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Brazilian Journal of Animal and Environmental Research

Recursos hídricos e vulnerabilidade ambiental: o caso da bacia hidrográfica do


Rio Acaraú

Water resources and environmental vulnerability: the case of the Acaraú


hydrographic basin
DOI: 10.34188/bjaerv3n3-118

Recebimento dos originais: 20/05/2020


Aceitação para publicação: 20/06/2020

Mariana da Silva de Lima


Especialista em Desenvolvimento do Semiárido pela Universidade Estadual Vale do Acaraú
Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
Endereço: Rua Francisco da Rocha Martins, s/ nº. Bairro Pabussu, Caucaia, CE. CEP: 61609-090
E-mail: marianalima@ifce.edu.br

RESUMO
Este trabalho se propôs a apresentar reflexões sobre a questão dos recursos hídricos, e o direito a este
recurso natural tão fundamental, no Estado do Ceará, por meio de uma pesquisa bibliográfica
descritiva, analisando especificamente dados sobre a situação ambiental da bacia do Acaraú,
localizada na região norte cearense. O rio Acaraú, localizado na porção meio-norte do Ceará, tem
sido bastante degradado com o desenvolvimento desenfreado em torno de suas margens. A agricultura
irrigada, por conta do uso inadequado de agroquímicos, tem sido uma das atividades que preocupam
na região. Os estudos apresentados demonstram que ainda há muito a fazer para que a Política
Nacional de Recursos Hídricos possa ser de fato cumprida em sua totalidade. Mesmo com alguns
avanços importantes na política de gerenciamento de recursos hídricos, é necessário que poder
público e população possam reconhecer as fragilidades ambientais desta bacia hidrográfica para, a
partir daí, construir soluções de recuperação e preservação do rio.

Palavras-chave: Sustentabilidade hídrica, Desenvolvimento Sustentável, Degradação hídrica.

ABSTRACT
This work aimed to present reflections on the issue of water resources, and the right to this
fundamental natural resource, in the State of Ceará, through a descriptive bibliographic research,
specifically analyzing data on the environmental situation of the hydrographic basin of Acaraú,
located in the northern region of Ceará. The Acaraú river is an important Ceará river, has been
degraded with unrestrained development around its banks. Irrigated agriculture, due to the
inappropriate use of agrochemicals, has been one of the activities of concern in the region. The studies
presented show that there is still much to be done so that the National Water Resources Policy can in
fact be fully complied with. Even with some important advances in the water resources management
policy, it is necessary that public authorities and the population can recognize the environmental
weaknesses of this hydrographic basin in order to build solutions for the recovery and preservation
of the river.

Keywords: Water sustainability, Sustainable Development, Water degradation.

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1 INTRODUÇÃO
Quando analisamos a questão dos recursos hídricos nos estados que constituem o semiárido
brasileiro, esta região é caracterizada por fatores que a torna relativamente vulnerável quando
comparada a outras regiões do Brasil. Contribuem para esta vulnerabilidade os solos geralmente
rasos, inviabilizando a formação natural de aquíferos de grande volume; rios em sua maioria
intermitentes, eventos hidrológicos extremos frequentes e uma média de precipitação de 800 mm
anuais, com médias de evaporação em torno de 2.000 mm por ano (VIEIRA & FILHO, 2006). Estas
características, e outros fatores políticos e sociais, fazem com que a população desta região tenha que
conviver com incertezas na oferta de água, seja para consumo humano, seja para o desenvolvimento
de atividades economicamente importantes como a agricultura e pecuária.
Entre os Estados que constituem a região Nordeste, o Ceará é considerado modelo em gestão
de recursos hídricos, sendo inclusive aquele com maior armazenamento de água em reservatórios
artificiais, com uma disponibilidade per capita em torno de 2.276 m³/hab.ano (SETTI et al., 2000).
No entanto, é sabido que parte significativa da população das cidades localizadas no interior do
Estado enfrenta ou já enfrentou algum tipo de dificuldade relacionada ao acesso ou a qualidade da
água disponível para consumo (JÚNIOR et al., 2007).
Do ponto de vista quantitativo, os recursos hídricos no Ceará ainda são mal distribuídos.
Enquanto a região metropolitana de Fortaleza, inclusive os empreendimentos do Complexo Industrial
e Portuário do Pecém, e áreas destinadas ao cultivo agrícola para exportação, são destinos prioritários
para projetos que visam a melhoria do abastecimento, boa parte das moradias em vários municípios
dependem do abastecimento por carros-pipa (SANTANA et al., 2008).
Com relação aos aspectos qualitativos, uma rápida análise leva à conclusão de que a água
destinada ao consumo direto, à recreação e irrigação de pequenas áreas cultivadas, não é tratada com
a merecida importância em muitas áreas do interior do Estado. Isso é consequência, principalmente,
da carência de conhecimento sobre focos de poluição e da necessidade de trabalhos constantes em
educação ambiental para a conscientização das pessoas que utilizam, de alguma forma, esse recurso
natural (SETTI et al., 2000).

