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Graça Salomé

maunda5@yahoo.com

1
Objectivos educacionais
 Mencionar a importância da água para os seres humanos.
 Mencionar as características gerais da água e suas principais
propriedades.
 Explicar as regras que ditam a interacção da água com
moléculas polares, apolares e anfipáticas.
 Listar as funções biológicas da água.
 Mencionar os diferentes compartimentos por onde se distribui a
água corporal no organismo humano.
 Listar as forças que determinam a distribuição e redistribuição da
água nos diversos compartimentos
 Calcular a quantidade de água corporal total e dos diferentes
compartimentos por onde se distribui no organismo humano, e a
quantidade de água que um indivíduo necessita por dia.
 Mencionar as quantidades de água perdidas por dia e os locais
de perda. 2
Água – importância biomédica

 Permite que diversos  A falta ou o excesso


componentes exerçam de água no organismo
as suas funções causa anomalia no
funcionamento 3
ÁGUA, O SOLVENTE DA VIDA
Características gerais

• Componente mais abundante no corpo humano

• Contacto íntimo com todos os outros componentes dos


sistemas vivos.

• Todas as reacções bioquímicas ocorrem em ambiente


aquoso.

• Participa na determinação das estruturas superiores das


macromoléculas, que são essenciais para a formação de
agregados supramoleculares. 4
ÁGUA, O SOLVENTE DA VIDA
Características gerais (cont.)

• Interacções com a água são importantes para as


propriedades das biomoléculas.

• As propriedades biologicamente mais importantes são a


adesividade, coesividade e polaridade.

5
Água – composição e propriedades
Composição: Hidrogénio e Oxigénio covalentemente
unidos.

• Polar

• Molécula neutra.

6
Água – interacção com outras moléculas

Moléculas de água tem capacidade de formar pontes de


Hidrogénio, que são responsáveis pelas propriedades
físicas da água.

• Estas interacções permitem que ela dissolva muitos


compostos

• Maior parte da água na natureza não é pura

•Água pura no laboratório (purificação)

7
Água – interacções com moléculas polares
1. Interage com as moléculas polares neutras por meio de
pontes de hidrogénio

8
Água - interacções com iões
Enfraquece as interacções electrostáticas entre os iões e
interage alternativamente com estes por meio de
interações ião-dipolo.

9
Água - interações com moléculas apolares

Devido à sua natureza, as moléculas de água repulsam


moléculas apolares.
A mistura de água e moléculas apolares ocorre a custa da
quebra das pontes de hidrogénio entre as moléculas de
água.

10
Água – interacções com moléculas apolares

11
Água - interacções com moléculas anfipáticas
As moléculas de água interagem com moléculas
anfipáticas através das porções polares destas.

12
Água - interações com moléculas anfipáticas
As porções apolares interagem entre elas por meio de
interacções hidrofóbicas minimizando o contacto com
água.

13
Água - interacções com moléculas anfipáticas

14
Água – interacções com moléculas anfipáticas
• Há muitas biomoléculas anfifáticas: diversas proteínas
(proteínas integrais de membrana, etc.), e muitos lípidos
(esteróides, fosfolípidos, etc).

15
Interacções entre moléculas de água
 As moléculas de água forma pontes de hidrogénio entre
elas.
• Vapor de água – menor número de pontes
• Água congelada – maior número de pontes

16
Água - Ionização
As moléculas de água dissociam-se fracamente
formando iões hidrónio e hidroxilo.

H2O + H2O H3O+ + OH-

Na água pura, pequena quantidade de moléculas


dissociam-se.

A concentração de iões hidrónio e hidroxilo na água


pura é igual a 10-7 M
[ H3O+] = [OH-] = 10-7 M
17
Água - Ionização
•A+ B C+D

Keq =
[C][D]
[A][B]

Ionização da água

• H2O H+ + OH-

Keq = [OH-] [H+]


[H2O]

18
Água - Ionização
Keq = [OH-].[H+]
55,5 M
(55,5 M). Keq= [OH-].[H+]=Kw
Kw produto iónico da àgua.

Keq = 1,8. 10-16 M  Kw= [OH-].[H+] =


(55,5 M).(1,8.10-16 M) = 1,0.10-14 M2

Kw= [OH-].[H+] = [H+]2  [H+] =  Kw = 1,0.10-14 M2


[OH-] = [H+] = 10-7

Kw= [OH-] [H+]  [H+] a de [OH-] e vice-versa.


