Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DEI-GEOLOGIA
LUANDA
2021
I
MARCO PAULO NEVES DOS SANTOS CARLOS
Orientador
LUANDA
2021
II
Dedico este trabalho à minha família, em especial aos meus queridos avós,
António Camilo Nunes da Costa (in memoriam) e Maria de Lourdes Bartolomeu dos
Santos Carlos (in memoriam).
III
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus por me guiar pelo bom caminho ao longo desta longa e
encantadora jornada, cheia de altos e baixos, onde, sem dúvida alguma, predominou
a esperança por dias melhores e a perseverança para o alcance de um sonho que
não termina com esta licenciatura; pelo contrário, abrem-se as portas para novas
oportunidades de aprendizado e realizações profissionais.
Aos meus queridos pais, Wladislau Carlos e Dilsa Neves, e ao meu irmão
António Carlos, meus pilares, pela educação e valores morais e cívicos transmitidos,
essenciais na interacção humana, que constitui um dos elementos fundamentais para
o sucesso na vida profissional. Agradecimentos extensivos à toda família, pela
convivência saudável, pela paciência e compreensão em virtude das minhas
ausências, e pelo incentivo contínuo que me permite sonhar mais alto e trabalhar em
prol das minhas aspirações.
À minha namorada, Daisy de Carvalho, aos meus amigos e colegas por todo o
apoio prestado nas horas de maior dificuldade ao longo desta jornada académica, pelo
companheirismo e solidariedade.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Gabriel Luís Miguel, primeiramente por notar em
mim o potencial subaproveitado e me desafiar diariamente a fazer diferente e melhor;
agradeço por todas as oportunidades a mim concedidas para integrar grupos de
investigações, por todas as capacitações profissionais, e por todos os outros aspectos
que moldaram a minha personalidade e que, devagar vão tornando realidade o perfil
profissional que preconizei para mim.
Aos meus professores Irina Miguel, Maria Pereira e Artur Freitas, que de forma
directa e indirecta contribuíram, cada um a seu nível, desde a fase de recolha
bibliográfica até ao domínio de metodologias e softwares integrados que
possibilitaram estruturar este Trabalho de Fim de Curso.
IV
Office, em particular o Excel, amplamente utilizado para análises estatísticas deste
estudo, e no domínio de índices que permitem uma melhor interpretação das
características climáticas da área de estudo deste Trabalho.
V
respectivamente, permitir a realização das análises de isótopos estáveis das amostras
de águas recolhidas, e por ensinar e monitorar todo o processo através de um curso
com duração de trinta (30) dias, de forma gratuita.
Aos Administradores comunais, aos Padres Católicos das Casas de Missão das
diferentes localidades de Ondjiva e Arredores, e à população em geral da área de
estudo, pela disponibilidade no esclarecimento de aspectos históricos que muito se
relacionam com a cultura da água das comunidades locais e tornaram possível
inclusive a conceptualização do Projecto EFUNDJA.
VI
‘’Quem semeia entre lágrimas, colherá com alegria’’
- Salmo 126, 5
VII
ÍNDICE
VIII
8.3 CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA DAS AMOSTRAS DE SOLOS
RECOLHIDAS EM ONDJIVA E ARREDORES ..................................... 68
8.4 DETERMINAÇÃO DA ORIGEM DAS AMOSTRAS DE ÁGUAS
ATRAVÉS DA ANÁLISE DE ISÓTOPOS ESTÁVEIS ........................... 82
8.5 CLASSIFICAÇÃO HIDROQUÍMICA DAS AMOSTRAS DE ÁGUAS
RECOLHIDAS EM ONDJIVA E ARREDORES ..................................... 87
8.6 CÁLCULO DA RECARGA EFECTIVA COM BASE NO BALANÇO
HÍDRICO MENSAL DO SOLO ............................................................. 94
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................... 104
10. RECOMENDAÇÕES .................................................................. 106
REFERÊNCIAS .................................................................................. 108
ANEXOS ............................................................................................ 111
ANEXO A: FÓRMULAS MATEMÁTICAS UTILIZADAS PARA
DIFERENTES CÁLCULOS................................................................. 111
ANEXO B: RESULTADOS DAS ANÁLISES DE IÕES MAIORITÁRIOS
EFECTUADAS PELO IGEO ............................................................... 113
ANEXO C: RESULTADOS DAS ANÁLISES DOS ISÓTOPOS 2H E 18O
EFECTUADAS PELO CNIC ............................................................... 116
ANEXO D: BOLETINS MODELOS DOS ENSAIOS DE ANÁLISE
GRANULOMÉTRICA DAS AMOSTRAS DE SOLOS ......................... 117
ANEXO E: BOLETIM MODELO DO ENSAIO DE PROCTOR NORMAL
119
ANEXO F: BOLETINS MODELO DO ENSAIO DE PERMEABILIDADE
POR CARGA CONSTANTE ............................................................... 120
IX
ÍNDICE DE FIGURAS
X
Figura 14 - Cidade de Ondjiva distribuída por Bairros. Fonte: Plano Urbanistíco da
Cidade de Ondjiva Vol. III (SINFIC, 2005) ................................................................. 30
XI
Figura 28 - Colophospermum mopane. Fonte: wikipedia .......................................... 47
Figura 34 - Esquema das tipologias de recarga (Modificado de Vries & Simmers 2002).
Fonte: Freitas, 2010. ................................................................................................. 57
XII
Figura 43 – Ensaio de Compactação leve em molde pequeno (Proctor Normal). ..... 70
XIII
ÍNDICE DE TABELAS
XIV
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 6 - Distribuição do risco de salinização dos solos por irrigação com base nas
amostras de águas recolhidas em Ondjiva e Arredores. ........................................... 94
Gráfico 7 - Balanço hídrico mensal do solo do ano hidrológico mais húmido da série
considerada - 2010/2011 - com uma Retenção máxima de 6,30mm ...................... 100
XV
LISTA DE ACRÓNIMOS E ABREVIAÇÕES
XVI
GPCP- Precipitation Climatology NASA - National Aeronautics and
Project (Projecto climatológico de Space Administration (Administração
Precipitação) Nacional de Aeronáutica e Espaço)
Tundavala
PLANAGEO - Plano Nacional de
XVII
Rr - Recarga real SW-SM – Areia bem graduada com
silte
SADC- Southern African Development
Community (Comunidade de TDS – Total Dissolved Solid (Total de
Desenvolvimento da África Austral) Sólidos Dissolvidos)
XVIII
VSLAP - Standard Light Antarctic WEF – World Economic Forum (Fórum
Precipitation (Precipitação Antárctica Económico Mundial)
Ligeira Padrão)
XIX
RESUMO
XX
ABSTRACT
XXI
1. INTRODUÇÃO
Figura 1 - Parte da equipa do trabalho de campo da expedição científica realizada no Cunene (Julho, 2019).
Fonte: Water Security and Drought Resilience in the South of Angola
1
Fruto desta experiência foi possível constatar, in loco, que a carência de
trabalhos actualizados referentes aos estudos hidrogeológicos da cidade de Ondjiva
e Arredores, assim como a diminuta, dispersa e muitas vezes infundada informação
técnico-científica necessária para a garantia do êxito das actividades de prospecção,
pesquisa e exploração de águas subterrâneas e sua gestão integrada, constituem
obstáculos para a aplicação eficaz, segura e sustentável de metodologias que visam
o armazenamento subterrâneo das águas superficiais, disponíveis durante os
episódios cíclicos de inundações e/ou alagamentos, servindo como fonte alternativa
para o abastecimento comunitário durante os períodos de seca.
Do ponto de vista hidrológico, a seca vivida entre os anos 2015 e 2019 foi
considerada como o episódio mais seco e severo dos últimos 35 anos (Figura 2). Tal
situação afectou a qualidade de vida de 2,3 milhões de habitantes das províncias da
Huíla, Namibe e Cunene e favoreceu o desemprego, uma vez que a criação de gado
bovino constitui a principal actividade económica da região Sul, e com a seca, 72 mil
cabeças de gado, referentes à província do Cunene, pereceram (ONU News, 2019).
2
Figura 2 - Chimpaca seca, utilizada para o abastecimento comunitário e abeberamento de gado.
