Você está na página 1de 35

Marcelino Pedro Mahicuamala

Relatório Técnico - Profissional de Cartografia Geológica

Campo III: Cabo Delgado (Montepuez)

Universidade Rovuma

Nampula

2019
Marcelino Pedro Mahicuamala

Relatório de Campo III de carácter avaliativo da


cadeira de Praticas Técnico - de Cartografia
Geológica (Campo III), a ser entregue no curso de
Geologia da Universidade Rovuma, orientado pelo
MA. Hilário Mucuto
Dr. Reinaldo Domingos

Universidade Rovuma

Nampula

2019
Índice de Figura

Figura 1: Representação do Mapa do Distrito de Montepuez. ......................................... 6


Figura 2: Unidade Litostratigrafica da área em estudo................................................... 13
Figura 3: Esboço Geológico da região ........................................................................... 16
Figura 4: Grafite em flocos. Fonte: (AUTOR, 2019) ..................................................... 20
Figura 5: Grafite com minerais de vanádio. Fonte: (Autor, 2019) ................................ 21
Figura 6: Furo de Prospeção Geológica (Sondagens). Fonte: (Autor, 2019) ................. 22
Figura 7: Grafite com Inclinação Obliqua devido a intrusão. Fonte: (Autor, 2019) ..... 23
Figura 8: Ponto de Intrusão dos pegmatitos. Fonte: (Autor, 2019) ................................ 24
Figura 9: Máquina de Sondagem Mecânica. Fonte: (Autor, 2019) ................................ 26
Figura 10: Mármore usado para estimar os cálculos de reserva. Fonte: (Autor, 2019). 27
Figure 11: Perfil litológico do marmonte. Fonte: (Autor, 2019) .................................... 28
Índice

Índice De Figura ............................................................................................................... 3


1. CAPITULO INTRODUTÓRIO ................................................................................ 3
1.1 Introdução .......................................................................................................... 3
1.2 Objectivos .......................................................................................................... 4
1.2.1 Objectivo Geral........................................................................................... 4
1.2.2 Objectivos Específicos ............................................................................... 4
1.3 Metodologia ....................................................................................................... 4
1.3.1 Gabinete De Trabalho ................................................................................. 4
1.3.2 Pesquisa Bibliográfica ................................................................................ 5
1.3.3 Observação Directa (Actividades No Campo) ........................................... 5
1.4 Aspectos Fisiográticos E De Ocupação Humana............................................... 5
1.4.1 Localização Geográfica .............................................................................. 5
1.4.2 Origem Do Nome (Montepuez).................................................................. 6
1.4.3 Organização Administrativa E Governação ............................................... 6
1.4.4 Governo Distrital ........................................................................................ 7
1.4.5 Clima, Relevo E Solos ................................................................................ 8
1.4.6 Vegetação E Fauna Bravia ....................................................................... 10
1.4.7 Meio Ambiente ......................................................................................... 10
2. Contexto Geológico................................................................................................. 11
2.1 Geologia Regional ........................................................................................... 11
2.2 Recursos Minerais ............................................................................................ 12
2.3 Unidades Litoestratigráficas ............................................................................ 12
2.4 Assembleias Mineralógica ............................................................................... 14
3. Geologia Local ........................................................................................................ 15
3.1 Descrição Dos Afloramento............................................................................. 16
3.1.1 Descrição Do Afloramento Do Grafite ..................................................... 16
3.1.2 Descrição Do Afloramento De Mármore ................................................. 25
3.2 Métodos De Exploração E Processamento Do Mármore ................................ 28
3.3 Aspectos Ambientais ....................................................................................... 29
Conclusão ....................................................................................................................... 31
Referencias Bibliográficas .............................................................................................. 32
1. CAPITULO INTRODUTÓRIO
1.1 Introdução

O presente relatório é o produto das actividades realizados em campo referente a cadeira


de Praticas Técnico-profissional de Cartografia Geológica, tendo as actividades
decorrido entre os dias 12 á 14 de Dezembro de 2019 sob a orientação do dr. Reinaldo
Domingos e MA. Hilario Mucuto, com percurso Cidade de Nampula-Cabo Delgado
(Montepuez).

A área estudada é formada pela série de Lúrio, Chiure e Cuamba, no distrito de


Montepuez um dos distritos da província de Cabo Delgado com um potencial geológico
apropriado para aquisição dos conhecimentos nesse nível.

Como instrumento indispensável na unidade curricular do curso de Geologia, os


estudantes do curso de Geologia da Universidade Rovuma de Moçambique delegação
de Nampula tiveram a oportunidade de consolidar o seu conhecimento com Pratica de
Campo no estudo da Geologia.

O trabalho deste campo tem como o principal objectivo de fazer o levamento


Cartográficos Geológico, Prospecção Geológica, Mineralógica e Geoquímica Dos
depósitos encontrados na Província de Cabo Delgado no Distrito de Montepuez tendo
como foco a visita das minas artesanais de Ouro (Nanlia e Makorongo), visitar a mina
desactiva de mármore (Marmonte), grafite (Nicanda) e por fim a mina da Rubi Mining,
o relatório focar-se-á na descrição das região de ocorrência do Marmore que abrange
uma cerca de 2km de largura e 25km de extensão de um modo continuo entre
Montepuez-Balama e a ocorrência do grafite que ocorrem em Montepuez e Balama no
província e cabo Delgado.

3
1.2 Objectivos
1.2.1 Objectivo Geral

Como qualquer actividade é feita com determinado objectivo, as Práticas de Técnico –


Profissional Cartográfico Geológica, não esta isenta da mesma, tendo como o objectivo
de fazer os estudos Cartográficos, Prospecção Geológica, Mineralógica e Geoquímica
Dos depósitos encontrados na Província de Cabo Delgado no Distrito de Montepuez
tendo como foco a visita das minas artesanais de Ouro (Nanlia e Makorongo), visitar a
mina desactiva de mármore (Marmonte), grafite (Nicanda) e por fim a mina da Rubi
Mining (Montepuez Rubi Mining).

