feita a separação desses tipos de misturas? Entre os métodos que nos
permitem separar misturas homogêneas, estão: destilação simples, destilação fracionada, fusão fracionada,
liquefação fracionada e evaporação.

A evaporação é utilizada para separar misturas homogêneas líquidas, nas quais há pelo menos um
componente líquido e um componente sólido — e o componente sólido é o de interesse. Por exemplo, o sal
de cozinha é extraído da água do mar por evaporação. A água do mar é represada em grandes tanques, de
pequena profundidade, construídos na areia, chamados de salinas. Sob a ação do Sol e dos ventos, a água do
mar represada nas salinas sofre evaporação, e o sal de cozinha e outros componentes sólidos vão se
depositando no fundo dos tanques.

Já a destilação simples ocorre de acordo com a diferença nos pontos de ebulição dos componentes da
mistura. Essa técnica é mais adequada para separar misturas formadas entre sólidos e líquidos. Por
aquecimento, em aparelhagem apropriada com um condensador, a mistura entra em ebulição, e apenas o
componente líquido passa para o estado gasoso, o qual é condensado e recolhido. Por exemplo: separação
da mistura de sal e água.

Esquema de destilação simples. Ilustração por Rebeca Khouri, 2021.

No método da destilação fracionada, a separação é feita quando os componentes da mistura são líquidos e
têm o ponto de ebulição muito próximos. A técnica e a aparelhagem utilizadas na destilação fracionada são
as mesmas empregadas na destilação simples, com exceção de um aparelho adicional chamado coluna de
fracionamento.
Química

Esquema de destilação fracionada. Ilustração por Rebeca Khouri, 2021.

A destilação fracionada é o método utilizado para separar as frações do petróleo.

Esquema de destilação fracionada do petróleo. Ilustração por Rebeca Khouri, 2021.

O processo de fusão fracionada é baseado nas diferenças entre os pontos de fusão dos componentes de
uma mistura. A mistura sólida é aquecida até que um dos componentes se funda (liquefaça) completamente.
Química

A liquefação fracionada consiste na separação de misturas gasosas. A mistura é resfriada até que os gases
componentes atinjam sua temperatura de ebulição, passando para o estado líquido.

Esquema de liquefação fracionada. Ilustração por Rebeca Khouri, 2021.

Que tal conferir um mapa mental sobre separação de misturas?

Clique na imagem, para ver o “quer que desenhe?” deste mapa mental no canal do Descomplica no YouTube.
Química

Exercícios de fixação

1. Por conta das impurezas que o petróleo bruto contém, ele é submetido a dois processos mecânicos de
purificação antes do refino: separá-lo da água salgada e separá-lo de impurezas sólidas, como areia e
argila. Esses processos mecânicos de purificação são, respectivamente:
a) decantação e filtração;
b) decantação e destilação fracionada;
c) filtração e destilação fracionada;
d) filtração e decantação;
e) destilação fracionada e decantação.

2. Um sólido X está totalmente dissolvido num líquido Y. É possível separar o solvente Y da mistura por
meio de uma:
a) centrifugação;
b) sifonação;
c) decantação;
d) filtração;
e) destilação.

3. Para realizar a separação de uma mistura composta por água e álcool, devemos empregar qual
processo?
a) Destilação simples.
b) Destilação fracionada.
c) Decantação.
d) Separação magnética.
e) Centrifugação.

4. Qual o método mais adequado para separar uma mistura homogênea que contém água e sal,
preservando ambos os componentes?
a) Filtração.
b) Centrifugação.
c) Decantação.
d) Destilação.
e) Catação.
Química

5. Qual é o método mais adequado para realizar a separação de uma mistura gasosa de oxigênio-
nitrogênio?
a) Liquefação.
b) Filtração.
c) Catação.
d) Centrifugação.
e) Flotação.
Química

Exercícios de vestibulares

1. (Uece, 2010) Normalmente as substâncias puras são obtidas a partir de misturas. Para a obtenção
dessas substâncias existem processos de separação.
Assinale a alternativa que associa corretamente: o processo de separação, o tipo de mistura, a natureza
da mistura e aparelhos utilizados nesse processo.
a) Separação por meio do Funil de bromo; Heterogênea; Líquido-sólido; Béquer, Suporte metálico e
Garras metálicas
b) Dissolução fracionada; Heterogênea; Sólido- sólido; Funil de Buchner e Erlenmeyer
c) Destilação fracionada; Homogênea; Líquido-líquido; Balão, Coluna de fracionamento e
Condensador
d) Decantação; Heterogênea; Sólido-líquido; Trompa d’água

2. (EAM, 2006) Para se obter água quimicamente pura, a partir da água do mar, faz-se necessário utilizar
um processo de separação de mistura denominado:
a) Evaporação
b) Destilação
c) Filtração
d) Catação
e) Decantação
Química

3. (UEL, 2015) No início do século XVII, a química começou a despontar como ciência, com base na
química prática (mineração, purificação de metais, criação de joias, cerâmicas e armas de fogo),
química médica (plantas medicinais) e crenças místicas (busca pela Pedra Filosofal). A figura abaixo
representa a vista do interior de um laboratório de análise de minerais do final do século XVI, utilizado
para amalgamação de concentrados de ouro e recuperação do mercúrio pela destilação da amálgama.
O minério, contendo ouro e alguns sais à base de sulfeto, era inicialmente tratado com vinagre (solução
de ácido acético) por 3 dias; em seguida, era lavado e, posteriormente, esfregado manualmente com
mercúrio líquido para formar amálgama mercúrio-ouro (detalhe B na figura). A destilação da amálgama
para separar o ouro do mercúrio era realizada em um forno chamado atanor (detalhe A na figura).

Sobre os processos de obtenção de ouro empregados no final do século XVI, assinale a alternativa
correta.
a) Ao considerar que o sal presente no minério é o PbS, o emprego do vinagre tem como finalidade
evitar a dissolução desse sal.
b) A amálgama ouro-mercúrio é uma mistura azeotrópica, por isso é possível separar o ouro do
mercúrio.
c) A destilação da amálgama composta por ouro e mercúrio é considerada um processo de
fracionamento físico.
d) A separação do mercúrio do ouro, por meio da destilação, ocorre por um processo de vaporização
chamado de evaporação
e) É possível separar a amálgama ouro-mercúrio por meio de destilação porque o ouro é mais denso
que o mercúrio.
Química

4. (UPE, 2017) Em países onde as reservas de água doce são escassas, principalmente nos insulares, são
comuns as estações de dessalinização da água do mar. Esse processo consiste na utilização de vapor
d’água de alta temperatura, para fazer a água salgada entrar em ebulição. Posteriormente, o vapor
passa por vários estágios, em que é liquefeito e depois vaporizado, garantindo um grau de pureza
elevado do produto final.
O processo de separação de mistura que podemos identificar no processo descrito é o de
a) filtração.
b) destilação.
c) centrifugação.
d) osmose reversa.
e) decantação fracionada.

5. (EAM, 2004) Considere as três misturas a seguir nas proporções indicadas:


I - sal de cozinha e água (1:100)
II - óleo e água (1:1)
III - álcool comum e água (1:1)

Os processos de separação destas misturas são respectivamente:


a) destilação, destilação, decantação
b) decantação, destilação, filtração
c) destilação, decantação, destilação
d) centrifugação, destilação, decantação
e) destilação, decantação, centrifugação
Química

6. (UEFS, 2017)

Normalmente as substâncias são obtidas em mistura, seja na natureza, seja em laboratórios como
produtos de reações químicas. Na maioria das vezes, é necessário separar os componentes de uma
mistura para que possam ser utilizados. Para a separação, recorre-se a técnicas baseadas em
diferenças de propriedades entre os componentes da mistura. O esquema mostra as etapas de
separação de uma mistura.
Considerando-se essas informações, é correto afirmar que as técnicas de separação empregadas em
1, 2 e 3 são, respectivamente,
a) centrifugação, destilação fracionada e recristalização fracionada
b) decantação, destilação simples e sublimação
c) filtração, destilação simples e decantação
d) filtração, decantação e destilação simples
e) decantação, flotação e fusão fracionada

7. (CEFET-PR) Para um químico, ao desenvolver uma análise, é importante verificar se o sistema com o
qual está trabalhando é uma substância pura ou uma mistura. Dependendo do tipo de mistura,
podemos separar seus componentes por diferentes processos. Assinale a alternativa que apresenta o
método correto de separação de uma mistura.
a) Uma mistura homogênea pode ser separada através de decantação.
b) A mistura álcool e água pode ser separada por filtração simples.
c) A mistura heterogênea entre gases pode ser separada por decantação.
d) Podemos afirmar que, ao separarmos as fases sólidas e líquida de uma mistura heterogênea, elas
serão formadas por substâncias puras.
e) O método mais empregado para a separação de misturas homogêneas sólido-líquido é a
destilação.
Química

8. (EAM, 2017) Observe a figura a seguir.

O petróleo bruto é uma complexa mistura líquida de compostos orgânicos, denominados


hidrocarbonetos, que vão desde os alcanos mais simples até aos aromáticos mais complexos, dando
origem à gasolina, ao querosene, ao óleo combustível, ao óleo diesel, ao óleo lubrificante e também a
substâncias que serão posteriormente transformadas pela indústria petroquímica em plásticos,
fertilizantes, vernizes e fios para tecelagem, conforme a figura acima.

O processo que permite a separação dessas substâncias a partir do petróleo bruto é conhecido como:
a) filtração
b) decantação
c) destilação fracionada
d) dissolução fracionada
e) fusão fracionada

9. (EAM, 2014) O petróleo é uma mistura líquida que quando processada transforma-se nos subprodutos:
gasolina, diesel, querosene, entre outros. Mas esse processo só é possível porque estes derivados do
petróleo não têm temperaturas de ebulição muito próximas. Dessa forma, qual é a opção que indica o
processo de separação de misturas utilizado nas refinarias para dar origem aos derivados do petróleo?
a) Destilação fracionada
b) Destilação simples
c) Decantação
d) Filtração
e) Catação
Química

10. (UEMG, 2017) Uma mistura formada por água, CCl4 e sal de cozinha (NaCl) passou por dois processos
físicos com o objetivo de separar todos os seus componentes.
Considere o fluxograma e as afirmações sobre as características dos referidos processos:

I. O processo de separação II é uma filtração.


II. A mistura restante é uma solução homogênea.
III. O processo de separação I corresponde a uma decantação.
IV. As substâncias puras II e III correspondem a dois líquidos à temperatura ambiente.

São corretas apenas as afirmativas:


a) I e II
b) I e IV
c) II e III
d) II e IV

Sua específica é naturezas e quer continuar treinando esse conteúdo?


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Química

Gabaritos

Exercícios de fixação

1. A
Durante a decantação, o petróleo é menos denso que a água salgada, então fica na superfície da mistura;
assim, pode ser retirado. Em seguida é filtrado, para a retirada de impurezas sólidas.

2. E
A destilação é a única das técnicas apresentadas que separa um sólido totalmente dissolvido em um
líquido (mistura homogênea). As outras técnicas são usadas para separar misturas heterogêneas.

3. B
A destilação fracionada é um método de separação de misturas homogêneas do tipo líquido-líquido, com
diferentes pontos de ebulição, como é o caso da água e do álcool.

4. D
Na destilação, a água entra em ebulição e passa para o estado de vapor, sendo separada do sal (que fica
no balão de fundo redondo, enquanto a água é resfriada no condensador e coletada em outro recipiente
no estado líquido).

5. A
O oxigênio e o nitrogênio são separados por liquefação e posterior destilação fracionada.

Exercícios de vestibulares

1. C
No método da destilação fracionada, a separação é feita quando os componentes da mistura são
líquidos e compõem um sistema homogêneo. A técnica e a aparelhagem utilizadas na destilação
fracionada são: balão, coluna de fracionamento e condensador.

2. B
A água do mar, além de conter sal, possui sais minerais e outras impurezas. Por isso, para obter somente
a água, deve-se aplicar o método da destilação. Dessa forma, apenas a água pura (sem sal, sais minerais
e outras impurezas) vaporiza e condensa em outro recipiente.

3. C
[A] Incorreta. A finalidade do ácido nessa etapa do processo é promover a dissolução do sal.

[B] Incorreta. Uma mistura azeotrópica possui pontos de ebulição constantes, o que inviabilizaria a
separação da mistura por destilação.

[C] Correta. Pois os elementos ouro e mercúrio possuem pontos de ebulição diferentes.

[D] Incorreta. A separação dos elementos, pelo processo de destilação, ocorre por um processo de
vaporização, chamado de ebulição.

[E] Incorreta. A separação desses compostos só é possível usando essa técnica de separação, devido
aos pontos de ebulição dos elementos serem diferentes.

4. B
A destilação é um processo de separação de mistura do tipo líquido-líquido ou sólido-líquido, no qual os
componentes são separados pela diferença do ponto de ebulição de seus componentes.
Química

5. C
I. Para separar o sal de cozinha da água, utilizamos o método da destilação simples.
II. Óleo e água são separados por decantação.
III. Álcool como e água são separados por destilação fracionada.

6. B

7. E
a) Incorreta. A decantação é uma técnica empregada para separar misturas heterogêneas do tipo
sólido-líquido.
b) Incorreta. O álcool e a água são líquidos miscíveis que não se separam por técnicas físicas como a
filtração simples. Nesse caso, são necessárias técnicas químicas como a destilação fracionada.
c) Incorreta. Vide alternativa a.
d) Incorreta. Não podemos afirmar que, ao separarmos as fases sólida e líquida de uma mistura
heterogênea, elas serão formadas por substâncias puras; porque, por exemplo, o líquido pode na
verdade ser uma mistura homogênea (como álcool e água), e não um líquido puro.

8. C
O petróleo é uma mistura de vários componentes (hidrocarbonetos). Como cada substância possui uma
temperatura de ebulição específica e não muito próxima, é possível separá-la por meio da destilação
fracionada, isto é, o aquecimento do petróleo até a temperatura de ebulição de cada substância desejada.

9. A
Ambos se referem a misturas homogêneas, mas a destilação simples envolve uma mistura de um sólido
mais um líquido. Sendo assim, o processo mais adequado é a destilação fracionada, pois temos a
mistura entre líquidos.
Química

10. C

I. Incorreto: o processo de separação II é uma destilação simples (separação de mistura homogênea


sólido-líquido).
II. Correto: a mistura restante é uma solução homogênea de água e cloreto de sódio.
III. Correto: no processo de separação I ocorre uma decantação, ou seja, a separação do tetracloreto de
carbono (CCl4 apolar) da solução de água e cloreto de sódio.
IV. Incorreto: no processo de destilação simples, das substâncias obtidas, uma será sólida (NaCl) e a
outra será líquida (H2O).
Redação

A dissertação argumentativa

Teoria

Dissertar e argumentar
Argumentar: termo derivado do latim “argumentum”, a argumentação consiste no ato de convencer,
comprovar uma proposição ao interlocutor, no intuito de corroborar com aquilo que foi proferido. Demonstrar
a sua opinião sobre um determinado tema, a fim de validar as suas ideias a outra pessoa, pode ser um tipo
de argumento.
Dissertar: trata-se de expor e discutir ideias com o foco na informação; é fazer juízo sobre um determinado
assunto e se posicionar diante dele, e para isso é preciso apresentar argumentos com criticidade e usando
da persuasão e do convencimento.

Argumentação
Para entender melhor o caráter persuasivo do texto, vejamos um exemplo. Em Janeiro de 2018, a
apresentadora Oprah Winfrey recebeu o Prêmio Cecil B. DeMille, concedido a figuras notáveis da indústria
audiovisual americana, durante o Globo de Ouro. Um dos momentos mais marcantes da entrega do prêmio
foi quando Oprah fez o seu discurso de agradecimento. Leia um trecho abaixo:

“Em 1982, Sidney recebeu o prêmio Cecil B. DeMille aqui no Globo de Ouro, e eu sei que, neste momento, há
algumas garotinhas assistindo eu me tornar a primeira mulher negra a receber esse mesmo prêmio. É uma
honra, é uma honra e é um privilégio compartilhar a noite com todas elas e também com os incríveis homens
e mulheres que me inspiraram, que me desafiaram, que me apoiaram e fizeram minha jornada até esse ponto
possível.
[...]

Então, eu quero hoje a noite expressar gratidão a todas as mulheres que sofreram anos de abuso e agressão
porque elas, como minha mãe, tiveram filhos para se alimentar e contas a pagar e sonhos para perseguir. São
as mulheres cujos nomes nunca conheceremos. São trabalhadoras domésticas e trabalhadoras agrícolas.
Elas estão trabalhando em fábricas, em restaurantes, estão nas universidades, engenharia, medicina e ciência.

1
Redação

Elas fazem parte do mundo da tecnologia, da política e dos negócios. Elas são nossos atletas nas Olimpíadas
e elas são nossas soldadas nas Forças Armadas. [...] Por muito tempo, não ouviam as mulheres, ou não
acreditavam nelas quando ousavam falar a verdade sob o poder desses homens. Mas esse tempo acabou.
Esse tempo acabou. Esse tempo acabou.
[...]
Então, eu quero que todas as garotas assistindo aqui, agora, saibam que um novo dia está no horizonte! E
quando esse novo dia finalmente amanhecer, será por causa de muitas mulheres magníficas, muitas das
quais estão aqui neste auditório, esta noite e alguns homens fenomenais, lutando para garantir que se tornem
os líderes que nos levam ao tempo em que ninguém nunca mais terá de dizer “Eu também”.”
Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/filmes/oprah-winfrey-faz-discurso-inspirado-contra-assedio-racismono-globo-de-ouro-
2018-22264789

Ao interpretar o texto, é possível notar que um dos argumentos utilizados por Oprah é a necessidade de as
mulheres se sentirem representadas e quebrarem barreiras, a fim de obterem a igualdade de gênero, combater
a violência contra a mulher, o racismo, e exercerem a sua cidadania. A apresentadora cita vários exemplos ao
longo de seu discurso para defender o seu ponto de vista.

Atenção!
Existem diversos gêneros textuais de caráter argumentativo. No entanto, para os vestibulares, em geral, e,
principalmente, para o Enem, o que mais nos interessa é a dissertação-argumentativa. Por isso, começaremos
aqui os estudos iniciais sobre esse gênero, a fim de conhecer suas funções e características.

O texto dissertativo-argumentativo
O texto dissertativo-argumentativo é um texto opinativo que se baseia na defesa de uma perspectiva ou um
determinado ponto de vista acerca de um tema. Nele, a opinião do autor é fundamentada com explicações e
argumentos, e quem escreve procura convencer o leitor – ou pelo menos tentar –, mediante a apresentação
de razões, por meio da evidência de provas e contando com um raciocínio coerente e consistente. Em outras
palavras, ao mesmo tempo em que o autor disserta sobre um determinado tema, tecendo comentários,
também tenta convencer e cativar o leitor com argumentos.

Características da dissertação argumentativa


● Tese: a tese é a ideia que você pretende defender durante o seu texto. Ela deve estar relacionada ao tema
da proposta e ser apoiada por argumentos ao longo da sua redação.

● Objetividade e impessoalidade: nesse gênero textual, é essencial que as opiniões sejam mostradas de
forma objetiva, ou seja, evitando trazer informações muito subjetivas, baseadas em convicções
individuais e argumentos pouco racionais, e buscando uma impessoalidade. No Enem e em outros
vestibulares, o uso da 1ª pessoa geralmente não é recomendado, a não ser que a banca instrua o
candidato a essa opção. Desse modo, trabalhar com a 3ª pessoa pode distanciar melhor o autor das
opiniões apresentadas e, assim, deixá-las mais próximas de verdades absolutas.

2
Redação

Vejamos a diferença:

Argumento I: “Eu não tenho a menor dúvida de que alimentos industrializados e fast-foods são
extremamente saborosos. Inclusive, quem nunca trocou uma refeição saudável por uma pizza ou uma
batata frita? É impossível negar que esses alimentos são tentadores, mas sei que não são a melhor opção
para a saúde. Por isso, devemos ter consciência de que o equilíbrio é o segredo e pensar nas
consequências que uma alimentação ruim traz ao nosso corpo.”

Argumento II: “Em primeiro lugar, é importante analisar o sucesso de uma refeição nada benéfica. Vítima
da aceleração do mundo moderno, a alimentação tem se resumido a produtos industrializados e aos
famosos fast-foods, não tão saudáveis e pouquíssimo nutritivos. Adaptando a ideia de modernidade
líquida de Zygmunt Bauman, parece que, hoje, o prazer imediato e o pouco cuidado com o futuro têm
sido prioridade na vida do indivíduo brasileiro, que, em todo o tempo, prefere o mais rápido – de certa
forma, o mais saboroso – e deixa de lado o que pode, de fato, alimentá-lo. Diante desse fator, surgem
diversas consequências que evidenciam ainda mais as características do mundo atual.”

No primeiro argumento, optamos por uma linguagem pessoal e mais informal. Esse tipo de
argumentação é indicado para contextos em que se pretende seduzir o interlocutor por meio da
identificação. Entretanto, se o objetivo é convencer o leitor sobre a credibilidade da argumentação, o ideal
é que retiremos as marcas de pessoalidade e subjetividade e utilizemos uma linguagem mais formal. Por
isso, o segundo modelo é a forma adequada para a dissertação argumentativa.

● Estrutura específica: em geral, para se obter maior clareza na exposição do ponto de vista, a estrutura do
texto é organizada em três partes:
a) Introdução: apresenta-se o tema e o ponto de vista (tese) que será defendido;
b) Desenvolvimento: desenvolve-se o ponto de vista (para convencer o leitor, é preciso usar uma sólida
argumentação, citar exemplos, recorrer a opiniões de especialistas, fornecer dados etc);
c) Conclusão: dá-se um fecho coerente com o desenvolvimento, com os argumentos apresentados.
No caso da redação do Enem, há a apresentação das propostas de intervenções sociais.

Veja, abaixo, um exemplo de redação dissertativo-argumentativa dividida em introdução, desenvolvimento e


conclusão sobre o tema do Enem 2019: “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”.

3
Redação

Na obra “A Invenção de Hugo Cabret”, é narrada a relação entre um dos pais do cinema, Georges Mélies,
e um menino órfão, Hugo Cabret. A ficção, inspirada na realidade do começo do século XX, tem como um de
seus pontos centrais o lazer proporcionado pelo cinema, que encanta o garoto. No contexto brasileiro atual,
o acesso a essa forma de arte não é democratizado, o que prejudica a disponibilidade de formas de lazer à
população. Esse problema advém da centralização das salas exibidoras em zonas metropolitanas e do alto
custo das sessões para as classes de menor renda.
Primeiramente, o direito ao lazer está assegurado na Constituição de 1988, mas o cinema, como meio
de garantir isso, não tem penetração em todo território brasileiro. O crescimento urbano no século XX atraiu
as salas de cinema para as grandes cidades, centralizando progressivamente a exibição de filmes. Como
indicativo desse processo, há menos salas hoje do que em 1975, de acordo com a Agência Nacional de
Cinema (Ancine). Tal fato se deve à falta de incentivo governamental – seja no âmbito fiscal ou de
investimento – à disseminação do cinema, o que ocasionou a redução do parque exibidor interiorano. Sendo
assim, a democratização do acesso ao cinema é prejudicada em zonas periféricas ou rurais.
Ademais, o problema existe também em locais onde há salas de cinema, uma vez que o custo das
sessões é inacessível às classes de renda baixa. Isso se deve ao fato de o mercado ser dominado por poucas
empresas exibidoras. Conforme teorizou inicialmente o pensador inglês Adam Smith, o preço decorre da
concorrência: a competitividade força a redução dos preços, enquanto os oligopólios favorecem seu
aumento. Nesse sentido, a baixa concorrência dificulta o amplo acesso ao cinema no Brasil.
Portanto, a democratização do cinema depende da disseminação e do jogo de mercado. A fim de
levar os filmes a zonas periféricas, as prefeituras dessas regiões devem promover a interiorização dos
cinemas, por meio de investimentos no lazer e incentivos fiscais. Além disso, visando reduzir o custo das
sessões, cabe ao Ministério da Fazenda ampliar a concorrência entre as empresas exibidoras, o que pode ser
feito pela regulamentação e fiscalização das relações entre elas, atraindo novas empresas para o Brasil. Isso
impediria a formação de oligopólios, consequentemente aumentando a concorrência. Com essas medidas, o
cinema será democratizado, possibilitando a toda a população brasileira o mesmo encanto que tinha Hugo
Cabret com os filmes.
Disponível em:
https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/avaliacoes_e_exames_da_educacao_basica/a_redacao_do_enem_2020_-
_cartilha_do_participante.pdf

A redação apresenta os princípios da estrutura do texto dissertativo-argumentativo. Na introdução, há a


apresentação do ponto de vista (a centralização das salas de cinema e o preço elevado dos ingressos que
impedem a democratização efetiva do cinema). No desenvolvimento, as justificativas que comprovam esse
ponto de vista (comparação entre o que é assegurado pela Constituição Federal com a situação atual do país
e o argumento de autoridade acerca do pensamento de Adam Smith para fundamentar a justificativa de que
o preço dos ingressos é alto porque há poucas empresas atuando no país) e a conclusão encerra a discussão
proposta no texto (soluções para os dois problemas discutidos no texto, reforçando a importância de se
proporcionar esse tipo de lazer à população).

● Coerência e coesão: na construção de qualquer texto, a produção de sentido, tanto de maneira abstrata
quanto formal (com palavras) é essencial. Dessa forma, a coerência, responsável por essas relações no
campo das ideias, e a coesão, que usa palavras nessa construção, precisam ser trabalhadas de maneira
bem rica na dissertação. Teremos, em outro momento, uma aula específica sobre isso, mas não se
esqueça dessa regra: seu texto precisa ter sentido.

4
Redação

● Estratégias argumentativas: são os elementos que contribuirão para o aprofundamento e validação de


seus argumentos. São inúmeras as estratégias; dentre elas temos:
● Exemplificação
● Alusão histórica
● Alusão cultural (filmes, séries, personagens, música, etc.)
● Interdisciplinaridade (referências a outras áreas do conhecimento, como Filosofia, Geografia,
Biologia, etc.)
● Argumentos de autoridade
● Dados estatísticos
● Causa e consequência
● Confronto entre ideias
● Analogias
● Métodos de raciocínio (dedução, indução e dialética)

Em breve, veremos esse conteúdo de forma mais detalhada e contextualizada nas aulas futuras.

5
Redação

Exercícios de fixação

1. Qual é o principal objetivo da argumentação?

2. A linguagem na dissertação argumentativa deve ser:


a) Pessoal
b) Impessoal
c) Subjetiva
d) Poética

3. O que é a tese?

4. Em que parte do texto contextualizamos o tema?


a) Introdução
b) Desenvolvimento
c) Conclusão
d) Argumentos

5. Qual pessoa do discurso deve ser utilizada a fim de garantir maior credibilidade ao texto?
a) 1ª pessoa
b) 2ª pessoa
c) 3ª pessoa
d) A pessoa do discurso não interfere na credibilidade do texto.

6
Redação

Exercícios

1. Analise a introdução abaixo, extraída de uma redação nota 1000 referente ao tema Invisibilidade e
registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil (ENEM – 2021):
A produção cinematográfica “Soul”, veiculada pela plataforma de “streaming” Disney +, retrata, por meio
de uma experiência pós-morte, a busca pelo sentido da vida e pelo pertencimento, na medida em que o
personagem principal busca representatividade não só pessoal, como também coletiva. Ao traçar um
paralelo entre o contexto abordado e a sociedade brasileira, percebe-se que muitos indivíduos
enfrentam esse mesmo anseio, uma vez que a garantia de acesso à cidadania no Brasil, apesar de ser
benéfica e necessária, ainda não é democratizada, graças à invisibilidade social causada pela falta de
registro civil. Assim, tendo em vista que esse cenário é extremamente prejudicial à plena vivência dos
cidadãos, hão de ser analisados aspectos socioespaciais e governamentais.

Demonstre a estratégia de contextualização feita pela autora.

2. Não adianta isolar o fumante


Se quiser mesmo combater o fumo, o governo precisa ir além das restrições. É preciso apoiar quem
quer largar o cigarro.
Ao apoiar uma medida provisória para combater o fumo em locais públicos nos 27 estados brasileiros,
o senado reafirmou um valor fundamental: a defesa da saúde e da vida.
Em pelo menos um aspecto a MP 540/2011 é ainda mais rigorosa que as medidas em vigor em São
Paulo, no Rio de Janeiro e no Paraná, estados que até agora adotaram as legislações mais duras contra
o tabagismo. Ela proíbe os fumódromos em 100% dos locais fechados, incluindo até tabacarias, onde
o fumo era autorizado sob determinadas condições.
Uma das principais medidas atinge o fumante no bolso. O governo fica autorizado a fixar um novo preço
para o maço de cigarros. O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) será elevado em 300%.
Somando uma coisa e outra, o sabor de fumar se tornará muito mais ácido. Deverá subir 20% em 2012
e 55% em 2013.
A visão fundamental da MP está correta. Sabe-se, há muito, que o tabaco faz mal à saúde. É razoável,
portanto, que o Estado aja em nome da saúde pública.
Época, 28 nov. 2011 (adaptado)

O autor do texto analisa a aprovação da MP 540/2011 pelo Senado, deixando clara a sua opinião sobre
o tema. O trecho que apresenta uma avaliação pessoal do autor como uma estratégia de persuasão do
leitor é:
a) “Ela proíbe os fumódromos em 100% dos locais fechados".
b) "O governo fica autorizado a fixar um novo preço para o maço de cigarros.’’
c) “O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)”
d) “Somando uma coisa e outra, o sabor de fumar se tornará muito mais ácido."
e) "Deverá subir 20% em 2012 e 55% em 2013."