1.1 Problema
3
1.3 Objectivos Específicos
1.4 Hipótese
4
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Figura 3 - Comunidade vulnerável em busca de água para consumo diário (Ondjiva, Cunene).
5
Geofísica do Laboratório Nacional de Engenharia Civil – LNEC (Lisboa, Portugal),
identificou e caracterizou o que denominou por Província Hidrogeológica Cuvelai-Mui-
Pereira D’Eça-Namacunde, fazendo recurso à dados hidrogeológicos de poços, e de
campanhas de sondagens eléctricas verticais.
6
forma lenticular e com extensão meandrizada, ora contínuos, ora interrompidos, os
quais hidraulicamente comportam-se como aquíferos confinados à semi-confinados.
7
Figura 4 - Esboço dos principais sistemas aquíferos. ASD- Aquífero Superficial Descontínuo; APPP -Aquífero
Pouco Profundo Principal; APP - Aquífero Profundo Principal; AMP - Aquífero Muito Profundo. Fonte: SINFIC,
2005.
3. METODOLOGIA
8
2º Aquisição de dados referentes à física da atmosfera (precipitação, temperatura
e humidade relativa) e seu tratamento estatístico, com a finalidade de proceder
à uma análise temporal da variação destes, e compreender a sua influência na
ocorrência cíclica de eventos hidrológicos extremos e consequentemente no
fenómeno de recarga eficaz dos Aquíferos Pouco Profundos de Ondjiva e
Arredores;
9
3.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
10
Sendo a água um recurso natural indispensável à manutenção da vida, ao
desenvolvimento económico e social de uma nação e ao equilíbrio ambiental,
considerando ainda que o processo de desenvolvimento sustentável impõe a
necessidade urgente da gestão integrada dos recursos hídricos de uma nação, o que
implica a adopção de Políticas e Estratégias adequadas ao contexto local, foi
analisado um conjunto de ordenamentos jurídicos, como o Política Nacional de
Ciência, Tecnologia e Inovação, e seus instrumentos de Gestão (2011), Plano
Nacional de Águas (2017), os quais compõem o ambiente legislativo no domínio das
águas em Angola, com vista a identificar áreas cinzentas e propor soluções para
garantir a segurança hídrica da região.
11
O referido satélite foi desenvolvido para auxiliar o estudo das mudanças e
tendências de precipitação, com vista a identificar eventos extremos originados pelas
mudanças globais, e é gerado a partir do algoritmo PERSIANN, o qual utiliza dados
da faixa do infravermelho GridSat-B1 e é ajustado utilizando o produto mensal do
Global Precipitation Climatology Project (GPCP).
Figura 5 - Portal do CHRS - apresentação dos dados de precipitação referentes à data 01/01/1983 na
área de estudo.
12
em operação desde 1997, projectado para melhorar a compreensão da distribuição e
variabilidade da precipitação nos trópicos como parte do ciclo hidrológico no sistema
climático actual. Este, utiliza microondas e sensores infravermelhos visíveis para a
aquisição dos dados de precipitação diária, com uma resolução de 0,25 graus, entre
35 graus ao norte e 35 graus ao sul do equador.
Figura 6 - Recolha de dados de precipitação diária pelo satélite TRMM através do Portal Giovanni - NASA
Por fim, os dados de precipitação diária para o ano hidrológico 2019/2020 foram
obtidos através da Plataforma Online SASSCAL WeatherNet – estação de Onjiva
(Station ID: 46943) -, um portal sob égide do Centro da África Austral para Ciência e
Serviços para Adaptação as Alterações Climáticas e Gestão Sustentável dos Solos
(em inglês Southern Africa Science Service Centre for Climate Change and Adaptive
13
Land Management – SASSCAL), o qual fornece dados referentes à parâmetros da
física da atmosfera, em escala anual, mensal e diária (Figura 7).
14
Para o efeito, foi utilizado como mapa base, o Mapa Geológico de Síntese do Bloco UTE-6, como parte do Mapa Geológico
de Angola a escala 1:500.000, sob propriedade do Plano Nacional de Geologia – PLANAGEO (Figura 8).
15
Acto contínuo, recorreu-se ao uso de MDE, por via de imagens SRTM de
resolução 1 arc/segundo, obtidas do Portal Earth Explorer, sob a égide dos Serviços
Geológicos dos Estados Unidos (em inglês United States Geological Survey – USGS),
os quais, em mosaico, compõem o MDE de Ondjiva e Arredores (Figura 9). Deste, foi
possível a determinação de feições que permitiram a análise topográfica, Hidrológica
e Vegetacional da área de estudo e interpretações afins, apresentados nos capítulos
que se seguem.
16
A equipa de trabalho, inicialmente composta por cinco integrantes,
nomeadamente Prof. Doutor Gabriel Luís Miguel, Orientador do TFC e Coordenador
Científico da Expedição; MSc. Maria João Pereira, ambos docentes do Departamento
de Ensino e Investigação - DEI de Geologia da Faculdade de Ciências Naturais da
Universidade Agostinho Neto - UAN; e pelos Senhores Marco Carlos - autor deste
TFC -, Denilse Machado e Edson Rita, estudantes finalistas do curso de Geologia –
opção Geologia Aplicada, foi reduzida para apenas três elementos (Figura 10), mesmo
após a aquisição dos bilhetes de passagem de Luanda/Lubango/Luanda, atendendo
à imprevistos e outros aspectos condicionantes que impossibilitaram a participação
da MSc. Maria João Pereira e do Senhor Edson Rita nesta Expedição.
17
reconhecimento de feições geomorfológicas, estruturais e litológicas que
testemunham as condições propícias para a recarga/descarga, armazenamento e
circulação de água nas formações geológicas existentes na área de estudo, assim
como a elaboração de um inventário completo de pontos de águas, incluindo a
medição de parâmetros físico-químicos das águas, campanha de amostragem de
águas e materiais sólidos, bem como da mecânica dos solos regionais (Ensaio de
Determinação da Massa Específica Aparente do Solo em Seco).
O plot dos pontos inventariados foi realizado por meio do GPS de marca
Garmin, modelo 62s; a Bússola de marca Konustar, foi utilizada para a medição das
atitudes das camadas e sua orientação espacial.
18
compactação do solo em análise. Este, foi realizado através do método de Garrafa de
Areia, normalizado pela NBR 7185 de Agosto de 1986, sob a égide da Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Esta Norma aplica-se a todo o tipo de solo
independentemente da sua constituição granulométrica, escaváveis com auxílio de
ferramentas de mão e cuja porosidade natural seja reduzida o suficiente, com vista a
evitar que a areia utilizada para a realização do ensaio penetre nos mesmos. O
material escavado deve ser suficientemente coesivo e firme, de modo que as paredes
da cavidade aberta permaneçam estáveis durante a execução do ensaio, evitando o
colapso das paredes da cavidade e sua deformação. Apraz realçar que o
procedimento de calibração das fracções granulométricas que compõem o referido
Garrafa de Areia, foi realizado pela equipa de trabalho da Expedição Científica ao
Cunene, 2021, no Laboratório de Geotecnia da Empresa CFRL – Sociedade de
Construção, Fornecimentos e Reabilitação, Lda.
19
Figura 11 - Realização do Ensaio de Determinação da Massa Específica Aparente do Solo em Seco.
20
A Tabela 1 apresenta as Normas utilizadas para os procedimentos dos ensaios
mencionados no parágrafo anterior.
Tabela 1 - Descriminação dos Ensaios geotécnicos realizados em laboratório e respectivas normas utilizadas.
21
Foram igualmente submetidas dez (10) amostras de águas para a análise dos
isótopos Deutério - 2H cuja abundância na natureza é de cerca de 0,015% e 18O, com
0,204%, no Laboratório de Hidrologia Isotópica do Centro Nacional de Investigação
Científica – CNIC (ex Centro Tecnológico Nacional - CTN), situado em Luanda, cujo
objectivo é a determinação da origem das águas recolhidas em diferentes fontes,
delimitação de áreas de recarga e descargas de águas subterrâneas descritas nas
diferentes bibliografias e suas relações hidráulicas com os cursos de águas
superficiais. Para o efeito, a metodologia utilizada foi a Espectrometria de Absorção a
Laser, por meio do equipamento Liquid Water Isotope Analyzer – Los Gatos Research.
