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UCM- FACULDADE DE CIENCIAS AGRONOMICAS

LICENCIATURA EM AGRONOMIA

HIDROLOGIA

Docente:
Engº Miquitaio Joao Rego
Email: miquirego@gmail.com / mrego@ucm.ac.mz
Contacto: 846433580/872188761 / 826674770
TOPICOS DA DISCIPLINA

Cap.1: Hidrologia, Ciência e Aplicação


Cap.2: Ciclo Hidrológico e Bacias Hidrográficas
Cap.3: Precipitação
Cap.4: Evaporação e Evapotranspiração
Cap.5: Escoamento Superficial
Cap.6: Escoamento Subterrâneo
Cap.7:Infiltração
INTRODUÇÃO A HIDROLOGIA
HIDROLOGIA (Conceito):

É o estudo da água em todas as suas formas,


sobre e sob a superfície da terra, incluindo sua
distribuição, circulação, comportamento,
propriedades físicas e químicas, e suas reações
com o meio ambiente.
GENERALIDADES

 O conceito do ciclo hidrológico descreve a dinâmica da


água na natureza, está hoje tão generalizado que fica até
difícil apreciar a história de seu desenvolvimento.
 Dependendo do ambiente particular de estudo e de sua
circulação, o estudo do ramo aéreo é feito na Meteorologia,
o ramo oceânico é feito na disciplina de Oceanografia, e a
Hidrologia propriamente dita dedicada ao ramo terrestre.
GENERALIDADES
 A Hidrologia da Engenharia é uma parte restrita da Hidrologia que
inclui as áreas pertinentes ao planeamento, projecto e exploração de
obras de engenharia visando o controlo e a utilização da água para
satisfação das necessidades humanas.
 Enquanto a Hidrologia é a ciência que estuda a água na Terra e
procura responder à pergunta sobre o que ocorre com a água da
chuva uma vez que atinge a superfície, a Engenharia Hidrológica é a
aplicação dos conhecimentos da Hidrologia para resolver problemas
relacionados aos usos da água. O seu enfoque é, por isso, o da
aplicação da ciência na solução de problemas de engenharia.
OBJECTIVOS DA DISCIPLINA DE HIDROLOGIA

Correspondem às necessidades de:


 Aprofundar o conhecimento do ramo terrestre do ciclo hidrológico;
 Utilizar os conhecimentos adquiridos em aplicações práticas

ex.:
-No dimensionamento de obras hidráulicas (descarregadores de
barragens, secções de vazão de pontes, etc.);
-No dimensionamento de sistemas de drenagem de regadios e áreas
urbanas;
-Na determinação de necessidades de rega;
-Na gestão dos recursos hídricos;
-Na protecção do meio ambiente
HISTORIAL
 Desde tempos imemoriais e até épocas bem recentes, a origem da
água das nascentes e dos rios se constituiu em problema bastante
controverso.
 Antes do final do Século XVII, acreditava-se que a água das
nascentes não poderia ser originada das chuvas por duas razões:

a) acreditava-se que as chuvas não eram suficientes;

b) que a terra era demasiadamente impermeável para possibilitar a


infiltração e a percolação da água das chuvas.
HISTORIAL
 As duas suposições, fazem com que os filósofos levassem muito tempo no
estabelecimento de hipóteses para explicar a origem da água das nascentes
e dos rios.
 Os mais antigos aparentemente estavam satisfeitos com os postulados de
que a água das nascentes originava-se de imensos e inesgotáveis
reservatórios subterrâneos, enquanto que outros acrescentavam que tais
reservatórios careceriam de ter pelo menos um mecanismo de recarga.
Desta segunda linha de pensamento já se pode vislumbrar o conceito do
ciclo hidrológico.
 Todavia, o mecanismo deste retorno era tido como sendo feito através de
canais subterrâneos, ao invés da atmosfera pelo processo de evaporação.
HISTORIAL
 A teoria hoje prevalecente, ou seja, que a água subterrânea deriva,
na sua maior parte, da infiltração da água da chuva, teve seus
primórdios ainda na época de Cristo, através do trabalho de
Vitruvius. Disse:
“…os melhores locais para localização ou descoberta de água
subterrânea seriam as montanhas, por receberem grande
quantidade de chuva e neve, e não ocorrem grandes perdas por
evaporação pela presença de cobertura florestal, tornando
impossível os raios solares atingirem a superfície, e a cobertura
de neve que permanece por mais tempo por causa da floresta
densa (LEE,1980)”.
 Vitruvius listou, também, plantas indicadoras da ocorrência de

