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03/05/2022 17:03 Ead.

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HIDROLOGIA
CICLO HIDROLÓGICO
Autor: José Antônio Colvara de Oliveira
Revisor: Carlos Henrique Pereira Assunção Galdino

INICIAR

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introdução
Introdução
Em um planeta de 510 milhões de km2 de superfície, segundo a Agência
Nacional de Águas (ANA) (2019) os 370 milhões de km2 são de água, que
revelam bem o significado desse líquido para todos que aqui habitam. O
conhecimento sobre a maneira como se relacionam as precipitações
pluviométricas e as bacias hidrológicas é fundamental para se ter condições
de operar sobre a realidade e, com base nisso, estabelecer procedimentos
para o futuro.

As parcelas de chuva que alimentam os aquíferos e que, a seu tempo, passam


a contribuir para a formação das bacias se revelam como um dos temas mais
interessantes na ciência hidrológica. Por outro lado, as medidas dessas
variáveis criam um campo de estudo extremamente diversificado.

Sendo assim, o conjunto de conhecimentos abordado ao longo desta unidade


proporciona ao profissional trabalhar com os dados passados e presentes, no
sentido de lançar um olhar para os fatos que podem vir a ocorrer ao longo de
um período hidrológico.

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Partes do Ciclo
Hidrológico

Conceitua-se ciclo hidrológico como sendo o percurso realizado pela água


para se deslocar entre a atmosfera e a superfície terrestre. Alguns detalhes
devem ser destacados desse caminho realizado, por exemplo, nem sempre a
região de onde evapora a água é a mesma que a receberá de volta. O regime
de ventos, por sua vez influenciados pela temperatura, é a principal causa
desse deslocamento.

O ciclo hidrológico pode ser visualizado na figura a seguir, onde está


representado o percurso em uma determinada região do comportamento da
água em suas diversas formas.

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Figura 1.1 - O ciclo hidrológico

Fonte: Artisticco LLC / 123RF.

Dinâmica do Ciclo Hidrológico


Movido, principalmente, pela energia solar, o ciclo hidrológico se processa por
meio de trocas de matéria. A evaporação da água líquida tem sua maior
parcela na superfície dos oceanos. No entanto, devemos considerar também
a evapotranspiração da água do solo, que se dá por meio das plantas, pois
esse vapor de água, formando nuvens, pode retornar à superfície terrestre na
forma de precipitação. A água precipitada pode escoar sobre a superfície,
contribuindo para a alimentação de rios e lagos. A parte infiltrada, além de
alimentar os aquíferos subterrâneos, também se desloca lateralmente,
criando o fluxo subterrâneo.

Observe que a parcela de água que sobe de uma determinada região, por
meio da evaporação, irá se precipitar necessariamente na mesma zona
geográfica de onde evaporou. Influenciados pelo regime de ventos e também
pelas diferenças de pressão entre as regiões, ocorrem os deslocamentos de
nuvens. Esses deslocamentos, em algumas regiões, são chamados de rios
voadores. Ocorrem, no Brasil, por meio da atração que a Floresta Amazônica
exerce sobre a evaporação das águas do oceano Atlântico. Esse
deslocamento, com chuvas e evaporações sobre e na floresta, continua até

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atingir a Cordilheira dos Andes, quando se desloca então para o sul, para as
regiões Central, Sudeste e Sul.

reflita
Reflita
A água percorre o planeta nas suas mais variadas formas. Para
se ter uma ideia desse percurso, reflita em como as diferentes
formas da água acompanham a vida na terra e de que
maneira elas surgem e se transformam.

Disponibilidade de Água
Considera-se como disponibilidade de água suficiente, conforme a
Organização das Nações Unidas (ONU) (2019), o acesso a menos de mil
metros de distância, a uma fonte que forneça 20 litros por pessoa, por dia. E
essa mesma organização registra que isso não ocorre para um bilhão de
pessoas no planeta.