As propriedades dos isótopos que tornam a sua utilização atractiva são o seu
fraccionamento e a radioactividade, que quando existe, permite, através da
abundância isotópica e da taxa de decaimento, estimar idades das águas.
22
3.3 REALIZAÇÃO DE BALANÇOS HÍDRICOS MENSAIS
23
d) Humidade prévia do solo nos últimos cinco dias antes da análise.
Uma das razões dos fracassos dos modelos mensais deve-se precisamente à
diferença entre os valores de P e ET; quando realizado o balanço hídrico, os valores
de escorrência superficial e infiltração são, quase sempre, nulos, o que pode não
corresponder à realidade, uma vez que em algumas regiões de clima árido e semi-
árido o principal tipo de precipitação é de origem frontal e não orográficas, como o
caso de Ondjiva e Arredores, o que significa que podem ocorrer aguaceiros
significativos em curtos espaços de tempo, que não são contabilizados nos modelos
mensais de balanço hídrico do solo.
24
Outros modelos de estimativa da recarga subterrânea, como o modelo de
Balanço da Massa de Cloretos (em ingês Chloride-mass Balance – CMB), o qual
consiste num modelo de estimativa directa da recarga de águas subterrâneas e é
frequentemente utilizado em virtude do seu custo reduzido de aplicação. A base
fundamental do método CMB está consubstanciada no facto de o fluxo de água que
atravessa o plano da superfície freática do aquífero pode ser calculado se: (1) o ião
cloreto presente nas águas subterrâneas tiver origem apenas da precipitação e se
infiltra directamente no aquífero, não considerando as recargas do tipo difusas; (2) o
ião cloreto é conservativo no sistema; (3) o fluxo da massa do ião cloreto não se altera
ao longo do tempo; e (4) não há reciclagem ou concentração prévia do ião cloreto na
composição do aquífero em estudo. Este, tem sido amplamente aplicado para a
estimativa da recarga subterrânea na porção namibiana dos aquíferos inseridos na
ára da Bacia hidrográfica do Cuvelai-Etosha, geralmente apresentada como Cuvelai-
Etosha Basin (CEB), onde, segundo literaturas é estimada entre 0,21% a 38,46% da
precipitação média anual da porção namibiana, igual a 350 mm/ano.
4. RESULTADOS ESPERADOS
5. PRODUTOS E SERVIÇOS
25
6. ENQUADRAMENTO DA ÁREA DE ESTUDO
A província do Cunene, com uma área de 77.151 Km2 e situada na região Sul
de Angola, é limitada a Norte pela província da Huíla, a Sul pela República da Namíbia,
a Oeste pela província do Namibe e a Este pela província do Cuando Cubango.
26
Môngua, Pereira D’Eça (actual Ondjiva) passou a ser o local de criação do centro
administrativo e de permanência das tropas portuguesas atendendo à sua importância
estratégica.
27
6.1.1 Acessos e Demografia
O planeamento urbanístico de uma cidade deve garantir que esta seja resiliente
à eventuais fenómenos naturais e situações adversas que deles podem resultar. No
entanto, o crescimento da malha urbana de Ondjiva e Arredores é fortemente
condicionada pela morfologia da área, tendo em conta a susceptibilidade de
ocorrência de riscos geológicos, como as inundações.
28
Figura 13 - Ligações Viárias mais significativas na província do Cunene. Fonte: Plano de Urbanização da Cidade
de Ondjiva - Caracterização Urbana (SINFIC, 2005)
29
Figura 14 - Cidade de Ondjiva distribuída por Bairros. Fonte: Plano Urbanistíco da Cidade de Ondjiva Vol. III
(SINFIC, 2005)
30
6.2 CLIMA
31
Figura 16 - Distribuição espacial da precipitação na Bacia Hidrográfica do Cuvelai-Etosha. Fonte: BGR
32
A título de exemplo, registe-se que os quantitativos diários podem alcançar
valores extremamente elevados, implicando o desencadear de inundações
locais, que serão tanto mais expressivas, quanto as condições pré-existentes
ao nível hidrológico se apresentarem. Desta forma, entre os valores diários
mais elevados registados para a área de Ondjiva contam-se os 206mm de
Março de 1947, os 139mm de Dezembro de 1968 e os 93,5mm de Fevereiro
de 1962 (Plano de Urbanização da Cidade de Ondjiva, SINFIC, 2005, p.59).
Figura 17 - Quantitativos pluviométricos por estação húmida (Pereira D’Eça / Ondjiva - 1937-74). Fonte: SINFIC,
2005
33
Esta situação atesta de forma clara o padrão de extrema irregularidade
característico dos climas semi-áridos. Com efeito apenas em oito anos, dos
trinta e sete referenciados, se registaram quantitativos anuais superiores a
700mm. Em 71/72, os quantitativos pluviométricos apenas atingiram os
277,7mm, ultrapassando em termos mínimos os 308,4mm de 63-64, definindo
períodos de grave escassez hídrica tanto para o abastecimento de água para
consumo doméstico como para as actividades agropecuárias, apenas
colmatados parcialmente pela presença de captações de abastecimento de
água subterrâneas (Plano de Urbanização da Cidade de Ondjiva, p.59, 60).
Figura 18 - Plano de Urbanização da Cidade de Ondjiva, p.59, 60). Fonte: Plano de Urbanização da Cidade de
Ondjiva, p. 60.)
34
De realçar que, outro aspecto de extrema importância refere-se à identificação
de períodos de seca, onde em dois ou mais anos consecutivos os valores de
precipitação foram inferiores em 1/3 à média, como os correspondentes a 1939-
42, 1948-49, 1952-53, 1955-56, 1958-61 e 1972-73, sendo este factor
particularmente importante quando se associa a um padrão regional que
interfere directamente com o evento cíclico da “efundja” e desta forma
directamente interligado com a disponibilidade de água superficial e
subterrânea” (Plano de Urbanização da Cidade de Ondjiva, p. 60).
35
Gráfico 1 - Distribuição da Precipitação pela série de 37 anos hidrológicos. laranja: anos secos; Verde: anos
regulares; azul: anos húmidos.
36
6.3 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA
Figura 19 - Mapa geológico da Bacia Hidrográfica do Cuvelai-Etosha. Fonte: Dill et al. 2012
37
A referida Bacia Endorreica estabelece uma região que testemunha episódios
de aplanação superficial ocorridos no Terciário médio, e que se encontra recoberta
por espessos depósitos de origem eólico-fluvial, constituídos predominantemente por
areias e argilas, as quais correspondem aos depósitos continentais do andar superior
do Sistema do Kalahari; comumente ocorrem arenitos ferruginosos, silicificados e
calcários recobertos por areias de origem eólica, incluindo areias do Kalahari
redistribuídas.
A área de estudo está assente sobre um soco cristalino constituído por rochas
ígneas e metamórficas, como granitos e gnaisses, com idades compreendidas entre
os 2600 e 1700 milhões de anos, correspondentes ao Neo-arqueano superior e Paleo-
proterozóico inferior, respectivamente, concernentes à Era Pré-câmbrica, os quais
afloram na comuna da Mupa, situada a NE do centro de Ondjiva.
Entre 550 e 300 milhões de anos atrás (Era Paleozóica), a Bacia Sedimentar
do Kalahari vivenciou um intenso período de erosão continental, com maior incidência
38
sobre as cadeias montanhosas originadas aquando da colisão das placas tectónicas
por inversão de sentido da Deriva Continental e formação do supercontinente
Gondwana. Este conjunto de processos e seus efeitos derivados, resultaram na
instalação de uma época glaciar que cobriu o planeta durante o Pérmico, em que o
actual vale do Cunene, também conhecido por Vale Fóssil de Ondjiva, é testemunho
deste período na área de estudo.
39
Segundo Carvalho (1957), a cidade de Ondjiva e seu entorno é caracterizado
por ocorrência de grés argilo-calcários, com eventuais nódulos de calcário de
coloração cinzento claro, que constitui a rocha regional, onde se instalou a rede de
vales e canais de um antigo delta interior, e parte da estrutura estratigráfica da
sequência sedimentar do Kalahari, que possui cerca de 5000 m de espessura na
região abrangida pela área de estudo.