água subterrânea, além de mencionar outros métodos práticos


para esta localização.
HISTORIAL
 Depois desse período CHOW, 1964, classificou o desenvimento
histórico da hidrologia em oito periodos, desde o da
especulação até periodos de desenvolvimentos teóricos (ínicio
em 1950) até à data, em que o recente desenvolvimento de
computadores, fez possível construir e verificar teorias de
grande complexidade, empenho que se tornou a base de
pesquisa de hidrologia moderna.
RESERVAS HIDRICAS
 A água é o líquido mais abundante na Terra cerca de 1,600 x 106 km3.
 Aproximadamente 15 % desta água está quimicamente “presa” na crusta
terrestre.
 A quantidade de água livre é cerca de 1,386 x 106 km3
 Cerca de 97.5 % é água salgada;
 1.7 % corresponde às zonas polares.
 Além disso, uma boa parte da água subterrânea está situada a enormes
profundidades o que torna o seu aproveitamento antieconómico nas condições
actuais.
 A parcela que efectivamente pode ser utilizada, é cerca de 0.3 % da água que
existe na Terra!
RESERVAS HIDRICAS
IMPORTÂNCIA DA HIDROLOGIA
 Dimensionamento de obras hidráulicas;
 Aproveitamento de recursos Hídricos:
 aproveitamentos hidroelétricos
 abastecimento água urbano
 irrigação
 navegação
 lazer
 Controle e previsão de inundações
 Controle e previsão de secas
 Controle de poluição
 Qualidade ambiental
IMPORTÂNCIA DA ÁGUA

 Substância mais abundante na Terra;


 Constituinte principal dos seres vivos;
 Força de conformação do relevo da Terra;
 Condiciona a vida humana e o progresso da
civilização.
CIÊNCIAS RELACIONADAS (APLICAÇÃO)

 Agronomia, Ciências Florestais, Gestão de Bacias


Hidrográficas, Geografia, Economia, Sociologia,
Engenharia (civil, hidráulica, sanitária, etc.),
Ecologia, etc.
TRABALHO DE INVESTIGACAO

TOPICOS:
1. HIDROLOGIA: Ciência e Aplicação
a) Introdução
b) Histórico
c) Ciência hidrológica
d) Hidrologia aplicada
e) Qualidade de Agua
f) Importância
g) Aplicação nas ciências agrarias
DUVIDAS!!!

CURIOSIDADES!!!
CICLO HIDROLOGICO
CONCEITO:
É extremamente útil para se iniciar o estudo da
Hidrologia.
 É fenómeno global de circulação fechada da água

entre a superfície terrestre e a atmosfera,


impulsionado pela energia solar associada à
gravidade e à rotação terrestre.
 Pode ser descrito como um conjunto de arcos que

representam os diversos caminhos através dos quais a


água na natureza circula e se transforma, constituindo
um sistema de enorme complexidade (Diagrama de
Horton).
DIAGRAMA DE HORTON
CICLO HIDROLÓGICO
 A água se move perpetuamente através de cada uma
destas regiões no ciclo da água constituindo os
seguintes processos principais de transferência:
 Evaporação dos oceanos e outros corpos da água
(rios, lagos e lagoas) no ar e a evapotranspiração das
plantas terrestres e animais para o ar.
 Precipitação, pela condensação do vapor de água do
ar e caindo directamente na terra ou no mar.
 Escoamento superficial sobre a terra, geralmente
atingem o mar.
CICLO HIDROLÓGICO
 O ciclo hidrológico não tendo início ou fim, é
habitual partir-se da evaporação da água dos
oceanos e sua incorporação na atmosfera.
Atenção:
• De uma maneira ou de outra, a água existe em
toda parte.
• Pode ser considerada ilimitada nos oceanos
(relativo ao homem) e de magnitude quase nula
nas regiões desérticas.
CICLO HIDROLÓGICO

A precipitação que cai sobre a terra pode seguir


diversos caminhos:
 parte evapora-se durante a queda;

 parte é interceptada por árvores, vegetação ou

telhados de casas e volta a evaporar-se;


 parte atinge a superfície do solo, infiltrando-se ou

ficando retida em depressões superficiais.