7
Redação

3. Censura moralista
Há tempos que a leitura está em pauta. E, diz-se, em crise. Comenta-se esta crise, por exemplo,
apontando a precariedade das práticas de leitura, lamentando a falta de familiaridade dos jovens com
livros, reclamando da falta de bibliotecas em tantos municípios, do preço dos livros em livrarias, num
nunca acabar de problemas e de carências. Mas, de um tempo para cá, pesquisas acadêmicas vêm
dizendo que talvez não seja exatamente assim, que brasileiros leem, sim, só que leem livros que as
pesquisas tradicionais não levam em conta. E, também de um tempo para cá, políticas educacionais
têm tomado a peito investir em livros e em leitura.
LAJOLO, M. Disponível em: www.estadao.com.br. Acesso em: 2 dez. 2013 (fragmento).

Os falantes, nos textos que produzem, sejam orais ou escritos, posicionam-se frente a assuntos que
geram consenso ou despertam polêmica. No texto, a autora
a) ressalta a importância de os professores incentivarem os jovens às práticas de leitura.
b) critica pesquisas tradicionais que atribuem a falta de leitura à precariedade de bibliotecas.
c) rebate a ideia de que as políticas educacionais são eficazes no combate à crise de leitura.
d) questiona a existência de uma crise de leitura com base nos dados de pesquisas acadêmicas.
e) atribui a crise da leitura à falta de incentivos e ao desinteresse dos jovens por livros de qualidade.

4. Leia com atenção o parágrafo abaixo:


“O cientista Karl Marx, durante a Idade Média, defendia o ideal de uma sociedade com distribuição
igualitária de renda, a fim de combater a desigualdade social. No entanto, ainda estamos longe de uma
sociedade que preze pelo bem-estar social de todas as classes, por isso, inúmeras mudanças precisam
ocorrer para alterar este cenário.”

Sabe-se que para construir um texto de cunho argumentativo é preciso defender um determinado ponto
de vista e, além disso, é preciso que as informações estejam corretas para validar a perspectiva
apresentada. De acordo com os seus conhecimentos, identifique os erros que o produtor do texto
cometeu ao defender as suas ideias.

5. Suponha que você leu uma redação com o tema “A corrupção na sociedade contemporânea” e o
parágrafo de introdução lhe chamou a atenção. Leia-o abaixo e explique, a partir de seus
conhecimentos, por que as informações apresentadas não são defendidas com profundidade.

“A população brasileira vive uma crise de representatividade, visto que todos os políticos existentes
exercem a corrupção. Por esse motivo, o cidadão sente-se desacreditado na política atual e percebe
que os candidatos dos partidos do PT (Partido do Trabalhador) e PSDB (Partido da Social Democracia
Brasileira) permanecem no poder.”

8
Redação

6. O trecho dissertativo-argumentativo abaixo faz um breve comentário sobre “A importância da internet


no acesso à informação”. Leia-o com atenção:
“A globalização permitiu que os indivíduos usufruíssem, cada vez mais, do mundo tecnológico e, com
o advento da internet, proporcionou que os internautas se comunicassem de maneira mais rápida e
eficaz. Durante a Primavera Árabe, por exemplo, os libaneses lutaram contra o governo opressor vigente
e divulgaram sua insatisfação no mundo virtual”.

O trecho que você acabou de ler trata-se de um parágrafo introdutório de uma redação, entretanto, ele
está incompleto. Identifique o que falta para a construção do parágrafo argumentativo.

7. TEXTO I
Nesta época do ano, em que comprar compulsivamente é a principal preocupação de boa parte da
população, é imprescindível refletirmos sobre a importância da mídia na propagação de determinados
comportamentos que induzem ao consumismo exacerbado. No clássico livro O capital, Karl Marx
aponta que no capitalismo os bens materiais, ao serem fetichizados, passam a assumir qualidades que
vão além da mera materialidade. As coisas são personificadas e as pessoas são coisificadas. Em
outros termos, um automóvel de luxo, uma mansão em um bairro nobre ou a ostentação de objetos de
determinadas marcas famosas são alguns dos fatores que conferem maior valorização e visibilidade
social a um indivíduo.
LADEIRA, F. F. Reflexões sobre o consumismo. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em 18 Jan.2015.

TEXTO II
Todos os dias, em algum nível, o consumo atinge nossa vida, modifica nossas relações, gera e rege
sentimentos, engendra fantasias, aciona comportamentos, faz sofrer, faz gozar. Às vezes
constrangendo-nos em nossas ações no mundo, humilhando e aprisionando, às vezes ampliando nossa
imaginação e nossa capacidade de desejar, consumimos e somos consumidos. Numa época toda
codificada como a nossa, o código da alma (o código do ser) virou código do consumidor! Fascínio
pelo consumo, fascínio do consumo. Felicidade, luxo, bem-estar, boa forma, lazer, elevação espiritual,
saúde, turismo, sexo, família e corpo são hoje reféns da engrenagem do consumo.
BARCELLOS, G. A alma do consumo. Disponível em: www.diplomatique.org.br. Acesso em 18 jan 2015.

Esses textos propõem uma reflexão crítica sobre o consumismo. Ambos partem do ponto de vista de
que esse hábito
a) desperta o desejo de ascensão social.
b) provoca mudanças nos valores sociais.
c) advém de necessidades suscitadas pela publicidade.
d) deriva da inerente busca por felicidade pelo ser humano.
e) resulta de um apelo do mercado em determinadas datas.

9
Redação

8. O último longa de Carlão acompanha a operária Silmara, que vive com o pai, um ex-presidiário, numa
casa da periferia paulistana. Ciente de sua beleza, o que lhe dá certa soberba, a jovem acredita que terá
um destino diferente do de suas colegas. Cruza o caminho de dois cantores por quem é apaixonada. E
constata, na prática, que o romantismo dos contos de fada tem perna curta.
VOMERO, M. F. Romantismo de araque. Vida Simples, n. 121, ago. 2012.

Reconhece-se, nesse trecho, uma posição crítica aos ideais de amor e felicidade encontrados nos
contos de fada. Essa crítica é traduzida
a) pela descrição da dura realidade da vida das operárias.
b) pelas decepções semelhantes às encontradas nos contos de fada.
c) pela ilusão de que a beleza garantiria melhor sorte na vida e no amor.
d) pelas fantasias existentes apenas na imaginação de pessoas apaixonadas.
e) pelos sentimentos intensos dos apaixonados enquanto vivem o romantismo.

9. Embora particularidades na produção mediada pela tecnologia aproximem a escrita da oralidade, isso
não significa que as pessoas estejam escrevendo errado. Muitos buscam, tão somente, adaptar o uso
da linguagem ao suporte utilizado: “O contexto é que define o registro de língua. Se existe um limite de
espaço, naturalmente, o sujeito irá usar mais abreviaturas, como faria no papel", afirma um professor
do Departamento de Linguagem e Tecnologia do Cefet-MG. Da mesma forma, é preciso considerar a
capacidade do destinatário de interpretar corretamente a mensagem emitida. No entendimento do
pesquisador, a escola, às vezes, insiste em ensinar um registro utilizado apenas em contextos
específicos, o que acaba por desestimular o aluno, que não vê sentido em empregar tal modelo em
outras situações. Independentemente dos aparatos tecnológicos da atualidade, o emprego social da
língua revela-se muito mais significativo do que seu uso escolar, conforme ressalta a diretora de
Divulgação Científica da UFMG: “A dinâmica da língua oral é sempre presente. Não falamos ou
escrevemos da mesma forma que nossos avós". Some-se a isso o fato de os jovens se revelarem os
principais usuários das novas tecnologias, por meio das quais conseguem se comunicar com
facilidade. A professora ressalta, porém, que as pessoas precisam ter discernimento quanto às
distintas situações, a fim de dominar outros códigos.
SILVA JR., M. G.; FONSECA, V. Revista Minas Faz Ciência, n. 51, set.-nov. 2012 (adaptado).

Na esteira do desenvolvimento das tecnologias de informação e de comunicação, usos particulares da


escrita foram surgindo. Diante dessa nova realidade, segundo o texto, cabe à escola levar o aluno a
a) interagir por meio da linguagem formal no contexto digital.
b) buscar alternativas para estabelecer melhores contatos on-line.
c) adotar o uso de uma mesma norma nos diferentes suportes tecnológicos.
d) desenvolver habilidades para compreender os textos postados na web.
e) perceber as especificidades das linguagens em diferentes ambientes digitais.

10
Redação

10. Leia com atenção o trecho abaixo:

“Com a taxa de obesidade crescendo, a população brasileira vê doenças como a diabetes e a


hipertensão aumentarem, sendo provenientes de uma má alimentação. Além disso, ingerir alimentos
em alta quantidade e não seguir uma dieta alimentar são problemas existentes na vida de muitos jovens
que sofrem de enfermidades cardiovasculares.”

O parágrafo em destaque é trecho de uma redação relacionada ao tema “Alimentação irregular e


obesidade no Brasil”, mas possui problemas ao apresentar um caráter argumentativo. Identifique as
dificuldades presentes no texto para a validação de um ponto de vista.

Sua específica é linguagens e quer continuar treinando esse conteúdo?


Clique aqui para fazer uma lista extra de exercícios.

11
Redação

Gabaritos

Exercícios de fixação

1. O principal objetivo da argumentação é defender um ponto de vista e convencer o interlocutor sobre ele.

2. B
Para maior credibilidade, a linguagem deve ser impessoal e objetiva.

3. Tese é o nosso posicionamento sobre o tema: é a opinião que estamos defendendo.

4. A
Na introdução, devemos contextualizar o tema e apresentar um posicionamento sobre ele.

5. C
Ainda que a 1ª pessoa do plural seja admitida, não podemos usar a 1ª do singular. A 3ª pessoa é a mais
adequada para denotar distanciamento e impessoalidade.

Exercícios

1. A fim de contextualizar o tema, a autora recorre a uma alusão cultural, a menção à animação “Soul”. A
partir de sua menção e relação com a busca pelo sentido da vida e pelo pertencimento, estabeleceu-se
um elo com a realidade brasileira e a problemática específica da invisibilidade social ocasionada pela
falta de registro civil.

2. D
No texto, o autor defende um ponto de vista: o cigarro faz mal à saúde. Para convencer os usuários a
deixarem de adquirir esse produto, ele fala sobre os gastos financeiros, pois se houver um aumento do
preço para a venda de maço de cigarros, o custo para bancar o fumo será mais alto e muitos indivíduos
não irão querer manter esse custo.

3. D
No texto, a autora questiona a existência de uma crise de leitura e, com base nos dados de pesquisas
acadêmicas, opina que não há uma real crise de leitura entre os brasileiros porque eles "lêem livros que
as pesquisas tradicionais não levam em conta”.

4. Para validar uma determinada perspectiva, é preciso que as informações contidas no texto estejam
corretas. O primeiro erro é afirmar que Karl Marx era um cientista, e o segundo, relacioná-lo à Idade Média,
uma vez que este fez parte do século XIX. O conhecimento de mundo é muito importante para a produção
de textos argumentativos.

5. O produtor do texto apresenta argumentos generalizados e não aprofunda a explicação de sua


perspectiva nem visa comprová-la. Ao dizer que “todos os políticos” exercem a corrupção, é preciso
provar essa informação, como também é errôneo apontar partidos políticos e generalizá-los sem
evidências suficientes.

12
Redação

6. No trecho em questão, não há a presença da tese, isto é, o ponto de vista a ser defendido pelo produtor
do texto para explicar o impacto da internet no acesso à informação.

7. B
Os dois textos discorrem sobre o consumismo e o modo como ele afeta o homem, seus desejos e seu
modo de se relacionar com os demais. Defendem, portanto, a perspectiva de que o consumismo provoca
mudanças nos valores sociais.

8. C
No trecho, a personagem Silmara acredita que a sua beleza serviria de “porta-voz” para possibilidades
de ascensão social; no entanto, o texto evidencia que ela se enganou com esse pensamento, pois isso
não lhe garantiu necessariamente sorte na vida e nos relacionamentos.

9. E
O texto enfatiza a necessidade de o aluno saber utilizar as linguagens em diferentes contextos e
ambientes, o que evidencia o seu caráter argumentativo. Também é importante destacar a crítica feita à
escola, no texto, uma vez que “insiste em ensinar um registro utilizado apenas em contextos específicos”.

10. O produtor do texto focou na exposição de informações e não soube defender seu argumento. É preciso
abordar quais são os empecilhos da obesidade e da má alimentação, justificando a necessidade de os
indivíduos cuidarem de sua saúde a fim de prevenir doenças cardiovasculares e a obesidade.

13
Sociologia

Processo de socialização e instituições sociais

Objetivo
Você aprenderá o que é processo de socialização, suas etapas, funções e consequências, além de entender
o que são as instituições sociais e seu papel na difusão dos valores, crenças e hábitos da sociedade.

Curiosidade
Sem o processo de socialização é impossível para um indivíduo viver em sociedade. Existem várias definições
para instituição social, e todas elas apontam para um fator importante: a instituição é um fenômeno abstrato.
Não se trata do prédio da sua escola ou do edifício sede do governo. As instituições sociais escola e Estado
são mais os comportamentos que aprendemos nesses lugares e os valores por eles transmitidos que os
lugares em si.

Teoria

O que é uma instituição social?


Se há uma coisa que qualquer estudante de sociologia rapidamente aprende e passa a perceber é que todo
ser humano é profundamente moldado pela sociedade em que vive. Isto não significa que não somos livres
ou que não fazemos nossas próprias escolhas. Significa apenas que nossa liberdade não é absoluta e
ilimitada, mas sim situada e contextual. Em suma, nós não somos determinados pela sociedade, mas somos
radicalmente influenciados por ela. Em Sociologia, o conceito de socialização corresponde a esse processo
de integração do indivíduo na vida social, no qual o sujeito é profundamente moldado pelos padrões de
funcionamento da sua sociedade.
Naturalmente, o processo de socialização não se dá rapidamente e de imediato, mas gradualmente e por
etapas. Os principais agentes responsáveis pela socialização são as chamadas instituições sociais, isto é,
aquelas estruturas e organizações básicas que sustentam e organizam o funcionamento da vida coletiva.
Enquanto Durkheim define as instituições sociais como entidades garantidoras de coesão social, Talcott
Parsons afirma que as instituições sociais são interações duráveis em que os indivíduos assumem papeis
estáveis. Já para Mauss e Fauconnet, instituições sociais são um conjunto de ideias ou atos coletivos
vivenciados pelos indivíduos. Por essas definições, podemos perceber que, quando falamos de instituições
sociais, não se trata da materialidade da instituição, mas da relação constituída.

Características das instituições sociais


As instituições sociais são coercitivas, exercem pressão sobre os indivíduos e punem os desviantes. Isso
ocorre através da autoridade moral desses organismos que são guardiões das regras e valores que regem a
sociedade. Por serem históricas, ou seja, por existirem antes dos indivíduos e continuarem existindo depois
deles, essas instituições superam os indivíduos na sua formação e impacto social.
Sobre as instituições sociais, podemos afirmar que as do tipo espontâneas são aquelas que surgem a partir
das relações estabelecidas entre os agentes sociais, por exemplo, a família.

1
Sociologia

Essa instituição não tem sua origem racionalizada, mas surge espontaneamente pelo simples fato de ter
relações parentais. Já as instituições criadas são aquelas racionalizadas, artificialmente criadas pelos
indivíduos com a intenção de organizar o convívio social, como a religião ou a educação. Instituições
reguladoras, por sua vez, são aquelas que dispõem sobre a ordenação de diversos aspectos da sociedade e
as relações entre os indivíduos, como instituições educacionais e religiosas. Já as instituições operacionais
são de caráter mais realizador, que executa ações em diversos âmbitos sociais, como por exemplo, a
economia.

Mas afinal, quais são as instituições sociais?


Podemos afirmar como instituições sociais Família, Religião, Educação, Lazer, Economia, Segurança, Lei,
Trabalho, Estado, etc. Tradicionalmente, os sociólogos consideram como mais importantes as instituições
que abordaremos neste resumo. Tais instituições sociais são consideradas as mais relevantes por serem
supostamente universais, isto é, estão presentes em toda e qualquer cultura, não há registro de sociedade
humana sem a sua presença.
A família é a instituição social mais básica e inicial, responsável pela chamada socialização primária, isto é,
pela primeira integração do indivíduo à sociedade, através do ensino da língua, da transmissão de valores, do
ensinamento das normas básicas de convívio social etc. Sua importância é essencial, uma vez que ela é quem
torna o sujeito apto a viver socialmente.
Há, nas diversas culturas, os mais diferentes modelos de família: patriarcais, nas quais a liderança compete
ao homem, e matriarcais, nas quais a chefia cabe à mulher; monogâmicas, nas quais os dois cônjuges são
casados apenas entre si, poligâmicas, nas quais um homem é casado com várias mulheres, e poliândricas,
nas quais uma mulher é casada com vários homens; etc. Na sociedade ocidental contemporânea, o papel
desta instituição é cumprido pela família nuclear, mais comumente representada por pai, mãe e filhos, embora
as famílias nucleares atualmente possam ter várias configurações, como serem homoafetivas ou serem
formadas apenas por uma mãe e um filho ou avó, mãe e neto, entre outras. Nas sociedades tradicionais, por
sua vez, a função da instituição familiar era exercida por toda a chamada família extensa, que inclui avós, tios,
primos etc. Daí a importância dos clãs, das tribos.
A língua é a instituição social que tem como papel garantir a comunicação entre os membros da sociedade.
Sua existência é indispensável, uma vez que sem comunicação a sociedade não teria como se organizar e
sobreviver. Há, nas variadas culturas humanas, os mais diversos tipos de língua: umas são ágrafas, isto é,
apenas orais, faladas; outras possuem escrita. Nesta última categoria, a variedade também é grande: há
aquelas que usam alfabetos, as que usam hieróglifos, as que se valem de ideogramas etc. O que não há é
registro de sociedade humana sem linguagem.
A educação é a instituição responsável pela chamada socialização secundária, isto é, por todos aqueles
processos de integração social que se dão para além do nível familiar. De fato, seu papel é precisamente
transmitir às gerações mais novas os conhecimentos disponíveis em sociedade, herdados das gerações
passadas através da tradição e que a família não tem condições de transmitir por si só. Neste ponto, é
importante, para entendermos bem esta instituição social, não confundirmos educação com escola. De fato,
é claro que há sociedades humanas sem escolas, ou seja, sem estabelecimentos de ensino voltados para a
transmissão de um conhecimento intelectual e acadêmico. O que não é sociedade: sem transmissão de
valores, tradições e cultura adquirida. Um velho cacique que ensina as novas gerações indígenas a caçar os
está educando, ainda que sua prática de ensino não seja escolar.
Assim, nessas sociedades o conhecimento é transmitido de maneira informal através de mitos, rituais e pela
imitação, com uma educação mais direcionada para aspectos práticos da vida.

2
Sociologia

A política é a instituição social responsável pela organização e regulação da vida coletiva. Seu papel é
administrar os conflitos sociais e zelar pelo bem daqueles que estão sob sua autoridade. Tal como não há
sociedade sem língua, sem família e sem educação, também não há sociedade sem política.
Nas sociedades ocidentais existem, na realidade, os mais diversos tipos de regimes políticos das sociedades
ocidentais, tradicionalmente agrupados em três gêneros: os democráticos, nos quais a autoridade política
pertence a todo o povo, seja exercendo-a diretamente, seja mediante a eleição periódica de representantes
seus; os aristocráticos, nos quais o poder pertence a uma pequena elite, seja ela intelectual, religiosa,
financeira, militar ou o que for; e os monárquicos, nos quais a autoridade política cabe a apenas um indivíduo
isoladamente, homem ou mulher, normalmente dono de um título especial, como rei, imperador, príncipe,
arquiduque, xá, sultão, etc.
O trabalho é uma das atividades humanas universais. Apesar disso, estamos acostumados a associar como
trabalho um tipo muito específico de atividade, a que realizamos nas sociedades contemporâneas. Esse
trabalho de início e fim de expediente delimita e distorce nossa noção de trabalho. Mas qualquer atividade
humana com subordinação da vontade, objetivo definido e com transformação resultante em utilidade para a
humanidade pode ser considerada trabalho. De certo, cada tipo de trabalho e divisão social do trabalho produz
um tipo de sociabilidade, sendo todas, no entanto, voltadas para a realização de necessidades.
Por fim, a religião é a instituição social que tem como propósito central oferecer um sentido e explicação para
a vida humana, fazendo-o através do apelo ao sagrado, isto é, a uma instância superior, divina, sobrenatural.
O vínculo do homem como o sagrado, por sua vez, usualmente se dá através da fé, da oração, da prática de
certas normas morais e do cumprimento de determinados ritos religiosos. Evidentemente, há, ao longo da
história, diversos registros de indivíduos não religiosos e mesmo antirreligiosos. O que não há é caso
conhecido de uma sociedade na qual a religião de maneira geral não exista.
Existem os mais diversos tipos de religiosidade, dentre as quais se destacam o politeísmo, que é a crença em
vários deuses; o monoteísmo, que é a crença em um único Deus; o henoteísmo, que é a crenças em vários
deuses, mas existindo um deus supremo, base de todos demais; o panteísmo, crença de que não há um deus
pessoal, mas sim que Deus é a própria natureza e que, portanto, todas as coisas são parte de Deus; etc. Cabe
lembrar aqui um dado curioso: apesar de ser assim na quase totalidade dos casos, não é necessário, para
uma pessoa ser religiosa, que ela acredite em um Deus ou em deuses. Certos ramos do budismo são ateus,
isto, é não creem em qualquer forma de divindade, mas não deixam de ser correntes religiosas, uma vez que
propõem o vínculo do homem com uma instância sagrada.

O que é processo de socialização?


Um dos fatores essenciais no âmbito da construção das sociedades é chamado de processo de socialização.
É justamente a partir desse processo que há a interação e integração dos indivíduos na sociedade a qual
pertencem, através do aprendizado de hábitos, regras e saberes vinculados a uma determinada cultura.
Assim, o processo de socialização permite a assimilação de hábitos culturais e guia o aprendizado social dos
indivíduos, que irão assimilar os valores e regras da sociedade específica da qual fazem parte. A educação,
por exemplo, é um componente fundamental do processo de socialização, a partir do qual as crianças se
reconhecem como parte de um todo social, geralmente pelo contato com a geração adulta. Através da
socialização nos tornamos seres sociais.

Como ocorre a socialização?


Todas as relações sociais estabelecidas pelos indivíduos ao longo de sua vida irão contribuir para o processo
de socialização. Pelo contato com as normas, valores e diferentes grupos sociais acontecerá a socialização
do indivíduo, numa teia complexa dentro da qual todas as pessoas moldarão seus hábitos e condutas. É

3
Sociologia

evidente que os processos de socialização são diferentes de acordo com a sociedade em questão. Podemos
dizer, nesse sentido, que o processo de socialização de uma criança educada num espaço urbano será
diferente, por exemplo, da socialização de uma criança que vive no campo. Da mesma forma que podemos
perceber que o processo de socialização de uma criança num determinado grupo indígena pode apresentar
muitas diferenças em relação ao mesmo processo em outro grupo indígena.

Tipos de Socialização
Em geral, há dois tipos principais de socialização: a
socialização primária e a socialização secundária. A
primeira diz respeito à socialização que ocorre através da
família, quando a criança entrará em contato com a
linguagem e estabelecerá suas primeiras relações sociais.
Já aqui haverá a internalização de diversas normas que
serão fundamentais para o segundo estágio do processo de
socialização. Essa etapa de socialização tem um valor
primordial, deixando marcas muito profundas e muito
comumente permanentes nos sujeitos. O mundo do
indivíduo é construído a partir dessa socialização e ela se
relaciona com a formação do caráter das pessoas.
Apesar de sua função como realizadora da socialização secundária, a escola tem cada vez mais se
posicionado com uma instituição que contribui para uma socialização primária. O principal fator é o fato de
crianças estarem, cada vez mais novas, sendo inscritas em instituições de ensino como creches e escolas. E
a entrada precoce das crianças nesse ambiente aliada às exigências do mundo do trabalho aos parentes faz
com que muitas crianças cheguem nessas instituições com seu processo de consolidação de linguagem,
habilidades motoras e internalização de valores ainda incompleto. A escola é o ambiente favorável para o
aprendizado de sociabilidade, pois permite a interação com o outro, o que contribui, mas não garante, o
sucesso da socialização.
A socialização secundária diz respeito ao estabelecimento de papéis sociais que surgirão da relação e
interação com o mundo e com outros atores sociais além da própria família. Ou seja, um indivíduo já
socializado pelas instituições com esse objetivo continua adquirindo papéis sociais, intensificando a
complexidade de sua rede de relações sociais. Essa complexificação pode ser afetada por problemas
ocorridos na etapa de socialização primária, como a falta de internalização de normas e valores, o que pode
levar o indivíduo a descumprir regras básicas de convivência social.
Na socialização secundária o indivíduo internaliza as expectativas de cada área da vida social, como o mundo
do trabalho, atividades políticas, expressões culturais, manifestações religiosas etc. É um processo
subsequente que promove um tipo de especialização do indivíduo em cada âmbito social, diferente da
socialização primária que produz um aprendizado geral para habilitar o sujeito a viver em sociedade.

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Sociologia

Exercícios de fixação

1. O que ocorre com uma pessoa que não tem seu processo de socialização primária bem-sucedido?
a) Ela conclui seu processo de socialização durante a fase secundária.
b) Ela enfrenta problemas de adequação sendo expulsa da sociedade.
c) Ela fica exposta a possibilidade de descumprir regras básicas de convivência social.
d) Ela se torna livre, pois não está submetida às amarras da sociedade

2. Quais os tipos de processo de socialização?

3. Qual a principal diferença entre a socialização primária e secundária?


a) A secundária não acrescenta nada de novo na socialização do indivíduo
b) A secundária produz uma especialização em uma área da vida social que o indivíduo pode ser
inserido e a primária promove uma inserção genérica.
c) A socialização secundária repete os mesmos padrões da socialização primária, apenas se
diferenciando pela instituição que realiza a socialização

4. Sobre os tipos de instituições sociais, podemos afirmar que


(01) as do tipo espontâneas são aquelas que surgem a partir das relações estabelecidas entre os
agentes sociais, por exemplo, a família.
(02) as instituições criadas são aquelas racionalizadas, artificialmente criadas pelos indivíduos com a
intenção de organizar o convício social.
(04) Instituições reguladoras são as que têm um caráter mais realizador, executando ações me
sociedade.
(08) A economia é uma instituição social do tipo operacional.
Soma: ( )

5. Qual a principal função da instituição social? Como essa função se realiza?

5
Sociologia

Exercícios de vestibulares

1. (Unesp, 2015) Nenhum dos filmes que vi, e me divertiram tanto, me ajudou a compreender o labirinto
da psicologia humana como os romances de Dostoievski – ou os mecanismos da vida social como os
livros de Tolstói e de Balzac, ou os abismos e os pontos altos que podem coexistir no ser humano,
como me ensinaram as sagas literárias de um Thomas Mann, um Faulkner, um Kafka, um Joyce ou um
Proust. As ficções apresentadas nas telas são intensas por seu imediatismo e efêmeras por seus
resultados. Prendem-nos e nos desencarceram quase de imediato, mas das ficções literárias nos
tornamos prisioneiros pela vida toda. Ao menos é o que acontece comigo, porque, sem elas, para o
bem ou para o mal, eu não seria como sou, não acreditaria no que acredito nem teria as dúvidas e as
certezas que me fazem viver.
(Mario Vargas Llosa. “Dinossauros em tempos difíceis”. www.valinor.com.br. O Estado de S. Paulo, 1996. Adaptado.)

Segundo o autor, sobre cinema e literatura é correto afirmar que


a) a ficção literária é considerada qualitativamente superior devido a seu maior elitismo intelectual.
b) suas diferenças estão relacionadas, sobretudo, às modalidades de público que visam atingir.
c) as obras literárias desencadeiam processos intelectualmente e esteticamente formativos.
d) a escrita literária apresenta maior afinidade com os padrões da sociedade do espetáculo.
e) as duas formas de arte mobilizam processos mentais imediatos e limitados ao entretenimento.