40
A paisagem de Ondjiva e arredores é marcada essencialmente por quatro
morfologias típicas, com centenas de paleo-canais, como resultado de um conjunto
Ecango
de fenómenos decorrentes do seu clima semi-árido e alteração no padrão de
drenagem do rio Cunene – aquando da sua captura pelo oceano Atlântico, já no
Quaternário - conforme se observa na Figura 22.
Ecango
41
iii. Ecangos: depressões que se situam no interior dos Mufitos, constituídos
litologicamente por argilas cinzentas escuras. Estima-se que a sua formação
seja semelhante à formação das Dolinas em cenário cársico, visto que
os Mufitos podem ter até 70% do teor em carbonato de cálcio nos seus grés
argilo-calcários (Marques, 1966); deste modo, os Ecangos podem ter-se
formado através da dissolução de áreas pontuais dos Mufitos através da água
da chuva. Porém, existe ainda outra teoria que afirma que os Ecangos são
chanas estanques, que correspondem à uma fase de assoreamento avançado
pós-captura do rio Cunene pelo oceano Atlântico. Existem vários tipos de
Ecangos, aqueles que dispõem de uma abertura que permite a saída de água,
e os totalmente fechados, sem comunicação com outros Ecangos ou Chanas
(Figuras 23 e 24).
Figura 23 - - Principais feições morfológicas da área de estudo vistas através de imagem satélite.
42
Chana
Mufito
43
Figura 25 - Mapa de Declividade da área de estudo (dado em percentagem - %).
44
Figura 27 - Solos predominantemente arenosos
Figura 26 - Solos predominantemente silto-argilosos
relacionados com a sequência litoestratigráfica
de origem fluvial, relacionados com a drenagem
superficial do Grupo Kalahari.
endorreica do rio Cuvelai.
45
A tabela 2 apresenta as características dos principais subgrupos de solos que ocorrem em Ondjiva e Arredores, suas
características e susceptíbilidade a alagamentos:
Tabela 2 - Características dos principais agrupamentos de solos regionais. Fonte: SINFIC, 2005.
Unidade Drenagem
Tipo de solo Agrupamento de solos Permeabilidade Alagamento
Morfológica Superficial
Regossolos psamíticos de sedimentos não
Regossolos Mufito
consolidados recentes, pleistocénicos ou do Kalahari Rápida Alta Nunca ocorre
Psamíticos (coroamento)
superior
Psamíticos pardocentos francamente lavados a lavados
Psamíticos
de sedimentos não consolidados recentes, Mufito Rápida Alta Nunca ocorre
Pardocentos
pleistocénicos ou do Kalahari superior
Anídros cinzentos semi-áridos compactos Chana Lenta Muito baixa Frequente
Anídros cinzentos semi-áridos compactos com forte
Ecango Muito lenta Muito baixa Frequente
halomorfismo
Pardo-cinzentos
semi-áridos Anídros pardos ou pardo-acinzentados semi-áridos
Mahenene Lenta Baixa Ocasional
compactos
Anídros pardos ou pardo-acinzentados semi-áridos não Mufito
Rápida Alta Nunca ocorre
compactos (vertente)
Pardo- Anídros pardo-avermelhados semi-áridos compactos Mahenene Lenta Baixa Ocasional
avermelhados
Anídros pardo-avermelhados semi-áridos não
semi-áridos Mufito Rápida Alta Nunca ocorre
compactos
46
A vegetação do Cuvelai-Etosha é caracterizada como Savana Cauducifólia, típica de
regiões áridas e semi-áridas, com gramíneas e árvores de pequeno e grande porte onde se
inserem as plantas que perdem as suas folhas na época de estiagem, com o objectivo de
evitar a perda de água pela transpiração das folhas.
47
Não obstante às tipologias de vegetação acima mencionadas, a tabela 3 apresenta os principais grupos de vegetação
predominantes em Ondjiva e Arredores:.
48
Formação
Arbustiva Esparsa Arbustos e árvores do tipo Savana arbóreo-arbustiva. Limites dos Ehumbos
com Árvores
Formação
Arbustiva Densa de Colophospermum mopane Mufitos e Mahenenes
Mutiati (ou Mopane)
Formação
Mufitos e Mahenenes amplamente
Arbustiva Esparsa Colophospermum mopane
explorados antropicamente
de Mutiati
Formação
Arbustivas Densas
Acacia kirkii Margens das Chanas
e Esparsa de
Espinheiras
Formação Arbóreo-
Colophospermum mopane, Acacia kirkii, Diospyros Zonas de descarga de águas
Arbustivas Sujeitas
mespiliformis e Hyphaene ventricosa subterrâneas nas Chanas.
a Alagamento
49
6.5 HIDROLOGIA SUPERFICIAL E SUBTERRÂNEA
Comuna do Evale
Figura 29 - Loclização espacial do limite entre os regimes do rio Cuvelai. Mapa Hipsométrico da Bacia
Hidrográfica do Cuvelai. Fonte: SINFIC, 2005.
50
e Este da área de estudo, dispõe de uma superfície extremamente plana, com
margens ligeiramente mais elevadas em relação ao centro, sendo as áreas mais
elevadas da bacia situadas a norte, onde a paisagem vai se suavizando até a fronteira
entre Angola e Namíbia, onde a drenagem altera-se predominantemente para o
sentido sul (Figura 31) em convergente até à Caldeira do Etosha (em inglês Etosha
pan), a qual constitui o exutório da referida Bacia Hidrográfica.
Figura 30 - Limites da Bacia Hidrográfica do Cuvelai-Etosha. Fonte Luetkmeier et. all, 2017
51
.
52
Na bordadura oriental da bacia do Cuvelai, identificam-se dois corpos
hidrográficos de actividade hídrica superficial efémera, as mulolas Namolo e
Lupangue, que se enquadram numa extensa superfície que se caracteriza por
apresentar uma vasta constelação de ecangos sem comunicação hídrica superficial
entre si. A primeira poderá em episódios de cheia excepcionais atingir o sistema
escoante do Tchimporo, enquanto que a segunda, num mesmo evento, tenderá a
canalizar as águas superficiais directamente para o Etoshapan.
53
Figura 32 - Limites da Província Hidrogeológica Delta Cuvelai-Mui-Pereira D'Eça-Namacunde Marques, 1966).
Fonte: SINFIC, 2005.
54
Struckmeier (2001) identificaram em território Namibiano, estas e outras
unidades aquíferas, mais profundas, que têm continuidade para Ondjiva e
Arredores. É no interior das Chanas que se encontram os principais aquíferos da
região, descrito em ‘Caracterização Biofísica da Cidade de Ondjiva Vol. II’ como (1)
Aquífero pouco profundo principal (APPP), que corresponde à província
hidrogeológica de Delta Cuvelai-Mui-Pereira D’Eça-Namacunde (Marques, 1966) com
profundidades nunca superiores aos 30m, cuja qualidade da água em muitas
captações construídas não é considerada potável; (2) Aquífero Profundo Principal
(APP), também descrito em muitas bibliografias namibianas como aquífero KHO-1,
inserido no grupo Andoni - areias brancas, areias argilosas de coloração verde clara
argilas verdes, areias vermelhas, e argila vermelha pegajosa, cuja espessura máxima
é de 274m, com profundidades situadas entre os 110 e 160m; e (3) o Aquífero Muito
Profundo (AMP) - KHO-2 inserido no grupo Olukonda com cerca de 175m de
espessura, constituído por areias vermelhas e argila vermelha pegejosa, com
profundidade entre os 120 e 160m; estas sequências são de idade terciária (Figura
33).
Figura 33 - Distribuição dos principais Sitemas Aquíferos da Área de Estud, com individualização dos Aquíferos
Suspensos e Pouco Profundo Principal. Fonte: SINFIC, 2005.
55
7. INFILTRAÇÃO EFICAZ E RECARGA DOS AQUÍFEROS POUCO
PROFUNDOS
56
Figura 34 - Esquema das tipologias de recarga (Modificado de Vries & Simmers 2002). Fonte: Freitas, 2010.
Segundo Marechal et. ela (2009), em climas áridos e semi-áridos, como o caso
da área de estudo, predomina a recarga indirecta, ao passo que em regiões de clima
húmido, a recarga directa é a principal fonte.