CICLO HIDROLÓGICO

Ciclo hidrológico: três ramos normalmente considerados


CICLO HIDROLÓGICO
Na analise quantitativa, as percentagens estão expressas em termos
da precipitação total anual média que se estima em cerca de 860
mm.
 P - precipitação;
 E - evaporação;
 ET - evapotranspiração;
 I - infiltração ;
 G - escoamento subterrâneo;
 Q - escoamento superficial.
CICLO HIDROLÓGICO

Ciclo hidrológico: representação quantitativa


CICLO HIDROLOGICO: IRREGULARIDADE ESPACIAL

 Variáveis hidrológicas apresentam enormes


irregularidades quer na sua distribuição geográfica quer
na sua distribuição temporal.
 Havendo grandes variações de grandezas hidrologicas de
ano para ano num mesmo local, significa que a sua
caracterização apenas é possível numa base estatística a
partir de longas séries de valores observados.
CICLO HIDROLOGICO: IRREGULARIDADE ESPACIAL

Fonte de dados Hidrológicos:


 Em Moçambique, o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) colecta
dados de precipitação e evaporação, para além de outros relativos a
variáveis climáticas (temperatura, humidade relativa, vento, radiação solar,
etc.) que influem nas grandezas hidrológicas e a Direcção Nacional de
Águas (DNA) recolhe dados de precipitação, evaporação, água subterrânea
e escoamento superficial.
 Outros, tal como o INIA e algumas grandes empresas do sector agrícola
possuem também informação hidrológica, sobretudo registos de
precipitação, evaporação, evapotranspiração.
QUESTOES RELACIONADAS

 Conceitue o ciclo da água?


 Enumera e Descreva as etapas do ciclo de água?
 O que ocorre com a água da chuva uma vez que atinge a
superfície terrestre?
 Quais são os ramos considerados no estudo do ciclo da
água?
 Quais são as fontes de dados hidrológicos em
Moçambique? Descreva área de acção de cada uma delas?
BALANÇO HIDRICO
 Em determinada região geográfica durante um
determinado período de tempo, o movimento da água
obedece ao princípio da conservação da massa traduzido
pela equação da continuidade.

Sendo:
na forma continua:
ou
na forma discreta:
BALANÇO HIDRICO

 I - entrada de água no sistema por unidade de tempo;


 O - saída de água do sistema também por unidade de
tempo;
 S - variação do volume armazenado no interior do sistema.
Balanço hídrico é a equação da continuidade aplicada a uma
certa região e escrita em função das variáveis do ciclo
hidrológico.
BALANÇO HIDRICO

Forma abstracta do ciclo hidrológico


BALANÇO HIDRICO

 P - precipitação;
 Q1, Q2 - escoamento superficial que entra e sai da região;
 G1, G2 - escoamento subterrâneo que entra e sai da região;
 Ss, Sso, Saq - volume armazenado à superfície, no solo e no
aquífero;
 E - evaporação a partir de águas superficiais e do solo.
 T - transpiração das plantas;
 rso, raq água do solo e água subterrânea que reaparecem à
superfície (ressurgência);
 I - infiltração (no solo);
 R - recarga (percolação para os aquíferos).
BALANÇO HIDRICO

 Considerando toda a região representada na figura da forma


abstracta do ciclo hidrologico tem-se a seguinte equação:
(P + Q1 + G1) - (Q2 + G2 + E + T) = S
•S - variação total do volume armazenado
Obs.: A infiltração, a recarga e a ressurgência por serem
processos "interiores" à região em estudo, não afectam o
respectivo balanço hídrico, dai que não aparecem na equação.
BALANÇO HIDRICO
 Balanço hídrico na terra:
(P + Q1 + r) - (Q2 + E + T + I) = •Ss

 Balanço hídrico para um único aquífero :


(G1 + R) - (G2 + raq) = •saq

Atenção: todas as variáveis que intervêm nas equações de


balanços hídricos são expressas como volumes por
unidade de tempo.
BALANÇO HIDRICO
 Quando a região considerada é a bacia hidrográfica e se
adoptam longos períodos de tempo, pelo menos um ano, a
equação do balanço hídrico pode ser consideravelmente
simplificada.
 Numa bacia hidrográfica, não há, em condições naturais,
outra entrada de água além da precipitação e há uma única
saída de água.