Isso aponta para uma disponibilidade insuficiente, não pelo volume geral,
mas, principalmente, pela regionalização desse fornecimento.

A razão dessa ocorrência é discutida nos meios científicos, sendo foco de


vários conceitos matizes. Um exemplo pode ser dado por Collischonn (2013),
quando discorre sobre a influência maior ou menor das florestas nos
períodos de chuva.

Outro fator de notada influência na disponibilidade de água é a urbanização,


a qual atua de forma acentuada no hidrograma da região, ampliando os picos
e reduzindo os tempos de resposta dele.

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praticar
Vamos Praticar
Considerando as diferentes regiões do planeta, podemos observar que algumas são
mais áridas do que outras. Temos regiões de densas florestas e outras de extensos
desertos. Isso indica a maior ou menor incidência de precipitação em cada uma
delas. Sobre a razão de menor ocorrência de chuvas em regiões desérticas, analise
as afirmativas a seguir.

i. São influenciadas diretamente pela temperatura.


ii. O regime de ventos interfere de maneira significativa.
iii. A inexistência de vegetação implica em menos evapotranspiração.

É correto o que se afirma em:

a)
I, apenas.
b)
II, apenas.
c)
III, apenas.
d)
I e II, apenas.
e)
I, II e III.

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Bacia Hidrográfica

A bacia hidrográfica é o conjunto de rios e outros córregos que, aliados ao


escoamento superficial, conduzem a água para um mesmo desaguadouro,
também chamado de exutório. Esse conceito aponta para uma ideia de região
geográfica, a qual é constituída de superfícies vertentes que organizam uma
rede de drenagem para um ponto de saída, que pode ser o mar, uma lagoa
ou até mesmo um novo rio, maior. No entanto, nesse último caso, temos uma
sub-bacia compondo uma bacia maior.

Então, temos em uma bacia hidrográfica entradas e saídas de água. Entre os


primeiros, está a precipitação e, quanto às saídas, podemos citar o
escoamento e a evapotranspiração.

Características Físicas
A delimitação da bacia é definida por meio do divisor de águas, o qual vem a
ser também um divisor de bacias. Trata-se de uma linha através da qual a
precipitação toma um ou outro lado, o que equivale dizer que pode ir para
uma bacia ou outra, conforme a região onde ocorre.

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Os rios classificam-se, quanto à sua constância de escoamento, nos três tipos


a seguir:

a. Perenes: de escoamento contínuo, durante todo o ano, mesmo quando da


ocorrência de grandes secas.

b. Intermitentes: seu funcionamento é normal durante as estações de chuvas


e, quando na estiagem, têm seu leito completamente seco.

c. Efêmeros: conduzem água somente durante a ocorrência das chuvas,


ocasião em que o deslocamento se dá apenas de maneira superficial.

Figura 1.2 - Curvas de nível e a delimitação de bacias

Fonte: pgmart / 123RF.


Dentro das características físicas, uma que melhor define os limites da bacia
são as curvas de nível, as quais apontam os vales e os picos, e, através desse
último e sua continuidade, os limites da bacia hidrográfica, conforme se pôde
verificar na Figura 1.2.

Outras características físicas das bacias e que influenciam de maneira


significativa em seu comportamento são o comprimento e o perfil longitudinal
do seu rio principal, sua declividade e a área ao longo da qual elas se
desenvolvem.

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Quanto ao rio principal, devemos atentar para o fato de que seu perfil
longitudinal irá descrever, em resumo, a tendência de declividade de
praticamente toda a bacia, influenciando, dessa maneira, nas vazões e na
condução das águas de chuva até seu escoadouro.

A declividade da bacia, que em grande parte está ligada ao perfil de seu rio
principal, está relacionada às taxas de escoamento da água sobre a sua
superfície, bem como à maneira como isso influencia no carreamento de seu
solo para as regiões mais baixas.