2. (Unioeste, 2015) Os sociólogos estabelecem distinção entre a socialização primária e a socialização


secundária. A socialização primária é o processo por meio do qual a criança se transforma num
membro participante da sociedade. A socialização secundária compreende todos os processos
posteriores, por meio dos quais o indivíduo é introduzido em um mundo específico. Qualquer
treinamento profissional, por exemplo, constitui um processo de socialização secundária.”
(BERGER, P. L. e BERGER, B., “Socialização: como ser membro da sociedade”.In FORACCHI, M. M. e MARTINS, J. S.,
Sociologia e Sociedade – Leituras de introdução à Sociologia. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1999. p. 213-4)

Considerando o texto acima reproduzido, é CORRETO afirmar que


a) a socialização é um fenômeno que ocorre apenas nos anos iniciais da vida.
b) a socialização primária é aquela que ocorre no ambiente familiar e a secundária é aquela que ocorre
apenas nas escolas.
c) as pessoas nascidas em famílias bem estruturadas não precisam passar por processos de
socialização secundária.
d) apenas as sociedades industrializadas apresentam processos de socialização secundária.
e) a socialização é um processo que se inicia quando nascemos e nunca chega ao fim.

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Sociologia

3. (Ueg, 2016) Os seres humanos são formados socialmente. A sociologia aborda esse processo de
constituição social dos seres humanos com o termo “socialização”. Desde Marx e Durkheim, passando
pela escola funcionalista até chegar aos sociólogos contemporâneos, esse é um tema fundamental da
sociologia, mesmo sem usar esse termo. Alguns sociólogos atribuem um caráter repressivo e
coercitivo ao processo de socialização em determinadas épocas e sociedades. A socialização, na
sociedade moderna, seria diferente da que ocorre em outras sociedades. A letra da música a seguir
apresenta elementos desse processo de socialização moderna.

A letra da música apresenta o processo de


a) socialização de grupos subalternos que são altamente competitivos e voltados para o lucro e a
vitória competitiva independente de qualquer consideração ética.
b) imposição dos valores dos pequenos comerciantes que precisam de educação escolar e aprendem
a ter o lucro como objetivo principal de sua empresa.
c) imposição de elementos da sociabilidade moderna, tais como escolarização e trabalho visando
ascender socialmente e vencer a competição social.
d) socialização nos países subdesenvolvidos, nos quais a falta de oportunidades e de riquezas gera
uma forte competição social.
e) imposição de uma socialização fundada na racionalização, marcada por uma valoração da razão e
dos sentimentos.

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Sociologia

4. (Enem, PPL, 2019) O feminismo teve uma relação direta com o descentramento conceitual do sujeito
cartesiano e sociológico. Ele questionou a clássica distinção entre o “dentro” e o “fora”, o “privado” e o
“público”. O slogan do feminismo era: “o pessoal é político”. Ele abriu, portanto, para a contestação
política, arenas inteiramente novas: a família, a sexualidade, a divisão doméstica do trabalho etc.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2011 (adaptado).

O movimento descrito no texto contribui para o processo de transformação das relações humanas, na
medida em que sua atuação
a) subverte os direitos de determinadas parcelas da sociedade.
b) abala a relação da classe dominante com o Estado.
c) constrói a segregação dos segmentos populares.
d) limita os mecanismos de inclusão das minorias.
e) redefine a dinâmica das instituições sociais.

5.

Os quadrinhos acima apresentam a construção de uma figura social, o monstro. Tendo em conta a
teoria sociológica, podemos dizer que:
a) O monstro surge a partir de um processo social que cria sujeitos rejeitados e desajustados.
b) O monstro é uma figura que já desde o nascimento se mostra desajustada em relação à sociedade.
c) Somente as crianças são monstruosas.
d) Os monstros correspondem a uma forma de classificação escolar dos seus estudantes.
e) Há, na sociedade contemporânea, uma grande preocupação em fazer com que a monstruosidade
seja apagada da personalidade das pessoas.

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Sociologia

6. (UPE, 2016) Amor


Menino rejeitado por casais heterossexuais por ser “feio e negro demais” é adotado por casal
homossexual. O garoto de quatro anos havia sido rejeitado por outros três casais heterossexuais.
Atualmente, um dos debates mais acirrados da sociedade brasileira diz respeito à capacidade de casais
homossexuais fornecerem estrutura familiar para o desenvolvimento de uma criança. Ao contrapor o
senso comum de que apenas a família constituída por um homem e uma mulher pode oferecer essa
estrutura, ganhou repercussão, nas redes sociais, o caso do garoto de quatro anos que foi adotado por
um casal homossexual após ser rejeitado por três casais heterossexuais com as justificativas de ser
“feio” e “negro demais”. (...)
Disponível em: <http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/brasil/2015/02/27/> Adaptado. Acesso em: junho 2015

O tema apresentado no texto se refere ao conceito sociológico de


a) Comunidade.
b) Instituição social.
c) Indicadores políticos.
d) Igualdade de gênero.
e) Democratização das classes trabalhadoras.

7. Hoje em dia, muitos pais acreditam que, a partir de certa idade, devem delegar a educação de seus
filhos à escola, pois já cumpriram seu papel até ali, e nada podem acrescentar para o filho, não melhor
do que faria o colégio.
A questão é que estão enganados. Os pais são os melhores professores de seus filhos, e sempre serão.
Mas quando digo professores, não me refiro aos ensinamentos de matérias como o português ou a
matemática, e sim ao desenvolvimento de virtudes e capacidades relacionadas a todos os âmbitos de
seu ser, pois sabemos que o ser humano não é apenas composto por seu lado racional (aqui me refiro
aos aprendizados puramente escolares).
(Fonte: http://www.serfamilia.com.br/educacao/uma-parceria-ideal.html. Acesso em 03 nov. 2012. )

O discurso acima procura evidenciar a importância da família para a educação da criança. Do ponto de
vista sociológico, o que está ocorrendo é:
a) A democratização do ensino público.
b) A afirmação da autonomia individual em detrimento da sociedade.
c) A defesa da importância da família para a primeira socialização dos indivíduos.
d) A divisão da instituição educacional.
e) O aumento da anomia social.

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Sociologia

8. (UPE, 2017) A Escola é considerada pela Sociologia uma instituição, pois se trata de um conjunto de
relações entre indivíduos mediadas por normas e procedimentos padronizados de comportamento,
aceitos pela sociedade como importantes para a socialização dos sujeitos e para a transmissão de
determinado conhecimento compartilhado pela cultura. Assinale a alternativa que NÃO indica uma das
funções das instituições escolares.
a) Preparar os sujeitos para os papéis profissionais e ocupacionais.
b) Transmitir a herança cultural do grupo.
c) Promover a mudança social por meio de pesquisas.
d) Estimular a sociabilidade entre os sujeitos.
e) Desenvolver o senso crítico-reflexivo para questionar a autoridade dos adultos e romper com as
regras sociais.

9. (UPE, 2016) Leia o texto a seguir:


Tendo em vista que um dos principais sujeitos da sociedade civil organizada são os movimentos
sociais, é importante registrar que os movimentos pela educação têm caráter histórico, são
processuais e ocorrem, portanto, dentro e fora de escolas e em outros espaços institucionais. As lutas
pela educação envolvem a luta por direitos e são parte da construção da cidadania. Movimentos sociais
pela educação abrangem questões tanto de conteúdo escolar quanto de gênero, etnia, nacionalidade,
religiões, portadores de necessidades especiais, meio ambiente, qualidade de vida, paz, direitos
humanos, direitos culturais etc. Esses movimentos são fontes e agências de produção de saberes.
(Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40362006000100003 Acesso em: junho
2015.)

A Educação é considerada um aspecto integrador do indivíduo com o grupo social e funciona como um
instrumento de transmissão do patrimônio cultural de uma sociedade. No texto, a forma de
transmissão da educação é denominada de
a) Revolucionária.
b) Sistemática.
c) Burocrática.
d) Informal.
e) Isolada.

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Sociologia

10. (Enem, 2015) Se vamos ter mais tempo de lazer no futuro automatizado, o problema não é como as
pessoas vão consumir essas unidades adicionais de tempo de lazer, mas que capacidade para a
experiência terão as pessoas com esse tempo livre. Mas se a notação útil do emprego do tempo se
torna menos compulsiva, as pessoas talvez tenham de reaprender algumas das artes de viver que
foram perdidas na Revolução Industrial: como preencher os interstícios de seu dia com relações sociais
e pessoais; como derrubar mais uma vez as barreiras entre o trabalho e a vida.
(THOMPSON, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Cia. das Letras, 1998
(adaptado).)

A partir da reflexão do historiador, um argumento contrário à transformação promovida pela Revolução


Industrial na relação dos homens com o uso do tempo livre é o(a)
a) intensificação da busca do lucro econômico.
b) flexibilização dos períodos de férias trabalhistas.
c) esquecimento das formas de sociabilidade tradicionais.
d) aumento das oportunidades de confraternização familiar.
e) multiplicação das possibilidades de entretenimento virtual.

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Sociologia

Gabaritos
Exercícios de fixação

1. C
Sem um processo de socialização bem consolidado, a pessoa não internaliza as regras comuns de uma
sociedade e pode acabar por descumprir normas básicas pelo desconhecimento ou desconsideração às
regras de convivência.

2. Socialização primária e socialização secundária

3. B
A socialização primária habilita o indivíduo para viver em sociedade de maneira genérica, já a primária é
mais uma especialização em um tipo de atividade e convivência em grupo.

4. 01+02+08 = 11
04) errada. Instituição reguladora é aquele tipo de instituição que dispõe sobre a ordenação de diversos
aspectos da sociedade e as relações entre os indivíduos, como instituições educacionais e religiosas.

5. Instituições sociais, isto é, aquelas estruturas e organizações básicas que sustentam e organizam o
funcionamento da vida coletiva.

Exercícios de vestibulares

1. C
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]
É correta a opção [C], pois, no último período do texto, Mario Vargas Llosa afirma que a literatura é
elemento fundamental para a sua formação: “sem elas, para o bem ou para o mal, eu não seria como
sou, não acreditaria no que acredito nem teria as dúvidas e as certezas que me fazem viver”.

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia]


A análise sociológica possível de ser feita em consonância com o argumento do texto é considerar a
leitura de obras literárias um elemento de socialização. Assim, a única alternativa que está de acordo
com essa linha argumentativa é a [C], dado que todo processo de formação é também um processo de
socialização.

2. E
A socialização corresponde ao processo pelo qual um indivíduo passa a fazer parte de uma sociedade,
incorporando hábitos, gostos, normas e símbolos que são próprios dessa sociedade. Pelo fato de a
sociedade estar sempre em mudança, esse processo nunca termina, tal como afirma a alternativa [E].

3. C
A letra da música faz referência à imposição de valores e comportamentos exteriores aos indivíduos.
Tais valores representam o ideal de sucesso individual e de competitividade, típicos da sociedade
capitalista contemporânea.

4. E
O movimento feminista tem como objetivo tornar as relações humanas mais equânimes no prisma do
gênero. Sua luta é marcada pela busca de mudança na dinâmica das relações sociais. Expor a dominação
masculina e seus efeitos na sociedade (nocivos até para homens) e propor soluções para esses
problemas compõe uma atividade multifacetada, de cunho político, social e cultural. Para que essas
transformações sejam alcançadas é preciso mudar as instituições sociais para que essas não
reproduzam mais o machismo e o patriarcado.

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Sociologia

5. A
A alternativa [A] é a única correta. O processo que cria “sujeitos monstruosos” é social, pois depende da
interação dos indivíduos e da consequente rejeição de alguns deles.

6. B
Implicitamente, o texto faz referência à família como instituição social. Podendo variar historicamente e
culturalmente, a família pode ter diversas configurações, tal como apresenta o texto da questão.

7. C
A família tem um papel importante na socialização das crianças e é por isso que ela também carrega a
função de educá-la. Isso significa não somente educar de maneira escolar, mas valorizando sempre o
tipo de ser humano que a sociedade considera ideal.

8. E
Ainda que a escola tenha como função desenvolver o senso crítico-reflexivo nos estudantes, ela também
tem uma função de reprodução da sociedade: a de transmitir o legado cultural através das gerações.
Assim sendo, ela não pode ser absolutamente revolucionária, pois isso faria com que ela deixasse de
existir.

9. D
O texto fala em movimentos sociais, que são agrupamentos da sociedade civil com um interesse comum
e capacidade de mobilização e organização. Normalmente os movimentos voltam-se contra realidades
adversas aos anseios do grupo ou pelo estímulo a um foco de interesse dele. Um grande estudioso dos
movimentos sociais foi o sociólogo francês Alain Tourane. No exemplo apresentado no texto, temos uma
situação de movimento social voltado para a educação e que pratica estas atividades fora do sistema
convencional de ensino, ou seja, fora da forma institucional. A alternativa correta é a D.

10. C
Pelo argumento do texto, a transformação do tempo livre em tempo de trabalho e produção fez com que
as pessoas se desacostumassem a ocupar seu tempo com relações sociais e pessoais. Esse seria o
desafio contemporâneo, bem expresso na alternativa [C].

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APRO DAMENTO
Semana

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Biologia

Interpretando tabelas e figuras

Teoria

Tabelas
As tabelas apresentam informações em linhas (na horizontal) e colunas (na vertical). Cada linha e coluna
apresentam informações que nos levam a observar e deduzir dados (geralmente são dados quantitativos).

Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3

Linha 1
Linha 2
Linha 3
Linha 4

Além de entender como o dado está inserido na linha e na coluna, também é importante interpretar de uma
maneira geral toda a tabela e selecionar o que for de interesse para responder a uma questão de vestibular.
As tabelas podem apresentar os tópicos do assunto apenas na primeira linha — dessa forma, as linhas abaixo
seriam as variáveis de dados — ou apresentá-los na primeira linha e primeira coluna — assim, as outras partes
da tabela seriam dados relacionados aos tópicos.

Tabela sobre grupos sanguíneos. Neste caso, a primeira linha funciona como tópico. Aglutinogênio — proteína da membrana da
hemácia. Aglutinina — anticorpo. Fonte da imagem: UERJ, 1999.

1
Biologia
Figuras
Figuras são elementos ilustrativos; podem ser fotos, mapas, gráficos, gravuras, etc. A interpretação pode ser
feita de várias formas, dependendo do comando da questão. Para qualquer um dos casos apresentados,
tabelas ou figuras, é imprescindível prestar atenção nas legendas, textos e informações do enunciado, que
complementam as informações visuais. Em alguns casos, as imagens e tabelas podem estar associadas,
conforme mostrado a seguir:

Tabela que contém figuras. Aqui a primeira linha e a primeira coluna mostram tópicos que se relacionam para mostrar os dados
presentes nos outros espaços da tabela.

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Biologia

Exercícios

1. (Enem, 2007) A pele humana é sensível à radiação solar, e essa sensibilidade depende das
características da pele. Os filtros solares são produtos que podem ser aplicados sobre a pele para
protegê-la da radiação solar. A eficácia dos filtros solares é definida pelo fator de proteção solar (FPS),
que indica quantas vezes o tempo de exposição ao sol, sem o risco de vermelhidão, pode ser
aumentado com o uso do protetor solar. A tabela seguinte reúne informações encontradas em rótulos
de filtros solares.
Tipo de pele e
Proteção FPS Proteção a
Sensibilidade outras
recomendada recomendado queimadura
carecterísticas
extremamente Branca, olhos e
muito alta FPD > 20 muito alta
sensível cabelos claros
Branca, olhos e
muito sensível cabelos próximos alta 12 < FPS < 20 alta
do claro
morena ou
sensível moderada 12 < FPS < 12 moderada
amarela
pouco sensível negra baixa 2 < FPS < 6 baixa
ProTeste, ano V, nº 55, fev./2007 (com adaptações).

As informações anteriores permitem afirmar que


a) as pessoas de pele muito sensível, ao usarem filtro solar, estarão isentas do risco de queimaduras.
b) o uso de filtro solar é recomendado para todos os tipos de pele exposta à radiação solar.
c) as pessoas de pele sensível devem expor-se 6 minutos ao sol antes de aplicarem o filtro solar.
d) pessoas de pele amarela, usando ou não filtro solar, devem expor-se ao sol por menos tempo que
pessoas de pele morena.
e) o período recomendado para que pessoas de pele negra se exponham ao sol é de 2 a 6 horas diárias

3
Biologia
2. (Enem, 2007) O Aedes aegypti é vetor transmissor da dengue. Uma pesquisa feita em São Luís – MA,
de 2000 a 2002, mapeou os tipos de reservatório onde esse mosquito era encontrado. A tabela abaixo
mostra parte dos dados coletados nessa pesquisa
População de A. aegypti
Tipos de reservatório
2000 2001 2002
Pneu 895 1658 974
Tambor, Tanque, Depósito de barro 6855 46444 32787
Vaso de planta 465 3191 1399
Material de construção, Peça de carro 271 436 276
Garrafa, Lata, Plástico 675 2100 1059
Poço, Cisterna 44 428 275
Caixa dágua 248 1689 1014
Recipiente natural, Armadilha, Piscina e outros 615 2658 1178
Total 10059 58604 48962
De acordo com essa pesquisa, o alvo inicial para a redução mais rápida dos focos do mosquito vetor
da dengue nesse município deveria ser constituído por:
a) pneus e caixas d'água.
b) tambores, tanques e depósitos de barro.
c) vasos de plantas, poços e cisternas.
d) materiais de construção e peças de carro.
e) garrafas, latas e plásticos.

3. (Enem, 2010) A tabela apresenta dados comparados de respostas de brasileiros, norte-americanos e


europeus a perguntas relacionadas à compreensão de fatos científicos pelo público leigo. Após cada
afirmativa, entre parênteses, aparece se a afirmativa é Falsa ou Verdadeira. Nas três colunas da direita
aparecem os respectivos percentuais de acertos dos três grupos sobre essas afirmativas.
% respostas certas
Pesquisa
Brasileiros Norte Americanos Europeus
Os antibióticos matam tanto vírus quanto
41,8 51 39,7
bactérias. (Falsa)
Os continentes têm mudado sua posição no
78,1 79 81,8
decorrer dos milênios. (Verdadeira)
O Homo sapiens originou-se a partir de uma
56,4 53 68,6
espécie animal anterior. (Verdadeira)
Os elétrons são menores que os átomos.
53,6 48 41,3
(Verdadeira)
Os primeiros homens viveram no mesmo período
61,2 48 59,4
que os dinossauros. (Falsa)
Fonte: “Percepção pública de ciência: uma revisão metodológica e resultados para São Paulo”. Indicadores de ciência,
tecnologia e inovação em São Paulo. São Paulo: Fapesp, 2004 (adaptado).

4
Biologia
De acordo com os dados apresentados na tabela, os norte-americanos, em relação aos europeus e aos
brasileiros, demonstram melhor compreender o fato científico sobre
a) a ação dos antibióticos.
b) a origem do ser humano.
c) os períodos da pré-história.
d) o deslocamento dos continentes.
e) o tamanho das partículas atômicas.

4. (Enem, 2005) Os transgênicos vêm ocupando parte da imprensa com opiniões ora favoráveis ora
desfavoráveis. Um organismo ao receber material genético de outra espécie, ou modificado da mesma
espécie, passa a apresentar novas características. Assim, por exemplo, já temos bactérias fabricando
hormônios humanos, algodão colorido e cabras que produzem fatores de coagulação sanguínea
humana.
O belga René Magritte (1896-1967), um dos pintores surrealistas mais importantes, deixou obras
enigmáticas. Caso você fosse escolher uma ilustração para um artigo sobre os transgênicos, qual das
obras de Magritte, a seguir, estaria mais de acordo com esse tema tão polêmico?

c)
a) e)

b) d)

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Biologia

5. (UERJ, 2017) Os moluscos são animais de corpo mole que, em sua maioria, possuem sistema
circulatório aberto e concha calcária, movimentam-se lentamente e se restringem a ambientes
aquáticos.
Entretanto, modificações nesse padrão são encontradas em cefalópodos, como as lulas, e em alguns
gastrópodos, como o caramujo, conforme se observa na tabela.
Moluscos Habitat Preferência Alimentar Modificações
● Concha interna reduzida ou ausente
Cefalópodos Marinhos Peixes
● Sistema circulatório fechado
● Desenvolvimento sem passagem pela
Gastrópodos Terrestres Vegetais etapa de larva
● Maior produção de muco
Indique uma contribuição de cada uma das modificações apresentadas na última coluna da tabela,
para que os respectivos grupos de moluscos sobrevivam em seus ambientes.

6. (UFRGS, 2018) Considere as estruturas esquematizadas abaixo, coletadas no Parque Farroupilha, em


Porto Alegre.

Assinale a alternativa correta sobre essas estruturas.


a) 1 e 3 são estruturas reprodutivas.
b) 2 e 3 são estruturas de angiospermas.
c) 3 é uma estrutura com função de absorção de nutrientes.
d) 2 é uma estrutura que corresponde ao fruto.
e) 1, 2 e 3 são estruturas de plantas vasculares.

6
Biologia
7. (UFRJ, 1997) A tabela a seguir mostra o consumo de O2 de um certo animal em diferentes temperaturas
ambientes:
Temperatura Consumo de O2/hora
(em °C) (em mm3/g)
5 80
10 105
15 95
20 50
25 36
30 31
35 27
Esse animal é endotérmico (homeotérmico) ou ectotérmico (pecilotérmico)? Justifique sua resposta
com base nos dados da tabela

8. (Unesp, 2002) A figura refere-se a um cacto típico da região semi-árida nordestina, o quipá (‘Opuntia sp’).
Trata-se de uma planta xerófila que apresenta respostas morfológicas adaptativas ao seu ambiente.

Tendo como referência a figura, responda.


a) Que adaptações morfológicas você pode identificar nas estruturas indicadas pelas setas 1 e 2?
b) Cite duas formas pelas quais a estrutura indicada por 2 contribui para a sobrevivência dos cactos
nas regiões semi-áridas.

7
Biologia

Gabarito

1. B
Analisando a tabela, conseguimos ver que, apesar de os valores e intensidade da sensibilidade e
queimaduras se alterarem, o uso de protetor solar é recomendado para todos os tipos de pele.

2. B
A redução mais rápida será feita no local em que há uma maior população do mosquito. Analisando as
linhas da tabela, vemos que tambores, tanques e depósitos de barro possuem uma população
expressivamente mais alta que qualquer outro reservatório.

3. A
A porcentagem de respostas certas dos estadunidenses quando questionados sobre a atuação dos
antibióticos foi aproximadamente 10% maior que a dos brasileiros e a dos europeus. Em todas as outras
respostas eles ficam abaixo da porcentagem dessas outras duas populações.

4. B
A transgenia está relacionada com a modificação genética, incluindo genes de um organismo em outro
de espécie diferente. A figura apresentada em B está de acordo com este tema, pois há duas espécies
misturadas (um homem e um peixe)

5. Cefalópodes: a concha interna reduzida ou ausente permite que esses animais sejam mais rápidos; o
sistema circulatório fechado transporta o oxigênio de forma mais eficiente. Gastrópodes: o
desenvolvimento direto reduz a necessidade de água; a maior produção de muco reduz o atrito com a
superfície ou reduz a desidratação.

6. E
A figura 1 corresponde a uma flor (estrutura reprodutiva) de uma angiosperma, enquanto a figura 2
corresponde a uma pinha (estróbilo — estrutura reprodutiva) de gimnosperma. Já na figura 3 temos o
caule (estrutura para sustentação) de um bambu, também uma angiosperma. Esses dois grupos de
plantas são vasculares, ou seja, apresentam vasos condutores de seiva (xilema e floema).

7. Podemos ver, a partir dos dados da tabela, que o animal é endotérmico, já que há maior consumo de
oxigênio em temperaturas mais baixas. Isso significa que nessas temperaturas há maior taxa
metabólica, aumentando a quantidade de calor produzida pelo corpo.

8.
a) Em 1 vemos as folhas modificadas em espinhos; em 2 vemos o caule achatado e com tecidos, para
armazenamento de água.

b) Podemos citar a presença de uma cutícula impermeável (espessa) e a presença de tecidos, para
armazenamento de água desenvolvidos.

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Filosofia

Filosofia Pré-socrática

Teoria

O que é mitologia?
O mito (mythos) é, antes de mais nada, uma narrativa de origem, isto é, um relato que busca explicar,
geralmente recorrendo ao sobrenatural, a origem dos fenômenos e das coisas. Essas narrativas eram
construídas coletivamente e, portanto, não tinham uma autoria definida. Uma vez que, na antiguidade,
pouquíssimas pessoas tinham acesso à leitura e à escrita, as narrativas míticas eram difundidas,
principalmente, por meio da oralidade.

Embora houvesse profissionais especializados em memorizar e veicular tais narrativas, os chamados


rapsodos, cada pessoa podia, livremente, transmiti-las à sua maneira. E como “quem conta um conto,
aumenta um ponto”, era comum que essas narrativas sofressem alterações, fossem elas propositais, ou não.
Por esse motivo, um mesmo mito pode apresentar inúmeras versões.

De modo geral, os mitos estavam na base da educação do povo grego, sobretudo aqueles atribuídos aos
poetas Homero (Ilíada e Odisseia) e Hesíodo (Teogonia e Os Trabalhos e os Dias). Através deles, expressos
sob a forma de poemas, eram transmitidos os costumes, os conhecimentos, a cultura e os valores da
sociedade grega. Cada narrativa, permeada por esses elementos, contribuía para a formação moral e
intelectual do indivíduo. Vale lembrar que, na Grécia Arcaica, os poetas eram vistos como dotados de uma
inspiração divina, por isso, todas as narrativas produzidas por eles eram consideradas como verdades.

Os diferentes tipos de mito


As narrativas míticas podem ser classificadas em três tipos: as teogônicas, que narram o nascimento dos
deuses, suas naturezas, seus atributos e suas relações tanto com os homens quanto com as outras
divindades e com o Universo; as cosmogônicas, que narram a origem do Universo; e as escatológicas, que
narram os últimos eventos do mundo, isto é, o destino final dos homens. Essas narrativas geralmente estão
associadas à morte.

Passagem do mito ao logos


Paulatinamente, as narrativas mitológicas se tornaram insuficientes para explicar o mundo e o homem sentiu
a necessidade de buscar respostas mais racionais para as questões que o afligiam. Diversas transformações
no âmbito da cultura grega contribuíram para o surgimento do pensamento filosófico, tais como: a
redescoberta da escrita, o surgimento da moeda, a formulação da lei escrita, a consolidação da democracia,
entre outras.

1
Filosofia

A partir dessas transformações surgiram, por volta do século VI a.C., os primeiros filósofos, que ficaram
conhecidos como filósofos pré-socráticos. Esses primeiros pensadores buscavam entender a natureza
(physis) através da razão (logos), isto é, sem recorrer aos deuses, presentes nas narrativas mitológicas. Para
eles, era preciso explicar a natureza a partir dos próprios elementos naturais.

Grande parte da obra original desses primeiros filósofos não chegou até nós, restando apenas alguns
fragmentos, citações e comentários feitos por filósofos posteriores, a junção desses textos é chamada de
doxografia. Com isso, é possível estabelecer que, uma das questões principais para os filósofos pré-
socráticos, era definir qual teria sido o elemento primordial (arché ou arkhé), que deu origem a tudo o que
existe no Universo (cosmo).

● Para Tales de Mileto (640-c.548 a.C.), considerado como o primeiro filósofo, o elemento primordial
(arché) é a água.
● Para Pitágoras de Samos (séc. VI a.C.), o elemento primordial (arché) é composto pelos números.
● Para Anaximandro de Mileto (610-547 a.C.), o elemento primordial (arché) é o ápeiron, uma matéria
indeterminada e ilimitada.
● Para Anaxímenes de Mileto (588-524 a.C.), o elemento primordial (arché) é o ar.
● Para Empédocles de Agrigento (483-430 a.C.), o elemento primordial (arché) é formado pelos quatro
elementos básicos: terra, água, fogo e ar.
● Para Leucipo (séc. V a.C.) e Demócrito de Abdera (c.460-c.370 a.C.), o elemento primordial (arché) é o
átomo.

Heráclito e Parmênides: mobilismo e imobilismo


Entre os filósofos pré-socráticos, destacam-se Heráclito e Parmênides. Ambos desenvolveram uma
discussão de natureza ontológica (do ser enquanto ser), isto é, acerca daquilo que constitui a própria
realidade. Heráclito (544-484 a.C.) nasceu em Éfeso, na Jônia. Para ele, o ser (aquilo que existe) está em
constante movimento, em constante mudança e se constitui por oposições internas, ou seja, pela luta entre
os contrários, como dia-noite, inverno-verão, guerra-paz etc.

Dessas lutas, surgem as transformações, que recebem o nome de devir. Por isso, diz ele: “Nunca nos
banhamos duas vezes no mesmo rio”, pois na segunda vez já não somos os mesmos e as águas do rio
também não. Nesse sentido, Heráclito é considerado como mobilista por defender que “tudo flui”.

Parmênides (c.540-c.470 a.C.) nasceu em Eleia, na Magna Grécia. Para ele, o mobilismo proposto por
Heráclito, corresponde a afirmar que uma mesma coisa pode ser e não ser ao mesmo tempo. Para evitar essa
contradição lógica, ele formulou dois princípios, segundo os quais “o ser é” e o “não-ser não é”.