 Por outro lado, num longo período de tempo a variação do


volume armazenado pode ser desprezada perante os
valores acumulados das outras variáveis.
BALANÇO HIDRICO
 A equação do balanço hídrico é aplicável em qualquer
escala espacial (bacia de qualquer tamanho).
 Na escala temporal (hora, dia, mês, ano) a equação é
ajustada conforme a ocorrência do processo.
Escalas temporais
As escalas de tempo definem também a aplicação e
finalidade do balanço:
• Escala anual: aplica-se para a avaliação do potencial
hidrológico voltado para o planeamento.

P – EVT – Q = 0
BALANÇO HIDRICO
• Escala mensal: aplica-se para a operação de sistemas
(reservatório, irrigação)
P – EVT –Q – •S = 0
• Escala diária: aplica-se para o monitoramento e também
para a operação de sistemas
P – EVT – It – I –Q – •S = 0
• Escala horária ou do evento de chuva: aplica-se para a
análise refinada dos processos na bacia hidrográfica
(investigação e/ou pesquisa, drenagem)
a) P – It – I – Q – •S = 0 (durante as chuvas);
b) P – It – EVT – Q – •S = 0 (entre os eventos de chuva)
BALANÇO HIDRICO

 O maior obstáculo na resolução de problemas práticos


com utilização do balanço hídrico reside principalmente
na dificuldade de medir ou estimar adequadamente as
variáveis intervenientes (a precipitação é medida
pontualmente fazendo-se depois a extrapolação para toda
a área envolvida e os caudais em rios podem ser medidos
com razoável precisão excepto durante as cheias).
BALANÇO HIDRICO
Balanço hídrico como ferramenta:
• Determinação do valor duma variável hidrológica quando
todas as restantes que entram no balanço são conhecidas;
• Estimação do erro global cometido na medição ou
estimação das variáveis hidrológicas, quando todas as que
entram no balanço hídrico são conhecidas;
 Operação de albufeiras;

 Avaliação das necessidades de rega.

É também a componente central dos modelos de simulação


hidrológica.
ANO HIDROLOGICO

 As variáveis hidrológicas, como a precipitação, o


escoamento ou a evaporação, são claramente influenciadas
por uma ciclicidade anual.
 Em Moçambique, isto é bem evidente nas duas mais
importantes variáveis do ciclo hidrológico, a precipitação e
o escoamento, dai que atingem valores elevados nos meses
de Dezembro a Março ao passo que no período de Junho a
Setembro os seus valores são bastante baixos.
ANO HIDROLOGICO
 Em muitas aplicações, interessa utilizar os valores
acumulados anuais de precipitação e escoamento, não se
podendo adoptar como período de registo o ano civil (1
Janeiro - 31 Dezembro), porque corresponderia a repartir por
dois anos uma mesma época de chuvas, dai que considera-se
por isso um ano especial designado por ano hidrológico.
 O início do ano hidrológico é o fim da época de estiagem o

que tem a vantagem de evitar a divisão duma mesma época


de chuvas e na efectivação de balanços hídricos anuais.
P - (R + E + T) = •S
• •S = 0 no fim da época de estiagem;
• Anos hidrológicos estatisticamente independentes uns dos
outros.
ANO HIDROLOGICO
 Na definição do início do ano hidrológico forma-se séries
anuais de escoamentos adoptando, alternativamente,
diferentes meses para o seu início (Setembro, Outubro,
Novembro, etc.) e determinar, para cada alternativa de
início, o valor do coeficiente de autocorrelação.
 O mês que origine o mais baixo coeficiente de
autocorrelação deve ser o adoptado para início do ano
hidrológico.
ANO HIDROLOGICO
 Em Moçambique, verifica-se que os escoamentos em dada
região dão coeficientes de autocorrelação mais baixos
tomando o ano hidrológico com início em 1 de Outubro ao
passo que noutras regiões o mínimo coeficiente de
autocorrelação corresponderia a um início em 1 de Novembro.
Por razões de ordem organizativa, a Direcção Nacional de
Águas adoptou como ano hidrológico o período que vai de 1
de Outubro dum ano a 30 de Setembro do ano seguinte.
EXERCICIO-EXEMPLO
 Uma barragem irá abastecer uma cidade de 100.000 habitantes e uma área irrigada

de 5.000 ha. Verificar, através de um balanço hídrico anual, se o local escolhido

para a barragem tem condições de atender à demanda, quando esta for construída.