Marques (1966) afirma ainda que somente após 30 a 40 dias do primeiro evento
de precipitação da estação chuvosa é que se verifica a primeira subida do nível
estático, pois parte da água infiltrada é utilizada para suprir o défice hídrico do solo, e
só depois desta primeira fase é que o tempo de percolação reduz para cerca de 13 a
17 dias até atingir a zona saturada, supondo que a permeabilidade seja de 1m/d.
57
7.1 Ferramentas de Gestão de Recarga de Aquíferos (MAR –
Solutions)
I. Métodos de Distribuição
II. Métodos modificadores do interior de canais
III. Infiltração Induzida
IV. Recarga com poços, túneis e perfurações
58
funcionar como dispositivo de recarga ao aquífero da província
hidrogeológica, recomendou a construção de furos de recarga no seu
fundo, os quais deveriam ser poços completos. Para tal utilizou dados da
carta de resistividade elaborada pela Brigada de Geofísica do LNEC;
59
8. RESULTADOS E DISCUSSÕES
60
Destes 162 pontos de águas, 66 correspondem à captações de águas
subterrâneas (equivalente a 40%), 43 chafarizes, 22 chimpacas, 14 cacimbas, 7 zonas
de extração de inertes, 5 Reservatórios de água, 3 estações de bombeamento/
dessalinização e 2 zonas alagadas - Chana e Ecango – (Figura 36).
61
justificada não apenas pela homogeneidade de algumas das características físico-
químicas das águas testadas nos pontos inventariados, mas também pelas
dificuldades na recolha das águas nas captações celadas. Destas, 4 correspondem à
águas recolhidas de captações de águas subterrâneas (poços), no universo dos 6
poços, dentre o total de 66 inventariados, que apresentaram condições técnicas para
a recolha de amostras.
62
Relativamente aos materiais sólidos, estava previsto no referido Cronograma
Harmonizado, a recolha de 120 amostras alteradas, entre solo e sedimentos,
obedecendo a sequência litoestratigráfica da área de estudo e a tipologia de ensaios
que se pretendiam realizar. No entanto, tendo em conta a homogeneidade litológica,
foram recolhidas quinze amostras de materiais sólidos (Figura 38) correspondentes a
13% do previsto.
Apraz-nos ressaltar que seis das quinze amostras de solos foram recolhidas
durante os seis ensaios de determinação da massa específica aparente do solo em
seco, realizado em campo pelo método de Garrafa de Areia.
63
8.2 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E HIDROGEOLÓGICA
PRELIMINAR DA ÁREA DE ESTUDO
Tabela 4 - Informação sobre as zonas de extração de inertes utilizadas para o levantamento geológico.
Localização Coordenadas
Referência Designação
Geográfica Geográficas
AQ4-1-9 (Nova 1) Escavação Virgínia Okapale II S 17º 03' 34,7''
E 15º 41' 27,7''
Escavação S 17°10'12.68"
AQ4-9 Cuamato
Representativa E 15°29'51.57"
Escavação Anhanca S 16º 47' 09,7''
AQ2-25 Anhanca
c/ Cacimbas E 15º 52' 59,5''
Escavação c/ S 16°58'33.2"
AQ1-1-1 Ondjiva
Chimpaca E 15°36'35"
AQ1-6-1 Escavação Môngua Môngua S 16º 54' 04,6''
E 15º 30' 40,7''
Escavação Ombala c/ Ombala-Yo- S 17º 04' 53,6''
B1
Chimpaca Mungo E 15º 12' 07,2''
64
De forma geral, em todas as zonas de exposição utilizadas para o levantamento
geológico foram identificadas estruturas sedimentares como canais, superfícies de
contactos rectilíneas e gradacionais, conglomerados basais, descontinuidades e
discordâncias estratigráficas (Figura 39).
65
do ponto de vista estratigráfico, a presença de uma descontinuidade denominada por
Paraconformidade ou Diastema, dependendo da extensão e datação desta unidade.
Apraz realçar que nesta formação, através das suas diáclases, verificou-se o
fluxo de água subterrânea para o meio exterior.
Entre a base e o topo desta zona de extracção de inertes, foi identificado uma
unidade composta por conglomerados basais (Figura 40), o que corresponde à uma
época de interrupção no processo de formação das margas de base e erosão; tal
descontinuidade é classificada como Desconformidade.
66
pelas habituais margas de coloração branca/acinzentada, compactas, com cerca de
8m de espessura, com fissuras nos sentidos SE e SW por onde a água no seu interior
mantém contacto com o meio externo.
67
Figura 42 - Imagem satélite da área de estudo que demonstra a distribuição espacial das semelhanças
geológicas entre os quadrantes da área de estudo.
68
Tabela 5 - Equipamentos utilizados para a realização dos ensaios geotécnicos no Laboratório PRON'GILA
Concha de Casagrande;
Limites de Consistência e Determinação do
Paquímetro; Placa de Vidro;
Índice de Plasticidade
Balança de precisão 0,1g.
Permeâmetro de carga
Permeabilidade de Solos Granulares constante; Balança de
precisão 0,1g.
69
Figura 44 – Concha de Casagrande para a
Figura 43 – Ensaio de Compactação leve em molde
realização do ensaio de determinação dos Limites
pequeno (Proctor Normal).
de Consistência dos solos.
70
Tabela 6 - Descriminação do tipo de ensaio realizado por cada amostra
Limites de Consistência e
Análise Granulométrica
Densidade das Índice de Plasticidade
ID Amostra Local de Recolha Proctor Permeabilidade
Partículas Sólidas
Peneiração Sedimentação IP LL
AQ4-9(1) Z.E.Inertes 1 1 1 1
AQ4-9(2) Z.E.Inertes
1 1 1 1 1 2
AQ4-9(3) Z.E.Inertes
AQ4-9(4) Z.E.Inertes 1 1 1 1
AQ4-9(5) Z.E.Inertes 1 1 1
AQ4* Chimpaca 1 1 1 1 1
71
AQ3-20-1 Ecango 1 1 1 1 1 1
AQ3* Chimpaca 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1
AQ1-1-1 Z.E.Inertes 1 1 1
B13 Chimpaca 1
TOTAL 13 8 8 12 12 3 4
72
8.3.1 Classificação Textural de solos
73
Conforme observado na Figura 49, elaborado por meio do software Triplot,
versão 4.1.2, das treze amostras de solos somente oito foram submetidas ao ensaio
de Análise Granulométrica por sedimentação por se tratarem daquelas mais
representativas para o efeito, correspondendo a 61,53% do total de amostras. O
referido gráfico permite a visualização da distribuição das fracções arenosas, siltosas
e argilosas que compõem os solos, e constata-se que quatro das amostras
submetidas ao referido ensaio classificam-se como Areias, e as restantes quatro
classificam-se como Areias Siltosas.
Figura 48 - Classificação textural segundo Ferret das amostras de solos recolhidas em Ondjiva e Arredores.
74
para a construção de pistas de aeroportos. Este sistema de classificação designa os
solos através de 14 letras distribuídas por pares, onde a primeira letra designa o
material que compõe o solo e a segunda reflete o estado do solo; Faz recurso à curvas
granulométricas e carta de plasticidade, cujo critério de distinção entre solos
grosseiros e solos finos é a percentagem passada pelo peneiro nº 200 que separa as
areias dos siltes; caso passe mais de 50% por este peneiro o solo é classificado como
fino, e deve-se proceder utilizando a carta de plasticidade; por outro lado, se mais de
50% do solo ficar retido no referido peneiro, o solo é classificado como grosseiro,
seguindo posteriormente outros protocolos estabelecidos.
75
amostras classificam-se como sendo do grupo A-2-4 (0), o qual corresponde a Areias
siltosas conforme classificação Unificada.
Figura 49 - Curvas granulométricas das amostras de solos recolhidas em Ondjiva e Arredores, produzidas pelo
Software Grapher.
SW-SM A-1b
SP 8% 9%
A-2-7
8% 9%
SW
7% A-2-6
9%
SM A-2-4
54% 55%
A-4
9%
SC
23%
A-3
9%
76
8.3.3 Classificação Textural segundo USDA
77
8.3.4 Determinação do Coeficiente médio de Permeabilidade
Amostra Descrição
Local de Classificação
submetida visual da Observação
recolha SUCS
ao ensaio amostra
Ensaio realizado
Areia com SC – Areia
AQ3-20-1 Ecango sem
argila preta argilosa
compactação
78
Figura 51 - Permeâmetro de Carga Constante indicado a vermelho.