Quanto à área, é importante registrar que, durante uma precipitação, a altura


da chuva, multiplicada pela área da bacia, estabelece o volume precipitado
sobre aquela bacia.

Declividade
A declividade pode ser calculada, conforme Collischonn (2013), pela Equação
1.1.

(eq. 1.1)
Z 100 −Z 0
S =
L

Em que: S = declividade (m/m);

Z100 = altitude do início da rede de drenagem (m);

Z0 = altitude do exutório (m);

L = comprimento do rio principal (m).

Recomenda-se, no entanto, que as medidas sejam feitas um pouco antes


tanto do nascedouro quanto do escoadouro do rio, e computada a extensão
do rio entre esses dois pontos, com a finalidade de evitar maiores distorções.

Forma
Bacias de formato mais alongado têm tendências maiores a enchentes do que
bacias de formato mais próximo do circular, uma vez considerando que
ambas têm a mesma conformação geológica, de declividade etc.
( )
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Coeficiente de Compacidade (Kc)


Esse coeficiente define outras características físicas da bacia, sendo utilizado
para estimar a propensão a enchentes.

Também denominado índice de Gravelius, relaciona o perímetro da bacia com


o comprimento da circunferência de um círculo com área igual à da bacia.

Kc = 0, 282 
P

√A
(eq. 1.2)

Onde: Kc = índice de compacidade;

P = perímetro da bacia (km);

A = área da bacia (km2).

A propensão maior ou menor pode ser determinada pela interpretação dos


valores de Kc (BACK, 2014), conforme a tabela a seguir:

Valores de Kc Interpretação

1,00 a 1,25 1,25 a 1,50 > 1,50 Alta Média Baixa ou isenta
Tabela 1.1 - Valores de Kc quanto à propensão a grandes enchentes

Fonte: Back (2014).

Fator de Forma (Kf)


Esse índice se constitui em outro método de medir, segundo Villela e Mattos
(1975), a tendência para enchentes de uma bacia.

Também chamado de índice de conformação, esse número relaciona a


largura média (▁L) e o comprimento em linha reta (Lx) de seu principal curso-
d’água.

A largura média pode ser calculada pela relação entre a área da bacia e seu
comprimento axial (Equação 1.3). O comprimento do rio principal é medido da

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foz até o exutório, sem levar em consideração os meandros.

L =
A

Lx
(eq. 1.3)

(eq. 1.4)

A
Kf = = 2
Lx
(L x )

Em que: Kf = fator de forma;

▁L = largura média da bacia (km);

Lx = comprimento axial da bacia (km);

A = área da bacia (km2).

Bacias de mesma área podem ter tendências diferentes a enchentes, o que,


segundo esse índice, seria maior naquela de fator de forma maior. Em uma
bacia longa e estreita, os tributários chegam até o rio principal em vários
pontos ao longo de sua trajetória, o que não se verifica nas bacias de forma
tendente a circular.

Influência no Escoamento
A maior ou menor velocidade com que a água deixa a bacia hidrográfica é
dada pelo sistema de drenagem dos diversos rios que contribuem naquela
região geográfica.

Por essa razão, o estudo do sistema de drenagem de uma bacia se reveste de


uma importância significativa, uma vez que, aplicadas as equações e conceitos
que veremos a seguir, podemos, muitas vezes, prever ou mesmo evitar
ocorrências indesejadas, como enchentes, invasão de águas e até catástrofes
maiores.

Ordem dos Cursos de Água


O ordenamento dos cursos de água é uma das características mais utilizadas
para individualização da bacia hidrográfica. Essa ordem especifica a maneira

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pela qual se ramifica a estrutura formada pelos rios e seus contribuintes. A


ordem envolve todos os canais, sejam os perenes, os intermitentes ou os
efêmeros.