Informações disponíveis:

• área da bacia (Ab) = 300 km2;

• precipitação média anual (Pm) = 1.300 mm/ano;

•evapotranspiração total (EVT) para situação com a barragem pronta = 1.000/ano;

• demanda da cidade = 150 l/(hab. x dia);

• demanda da área irrigada = 9.000 m3/(ha x ano).


EXERCICIO-EXEMPLO
 Solução:
• Volume precipitado: VP = 1.300 x 10-3 x 300 x 106 = 390 x 106 m3
• Volume perdido por evapotranspiração: VEVT = 1.000 x 10-3 x 300 x
106 = 300 x 106 m3
• Volume escoado: VE = VP – VEVT = (390 – 300) x 106 = 90 x 106
m3
• Demanda da cidade: VDC = 100.000 x 150 x 10-3 x 365 = 5,475 x
106 m3
• Demanda da área irrigada: VDI = 5.000 x 9.000 = 45 x 106 m3
• Demanda total: VDT = (5,475 + 45) x 106 = 50,475 x 106m3

• VE > VDT ‘Atende à demanda’.


EXERCICIO

 Uma bacia hidrográfica de 25 km2 de área recebe


uma precipitação média anual de 1.200 mm.
Considerando que as perdas médias anuais por
evapotranspiração valem 800 mm, determinar a
vazão média de longo período, em m3/s.
BACIAS HIDROGRÁFICAS (BH)
 A BH é uma área definida topograficamente,
drenada por um curso de água ou por um sistema
interligado de cursos de água tal que todos os
caudais efluentes sejam descarregados através de
uma única saída (secção de referência da bacia).
IMPORTANCIA DE BH NA GRH
Na gestão de RH a BH constitui a unidade mais conveniente pois é
a nível da bacia que se verificam as relações mais estreitas entre:
 Recursos hídricos a montante e a jusante;
 Recursos de água superficiais e de águas subterrâneas;
 Consumos a montante e disponibilidades a jusante, em termos de
quantidade e qualidade;
 Modificações na ocupação do solo ou obras hidráulicas no rio e nas
margens e modificações morfológicas ou das características do
escoamento a montante e a jusante, por vezes a distâncias de
BACIAS HIDROGRÁFICAS

 Pode-se utilizar o conceito de regiões hidrográficas,


como sendo, o espaço territorial compreendido por
uma bacia, grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas
com características naturais, sociais e econômicas
homogêneas ou similares, com vistas a orientar o
planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos.
BACIAS HIDROGRÁFICAS
LIMITES DE BACIAS HIDROGRAFICAS

 BH é limitada pela linha de separação ou divisor das águas. Esta


linha passa pelos pontos de máxima cota entre bacias, seguindo
pelas linhas de cumeada, podendo no entanto existir pontos mais
altos no interior da bacia.

A definição dos limites da bacia hidrográfica torna-se menos precisa


quando se Considera o escoamento subterrâneo. Assim, distingue-se
por vezes a linha de separação topográfica ou superficial da linha
de separação freática ou subterrânea
DIVISORES DE BH

1 - Geológico; 2 - Freático; 3 - Topográfico.


DIVISORES DE BH
 O primeiro passo a ser seguido na caracterização de uma bacia é,
exatamente, a delimitação de seu contorno, ou seja, a linha de
separação que divide as precipitações em bacias vizinhas,
encaminhando o escoamento superficial para um ou outro sistema
fluvial.
DIVISORES DE BH

 Pelas dificuldades de se efetivar o traçado limitante com


base nas formações rochosas e no nível freático, na
prática limita-se a bacia a partir de curvas de nível,
tomando pontos de cotas mais elevadas para comporem a
linha da divisão topográfica.
PRINCIPAIS BACIAS DE MOCAMBIQUE

PRINCIPAIS BACIAS
DE MOÇAMBIQUE

1. Maputo
2. Umbeluzi
3. Incomati
4. Limpopo
5. Save
6. Buzi
7. Pungue
8. Zambeze
9. Licungo
10. Ligonha
11. Lurio
12. Messalo
13. Rovuma
CARATERIZACAO DUMA BACIA HIDROGRAFICA

O comportamento hidrológico duma bacia hidrográfica é


essencialmente uma função das características climáticas da
região (precipitação, evaporação) e das características
fisiográficas da bacia.
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS:
• Características geométricas;
• Características do sistema de drenagem;
• Características do relevo;
• Características de geologia, solos e vegetação.
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS
• Características Geométricas:
- área de drenagem;
- perímetro;
- índice de compacidade;
- factor de forma.