O referido ensaio foi realizado em três alturas, nomeadamente, 182 cm, 162 cm
e 142 cm, com três leituras em cada altura, durante um período de três (3) minutos,
atendendo aos caudais gerados, cujos gradientes hidráulicos foram respectivamente
iguais a 15,44, 13,74 e 12,04.
79
Tabela 8 - Classificação das amostras de solos quanto ao grau de permeabilidade.
Grau de
Amostra Coeficiente de Permeabilidade
Classificação Condição
submetida Permeabilidade (Mattos
SUCS do ensaio
ao ensaio Média (m/d) Fernandes,
2011)
Para o caso da amostra AQ4-9 (2) cujo ensaio foi realizado sob duas condições,
isto é, com e sem compactação da amostra, apraz-nos realçar que, em cumprimento
da norma utilizada para o efeito, a referida amostra foi compactada com o seu teor
óptimo de água – 8,3% para 2500g de solo – (Figura 53), determinado a partir do
ensaio de Proctor Normal (Gráfico 4).
80
litoestratigráficas representativas da região, são diferentes, os quais constituem
respectivamente a litologia dos aquíferos suspensos, e a litologia que compõe os
aquíferos pouco profundos.
19,00
18,50
18,00
4 5 6 7 8 9 10 11
Teor de humidade (%)
Gráfico 4 - Leitura do Teor óptimo de água através da Curva de Compactação da amostra AQ4-9 (2)..
81
8.4 DETERMINAÇÃO DA ORIGEM DAS AMOSTRAS DE ÁGUAS
ATRAVÉS DA ANÁLISE DE ISÓTOPOS ESTÁVEIS
Coordenadas
Código da Amostra Local de Recolha
Geográficas
S 17°10'12.68"
AQ4-9 Chimpaca
E 15°29'51.57"
82
S 17º 03' 31,2''
B11 Poço
E 15º 03' 59,3''
83
As soluções padrão utilizadas para o efeito foi o VSMOW – Vienna Standard
Mean Ocean Water e VSLAP – Standard Light Antarctic Precipitation, que constituem
instrumentos de calibração para a padronização e comparação inter-laboratorial de
instrumentos utilizados para medir a composição isotópica dos materiais, neste caso
específico, da água. Estes possuem a composição isotópica bem definida e são
controlados pela Agência Internacional de Energia Atómica.
Adoptou-se, pela média de medições, que a δ2H e δ18O para o padrão VSMOW
é igual a 0‰; logo, quando aplicada a fórmula do fraccionamento isotópico, é possível
fazer-se a interpretação sobre a variação da concentração de determinada espécie
isotópica.
Onde:
84
Figura 54 - Preparação das soluções padrão e amostras de águas recolhidas em Ondjiva e Arredores.
A referida Recta surge após investigações desenvolvidas por Craig (1961), que,
por meio de uma análise sistemática das águas de precipitação, estabelece uma
correlação linear entre as concentrações de 2H e 18O. Nesta, fazem-se quarto (4)
possíveis interpretações quanto à origem das águas em função da orientação
preferencial dos resultados:
85
120
δH2 = (8*δO18) + 10
100 R² = 1
80
60
40
δH2
20
δH2 = 4,7895*δO18 - 16,253
0 R² = 0,9984
-10 -5 -20 0 5 10 15
-40
-60
-80
δO18
Gráfico 5 - Resultado das análises de isótopos estáveis das amostras de águas na recta meteórica mundial.
86
capilaridade, sofrem evaporação na zona vadosa, por se encontrarem próximos à
superfície.
87
parâmetros diversos; foi igualmente utilizado o software QUALIGRAF (Figura 56), que
permite representar os resultados de forma gráfica para melhor caracterização das
águas quanto à sua qualidade para diferentes fins.
88
1
𝐼= ∑ 𝑚𝑖 × 𝑍 2 𝑖
2
Onde:
−𝐴 × 𝑍𝑖 2 × √𝐼
𝐿𝑜𝑔ɣ =
1 + 𝐵 × 𝑎 × √𝐼
−𝐴 × 𝑍𝑖 2 × √𝐼
𝐿𝑜𝑔ɣ = +𝑏×𝐼
1 + 𝐵 × 𝑎 × √𝐼
Verificou-se, portanto, que o ião cálcio (Ca2+) é o que mais participa nas
reações químicas que podem ocorrer nas amostras de água analisadas, com uma
média geral de 12,19 meq/L, seguido do ião sódio (Na+), com uma média geral de
3,97 meq/L.
89
8.5.2 Classificação quanto ao tipo de água
Das vinte e duas (22) amostras analisadas, tendo como base a classificação
segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), vinte (20) são consideradas como
água potável (TDS< 1000 mg/L), e duas (2) são salobres (TDS 1000-5000 mg/L)
(tabela 10).
Classificação
Código da Amostra Origem TDS
OMS
90
AQ2-25-3 Cacimba 249 Água potável
91
Considerando que não existam erros analíticos que não estejam relacionados
com a ausência do ião referido no parágrafo anterior, considerou-se a percentagem
do erro normal proposto por custodio & Llamas, correspondente a cada amostra
analisada, como a representação da concentração do ião HCO 3-, estando assim em
situação de equilíbrio iónico e aptos para utilizar os resultados para diferentes
interpretações, tendo sempre em observância o exposto anteriormente.
92
Figura 56 - Distribuição das 12 amostras de águas pelo Diagrama SAR e classificação quanto ao risco de
salinização.
Nº
Código da Na Mg CE
Ca (mg/l) SAR Classificação
amostra (mg/l) (mg/l) (μS/cm)
1 AQ3-10-1 81,8 7,96 0,96 264 7,2871 C2 - S1
2 CHIMP
748 11,8 7,74 3280 41,5515 C4 - S4
CAXILA 2
3 CHIMP- TALA-
29,3 11,6 2,19 208 2,0676 C1 - S1
A-CHIKE
4 CHIMP. NOVA
5,17 3,97 1,35 61,3 0,5717 C0 - S1
CAMPO
5 AQ4-1-1 38,9 12,3 1,79 251 2,7413 C2 - S1
6 B13 84 7,02 8,41 556,8 5,0609 C2 - S1
7 B11 64,9 11,1 18,6 1016 2,7653 C3 - S1
8 AQ2-20-1 26,3 6,03 0,63 1784,9 2,7231 C3 - S1
9 PM15 4,83 20,9 5,12 173,2 0,2454 C1 - S1
10 PM18-2 5,44 11,7 1,95 102,8 0,3877 C1 - S1
11 B1-2 10,4 10 000,00 15,6 358,9 0,0286 C2 - S1
12 B14 8,34 19,1 1,34 558,9 0,4972 C2 - S1
93
Conforme observado no gráfico acima, uma (8,3%) pertence a classe C4-S4,
que indica um risco muito elevado de salinização do solo; duas (2) amostras
pertencem à classe C3-S1, correspondente a 16% e apresentam um risco de
salinização elevado. Cinco (5) amostras pertencentes à classe C2-S1 representam
cerca de 41,6% do risco de salinização moderada dos solos caso se utilize este tipo
de águas para a irrigação de campos agrícolas; três das doze amostras pertencem ao
grupo C1-S1 (25%) representam um nível baixo de salinização dos solos, e apenas
uma (8,3%) representa um risco nulo de salinização (gráfico 6).
8% 8%
17%
25%
42%
Gráfico 6 - Distribuição do risco de salinização dos solos por irrigação com base nas amostras de águas
recolhidas em Ondjiva e Arredores.
94
corresponde à quantidade máxima de água presente no sistema que se pode
evaporatranspirar.