1.2.2 Objectivos Específicos

Para se alcançar o objectivo do campo III as saídas do campo culminaram em:

 Definição ou delimitação das áreas em estudos;


 Estudo de Gabinete das áreas delimitadas;
 Reconhecimento das áreas seleccionadas;
 Estudos dos depósitos encontrados nas áreas seleccionadas.

1.3 Metodologia

Para a materialização do presente relatório que realizado no distrito de Montepuez nos


dias 10 a 14 de Dezembro do ano corrente foi seguida a sistemática básica para estudar
à Caracterização Geológica do distrito de Montepuez, Estudo de Gabinete, Pesquisa
Bibliográfica, observação directa no campo que culminaram na melhor interpretação
dos depósitos encontrados facilitando assim o levantamento dos dados.

1.3.1 Gabinete de Trabalho

Como qualquer estudo de prospecção é sempre necessário o estudo de gabinete que


consiste na planificação das actividades que seriam levadas a cabo no campo, a consulta
das estruturas regionais que lá se encontravam através dos mapas cartográficos
existentes.

4
1.3.2 Pesquisa Bibliográfica

Esta fase consistiu no levantamento bibliográfico e revisão de trabalhos anteriormente


feitos sobre a região, dissertações, relatórios, cartas geológicas e mapas.

1.3.3 Observação Directa (Actividades no Campo)

Para a realização deste estudo as actividades levadas a cabo, foram adoptadas para
dividir e organizar o trabalho que se deu em etapas contínuas e bem definidas, a saber:

No campo foram realizadas diversas actividades, como descrever afloramentos,


classificar os tipos de rochas, como ígneas, metamórficas e sedimentares, nas quais, em
alguns casos, dobras e sua composição mineralógica.
Para a realização dessa parte do trabalho foram necessários alguns equipamentos, tais
como: GPS, bússola, martelo, lupa, lápis, caneta e caderneta de campo.
Através da utilização do aparelho GPS (Sistema de Posicionamento Global) foi possível
fazer a localização geográfica dos afloramentos;
A Bússola serviu para nos orientar quanto ao norte e para medir as direcções de
acamamentos, direcção do mergulho e ângulo do mergulho;
Martelo de geólogo foi usado para retirar amostras de rochas mais resistentes para uma
análise mais detalhada;
Caderneta de campo foi usada registar o trajecto percorrido, esboçar e descrever
detalhadamente todos os afloramentos;
Lupa foi possível para aumentar a visibilidade do material com uso da lupa facilitando
assim a observação do material rochoso.

1.4 Aspectos Fisiográticos e de Ocupação Humana


1.4.1 Localização Geográfica

O distrito de Montepuez está localizado na parte sul da Província de Cabo Delgado e


dista desta a 210 km da Capital Provincial - Pemba, confinando a Norte com o distrito
de Mueda, a Sul com os distritos de Namuno e Chiúre, a Leste com os distritos de
Ancuabe e Meluco e a Oeste com os distritos de Balama e Mecula, este último da
Província do Niassa (MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO ESTATAL , 2014).

5
Com uma Superfície de 17.721𝑘𝑚2 e uma população recenseada em 1997 de 149.181
habitantes e estimada, à data de 01/01/2005, em 186.476 habitantes, este distrito tem
uma densidade populacional de 10.5 hab/𝑘𝑚2 .
A relação de dependência económica potencial é de aproximadamente 1:1.4, isto é por
cada 10 crianças ou anciões existem 14 pessoas em idade activa.

Figura 1: Representação do Mapa do Distrito de Montepuez.

1.4.2 Origem do Nome (Montepuez)

A população de Montepuez pertence ao grupo étnico (eu prefiro dizer grupo


sociocultural) Medo ou Meto. Na área do Distrito, com a população Macua-Medo
coabitam dois clãs ajaua: um na sede (regedoria Mepima) e outra em Namuno
(regedoria Macande). A sul, numa faixa de 25 quilómetros de profundidade marginando
o rio Lúrio e na área do posto de Namuno, habita um grupo Macua, tendo como a língua
oficial o português, falando-se localmente Macua, Makonde, Kimwane, Swahili, Ajaua,
Macue e Ingoni.

1.4.3 Organização Administrativa e Governação

O Distrito, para além da cidade de Montepuez, tem quatro Postos Administrativos:


Mapululo, Mirate, Nairoto e Namanhumbir que por sua vez, estão subdivididos em
10 Localidades.

6
MAPUPULO- SEDE
MAPUPULO MPUTO
MASSINGIR
MIRATE – SEDE
CHIPENBE
MIRATE MARRANGE
UNIDADE
NAIROTO- SEDE
NAIROTO NACOLOLO
NAMANHUMBIR M`PUPENE
Tabela 1: Divisão administrativa do distrito. Fonte: (MINISTÉRIO DA
ADMINISTRAÇÃO ESTATAL , 2014)

1.4.4 Governo Distrital

O Governo Distrital, dirigido pelo Administrador de Distrito, está estruturado nos


seguintes níveis de direcção e coordenação:

 Gabinete do Administrador, Administração e Secretaria;


 Direcção Distrital da Agricultura e Desenvolvimento Rural;
 Direcção Distrital da Educação;
 Direcção Distrital da Saúde;
 Direcção Distrital do Comércio, Indústria e Turismo;
 Direcção Distrital da Cultura, Juventude e Desporto;
 Direcção Distrital das Mulher e Coordenação da Acção Social;
 Direcção do Registo Civil e Notariado;
 Comando Distrital da PRM.

Para além destes órgãos, estão também adstritos ao Governo Distrital, os seguintes
organismos: Procuradoria Distrital da República:

 Tribunal Judicial Distrital;


 Direcção das Prisões;
 Delegação Distrital de Coordenação da Acção Ambiental;
 Postos da APIE;
 Representação do INAS e do sector do Trabalho;

7
 Conselho Municipal de Montepuez
 Autoridade Tributaria de Montepuez; e
 Direcção do SISE.

A gestão da vila, desde os serviços de higiene, salubridade e fornecimento de água


potável é igualmente garantida pela Administração do Distrito. Neste distrito existem
Delegações da EDM-EP, TDM-EP, Correios de Moçambique, postos da APIE.