A Figura 1.3, que mostra o ordenamento de Horton-Strahler, descrito por


Collischonn (2013), exemplifica essa classificação, por ordem de contribuição,
partindo dos pequenos canais sem tributários. Dessa maneira, um rio de
ordem n + 1 é formado por dois rios de ordem n.

Figura 1.3 - Ordem dos cursos de água

Fonte: Elaborada pelo autor.

praticar
Vamos Praticar
Assinale a alternativa que indica a área mínima, em km , para que uma bacia possa
2

ser considerada como de alta probabilidade a enchentes. O seu perímetro é de 280


km e o índice de compacidade é 1,25.

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a)
3990.
b)
4132.
c)
4843
d)
5125
e)
6438

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Precipitação

Juntamente com a evaporação, a precipitação é o fator climático mais


importante no ciclo hidrológico. Por isso, sua distribuição e os modos como
ocorrem se revestem de grande importância para o engenheiro. A maneira
como ocorre, sua intensidade e mesmo a região em que acontecem são
aspectos que sofrem interferência de variáveis como temperatura, umidade e
regimes de vento.

Da atmosfera, por meio de sua condensação, a água pode vir a atingir a terra
nas formas de granizo, neve ou neblina, sendo a chuva a que mais ocorre em
terras brasileiras. O estudo da participação da chuva na operacionalização de
variáveis como o abastecimento de água, a irrigação e o controle de
inundações se revelam de grande importância para a Hidrologia.

Tipos de Chuva
A formação das precipitações deve-se basicamente, mas não unicamente, à
umidade atmosférica. No entanto, para que ocorra a precipitação, outros
fatores são imprescindíveis, tais como o resfriamento do ar e o movimento

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vertical das camadas desse mesmo ar, como também o crescimento das gotas
na atmosfera.

Ciclônicas
São causadas por movimento de ar de regiões de alta pressão para regiões de
baixa pressão.

Podem ser do tipo frontal, que ocorre por ascensão do ar quente sobre o ar
frio, pertencentes a massas de ar de características diferentes, e do tipo não
frontal, que ocorre por qualquer baixa de pressão, provocando a elevação do
ar.

São precipitações de longa duração e têm centenas de quilômetros de


extensão (COLLISCHONN, 2013), com movimentação relativamente lenta. O
estudo de seu comportamento é importante no dimensionamento e manejo
de grandes bacias hidrográficas.

Orográficas
Curvas orográficas ocorrem quando a corrente de ar quente e úmido, oriundo
normalmente do mar, encontra uma barreira a seu deslocamento horizontal,
tal como uma montanha. Esse fato resulta em um deslocamento do ar para
cima, onde a umidade se condensa, surgindo então nuvens, as quais se
localizam geralmente nos picos de serra, região onde as chuvas ocorrem com
frequência. Como a chuva frontal, também se estendem por grandes áreas,
ocorrendo com intensidade de baixa a moderada, com duração longa.
Também influenciam no dimensionamento e manejo de grandes bacias
hidrográficas.

Sua ocorrência no Brasil se dá, notadamente, ao longo da Serra do Mar, no


litoral de Rio de Janeiro até Rio Grande do Sul.

Convectivas
As regiões tropicais são o local típico das precipitações convectivas. Surgem
camadas de ar com densidades diferentes provocadas pela desigualdade no

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aquecimento da superfície do solo. As camadas assim aquecidas mantêm


temporariamente um equilíbrio instável, o qual, quando provocado por
ventos ou superaquecimento, é quebrado, gerando ascensão brusca e
violenta de ar menos denso, que vai se localizar em grandes altitudes.

Surgem, então, as precipitações, que se dão de maneira forte e de duração


curta, focadas em áreas pequenas. Por esses motivos, seu estudo interessa
apenas a pequenas bacias e é importante para dimensionamento de obras
hidráulicas, como as galerias pluviais.

Figura 1.4 - Tipos de precipitações

Fonte: Collischonn (2013, p. 54).