95
Tabela 12 - Planilha de cálculo da Evapotranspiração corrigida utilizando o método de Thornthwate & Mather (1955)
Meses
set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago
Parâmetros
Temperatura
23,39 25,66 25,01 24,33 24,03 23,35 23,17 22,85 19,66 17,49 16,81 19,48
(°C)
i 10,34 11,90 11,44 10,97 10,77 10,31 10,19 9,98 7,95 6,66 6,27 7,84 114,62 a= 2,55
ETP sem corr 98,6 124,9 117,0 109,1 105,7 98,2 96,3 92,9 63,3 47,0 42,5 61,9
nº horas luz 12 12,2 12,5 13 13 12,3 12,1 11,4 11,1 11 11,1 11,3
ETP corr. 98,6 131,2 121,9 122,1 118,3 94,8 100,3 88,3 60,5 43,1 40,6 60,2
Por conseguinte, determinou-se a quantidade de água útil utilizada pelas plantas em 1m2 de solo, também referida como
Reserva máxima (Rmax), fazendo recurso à parâmetros intrínsecos às características geológicas do solo e à vegetação
predominante na área de estudo, correspondentes respectivamente à Capacidade de Campo (Cc), que consiste na quantidade
máxima de água que o solo pode absorver após o excesso ter sido drenado, e ao Ponto de Murcha Permanente (PMP), referente à
condição de humidade limite do solo em que as plantas não mais conseguem absorver a água. Os cálculos deste parâmetro
encontram-se ilustrados abaixo:
96
𝑹𝒎𝒂𝒙 = (𝑪𝒄 − 𝑷𝑴𝑷) × 𝒎
Onde:
6,4% + 13,59%
𝑪𝑐 = ⟹ 𝑪𝒄 = 𝟏𝟎%
2
97
Segundo Israelsen & Hansen (1965), os valores de PMP para solos de textura
arenosa variam entre 2 e 6%; já para solos areno-argilosos este parâmetro varia de 4
a 8%. Admitindo que exista uma distribuição espacial predominante destes dois tipos
de solo pela área de estudo, o valor de PMP utilizado deriva da média dos valores
intermédios dos intervalos apresentados; assim sendo o PMP será igual a 4%.
kg
𝒎 = 𝒅𝒆𝒏𝒔𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒅𝒐 𝒔𝒐𝒍𝒐 (𝒅𝒎𝟑) × 𝒗𝒐𝒍𝒖𝒎𝒆 𝒐𝒄𝒖𝒑𝒂𝒅𝒐 𝒑𝒆𝒍𝒂𝒔 𝒓𝒂í𝒛𝒆𝒔 𝒅𝒂𝒔 𝒑𝒍𝒂𝒏𝒕𝒂𝒔(𝒅𝒎𝟑) (1)
Dados
Dados
Área= 1m2
𝐤𝐠
𝒎 = 𝟐, 𝟓 × 𝟒𝟐𝟎𝒅𝒎𝟑 ⟹ 𝒎 = 𝟏𝟎𝟓𝟎 𝒌𝒈
𝒅𝒎𝟑
98
Uma vez calculados os parâmetros anteriores, realizou-se o balanço hídrico mensal do solo, cujos resultados são
apresentados na tabela 13:
Total
Parâmetro Set Oct Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago
(mm/ano)
P 0,7 6,3 125,8 173,8 212,2 259,7 306,3 90,7 6,8 0,0 0,0 0,0 1182,2
ETP corr. 98,6 131,2 121,9 122,1 118,3 94,8 100,3 88,3 60,5 43,1 40,6 60,2 1079,9
ETR 0,7 6,3 121,9 122,1 118,3 94,8 100,3 88,3 60,5 9,3 0,0 0,0 722,5
Déficit 97,9 124,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 33,8 40,6 60,2 357,4
Reserva 0,0 0,0 3,9 55,6 63,0 63,0 63,0 63,0 9,3 0,0 0,0 0,0
Excedentes 0,0 0,0 0,0 0,0 86,5 164,9 206,0 2,4 0,0 0,0 0,0 0,0 459,8
99
Conforme observado na tabela acima e no gráfico 7, o quantitativo
pluviométrico total do ano hidrológico mais húmido da série considerada para este
estudo é de 1182,2 mm/ano, cuja ETR igual a 722,5 mm/ano equivale a cerca de 61%
do total de entrada natural para o sistema, e cerca de 1,6 vezes inferior a este. Fontes
afirmam que em geral, a evapotranspiração na área de estudo pode atingir valores
máximos de até 2500 mm/ano; tendo em conta os valores de ETP corrigida calculados
pelo método Thronthwaite & Mather (1955), verifica-se que o valor obtido igual a
1079,9 mm/ano é cerca de 2,3 vezes inferior ao valor máximo apresentado.
350
300
250
ETP
200
P
150 ETR
100
50
0
set oct nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set
Gráfico 7 - Balanço hídrico mensal do solo do ano hidrológico mais húmido da série considerada - 2010/2011 -
com uma Retenção máxima de 63 mm.
100
Face à necessidade de aferir a porção do excedente que gera escorrência
superficial e consequentemente a porção que se infiltra e efectivamente recarrega os
aquíferos suspensos e pouco profundos, recorreu-se ao método ‘’Número de Curva’’
- NC desenvolvido pelos Serviços de Conservação de Solos (SCS) do Departamento
de Agricultura dos Estados Unidos da América, que, mediante a análise de parâmetros
intrínsecos às características da área de estudo, avalia a percentagem de precipitação
que produz escorrência directa, e consequentemente a porção que se infiltra e
recarrega os aquíferos.
Figura 57 - Gráfico de Número de Curvas de Escoamento padrão segundo o SCS. Linha vermelha (condição I);
Linha amarela (condição II); Linha azul (condição III). Fonte: Soil Conservation Services.
101
Assim sendo, observa-se que para a condição de humidade I – solo quase seco
(curva destacada a vermelho), cujo NC é 45, é necessário que a precipitação seja
superior a 3’, equivalente a 72,6 mm, para que após suprido o défice hídrico do solo,
começar a gerar escorrência superficial. Analogamente, para a condição de humidade
II – solo parcialmente saturado (curva destacada a amarelo), cujo NC é 65, a
escorrência superficial observa-se quando a precipitação supera os 30,4 mm, uma
vez que o solo já dispõe de humidade que lhe confere esta particularidade. E por fim,
na condição de humidade III – solo saturado (curva destacada a azul), são apenas
necessários 20,32 mm de chuva para que se comece a verificar escorrência
superficial.
Mês Total
Janeiro Fevereiro Março Abril
Parâmetro (mm/ano)
Excedente
86,5 164,9 206 2,4 459,8
(mm/mês)
Escorrência
Superficial 20,3 20,3 20,3 2,4 63,3
(mm/mês)
Infiltração eficaz
66,2 144,6 185,7 0 396,5
(mm/mês)
No entanto, para aferir o valor da recarga efectiva por área dos aquíferos
suspensos e dos pouco profundos, houve a necessidade de separar a superfície útil
de infiltração de cada um destes. Para tal, recorreu-se ao software ArcGis, onde
102
determinou-se que do total de 15.112,583 Km2 que compõem a área de estudo deste
TFC, 8.867,503 Km2 (58%) são ocupados pelos mufitos, os quais albergam os
aquíferos suspensos, e os restantes 6.425,08 Km2 (42%) são ocupados pelas chanas,
que albergam os aquíferos pouco profundos.
𝒎
𝑹𝒄 = 𝑰𝒆 ( ) × 𝒔𝒑(𝒎𝟐 )
𝒂𝒏𝒐
Onde:
Dados
103
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
104
apenas uma única posição das superfícies freáticas para a escala global deste estudo.
Apraz realçar que o referido valor de recarga máxima obtida para o ano mais húmido
da série considerada para este estudo não deve ser tomado como referência para
decisões futuras, uma vez que carece de uma análise profunda através do
sequenciamento diário dos dados com vista a aferir a sua precisão.
Conforme também verificado neste estudo, através dos resultados obtidos das
análises dos isótopos 2H e 18O, a recarga dos aquíferos pouco profundos provém da
precipitação chuvosa; todavia, antes desta atingir a zona saturada, passa pelo
processo de fraccionamento isotópico por meio da evaporação, em razão da
105
permanência da água durante tempo considerado na zona vadosa, como resultado
das características da permo-porosidade das formações geológicas que compõem os
aquíferos em estudo.
Por fim, com base nos resultados obtidos das análises de iões maioritários das
amostras de águas recolhidas em Ondjiva e Arredores, conclui-se que estas
apresentam um risco moderado de salinização dos solos e consequentemente dos
aquíferos pouco profundos, quando utilizadas para o exercício da rega de campos
agrícolas, tendo como base de afirmação os resultados obtidos da análise do Índice
de Adsorção de Sódio (SAR) de 12 amostras.