2
Filosofia

De acordo com esses princípios (que Aristóteles chamou de princípio de identidade e princípio de não
contradição), somente o ser, isto é, aquilo que existe, pode ser dito e pensado. Portanto, o não-ser, entendido
como aquilo que não existe, é indizível e impensável. Além disso, o que existe não muda e não se transforma.
Por isso, Parmênides concluiu que o ser é único, imutável e imóvel.

Segundo ele, todo movimento que vemos no mundo, como as coisas que nascem e morrem, são mudanças
aparentes. Elas acontecem apenas na “via da opinião”, isto é, quando o homem percebe o mundo por meio
dos sentidos. Desse modo, o que é verdadeiro só é alcançado pela “via da verdade”, que é quando o homem
se deixa conduzir somente pela razão e percebe a imobilidade do ser. Nesse sentido, Parmênides é
considerado como um filósofo imobilista por defender a permanência.

3
Filosofia

Exercícios

1. (UFU 2013) De um modo geral, o conceito de physis no mundo pré-socrático expressa um princípio de
movimento por meio do qual tudo o que existe é gerado e se corrompe. A doutrina de Parmênides, no
entanto, tal como relatada pela tradição, aboliu esse princípio e provocou, consequentemente, um sério
conflito no debate filosófico posterior, em relação ao modo como conceber o ser.

Para Parmênides e seus discípulos:


a) A imobilidade é o princípio do não-ser, na medida em que o movimento está em tudo o que existe.
b) O movimento é princípio de mudança e a pressuposição de um não-ser.
c) Um Ser que jamais muda não existe e, portanto, é fruto de imaginação especulativa.
d) O Ser existe como gerador do mundo físico, por isso a realidade empírica é puro ser, ainda que em
movimento.

2. (FCC SEDUC ES 2016) Parmênides e Heráclito foram dois pensadores pré-socráticos com ideias
antagônicas: este considerava que é essencial a mudança e a contradição existente nas próprias
coisas; aquele, contrariamente, considerava que o que não pode ser pensado não pode existir e o que
não existe não pode ser pensado.

Considere:

I. “Nós nos banhamos e não banhamos no mesmo rio. Não é possível descer duas vezes no mesmo
rio”.
II. “O ser tampouco é divisível, pois é todo inteiro, idêntico a ele; não sofre nem acréscimos, o que
seria contrário à sua coesão, nem dominação, mas todo inteiro, está cheio de ser; é, assim,
inteiramente contínuo, pois o ser é contínuo ao ser”.
III. “Este cosmos, o mesmo para todos, nenhum dos deuses e nenhum dos homens o criou: mas
sempre foi, é e será um fogo sempre vivo, acendendo-se e apagando-se com medida”.
IV. “É uma a mesma e a mesma coisa: o vivo e o morto, o acordado e o adormecido, o jovem e o idoso,
pois a mudança de um converte no outro, reciprocamente”.
V. “Não há que temer que jamais se prove que o não ser é. Só nos resta um caminho a percorrer, o
ser é. E há uma multidão de sinais de que o ser é incriado, imperecível, pois somente (o ser) é
completo, imóvel e eterno”.

Corresponde ao pensamento de Heráclito, o que se afirma APENAS em:


a) I, II e IV.
b) II, III e V.
c) III, IV e V.
d) I, III e IV.
e) II, IV e V.

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Filosofia

3. (UNICENTRO 2019) Quanto aos filósofos pré-socráticos, analise se V (verdadeiro) ou F (falso) e, em


seguida, assinale a alternativa correta.

( ) A filosofia pré-socrática desenvolveu-se, fundamentalmente, como cosmologia.


( ) Os primeiros filósofos pré-socráticos foram também chamados de sofistas.
( ) Tales de Mileto é considerado, pelos historiadores da filosofia, como o primeiro filósofo grego, tendo
se tornado conhecido por defender a tese segundo a qual a água é o maior dom de Deus para a
humanidade.
( ) Opondo-se aos mitos, os primeiros filósofos gregos, também chamados de pré-socráticos,
desenvolveram rigorosos métodos de comprovação de suas teorias sobre o universo, o que lhes
assegurou o reconhecimento como fundadores da cosmologia crítica.

a) V, V, F e F.
b) V, F, V e F.
c) F, F, V e V.
d) V, F, F e V.
e) V, F, F e F.

4. “A realidade, para Heráclito, é a harmonia dos contrários, que não cessam de se transformar uns nos
outros. (…) Parmênides se colocava na posição oposta à de Heráclito. Dizia que só podemos pensar
sobre aquilo que permanece sempre idêntico a si mesmo, isto é, que o pensamento não pode pensar
sobre coisas que são e não são, que ora são de um modo e ora de outro, que são contrárias a si mesmas
e contraditórias.”
(Chauí, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo, Ática, 2003, p. 110)

Sabe-se que os filósofos pré-socráticos Heráclito e Parmênides desenvolveram propostas opostas


para a arché em todos os seres. Além de terem influenciado demais autores na proposição de suas
teorias, pode-se dizer que os dois filósofos pré-socráticos tinham uma base de vertente:
a) Cosmológica, como busca para a origem e ordem do mundo.
b) Ética, como fonte de compreensão da conduta humana.
c) Estética, como forma de contemplação da arte.
d) Cosmogônica, como explicação racional da origem dos deuses.
e) Política, como uma maneira de ordenar a legislação social.

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Filosofia

5. (UNIMONTES 2010) “O primeiro filósofo de que temos notícias é Tales, da colônia grega de Mileto, na
Ásia Menor. Tales foi um homem que viajou muito. Entre outras coisas, dizem que, certa vez, no Egito,
ele calculou a altura de uma pirâmide medindo a sombra da mesma no exato momento em que sua
própria sombra tinha a mesma medida de sua altura. Dizem ainda que, em 585 a.C., ele previu um
eclipse solar.”
(GAARDER, J. O Mundo de Sofia. São Paulo: Companhia das Letras, 1995).

Aos primeiros filósofos que se debruçaram sobre os problemas do cosmo, podemos chamá-los, além
de pré-socráticos, de:
a) naturalistas ou fisicistas.
b) existencialistas.
c) empiristas.
d) espiritualistas.

6. (UEL 2007) “A filosofia grega parece começar com uma idéia absurda, com a proposição: a água é a
origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e
por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em
segundo lugar, porque faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora
apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: “Tudo é um”. A razão citada em primeiro
lugar deixa Tales ainda em comunidade com os religiosos e supersticiosos, a segunda o tira dessa
sociedade e no-lo mostra como investigador da natureza, mas, em virtude da terceira, Tales se torna o
primeiro filósofo grego”.
NIETZSCHE, F. Crítica Moderna. In: Os Pré-Socráticos. Tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho. São Paulo: Nova Cultural,
1999. p. 43.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre Tales e o surgimento da filosofia, considere as
afirmativas a seguir.
I. Com a proposição sobre a água, Tales reduz a multiplicidade das coisas e fenômenos a um único
princípio do qual todas as coisas e fenômenos derivam.
II. A proposição de Tales sobre a água compreende a proposição “Tudo é um”.
III. A segunda razão pela qual a proposição sobre a água merece ser levada a sério mostra o aspecto
filosófico do pensamento de Tales.
IV. O Pensamento de Tales gira em torno do problema fundamental da origem da virtude.

A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:


a) I e II
b) II e III
c) I e IV
d) I, II e IV
e) II, III e IV

6
Filosofia

7. “Vou explicar-me, e não será argumento sem valor, a saber: que nenhuma coisa é una em si mesma e
que não há o que possas denominar com acerto ou dizer como é constituída. Se a qualificares como
grande, ela parecerá também pequena; se pesada, leve, e assim em tudo o mais, de forma que nada é
uno, ou algo determinado ou como quer que seja. Da translação das coisas, do movimento e da mistura
de umas com as outras é que se forma tudo o que dizemos existir, sem usarmos a expressão correta,
pois em rigor nada é ou existe, tudo devém. Sobre isso, com exceção de Parmênides, todos os sábios
(…) estão de acordo: Protágoras, Heráclito e Empédocles (…)”.
Platão. Teeteto. Trad. Carlos Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 2001, p. 50.

Tendo em vista o trecho de Platão citado acima, explique, a partir da distinção entre o uno de
Parmênides e o devir de Heráclito, por que no mobilismo nada é e por que para Parmênides apenas o
Ser é.

8. (UFU 2013) “Existe uma só sabedoria: reconhecer a inteligência que governa todas as coisas por meio
de todas as coisas.”
Heráclito, Diels-Kranz, Frag. 41.

“Por isso é necessário seguir o que é igual para todos, ou seja, o que é comum. De fato, o que é igual
para todos coincide com o que é comum. Mas ainda que o logos seja igual para todos, a maior parte
dos homens vive como se possuísse dele um conhecimento próprio.”
Heráclito, Diels-Kranz, Frag. 2.

Com base nos textos acima e em seus conhecimentos sobre a filosofia heraclitiana, responda:
a) O que é o logos ao qual o filósofo se refere?
b) Explicite a relação existente entre o logos e a inteligência, tal como encontrados nos fragmentos
supracitados.

7
Filosofia

Gabarito

1. B
Parmênides é um filósofo imobilista e, portanto, se afasta da ideia de que haja movimento. Ele é o
responsável por formular o chamado princípio de identidade, que diz: "O que é, é — e não pode deixar de
ser". A partir dessa formulação, ele nos apresenta alguns atributos do ser (das coisas que existem),
dentre os quais estão a imobilidade e a imutabilidade. Ou seja, nessa perspectiva, o ser não muda e não
se move, por isso o movimento e a mudança pressupõem um não-ser, isto é, aquilo que não existe.

2. D
Apenas as afirmações I, III e IV correspondem ao pensamento de Heráclito. Note que as afirmações I e
IV trazem a ideia de mudança e movimento. Já a afirmação III diz respeito ao Lógos-Fogo, princípio
fundamental (arché) que, segundo ele, confere unidade e medida às transformações da realidade. Quanto
às afirmações II e V, ambas estão relacionadas ao pensamento de Parmênides e tratam dos atributos do
ser, isto é, das coisas que existem.

3. E
(V) Por isso, o período em que se desenvolveu a filosofia pré-socrática é também conhecido como
cosmológico.
(F) A maior parte dos sofistas foi contemporânea de Sócrates. Além disso, há uma clara distinção entre
pré-socráticos e sofistas no que diz respeito à temática do pensamento. Os pré-socráticos tratavam das
questões cosmológicas, isto é, acerca da origem e dos fundamentos do Universo (cosmo). Já os sofistas,
assim como Sócrates, tratavam de questões antropológicas, isto é, acerca do homem e da vida em
sociedade. Os sofistas ensinavam técnicas como a retórica, a oratória e a lógica, essenciais para o
exercício da atividade política na Grécia.
(F) De fato, Tales de Mileto é considerado o primeiro filósofo grego; também é verdade que ele defendeu
a água como arché, ou seja, o princípio fundamental de todas as coisas. Porém, a "tese segundo a qual
a água é o maior dom de Deus para a humanidade" não faz parte do seu pensamento.
(F) Os pré-socráticos realmente foram os primeiros filósofos e se opuseram às explicações
apresentadas pelos mitos; eles são os responsáveis pela transição do pensamento mítico para o
pensamento racional. Embora as suas teorias cosmológicas fossem pautadas na racionalidade, não se
pode afirmar que eles possuíam “rigorosos métodos de comprovação”, nem que sejam os “fundadores
da cosmologia crítica”.

Desse modo, apenas a primeira afirmação é verdadeira.

4. A
O foco dos pré-socráticos era explicar a origem do cosmos de forma racional, ou seja, sem o uso das
narrativas mitológicas. Assim, cada filósofo desse período defendia uma arché, isto é, um elemento
primordial que teria dado origem a tudo o que existe.

8
Filosofia

5. A
Os filósofos pré-socráticos também são chamados de naturalistas ou fisicistas, pois seu principal
objetivo era encontrar a arché, o princípio fundador da natureza (physis em grego).

6. A
I. Correta. Tales de Mileto reduz a origem de todas as coisas que existem a um único princípio, ou
seja, à água.
II. Correta. Tales de Mileto está entre os pensadores pré-socráticos que defendem que o princípio
originário de todas as coisas consiste em um único elemento. No caso de Tales, esse elemento é a
água.
III. Incorreta. De acordo com Nietzsche, descrever a origem das coisas “sem imagem e fabulação”,
mostra Tales como um “investigador da natureza” e não como um filósofo. O aspecto filosófico do
pensamento de Tales surge apenas com a terceira razão, qual seja, a afirmação de que “tudo é um”.
IV. Incorreta. O pensamento de Tales não gira em torno da origem da virtude, mas sim em torno da
busca pelo princípio originário de todas as coisas (arché).

Desse modo, apenas as afirmativas I e II estão corretas.

7. O mobilismo de Heráclito é baseado na ideia de o mundo como um eterno devir e no equilíbrio de


contrários. Nesse sentido, o mundo é visto como estando em constante mudança entre aquilo que é e o
seu contrário, ou seja, aquilo que não é. Em contraposição, Parmênides considera que o ser é uno,
imutável e eterno. Isso porque se o ser fosse algo diferente daquilo que é, ele seria um não ser. Esse “não
ser” é impossível na acepção de Parmênides, dado que o ser será sempre uno.

8. a) O logos, no pensamento de Heráclito, é o princípio, ou seja, é o mundo como devir eterno, é a guerra
entre os contrários que possuem em si mesmos a existência própria e do oposto, é a unidade da
multiplicidade na qual “tudo é um”, é o fogo, é o conhecimento verdadeiro. O logos é a exposição de um
único mundo comum a todos.

b) O logos possui no seu sentido comum um caráter contingente, quer dizer, qualquer homem é capaz
de construir uma narrativa, um discurso sobre o mundo. E Heráclito diz que o mais corriqueiro é
exatamente a construção arbitrária e parcial disto que antes de tudo deveria ser comum. Ele, então, alerta
sobre a necessidade de que o logos não seja exposto sem que antes haja o reconhecimento da
inteligência que torna isto aparentemente diverso em algo unido sob um único governo, a saber, o logos.

9
Física

Termometria

Exercícios

1. (Uerj simulado 2018)


A ARTE DE ENVELHECER

1
O envelhecimento é sombra que nos acompanha desde a concepção: o feto de seis meses é muito
mais velho do que o embrião de cinco dias.
Lidar com a inexorabilidade desse processo exige uma habilidade na qual nós somos inigualáveis: a
adaptação. Não há animal capaz de criar soluções diante da adversidade como nós, de sobreviver em
nichos ecológicos que vão do calor tropical às geleiras do Ártico.
Da mesma forma que ensaiamos os primeiros passos por imitação, temos que aprender a ser
adolescentes, adultos e a ficar cada vez mais velhos.
A adolescência é um fenômeno moderno. 2Nossos ancestrais passavam da infância à vida adulta
sem estágios intermediários. Nas comunidades agrárias o menino de sete anos trabalhava na roça e
as meninas cuidavam dos afazeres domésticos antes de chegar a essa idade.
A figura do adolescente que mora com os pais até os 30 anos, sem abrir mão do direito de reclamar
da comida à mesa e da camisa mal passada, surgiu nas sociedades industrializadas depois da Segunda
Guerra Mundial. Bem mais cedo, nossos avós tinham filhos para criar.
A exaltação da juventude como o período áureo da existência humana é um mito das sociedades
ocidentais. Confinar aos jovens a publicidade dos bens de consumo, exaltar a estética, os costumes e
os padrões de comportamento característicos dessa faixa etária tem o efeito perverso de insinuar que
o declínio começa assim que essa fase se aproxima do fim.
A ideia de envelhecer aflige mulheres e homens modernos, muito mais do que afligia nossos
antepassados. Sócrates tomou cicuta aos 70 anos, Cícero foi assassinado aos 63, Matusalém sabe-se
lá quantos anos teve, mas seus contemporâneos gregos, romanos ou judeus viviam em média 30 anos.
No início do século 20, a expectativa de vida ao nascer nos países da Europa mais desenvolvida não
passava dos 40 anos.
A mortalidade infantil era altíssima; epidemias de peste negra, varíola, malária, febre amarela, gripe e
tuberculose dizimavam populações inteiras. Nossos ancestrais viveram num mundo devastado por
guerras, enfermidades infecciosas, escravidão, dores sem analgesia e a onipresença da mais temível
das criaturas. Que sentido haveria em pensar na velhice quando a probabilidade de morrer jovem era
tão alta? Seria como hoje preocupar-nos com a vida aos cem anos de idade, que pouquíssimos
conhecerão.
3
Os que estão vivos agora têm boa chance de passar dos 80. Se assim for, 4é preciso sabedoria para
aceitar que nossos atributos se modificam com o passar dos anos. Que nenhuma cirurgia devolverá
aos 60 o rosto que tínhamos aos 18, mas que envelhecer não é sinônimo de decadência física para
aqueles que se movimentam, não fumam, comem com parcimônia, exercitam a cognição e continuam
atentos às transformações do mundo.
Considerar a vida um vale de lágrimas no qual submergimos de corpo e alma ao deixar a juventude é
torná-la experiência medíocre. Julgar, aos 80 anos, que os melhores foram aqueles dos 15 aos 25 é não
levar em conta que a memória é editora autoritária, capaz de suprimir por conta própria as experiências
traumáticas e relegar ao esquecimento inseguranças, medos, desilusões afetivas, riscos
desnecessários e as burradas que fizemos nessa época.
Física

5
Nada mais ofensivo para o velho do que dizer que ele tem “cabeça de jovem”. É considerá-lo mais
inadequado do que o rapaz de 20 anos que se comporta como criança de dez.
Ainda que maldigamos o envelhecimento, é ele que nos traz a aceitação das ambiguidades, das
diferenças, do contraditório e abre espaço para uma diversidade de experiências com as quais nem
sonhávamos anteriormente.
DRÁUZIO VARELLA. Folha de São Paulo, 23/01/2016.

O processo de adaptação consiste na capacidade do ser humano de criar soluções diante das
adversidades, permitindo sua sobrevivência desde os trópicos, cuja temperatura média é de 20 °𝐶, às
regiões polares, onde termômetros atingem temperaturas próximas a −40 °𝐶.

Considerando os valores acima, a variação em módulo da temperatura na escala Kelvin, corresponde


a:
a) 20
b) 40
c) 60
d) 80

2. (G1 - ifce 2020) O Sol é o objeto mais proeminente em nosso sistema solar. É o maior objeto e contém
aproximadamente 98% da massa total do sistema solar. A camada externa visível do Sol é chamada
fotosfera e tem uma temperatura de 6.000 °𝐶. Esta camada tem uma aparência turbulenta devido às
erupções energéticas que lá ocorrem.
Disponível em: https://www.if.ufrgs.br/ast/solar/portug/sun.htm#intro Acesso em: 22/10/2019 (adaptado)

Lendo o texto acima, um estudante norte-americano que resolve calcular a temperatura da superfície
solar na escala Fahrenheit obterá o valor
a) 10.632
b) 10.800
c) 10.816
d) 10.732
e) 10.832
Física

3. (G1 - cps 2020)

A imagem mostra o satélite brasileiro CBERS–4 utilizado para monitoramento do nosso território e para
desenvolvimento científico.
Como a maioria dos objetos colocados no espaço, o CBERS–4 é completamente envolvido por uma
manta térmica protetora (Isolamento de Múltiplas Camadas, sigla em inglês MLI). Esse material tem
como função diminuir o fluxo de calor, que pode ser um grande problema para objetos colocados em
órbita, uma vez que facilmente eles podem ser submetidos a temperaturas maiores que 100 °𝐶 e
menores que −100 °𝐶.

Se o texto desta questão fosse direcionado a leitores estadunidenses, ele teria que sofrer não apenas
uma tradução para a língua inglesa como também uma conversão da escala termométrica utilizada.
Isso ocorre porque os estadunidenses utilizam cotidianamente a unidade de temperatura denominada
Fahrenheit.

A conversão de valores expressos na escala Celsius para a escala Fahrenheit é feita utilizando-se a
𝑡 𝑡 −32
expressão de conversão, 𝐶 = 𝐹 , em que 𝑡𝐶 é um valor de temperatura expresso na escala Celsius e
5 9
𝑡𝐹 , o valor correspondente de temperatura expresso na escala Fahrenheit.

Nessas condições, a menor temperatura que apareceria no texto em língua inglesa é


a) −482 °𝐹.
b) −212 °𝐹.
c) −148 °𝐹.
d) 148 °𝐹.
e) 212 °𝐹.
Física

4. (G1 - ifce 2019) Um termômetro com defeito está graduado na escala Fahrenheit, indicando 30 °𝐹 para
o ponto de fusão do gelo e 214 °𝐹 para o ponto de ebulição da água. A única temperatura neste
termômetro medida corretamente na escala Celsius é
a) 158
b) 86
c) 122
d) 50
e) 194

5. (G1 - ifce 2019) Uma temperatura na escala Fahrenheit é expressa por um número que é o triplo do
correspondente na escala Celsius. Essa temperatura na escala Fahrenheit é
a) 20
b) 60
c) 40
d) 80
e) 100

6. (Fatec 2020) Recentemente, uma empresa britânica apresentou um protótipo de um motor a jato
hipersônico que permitirá às aeronaves comerciais voarem a uma velocidade muito acima da
velocidade do som, fazendo com que uma viagem de São Paulo à Austrália dure, aproximadamente, 4
horas (atualmente essa viagem dura cerca de 24 horas).
Isso só é possível devido ao fato de o motor ser alimentado por uma mistura de hidrogênio e oxigênio.
Esse motor “suga” o ar à sua frente fazendo com que os gases, antes de entrarem no combustor, sejam
resfriados por um sistema denominado pre-cooler. Esse dispositivo consegue resfriar os gases
variando a temperatura 1.000 𝐾 em cerca de 50 𝑚𝑠. Assim, ele aumenta a eficiência de combustível.

Com base nessas informações, podemos afirmar que a taxa de variação de resfriamento térmico, em
°𝐶

𝑠

a) 25.460.
b) 20.000
c) 2.546
d) 2.000
e) 250
Física

7. (Famerp 2020) Um termômetro de mercúrio está graduado na escala Celsius (°𝐶) e numa escala
hipotética, denominada Rio-pretense (°𝑅𝑃). A temperatura de 20 °𝐶 corresponde a 40 °𝑅𝑃.

Sabendo que a variação de temperatura de 1,0 °𝐶 corresponde a uma variação de 1,5 °𝑅𝑃, calcule a
indicação equivalente a 100 °𝐶 na escala Rio-pretense.

8. (Fac. Albert Einstein - Medicin 2020)


A NASA anunciou para 2026 o início de uma missão muito esperada para explorar Titã, a maior lua de
Saturno: a missão Dragonfly. Titã é a única lua do Sistema Solar que possui uma atmosfera significativa,
onde haveria condições teóricas de geração de formas rudimentares de vida. Essa missão será
realizada por um drone porque a atmosfera de Titã é bastante densa, mais do que a da Terra, e a
gravidade é muito baixa, menor do que a da nossa Lua.
(“NASA lançará drone para procurar sinais de vida na lua Titã”. www.inovacaotecnologica.com.br, 28.06.2019. Adaptado.)

O gráfico mostra a relação entre as temperaturas de um mesmo corpo, lidas nas escalas Fahrenheit
(𝜃𝐹 ) e Celsius (𝜃𝐶 ).

Assim, sabendo que a temperatura média na superfície de Titã é de aproximadamente −180 °𝐶, essa
temperatura, expressa na escala Fahrenheit, corresponde a
a) −102 °𝐹.
b) −68 °𝐹.
c) −292 °𝐹.
d) −324 °𝐹.
e) −412 °𝐹.
Física

Gabaritos

1. C
Como a variação de temperatura nas escalas Celsius e Kelvin são iguais, então a variação dada no texto
em Celsius, já nos fornece a variação na escala Kelvin, ou seja:
𝛥𝑇 = 20 − (−40) ∴ 𝛥𝑇 = 60 °𝐶 = 60 𝐾

2. E
𝑇𝐶 𝑇𝐹 − 32 6.000 𝑇𝐹 − 32
= ⇒ = ⇒ 1.200 × 9 + 32 = 𝑇𝐹 ⇒
5 9 5 9
𝑇𝐹 = 10.832 °𝐶

3. C
No texto, a menor temperatura que aparece é −100 °𝐶.
Convertendo:
𝑡𝐶 𝑡𝐹 − 32 −100 𝑡𝐹 − 32
= ⇒ = ⇒ −20 × 9 + 32 = 𝑡𝐹 ⇒ 𝑡𝐹 = −148°𝐹
5 9 5 9

4. D
Aplicando a equação de conversão:
𝑇 − 30 𝑇 − 32 𝑇 − 30 𝑇 − 32
= ⇒ = ⇒ 46𝑇 − 1.472 = 45𝑇 − 1.350 ⇒ 𝑇 = 122°𝐹
214 − 30 212 − 32 46 45

Transformando para °𝐶:


𝑇𝐶 122 − 32
= ⇒ 𝑇𝐶 = 50 °𝐶
5 9

5. D
A relação entre as escalas de temperatura Celsius e Fahrenheit é dada pela seguinte expressão:
𝐶 𝐹 − 32
=
5 9

Da informação fornecida entre as escalas, tira-se uma equação para substituir a temperatura Celsius e
calcula o valor correspondente na escala Fahrenheit.
𝐹
𝐹 = 3𝐶 ∴ 𝐶 =
3
Substituindo:
𝐹
3 = 𝐹 − 32 ⇒ 𝐹 = 𝐹 − 32 9𝐹 = 15(𝐹 − 32) ⇒ 9𝐹 = 15𝐹 − 4806𝐹 = 480 ⇒ 𝐹 = 480 ∴ 𝐹 = 80°𝐹
5 9 15 9 6
Física

6. B
Para obter a taxa de variação da temperatura (𝑇̇), a conversão de Kelvin para Celsius é desnecessária,
pois as duas escalas são centígradas, sendo que a variação nas duas escalas são iguais. Assim a
variação de 1.000 𝐾 representa também uma variação de 1000 °𝐶.
𝛥𝑇 1000 °𝐶 °𝐶
𝑇̇ = = −3
∴ 𝑇̇ = 20000 
𝛥𝑡 50 ⋅ 10  𝑠 𝑠

7. De acordo com as informações fornecidas, podemos construir uma relação entre as escalas
termométricas utilizando uma interpolação linear.

100 − 20 𝑥 − 40 80 𝑥 − 40
= = 80 × 1,5 = 𝑥 − 40 ⇒ 𝑥 = 120 + 40 ∴ 𝑥 = 160 °𝑅𝑃
21 − 20 41,5 − 40 1 1,5

8. C
Usando os dados fornecidos pelo gráfico, relaciona-se as duas escalas termométricas usando
interpolação.
𝜃𝐹 − (−40) 𝜃𝐶 − (−40) 𝜃𝐹 + 40 𝜃𝐶 + 40 𝜃𝐶 + 40
= = 𝜃𝐹 = 216 ⋅ − 40
176 − (−40) 80 − (−40) 216 120 120
𝜃𝐹 = 1,8 ⋅ 𝜃𝐶 + 32

Com isso, para a temperatura média de Titã.


𝜃𝐹 = 1,8 ⋅ (−180) + 32𝜃𝐹 = −292 °𝐹
Geografia

Estados Unidos: construção e regionalização

Teoria
Formação socioespacial
Os Estados Unidos foram uma colônia britânica. Em 4 de julho de 1776, declararam sua independência e
começaram um processo de expansão imperialista, e sua ocupação se dava na costa leste. Eram 13 colônias
do Atlântico, por onde as capitanias chegaram; o processo de ocupação era semelhante ao do Brasil e dos
demais países colonizados, e a concentração populacional se dava no litoral. No caso dos EUA, o objetivo,
naquele momento, era expandir o imperialismo norte-americano em direção ao oeste, cruzando os montes
apalaches. A ocupação e a colonização contaram com muitos impactos ambientais e com o genocídio da
população indígena.

Montes apalaches e o desafio imperialista

Ocupação para o Oeste


Essa política foi criada com o intuito de atrair imigrantes, mas o que poderia convencer os europeus a saírem
do seu país em direção às colônias recém-consolidadas?! Para isso, os EUA estabeleceram uma política de
distribuição de terras, ou seja, venda de terra a preços muito baixos e com uma cláusula de que a pessoa teria
de permanecer nela por pelo menos 5 anos. Isso permitiria uma consolidação do vínculo, criando também
uma estrutura ao redor.
Essa política, além de ocupar o interior, criou uma classe média, pois a distribuição de terras ocorreu de forma
menos concentrada que no Brasil. As ferrovias eram o terceiro eixo de ação para essa integração, permitindo
também o escoamento de mercadorias e criando cidades ao redor da linha férrea. Toda essa ocupação era
feita com base no Destino Manifesto, que dizia que o povo americano seria portador da missão divina de
promover o desenvolvimento de áreas de subdesenvolvimento, justificando o genocídio de pessoas indígenas
e os impactos ambientais.
A partir disso, os EUA compraram muitos territórios franceses e espanhóis, invadiram territórios e compraram
parte dos mexicanos, além de terem ganhado terras dos ingleses. Dessa forma, conseguiram consolidar um
imenso território do oceano Atlântico ao Pacífico ainda no século XIX.