Medida das Precipitações


A medida da precipitação pluviométrica, basicamente, dá-se em função da
altura de água caída sobre uma determinada área. Os instrumentos que
realizam essa medida se chamam pluviômetros, quando apenas coletam a
chuva, ou pluviógrafos, quando, além de coletarem, registram, de alguma
maneira, a quantidade precipitada.

O pluviômetro mais conhecido se chama Ville de Paris, e consiste numa


proveta que recolhe a precipitação que atinge sua embocadura, a qual possui
uma circunferência de área 400 cm2.

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Esse tipo de medidor requer que sejam realizadas coletas, diariamente,


sempre na mesma hora. A coleta consiste em simplesmente retirar a proveta
de seu interior, realizar a leitura visual e anotar em uma caderneta. Como se
pode depreender, trata-se de uma atividade muito sujeita a erros, uma vez
que, na maioria das instalações, a leitura é feita por pessoas leigas e, muitas
vezes, não suficientemente preparadas para a tarefa.

O pluviógrafo consiste em um sistema coletor que registra a quantidade de


chuva medida. Isso pode se dar por meio da escrita sobre um papel especial
que gira sobre um tambor, ou por meio de cubas basculantes, ou mesmo por
transmissão do sinal para uma estação remota.

Radares meteorológicos e satélites também realizam medidas de


precipitações, tendo uma precisão menor do que a medida pontual do
pluviômetro, mas, em compensação, atingindo uma região muito maior.

Na medida das precipitações, três grandezas surgem como o padrão para


configurar uma chuva: intensidade, duração e frequência.

Intensidade: estabelece a relação entre a altura medida e o tempo


durante o qual isto ocorreu, ou seja, sua unidade é dada em mm/h
ou mm/min.
Duração: tempo decorrido desde o início até o fim da precipitação,
sendo medido em horas ou minutos.
Frequência: número de vezes que aquele volume de chuva ocorreu
ao longo de um determinado período de tempo. Para a engenharia,
mostra a probabilidade de que um determinado evento
pluviométrico ocorra. Esse número vem a gerar o tempo de retorno,
T, medido em anos. Quanto maior o tempo de retorno, mais intensa
a precipitação. Por exemplo, no dimensionamento da barragem das
Três Gargantas, na China, o tempo de retorno utilizado para o cálculo
estrutural foi de 10 mil anos.

Pluviograma

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O pluviograma é o registro das medidas de alturas de chuva, ao longo de um


certo tempo, que podemos observar na Figura 1.5:

Figura 1.5 - Pluviograma

Fonte: Elaborada pelo autor.


Trata-se de um pluviograma originado de um pluviógrafo com sifão. Nesse
instrumento, à medida que a chuva ingressa pelo bocal, vai se acumulando
em um tubo, o qual possui uma boia, que, por sua vez, aciona um braço com
uma pena com tinta. Essa pena está apoiada em um papel milimetrado, sobre
um tambor que gira lentamente.

À medida que a chuva aumenta dentro do cilindro, a boia faz com que a pena
vá traçando uma linha ascendente sobre o papel, que, por deslocar-se
horizontalmente junto com o tambor, recebe uma linha diagonal, que é tão
mais inclinada quanto mais intensa for a chuva. O traço vertical, descendente,
aponta o momento em que ocorre a sifonagem, ou seja, o instante em que o
cilindro com a boia esvazia-se para começar uma nova fase ascendente. A
porção da linha que se desloca horizontalmente mostra que, dali em diante,
não houve precipitação.

Ano Hidrológico
Existe uma tendência de a distribuição de chuvas retornar à média, quando se
levantam dados de dezenas de anos, conforme pode ser observado na Figura

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1.6:

Figura 1.6 - Variabilidade anual de chuvas

Fonte: Elaborada pelo autor.