• Características do Sistema de Drenagem:


- constância do escoamento;
- ordem;
- densidade de drenagem.
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS
• Características do Relevo:
- curva hipsométrica;
- altitude média;
- altura média;
- perfil do rio;

- inclinação média do leito;

- declividade dos terrenos;


- rectângulo equivalente;
- declive médio
- índice de declive de Roche;
- curva hidrodinâmica;
- coeficiente de massividade;
- coeficiente orográfico.
• Características de Geologia, Solos e Vegetação
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS
Importância de se estudar:
  comparar bacias hidrográficas;
  interpretar fenômenos passados;
  efetuar “previsões” de descarga de um rio;

Principais Características Físicas


  Área de drenagem;
  Comprimento do rio principal;
  Declividade média do rio principal;
  Densidade de drenagem;
  Desnível.
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS

1. Principais Características Físicas:


1.1. área de drenagem: É a área plana (projeção horizontal)
inclusa entre os seus divisores topográficos. É
normalmente obtida por planimetria, geoprocessamento,
pesagem do papel em balança de precisão e ferramentas
digitais (Autocad/GIS). em cartas com escalas (no caso de
Moçambique) entre 1:250,000 e 1:50,000.
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS

1.2. Forma da bacia: Afeta diretamente o tempo de


transformação da chuva em escoamento.
Tem efeito sobre o comportamento hidrológico da bacia, como
por exemplo, no tempo de concentração (Tc) é definido como
sendo o tempo, a partir do início da precipitação, necessário
para que toda a bacia contribua com a vazão na seção de
controle.
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS

a) Indice de compacidade (Kc) – Indice de Gravélius: é a


relação entre o perímetro da bacia e o perímetro de um círculo
de mesma área que a bacia, como ilustra a eq. seguinte:
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS
b) fator de forma (Kf) – índice de conformidade: é a razão entre a
largura média da bacia (L) e o comprimento do eixo da bacia (L) (da
foz ao ponto mais longínquo da área).
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS

1.3. Rede de drenagem: é constituído pelo rio principal e seus


tributários; o estudo das ramificações e do desenvolvimento do
sistema é importante, pois ele indica a maior ou menor velocidade
com que a água deixa a bacia hidrográfica.

1.3.1. Classificação dos cursos de água:


a) Perenes: contém água durante todo o tempo. O lençol freático
mantém uma alimentação contínua.
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS

b) Intermitentes: em geral, escoam durante as estações de chuvas e secam nas

de estiagem. Durante as estações chuvosas, transportam todos os tipos de

deflúvio, pois o lençol d’água subterrâneo conserva-se acima do leito fluvial

e alimentando o curso d’água, o que não ocorre na época de estiagem,

quando o lençol freático se encontra em um nível inferior ao do leito.

c) Efêmeros: existem apenas durante ou imediatamente após os períodos de

precipitação e só transportam escoamento superficial. A superfície freática se

encontra sempre a um nível inferior ao do leito fluvial, não havendo a

possibilidade de escoamento de deflúvio subterrâneo.


CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS
1.3.2. Ordem dos cursos de água e razão de bifurcação (Rb):
a) os cursos primários recebem o numero 1;
b) a união de 2 de mesma ordem dá origem a um curso de ordem
superior; e
c) a união de 2 de ordem diferente faz com que prevaleça a ordem do
maior. Quanto maior Rb média, maior o grau de ramificação da rede
de drenagem de uma bacia e maior a tendência para o pico de cheia.
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS
1.3.3. Densidade de drenagem (Dd): Expressa a relação entre o comprimento total dos cursos

d’água (sejam eles efêmeros, intermitentes ou perenes) de uma bacia e a sua área total.

 Para avaliar Dd, deve-se marcar em fotografias aéreas, toda a rede de drenagem, inclusive os

cursos efêmeros, e depois medi-los com o curvímetro.