O sistema de governação vigente é baseado no conselho Executivo. Em resultado da


aprovação das Leis 6/78 e 7/78, este Substituiu a câmara Municipal local que era
dirigida pelo Administrador do Distrito, por acumulação de funções, por força do artigo
491 da Reforma Administrativa Ultramarina (RAU).

O conselho Executivo local é um órgão distinto do Estado no escalão correspondente,


com as seguintes funções:

 Dirigir as tarefas políticas do Estado, bem como as de carácter económico, social


e cultural.
 Dirigir, coordenar e controlar o funcionamento dos órgãos do Aparelho do
Estado.

Ao nível do distrito o Aparelho do Estado é constituído pela Administração do Distrito


e restantes direcções e sectores distritais. O Administrador por sua vez responde o
Governo Provincial e Central, pelos vários sectores de actividades do Distrito
organizados em Direcções e sectores Distritais.

As instituições do distrito operam com base nas normas de funcionamento dos serviços
da Administração Pública, aprovados pelo Decreto 30/2001 de 15 de Outubro, do
conselho de Ministros, publicado no Boletim da república nº 41, I Série, Suplemento.

1.4.5 Clima, Relevo e Solos

Climaticamente a região é dominada por climas do tipo semiárido e sub-húmido seco. A


precipitação média anual vária de 800 a 1200 mm, enquanto a evapotranspiração
potencial de referência (ETo) está entre os 1300 e 1500 mm. A precipitação média anual
pode contudo, mais perto do litoral, por vezes exceder os 1500 mm, tornando-se o clima
do tipo sub-húmido chuvoso.

8
Em termos da temperatura média durante o período de crescimento das culturas, hà
regiões cujas temperaturas excedem os 25ºC, embora em geral a temperatura média
anual varie entre 20 e 25ºC.

O Distrito é atravessado por importantes rios não permanentes, isto é (sasonais) ao


longo de todo o ano, exceptuando o rio Lugenda que serve de Limite com o Distrito de
Mecula da Vizinha Província do Niassa.

Os rios não são navegáveis devido ao seu curso acidentado, mas contribuem para a para
a prática de actividades agrícolas e de pesca artesenal, gerando rendimentos á população
e tornando-se uma fonte importante da ecónomia do Distrito.

Uma parte considerável do interior é de altitudes compreendidas entre os 200 e 500


metros, de relevo ondulado, interrompido de quando em quando pelas formações
rochosas dos "Inselbergs". Fisiograficamente a área é constituída por uma zona
planáltica baixa que, gradualmente passa para um relevo mais dissecado com encostas
mais declivosas intermédias, da zona subplanáltica de transição para a zona litoral.

Os dambos (ndabo nas línguas locais) são formas especiais dos vales, não sendo
exclusivos de uma zona agro-ecológica estão presentes de uma forma consideravel na
zona R7. São depressões hidromórficas suaves ou vales extensos, não profundos, sem
escoamento de água na forma de uma linha de drenagem ou mesmo leito de rio.

O escoamento superficial é lento e difuso para além de poder beneficiar da contribuição


do fluxo da água subterrânea, principalmente nas zonas cujos depósitos apresentam
texturas grosseiras e arenosa. Estas unidades de terreno são ainda características das
áreas mais planas ao longo dos divisores de água dos rios.

A fisiografia é dominada pela alternância de interflúvios e os vales dos rios que, devido
á sua largura, profundidade e posição (em relação aos rios), poderão alternar com
dambos. Os vales dos rios são dominados por solos aluvionares (Fluvisols), escuros,
profundos, de textura pesada média, moderadamente a mal drenados, sujeitos a
inundação regular. Nos dambos encontram-se solos hidromòrficos de textura variada,
desde arenosos de cores cinzentas, arenosos sobre argila a solos argilosos estratificados,
de cor escura (Mollic, Gleyic e Dystric Gleysols, e Haplic e Luvic Phaeozems).

9
Os topos e encostas superiores dos interfluvios são dominados por complexos de solos
vermelhos e alaranjados (Rhodic Ferralsols, Chromic Luvisols), e amarelos (Haplic
Lixisols e Haplic Ferralsols). A maioria dos solos apresentam texturas médias a
pesadas, sendo profundos, bem a moderadamente bem drenados. Nas encostas
intermédias dos interflúvios os solos variam de cor, desde solos com cores pardo-
acastanhadas a castanho-amareladas, moderadamente bem drenados, com textura
argilosa.

1.4.6 Vegetação e Fauna Bravia

O distrito de Montepuez, é um dos que possui vastas zonas florestais na Província. Esta
condição leva-o a ser um dos possuidores de vários tipos de árvores de valores
económico no pais sendo o mais predominante a Umbila, Pau-preto, Metil, Jambire,
Sandalo, entre outras.
Estas florestas encontram se localizadas nas área dos postos Administrativos de
Mapupulo, Mputo, Massingir, Mirate Chipene, Nacololo, Namanhumbir, M`pupene e
Marrange.
A fauna bravia do distrito é constituída por Macacos, Leões, Crocodilos, Porcos bravo,
Antílopes, Pala-pala, Coelhos, Leopardos, Elefantes, fococeiros, Zebra, Boi cavalo e
diversos tipos de aves.
Devido a falta de mecanismo e meios de controlo, não e possível a localização exacta
das espécies acima mencionadas e muito menos as quantidades das suas populações.
Neste momento existe uma empresa, Lugenda Safaris que pretende explorar esta área
mas que ainda não está autorizada.