10. RECOMENDAÇÕES
106
isotópicas e determinar as relações hidráulicas entre corpos de águas
superficiais, como as chimpacas, e os aquíferos pouco profundos, e para
a determinação do parâmetro “altitude de recarga de aquíferos”;
107
REFERÊNCIAS
Azagra, A., & Navarro, J. (1996). Hidrologia Florestal - El Ciclo Hidrológico. Espanha.
108
Custódio, & Llamas. (1976). Hidrologia subterrânea. Barcelona.
Hirabayashi. (2013). Global flood risk under climate change. Nature Clim Change 3.
Marechal. (2009). Indirect and direct recharges in a tropical forested Watershed: Mule
Hole, India.
Paralta, E., Oliveira, M., Lubczynski, M., & Fibeiro, L. (2003). Avaliação da Recarga
do Sistema Aquífero dos Gabros de Beja segundo Critérios Múltiplos-
Disponibilidades Hídricas e Agro-ambientais. Cabo Verde.
RAISON. (2013). A Profile and Atlas of the Cuvelai-Etosha Basin. Whindoek, Namíbia:
John Meinert Pritting Whindoek.
109
Seca no sul de Angola afeta 2,3 milhões de pessoas e tira crianças da escola. (2019).
Obtido de ONU NEWS: https://news.un.org/pt/story/2019/10/1689312
UNWATER. (2020). The United Nations World Water Development Report - Facts and
Figures.
Wood, W. (s.d.). Use and Miuse of the Chloride-mass Balance Method in Estimating
Ground Water Recharge.
110
ANEXOS
Parâmetro Resultado
Variáveis Fórmula
determinado
Massa ocupada 𝑚
pelas raízes das = 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑜 105 kg
plantas × 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑜𝑐𝑢𝑝𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑎𝑠 𝑟𝑎í𝑧𝑒𝑠 𝑑𝑎𝑠 𝑝𝑙𝑎𝑛𝑡𝑎𝑠
111
Volume ocupado
pelas raízes das 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 = á𝑟𝑒𝑎 × 𝑝𝑟𝑜𝑓𝑢𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑟𝑎𝑑𝑖𝑐𝑢𝑎𝑙𝑎𝑟
0,42 m3
plantas em 1m2 de
solo
Ie – infiltração eficaz
𝐼𝑒 = 𝐸𝑥𝑐 × 𝐸𝑠
Infiltração eficaz Exc – excedente 396,5 mm/ano
Es – escorrência superficial
a) Aquíferos
suspensos=
Rc- Recursos r 3400 hm3/ano
Recursos Ie – infiltração eficaz 𝑅𝑐 = 𝐼𝑒 × 𝑠𝑝
Renováveis b) Aquíferos
Sp- superfície útil de infiltração
pouco
profundos=
2500 hm3/ano
112
ANEXO B: RESULTADOS DAS ANÁLISES DE IÕES MAIORITÁRIOS EFECTUADAS PELO IGEO
Quantidade
Data de Recepção da
Categoria da Amostra Água Potável de 22 15/06/2021
Amostras
Amostra
GB/T 5750.5-2006 Metódo Padrão de Análise de água potável – Parâmetros Nãometálicos 3.2 Cromatografia de Iões
Método de Ensaio e a sua
HJ776-2015: Determinação de 32 elementos da qualidade da água. Método de espectroscopia de emissão de plasma de
Referência
acoplamento eletromagnético
Nº de Refª do
Modelo do Equipamento ICS 5000+, iCAP 7400 ICP-OES LBG2019004, LBG2019001
Equipamento
113
Código Original da
Nº Código Unificado F-(mg/L) Cl-(mg/L) SO42-(mg/L) NO3-(mg/L) K(mg/L) Ca(mg/L) Na(mg/L) Mg(mg/L)
Amostra
1 IGEO-2021-06-001501 AQ3-10-1 0,383 6,91 35,03 0,626 2,31 7,96 81,8 0,957
2 IGEO-2021-06-001502 CHIMPACA KAZ 0,863 152 1,19 2,72 10,2 11,8 748 7,74
3 IGEO-2021-06-001503 CHIMPACA TAL 0,139 1,43 10,15 1,36 3,99 11,6 29,3 2,19
4 IGEO-2021-06-001504 CHIM CAMPO NOVO 0,059 1,42 1,11 0,695 3,28 3,97 5,17 1,35
5 IGEO-2021-06-001505 AQ4-11 0,238 10,78 25,93 15,04 3,25 12,3 38,9 1,79
6 IGEO-2021-06-001506 AQ4-4 0,767 20,9 5,29 0,9 2,91 11,8 39,2 1,88
7 IGEO-2021-06-001507 AQ2-25-1 0,697 2,82 15,4 2,36 1,4 4,29 26,8 0,38
9 IGEO-2021-06-001509 AQ2-25-3 0,328 5,69 24,1 1,56 3,66 62,3 298 7,96
10 IGEO-2021-06-001510 AQ2-25-4 0,707 5,18 57,8 1,11 0,751 6,29 64,6 0,624
11 IGEO-2021-06-001511 AQ2-25-5 0,539 1,92 21,9 0,99 0,638 5,29 31,8 0,438
114
12 IGEO-2021-06-001512 AQ2-25-6 0,426 4,9 0,03 0,72 4,27 3,65 45,4 0,718
13 IGEO-2021-06-001513 B1-3 0,583 50,3 6,02 0,84 2,64 23,4 43,7 2,75
15 IGEO-2021-06-001515 AQ-1-1 0,305 11,5 6,93 4,31 17,5 6,4 364 19,9
18 IGEO-2021-06-001518 AQ2-20-1 1,12 52,6 1,46 2,34 2,2 6,03 26,3 0,627
19 IGEO-2021-06-001519 PM-15 0,132 0,997 2,84 0,8 1,99 20,9 4,83 5,12
20 IGEO-2021-06-001520 PM-18-02 0,065 1,69 1,61 0,74 1,17 11,7 5,44 1,95
21 IGEO-2021-06-001521 B1-2 0,241 21,5 0,048 84,6 3,96 >10000 10,4 15,6
22 IGEO-2021-06-001522 B14 0,166 1,02 1,34 0,885 1,07 19,1 8,34 1,34
****************************Fim***************************
115
ANEXO C: RESULTADOS DAS ANÁLISES DOS ISÓTOPOS 2H E 18O EFECTUADAS PELO CNIC
Sample
OurLabID Last_Name Submit_Date Project_Purpose Project_Location δ2 H δ18O
ID
Ondjiva e
W-1487 Carlos 19/10/2021 TFC B13 39,4 11,61
Arredores
Ondjiva e
W-1488 Carlos 19/10/2021 TFC B11 -23,7 -1,88
Arredores
Ondjiva e
W-1489 Carlos 19/10/2021 TFC AQ1-1-1 -9,7 1,7
Arredores
Ondjiva e AQ2-20-
W-1490 Carlos 19/10/2021 TFC -45 -5,38
Arredores 1
Ondjiva e
W-1491 Carlos 19/10/2021 TFC B1-2 19,2 7,51
Arredores
Ondjiva e AQ2-25-
W-1492 Carlos 19/10/2021 TFC -52,5 -7,61
Arredores 6
Ondjiva e AQ3-10-
W-1493 Carlos 19/10/2021 TFC 19,3 7,52
Arredores 1
Ondjiva e
W-1494 Carlos 19/10/2021 TFC PM18-2 -44 -5,93
Arredores
Ondjiva e
W-1495 Carlos 19/10/2021 TFC AQ4-9 20 7,18
Arredores
Ondjiva e
W-1496 Carlos 19/10/2021 TFC PM15 -39 -4,6
Arredores
116
ANEXO D: BOLETINS MODELOS DOS ENSAIOS DE ANÁLISE
GRANULOMÉTRICA DAS AMOSTRAS DE SOLOS
117
118
ANEXO E: BOLETIM MODELO DO ENSAIO DE PROCTOR NORMAL
119
ANEXO F: BOLETINS MODELO DO ENSAIO DE PERMEABILIDADE
POR CARGA CONSTANTE
120
121