19
Funções da água
1. Componente maioritário do Organismo
(solvente)
Água – distribuição corporal
 Os líquidos corporais distribuem-se em proporções
diferentes em dependência do local: Intracelular (LIC) e
Extracelular (LEC) (intersticial, intravascular, intra-articular,
peritoneal, etc.)

 Água total = 60% do peso corporal

 LIC = 40% do peso corporal (ou 2/3 da água total)


 LEC = 20% do peso corporal (ou 1/3 da água total)
 L.Intersticial = 15% do peso corporal (ou 1/4 da água total)
 L. intravascular = 5% do peso corporal (ou 1/12 da agua total)
22
Necessidades de água
Necessidades metabólicas
 Mil mililitros (1L) de água necessária para cada
1000 Cal na dieta
 Por idade
 Crianças: 1500 ml de água/dia

 Adulto: 2900 ml de líquido/dia

 Adulta: 2200 ml de líquido/dia


 Por peso
 40 ml por Kg por dia
Água – Fontes e excreção
 Fontes de água corporal
 Ingestão: água e alimentos = 2100 ml/dia
 Metabolismo = 200 - 400 ml/dia

 Excreção de água corporal


 Perdas sensíveis = 1600 ml/dia
 Urina, fezes
 Perdas insensíveis – 700 ml/dia
 Respiração Perda de água
 Transpiração aumenta com
Exercício, Diarreia,
Vômito e Febre
24
2. Agua serve de veículo de substâncias no
organismo

Transporte de nutrientes,
metabólitos para excreção,
Hormonas e gases
Água funciona como metabólito
(reagente ou produto de reacções do organismo)

E H2O

Reacção de condensação. Ex: formação do glicogenio

H2O

Reacção de hidrolise. Ex: digestão


Outras funções
 Participa da regulação da temperatura
corporal

 Participa no equilíbrio ácido/base

 Na excreção de substâncias
desnecessárias
A manutenção da constância do
meio é fundamental para a
sobrevivência das células,
e
o conhecimento dos mecanismos
bioquímicos que regem esta
manutenção é de extrema
importância.
28
Bibliografia
1. A. Lehninger - LEHNINGER: Principles of
Biochemistry. 4ª Edição – FREEMAN. 2005

2. L. Stryer - Biochemistry. 4ª Edição – FREEMAN.


1999

3. R. K. Murray; D.K.Granner; P.A.Mayes; V. W. Rodwell -


Harper’s Biochemistry - 23ª Edição – APPLETON &
LANGE. 1993

4. G. Meisenberg; W. Simmons – Principles of Medical


Biochemistry – Mosby. 1998

29
Electrólitos e equilíbrio
hidroelectrolíco

Graça Salomé
maunda5@yahoo.com

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Objectivos educacionais
1. Descrever a composição dos fluídos corporais nos
diferentes compartimentos.
2. Listar as forças que determinam a distribuição e
redistribuição da água entre os diversos compartimentos
líquidos.
3. Mencionar os órgãos que participam na manutenção dos
equilíbrios hídrico e eletrolítico
4. Descrever as respostas que ocorrem nos diferentes
compartimentos quando há alterações na composição
dos fluídos nesses compartimentos
5. Nomear os distúrbios do equilíbrio hidroelectrolítico

31
Composição dos líquidos corporais
 Composição do LIC  do LEC
 Separados pela membrana plasmatica que é
semi-permeável

 Concentração total dos solutos é constante e


similar em ambos.
 Os líquidos possuem moléculas e iões (solutos) dissolvidos ou
não em água (solvente)
 Os solutos dividem-se em dois grupos:

 Electrólitos – ao se dissociarem originam iões com carga 


ou . A solução onde se encontram tem capacidade de
conduzir corrente eléctrica.
 Não electrólitos – não originam iões nem por aquecimento.

32
Composição dos líquidos corporais
 Electrólitos no LEC

Fonte: Chatterjea & Shinde, 2012

Mais abundantes Proteínas plasmáticas não atravessam a


parede dos capilares sanguíneos 33
Composição dos líquidos corporais
 Electrólitos no LIC

Fonte: Chatterjea & Shinde, 2012

Mais abundantes
34
Equilíbrio hidroelectrolítico
 A água flui livremente entre os compartimentos
extracelular (vasos e interstício) e intracelular.
 Os solutos não fluem livremente entre estes
compartimentos devido a Barreira da
membrana plasmática
 A quantidade de água no organismo é mantida
constante apesar do constante fluxo desta entre
os diferentes compartimentos.
 Qualquer perturbação no equilíbrio
hidroelectrolítico resulta em osmose de modo a
reestabelecer a normalidade.
35
Equilíbrio hidroelectrolítico
 O que é que contribui para a distribuição da água
entre os diferentes compartimentos?