Considerando uma média anual de chuva de 135 mm, nota-se que, a partir de
novembro até março, temos um período de precipitação acima da média. E,
no período abril-outubro, as precipitações ficam abaixo desse valor. Chamam-
se semestre úmido e semestre seco, respectivamente, os períodos assim
delimitados.

saiba mais
Saiba mais
A água e sua obtenção, de maneira saudável,
em torno de todo o planeta, é um dos temas
mais debatidos nos meios científicos. Sendo
assim, acesse o site da Organização das
Nações Unidas, que apresenta estudos com
base no dados nos últimos anos, nas mais
diversas regiões:

ACESSAR

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As diferentes regiões brasileiras apresentam diferentes configurações em


relação à época de ocorrência de chuvas. A sequência da variabilidade sazonal
das precipitações é que vem a ser o ano hidrológico, conforme podemos
verificar na Figura 1.7. Note-se que o ano hidrológico não inicia
necessariamente no início do ano-calendário. A esse respeito, compare os
dois gráficos, a seguir para ter uma ideia da variabilidade do ano hidrológico
no Brasil:

Figura 1.7 - Chuvas anuais em duas cidades brasileiras

Fonte: Collischonn (2013, p. 61).

Chuva Média: Thiessen e Isoietas


O pluviômetro capta a chuva em uma área de 400 cm2, e a associação de
vários aparelhos distribuídos espacialmente por uma região geográfica pode
nos dar uma ideia mais abrangente daquela chuva. De forma que,
multiplicando a altura de chuva dos pluviômetros pela área abrangida, temos
a lâmina de chuva regionalizada. Entre os métodos para homogeneizar esses
cálculos, veremos o método de Thiessen e o método das isoietas.

Método das Isoietas


Esse método parte de um mapa de isoietas, que são curvas de regiões com
igual precipitação. Na Figura 1.8, a área entre as isoietas 50 e 60 recebeu 55

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mm de chuva.

Figura 1.8 - Mapa de isoietas. A área entre as isoietas 50 e 60 recebeu 55 mm


de chuva

Fonte: FEPAGRO (2019).

Método de Thiessen
Ideal para terrenos não muito acidentados, esse método leva em
consideração as alturas de chuvas apontadas pelos diversos pluviômetros
localizados dentro e mesmo fora, desde que próximo do limite, da área da
bacia hidrográfica. Esses valores são ponderados em função de suas áreas de
abrangência.

As áreas são obtidas seguindo o seguinte roteiro:

1. Unem-se, por linhas retas, os pontos correspondentes aos


pluviômetros.
2. Traçam-se perpendiculares ao centro dessas linhas (mediatrizes).
3. Mede-se a área formada pelos diversos polígonos formados.

A precipitação média P da bacia será dada por:


m

(eq. 3.1)
∑ Pi Ai
1
Pm = n
∑ Ai
1i

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Em que, P = precipitação média (mm);


m

Pi = precipitação no pluviômetro i (mm);

Ai = área abrangida pelo pluviômetro i (km ). 2

Por exemplo, na região da Figura 1.9, temos os quatro pluviômetros ali


representados. Os pluviômetros P e P , apesar de estarem fora da bacia,
2 4

podem nos fornecer informações importantes sobre as chuvas daquela região


e terão seus dados proporcionalmente aproveitados.

Figura 1.9 - Método de Thiessen

Fonte: Elaborada pelo autor.


Traçados os alinhamentos conforme roteiro da Figura 1.9, ficam discretizadas
as áreas assinaladas pelas quatro cores mostradas. O valor dessas áreas é
calculado uma única vez para essa região. Todas as chuvas que ocorrerão
depois têm seus dados coletados dos quatro pluviômetros, mas a área não se
altera.