 Bacias com drenagem pobre Dd < 0,5 km/km2

 Bacias com drenagem regular 0,5 ≤ Dd < 1,5 km/km2

 Bacias com drenagem boa 1,5 ≤ Dd < 2,5 km/km2

 Bacias com drenagem muito boa 2,5 ≤ Dd < 3,5 km/km2

 Bacias excepcionalmente bem drenadas Dd ≥ 3,5 km/km2


CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS
1.3.4. Frequência de Rios (FR): esta relacionada com a capacidade de
uma bacia produzir maior ou menor quantidade de agua. Representa
a relação entre numero de cursos de agua e área de bacia.

 Ni – Numero de cursos de agua


 A - Área da bacia hidrográfica, km².
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS

1.3.5. Sinuosidade do Curso de Agua Principal (S): E a


relação entre o comprimento do curso de agua principal e o
comprimento do seu talvegue (Lt), medido em linha recta.

Onde: L – comprimento do curso principal; Lt – Comprimento do


talvegue, em km.

Quanto maior o (S), maior a sinuosidade do curso de agua, menor a


declividade do terreno (bacia).
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS

1.3.6. Declividade do curso de agua principal: Parâmetro de grande


importância no manejo de bacias, pois influencia diretamente do
escoamento de agua e no tempo de concentração,
> Declividade > o escoamento < tempo de concentração (tc)

Para traçar o perfil longitudinal do curso de agua principal e a sua


declividade pode-se utilizar vários procedimentos:
1 - Método Direto - Declividade baseada nos extremos (S1):
2 – Area equivalente (compensacao de area) – declividade ponderada
(S2);
3 - Declividade equivalente ou media harmonica (S3)
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS
a). Método Direto - Declividade baseada nos extremos (S1): Obtida
dividindo-se a diferença total de elevação do leito pela extensão
horizontal do curso de agua entre esses dois pontos, este valor
superestima a declividade media do curso de agua,
consequentemente, o pico de cheia.

 H1 - diferença entre cotas, do ponto mais distante e da seção


considerada, m.
 L - comprimento do canal (talvegue) principal, m.
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS

b). Área equivalente (compensação de área) – declividade ponderada (S2):


consiste em tracar no grafico uma linha, tal que a área, compreendida entre
ela e a abcissa, seja igual a compreendida entre a curva do perfil e a abcissa.
Calcula-se a área do triangulo (dividido-o em area menores) depois calcula-
se a área total.
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS
c). Declividade equivalente ou média harmônica (S3): Leva em consideração o
tempo de percurso da água ao longo da extensão do perfil longitudinal,
considerando que o perfil tem declividade constante igual à uma declividade
equivalente. Mais recomendada pelos técnicos.
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS
Em que:
L: comprimento total do talvegue (horizontal);
Ii: declividade de cada trecho;
Hi: desnível entre as extremidades do trecho i;
Li: comprimento horizontal de cada trecho i;

 A diferença entre este e o método da compensação de


áreas, é que aqui, calcula-se as inclinações de cada um
dos trechos, ao invés da área, como no outro método.
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS
1.4. Características do relevo da bacia: Influência os fatores
hidrológicos e meteorológicos, pois, a velocidade do escoamento
Superficial é determinada pela declividade do terreno, enquanto que
a temperatura, a precipitação e evaporação são funções da altitude da
bacia.
1.4.1. Declividade da bacia: É um parâmetro importante. Está
diretamente associada ao tempo de duração do escoamento
superficial e de concentração da precipitação nos leitos dos cursos
d’água.
Quanto maior a declividade de um terreno, maior a velocidade de
escoamento, menor Tc e maior as perspectivas de picos de
enchentes.
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS
1.4.2. Altitude média da bacia: Dada pela curva hipsométrica: Representa o
estudo da variação da elevação dos vários terrenos da bacia com referência ao
nível médio do mar. Pode também ser determinadas por meio das quadrículas
associadas a um vetor ou planimetrando-se as áreas entre as curvas de nível.
CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS

1.5. Características geológicas da bacia Tem relação direta


com a infiltração, armazenamento da água no solo e com
a suscetibilidade de erosão dos solos.
1.6. Características agro-climáticas da bacia São
caracterizadas principalmente pelo tipo de precipitação e
pela cobertura vegetal.
PRECIPITAÇÃO
SITUAÇÃO ATMOSFERICA EM MOÇAMBIQUE
 Estende-se entre os paralelos 10°5' S e 27° S, e entre os meridianos
30° E e 41° E, situando-se na zona intertropical e na zona subtropical
do hemisfério Sul.
 Os principais factores que condicionam a circulação atmosférica sobre
Moçambique são:
- as baixas pressões da zona intertropical;
- as células anti-ciclónicas do Índico e do Atlântico Sul;
- a depressão de origem térmica que se forma na estação quente sobre o
planalto continental africano;
- os ciclones tropicais no Canal de Moçambique.
O PROCESSO FÍSICO DA PRECIPITAÇÃO