 Forças geradas pelos componentes dos fluídos:


 Pressão osmótica
 Pressão hidrostática

36
Forças controlam a distribuição da água
 Pressão osmótica é exercida pelas proteinas e
pelos eletrólitos (outros solutos contribuem
quando em concentrações muito altas).
 Osmose - ?

 Pressão osmotica – é a pressão que deve ser


exercida sobre a membrana semi-permeável na
direcção contrária a da osmose de modo a
evitar que esta ocorra.
 É igual a força exercida pelas partículas de soluto que geram a
osmose sobre uma membrana semi-permeável.
 É medida em mm Hg
 Depende da Osmolaridade (1mOsmole = 19,3 mmHg)
 Quanto maior a osmolaridade maior a pressão osmótica.
37
Forças controlam a distribuição da água
 Osmolaridade é a concentração de partículas de soluto por
litro de solvente.
Valor normal = 280 mOsm/L
 Medida em osmoles/L –
 1 osmole = 1 mole de partículas de soluto (número de
particulas osmoticamente activas)

 Pressão hidrostática – é a pressão que a


solução exerce sobre a membrana semi-
permeável
 Depende da quantidade de solução
 É medida em mm Hg

 Pressão coloidosmótica – é a presão osmótica


exercida pelas proteínas 38
Equilíbrio hídrico
 Relação entre entrada e saída de água.
 água que entra = ingerida + metabólica.
 A ingerida é absorvida no intestino (colon
principalmente).

 água que sai = urina (> parte) + fezes +


respiração + transpiração.
 Perda via RIM, intestino, pulmões e pele.

 Perda obrigatória de água  1600 ml

 Volume de urina depende da água ingerida.

39
Equilíbrio hídrico

Balanço hídrico
Entradas Saídas
Urina, Fezes,
Ingestão de Transpiracao e
Alimentos e Respiracao
Bebidas

40
Equilíbrio hídrico

Balanço hídrico positivo (intoxicação por água)

Entradas Saídas
Urina, Fezes,
Transpiracao e
Ingestão de Respiracao
Alimentos e
Bebidas

41
Equilíbrio hídrico
Balanço hídrico negativo (desidratação)
Entradas
Ingestão de
Alimentos e Saídas
Bebidas
Urina, Fezes,
Transpiracao e
Respiracao

42
Equilíbrio electrolítico
 Níveis de electrólitos são mantidos constants por:
 Acção do rim e do intestino

 Rim: filtra o sangue, reabsorve e secreta


electrólitos
 Excreta o desnecessário

Fonte: Chatterjea & Shinde, 2012 43


Equilibrio electrolitico
 Intestino: secreta e reabsorve electrolitos
 Recebe electrólitos ingerido e absorve-os
 Excreta o desnecessário

Fonte: Chatterjea & Shinde, 2012 44


Equilíbrio electrolítico

Balanço electrolítico
Entradas Saídas
URINA, FEZES,
Ingestão de Transpiração e
Alimentos e Respiração
Bebidas

45
Equilibrio electrolítico

Balanço electrolítico positivo (ex.: hipernatrémia)

Entradas Saídas
Urina, Fezes,
Transpiração e
Ingestão de Respiração
Alimentos e
Bebidas

46
Equilíbrio electrolítico
Balanço electrolítico negativo (ex: hiponatrémia)
Entradas
Ingestão de
Alimentos e Saídas
Bebidas
Urina, Fezes,
Transpiração e
Respiração