1
Geografia

Regionalização dos EUA

Nordeste – Manufecturing Belt


Em azul, se estabelece o cinturão manufatureiro (ou cinturão fabril), que marca o início da industrialização e
é fruto das antigas 13 colônias. Se destacou pela exploração de ferro e carvão, muito importantes para
industrialização não só dos EUA, mas do mundo. Nele estiveram presentes a 2ª e a 3ª Revolução Industrial
(lembrando que a 1ª Revolução Industrial demandava carvão, e na 2ª houve o crescimento das
automobilísticas e siderúrgicas em que a jazida de ferro tem papel central). Foi nesse território, portanto a
região de desenvolvimento do Fordismo e, consequentemente, a área mais povoada do EUA, em que houve
algumas consequências espaciais:
● Detroit: muito destaque na indústria automobilística;
● Bosh–Wash: maior megalópole do mundo; aglomerado urbano fruto dessa intensa ocupação urbano-
industrial;
● New York: empresas e bancos sediados lá; bolsa de valores de NY;
● Chicago: centro da tecnologia agropecuária – bolsa das commodities definem seu valor para o mundo.
Sede de importantes faculdades e polos tecnológicos; MIT – Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

Atualmente, a desconcentração industrial altera essas espacialidades. Por exemplo: no centro de NY não
estão as indústrias, e sim os centros de poder, isso porque as partes pesadas das indústrias foram enviadas
para os países subdesenvolvidos, sobretudo as partes de extração de matéria-prima e indústria mais bruta, o
que ajuda a industrialização dos países economicamente atrasados. Os países subdesenvolvidos ofereciam
vantagens comparativas, como mão de obra barata e vantagens fiscais. Essa região, portanto, perdeu grande
parte de suas indústrias, mas manteve-se enquanto centro de poder, uma vez que as sedes administrativas
das empresas permanecem lá.
Detroit é um grande exemplo disso, uma cidade de Michigan que se estabelecia como um grande polo
industrial da indústria automobilística. Com a desconcentração industrial, há um esvaziamento das vagas de
emprego na região, o que gerou uma grande migração de uma população branca para subúrbios, como
Brooklyn (Nova York), além da própria gentrificação. A concorrência japonesa no setor automobilístico
também contribuiu para esse esvaziamento. A população reduziu muito e ela se tornou uma espécie de
cidade-fantasma, muito perigosa em seus vazios urbanos. Em 2013, declarou falência e atualmente se
estabelece novamente enquanto uma área de oportunidade de investimentos, justamente por essa
desvalorização.

2
Geografia

Costa-Oeste ao Sul dos EUA – Sun Belt


Essa é a área de ocupação mais recente e que ganha muita importância no pós-Segunda Guerra Mundial. Aqui
se deu o desenvolvimento de importantes atividades militares e tecnológicas. É nessa área que encontramos
a famosa “Área 51”, que foi uma importante região para desenvolvimento e uso de material nuclear. Por não
ser habitada, era usada para testes, o que possibilitou um crescimento tecnológico de maneira geral.
Vale do Silício – principalmente no pós-Guerra Fria, os EUA passaram a investir mais em tecnologia do que
em poder militar naquela área, e então surge o Vale do Silício, o polo tecnológico mais importante do mundo.
É importante lembrar que os polos tecnológicos (ou tecnopolos) são centros de pesquisa onde tecnologias
são desenvolvidas. Ali se concentram universidades e empresas que fazem pesquisas de mercado e
desenvolvem as melhores tecnologias. Com esse desenvolvimento, foi possível que o país entrasse na 3ª
Revolução Industrial. Por isso, pode-se entender que foi nesse território que o Toyotismo se implementou.
Com isso, ocorre uma grande migração do Nordeste dos EUA para o Sun Belt.
Além disso, podemos destacar na região:
● Texas e o polo tecnológico de Austin;
● Sedes da Nasa, da Texaco (Texas Company);
● Califórnia, São Francisco e Los Angeles, a 2ª maior metrópole americana. Isso indica grandes capitais,
uma em cada extremo do país (NY a leste). Atraiu muitas indústrias de ponta. Em L.A. fica também
Hollywood, demonstrando que a região possui influência financeira, econômica, produtiva e também
cultural.

Doutrina Bush e suas consequências


Todos os conflitos precisam de alguma justificava, mesmo que ela seja artificialmente criada. Até o final da
década de 1980, vivia-se um contexto de Guerra Fria. O grande inimigo dos países naquele momento eram
os contrários à ideologia dominante, fosse ela capitalista ou socialista.
Com o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos e parte do mundo ficaram de certa forma sem um inimigo
evidente, parecia que os conflitos iriam diminuir. Todavia, o atentado terrorista provocado pela al-Qaeda no
dia 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, mudou isso. O terrorismo passou a ser o novo inimigo que
deveria ser enfrentado a partir de ataques preventivos, concepção que ficou conhecida como Doutrina Bush.
Essa reorientação geopolítica do final do século XX para o XXI significou um conjunto de transformações no
Oriente Médio, resultando em diversas guerras ainda em andamento.
A partir desse atentado, o governo de George W. Bush declara Guerra ao Terror e estabelece o “Eixo do Mal”,
lista de países que, possivelmente, teriam vínculos com organizações terroristas. Depois da Primeira Guerra
do Golfo, o regime de Saddam Hussein não caiu, e a necessidade de dominar territorialmente a região
continuava presente. Assim, o governo americano aproveitou o plano de fundo do terrorismo para realizar
uma segunda invasão ao Iraque. Com o apoio do Reino Unido, e contra a decisão da ONU, os Estados Unidos
invadem o Iraque, alegando uma suposta produção de armas químicas de destruição em massa. Os países
muçulmanos consideraram o ataque como uma guerra contra o islamismo, e a instabilidade na região só
cresceu. O líder Saddam Hussein foi capturado por tropas norte-americanas e entregue à justiça iraquiana,
sendo julgado e condenado à morte em 2006. Somente em 2011 o presidente Barack Obama iniciou a retirada
de soldados do Iraque, sem que a situação política estivesse pacificada.

3
Geografia

Tropas americanas invadem o Iraque

Fonte: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/975331/eua-invadiram-iraque-ha-15-anos-como-e-que-se-deixou-aquilo-
acontecer

Crise de 2008
Sobre a crise de 2008, é importante entender que o crescimento do mercado nesse período ocorria de forma
especulativa, a exemplo do mercado imobiliário. Similar ao que acontece no Brasil, você compra o imóvel e
espera ele ficar mais caro para revender, de modo que a questão da moradia urbana se torne, na verdade, um
investimento financeiro; gerando mais compras, o mercado se aquece. Nos EUA, o que estava acontecendo
era o seguinte: muita gente pegando empréstimo no banco para comprar imóveis financiados, mas para isso
a população hipotecava sua casa para poder investir e fazer mais dinheiro, na maioria das vezes. Ou seja, o
plano do americano médio era pegar um empréstimo, comprar um imóvel, esperar ele ficar mais caro, vender,
pagar o empréstimo e ficar com o lucro. À medida que muitos faziam isso, com base na lei da oferta e da
procura, a oferta de apartamento era imensa: todo mundo que comprou queria vender, havia pouca gente para
comprar, os preços dos imóveis começam a cair, as dívidas passam a crescer – porque as pessoas pegaram
o empréstimo, mas não conseguem pagar – e então, para se livrar do problema, acabavam vendendo barato
e não ficando com lucro nenhum, e as vezes até com mais dívidas.
Com isso, muitos empréstimos não foram quitados e os bancos ficaram no déficit. Com bancos e
seguradoras em crise, travou-se a liberação de crédito, reduzindo o consumo. Uma indústria que sentiu muito
o impacto da crise foi a automobilística, já que para comprar um carro as pessoas precisam de um
empréstimo ou financiamento. Em uma economia globalizada, quando a bolsa americana quebra, todos os
países que dependem dela quebram junto. Para sair da crise, o Estado americano injetou muito dinheiro na
economia. Houve até a estatização do Northern Rock, um grande banco britânico de crédito imobiliário. Nesse
mesmo período, União Europeia e Japão também passavam por crises. Por isso, até 2013 eram os países
emergentes (com destaque para os BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que dominavam o
crescimento da economia do mundo. Em 2013, o crescimento econômico passa de novo para a mão dos
países mais ricos, que detém mais de 50% do crescimento. EUA, Reino Unido e Japão voltam a se recuperar.

4
Geografia

Era Trump
O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump sustentou toda a sua campanha presidencial, durante o
ano de 2016, com promessas de desenvolvimento para os Estados Unidos sob o lema “America First”. Ele
prometia um grande crescimento econômico mais uma política de empregos. Porém, as medidas que o
empresário expunha contemplavam apenas uma parcela dos americanos.
A eleição de Trump representou o desejo dos republicanos. Durante os oito anos de governo Obama, as
fronteiras dos Estados Unidos estiveram mais abertas para os estrangeiros. Trump implementou uma política
de protecionismo, restringindo a atividade econômica americana, dificultando processos de imigração,
incitando uma corrida armamentista e cancelando programas de políticas públicas.
Ao mesmo tempo, no sentido oposto, a China vem demonstrando um crescimento assombroso, a partir de
investimentos em transportes e comunicações. Pode-se dizer que está em curso uma guerra comercial, em
que essas duas grandes superpotências se sobretaxam, ou seja, dificultam o comércio entre elas próprias. A
China, Rússia, Irã, Venezuela, Coreia do Norte e Cuba são importantes países que lutam contra a hegemonia
americana nos modelos desenvolvimentistas.
Além dos EUA, os próprio BREXIT, o crescimento de eurocéticos e movimentos separatistas indicam uma
crise nas uniões econômicas, propiciadas num primeiro momento pela globalização, além do próprio
crescimento dos muros e barreiras, sejam comerciais ou físicas, como é o caso do muro com o México ou a
recusa em aceitar refugiados.
Com a eleição e posse de Joe Biden e Kamala Harris, diversas decisões políticas de Trump foram revertidas.
Entre elas, Estados Unidos voltam a fazer parte do Acordo de Paris e da Organização Mundial da Saúde. A
construção do muro entre Estados Unidos e México é paralisada, e o veto à migração de pessoas de países
mulçumanos é suspenso. Por fim, foi criado um programa de 1,9 trilhão de dólares para recuperação
econômica dos Estados Unidos.

5
Geografia

Exercícios

1. Durante a expansão territorial, a forma encontrada pelo governo americano para incentivar a ocupação
de todo esse “vazio territorial” foi a partir da Homestead Act, que determinava:
a) A distribuição gratuita de territórios para todo cidadão americano, desde que ele não fosse
pertencente à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
b) A venda da terra a um preço muito baixo desde que a pessoa tivesse ao menos 21 anos e que
habitasse e cultivasse a terra por, pelo menos, cinco anos.
c) A distribuição de terra gratuita para todos aqueles que tivessem informações que levassem à
prisão de criminosos.
d) A distribuição de terras para os veteranos da Guerra Mexicano-Americana.
e) A venda da terra por preços normais com condições de pagamento facilitadas para todos que
lutassem contra as nações indígenas hostis.

2. A formação de blocos econômicos tem como principal objetivo a maximização das relações comerciais
entre os países integrantes. Nesse sentido, os países da América do Norte formaram um dos blocos
econômicos mais importantes do planeta. Marque a alternativa que corresponde a esse bloco
econômico.
a) Mercosul
b) Apec
c) União Europeia
d) Nafta
e) Comunidade dos Estados Independentes (CEI).

6
Geografia

3. (Uerj 2016)

No mapa, o conjunto das áreas em laranja e o conjunto em azul representam, cada um, metade do
Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano distribuído por todo o território do país.
Justifique a grande concentração espacial da riqueza norte-americana nas áreas em laranja. Cite, ainda,
duas atividades econômicas relevantes, realizadas nessas áreas, que favorecem a concentração
espacial do PIB.

4. (FUVEST) Observe o mapa.

Atlas Geográfico Escolar. IBGE, 2012.

Com base no mapa e em seus conhecimentos sobre os EUA,


a) aponte duas razões da importância geopolítica desse país, na atualidade, considerando sua
localização e dimensão territorial;
b) explique a importância econômica, para esse país, da região circundada no mapa, considerando
os recursos naturais e os aspectos humanos.

7
Geografia

5. (UECE 2018) Assinale com V ou F, conforme seja verdadeiro ou falso, o que se diz a seguir sobre o
papel dos Estados Unidos da América na geopolítica e na geoeconomia internacionais com base no
ano de 2018.
( ) Continuam sendo a maior potência política e econômica do mundo, pois sua superioridade militar
é esmagadora e o país ainda detém o maior produto interno bruto (PIB) do planeta.
( ) Têm no seu mais recente presidente eleito, Donald Trump, um reconhecido conservador no que
tange às ações de política externa em relação a países como Irã, Venezuela e Coreia do Norte.
( ) Fortaleceram importante posição de liderança ambiental global ao assumir compromissos na luta
contra os efeitos das mudanças climáticas, em especial durante o Acordo de Paris sobre Mudança do
Clima.
( ) Com a crise econômica sentida nos último anos, o país tem desenvolvido uma política de
desmilitarização e redução dos custos com armamentos, fato que já resultou numa diminuição das
tensões internacionais com países inimigos.
Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência:
a) F, V, F, V.
b) V, F, V, F.
c) V, V, F, F.
d) V, F, V, V.

6. (Unesp 2018) Considere a imagem e o excerto.

(Renato Cruz, http://link.estadao.com.br, 04.09.2011. Adaptado.)


Após décadas de perplexidade e frustração, o mundo ainda está tentando descobrir o segredo do
sucesso dessa região. Países de todo o mundo estão fazendo o melhor que podem para copiar sua
magia. Na China, por exemplo, empresas de vários ramos da indústria aumentaram seus investimentos
em setores considerados cruciais para o sucesso observado em aproximadamente 64% ao ano, durante
os últimos cinco anos.
(Barry Jaruzelski. www2.uol.com.br. Adaptado.)

a) O excerto e a imagem dialogam ao retratarem uma importante região. Identifique que região é
essa e cite uma de suas características.
b) Cite dois setores considerados cruciais, nos quais se deveria investir, para tentar copiar a “magia”
dessa região.

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Geografia

7. (Fuvest 2016) O processo de expansão das características multilaterais do sistema ocidental nas
diversas áreas do mundo conheceu crescente impasse a partir do início do novo século. A
sustentabilidade de um sistema substancialmente unipolar mostrou-se cada vez mais crítica,
precisamente em face das transformações estruturais, ligadas, antes de mais nada, ao crescimento
econômico da Ásia, que pareciam complementar e sustentar a ordem mundial do pós - Guerra Fria. A
ameaça do fundamentalismo islâmico e do terrorismo internacional dividiu o Ocidente. O papel de pilar
dos Estados Unidos oscilou entre um unilateralismo imperial, tendendo a renegar as próprias
características da hegemonia, e um novo multilateralismo, ainda a ser pensado e definido.
Silvio Pons. A revolução global: história do comunismo internacional (1917-1991). Rio de Janeiro: Contraponto, 2014.

O texto propõe uma interpretação do cenário internacional no princípio do século XXI e afirma a
necessidade de se
a) Valorizar a liderança norte-americana sobre o Ocidente, pois apenas os Estados Unidos dispõem
de recursos financeiros e militares para assegurar a nova ordem mundial.
b) Reconhecer a falência do modelo comunista, hegemônico durante a Guerra Fria, e aceitar a vitória
do capitalismo e da lógica multilateral que se constituiu a partir do final do século XX.
c) Combater o terrorismo islâmico, pois ele representa a principal ameaça à estabilidade e à
harmonia econômica e política entre os Estados nacionais.
d) Reavaliar o sentido da chamada globalização, pois a hegemonia política e financeira norte-
americana tem enfrentado impasses e resistências.
e) Identificar o crescimento vertiginoso da China e reconhecer o atual predomínio econômico e
financeiro dos países do Oriente na nova ordem mundial.

8. (Ufjf 2020) A cidade que ruiu com sua indústria


“São milhares de casas e apartamentos abandonados, alguns deles destruídos pelas fogueiras que os
sem-teto acendem para lutar contra o frio de 20 graus negativos das madrugadas. Parte de Detroit, no
estado de Michigan, é um cenário de documentário sobre o fim do mundo. Despossuídos vagam pelas
ruas como autômatos, com suas juntas enrijecidas pelo vento gelado. Em 60 anos, os habitantes de
Detroit decresceram de 1,8 milhão de pessoas para os atuais 750 mil. Como não poderia deixar de ser,
a cidade ruiu com suas indústrias. A General Motors extinguiu duas de suas marcas, Pontiac e Saturn.
E vendeu outras duas. Hummere Saab. Fechou 14 linhas de montagem e centros de distribuição. De
suas 6,2 mil concessionárias nos Estados Unidos e no Canadá, eliminou 1,2 mil".
Fonte: adaptado de http://epocanegocios.globo.com. Acesso em 17/07/2019.

Com relação ao fragmento acima, apresente pelo menos TRÊS causas que expliquem taxas
econômicas e demográficas decrescentes ocorridas em Detroit, outrora um importante polo industrial
automobilístico, nas últimas décadas.

9
Geografia

Gabarito

1. B
A estratégia de ocupação dos EUA foi a venda de terras a preço baixíssimo, com a promessa de
permanência, o que tinha como objetivo criar infraestrutura de cidades e colonização.

2. D
O Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) é um bloco econômico composto pelos três
países que compõem a América do Norte: México, Estados Unidos e Canadá.

3.
As áreas destacadas em laranja são as principais regiões metropolitanas dos Estados Unidos, focos de
concentração de atividades de alta qualificação e grande valor agregado, que abarcam metade do
imenso Produto Interno Bruto da maior economia do planeta. Destacam-se aí indústrias de alta
tecnologia (informática, aeronáutica e eletrônica), serviços de elevado valor agregado (software,
assessoria jurídica e econômica internacional, pesquisa e desenvolvimento, escritórios de design e
publicidade) e atividades do setor financeiro (bancos globais, bolsas de valores e corretoras).

4.
a) Entre as razões da importância geopolítica dos Estados Unidos, podem-se citar: o país é a principal
potência mundial, tanto política como militar; é uma das maiores extensões territoriais do mundo,
banhado pelos oceanos Atlântico e Pacífico; além disso, é rico em diversos recursos naturais, como
petróleo, gás natural, gás de xisto, metais; e possui a terceira maior população mundial e o maior
mercado consumidor, devido ao seu alto poder aquisitivo.
b) A região destacada no mapa é o Nordeste americano. Corresponde ao Cinturão dos Manufaturados
(Manufacturing Belt) ou Cinturão da Ferrugem, como é conhecido hoje. Possui uma grande
concentração populacional e urbana, a exemplo da megalópole BosWash (Boston até Washington).
É um dos maiores mercados consumidores do país, além de ser uma região rica em recursos
naturais, como ferro e carvão.

5. C
Os EUA seguem investindo muito na indústria bélica e no poderio militar, e permanecem como o país
com maior PIB do mundo, apesar da China ser um forte concorrente. Tal condição explica o erro da quarta
afirmativa. A terceira afirmativa é falsa, pois em 2018, durante a presidência de Trump, os Estados Unidos
protocolaram sua saída do Acordo de Paris. Com a eleição e posse de Biden, voltaram ao acordo.
6.
a) O mapa indica a Baía de São Francisco, região mundialmente conhecida como Vale do Silício.
Corresponde ao tecnopolo mais importante do mundo, concentrando universidades, centros de
pesquisas e indústrias de alta tecnologia.
b) Os setores que poderiam ser citados são: Pesquisa e Desenvolvimento de produtos e tecnologias;
Investimentos em universidades e centros de pesquisa; e, por fim, investimentos em infraestrutura
informacional que permita a fluidez dos fluxos de informações e capitais.

10
Geografia

7. D
A ameaça do fundamentalismo islâmico e do terrorismo internacional e as mudanças estruturais ligadas
ao crescimento econômico da Ásia remetem ao questionamento, respectivamente, da hegemonia
política e militar dos Estados Unidos.

8.
Em relação ao fragmento de texto destacado na questão, as causas econômicas e demográficas
poderiam ser: o processo de desindustrialização, no qual as fábricas foram transferidas para outros
países com menor custo de produção; a maior competitividade das multinacionais asiáticas; o processo
de automação industrial, aumentando o desemprego estrutural; a crise nos polos industriais existentes
em Detroit, o que gera uma quebra na cadeia produtiva, causando desemprego e crise de forma ampliada,
resultando na emigração da população desempregada para áreas com maior dinamismo econômico.

11
História

Grécia e Roma

Teoria

A Grécia antiga

Os períodos da antiguidade grega


A região que conhecemos hoje como a Grécia, no Mar Mediterrâneo, possui uma
história milenar de formação civilizacional que chegou a construir um dos maiores
impérios do mundo. Essa civilização, apesar de ser formada por diversos povos que
se identificavam por um laço histórico, por uma cultura comum, pela semelhança
linguística e pela mesma religião, não apresentaram durante séculos uma estrutura
política e administrativa unificada. Assim, para estudar o passado dessa chamada
civilização grega, a divisão em períodos históricos facilita a compreensão de sua
construção.

1. Período Pré-Homérico (XX – XII a.C.) - Entre os séculos XX e XII a.C., encontra-se a formação da chamada
civilização cretense, berço do mundo grego, na ilha de Creta. Neste período, os povos cretenses se
destacaram pelo intenso comércio mediterrâneo, pela construção de uma sociedade com tendência
matriarcal e que cultuava a divindade conhecida como Grande Mãe. No entanto, por volta do século XV
a.C., os cretenses foram dominados pelos aqueus, vindos do Norte, dando origem à Civilização Micênica,
de tendência patriarcal. Posteriormente, outros povos também chegaram ao território e dominaram a
Grécia continental, como os eólios, os jônios e, sobretudo, os dórios, que levaram ao fim a Civilização
Micênica com a dispersão dos povos na chamada 1º Diáspora Grega.

2. Período Homérico (XII – VIII a.C.) - Esta fase da civilização recebe o nome do grande poeta grego, pois
foi o período em que o mesmo esteve em atividade e escreveu as obras Ilíada e Odisseia, pelas quais o
autor conta histórias do passado grego, dos deuses e dos grandes heróis. Essas histórias até hoje são
fontes importantes para os estudos sobre as civilizações cretense e micênica.
Foi também neste mesmo período que as organizações dos povos da região grega voltaram a ser mais
complexas, inicialmente com a formação da comunidade gentílica (geno), que eram pequenas unidades
agrícolas autossuficientes dominadas pela figura do pater. Essas comunidades passaram a centralizar
cada vez mais o poder em elites regionais, logo, alianças entre diferentes genos deram origem às
fratarias, que se uniram formando tribos e, enfim, com a união de várias tribos, surgiram os demos.
Nessa configuração, estabelecida pela aliança inicial dos genos, novos grupos sociais foram se
formando, como os eupátridas (herdeiros dos pater) que monopolizavam as terras férteis. Assim, graças
a escassez de terras, dominadas pelas elites, muitos gregos migraram para outras regiões, formando
colônias e iniciando a 2º Diáspora Grega.

1
História

3. Período Arcaico (VIII – VI a.C.) – Nesta fase, com a colonização de novos territórios e com a formação
de demos e classes privilegiadas, uma nova estrutura administrativa se consolidou, a chamada pólis
(cidade-Estado). Na pólis a vida urbana se intensificou, ampliando o contato entre os gregos e com outros
povos, retomando assim o comércio, as navegações e o desenvolvimento intelectual, sobretudo
filosófico. Desta forma, cada cidade-Estado possuía autonomia para ter sua própria administração, sua
elite local, suas leis e organização social, sendo na maioria delas adotado o regime oligárquico, ou seja,
o poder nas mãos de poucos.
No entanto, apesar dessa autonomia, as pólis gregas ainda
compartilhavam entre si muito da cultura, da religião e da língua. Um
grande exemplo dessa ligação entre as polis eram as realizações dos
jogos olímpicos, que se iniciaram por volta do século VIII a.C. Nesse
período, as diversas cidades-Estados passaram a se reunir em eventos a
cada quatro anos, realizados na pólis de Olímpia, para disputar provas em
nome de seus deuses.

4. Período Clássico (V – IV a.C.) – O período Clássico da civilização grega é o grande apogeu cultural e
intelectual dessa sociedade. Durante estes séculos, grandes reformas foram realizadas por legisladores,
pólis como Atenas viveram grande crescimento enquanto famosos filósofos circulavam pelas cidades.
Entretanto, apesar dessas características do período, as guerras também assolaram as pólis gregas.
Os maiores inimigos dos gregos, neste período, foram os persas, que formavam um grande império com
o líder Dário I no oriente. Durante os anos de 490 – 479 a.C., os persas tentaram invadir o território grego
nas chamadas Guerras Médicas, no entanto, foram derrotados por Atenas na Planície de Maratona.
Em uma segunda ofensiva, desta vez com Xerxes I liderando os persas, os invasores chegaram a entrar
em Atenas por volta de 480 a.C., mas, mais uma vez foram derrotados, desta vez por uma aliança
formada entre atenienses e outras pólis, conhecida como a Liga de Delos. Com o poder desse exército e
os impostos pagos pelas pólis para a manutenção das tropas, Atenas logo se tornou uma grande força
militar e econômica, conquistando inclusive regiões no oriente e expandindo ainda mais as fronteiras
gregas, em uma política conhecida como o imperialismo ateniense.
Essa política, no entanto, logo passou a incomodar outras cidades que se encontravam oprimidas pelo
poder ateniense e pelas altas taxas impostas para a manutenção da Liga de Delos.
Desta forma, reivindicando um fim para o imperialismo ateniense e visando deter o poder hegemônico
na Grécia, a pólis de Esparta, famosa pelos seus guerreiros, liderou um movimento de oposição que criou
uma nova aliança militar, a Liga do Peloponeso. Com essa rivalidade estabelecida, uma guerra entre as
duas ligas, lideradas por Atenas e Esparta, logo teve início em 431 a.C. Durante a chamada Guerra do
Peloponeso, Atenas foi derrotada na batalha de Egos Pótamos, em 404 a.C., no entanto, as duas cidades
acabaram derrotadas ao fim, pois as constantes guerras e o enfraquecimento da vitoriosa Esparta
atraíram o interesse de outras civilizações.
Assim, a Macedônia, que ficava ao norte da península balcânica, percebendo a situação instável das pólis
gregas também invadiu a região, derrotando as cidades em 338 a.C., na Batalha de Queroneia e iniciando,
enfim, o chamado Período Helenístico.

2
História

5. Período Helenístico (IV – II a.C.) – O domínio grego sobre a macedônia construiu, enfim, um dos maiores
impérios do mundo, primeiro comandado por Felipe II e, posteriormente, por seu filho Alexandre, o
Grande, discípulo de Aristóteles. Durante esses anos, a cultura grega se fundiu com a cultura macedônica
e se expandiu pelo oriente, sendo preservada e assimilada em diversas cidades orientais e dando origem
ao que conhecemos como o helenismo.
Apesar da formação deste grande império por Alexandre, as graves crises internas e a dificuldade de
administrar um vasto território fizeram com que não sobrevivesse por muito mais que dois séculos. Com
esses problemas, paralelos ao crescimento do império romano, a expansão do helenismo logo teve seu
fim.

A pólis ateniense
Dentre as cidades-Estados gregas mais importantes durante o período clássico, podemos destacar duas,
Atenas e Esparta. Essas duas pólis, apesar de compartilharem uma cultura, religião e a língua, divergiam muito
nas visões sobre política, filosofia e sociedade.
Atenas, localizada na Ática (região sul da Grécia), não chegou a ser dominada pelos dórios no passado, mas
foi ocupada pelos aqueus, pelos eólios e pelos jônios, que formaram a base inicial da cultura ateniense. No
aspecto social, Atenas também era diversificada, com classes sociais bem definidas. A elite agrária era
conhecida como os eupátridas, estando estes no topo da sociedade e detentores de privilégios; os
trabalhadores livres, ligados ao comércio e sem muitos privilégios eram chamados de demiurgos; abaixo
estavam os metecos, que eram estrangeiros livres, mas sem direitos e, enfim, os escravizados.
Essa distinção de privilégios e poderes entre os eupátridas e os demiurgos geraram diversas crises internas,
pois os demiurgos, com o desenvolvimento político ateniense, passaram a contestar cada vez mais a
estrutura social existente. Essas tensões sociais pioraram ainda mais com a expansão ateniense, a conquista
de novos territórios e a chegada de mais escravizados, o que tornava as terras férteis limitadas nas mãos de
poucos e os trabalhos escassos. Diante deste cenário, muitos trabalhadores se endividaram e acabaram se
tornando escravos por dívidas ou simplesmente migraram para outras regiões, logo, essa concentração de
poder oligárquica passou a ser atacada.
Para mudar essa conjuntura e apaziguar as tensões sociais que explodiram em Atenas, uma série de
legisladores, a partir do século VII a.C., realizaram diversas reformas sociais na pólis. O primeiro deles foi
Drácon, que organizou e registrou as leis atenienses, tornando possível o acesso público a elas. Depois de
Drácon, o legislador Sólon aboliu a escravidão por dívida que tanto assolava os demiurgos e ainda criou a
Bulé (conselho com representantes de todas as regiões atenienses), a Eclésia (assembleia popular que
poderia aprovar as leis da Bulé) e, enfim, o Helie (um tribunal de justiça para os cidadãos).
Apesar das reformas terem como objetivo conter as tensões sociais, elas acabaram tendo um efeito contrário,
pois desencadearam guerras civis e ampliaram ainda mais o autoritarismo oligárquico que, com apoio dos
eupátridas, iniciou um período de ditadura em Atenas. Esta fase de tirania foi derrubada apenas em 510 a.C.,
com uma revolta liderada por Clístenes, que derrotou o último tirano, pacificou a pólis e iniciou a construção
de um regime democrático baseado na Bulé, na Eclésia e no Helieu, com participação de todos os cidadãos.
Assim, apesar de Atenas ter se formado como as outras cidades, através de
comunidades gentílicas e demos, com a presença de uma monarquia e,
posteriormente, de uma oligarquia, essa pólis, ao contrário da maioria, seguiu por
um caminho político diferente, formando o que ficou conhecido como a democracia
ateniense, com livre participação política de seus cidadãos.