Digamos que as áreas A   , A   , A    e A    sejam, respectivamente, 56


1 2 3 4

km   , 64 km   , 82 km     e 39 km   . E que desejamos calcular a


2 2 2 2

precipitação média nessa bacia, em uma ocasião em que os pluviômetros


apresentaram as seguintes leituras: P   = 105 mm, P  = 45 mm, P   = 92
1 2 3

mm e P = 87 mm.
4

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Conforme a Equação 1.5, temos uma precipitação média nessa bacia de:

Pm =
105×56 + 45×64 + 92×82 + 87×39

56+64+82+39
= 81, 7 mm  (eq 1.5)

praticar
Vamos Praticar
Uma determinada bacia hidrográfica, na qual estão instalados cinco pluviômetros,
apresenta o quadro de precipitações por área a seguir. Assinale a alternativa que
apresenta a precipitação média da bacia (em mm).

Pluviômetro Precipitação (mm) Área (km


2
)

P
1 125 80

P
2 98 102

P
3 103 48

p
4 85 92

p
5 128 78

a)
84.
b)
96.
c)
107.
d)
123.

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e)
148.

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Chuvas Intensas

Quando o engenheiro inicia o dimensionamento de estruturas hidráulicas,


como pontes, bueiros, canais ou vertedores, o primeiro dado concreto de que
necessita é relativo aos esforços que atuarão sobre tal construção. Esse dado
concentra-se, principalmente, nas piores chuvas que ocorrerão naquela
região e que, por consequência, atuarão sobre a estrutura.

Sendo assim, esse estudo denomina-se chuvas intensas e consiste em prever


uma determinada precipitação sobre uma determinada área, considerando as
chances de ocorrerem em um período de tempo. Estamos falando, então, de
intensidade, duração e frequência de uma precipitação, o que é conhecido
pela sigla IDF.

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reflita
Reflita
Sobre a variabilidade sazonal da chuva, você já pensou como o
ano hidrológico varia ao longo de todo nosso vasto território?
Consulte sites como ANA e Scielo e reflita como temos
resultados diferentes em toda nossa região brasileira.

Quando se dispõe de dados hidrológicos de uma região, a compilação de


dezenas de anos desses valores permite que se construa o que se chama de
curvas IDF ou, também, as equações IDF, para determinado local.

As equações possuem a forma geral:

(eq. 4.1)
b
a⋅T R
I = d
(t+c)

Em que, I = intensidade da chuva (mm/hora);

TR = tempo de retorno (anos);

t = duração da precipitação (min);

a, b, c, d = parâmetros característicos de cada local.

Na Tabela 1.2, a seguir, temos os parâmetros a, b, c, e d, para várias


localidades brasileiras, agrupados por Collischonn (2013):

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03/05/2022 17:03 Ead.br

Parâmetros para equações IDF

Parâmetros
Localidade
a b c d

Aracaju (SE)
0,726
Belém (PA) Belo 834,205 0,179
0,758
Horizonte (MG) 1085,508 0,156 0,1
0,84
Brasília (DF) 1447,87 0,207
0,884
Cuiabá (MT) 1574,7 0,133
0,739
Curitiba (PR) 1016,453 0,159
15 12 20 1,041
Florianópolis (SC) 5726,64 222 0,1648
8 7,5 41 0,3835
Fortaleza (CE) 2345,29 0,173
0 28,31 0,904
Goiânia (GO) 920,45 0,1422
12 10 0,7599
Manaus (AM) 1136,504 0,158
11,619 0,764
Porto Alegre (RS) 1297,9 0,171
1
Porto Velho 11 18 20 0,85
1181,378 0,159
28 22 10 0,757
(RO) Rio Branco 1419,345 0,162
0,795
(AC) Rio de 1239 0,15
0,74
Janeiro (RJ) São 1519,371 0,161
0,777
Luiz (MA) São 3462,6 0,172
1,025
Paulo (SP) 1248,856 0,177
0,769
Teresina (PI)
Tabela 1.2 - Parâmetros a, b, c e d para diversas localidades no Brasil

Fonte: Collischonn (2013).