47
Sódio
 Principal electrólito extracelular
 Afecta a osmolaridade do LEC
 Influencia (com o cloro) a distribuição de água
entre os tecidos
 Auxilia na interacção entre nervos e células (activa
células nervosas e musculares)
 Auxilia na manutenção do equilíbrio ácido-base
 Necessidades: 1200 a 1500mg/dia
[~3 mmol/100 ml de água]
 Gama normal: 135 a 146 mmol/L
[excreção urinária: 40 a 220 mmol/dia]
Cálcio
 Um ião extracelular
 Estabiliza a membrana celular e reduz a sua
permeabilidade ao sódio
 Está envolvido na coagulação do sangue
 É activador de certas enzimas
 Participa na estrutura e função do osso e do
dente
 Transmite impulsos nervos
 Regula a contracção e o tónus muscular
 Necessidades: 1000 a 1200 mg/dia
 Gama normal: 8,5 to 10,5 mmol/L
Potássio
 Principal catião intracelular
 Regula a excitabilidade celular (nervosa e
cardiovascular)
 É cofactor de várias enzimas
 Controla a osmolaridade do LIC
 Necessidades: 4500 a 4700 mg/dia
[~2mmol/100 ml de água]
 Gama normal: 3,5 a 5 mmol/L
Magnésio
 Catião intracelular importante
 Está envolvido em numerosas reacções
enzimáticas, sobretudo no metabolismo de
proteínas
 Modula a transmissão de impulsos nervosos e a
resposta muscular
 Necessidades: 200 a 360 mg/dia
Cloro
 Principal anião extracelular
 Auxilia na manutenção da osmolaridade
extracelular
 Afecta o pH
 É um constituinte do ácido gástrico (absorção de
vitamina B12 e iões metálicos; digestão de
proteínas da dieta)
 Tem papel vital na regulação ácido-base
 Necessidades: 1800 a 2300 mg/dia
 Gama normal: 98 a 109 mmol/L
Fosfato

 Principal anião intracelular


 Promove o armazenamento de energia
 Participa no metabolismo de glícidos, lípidos e
proteínas
 Actua como tampão de hidrogeniões
 Necessidades: 700 a 1250 mg/dia
Bicarbonato
 Essencialmente um anião extracelular
 É produzido pelos eritrócitos a partir de CO2
 Participa na regulação ácido-base (como principal
tampão do pH extracelular)
 Neutraliza a acidez gástrica no intestino delgado
(essencial para acção enzimática digestiva)
 Gama normal: 22 a 26 mmol/L
Intervalo aniónico (IA)
 Representa a concentração de todos os aniões
não rotineiramente medidos: sulfatos, fosfatos,
proteínas e ácidos orgânicos – lactato,
acetoacetato, etc. (as proteínas negativamente
carregadas são 10% dos aniões não medidos)

 Também conhecido por lacuna aniónica, ou hiato


aniónico (anion gap)

 Dado pela equação

IA = [Na+] – ([Cl-] + [HCO3-])


Intervalo aniónico
 Varia normalmente entre 8 e 16 mmol/L
 Pode ser alto ou normal (raramente é baixo)
 Identifica, classifica e monitoriza uma situação de
acidose metabólica:

 Orgânica: se pH sanguíneo for baixo e IA alta


 Inorgânica: se pH sanguíneo for baixo e IA normal
(exemplo: acidose hiperclorémica)

 A hipoalbuminémia origina uma baixa IA. Porquê?


REGULAÇÃO DO EQUILÍBRIO HIDROELECTROLÍTICO

Vários mecanismos.
 Envolve a participação de receptores que
detectam alterações (osmoreceptores, barroreceptores,
quimioreceptores, receptores de volume plasmático)
 TGI (Insuflação Traqueal de Gás) (ingestão, secreção, reabsorção, excreção de
água e electrólitos)
 Rim (filtração, secreção, reabsorção, excreção de água e electrólitos.
Secreção de hormonas reguladoras)
 Glândula supra-renal (secreção de hormona reguladora)
 Sistema nervoso (estimulação da sede, secreção de hormonas
e péptidos que regulam as acções nos diversos órgãos envolvidos)
 Coração (secreção de péptidos reguladores)

57
Respostas a alterações na osmolaridade

Fonte: Guyton, 2011 58


Respostas a alterações na osmolaridade

Fonte: Guyton, 2011 59


Tipos de alterações no equilíbrio
hidroelectrolítico
 Hiperhidratação (Intoxicação por água)
 Edema agudo

 Edema

 Desidratação
 Por perda pura de água
 Por perda pura de electrólitos
 Por perda de água e electrólitos

 Hipo e hiper: natremia, caliemia, magnesemia,


calcemia, etc. 60
Tipos de variações patológicas de água
e electrólitos no LIC e no LEC
 Expansão hipotónica  Contração hipotónica
 Expansão isotónica  Contração isotónica
 Expansão hipertónica  Contração hipertónica