3
História

No entanto, seria considerado um cidadão ateniense, neste período, apenas os homens livres, nascidos em
Atenas, com pai e mãe ateniense e com idade superior a 18 anos. Esse modelo de democracia, apesar de
permitir uma participação direta dos cidadãos nas decisões públicas, excluía por fim mulheres, estrangeiros
e escravizados da participação política.

A pólis espartana
Até o século VII a.C. a sociedade espartana teve um desenvolvimento
semelhante às demais pólis gregas, com dominação de outros povos (dórios)
e formação de regimes oligárquicos com uma elite rural. Entretanto, diferente
de Atenas, Esparta, durante o período expansionista grego, manteve-se
isolada, fechada em suas terras férteis e na sua cultura militarista. Assim,
Esparta não viveu as tensões sociais que assolaram Atenas e nem as
transformações que visavam apaziguar as classes, mantendo essa pólis agrária e oligárquica até o fim.
Com essa manutenção das classes sociais, Esparta se configurou como uma cidade extremamente
escravocrata e com pouquíssima mobilidade social. Nesta hierarquia, podemos definir, portanto, no topo da
pirâmide social o grupo dos esparciatas, que era uma elite militar descendente dos dórios. Estes eram
responsáveis pela administração das terras comunais, agora estatizadas, e detinham poder econômico e
direitos políticos. Em seguida vinham os periecos, que eram os cidadãos livres que se dedicavam à agricultura
das terras periféricas, alguns inclusive sendo pequenos proprietários, comerciantes ou artesãos. Por último
vinham os hilotas, que eram servos de propriedade do Estado e trabalhavam nas terras dos esparciatas, sem
direitos políticos.
Desta forma, sendo os espartanos uma classe social que formava a elite da pólis e detinha nas mãos de
poucos o controle do Estado e das riquezas, eles logo se militarizaram como forma de ampliar o controle
social. Através desse mecanismo a sociedade espartana se tornou extremamente militarizada, seja na
educação ou na formação política do indivíduo. A própria legislação espartana, por exemplo, estava baseada
em um conceito de cidadão-guerreiro e uma Diarquia, formada por dois reis, que eram responsáveis, por fim,
pelas funções religiosas e militares.

Roma: monarquia, república e império


O Mito de fundação
Até hoje, os marcos da fundação de Roma são debatidos por historiadores e arqueólogos, porém, é
amplamente conhecido por estudiosos um mito de origem muito divulgado durante o império, principalmente
pelo poeta Virgílio, em Eneida e por Tito Lívio, que contavam a história de Rômulo e Remo.
No mito, a sacerdotisa Reia Silvia, obrigada a se manter virgem, engravida do deus Marte e nomeia seus filhos
gêmeos de Rômulo e Remo, descendentes do antigo guerreiro troiano Enéas. Contrariado, o rei Amúlio, de
Alba Longa, pune a sacerdotisa a prendendo em um calabouço e jogando as duas crianças no rio Tibre. Os
bebês, no entanto, são salvos por uma loba aos pés do monte Palatino, que os amamenta sob as ordens do
deus Marte. Em seguida, os dois irmãos são encontrados por uma família de pastores locais e crescem na
região.
Futuramente, após a vingança dos irmãos contra Amúlio e o retorno ao monte Palatino, os irmãos decidem
fundar uma nova cidade, mas, por conta de um desencontro de ideias, Rômulo assassina Remo e funda Roma,
em 753 a.C., tornando-se o primeiro rei.

4
História

Apesar dos mitos difundidos, é conhecido pela historiografia que, inicialmente, a região da península itálica
era composta por diferentes povos, como os sabinos, os latinos, os etruscos, os italiotas e, ao sul os próprios
gregos com suas colônias. Visto isso, a partir deste período, a história da Roma Antiga pode ser dividida
cronologicamente em três fases: a Monarquia, a República e o Império.

Romulus and Remus – Wenceslaus Holla, Bohemian, 1652. Fonte: Met museum. Disponível em:
https://www.metmuseum.org/art/collection/search/360730

Monarquia (da fundação de Roma ao século VI a.C.)


A região de Roma, sem muitas terras férteis, foi primeiro povoada por pastores e pequenas famílias, que
passaram a centralizar o poder e desenvolver sistemas administrativos, mas logo foram dominados por
outros povos, sobretudo os etruscos, que impuseram seu domínio militar e político.
Neste período a divisão social já se destacava de forma hierárquica, com os chamados patrícios dominando
as terras férteis e os privilégios políticos; os plebeus, que eram trabalhadores livres, mas sem direitos
políticos; os clientes, que também eram trabalhadores livres, mas prestavam serviços aos patrícios e, por fim,
os escravizados, que se encontravam nesta situação por dívidas ou por serem espólios de guerras.
Este período monárquico durou até o século VI a.C., com uma predominância de reis etruscos no poder, sendo
Tarquínio, o Soberbo, o último dos reis. Este, por sua postura audaciosa e tirânica e pelos conflitos causados
com o senado e com a aristocracia local, logo foi derrubado em uma espécie de golpe articulado pelos
patrícios e pelo próprio senado, que exilou Tarquínio e instalou em Roma uma república dominada pelos
patrícios.

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História

República (VI a.C. – I a.C.)


No período republicano, Roma conquistou toda a península itálica e iniciou sua
expansão territorial, dando forma ao seu modelo econômico baseado na
escravidão e na conquista de novas terras. Os romanos nesse período eram
governados por um Senado composto por homens que detinham cargo vitalício e
decidiam as principais questões referentes ao Estado.
Durante a república, o Senado manteve suas funções legislativas, mas também
atuava nas partes administrativas e financeiras apoiando os magistrados, que se dividiam em: cônsules
(encarregados do poder executivo), pretores (judiciário), censores (faziam o censo), edis (responsáveis pelo
controle urbano) e os questores (administravam o tesouro público).
Neste período a sociedade romana manteve a forte hierarquia, de difícil mobilidade, estando no topo ainda os
patrícios, que eram proprietários de terras, cidadãos romanos, donos de escravos e responsáveis pelos altos
cargos políticos. Desta forma, apesar de existir uma república como sistema político, o que na prática se
adotava como regime era uma oligarquia, pois o poder continuava concentrado nas mãos de poucos
privilegiados. Essa relação entre as classes e os privilégios do topo, assim como em Atenas, acabaram por
gerar uma série de tensões sociais. Um dos momentos mais sensíveis aconteceu em 494 a.C., quando
insatisfeitos com o sistema político romano os plebeus abandonaram a capital e passaram a exigir uma série
de mudanças políticas, conquistando, enfim, o cargo de tribuno da plebe, que teria o poder de vetar decisões
do Senado.
Outras conquistas para os plebeus também vieram nesse período para amenizar as tensões entre as classes,
como a criação da Lei das 12 Tábuas, em 450 a.C., que garantia a organização e registro das leis romanas, o
que possibilitou o acesso e o conhecimento dos direitos por parte da plebe, uma vez que, até esse momento,
as leis eram transmitidas de forma oral. Tal oralidade acabava facilitando o abuso de poder por parte dos
patrícios, que a julgavam de acordo com os seus interesses. O código de leis romano é considerado um dos
grandes legados da Antiguidade para a contemporaneidade.
Além disso, as Leis Licínias, que estabeleciam a obrigatoriedade de um cônsul ser plebeu; a Lei Canuleia, que
autorizava o casamento entre membros de classes sociais diferentes. Entretanto, apesar dessas leis
apaziguarem momentaneamente as tensões sociais, as crises internas não deixaram de existir.
Muitos desses problemas se aprofundaram com a própria expansão romana, pois, com o domínio na
península itálica e, posteriormente, com a conquista de Cartago nas chamadas Guerras Púnicas (264 – 146
a.C.), a República romana ganhou dimensões gigantescas, de difícil administração. Piorando ainda mais a
situação, a massiva entrada de escravizados em Roma impossibilitou o trabalho de muitos camponeses, que
migraram para as cidades e se tornaram massas famintas e desempregadas. Os pequenos proprietários, por
sua vez, não conseguiam disputar com os grandes agricultores e os pequenos comerciantes pouco vendiam
com a entrada cada vez maior de produtos estrangeiros e com a ascensão dos grandes comerciantes. Toda
essa conjuntura de concentração de terras, má administração pública e empobrecimento da plebe acabou
sendo responsável por acumular ainda mais problemas para o Senado e, por fim ampliar os conflitos sociais.

6
História

Apesar dos irmãos Gracos tentarem elaborar propostas de reforma agrária e projetos para apaziguar os
problemas sociais, a saída romana para a crise acabou sendo pelo recrudescimento do poder, com a
instalação de uma ditadura militar na república. No ano 60 a.C., o Senado enfim iniciou um regime de
triunvirato, que seria formado por três generais, sendo inicialmente Pompeu, Crasso e Júlio César. Deste
triunvirato, uma crise política se instalou, levando César a se tornar um
Patrícios
ditador vitalício e enfraquecendo o Senado que, insatisfeito, articulou um
golpe com a elite romana que assassinou o ditador.
Clientes
Apesar de um segundo triunvirato ter se formado com a morte de César,
composto por Marco Antônio, Otávio e Lépido, mais uma vez uma crise
Plebeus
interna levou os ditadores aos conflitos, que teve, por fim, a vitória de
Otávio e sua ascensão solitária ao poder. Recebendo o título de augustus
(divino), Otávio logo deu início ao Império Romano. Escravos

Império (I a.C. – V a.C.)


Nessa fase a vida política romana mudou consideravelmente, pois agora havia um Imperador associado a
uma figura divina, que tinha o cargo vitalício e governava praticamente de modo soberano, mesmo com a
existência de um Senado.
O império foi um período de grandes mudanças na sociedade e na cultura romana, sendo instalados os
famosos coliseus por todo o território dominado, fazendo um controle ideológico e social de sua população
e distribuindo trigo para conter as revoltas locais. Essa medida ficou conhecida como a política do “pão e
circo”, pois alienava a população com comida e diversão e mantinha a paz no império, mesmo com os
privilégios da elite.
O mercado de escravos continuou sendo uma grande fonte de renda para Roma, já que a força de trabalho
em grande parte ainda era escravizada, principalmente no meio urbano. Com Otávio Augusto a população
escravizada cresceu ainda mais, pois a política expansionista se manteve e novos estrangeiros escravizados
continuaram chegando ao Império.
Com o crescimento romano e a entrada de diversos povos para essa civilização,
naturalmente, novas religiões também começaram a se disseminar entre os romanos,
dentre elas, o cristianismo ganhou muita força e passou a colocar em xeque a própria
representação divina do Imperador. Os conflitos entre o império e os cristãos foram
tão intensos que imperadores como Nero, por exemplo, levaram a perseguição
religiosa à barbaridade, com o uso de cristãos em batalhas contra leões e gladiadores,
para o divertimento dos romanos.
O cristianismo se tornou então uma ideia subversiva em Roma, que conquistou principalmente os
escravizados ao falar sobre amor ao próximo, ao pregar a não violência e ao profetizar uma vida melhor aos
pobres após a morte. O crescimento dessa religião foi tão grande que, posteriormente, acabou conquistando
inclusive a elite romana, com a conversão do Imperador Constantino em 313 d.C., que declarou a liberdade
de culto no império e, em 391 d.C., o cristianismo se tornou a religião oficial de Roma, perseguindo todas as
outras, consideradas pagãs.
A partir do século II d.C., o império romano passou a viver seus maiores momentos de crise, pois, com um
território de proporções colossais, a administração já não conseguia mais alcançar todas as fronteiras, que
cada vez mais eram pressionadas pelos chamados povos bárbaros. Esses grupos, que configuram diversas

7
História

tribos e etnias espalhadas pelas fronteiras do império passaram a invadir regiões distantes e fazer parte do
império ou dominar territórios isolados.
Sendo assim, a queda do império romano, ou melhor, seu desmantelamento, deve-se a uma série de invasões
bárbaras nas fronteiras, à crise de desabastecimento de alimentos e mão de obra, aos próprios conflitos
políticos internos e uma crise do escravismo. O seu fim foi marcado pelo saque à Roma promovido por
Odoacro, o rei dos hérulos, em 476 d.C., que depois foi coroado Rei da Itália. Assim, começava o processo de
transição da antiguidade para a Idade Média. As maiorias dos governantes das províncias, que muitas vezes
eram antigos líderes dos povos das regiões, devido às crises, já não obedeciam mais às ordens de Roma, o
que contribui, enfim, para o desmantelamento do império do Ocidente e para a formação do feudalismo.

8
História

Exercícios

1. (UEMA 2020) Na imagem, a mulher é Hipátia (351/370 – 415/416), erudita, professora, conferencista,
filósofa e matemática. Ela foi despedaçada por uma multidão de cristãos fundamentalistas no século
IV, entre os anos de 415 e 416 d.C. na cidade de Alexandria, onde dava aulas na famosa biblioteca de
Alexandria. Sua morte ocorreu porque a pensadora era pagã e possuía elevado nível de conhecimento
em astronomia, o que assustava os cristãos e colocava em xeque a autoridade do bispo. Os cristãos
eram maioria na época, em razão de terem se tornado a religião oficial do Império Romano.

A explicação dada à imagem revela a intolerância existente na época. A motivação para a intolerância
retratada, no texto, mescla concepções
a) histórica e acadêmica.
b) política e religiosa.
c) sagrada e filosófica.
d) mística e empirista.
e) racionalista e estatal.

9
História

2. (Fuvest 2015) Em certos aspectos, os gregos da Antiguidade foram sempre um povo disperso.
Penetraram em pequenos grupos no mundo mediterrânico e, mesmo quando se instalaram e acabaram
por dominá-lo, permaneceram desunidos na sua organização política. No tempo de Heródoto, e muito
antes dele, encontravam-se colônias gregas não somente em toda a extensão da Grécia atual, como
também no litoral do Mar Negro, nas costas da atual Turquia, na Itália do sul e na Sicília oriental, na
costa setentrional da África e no litoral mediterrânico da França. No interior desta elipse de uns 2500
km de comprimento, encontravam-se centenas e centenas de comunidades que amiúde diferiam na
sua estrutura política e que afirmaram sempre a sua soberania. Nem então nem em nenhuma outra
altura, no mundo antigo, houve uma nação, um território nacional único regido por uma lei soberana,
que se tenha chamado Grécia (ou um sinônimo de Grécia).
M. I. Finley. O mundo de Ulisses. Lisboa: Editorial Presença, 1972. Adaptado.

Com base no texto, pode-se apontar corretamente:


a) a desorganização política da Grécia antiga, que sucumbiu rapidamente ante as investidas militares
de povos mais unidos e mais bem preparados para a guerra, como os egípcios e macedônios.
b) a necessidade de profunda centralização política, como a ocorrida entre os romanos e
cartagineses, para que um povo pudesse expandir seu território e difundir sua produção cultural.
c) a carência, entre quase todos os povos da Antiguidade, de pensadores políticos, capazes de
formular estratégias adequadas de estruturação e unificação do poder político.
d) a inadequação do uso de conceitos modernos, como nação ou Estado nacional, no estudo sobre
a Grécia antiga, que vivia sob outras formas de organização social e política.
e) a valorização, na Grécia antiga, dos princípios do patriotismo e do nacionalismo, como forma de
consolidar política e economicamente o Estado nacional.

10
História

3. (UFPR 2015) Considere o texto abaixo:

“O surgimento das moedas liga-se (...) a três transformações culturais notáveis da Grécia nos idos do
século VII a.C. (...): o desenvolvimento da pólis (...) e da vida política (...), a complexificação crescente
das trocas comerciais (...) [e] a alfabetização.”
FUNARI, Pedro Paulo. Antiguidade Clássica: a História e a cultura a partir dos documentos. Campinas: Editora da Unicamp,
1995, p. 50.

A partir do excerto acima e dos conhecimentos sobre a Grécia antiga, assinale a alternativa que
relaciona corretamente a pólis, a expansão grega e o desenvolvimento das moedas:
a) A pólis desenvolveu-se como uma cidade fortificada, caracterizando a ocupação da Magna Grécia
por Esparta. A expansão grega ocorre devido à insuficiência de escravos nas cidades-estados. Nas
guerras realizadas no Mediterrâneo, milhares de prisioneiros foram feitos escravos e vendidos nas
colônias gregas, o que intensificou a circulação de moedas.
b) A pólis era um tipo específico de organização social encontrada em Atenas e Esparta. No período
em questão, essas duas cidades-estados rivalizaram-se na expansão territorial, gerando a Guerra
do Peloponeso. Ao final deste conflito, os atenienses derrotados fundaram colônias em regiões
do Mediterrâneo e do mar Negro, aumentando a circulação de moedas.
c) A pólis foi a principal forma de organização social na Grécia, constituindo-se em cidades
autônomas com governos e leis próprias. No século VII a.C., com o aumento demográfico e a
concentração latifundiária, houve a expansão grega para regiões do Mediterrâneo e do mar Negro,
causando intensa circulação de moedas para o comércio marítimo e terrestre.
d) A pólis surgiu como solução para os conflitos entre Esparta e Atenas pelo domínio do restante da
Grécia, constituindo-se como cidade autônoma fortificada, cujo isolamento a protegia de
agressões. Isso permitiu a expansão comercial marítima de Atenas pelo Mediterrâneo, levando à
formação de colônias e ao aumento da circulação de moedas nas trocas comerciais.
e) A pólis era um tipo de cidade-estado que se desenvolveu em decorrência da expansão comercial
grega, ocasionando a fundação de colônias na Magna Grécia. Por conta de seu caráter autônomo,
algumas cidades-estados uniram-se na Liga de Delos para conquistar territórios no Mediterrâneo,
gerando aumento na atividade comercial grega e o uso de moedas.

11
História

4. (Pucsp 2016) “Em termos constitucionais mais convencionais, [na Atenas antiga] o povo não só era
elegível para cargos públicos e possuía o direito de eleger administradores, mas também era seu o
direito de decidir quanto a todos os assuntos políticos e o direito de julgar, constituindo-se como
tribunal, todos os casos importantes civis e criminais, públicos e privados. A concentração da
autoridade na Assembleia, a fragmentação e o rodízio dos cargos administrativos, a escolha por
sorteio, a ausência de uma burocracia remunerada, as cortes com júri popular, tudo isso servia para
evitar a criação da máquina partidária e, portanto, de uma elite política institucionalizada.”
M. I. Finley. Democracia antiga e moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1988, p. 37.

A partir do texto, pode-se afirmar que a democracia, na Atenas antiga,


a) limitava a atuação do conjunto da sociedade nas decisões e nos assuntos políticos, que ficavam
restritos à elite intelectual e econômica.
b) reconhecia a necessidade da tripartição do poder, com a separação e a isonomia entre o
executivo, o legislativo e o judiciário.
c) dependia do bom funcionamento do aparato administrativo, composto por funcionários estáveis
e por ampla hierarquia burocrática.
d) permitia a ampla manifestação dos cidadãos e tinha mecanismos que impediam a perpetuação
das mesmas pessoas em cargos administrativos.

5. (UEFS 2017) Em Atenas, não havia propriamente um Estado composto por governantes e funcionários.
Cada decisão importante era tomada pelo conjunto dos cidadãos que participava da Assembleia
(ecclesia). Nesse espaço aberto, os atenienses discutiam seus problemas coletivos e decidiam como
administrar a pólis.
(Marcelo Rede. A Grécia Antiga, 2012. Adaptado.)

O texto caracteriza o regime democrático de Atenas, nos séculos V e IV a.C. Sobre a democracia
ateniense, é correto afirmar que
a) o sistema era assegurado por um amplo aparato jurídico-institucional, que determinava o caráter
representativo da participação política.
b) a Assembleia era controlada pelos partidos aristocráticos, que proibiam a participação de
mulheres e escravos nas principais decisões.
c) a Assembleia estimulava a tolerância política e racial, mas impedia a candidatura de africanos e
asiáticos às eleições majoritárias.
d) o sistema garantia que todos os cidadãos participassem da vida cívica, mas não impedia a
persistência de desigualdades socioeconômicas.
e) a Assembleia tinha caráter consultivo, mas as principais decisões ficavam a cargo dos reis
escolhidos entre os aristocratas.

12
História

6. (UFG 2011) Leia o fragmento da Lei das Doze Tábuas, datada de 450 a.C.
1. Se alguém for chamado a Juízo, compareça.
2. Se não comparecer, aquele que o citou tome testemunhas e o prenda.
Tábua Primeira, do chamamento a Juízo.

3. Se alguém cometer furto à noite e for morto em flagrante, aquele que o matou não será punido.
[…]
7. Se, pela procura, a coisa furtada for encontrada na casa de alguém, que esse alguém seja punido
como se fora um furto manifesto.
Tábua segunda, dos julgamentos e dos furtos.
LEI DAS DOZE TÁBUAS. Disponível em: <http://www.jurisciencia.com/legislacoes/ legislacao-diversa/lei-das-doze-
tabuas-lei-das-12-tabuas-lei-das-xiitabuas/210/>. Acesso em: 13 out. 2010. [Adaptado]

Esse código de leis estabeleceu os princípios do Direito Romano, que forneceu as bases para o
direito no Ocidente. De acordo com o historiador Paul Veyne, “os costumes romanos são
traduzidos com bastante exatidão pelo direito civil”. Diante do exposto e considerando a leitura do
fragmento,
a) analise os conflitos sociais na República Romana, que explicitam a relação entre lei e costume;
b) explique o papel da testemunha e a importância da prova, explícitos na Lei das Doze Tábuas.

13
História

7. (UFPR 2016) Considere o excerto de poema espartano do século VII a.C.:

[...] Pois não há homem valente no combate,


se não suportar a vista da carnificina sangrenta
e não atacar, colocando-se de perto. [...]
É um bem comum para a cidade e todo o povo,
que um homem aguarde, de pés fincados, na primeira fila,
encarniçado e todo esquecido da fuga vergonhosa,
expondo a sua vida e ânimo sofredor,
e, aproximando-se, inspire confiança
com suas palavras ao que lhe fica ao lado.
(Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira. In: Hélade: Antologia da Cultura Grega, Coimbra: Faculdade de Letras da
Universidade de Coimbra / Instituto de Estudos Clássicos, 4. ed., 1982.)

Com base nesse excerto, considere as afirmativas abaixo sobre os valores ressaltados no poema e
sobre características da cidade-Estado de Esparta entre os séculos VII e V a.C.:
1. Esparta e Atenas compartilhavam do mesmo ideal militar expresso no poema, motivo pelo qual
juntaram esforços na Liga de Delos.
2. O poema expressa os valores esperados dos soldados espartanos: a coragem, o espírito de
combate e a cooperação com o coletivo.
3. Para sustentar o exército, o Estado espartano formou a Liga do Peloponeso e distribuiu as terras
conquistadas entre as cidades-Estados aliadas.
4. Esparta manteve uma elite militar, formada pela educação rígida de suas crianças, que eram
controladas pelo Estado e separadas de suas famílias.

Assinale a alternativa correta.


a) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.

14
História

8. (IFCE 2016) “Consideremos o significado da palavra república. Ela vem do latim res publica, que quer
dizer ‘coisa de todos’. Denomina, portanto, uma forma de governo em que o Estado e o poder pertencem
ao povo. No entanto, o que se observou na fase inicial da república romana foi a instalação de uma
organização política dominada apenas pelos patrícios. Não houve a distribuição do poder entre todos,
pois a maioria da população, os plebeus, não tinha, inicialmente, o direito de participar das decisões
políticas. Isso gerou grandes conflitos.”
(COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e geral. Vol.1, 2ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2013. p. 124).

Por conta da situação acima mencionada, os plebeus iniciaram uma longa luta em busca dos seus
direitos, sobre a qual é incorreto afirmar-se que:
a) a “Lei das XII Tábuas”, ainda que favorecesse os patrícios, serviu para dar clareza às normas e aos
costumes.
b) a “Lei Canuleia” autorizava o casamento entre patrícios e plebeus.
c) o “Comício da Plebe” deu aos patrícios o direito de decidirem pelos plebeus assuntos relativos aos
interesses de ambos.
d) a “Eleição de Magistrados” deu aos plebeus a condição de ascenderem, aos poucos, aos principais
cargos públicos.
e) a proibição da escravização por dívidas fez com que nenhum romano fosse mais escravizado por
conta de dívidas existentes.

15
História

Gabarito

1. B
No contexto de oficialização do cristianismo durante o Império Romano, a imagem e o trecho
apresentado apontam para uma relação entre a política e a religião, uma vez que a perseguição de Hipátia
ocorreu porque ela era pagã e porque possuía conhecimentos científicos que poderiam confrontar as
concepções propagadas pela Igreja Católica.

2. D
Ao afirmar, no fim do texto que: “Nem então nem em nenhuma outra altura, no mundo antigo, houve uma
nação, um território nacional único regido por uma lei soberana, que se tenha chamado Grécia”, o autor
contraria certos deslizes historiográficos que consideram o helenismo como uma formação nacional. A
ideia de nação, devemos destacar, é um conceito moderno, logo, deve ser evitado para compreender a
antiguidade.

3. C
O crescimento grego, causado pela expansão e pela conquista de novas colônias, proporcionou também
a chegada de novos escravizados e o aumento das rotas comerciais. Com essas mudanças, a circulação
de moedas entre as pólis e as colônias ganhou força

4. D
A democracia em Atenas, apesar de ser restrita e segregadora, garantia aos cidadãos ampla participação
política nas tomadas de decisão e possuía mecanismos reguladores complexos, que dificultavam a
permanência dos mesmos grupos ou indivíduos em cargos administrativos.

5. D
Na democracia ateniense, a participação política de seus cidadãos era livre e direta, no entanto, só
considerado um cidadão ateniense apenas os homens livres, nascidos em Atenas, com pai e mãe
ateniense e maior de idade. Apesar do estímulo a participação dos cidadãos, tal categorização excluía
as mulheres, estrangeiros, escravizados, entre outros, o que fomentavam as desigualdades sociais
dentro da polis ateniense.

16
História

6.
a) A Lei das Doze Tábuas nasceu em um contexto de intensificação nos conflitos entre patrícios e
plebeus durante a República Romana, sendo assim, a sua formação é considerada uma vitória para
o último grupo citado. Antes disso, a transmissão das leis acontecia de forma oral, o que prejudicava
os plebeus, que não sabiam exatamente o que estava na lei, e favorecia os patrícios, que poderiam
julgá-la a seu favor. Em 494 a.C., quando insatisfeitos com o sistema político romano os plebeus
abandonaram a capital e passaram a exigir uma série de mudanças políticas, conquistando, enfim,
o cargo de tribuno da plebe, que teria o poder de vetar decisões do Senado, e uma série do outras
leis que garantiam uma maior igualdade entre os grupos. É importante salientar que as leis que
compunham as Doze Tábuas eram baseadas nos costumes e normas que existiam dentro da
sociedade romana.

b) Considerado um dos grandes legados da Antiguidade Clássica, o direito romano possui normas que
são utilizadas até hoje pelos países ocidentais. Como exposto pelos trechos da lei apresentados, a
testemunha e a prova do crime eram fatores centrais dentro do processo jurídico romano, uma vez
que a presença de ambos justifica e possibilita determinadas punições.

7. B
Nas afirmativas apresentadas, apenas a 2 e a 4 estão corretas. A 1 não está certa, pois Atenas e Esparta
não compartilhavam dos mesmos desejos e filosofias militares que o poema apresenta, enquanto a 3
está incorreta, porque a Liga do Peloponeso não foi criada para sustentar o exército espartano.

8. C
A alternativa está incorreta porque o Comício da Plebe, ou Tribuno da Plebe, foi cargo ocupado pelos
plebeus e não pelos patrícios, para decidirem sobre assuntos que afetassem esse grupo social.