1 Pluviômetro localizado no 8o Distrito de Meteorologia.

A equação IDF também é representada pelo que se denomina curvas IDF,


conforme apresentado na Figura 1.10:

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Figura 1.10 - Curvas IDF

Fonte: 8º DMET-Porto Alegre-RS.


As curvas são construídas para cada pluviômetro, com base em dados
registrados ao longo de anos.

praticar
Vamos Praticar
Um engenheiro precisa conhecer o impacto que uma determinada chuva irá causar
sobre um bueiro que vai dimensionar. A obra será construída na cidade de São
Paulo (SP). Nesses casos, as obras destinadas à drenagem urbana são projetadas
para um tempo de retorno entre 3 e 5 anos. O tempo de duração da chuva de
projeto depende fortemente do tempo de concentração da bacia que alimentará
aquele bueiro. Esse tempo também pode ser estipulado no próprio edital pelo qual
a obra está sendo licitada. Digamos que esse exemplo exija uma duração de chuva
de 15 minutos.

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03/05/2022 17:03 Ead.br

Assinale a alternativa que indica a intensidade de chuva, em mm/h, à qual esse


bueiro deverá resistir.

a)
87.
b)
98.
c)
106.
d)
113.
e)
210.

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indicações
Material
Complementar

LIVRO

A guerra da água
Harald Welzer
Editora:
Geração
ISBN:
XXX-XX-XXX-XXXX-X
Comentário:
a obra traz uma visão abrangente sobre
como a água pode, num futuro não muito distante,
levar as civilizações a procedimentos acima do razoável
para sua obtenção. As regiões afetadas negativamente
pelas mudanças climáticas em curso são abordadas
pelo autor, lançando um olhar para o futuro com base
numa sólida base de dados práticos do presente.

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FILME

Quando tudo está perdido


Ano:
2014
Comentário:
um homem navegando num veleiro,
sozinho no oceano, sofre um acidente e fica à deriva
num bote salva-vidas. Importante observar como
resolve o problema de abastecimento de água,
utilizando para isso os conceitos vistos nesta unidade
sobre evaporação e condensação.
Para saber mais sobre o filme, assista ao
trailer
:

TRAILER

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03/05/2022 17:03 Ead.br

conclusão
Conclusão
A existência humana é inteiramente dependente da água, por isso, estudos
como o que fizemos nesta unidade sobre o ciclo hidrológico e sua dinâmica
revestem-se de tão grande importância.

Além disso, também é importante que se atente à distribuição da água no


globo, formando as diversas bacias hidrográficas e à maneira como elas
formam a rede que conduz esse líquido de uma região para a outra.

Sendo assim, estudamos o modo como se dá a precipitação e aprendemos


métodos de quantificar o volume da chuva sobre uma determinada região.

E, por fim, como parte das atribuições de um engenheiro, tomamos


conhecimento do dimensionamento das chuvas intensas e seu impacto sobre
as estruturas de condução de água.

referências
Referências
Bibliográficas

https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12323 32/34
03/05/2022 17:03 Ead.br

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS.


Quantidade de água
. Disponível em
https://www.ana.gov.br/panorama-das-aguas/quantidade-da-agua
. Acesso
em: 20 nov. 2019.

BACK, A. J.
Bacias hidrográficas
: classificação e caracterização física.
Florianópolis: Epagri, 2014.

COLLISCHONN, W.
Hidrologia para engenharia e ciências ambientais
.
Porto Alegre: ABRH, 2013.

FEDERAÇÃO ESTADUAL DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DO RIO GRANDE DO


SUL. Disponível em: fepagro.rs.gov.br. Acesso em: 3 nov. 2019.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS.


A ONU e a água
. Disponível em:
https://nacoesunidas.org/acao/agua/
. Acesso em: 2 nov. 2019.

VILLELA, S. M.; MATTOS, A.


Hidrologia aplicada
. São Paulo: McGraw-Hill,
1975.

https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12323 33/34
03/05/2022 17:03 Ead.br

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