Fonte: Chatterjea & Shinde, 2012 61


NOÇÕES DE

EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE

Graça Salomé
maunda5@yahoo.com

Adaptado apartir da aula do Dr Humberto Muquingue 62


Objectivos educacionais
1. Definir ácido e base segundo Bronsted e Lowry.
2. Mencionar a importância biomédica da manutenção do
equilíbrio ácido-base.
3. Calcular o pH, a concentração de ácido ou base duma
solução desconhecida
4. Mencionar os mecanismos que permitem a
manutenção do equilíbrio acido-base no organismo
humano.
5. Definir sistema tampão e dar exemplos
6. Nomear os sistemas tampão biológicos e localiza-los a
nível do organismo.
7. Identificar as alterações mais comuns no equilíbrio
ácido-base com base em parâmetros bioquímicos. 63
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE

● Em 1923 Bronsted & Lowry:

● ácido como uma substância que em solução


aquosa cede protões.
HCl  H+ + Cl-

● base como uma substância que em solução aquosa


recebe protões.
NH3 + H+  NH4+

● Assim todo ácido terá a sua base conjugada e vice-


versa.
64
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
• Ácido forte – ioniza-se completamente, cede
facilmente os protões. Ex: HCl

• Ácido fraco – ioniza-se parcialmente, cede


dificilmente os protões. Ex: CH3COOH

• Base forte - ioniza-se completamente,


ganha facilmente protões. Ex: NaOH

• Base fraca – ioniza-se parcialmente, ganha


dificilmente protões. Ex: NH3

65
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
 A concentração de iões H+ é expressa sob forma
de pH
 A escala de pH designa as concentrações de H+ e de OH-, e a sua
base é o produto iónico da água, Kw

A 25ºC a [H+] = 10-7M => pH = 7

 No organismo humano o pH considerado neutro


dependo do local em questão:
 Intracelular: variável em função do tipo celular (pode ser
de mais baixo que 4 ate 8). Em media é de 6,8 – 6,9
 Intersticial: 7,35 (é mais alto que o intracelular porem
mais baixo que o intravascular).
 Plasma saguineo: 7,35 – 7,45 (media de 7,4)
66
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
 A escala de pH é logarítmica: Uma diferença de
uma unidade de pH entre duas soluções implica
que há 10 vezes mais H+ na solução com menor
pH.

 Quantas vezes menos acido há no plasma sanguíneo


(pH = 7,4) comparado com o liquido intracelular (pH =
6,8)?

67
pH de alguns fluídos comuns

68
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
 Nos sistemas biológicos predominam os ácidos
e bases fracas que podem ser monopróticos ou
polipróticos (di, tri,etc)

69
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
Cada ácido possui a sua tendência em perder os protões -
pKa

70
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE

 Um dado grupo ionizável numa solução estará


 Predominantemente na forma protonada quando o pH da
solução for menor que o pKa desse grupo

 Predominantemente na forma desprotonada quando o pH


da solução for maior que o pKa desse grupo

 50% na forma protonada e 50% na forma não protonada

71
Manutenção do equilíbrio ácido-base
 Diariamente há produção permanente e inevitável de
ácido pelos processos metabólicos do organismo.

 Manter o equilíbrio interno (ácido produzido = ácido


excretado) significa excretar ou metabolizar esses ácidos.

 Os diversos ácidos produzidos no organismo são


classificados como:
i) respiratório (ou volátil)
ii) metabólicos (ou fixos).

 O organismo saudável responde de forma muito eficiente


às alterações na produção de ácidos ou bases.
Ácido respiratório
 Trata-se de ácido carbónico (H2CO3)
 Geralmente quando se fala de “ácido
respiratório” se refere ao dióxido de carbono.

 O CO2 é um produto final do catabolismo


resultante da oxidação completa de glícidos e
ácido gordos. É denominado ácido volátil porque
é excretado pelos pulmões.
Ácidos metabólicos
 O inclui todos os ácidos que o organismo produz
e que não são voláteis. São também
denominados ácidos fixos.

 resultam do metabolismo incompleto de glícidos (ex,


lactato), gorduras (ex, hidroxibutirato), proteínas (ex,
sulfatos, fosfatos) no organismo.

 São excretados pelos rins


Resposta a uma alteração ácido-base
O organismo responde a uma alteração do
equilíbrio ácido-base de 3 maneiras principais:

1. Primeira resposta: tamponamento (buffering)


2. Segunda resposta (respiratória): alteração da
pCO2 arterial
3. Terceira resposta (renal): alteração da excreção
de HCO3-

Outras respostas podem ter lugar, por exemplo,


uma alteração dos processos metabólicos.
MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
 Tampão
Sistema aquoso que tende a resistir a mudança
de pH quando se adiciona ácido ou base em
pequenas quantidades.