1.4.7 Meio Ambiente

A situação ambiental no distrito caracteriza-se por erosão dos solos na vila sede do
distrito, posto administrativo de Namanhumbir, Nanhupo, ao longo das estradas, a uma
alteração da composição do relevo devido a exploração artesanal de Rubi, pela
população nacional e oriundas de vários países.

10
2. Contexto Geológico
2.1 Geologia Regional

A geologia de Moçambique pode ser subdividida em terrenos pré-cambrianos e


Fanerozóicos. O Pré-câmbrico está representado principalmente nas partes norte e
centro-oeste do país e cobre cerca de dois terços deste.
O Pré-câmbrico, na região norte de Moçambique, é caracterizado por rochas de médio e
alto grau e constitui a extremidade sul do Cinturão de Moçambique, definido por
(HOLMES, 1951).
(HOLMES, 1951), Considerou a região Norte como pertencente ao cinturão de
Moçambique. (JOURDE, et al., 1974) apud (Marizane, 2009) introduziram os termos
Série de Nampula; mais tarde estas séries foram consideradas como Super-Grupos por
(PINNA, et al., 1987) apud (Marizane, 2009).
O Cinturão de Moçambique é parte de um cinturão orogénico maior (Orógeno Leste
Africano) que ocorre ao longo da costa leste da África, estendendo-se de norte de
Moçambique ao Sudão e Etiópia.
(HOLMES, 1951) Definiu como Cinturão de Moçambique a “extremidade sul do
Orógeno Leste Africano, com base nas descontinuidades estruturais entre o Cráton da
Tanzania e sua região vizinha oriental, e datou a Orogenia Moçambicana em cerca de
1300 Ma”. Mais tarde verificou-se que esse cinturão foi fortemente afetado também
pelo episódio termo-tectónico Pan-Africano (~500 Ma).
“Modelos mais recentes sugerem que o Cinturão de Moçambique formou-se durante a
colisão neoproterozóica entre os assim chamados Gondwana de Oeste e de Leste,
seguida do fechamento do Oceano de Moçambique” (JAMAL, 2005).
No nordeste de Moçambique, o cinturão tornou-se subdividido com o posterior
reconhecimento dos Cinturões de Lúrio e de Namama (JAMAL, 2005).
Nesta região segundo (JAMAL, 1999), estabeleceram a presença de idades no intervalo
entre 1000 e 1100 Ma em rochas granitóides no cinturão de Lúrio.
Sob o ponto de vista estrutural, estas rochas podem ser do tipo alóctone e autóctone
segundo (PINNA, 1993). O primeiro tipo exibe geralmente textura laminada,
blastomilonítica e ultramilonítica denunciando a sua posição estrutural de cavalgamento
e carreamento sobre o soco cristalino moçambicano. As rochas autóctones estão
intercaladas por granitóides concordantes metabasitos, quartzitos, gneísseis cálcicos,

11
gneísseis grafitosos, mármores e piroxenitos granantíferos e parecem estar “in situ”
embora apresentem episódios de fenómenos em locais tectónicos.

A área em estudo é caracterizada geologicamente pela ocorrência de paragneísseis de


grau elevado de metamorfismo, anfibolítos, gneísseis anfíbolicos, quartzitos, gneísseis
granulíticos, mangeritos gneissícos, migmatitos e rochas plutónicas. O conjunto de
ocorrência destas rochas é dividido litoestratigraficamente em Super-Grupo de Lúrio,
Super-Grupo de Chiúre e Super-Grupo de Nampula segundo a carta geológica de
Moçambique na escala 1:1000000 actualmente em uso (I.N.G, 1987).

2.2 Recursos Minerais

Cabo Delgado é rico em ocorrências minerais encontrando-se já identificados na


Província jazigos de mármore, grafite, calcário e argila.
Existem igualmente ocorrências de pedras preciosas e semipreciosas em regiões ainda
sob pesquisa.
No momento actual, as únicas actividades de exploração dos recursos minerais
localizam-se nos distritos de Montepuez e Ancuabe, em que estão em exploração
industrial, jazigos de mármore e de grafite. O mármore é posteriormente tratado numa
unidade industrial localizada na Cidade de Pemba, quer o mármore quer a grafite
destinam-se ao mercado externo.

2.3 Unidades litoestratigráficas

Segundo (Afonso et al.,1998 e Pinna et al.,1993) as principais unidades


litoestratigraficas aflorantes na região de estudo são Supergrupo de Nampula,
Supergrupo de Chiúre e Supergrupo de Lúrio.

12
Figura 2: Unidade Litostratigrafica da área em estudo.

13
2.4 Assembleias Mineralógica
o Grafite

Durante o século XVIII, ainda se acreditava que a Grafite fosse um composto


constituído de ferro e carbono, quando, então, J. Berzelius demonstrou que o mineral
usado para escrever era formado de carbono puro. O termo plumbago, do latim
plumbum, que significa chumbo, de onde, supostamente, a grafite teria origem, foi mais
uma identificação incorreta do mineral (TAYLOR JR., 1994) apud (Sampaio, et al.,
2008).

Tendo que a grafite natural, oriunda do metamorfismo do carbono orgânico ou de rocha


carbonatada, chegando ao mercado em três variedades: flocos cristalinos,
microcristalina ou amorfos e em veios cristalinos ou lump. Todos esses tipos de grafite
são identificados por meio de características físicas e químicas, cujas propriedades
básicas são: maleabilidade, absorvência, inércia química, elevadas condutividades
térmica e elétrica, inclusive excelentes propriedades refratárias, dentre outras.

A grafite é raramente encontrada na forma pura; sempre há uma parcela de impurezas


na sua composição. Em termos de cinzas, tais impurezas compreendem valores de 10 a
20% em massa. Em alguns casos, ocorrem também água, betumes e gases, em até 2%.

Estes podem geralmente estar associado a impurezas de óxido de ferro, argilas ou outros
minerais (Sampaio, et al., 2008).

o Mármore

Estas rochas derivadas de calcários e/ou dolomitos e contêm mais de 50% de calcita
e/ou dolomita. Os mármores “Branco Espírito Santo”, “Branco Pighes”, “Branco
Thassos” são compostos de dolomita, praticamente sem a presença de outros minerais.