17
Matemática

Retas paralelas cortadas por uma transversal

Exercícios

1. Com a urbanização, as cidades devem melhorar sua infraestrutura, como, por exemplo, fazendo mais
vias asfaltadas. Sendo assim, a figura abaixo mostra a rua 𝐵, que precisa ser asfaltada do ponto 𝑃 até
o ponto 𝑄. Na rua 𝐴, já asfaltada, há três terrenos com frente para a rua 𝐵 e para rua 𝐴. As divisas dos
lotes são perpendiculares à rua 𝐴. As frentes dos lotes 1, 2 e 3 para a rua 𝐴 medem, respectivamente,
10 𝑚, 25 𝑚 e 30 𝑚. A frente do lote 2 para a rua 𝐵 mede 32 𝑚.

Quantos metros de asfalto serão necessários?


a) 65 𝑚
b) 72 𝑚
c) 38,4 𝑚
d) 83,2 𝑚

2. ̅̅̅̅ // 𝐷𝐸
Na figura abaixo, as medidas assinaladas são dadas em centímetros, e 𝐴𝐵 ̅̅̅̅ . Se 𝐵𝐷
̅̅̅̅ = 7 𝑐𝑚, qual
o valor de 𝑥?

1
Matemática

3. Três terrenos têm frente para a rua 𝐴 e para a rua 𝐵, como na figura. As divisas laterais são
perpendiculares à rua 𝐴. Qual a medida de frente para a rua 𝐵 de cada lote, sabendo que a frente total
para essa rua tem 180 𝑚?

4. Na figura abaixo tem-se 𝑟//𝑠; 𝑡 e 𝑢 são transversais. O valor de 𝑥 + 𝑦 é:

a) 100°
b) 120°
c) 130°
d) 140°
e) 150°

5. (Fuvest) Na figura, as retas 𝑟 e 𝑠 são paralelas, o ângulo 1 mede 45° e o ângulo 2 mede 55°. A
medida, em graus, do ângulo 3 é

a) 50°
b) 55°
c) 60°
d) 80°
e) 100°

2
Matemática

6. Dois postes perpendiculares ao solo, de tamanhos distintos, estão a uma distância de 4 𝑚 um do


outro, e um fio bem esticado de 5 𝑚 liga seus topos. Prolongando esse fio até prendê-lo ao solo, são
utilizados mais 4 𝑚 de fio. Determine a distância entre o ponto onde o fio foi preso ao solo e o poste
mais próximo a ele.

7. Uma das aplicações do teorema de Tales no cotidiano se dá na termologia. A figura ao lado mostra
dois termômetros tais que o mercúrio dentro de ambos atinge a mesma altura. Note que a escala
entre eles é distinta: à esquerda, temos a escala Celcius, à direita; Fahrenheit.

Quando o termômetro marca 10 graus na escala Celsius, quanto marca na escala Fahrenheit?

8. (Albert Einstein) O diagrama a seguir representa as pressões médias nas artérias e veias principais,
em várias posições, em relação ao coração de uma pessoa de 1,80 𝑚 de altura em pé.

Calcule a pressão arterial média, em 𝑐𝑚 de 𝐻2 𝑂, de um ponto do corpo dessa pessoa que esteja a
1,70 𝑚 do chão.

3
Matemática

Gabarito

1. D
De acordo com o Teorema de Tales, podemos escrever que:
32 25
=  25  PQ = 32  65  PQ = 83,2 m
PQ 10 + 25 + 30

2. 𝑥 = 2,8.
4 6
Como BD = 7, CD = 7 − x. Pelo Teorema de Tales, = → 4(7 − x) = 6x → 28 − 4x = 6x → 28 = 10x →
x 7−x
x = 2,8.

3. 𝑥 = 20 𝑚, 𝑦 = 15 𝑚 e 𝑧 = 10 𝑚.
Seja 𝑥, 𝑦 e 𝑧 os lotes em frente às partes de 40 𝑚, 30 𝑚 e 20 𝑚, respectivamente. Pelo Teorema de Tales:

40 30 20 40 + 30 + 20 40 30 20 90 1
= = = → = = = =
𝑥 𝑦 𝑧 180 𝑥 𝑦 𝑧 180 2

Assim, 𝑥 = 40 . 2 = 80 𝑚, 𝑦 = 30 . 2 = 60 𝑚 e 𝑧 = 20 . 2 = 40 𝑚.

4. C
Para analisar as duas retas paralelas r e s cortadas pelas duas retas transversais 𝒕 e 𝒖, faremos as
marcações coloridas de ângulos que podem ser identificados na figura:

Observe que o ângulo de 𝟐𝟎° e o ângulo 𝒚, destacados em vermelho, podem ser classificados como
alternos externos, pois estão em lados “alternados” à reta 𝒖 e são “externos” às retas 𝒓 e 𝒔, portanto,
podemos afirmar que esses ângulos possuem a mesma medida, isto é, 𝒚 = 𝟐𝟎°.
Podemos ainda afirmar que o ângulo 𝒙′, destacado em verde, é correspondente ao ângulo 𝒙, sendo então
de mesma medida (𝒙 = 𝒙′). Temos ainda também que os ângulos 𝒙′ e 𝟕𝟎° são suplementares, logo:
x′ + 70° = 180°
x′ = 180° – 70°
x′ = x = 110°

A soma 𝑥 + 𝑦 resulta em 130°.

4
Matemática

5. E
Traçaremos uma reta paralela a 𝒓.

Podemos ver agora que o ângulo 3 foi dividido em dois ângulos (1 e 2)


Sendo assim, temos que
3̂ = 1̂ + 2̂
3̂ = 45° + 55°
3̂ = 100°

6. 3,2 m.
Temos um cenário como o abaixo:

4 5 16
Pelo Teorema de Tales, = → 𝑥 = = 3,2 𝑚.
𝑥 4 5

5
Matemática

7. A temperatura será de 𝟓𝟎°𝑭.


A partir do marco de 𝟏𝟎°𝐂 traçamos uma reta horizontal que intercepta nossas duas escalas e
calculamos as medidas dos segmentos formados:

Pelo Teorema de Tales, segue que:

90 212 − x
= → 10(212 − x) = 90(x − 32) → 2.120 − 10x = 90x − 2.880 → 100x = 5.000 → x = 50°F
10 x − 32

Obs.: Você também pode resolver este problema pelas fórmulas de física. Na verdade, as fórmulas são
demonstradas pelo Teorema de Tales, pelo mesmo caminho que o desse gabarito. Então desse jeito é
bem mais legal ;)

8. A pressão é de 𝟖𝟓 (𝒆𝒎 𝒄𝒎 𝒅𝒆 𝑯𝟐 𝑶).


Primeiramente, se estamos a uma altura de 𝟏, 𝟕𝟎 𝒎 do chão, estamos a 𝟓𝟎 𝒄𝒎 acima do coração, como
ilustra o esquema a seguir. Dessa forma, traçamos uma reta paralela à horizontal que intercepta as duas
escalas do problema: a da altura relativa ao coração e a da pressão arterial.

Pelo Teorema de Tales, segue que:


10 75 − x
= → 50(75 − x) = 10(x − 135) → 3.750 − 50x = 10x − 1.350
50 x − 135
5.100 = 60x → x = 85

6
Português

Resolução de questões de compreensão textual

Teoria

Sabemos que, atualmente, a maioria dos vestibulares cobra questões de compreensão textual. A prova de
linguagens do Enem, inclusive, é composta, em sua maior parte, por questões interpretativas. Por isso, é
extremamente importante saber que, por mais que elas sejam subjetivas, existem estratégias que nos ajudam
a interpretar melhor os textos e atender ao que o enunciado pede.

Em primeiro lugar, a dica mais importante é: pratique! Quanto mais questões você fizer, principalmente de
vestibulares anteriores, mais facilidade você terá.
A leitura de um texto está relacionada a diversos elementos e símbolos que o compõe. Por isso, se formos
capazes de identificar esses elementos, mais seguros estaremos sobre a compreensão textual. Ao longo do
ano, nós trabalharemos, detalhadamente, todos esses aspectos. Por ora, vamos listar alguns pontos
interessantes e fazer análise de uma questão.

• Texto verbal, não verbal e híbrido


Conceito de texto: informações e elementos linguísticos que concorrem para a produção de sentido.
O texto verbal é formado apenas por palavras.
O texto não verbal é formado apenas por imagens que constroem um sentido.
O texto híbrido é formado por elementos verbais e não verbais.

• Modos de organização discursiva


Os textos se organizam de diferentes maneiras de acordo com o seu propósito/função. É comum,
inclusive, que em um mesmo texto haja a manifestação de mais de um modo de organização discursiva.
São eles: narração, descrição, argumentação, exposição e injunção.

• Sistemas de comunicação
Cada gênero textual possui função(ões) comunicativa(s) específica(s), reconhecer essas funções ajuda
bastante a interpretar bem o texto. Dentre elas, podemos destacar:
• Sistema publicitário (texto propagandísticos)
• Sistema informativo (textos com intuito de passar informações)
• Sistema de entretenimento (textos que buscam entreter/divertir)
• Sistema artístico (textos que expressam, de maneira estética, reflexões acerca da realidade,
sentimentos e experiências)

• Conhecimento de mundo
Nosso conhecimento extralinguístico ajuda bastante a compreender os textos. Por isso, esteja sempre
atento à possibilidade de diálogo com a sua bagagem sociocultural.

1
Português

• Conceitos sobre Artes e Literatura


Muitas questões envolvem conceitos de Arte e de Literatura. Portanto, é importante sempre considerar
a função da arte e da literatura como elementos catárticos. Além disso, é legal prestar atenção à fonte
do texto a fim de poder relacioná-lo aos seus conhecimentos literários.

• Fenômenos linguísticos
Alguns conceitos associados à semântica são extremamente relevantes à interpretação textual:
• Polissemia e ambiguidade de termos e enunciados
• Sentidos denotativo (literal) e conotativo (figurado)
• Possíveis intertextualidades
• Presença de figuras de linguagens

Vamos analisar, agora, uma questão:


(Enem 2014)

Disponível em: www.portaldapropaganda.com.br. Acesso em: 28 jul. 2013.

Essa propaganda defende a transformação social e a diminuição da violência por meio da palavra. Isso se
evidencia pela
a) predominância de tons claros na composição da peça publicitária.
b) associação entre uma arma de fogo e um megafone.
c) grafia com inicial maiúscula da palavra “voz” no slogan.
d) imagem de uma mão segurando um megafone.
e) representação gráfica da propagação do som.

Primeiramente, como se trata de um texto híbrido, devemos nos atentar aos elementos verbais e não verbais
e ao fato de que se trata de um texto propagandístico/apelativo. É possível perceber que a imagem do
megafone está associada à representação de uma arma de fogo. Junto a isso, devemos relacionar a imagem
à frase “Paz só se consegue com Voz” que, por sua vez, é uma intertextualidade com a música do Rappa
“Minha Alma (A paz que eu não quero)”.
Depois de perceber todos esses elementos, vamos ao que o enunciado pede: a banca quer que, dentre as
alternativas, encontremos a que melhor justifica a ideia da diminuição da violência por meio da palavra. Por
isso, o gabarito é a letra B, pois a associação entre uma arma de fogo e um megafone mostra que a
transformação social depende da voz do povo, da comunidade, pois esta atua como uma “arma”, uma forma
capaz de diminuir a violência por meio da palavra.

2
Português

Exercícios de vestibulares

1. (Enem, 2020)
Chiquito tinha quase trinta quando conheceu Mariana num baile de casamento na Forquilha, onde
moravam uns parentes dele. Por lá foi ficando, remanchando. Fez mal à moça, como costumavam dizer,
tiveram de casar às pressas. Morou uns tempos com o sogro, descombinaram. Foi só conta de colher
o milho e vender. Mudou pra casa do velho Chico Lourenço [seu pai]. Fumaça própria só viu subir um
par de anos depois, quando o pai repartiu as terras. De tão parecidos, pai e filho nunca combinaram
direito. Cada qual mais topetudo, muitas vezes dona Aparecida ouvia o marido reclamar da natureza
forte do filho. Ela escutava com paciência e respondia dum jeito sempre igual:
– “Quem herda, não rouba”.
Vinha um brilho nos olhos, o velho se acalmava.
(ROMANO, O. Casos de Minas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.)

Os ditados populares são frases de sabedoria criadas pelo povo, utilizadas em várias situações da vida.
Nesse texto, a personagem emprega um ditado popular com a intenção de
a) criticar a natureza forte do filho.
b) justificar o gênio difícil de Chiquito.
c) legitimar o direito do filho à herança.
d) conter o ânimo violento de Chico Lourenço.
e) condenar a agressividade do marido contra o filho.

3
Português

2. (Enem, PPL, 2010) Por volta do ano de 700 a.C., ocorreu um importante invento na Grécia: o alfabeto.
Com isso, tornou-se possível o preenchimento da lacuna entre o discurso oral e o escrito. Esse
momento histórico foi preparado ao longo de aproximadamente três mil anos de evolução e da
comunicação não alfabética até a sociedade grega alcançar o que Havelock chama de um novo estado
de espírito, “o espírito alfabético”, que originou uma transformação qualitativa da comunicação
humana. As tecnologias da informação com base na eletrônica (inclusive a imprensa eletrônica)
apresentam uma capacidade de armazenamento. Hoje, os textos eletrônicos permitem flexibilidade e
feedback, interação e reconfiguração de texto muito maiores e, dessa forma, também alteram o próprio
processo de comunicação.
CASTELLS, M. A. Era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 1999 (adaptado).

Com o advento do alfabeto, ocorreram, ao longo da história, várias implicações socioculturais. Com a
Internet, as transformações na comunicação humana resultam
a) da descoberta da mídia impressa, por meio da produção de livros, revistas, jornais.
b) do esvaziamento da cultura alfabetizada, que, na era da informação, está centrada no mundo dos
sons e das imagens.
c) da quebra das fronteiras do tempo e do espaço na integração das modalidades escrita, oral e
audiovisual.
d) da audiência da informação difundida por meio da TV e do rádio, cuja dinâmica favorece o
crescimento da eletrônica.
e) da penetrabilidade da informação visual, predominante na mídia impressa, meio de comunicação
de massa.

3. (Enem, PPL, 2010) No Brasil colonial, os portugueses procuravam ocupar e explorar os territórios
descobertos, nos quais viviam índios, que eles queriam cristianizar e usar como força de trabalho. Os
missionários aprendiam os idiomas dos nativos para catequizá-los nas suas próprias línguas. Ao longo
do tempo, as línguas se influenciaram. O resultado desse processo foi a formação de uma língua geral,
desdobrada em duas variedades: o abanheenga, ao sul, e o nheengatu, ao norte. Quase todos se
comunicavam na língua geral, sendo poucos aqueles que falavam apenas o português.

De acordo com o texto, a língua geral formou-se e consolidou-se no contexto histórico do Brasil-Colônia.
Portanto, a formação desse idioma e suas variedades foi condicionada
a) pelo interesse dos indígenas em aprender a religião dos portugueses.
b) pelo interesse dos portugueses em aprimorar o saber linguístico dos índios.
c) pela percepção dos indígenas de que as suas línguas precisavam aperfeiçoar-se.
d) pelo interesse unilateral dos indígenas em aprender uma nova língua com os portugueses.
e) pela distribuição espacial das línguas indígenas, que era anterior à chegada dos portugueses.

4
Português

Texto para as questões 4 e 5

Ideologia

Meu partido
É um coração partido
E as ilusões estão todas perdidas
Os meus sonhos foram todos vendidos
Tão barato que eu nem acredito
Eu nem acredito
Que aquele garoto que ia mudar o mundo
(Mudar o mundo)
Frequenta agora as festas do "Grand Monde"

Meus heróis morreram de overdose


Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver
Ideologia
Eu quero uma pra viver

O meu prazer
Agora é risco de vida
Meu sex and drugs não tem nenhum rock 'n' roll
Eu vou pagar a conta do analista
Pra nunca mais ter que saber quem sou eu
Pois aquele garoto que ia mudar o mundo
(Mudar o mundo)
Agora assiste a tudo em cima do muro

Meus heróis morreram de overdose


Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver
Ideologia
Eu quero uma pra viver
(Cazuza e Frejat, 1988. In: www;cazuza.com.br)

4. (Uerj, adaptada) Em duas estrofes, a expressão “mudar o mundo” é utilizada em um verso e repetida no
verso seguinte entre parênteses. A repetição e o uso dos parênteses, no contexto, sugerem que o eu
poético, com o passar do tempo, foi levado a
a) um desvio de personalidade.
b) uma postura de acomodação.
c) uma afirmação da identidade.
d) uma busca de autoconhecimento.
e) um desejo maior de mudança.

5
Português

5. (Uerj, adaptada) A lírica moderna tende a apresentar uma visão mais crítica a respeito da realidade. Na
canção lida, essa crítica é construída ao se apresentar uma visão melancólica em relação à realidade.
Esse tom melancólico, no conjunto do texto, constrói-se principalmente com apoio no seguinte
elemento:
a) a menção à morte dos heróis
b) a crítica às estruturas da sociedade
c) o desejo da crença em uma ideologia
d) a contraposição entre passado e presente
e) o reforço dos desejos inalcançáveis do eu lírico

6. (UFRGS, 2017) Leia o poema José, de Carlos Drummond de Andrade.

E agora, José? e tudo fugiu


A festa acabou, e tudo mofou,
a luz apagou, e agora, José?
o povo sumiu,
a noite esfriou, (...)
e agora, José?
e agora, você? Se você gritasse,
Você que é sem nome, se você gemesse,
que zomba dos outros, se você tocasse,
Você que faz versos, a valsa vienense,
que ama, protesta? se você dormisse,
e agora, José? se você cansasse,
se você morresse....
Está sem mulher, Mas você não morre,
está sem discurso, você é duro, José!
está sem carinho,
já não pode beber, Sozinho no escuro
já não pode fumar, qual bicho-do-mato,
cuspir já não pode, sem teogonia,
a noite esfriou, sem parede nua
o dia não veio, para se encostar,
o bonde não veio, sem cavalo preto
o riso não veio, que fuja a galope,
não veio a utopia você marcha, José!
e tudo acabou José, para onde?

Assinale a alternativa correta sobre o poema.


a) O diálogo com José, interlocutor, pode ser lido como uma forma de o sujeito-lírico refletir sobre o
desamparo existencial.
b) O poema em versos curtos apresenta o caminho para superação dos impasses de José.
c) As repetições indicam a monotonia da existência do trabalhador comum, José, em crise com sua
condição operária.
d) O sujeito-lírico, na ausência de respostas, não consegue decifrar para onde José marcha, embora
este saiba seu caminho.
e) A expressão “e agora, José?” põe em relevo a indignação do sujeito-lírico com seu interlocutor,
incapaz de se definir.

6
Português

7. (Enem, 2017) Declaração de amor


Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. [...] A
língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando
das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo.
Às vezes ela reage diante de um pensamento mais complicado. Às vezes se assusta com o
imprevisível de uma frase. Eu gosto de manejá-la – como gostava de estar montada num cavalo e guiá-
lo pelas rédeas, às vezes a galope. Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao máximo em minhas
mãos. E este desejo todos os que escrevem têm. Um Camões e outros iguais não bastaram para nos
dar para sempre uma herança de língua já feita. Todos nós que escrevemos estamos fazendo do
túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida.
Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do encantamento de lidar com uma língua que
não foi aprofundada. O que recebi de herança não me chega. Se eu fosse muda e também não pudesse
escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo.
Mas, como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria
mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha
abordagem do português fosse virgem e límpida.
LISPECTOR. C. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro Rocco, 1999 (adaptado).

O trecho em que Clarice Lispector declara seu amor pela língua portuguesa, acentuando seu caráter
patrimonial e sua capacidade de renovação, é:
a) “A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve.”
b) “Um Camões e outros iguais não bastaram para nos dar para sempre uma herança de língua já
feita.”
c) “Todos nós que escrevemos estamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê
vida.”
d) “Mas não falei do encantamento de lidar com uma língua que não foi aprofundada.”
e) “Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse
virgem e límpida.”

2
Português

8. (Enem, 2017) O mundo revivido


Sobre esta casa e as árvores que o tempo
esqueceu de levar. Sobre o curral
de pedra e paz e de outras vacas tristes
chorando a lua e a noite sem bezerros.

Sobre a parede larga deste açude


onde outras cobras verdes se arrastavam,
e pondo o sol nos seus olhos parados
iam colhendo sua safra de sapos.

Sob as constelações do sul que a noite


armava e desarmava: as Três Marias,
o Cruzeiro distante e o Sete-Estrelo.

Sobre este mundo revivido em vão,


a lembrança de primos, de cavalos,
de silêncio perdido para sempre.
(DOBAL, H. A província deserta. Rio de Janeiro: Artenova, 1974.)

No processo de reconstituição do tempo vivido, o eu lírico projeta um conjunto de imagens cujo lirismo
se fundamenta no
a) inventário das memórias evocadas afetivamente.
b) reflexo da saudade no desejo de voltar à infância.
c) sentimento de inadequação com o presente vivido.
d) ressentimento com as perdas materiais e humanas.
e) lapso no fluxo temporal dos eventos trazidos à cena.

3
Português

Gabarito
1. B
Segundo o texto, os desentendimentos entre pai e filho eram ocasionados pela semelhança de
temperamento, ambos teimosos e irascíveis. Assim, o provérbio “Quem herda, não rouba”, proferido por
Dona Aparecida em resposta às reclamações do marido, foi usado com a intenção de justificar o gênio
difícil do filho.

2. C
O texto faz referência ao longo período da história em que vários adventos na área da comunicação
produziram importantes implicações socioculturais, como a criação do alfabeto na sociedade grega, no
passado, e, atualmente, as tecnologias da informação com base na eletrônica. Estas últimas
caracterizam-se pela capacidade de atuação em variadas formas de atividades e intercomunicação veloz
em troca de informações, quebrando, assim, as fronteiras do tempo e do espaço através da integração
das modalidades escrita, oral e audiovisual.

3. E
Segundo o texto, o contato dos colonizadores com os aborígenes teve como consequência o surgimento
de uma “língua geral”, que tinha duas variantes: o abanheenga, ao sul, e o nheengatu, ao norte. Assim, é
correta a opção [E], pois a formação desse idioma e suas variedades foram condicionadas pela
distribuição espacial das línguas indígenas, que era anterior à chegada dos portugueses.

4. B
Considerando que a expressão é primeiro enunciada como uma ação projetada, mas não realizada ("ia
mudar o mundo"), sua repetição entre parênteses sugere uma secundarização que atesta o progressivo
abandono do objetivo de mudança. O recurso constrói, portanto, a expressão de uma postura de
acomodação, reafirmada pelo eu poético também em outros elementos do texto.

5. D
A marcação de tempo no poema se caracteriza pela oposição entre um passado de engajamento com
desejo de mudanças e um presente de acomodação à ordem vigente. Nessa trajetória temporal, observa-
se o progressivo abandono de ideais por parte do eu poético, com a repetida manifestação de resgate de
uma ideologia. Isso demonstra uma insatisfação e inquietude do sujeito com seu presente, imprimindo
no texto um tom melancólico.

6. A
a) Correto. Ao fazer uma série de questionamentos a José, o sujeito-lírico levanta temas filosóficos,
marcados pela falta de perspectiva (“E agora, José?”).
b) Incorreto. O sujeito-lírico apresenta uma série de impasses, sem horizonte de resolução,
principalmente por encerrar o poema questionando “você marcha, José! / José, para onde?”.
c) Incorreto. As repetições enfatizam a falta de solução para o problema existencial apresentado.
d) Incorreto. José não responde às colocações do sujeito-lírico, portanto não há como saber se José
sabe aonde vai.
e) Incorreto. O sujeito-lírico não se apresenta indignado, mas também desconhecedor da resolução dos
impasses apresentados.

7. B
Ao afirmar que “Camões e outros iguais não bastaram para nos dar uma herança de língua já feita”, a
autora confere à língua portuguesa um estatuto patrimonial, ou seja, considera-a parte integrante do
conjunto dos bens materiais e imateriais que constituem herança coletiva e são transmitidos de geração

4
Português

a geração. Ao mesmo tempo, afirma que esse legado seria insuficiente não fosse a renovação constante
a que está sujeito pelos usuários da língua.

8. A
No poema O mundo revivido, o eu lírico relembra paisagens, espaços e familiares a que se sente ligado
afetivamente, descrevendo-as subjetivamente.

5
Química

Diagrama de fases

Teoria

Diagrama de fases
Os gráficos de aquecimento/resfriamento consideram apenas o fator temperatura nas mudanças de estado
físico. Uma ferramenta para estudar as mudanças de fase envolvendo temperatura e pressão é o chamado
diagrama de fases.

Cada ponto no diagrama corresponde a uma combinação de temperatura (eixo horizontal) e pressão (eixo
vertical). Este gráfico é composto de regiões em que a matéria se encontra sólida, líquida ou gasosa, e nas
linhas que dividem as regiões ocorre o equilíbrio entre as fases vizinhas:
• Curva de fusão;
• Curva de ebulição;
• Curva de sublimação.

No encontro entre as três curvas está o ponto triplo, a única condição de temperatura e pressão em que existe
equilíbrio entre as três fases.
Um outro ponto de interesse neste gráfico é o chamado ponto crítico, que encerra a curva de ebulição e
permite distinguir entre gás e vapor:

1
Química

Vapor é a substância na fase gasosa a uma temperatura igual ou inferior à temperatura crítica. O vapor pode
ser condensado, ou transformado em sólido apenas por aumento de pressão (movendo o ponto para cima no
diagrama).

Gás é a substância na fase gasosa a uma temperatura superior à temperatura crítica. Gases não podem ser
condensados apenas por aumento de pressão.

Substâncias anômalas
A mudança de fase do estado líquido para o sólido normalmente é acompanhada de diminuição no volume
da substância, devido à diminuição do espaço entre as partículas. Algumas substâncias apresentam, em vez
disso, um pequeno aumento de volume durante a solidificação. Isto ocorre porque a estrutura cristalina que
suas moléculas adotam mantém as moléculas relativamente afastadas e contém bastante espaço vazio.

A água é um exemplo de substância que se comporta desta forma e este comportamento tem influência no
seu diagrama de fases, especificamente na sua curva de fusão. Normalmente, um aumento na pressão
deveria aumentar o ponto de fusão de uma substância. Para a água e outras substâncias com esta anomalia,
a temperatura de fusão diminui com o aumento da pressão, como se pode observar no diagrama:

2
Química

Exercícios de vestibulares

1. (UFG, 2007) As diferentes condições ambientais de temperatura e pressão de duas cidades, A e B,


influenciam nas propriedades físicas da água.Essas cidades estão situadas ao nível do mar e a 2400
m de altitude, respectivamente. Sabe-se, também, que a cada aumento de 12 m na altitude há uma
mudança média de 1 mmHg na pressão atmosférica. Sendo a temperatura em A de -5 °C e em B de -
35 °C, responda:

a) Em qual das duas cidades é mais fácil liquefazer a água por compressão? Justifique.
b) Quais são as mudanças esperadas nos pontos de fusão e ebulição da água na cidade B com
relação a A.

2. (Unifimes – Medicina, 2016) Analise o diagrama de fases registrado para uma substância obtida de um
determinado extrato vegetal e as figuras de I a IV, que representam diferentes comportamentos das
moléculas dessa substância.

a) Qual o estado físico da substância nas condições de pressão e temperatura indicadas no diagrama
pelos números 1, 2 e 3, respectivamente?
b) Qual das figuras (I a IV) representa a substância em processo de fusão? Justifique sua escolha.

3
Química

3. (UFBA) Sobre o diagrama de fases do CO2, apresentado a seguir, assinale o que for correto:

(01) à pressão de 8 atm e -40°C de temperatura, o CO2 é um líqudio.


(02) no ponto A, há um equilíbrio sólido-líquido.
(04) à pressão de 1 atm e 25°C de temperatura o CO2 sólido se sublima.
(08) o ponto B pode ser chamado ponto de ebulição.
(16) o ponto C representa um sistema monofásico.

4. (UFG, 2008) Quando a água solidifica, a uma pressão constante e igual a 1,0 atm, sua densidade
diminui. Já com o dióxido de carbono verifica-se que, a 73 atm a solidificação resulta num sólido de
densidade maior que o líquido original.
Considerando essas informações,
a) esboce o diagrama de fases do dióxido de carbono, indicando o ponto triplo (217K e 5atm) e as
constantes críticas (304K 74 atm)
b) Explique as diferenças entre as densidades desses materiais durante o processo de solidificação.

4
Química

5. (IME, 2018) Considere o diagrama de fases simples para o benzeno, em que PC é o ponto crítico e PT
o ponto triplo.