MECANISMOS DE FORMAÇÃO DAS PRECIPITAÇÕES

 Para produzir quantidades de precipitação verifica-se:


- um mecanismo que produza o arrefecimento do ar;
- um mecanismo que origine a condensação;
- um mecanismo para produzir o crescimento das gotas;
- um mecanismo para produzir a acumulação de humidade
suficiente para justificar as intensidades de precipitação
observadas.
TIPOS DE PRECIPITAÇÃO

Verificam-se quatro (4) tipos de precipitação:

- convectiva;

- orográfica;

- frontal;

- ciclónica.
PRECIPITAÇÃO CONVECTIVA

 É causada pela subida duma


massa de ar quente, menos
denso, para as camadas
superiores da atmosfera, mais
frias, onde arrefece, condensa
o vapor de água e precipita.
Está associada a um fenómeno
de instabilidade provocado por Normalmente, origina chuvadas
intensas e de curta duração,
um aquecimento desigual da frequentemente acompanhadas
superfície do solo de trovoada.
PRECIPITAÇÃO OROGRÁFICA
 A existência duma montanha constitui uma barreira à deslocação da massa
de ar húmido, obrigando à sua subida com o consequente arrefecimento e
condensação
• Em Moçambique é muito influenciada
pelas características do relevo.

• Sul do rio Save tem relevo pouco


acentuado de forma que as massas de ar
marítimo vão originar precipitação nas
regiões montanhosas de África do Sul,
Suazilândia e Zimbabwe.

• Centro e Norte, o relevo é acentuado e


torna-se evidente a correlação entre os
valores elevados de altitude e de
precipitação, veja-se as figuras
PRECIPITAÇÃO FRONTAL
 Diz-se que há uma frente quando uma
massa de ar frio contacta uma massa de
ar mais quente, sendo a superfície de
contacto mais ou menos bem definida,
 O movimento ascensional induz o
arrefecimento da massa de ar quente com
posterior condensação e precipitação.
 A frente fria pode originar precipitações
intensas e prolongadas sobretudo junto à
superfície frontal, podendo a região coberta
pela precipitação estender-se de 50 a 100
km a partir dessa superfície.
PRECIPITAÇÃO CICLÓNICA

 O Oceano Índico a nordeste de Madagascar é origem de numerosos


ciclones.
 Ciclones são sistemas de baixa pressão acompanhados de ventos com
velocidades superiores a 120km/h.
 Ao atingirem o continente, comportam-se como uma frente quente
originando precipitação numa faixa de 150 a 300 km e dissipando-se
à medida que progridem para o interior.
 As chuvas intensas e os ventos fortes dão aos ciclones tropicais
características muito destrutivas.
MEDIÇÃO DA PRECIPITAÇÃO
 Altura de precipitação sobre uma dada área é igual ao volume da
precipitação sobre essa área a dividir pelo valor da área. É normalmente
expressa em mm ou em l/m2.
 1 mm = 1 l/m2 = 10 m3/há
 Intensidade da precipitação é definida como a quantidade de precipitação
ocorrida por unidade de tempo:
 A intensidade não é medida directamente mas obtida a partir do conhecimento
da altura, função h(t).
 A medição da altura de precipitação faz-se em intervalos discretos de tempo,
através dos udómetros ou pluviómetros, ou em registo contínuo, através de
udógrafos ou pluviógrafos.
FIM
BIBLIOGRAFIAS:

 Hidrologia - Ciência e Aplicação - Carlos E. M. Tucci 1997


 A Rega - Dos primitivos Regadios às Modernas técnicas de Rega – Fundação
Colouste Gulbenkian 1996
 Essentials of Meteorologia , C. Donald Ahrens 2005
 Climate – Responsive Building, Paul Gut and Other 1993
 Atmosphere Weather and Climate, Roger G. Barry and Richard J. Chorley 2003
 Licções de Hidrologia, A. Lencastre F. M. Franco 1992
 Meteorologia Geral e Agrícola 1º Parte
 Ferreire H. Aorim e Outros

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