Por sua vez são comumente exibem cor branca a cinzenta. Tonalidades esverdeadas e
outras estão ligadas aos minerais não carbonáticos presentes, tais como: talco, anfibólio
(tremolita), piroxénios (diopsídio), olivina (forsterita) e outros (Frascá, 2014).

14
3. Geologia Local

A área estudada compreendida entre os meridianos 38° 30' e 39° E e os paralelos 13° e
13° 30' S, fica situada a norte de Moçambique.
Esta e sustentada por uma sucessão geológica da região comportada por unidades
geológicas do Cinturão do Lúrio (‘’Lúrio Belt’’). Este representa uma subprovíncia do
‘’Mozambique Belt’’, cinturão móvel (‘’mobile belt’’) contendo rochas do soco,
nomeadamente as do Bulavaiano, Eburniano e Quibariano.
Com base nos estudos realizados pelos geólogos estrangeiros e pelos geólogos
portugueses que trabalharam em Moçambique, nomeadamente (AFONSO, 1976) e
(ARAúJO, 1976) foi descrever as sucessões que sustentam o Cinturão do Lúrio:
1. Série de rochas verdes, com intercalações de metassedimentos;
2. Dobramentos com eixos E-O e metamorfismo;
3. Série calco magnesiana : gnaisse piroxénico com intercalações de calcário e
quartzito;
4. Série grafitosa;
5. Série granulítica;
6. Série charnoquítica: gnaisse enderbítico e gnaisse charnoquítico;
7. Dobramento NE-SO e metamorfismo;
8. Gnaisse pegmatóide;
9. Intrusão de granito porfiróide;
10. Gnaisse migmatítico;
11. Dobramento E-O e metamorfismo;
12. Instalação do Complexo anortosítico;
13. Dobramento NE-SO e falhamento N-S;
14. Intrusão de diques de piroxenitos e de anfibolitos.

15
Figura 3: Esboço Geológico da região

3.1 Descrição dos Afloramento


3.1.1 Descrição do Afloramento do Grafite
o Noções Fundamentais:

Grafite: é um mineral de cor cinzento-aço, de brilho metálico, macio, untuoso ao tato e


bom condutor da corrente elétrica. A grafite origina-se por metamorfismo de matéria
carbonosa de natureza orgânica. O metamorfismo que afeta as camadas de carvão pode
originar jazigos de grafite.

SEGUNDO, a fonte: “grafite in Artigos de apoio Infopédia [em linha]. Porto: Porto
Editora, 2003-2016”.

16
o Geologia do Grafite

A Grafite natural corresponde à ocorrência do elemento químico carbono na sua forma


nativa. O mineral pode ser classificado em três tipos comerciais: Grafite em flocos, em
veio cristalino e amorfa, subdivididos em vários “graus” baseando-se no teor de
carbono, tamanho da partícula e tipos de impurezas.

Grafite em flocos: Como o próprio nome indica, tem a morfologia de flocos. Os


ambientes geológicos típicos incluem o contato ou metamorfismo regional em depósitos
de calcários ou argilas com material orgânico. Os flocos podem ocorrer segundo
distribuição homogênea em todo o corpo do minério ou concentrados em lentes na
forma de pacotes. A concentração de carbono no minério pode variar entre 5 e 40%. No
entanto, esse teor pode ainda variar o suficiente para, meramente, colorir a rocha, como
acontece com os veios existentes nos mármores. As impurezas são, usualmente,
minerais comuns de rochas metassedimentares, tais como: quartzo, feldspato, mica,
anfibólio e granada, calcita, mica e ferro.

Grafite em veio cristalino: Esta é a única forma natural do carbono, também chamada
de lump ou Grafite altamente cristalina, encontrada em veios cristalinos bem definidos
ou acumulada em pacotes ao longo dos contatos intrusivos entre pegmatitos e calcário.
Essa forma de Grafite exibe uma morfologia acicular com cristais orientados
perpendicularmente à rocha encaixante. As impurezas incluem: quartzo, feldspato,
pirita, piroxênio, apatita e calcita. Esses depósitos, relativamente raros, fornecem
Grafite maciça, cujos grãos podem ocorrer segundo vários tamanhos, desde aquele do
minério lump até os microcristais, como a Grafite em flocos e pulverizada, encontrada
nas adjacências do veio cristalino.

Grafite amorfa: O termo amorfo é uma designação incorreta, vez que se trata de um
material com uma estrutura verdadeiramente microcristalina. A Grafite amorfa possui,
caracteristicamente, uma aparência preta terrosa e macia ao tato. Certos depósitos desta
forma do mineral foram formados por metamorfismo de contato, enquanto outros são,
provavelmente, resultados da dinâmica (regional) do metamorfismo. A Grafite amorfa
pode ser encontrada com teor de carbono que varia entre 75 e 90%, e seu tamanho pode
variar desde 75 mm até 5 μm. Os depósitos viáveis economicamente exigem um teor
mínimo de carbono da ordem de 8%. A natureza e a quantidade das impurezas

17
dependem da rocha que deu origem ao jazimento. O teor de carbono contido em tais
depósitos amorfos tem relação com a quantidade de sedimentos destes depósitos.

o Paragénese do Grafite e Uso

A Grafite natural ocorre principalmente em rochas metamórficas e, mais raramente, em


pegmatitos, diques e veios associados com rochas ígneas. Além do grafite usado no
lápis (mistura de Grafite e argila), o mineral é usado na fabricação de refratários
(moldes de fundição), lubrificantes, tintas, eletrodos, equipamentos elétricos,

o Localização dos Afloramentos

Este afloramento encontra-se na localidade Administrativa de Mapupulo - Nicanda,


dista a 50 km da cidade de Montepuez, a norte de Balama fazendo uma relação com os
eventos encontrados neste afloramento tomou-se em consideração a divisão do mesmo
em pontos para facilitar a compreensão na altura da descrição dos fenómenos
geológicos de cada ponto e afloramento.