 Composição: ácidos fracos e bases conjugadas


em concentrações aproximadamente iguais num
pH  pKa.
 Ex: Tampão fosfato pKa = 6,86

76
A resposta imediata: Tamponamento
 Trata-se de um fenómeno físico-químico rápido que
resulta de duas reacções de equilíbrio que ocorrem
numa solução (tampão) com concentrações
aproximadamente iguais de ácido fraco e sua base
conjugada.

HA H+ + A-
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
 A região tamponante
varia 1 unidade
acima e abaixo do
pKa, sendo máximo o
poder tamponante
quando o pH = pKa

78
PRINCIPAIS TAMPÕES DO ORGANISMO HUMANO

Local Tampão Observações


Líquido Bicarbonato Para ácidos metabólicos
intersticial Fosfato Pouco importante, baixa
concentração
Proteína Pouco importante, baixa
concentração
Sangue Bicarbonato Importante para ácidos
metabólicos
Hemoglobina Importante para CO2
Proteínas plasmáticas Tampão menor
Fosfato Muito baixa concentração
Líquido Proteínas Tampão importante
intracelular Fosfato Tampão importante
Urina Fosfato Causa de acidez titulável

Amónia Importante – formação de NH4+


Osso Carbonato de cálcio Na acidose metabólica crónica
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
•• Tampão fosfato é importante no líquido intracelular
HPO42-/H2PO4-
pKa2 = 6.8 (5,8 – 7,8)

• Tampão bicarbonato é importante no líquido extracelular,


sendo mais importante no plasma sanguíneo.
H2CO3/HCO3-

H2CO3 = pCO2*0,03  HCO3-/pCO2*0,03

pKa = 6,1 (5,1 – 7,1)

80
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
 Tampão de proteínas é muito importante no
plasma sanguíneo. A Hemoglobina contribui em
60% na capacidade tamponante do plasma
sanguíneo. As restantes proteínas plasmáticas
contribuem em 20%.

 Isto deve-se ao facto de a hemoglobina


ter muitos resíduos de histidina, um
aminoácido com um radical ionizável
cujo pKa é 6,0.

81
A RESPOSTA RESPIRATÓRIA:
Alteração na ventilação
 Refere-se a alterações no pH devidas a
variações da pCO2 , por sua vez resultantes de
alterações na ventilação
 Estas alterações podem ter lugar rapidamente com
efeitos consideráveis no pH.

 Relação de efeito: é documentada pela equação


de Henderson-Hasselbalch:
-
pH = pKa + log { [HCO3 ] / (0.03 x pCO2) }
A RESPOSTA RENAL:
alteração na excreção de bicarbonato
 É um processo muito mais lento, leva vários dias a
alcançar a resposta máxima.; os túbulos renais são os
principais actores na resposta renal.

 No equilíbrio ácido-base há três principais


responsabilidades para o rim:
 Excreção de ácidos fixos
 Reabsorção de bicarbonato filtrado.
Em ambos casos acima há secreção de H+ para o lúmen
do túbulo renal, mas só no primeiro o organismo perde
efectivamente H+.
 Produção de amónio (NH4+)
Distúrbios ácido-base
Distúrbios ácido-base
 Acidose - condição ou processo anormal com baixo pH
arterial ou acidémia, ie, pH arterial < 7.35

 Alcalose - condição ou processo anormal com alto pH


arterial ou alcalémia, ie, pH arterial > 7.45

 Existem quatro tipos básicos de distúrbios ácido-base:


- acidose respiratória - alcalose respiratória
- acidose metabólica - alcalose metabólica

 Os distúrbios respiratórios alteram o pH por causa de


uma mudança primária nos níveis de pCO2.

 Os distúrbios metabólicos alteram o pH por causa de


uma mudança primária na [HCO3-].
Distúrbios ácido-base

86
Distúrbios ácido-base
HCO3
# pCO2 pH
-
1 60 28 7.22

2 30 32 7.48

87
Bibliografia
1. A. Lehninger - LEHNINGER: Principles of
Biochemistry. 4ª Edição – FREEMAN. 2005

2. L. Stryer - Biochemistry. 4ª Edição – FREEMAN.


1999

3. R. K. Murray; D.K.Granner; P.A.Mayes; V. W. Rodwell -


Harper’s Biochemistry - 28ª Edição – McGraw-Hill.
2009

4. G. Meisenberg; W. Simmons – Principles of Medical


Biochemistry – Mosby. 1998

88

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