Os pontos de fusão e de ebulição do benzeno a 1,0 atm são iguais a 5,53°C e 80,1°C respectivamente.
Considere ainda, o ponto P(5,50°C, 55 atm) como ponto de partida das transformações sequenciais
discriminadas abaixo:
1. Inicialmente, elevação da temperatura até 300°C em um processo isobárico;
2. Redução da pressão até 38 atm em um processo isotérmico;
3. Redução da temperatura até 5,50°C em um processo isobárico;
4. Finalmente, redução da pressão até 0,02 atm em um processo isotérmico.

Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta das mudanças de fase observadas ao longo do
processo descrito.
a) Fusão, condensação, ebulição e evaporação.
b) Fusão, condensação, solidificação e sublimação.
c) Vaporização, condensação, fusão e sublimação.
d) Solidificação, ebulição, liquefação, condensação e sublimação.
e) Fusão, ebulição, condensação, solidificação e evaporação.

6. (ITA, 2016) No diagrama de fases da água pura, o ponto triplo ocorre à temperatura absoluta de 273,16
K e à pressão de 0,006037. A temperatura de ebulição da água à pressão de 1atm é 373,3K A
temperatura crítica da água pura é de 674,096K e sua pressão crítica é de 217,7 atm.
a) Esboce o diagrama de fases da água pura e indique neste diagrama o ponto triplo, o ponto de
ebulição a 1atm e o ponto crítico. No mesmo diagrama, usando linhas tracejadas, desenhe as
curvas de equilíbrio sólido-líquido e líquido-gás quando se dissolve na água pura um soluto não
volátil e não solúvel na fase sólida.
b) Esboce o diagrama de fases de uma substância que sublime à pressão ambiente, cuja temperatura
crítica seja 216,6 K e cuja fase sólida seja mais densa do que a fase líquida.

5
Química

7. (Unesp, 2013) Entre 6 e 23 de fevereiro aconteceram os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014. Dentre
as diversas modalidades esportivas, o curling é um jogo disputado entre duas equipes sobre uma pista
de gelo, seu objetivo consiste em fazer com que uma pedra de granito em forma de disco fique o mais
próximo de um alvo circular. Vassouras são utilizadas pelas equipes para varrer a superfície do gelo na
frente da pedra, de modo a influenciar tanto sua direção como sua velocidade. A intensidade da fricção
e a pressão aplicada pelos atletas durante o processo de varredura podem fazer com que a velocidade
da pedra mude em até 20% devido à formação de uma película de água líquida entre a pedra e a pista.
O gráfico apresenta o diagrama de fases da água.

Com base nas informações constantes no texto e no gráfico, a seta que representa corretamente a
transformação promovida pela varredura é a de número
a) 3.
b) 2.
c) 4.
d) 1.
e) 5.

6
Química

8. (UFG, 2010) Alimentos desidratados apresentam maior durabilidade e mantêm a maioria das
propriedades nutritivas. Observe o diagrama de fases da água, abaixo, sabendo-se que as setas
verticais indicam processos isotérmicos e as horizontais, processos isobáricos.

Com base no gráfico, o processo de remoção de água do alimento consiste na sequência das etapas:
a) 2e7
b) 9e6
c) 5 e 10
d) 8e1
e) 3e4

7
Química

Gabarito

1. a) Na cidade A. De acordo com o diagrama de fases, a pressão a ser exercida na água para que ocorra a
liquefação é menor.

b) Como B está a aproximadamente 2400 m de altitude, a pressão atmosférica é menor.


Consequentemente, a temperatura de fusão da água será maior que em A, e a temperatura de ebulição
será menor que em A.

2. a) A partir da análise do diagrama do ponto triplo vem:

b) A figura II representa a substância em processo de fusão (mudança do estado sólido para o líquido),
pois com a elevação da temperatura as ligações entre as partículas (moléculas, íons) no estado sólido
começam a se desfazerem e estas partículas passam a se movimentar livremente.

3. 01 + 04 = 05
(01) À pressão de 8 atm e -40°C de temperatura, o CO2 é um líquido.
(02) no ponto A, há um equilíbrio sólido-vapor.
(04) à pressão de 1 atm e 25°C de temperatura o CO2 sólido se sublima.
(08) o ponto B pode ser chamado ponto de fusão.
(16) o ponto C representa um sistema trifásico.

4. a) Esboço do diagrama, com indicação do ponto triplo e das constantes críticas:

8
Química

b) As moléculas do dióxido de carbono são lineares, enquanto as da água têm geometria angular. Além
disso, na água, há formação de ligações de hidrogênio. Assim, no processo de solidificação, as moléculas
de dióxido de carbono se estruturam num arranjo cujo volume final do sólido é menor que o do líquido.
Em contrapartida, as moléculas de água se estruturam num arranjo cujo volume final do sólido é maior
que no líquido.

5. B

A para B: S→ L; fusão
B para C: fluído supercrítico → G
C para D: G→ L→ S; condensação e solidificação
D para E: S → G; sublimação

6. a) Diagrama de fases da água pura com a indicação do ponto triplo (PT), do ponto de ebulição a 1atm
(PE) e do ponto crítico (PC). As curvas de equilíbrio sólido-líquido e líquido-gás quando se dissolve na
água pura um soluto não volátil e não solúvel na fase sólida indicadas por tracejado:

b) Diagrama de fases de uma substância que sublime à pressão ambiente, cuja temperatura crítica seja
216,6K e cuja fase sólida seja mais densa do que a fase líquida, neste caso a curva referente à fusão
posiciona-se mais à direita.

9
Química

7. D
Como citado no texto, no processo de varredura ocorre um aumento na velocidade da pedra devido à
formação de uma película de água líquida entre a pedra e a pista. Esse processo ocorre porque houve a
fusão da água, ou seja, a mudança de estado físico de sólido para líquido. Mudança essa ilustrada pela
seta 1 do gráfico.

8. A
Solidificação da água: seta 2 (processo isobárico).
Solidificação da água: Seta 7 (processo isotérmico).

10
Redação

Análise direcionada da proposta: “O valor da educação nas


transformações sociais do Brasil”

Teoria

Neste material, veremos um tema muito relevante para os vestibulares: o valor da educação nas
transformações sociais do Brasil. Analise os textos de apoio, organize suas ideias, escreva uma redação
sobre o tema e leia uma redação exemplar.

Textos de apoio

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema “O valor da educação nas transformações sociais do Brasil”, apresentando proposta de
intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa,
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO 1

O cão e a árvore também são inacabados, mas o homem se sabe inacabado e por isso se educa. Não
haveria educação se o homem fosse um ser acabado. O homem pergunta-se: quem sou? de onde venho?
onde posso estar? O homem pode refletir sobre si mesmo e colocar-se num determinado momento, numa
certa realidade: é um ser na busca constante de ser mais e, como pode fazer esta autorreflexão, pode
descobrir-se como um ser inacabado, que está em constante busca. Eis aqui a raiz da educação. A educação
é uma resposta da finitude da infinitude.
A educação é possível para o homem, porque este é inacabado e sabe-se inacabado. Isto leva-o à sua
perfeição. A educação, portanto, implica uma busca realizada por um sujeito que é o homem. O homem deve
ser o sujeito de sua própria educação. Não pode ser o objeto dela. Por isso, ninguém educa ninguém. Sem
dúvida, ninguém pode buscar na exclusividade, individualmente. Esta busca solitária poderia traduzir-se em
um ter mais, que é uma forma de ser menos. Essa busca deve ser feita com outros seres que também
procuram ser mais e em comunhão com outras “consciências”. Jaspers disse: “Eu sou na medida em que os
outros também são”.
Freire, P. Educação e mudança. 12. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, p.14 (adaptado).

1
Redação

TEXTO 2

A presidente Dilma Rousseff divulgou, em seu discurso de posse, o novo lema de seu governo: “Brasil,
Pátria Educadora”. Ela explicou que a educação será a “prioridade das prioridades” no segundo mandato que
começa nesta quinta-feira, 1º. “Só a educação liberta um povo e abre as portas de um futuro próspero”,
afirmou.
Ela anunciou que a área de educação começará a receber volumes mais expressivos de recursos e que
o governo continuará expandindo o acesso a creches e pré-escolas, uma promessa de campanha e também
do primeiro mandato.
Sobre o ensino técnico, Dilma afirmou que vai dar especial atenção ao Pronatec Jovem Aprendiz. Dilma
anuncia o novo lema: Brasil, Pátria Educadora.
Disponível em: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/dilma-anuncia-o-novo-lema-brasil-patria-educadora. Acesso em 5 janeiro 2015
(trecho).

TEXTO 3
A história da sociedade é marcada, ao longo do seu desenvolvimento, pela busca da efetivação da
educação para uma sociedade harmônica. E, apesar das transformações sociais e da escola, sabemos que
muito ainda temos a conquistar. De certa forma, o ensino tradicional ainda prevalece na maioria das escolas,
busca-se uma educação para a vida democrática onde o homem seja capaz de criar e transformar o seu
mundo em prol da humanidade.
Em um mundo de constantes mudanças, nem os conhecimentos acumulados, nem a conduta “correta”
são tão importantes quanto a capacidade crescente do estudante de identificar os problemas existenciais e
de pesquisar soluções originais e criativas. Tomando a educação como condição necessária para mudança
social, deve ser construída para o processo de democratização das relações de poder na sociedade, como
também pode comportar, ao mesmo tempo, conservação e inovação, podendo funcionar como instrumento
para mudanças.
A escola deve servir como instrumento de conscientização do cidadão, extrapolando, assim, sua função
de mera transmissora de conhecimento e lançando-se numa ação social diretamente relacionada à formação
do senso crítico, direcionada para a intervenção e mudança da realidade social. A educação tem uma função
de mudança social.
Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/a-educacao-tem-uma-funcao-de-mudanca-social/81431/. Acesso em 5 jan 2015
(adaptado)

2
Redação

Redação exemplar

Nos anos 60, o educador Paulo Freire criou um sistema de alfabetização direcionado ao público adulto
para combater as altíssimas taxas de analfabetismo no Nordeste brasileiro. Tal ação contribuiu para que os
cidadãos aprendessem a relação entre a palavra e o seu significado em um determinado contexto e, assim,
refletissem sobre o seu uso linguístico. Neste sentido, nota-se que a educação é uma forte ferramenta de
transformação social, mas seu valor não tem sido reconhecido na contemporaneidade.
É sabido, em primeiro lugar, que a escola é um importante espaço de interação. Isso significa que os
conhecimentos transmitidos em sala de aula ultrapassam os conteúdos disciplinares; os debates em classe,
intermediados pelo professor, podem estimular o estudante a refletir sobre a sua atuação na sociedade. Por
conseguinte, se temas como “o culto ao corpo” forem discutidos em classe a fim de desnaturalizar padrões
de beleza, por exemplo, a escola também cumprirá com a função de combater estereótipos e incitar o senso
crítico dos alunos. Porém, a profissão docente é desvalorizada, desmotivando os educadores a elaborarem
novos métodos de ensino.
Além disso, os cortes públicos na educação prejudicam o poder transformador dessas instituições. Em
2016, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241 propôs o congelamento de gastos na área educacional
por vinte anos, sendo que escolas e universidades públicas sofrem, há décadas, com a falta de verbas e o
sucateamento estrutural. Essas restrições afetam não só a qualidade e o alcance ao ensino, como também,
atingem diretamente as camadas mais pobres, pois os investimentos são uma das principais engrenagens
para diminuir a desigualdade social brasileira. Nesta perspectiva, vê-se a urgência de alteração do cenário
vigente.
Faz-se preciso, portanto, a valorização do ensino a fim de promover mudanças sociais. Para isso, o
governo deve investir no reconhecimento dos professores, através do aumento do seu salário, e, junto ao
Ministério de Educação, oferecer novos cursos a fim de ampliar sua qualificação profissional. Ademais, é
imprescindível a participação popular para cobrar uma atuação mais democrática das reformas
sociopolíticas, visto que os investimentos na educação são necessários para oferecer um ensino de
qualidade, direito assegurado pela Constituição de 1988. Assim, a educação potencializará os indivíduos a
exercerem a sua cidadania e prezar pelo bem-estar social.

3
Redação

Como ser um bom leitor/escritor?

Teoria

A importância do ato de ler


A leitura é a etapa mais importante para se tornar tanto um bom leitor quanto um bom escritor. Você sabe
por quê? Em 1981, Paulo Freire, educador e pedagogo brasileiro, publicou um artigo intitulado “A importância
do ato de ler”. Ele nos conta que o processo de escrever um texto depende do autor de cada texto e a sua
compreensão crítica sobre diversas leituras, pois só a partir delas é possível expressar um ponto de vista
construído por meio de interpretações.
Devido à importância da leitura e da reflexão crítica, a Fuvest, no ano de 2019, pediu que o candidato
elaborasse uma dissertação argumentativa sobre um problema que faz parte do nosso cotidiano: “o papel da
ciência no mundo contemporâneo”. A relação desse tema com a leitura é que a banca esperava que o autor
do texto fizesse uma leitura atenta dos textos de apoio e, a partir deles, refletisse sobre a temática de modo
que esta auxiliasse a argumentação. Vamos ver essa coletânea?

TEXTO I

TEXTO II
Somente numa sociedade onde exista um clima cultural, em que o impulso à curiosidade e o amor à
descoberta sejam compreendidos e cultivados, pode a ciência florescer. Somente quando a ciência se torna
profundamente enraizada como um elemento cultural da sociedade é que pode ser mantida e desenvolvida
uma tecnologia progressista e inovadora, tornando-se, então, possível uma associação íntima e vital entre
ciência e tecnologia. Essa associação é uma característica da nossa época e certamente essencial para a
manutenção de uma civilização com os níveis presentes de população e qualidade de vida.
Oscar Sala, O papel da ciência na sociedade. 1974. Disponível em http://www.revistas.usp.br/revhistoria. Adaptado.

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Redação

TEXTO III Balançando o corpo da flor


Quanta do latim Levando o veleiro pro mar
Plural de quantum Vento de calor
Quando quase não há De pensamento em chamas
Quantidade que se medir Inspiração
Qualidade que se expressar Arte de criar o saber
Fragmento infinitésimo Arte, descoberta, invenção
Quase que apenas mental Teoria em grego quer dizer
Quantum granulado no mel O ser em contemplação
Quantum ondulado no sal Sei que a arte é irmã da ciência
Mel de urânio, sal de rádio Ambas filhas de um Deus fugaz
Qualquer coisa quase ideal Que faz num momento
Cântico dos cânticos E no mesmo momento desfaz
Quântico dos quânticos Esse vago Deus por trás do mundo
Canto de louvor Por detrás do detrás
De amor ao vento Cântico dos cânticos Quântico dos quânticos
Vento arte do ar Gilberto Gil, Quanta. 1997.

TEXTO IV
Nós criamos uma civilização global em que os elementos mais cruciais – o transporte, as comunicações e
todas as outras indústrias, a agricultura, a medicina, a educação, o entretenimento, a proteção ao meio
ambiente e até a importante instituição democrática do voto – dependem profundamente da ciência e da
tecnologia. Também criamos uma ordem em que quase ninguém compreende a ciência e a tecnologia. É uma
receita para o desastre. Podemos escapar ilesos por algum tempo, porém mais cedo ou mais tarde essa
mistura inflamável de ignorância e poder vai explodir na nossa cara.
Carl Sagan, 1996.

TEXTO V
Algo muito estranho está acontecendo no mundo atual. Vivemos melhor que qualquer outra geração anterior.
Pessoas são saudáveis graças às ciências da saúde. Moram em residências robustas, produto da engenharia.
Usam eletricidade, domada pelo homem devido ao seu conhecimento de química e física. Paradoxalmente,
essas mesmas pessoas ligam seus computadores, tablets e celulares para adquirir e disseminar informações
que rejeitam a mesma ciência que é tão presente em suas vidas. Vivemos num mundo em que pessoas usam
a ciência para negar a ciência.
Alicia Kowaltowski, Usando a ciência para negar a ciência. 2019. Disponível em https://www.nexojornal.com.br/. Adaptado

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Redação

Essa temática foi de extrema importância para promover a reflexão dos alunos que realizaram a prova. Ao
longo dos textos de apoio, é possível perceber uma vasta multiplicidade de autores em diversas áreas da
atuação, que mostram não só a ampliação do termo “ciência” – que sobressai as ciências humanas, como
também garante ao leitor mais de uma vertente para guiar a produção textual.

Como se tornar um bom escritor?


Agora que já entendemos a importância da leitura para a escrita, a primeira dica é: Leia muito! Esteja sempre
atento às reportagens de jornais, de revistas e aos documentários. Mesmo que o tema não seja diretamente
relacionado a algo que você tenha lido, essas leituras contribuirão para a construção do seu repertório
sociocultural, também conhecido como conhecimento de mundo, que vai auxiliar na argumentação do seu
ponto de vista.
Vimos com a prova da Fuvest que precisamos ser leitores críticos, sobretudo analisar mais de um texto, não
é mesmo? Então não só leia com frequência, mas também compare fontes. Leia diferentes jornais e veja
como uma mesma notícia pode ser veiculada de diferentes formas. Esse treinamento vai servir para que você
pratique a leitura crítica e fique atento ao emprego de palavras, de expressões, entre outros recursos.
Vale ressaltar, ainda, que a escrita nunca é perfeita desde o primeiro texto, para isso é importante que pratique
a reescritura do seu texto. Mesmo que você já tenha um domínio da escrita e da estrutura de redação, busque
sempre melhorar. Escreva, entenda seus erros e reescreva sua redação, só assim você poderá entender quais
pontos precisam de atenção e melhorá-los antes de partir para o próximo treinamento.

Leitura Escrita + Reescrita Nota 1000

Como a leitura pode se tornar um hábito?


O dicionário Michaelis apresenta como significado para a palavra “hábito” as seguintes frases:
1. Inclinação por alguma ação, ou disposição de agir constantemente de certo modo, adquirida pela
frequente repetição de um ato.
2. Forma habitual de ser ou de agir.
3. Procedimento repetido que conduz a uma prática.

Logo, só se pode ter o hábito de ler se esse ato tiver uma repetição frequente. Utilize seu tempo de descanso
para ler informações na internet, em jornais ou revistas e aproveite os primeiros meses do ano para adquirir
repertório para escrever redações, para quando chegarmos nas provas, podermos falar sobre qualquer
assunto. Para isso, separamos algumas dicas para você iniciar suas práticas nessa modalidade, assim como
também mantê-las ao longo do ano:
Pratique com constância – é imprescindível que a leitura faça parte da sua rotina, mesmo que seja alguns
minutos do seu dia; para garantir o hábito, é necessário praticar;

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Redação

● Amplie seus horizontes – sair da zona de conforto na hora da leitura é essencial para garantir um maior
repertório. Caso o vestibular de interesse não possua leitura obrigatória, opte por livros de indicações de
amigos, colegas, professores, etc;
● Prepare sua leitura – conhecer o contexto externo do livro é compreender melhor sobre as temáticas
abordadas; assim, opte em saber o que acontecera na época datada no livro, notas sobre o autor,
curiosidades, etc;
● Não tenha medo do vocabulário – livros mais antigos podem possuir empecilhos sobre a divergência
vocabular, mas não se assuste! Caso sinta necessidade, procure estar perto de um dicionário ou de sites
de buscas para auxiliar a leitura;
● Evite frustrações iniciais – começar com uma leitura mais fácil e menos complexa em enredo, linguagem
e forma pode ser uma ótima forma de dar o primeiro passo para a criação do hábito da leitura;
● Dialogue sobre o livro – converse com colegas, familiares, professores e amigos sobre a obra que está
lendo, explique sobre o contexto, faça-os também querer ler; isso trará maior vivacidade para o seu
projeto.

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Redação

Exercícios

(UNICAMP – 2020) Leia o texto abaixo e responda às questões 1 e 2:

O dicionarista e historiador Nei Lopes, autor do Dicionário banto do Brasil, afirmou, em entrevista à Revista
Fapesp: Resolvi elaborar um dicionário para identificar os vocábulos da língua portuguesa com origem no
universo dos povos bantos, denominação que engloba centenas de línguas e dialetos africanos. Palavras
como babá, baia, banda, caçapa, cachimbo, dengo, farofa, fofoca e minhoca, por exemplo, têm origem
provável ou com - provada em línguas bantas e o quimbundo pode ter sido o idioma que mais contribuiu à
formação de nosso vocabulário. Ao constatar tal quantidade de palavras originárias de idiomas bantos que
circulam pelo país, quis comprovar a importância dessas culturas para o contexto nacional. Assim, escrever
dicionários, para mim, também é uma tarefa política. Percebi que dicionários funcionam como um meio
didático eficaz para disseminar conhecimento. Os currículos costumam começar a abordagem sobre a África
a partir da escravidão, partindo do princípio de que os nossos ancestrais foram todos escravos. Nos
ensinamentos sobre o assunto, é preciso descolonizar o pensamento brasileiro, deixando evidente como os
grandes centros europeus espoliaram o continente e que, hoje, a realidade africana é fruto dessas ações.
Adaptado de Nei Lopes, O dicionário heterodoxo. Entrevista concedida a Cristina Queiroz. Revista Fapesp. Edição 275, jan. 2019.

1. Explique, com base em dois argumentos presentes no texto, por que, para o autor escrever dicionários
é uma tarefa política.

2. Que crítica o autor faz aos currículos escolares e que abordagem propõe para o assunto?

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Redação

3.

Disponível em: https://www.seuguara.com.br/2013/03/intolerancia-chargedo-duke-270313.html

Após analisar a tirinha de Duke, assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas.
( ) A excessiva repetição da palavra “tolerar” e seus cognatos tem como efeito de sentido realçar o
sentimento provocado por essas mesmas palavras.
( ) A intolerância é um comportamento comum, aceitável e praticado, em todas as esferas da
sociedade, por todos os cidadãos, tendo sua origem nas redes sociais.
( ) As três personagens são intolerantes, entretanto a segunda personagem que está embaixo da janela
é a mais intolerante delas.
( ) A fala e as atitudes das três personagens são incoerentes, pois, ao mesmo tempo em que criticam
a intolerância entre as pessoas, elas a praticam no seu cotidiano.
( ) Muitos comportamentos sociais são assimilados em função das circunstâncias, haja vista a
segunda e a última fala da segunda personagem que está embaixo da janela.
( ) A primeira e a última falas da primeira personagem que está embaixo da janela demonstram
conformidade entre seu pensamento e sua atitude.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.


a) F, V, V, F, V, F
b) V, F, V, V, F, F
c) V, F, F, F, V, V
d) F, V, F, V, F, V

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4. (UNICAMP – 2020) Haiti


(...)
E quando ouvir o silêncio sorridente de Sâo Paulo
Diante da chacina
111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos
(...)
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui
(Caetano Veloso e Gilberto Gil, Tropicália 2, 1993).

Explicite as duas visões dos compositores ao dizerem: “O Haiti é aqui” / “O Haiti não é aqui”.

5. Poesia, minha tia, ilumine as certezas dos homens e os tons de minhas palavras. É que arrisco a prosa
mesmo com balas atravessando os fonemas. É o verbo, aquele que é maior que o seu tamanho, que
diz, faz e acontece. Aqui ele cambaleia baleado. Dito por bocas sem dentes e olhares cariados, nos
conchavos de becos, nas decisões de morte. A areia move-se no fundo dos mares. A ausência de sol
escurece mesmo as matas. O líquido-morango do sorvete mela as mãos. A palavra nasce no
pensamento, desprende-se dos lábios adquirindo alma nos ouvidos, e às vezes essa magia sonora não
salta à boca porque é engolida a seco. Massacrada no estômago com arroz e feijão a quase palavra é
defecada ao invés de falada.
Falha a fala. Fala a bala.
Paulo Lins. Fragmento de Cidade de Deus. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

Esse fragmento de texto ressalta a importância da literatura como forma de


a) manifestação de grupos marginalizados.
b) documentação da desigualdade social.
c) descrição da violência cotidiana.
d) validação da cultura dominante

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Redação

6. (Enem– 2021) Reaprender a ler notícias


Não dá mais para ler um jornal, revista ou assistir a um telejornal da mesma forma que fazíamos até o
surgimento da rede mundial de computadores. O Observatório da Imprensa antecipou isso lá nos idos
de 1996 quando cunhou o slogan “Você nunca mais vai ler o jornal do mesmo jeito”. De fato, hoje já não
basta mais ler o que está escrito ou falado para estar bem informado. É preciso conhecer as entrelinhas
e saber que não há objetividade e nem isenção absolutas, porque cada ser humano vê o mundo de uma
forma diferente. Ter um pé atrás passou a ser regra básica número um de quem passa os olhos por
uma primeira página, capa de revista ou chamadas de um noticiário na TV.
Há uma diferença importante entre desconfiar de tudo e procurar ver o maior número possível de lados
de um mesmo fato, dado ou evento. Apenas desconfiar não resolve porque se trata de uma atitude
passiva. É claro, tudo começa com a dúvida, mas a partir dela é necessário ser proativo, ou seja,
investigar, estudar, procurar os elementos ocultos que sempre existem numa notícia. No começo é um
esforço solitário que pode se tornar coletivo à medida que mais pessoas descobrem sua
vulnerabilidade informativa.
Disponível em: www.observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 30 set. 2015 (adaptado).
No texto, os argumentos apresentados permitem inferir que o objetivo do autor é convencer os leitores
a
a) buscarem fontes de informação comprometidas com a verdade.
b) privilegiarem notícias veiculadas em jornais de grande circulação.
c) adotarem uma postura crítica em relação às informações recebidas.
d) questionarem a prática jornalística anterior ao surgimento da internet.
e) valorizarem reportagens redigidas com imparcialidade diante dos fatos.

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Redação

7. (UERJ – 2014) O trecho que explicita o contato do leitor com perspectivas distintas é:
a) A vida, também no plano individual, é mais intensa na busca. (l. 6-7)
b) Os livros propiciam ao leitor um ponto de vista privilegiado, de onde observa conflitos de
interesses. (l. 17-18)
c) Tendem a ganhar forma, então, princípios de “honestidade”, “honra”, “justiça” e “generosidade”. (l.
19-20)
d) construiríamos uma sociedade menos injusta, se educássemos melhor os nossos espíritos; (l. 22-
23)

8. (UERJ – 2014) Os três benefícios fundamentais da leitura apresentados no texto são listados numa
determinada ordem.

Essa ordem mostra uma organização na seguinte direção:


a) racional para emocional
b) abstrato para concreto
c) factual para ficcional
d) individual para social

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Redação

Gabaritos

1. Segundo o autor, a grande quantidade de palavras originárias de idionas bantos que circulam no país
comprova a importância dessas culturas no contexto nacional o que, associado à necessidade de
disseminação de conhecimento, transforma a elaboração de dicionários dessas línguas em uma tarefa
política: “escrever dicionários, para mim, também é uma tarefa política”, “dicionários funcionam como
um meio didático eficaz para disseminar conhecimento”.

2. Nei Lopes critica o fato de os currículos abordarem o continente africano a partir da escravidão,
ignorando o fato de que foram os grandes centros europeus que espoliaram o continente e que, hoje, a
realidade africana é fruto dessas ações. Desta forma, defende que o ensino da história da África nas
escolas brasileiras seja baseado na ancestralidade do continente e não no tráfico atlântico e na
escravidão.

3. C
As alternativas são falsas, pois não há nenhuma menção à origem da intolerância na tirinha. Além disso,
o contexto em que se dá a discussão não é de rede social, e sim de uma conversa entre duas pessoas
frente a frente na rua; no início da tirinha, a segunda personagem se mostra mais tolerante do que as
outras. Somente no último quadrinho é que ela se revela, também, intolerante; a personagem que aparece
na janela não participa da discussão e não se posiciona como intolerante ou tolerante. Ela apenas
apresenta uma postura intolerante.

4. O verso “O Haiti é aqui” faz referência à pobreza do país ao associá-la a um país vitimado pela guerra e
pela fome, enquanto em “O Haiti não é aqui” denuncia o fato de um país como o Brasil, com uma
economia relevante no plano mundial, conviver com tão profundas desigualdades sociais.

5. A
O trecho “Aqui ele cambaleia baleado. Dito por bocas sem dentes e olhares cariados, nos conchavos de
becos, nas decisões de morte” nos insere em uma realidade marginalizada, ao mesmo tempo em que o
texto trata da literatura, nas formas de poesia e prosa. Assim, vemos a importância da literatura como
forma de manifestação de grupos marginalizados.

6. C
O autor afirma ser necessário aos leitores que tenham autonomia para questionarem as informações
que recebem e sinaliza a necessidade da checagem de informações de forma ativa (“Apenas duvidar não
resolve porque se trata de uma atitude passiva”). Assim, os leitores devem assumir postura crítica em
relação às informações recebidas.

7. B
Ao afirmar que “Os livros propiciam ao leitor um ponto de vista privilegiado, de onde observa conflito de
interesses”, o narrador apresenta o contato do leitor com perspectivas distintas, ou seja, o leitor passa a
ter acesso a pontos de vista conflitantes, distintos.

8. D
No texto, os três benefícios da leitura são a felicidade através do autoconhecimento, ser melhores
amantes e cidadãos, ultrapassando as fronteiras sociais. A direção dessa ordem indica uma trajetória
que parte do individual (autoconhecimento) para o social (cidadãos melhores).

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