Neste afloramento foi possível que observar a Grafite aflora sub á superfície, é numa
área onde ainda encontra-se a decorrer estudos geofísicos deste recurso, para puderem
determinar os contornos e as quantidades, o tipo de Sonda que é feita é sondagem
(mecânica), Vertical.

O grafite desta zona são influenciados pelas formações de Séries de Chiúre e Lúrio
(Cinturão Orogênico do Lúrio (´´LÚRIO BELT´´), no complexo de Montepuez.

o SÉRIE GRAFITOSA

A série grafitosa distribui-se numa faixa orientada na direcção NE-SO, encaixada em


gnaisse pegmatóide. É caracterizada essencialmente por: xisto quartzítico, quartzito,
micaxisto e gnaisse, todos eles ricos em grafite e fucsite. Intercalados na série
observam-se:

Diopsiditos esbranquiçados a esverdeados, leptinitos, aplitos e pegmatitos com mica


branca. Um corte perpendicular à orientação da série, no sentido da inclinação, a SO do
monte Pomue, denota a seguinte litologia, de baixo para cima:

 Gnaisse grafitoso;
 Leptinito com grafite, pirite e com óxidos de manganês;

18
 Quartzito xistificado com grafite;
 Xisto quartzítico com grafite e fucsite.

No que diz respeito à estrutura, a série grafitosa apresenta dobramento monoclinal


arqueado com a direcção N 35° E na parte NE e N 45° E na parte SO a inclinação do
flanco é próxima de 60° para noroeste.

Os quartzitos, no que diz respeito ao grão e à composição, apresentam diversos tipos de


fácies. São de grão fino e bandeados na parte sudoeste da série e grosseiros na parte
nordeste. As cores variam desde branco sacaróide a cinzento. São feldspatizados com
transição para gnaisse quartzítico. Intercalados nos quartzitos encontram-se lentículas de
micaxisto microdobrado com mica branca e xistos felspatizados. Na composição dos
quartzitos além do quartzo, observa-se, acessoriamente, feldspato, diópsido, óxidos de
ferro, grafite e fucsite.

I° PONTO (NIK01) 13.11.2019

dd°,mm´ss.s´´ Elevação UTM


NIK01 (m)
Latitude 13° 10’ 37.8’’ 477785.353E
Coordenadas 518
Longitude 038° 47’ 04.2’’ 1456737.11N
37L
Direções de Acamamento 17 320

Temos pois neste afloramento Grafite como uma direcção de acamamento do Oeste a
Este, encontrados nas formas laminada na horizontal, agregada em flocos (flakes), com
minerais de quartzo e argila ao redor do afloramento.

Uma vegetação pouco densa como a presença do solo escuro, que possivelmente
condicionados pela mineralogia deste local, apresentado pois caracterisca de Grafite em
flocos cujo ambiente geológicos típicos destes é por contato ou metamorfismo regional
em depósitos de calcários ou argilas com material orgânico. O mineral também ocorre
em veios e exibe uma estrutura folheada ou fibrosa. Com folhas de clivagem basal
perfeita e são opacas, possuem brilho metálico, enquanto o material amorfo é preto
terroso.

19
Figura 4: Grafite em flocos. Fonte: (AUTOR, 2019)

II° PONTO (NIK02)

NIK01 dd°,mm´ss.s´´ Elevação UTM


(m)
Coordenadas Latitude 13° 10’ 30.9’’ 481605.0656E
550
Longitude 038° 49’ 48.9’’ 1456522.302N
37L
Direções de Acamamento 17 320

Neste afloramento o Grafite em certos pontos esta associados a outros minerais de cor
verde, que supostamente seja o Vanádio que se incorporou com uma estrutura
cristalinas no grafite.

20
O vanádio encontra-se bastante disperso na natureza e este ocorre em diversos locais
principalmente em carvões e em petróleos bruto, por estes serem derivados do mesmo
mineral (Carbono) pode ser uma das razões pela qual neste local a ocorrência deste
mineral (Vanádio).

Como a mesma direcção de acamamento que a anterior Oeste a Este, encontrados nas
formas laminada, agregada em flocos (flakes).

Com uma vegetação um pouco mas densa que o primeiro ponto, com a presença do solo
escuro, que possivelmente condicionados pela mineralogia do local.

Figura 5: Grafite com minerais de vanádio. Fonte: (Autor, 2019)

21
Entre o II° PONTO (NIK02) ao III° PONTO (NIK03)

NIK04 dd°,mm´ss.s´´ Elevação UTM


(m)
Coordenadas Latitude 13° 10’ 22.1’’ 478001.692E
556
Longitude 038° 47’ 49.2’’ 1456254.646N
37L
Direções de Acamamento 50 125

Entre estes pontos foi notórios furos de sondagens, que estavam a ser realizados neste
local de modo a se aferir dados suteis da região, de modo a ser exploráveis este mineral
que ocorre neste local.

Devido a inclinação das camadas os furos eram implantados perpendicularmente a


inclinação das camadas, e por explicações do orientador dr. Reinaldo Domingos, estes
devem apos isso achar a media dos pontos que foram implantados os furos.

Figura 6: Furo de Prospeção Geológica (Sondagens). Fonte: (Autor, 2019)

22
III° PONTO (NIK03)

NIK03 dd°,mm´ss.s´´ Elevação UTM


(m)
Coordenadas Latitude 13° 10’ 35.7’’ 478089.323E
598
Longitude 038° 47’ 52.1’’ 1456672.354N
37L
Direções de Acamamento 40 330

Este ponto diferentemente dos outros pontos, foi o mas alto, neste afloramento Grafite
como mostra a imagem possuía dois sentidos de acamamento devido a sua inclinação
oblíqua, que foi provoca pela intrusão de pegmatitos que afloraram em alguns pontos
deste cume.

Figura 7: Grafite com Inclinação Obliqua devido a intrusão. Fonte: (Autor, 2019)

23
V° PONTO (NIK05)

NIK05 dd°,mm´ss.s´´ Elevação UTM


(m)
Coordenadas Latitude 13° 10’ 35.7’’ 477947.847E
598
Longitude 038° 47’ 47.4’’ 1456672.468N
37L
Direções de Acamamento 40 330

Este ponto foi marcado pela presença de intrusão de pegmatitos que possivelmente
tenham originado a orientação de acamamento do grafite em duas partes possivelmente,
dando origem a estruturas de grafite inclinados no cume do monte estudado.

Com minerais de micas, minerais desenvolvidos de quartzo e feldspato.

Figura 8: Ponto de Intrusão dos pegmatitos. Fonte: (Autor, 2019)

24
3.1.2 Descrição do Afloramento de Mármore
o Noções Fundamentais:

Mármore: é uma rocha metamórfica proveniente do calcário e dependendo da


composição de seus minérios pode apresentar variadas cores como rósea, branca,
esverdeada ou preta. Dentre esses minérios está a mica, o feldspato e outros.

Ela recebe o nome de rocha metamórfica porque é formada a partir da transformação


físico-química sofrida pelo calcário a altas temperaturas e pressão. Isto explica porque
as maiores jazidas de mármore se encontram em regiões de atividade vulcânica e que
possuem a rocha matriz calcária.

O grau metamórfico juntamente com a composição química do mineral é que moldam a


rocha dando variadas cores e texturas, e fazem do mármore um material rentável na
indústria de rochas ornamentais.

I° PONTO (MAR01) 12.11.2019

MAR01 dd°,mm´ss.s´´ Elevação UTM


(m)
Coordenadas Latitude 013° 05’ 50.6’’ 497678.456E
433
Longitude 038° 58’ 42.9’’ 1447905.731N
37L
Direções de Acamamento 50 250

A este ponto este esta sendo feito pesquisa com testemunhos de sondagens com
maquina de sondagem mecânica, para se ter as profundidades reias da ocorrência do
mármore no local, sendo que esta realiza o testemunho de sondagem conservante, em
que a parte do corpo rochoso é conservado para ser estudado, dando a ideia clara como
esta dispostas as camadas no subsolo.

25
Figura 9: Máquina de Sondagem Mecânica. Fonte: (Autor, 2019)

II° PONTO (MAR02)

MAR02 dd°,mm´ss.s´´ Elevação UTM


(m)
Coordenadas Latitude 013° 05’ 55.8’’ 497407.474E
479
Longitude 038° 58’ 33.9’’ 1448059.349N
37L
Direções de Acamamento 50 250

Para este ponto fez-se uma simulação do cálculo de reserva de depósitos que consisti na
estimação de valores para a determinação do teor do minério e da relação Ganga e
Minério para analisar a viabilidade e exploração deste jazido.

26
Figura 10: Mármore usado para estimar os cálculos de reserva. Fonte: (Autor, 2019)

III° PONTO (MAR03)

MAR03 dd°,mm´ss.s´´ Elevação UTM


(m)
Latitude 013° 05’ 32.7’’ 498271.605E
Coordenadas 479
Longitude 038° 59’ 02.6’’ 1447355.824N
37L
Direções de Acamamento 65 250

Para o afloramento em descrição foi feito um levamento de medição das direções das
camadas e a descrição do perfil do local em estudo.

27
Figure 11: Perfil litológico do marmonte. Fonte: (Autor, 2019)

3.2 Métodos de Exploração e Processamento do Mármore

O método de desmonte é um dos métodos mas usados na exploração do mármore pós


esta define a sequência de operações que permite a produção de blocos.

O método é estabelecido em função das características do jazigo mineral (possança,


orientação e inclinação da camada a desmontar, entre outros) e da necessidade de
produção, influenciando significativamente o tipo de maquinaria a utilizar e a
organização logística da área a explorar.

Foi na região de Carrara (mármores Apuan) onde o mármore começou a ser explorado
intensamente pelos Romanos a partir do ano 89 A. C.. A zona onde esta exploração se
realizava era conhecida, na época, por Luna. O mármore Lunense começou a ser usado
nas habitações privadas no ano 48 A.C (CAPUZZI, et al., s/d).

O desenvolvimento da actividade de extracção de mármore só ganha expressão no


século XIX graças ao emprego de pólvora negra no desmonte. Esta nova técnica veio

28
aumentar os níveis de produção, embora tenha também contribuído para a deterioração
de determinadas jazidas, graças à fracturação induzida pela acção do explosivo no
maciço. Do material desmontado com recurso àquela técnica, só uma pequena parte
pode ser aproveitada comercialmente pelo facto da estrutura cristalina do mármore não
suportar as ondas da explosão.

Em 1854 o fio helicoidal, pelo francês Eugène Chevalier, na forma curiosa de uma
máquina para serrar a pedra.

Apesar disso, a grande difusão do fio helicoidal na extracção do mármore só foi


definitivamente aceite em 1897, quando o engenheiro italiano A. Monticolo introduziu a
poleia penetrante que permitia talhar o mármore. Esta técnica promovia o corte da rocha
graças à tensão que nela é exercida pelo fio helicoidal em movimento linear e à mistura
de água e areia siliciosa (abrasivo) que é adicionada no sulco, conduzindo à
desagregação da rocha na espessura correspondente ao diâmetro do fio.

Em 1978, da máquina de fio diamantado que, com os melhoramentos sucessivos, se


tornou num equipamento de corte de mármore em todas as direcções (cortes verticais,
horizontais e inclinados) com excelentes rendimentos (CAPUZZI, et al., s/d).

Hoje em dia, a máquina de fio diamantado ainda se encontra bastante difundida na


indústria extractiva das rochas ornamentais e, em especial, na dos mármores. Apesar
disso, tem vindo a ser notória a substituição desta técnica em algumas operações devido
ao aparecimento da roçadora.

3.3 Aspectos Ambientais

As questões ambientais tem sido um dos factores preocupantes na exploração deste


mineral, pois são favoráveis à exploração subterrânea de mármores. Oque É um facto
que as cada vez maiores e mais severas exigências ambientais vêm dar uma ajuda
importante ao desenvolvimento da lavra subterrânea de mármores, uma vez que os
baixos rendimentos das explorações a céu aberto provocam o aparecimento de enormes
ruinas, totalmente desenquadradas na paisagem da planície.

A exploração subterrânea, dado o seu carácter selectivo, uma vez que permite deixar
pilares em zonas com fraca ou nenhuma qualidade ornamental e explorar as zonas
melhores (embora seguindo critérios adequados sem realizar lavra ambiciosa),

29
possibilita reduções consideráveis na produção de estéreis, ao mesmo tempo que deixa
livre o terreno à superfície para outros usos (ex.: agricultura), revelando-se um método
menos agressivo para a paisagem.

Por outro lado, a lavra subterrânea apresenta ainda outros benefícios ambientais,
nomeadamente a redução do nível de ruído emitido para o exterior e a minimização dos
impactos causados na paisagem, na flora e na fauna, além de permitir um
armazenamento de resíduos nas cavidades subterrâneas criadas.

30
Conclusão

Com os estudos realizados, os dados obtidos, analisados e interpretados do trabalho de


campo III realizado, que tem como o grande foco fazer o levantamento Cartográfico
Geológico e de Prospecção Geológica do Distrito de Montepuez, conclui-se que:

 Do ponto de vista geológico a geologia da zona norte é de estrema importância


para os estudos científicos, ela sofre uma grande influência nas suas séries, pode
se dar o caso de terem as mesmas formações geológicas, (litológicas), com a
vizinha província do Niassa.
 O distrito de Montepuez em Moçambique a ocorrência do mineral Coríndon,
Vanádio, concretamente nas Províncias de Cabo Delgado e Niassa (no Niassa a
ocorrência de Rúbi, ainda carece de alguns estudos, mais por possuírem
características litologias semelhantes pode se dar o caso), estes precisam de
estudos para aferir os dados de ocorrências destes minerais nestas regiões.

31
Referencias Bibliográficas

AFONSO R. S. A geologia de Moçambique - Notícia explicativa da Carta Geológica de


Moçambique, 1/2000000 [Livro]. - [s.l.] : Direc. Servo Geol. Minas Moçambique,
Maputo, 1976.

ARAúJO J. R. Mozambique Belt: uma interpretação geocronológica [Livro]. - [s.l.] :


Memórias e Notícias, Pub. Mus. Lab. Min GeoI. Univ. Coimbra n.O 81, 1976. - pp. pp.
86-102.

CAPUZZI Q., JACOPO e EMMANUEL L’Escavazione Del Marmo Di Carrara”.


Internazionale Marmi e Macchine Carrara [Livro]. - [s.l.] : S.P.A.. Carrara, s/d.

Frascá Maria Heloísa B. O. TIPOS DE ROCHAS ORNAMENTAIS E


CARACTERÍSTICAS TECNOLÓGICAS [Livro]. - Rio de Janeiro : [s.n.], 2014.

HOLMES A The sequence of pre-Cambrian orogenic belts in south and central Africa
[Livro]. - [s.l.] : 18th International Geological Congress, London (1984), 39:379-428.,
1951.

I.N.G Carta geológica 1.1000000, Ministério dos Recursos Minerais de Moçambique


[Livro]. - Maputo : Direcção Nacional de Geologia, 1987.

JAMAL D. L. [Livro]. - [s.l.] : PhD thesis, University of Cape Town, 2005.

JAMAL D.L., ZARTMAN, R.E. AND DE WIT, M.J. U-Th-Pb single zircon dates
from the Lurio Belt, Northern Mozambique: Kibaran and Pan-African orogenic events
highlighted [Livro]. - [s.l.] : Journal of African Earth Science; Geological Society of
Africa 111, abstract,, 1999. - p. pg. 32.

JOURDE G e WOLFF J.P Com a colaboração de TROTTEREAU, G. contribuição


para o conhecimento da geologia de Montepuez (grau quadrado 1338) [Livro]. - [s.l.] :
Maputo, Direcção Nacional de Geologia, 1974. - pp. pp 10-30..

Marizane Danta Processamento e Interpretação de Dados Aerogeofísicos da Província


de Cabo Delgado em Moçambique [Livro]. - 2009.

32
MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO ESTATAL PERFIL DO DISTRITO DE
MONTEPUEZ PROVÍNCIA DE CABO DELGADO [Livro]. - 2014. - Primeira edição,
primeira impressão 2012.

PINNA P., JOURD, G., CALVEZ, J.Y., MROZ, J.P. & MARQUES, J.M The
Mozambique Belt in northern Mozambique: Neoproterozoic (1100-850 Ma) crustal
growth and tectogenesis, and superimposed Pan-African (800-550 Ma) tectonism.
Precambrian Research, 62, No.1 :1-59 [Livro]. - 1993.

PINNA P., MARTEAU,P., BECQ-GIRAUDON J. e MANIGAULT B carta


geológica da república Popular de Moçambique, 1/1000000 B.R.G.M [Livro]. - Instituto
Nacional de Geologia., Maputo, 2 fls : [s.n.], 1987.

Sampaio João Alves, Braga Paulo Fernando Almeida e Dutra Achilles Junqueira
Bourdot Rochas e Minerais Industriais (Grafita) [Livro]. - [s.l.] : CETEM, 2008. - 2a
Edição.

TAYLOR JR. H. A Graphite. In: Industrial minerals and rocks, 6th Edition, D. D. Carr
(Senior Editor), Society of Mining, Metallurgy, and Exploration, Inc [Livro]. - Littleton,
Colorado : [s.n.], 1994. - pp. 1196p., p. 561-570.

33

Você também pode gostar