2 METODOLOGIA
Este trabalho se propôs a apresentar reflexões sobre a questão dos recursos hídricos, e o direito
a este recurso natural tão fundamental, no Estado do Ceará, por meio de uma pesquisa bibliográfica
descritiva, analisando especificamente dados publicados sobre a situação ambiental da bacia do
Acaraú, localizada na região norte cearense.

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Para o desenvolvimento deste estudo sobre acesso e uso da água, a metodologia contemplou
os aspectos qualitativos da água, sua disponibilidade para a população e os fatores ambientais e
sociais relacionados. A fim de embasar as reflexões e análises deste estudo, foram analisados artigos
e outros estudos científicos da área que tratam do uso da água e das características ambientais da área
pertencente à bacia do rio Acaraú.
O principal objetivo foi incitar a reflexão de como temos utilizado a água na região em
questão. Além disso, este trabalho pode contribuir com a elaboração de novas formas de intervenção
para a preservação das bacias hidrográficas no Ceará.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A bacia hidrográfica é considerada pelo direito ambiental a unidade principal de gestão de
recursos hídricos, segundo a Lei 9.433 (BRASIL, 1997). Isso significa que, para a elaboração de um
diagnóstico acerca das condições ambientais de um determinado rio, e para o desenvolvimento de um
planejamento com a finalidade de melhoria da qualidade da água, é necessário que a área a ser
analisada seja toda a área do rio, seus afluentes, subafluente e área de influência direta. Desta forma,
é necessário que o estudo sobre a qualidade ambiental da água perpasse pela análise de fatores
ambientais que influenciam diretamente seus aspectos quantitativos e qualitativos.
O Brasil é um dos países com maior volume de água doce do mundo, no entanto o acesso à
água de qualidade pela população ainda enfrenta diversos desafios, dentre os quais estão superar a
precariedade de infraestrutura, em especial em determinadas regiões do país como Norte e Nordeste,
e garantir os usos múltiplos da água (SANTOS; PINHEIRO, 2017).
A bacia do Acaraú situa-se na região norte do Estado do Ceará, sendo ampla em seu alto curso
e mais estreita quando próximo à costa. É drenada exclusivamente pelo rio Acaraú e seus afluentes.
Ocupa uma área da ordem de 14.427 km², o que representa 9,22% da área do Estado. Os rios Groaíras,
Jacurutu, dos Macacos e Jaibaras são os principais afluentes do Acaraú e compõem a segunda bacia
independente do Ceará. A sua água é usada para diversos fins, entre os quais destacam – se o consumo
humano e a agricultura irrigada. O solo da região é composto essencialmente por terrenos cristalinos,
com predominância de luvissolos e algumas manchas de neossolo (EMBRAPA, 2006).
Os corpos hídricos da Bacia Hidrográfica do rio Acaraú sofrem grande pressão de diversos
níveis, como por exemplo o aumento crescente da demanda hídrica para o desenvolvimento industrial,
o descarte inadequado de resíduos sólidos no entorno e o uso questionável da água pelo setor
produtivo agrícola. Estudos realizados por LOPES et al. (2008) analisaram os valores do índice de
qualidade da água (IQA) entre os anos de 2003 e 2004 na bacia do Acaraú. Durante esse período,

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considerando as variáveis porcentagem de saturação de oxigênio, demanda bioquímica de oxigênio,


pH, fósforo total, nitrato, coliformes termotolerantes, turbidez e sólidos em suspensão, os autores do
estudo construíram mapas de vulnerabilidade e observaram que os valores mais baixos do IQA foram
registrados na região próxima à cidade de Sobral e também logo após a cidade de Groaíras, onde os
esgotos são lançados ao rio. Ainda assim, as águas da bacia do Acaraú enquadraram-se dentro dos
critérios de uso para consumo, apresentando IQA mínimo de 60,79 e máximo de 80,28, segundo estes
autores, não ocorrendo diferenças nos índices de IQA entre a estação chuvosa e seca. Porém, ROCHA
(2013), também estudando aspectos de qualidade dos corpos hídricos pertencentes a esta bacia,
encontrou resultados que refletiam uma grande degradação ambiental nos reservatórios urbanos da
cidade de Sobral, a maior cidade da região. Esta cidade nasce às margens do médio curso do rio
Acaraú, o que faz com que as águas que fluem a partir desse ponto também recebam forte influência
do processo de urbanização local. Os resultados apresentados demonstraram uma grande
vulnerabilidade dos reservatórios naturais da cidade, com registros de desmatamento da vegetação
nativa, degradação da mata ciliar, descarte indiscriminado de resíduos sólidos e indícios de processo
de eutrofização. O trabalho também apresentou dados que mostram que parte da população local
enfrenta certa dificuldade de acesso à água de qualidade, principalmente em períodos chuvosos,
resultado de uma precariedade no sistema de saneamento básico da cidade, o que pode levar à
disposição de esgoto em tratamento e, como consequência, contribuir para eutrofização de corpos
hídricos.
O processo de enriquecimento de matéria orgânica nos ecossistemas é algo que ocorre
naturalmente ao longo do tempo, porém de maneira gradual e lenta. Quando este processo é acelerado
por conta da ação antrópica, temos o fenômeno da eutrofização. Sobre o processo de eutrofização em
corpos hídricos, Esteves (2011) traz informações importantes:

A eutrofização pode ser natural ou artificial. Quando natural, é um processo lento e contínuo
que resulta do aporte de nutrientes trazidos pelas chuvas e pelas águas superficiais que
erodem e levam a superfície da terrestre. A eutrofização natural corresponde ao que poderia
ser chamado de “envelhecimento natural” do lago. Quando ocorre artificialmente, ou seja,
quando é induzida pelo homem, a eutrofização é denominada de artificial, cultural ou
antrópica. Neste caso, os nutrientes podem ser de diferentes origens, como: esgotos
domésticos, efluentes industriais e/ou atividades agrícolas, entre outras. Este tipo de
eutrofização é responsável pelo “envelhecimento precoce” de ecossistemas lacustres.
(Esteves, 2011, p. 226)

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A eutrofização é fator preocupante nos corpos hídricos, ocorrendo muitas vezes como
resultado de lançamento de efluentes sem tratamento prévio, algo também observado no estudo, como
já mencionado.
O avanço da desertificação também é uma realidade na área do entorno do rio Acaraú.
Nascimento et. al. (2008), ao realizarem um estudo de diagnóstico geoambiental da bacia hidrográfica
semi-árida do rio Acaraú, encontraram uma situação de extrema fragilidade ambiental. Além do
desmatamento indiscriminado, destruição de áreas de proteção permanente como manguezais e matas
ciliares, o estudo também observou a degradação da qualidade da água, resultado da diluição de
esgotos domésticos não tratados em corpos hídricos naturais, poluição advinda de áreas agrícolas
próximas e o acúmulo de lixo ao longo de diversos locais, resultado da ausência de coleta sistemática.
É perceptível o desequilíbrio ambiental pelo qual passa a bacia do Rio Acaraú, resultado de
um crescimento que tem demandado fortemente os recursos naturais da região, que têm sofrido
impactos consideráveis. A Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, através
do artigo 1º Resolução 001/1986 caracteriza impacto ambiental da seguinte forma:

Qualquer alteração das propriedades químicas, físicas e biológicas do meio ambiente,


causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que,
direta ou indiretamente, afetam: I – a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II – as
atividades sociais e econômicas; III – a biota; IV – as condições estéticas e sanitárias do meio
ambiente; e V – a qualidade dos recursos ambientais.
(BRASIL, 1986, p.1)

Por conta dos impactos sofridos pelos corpos hídricos locais, não apenas o meio ambiente
natural é prejudicado, mas a população local, que utiliza e depende da água para garantir uma
adequada qualidade de vida. Essa população também tem sofrido o ônus da degradação ambiental
observada nos estudos supramencionados. É necessária a intervenção do poder público e a
mobilização da população para que ações de recuperação ambiental possam ser planejadas e postas
em prática.
O uso da água pelo setor produtivo agropecuário, especificamente a agricultura irrigada, é
classificado como outra atividade que gera grande impacto na região. Isto pelo fato de ser este um
tipo de uso com grande potencial para alterar a qualidade da água, bem como sua quantidade a nível
local. A agricultura convencional irrigada exige padrões mínimos de qualidade da água, e grandes
projetos de irrigação exigem a regularização artificial de vazões, o que em geral modifica o meio
ambiente e o regime fluvial, impactando outros recursos naturais como o solo, além de pôr em risco
os ecossistemas aquáticos. Diversos são os corpos hídricos ao redor do mundo que têm sua dinâmica

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natural alterada pela redução de suas vazões, como consequência de sistemas de irrigação mal
dimensionados (FAO, 2003).
A demanda hídrica para o cultivo agrícola irrigado corresponde a aproximadamente 70% do
consumo global de água, e a irrigação é uma das principais fontes de poluição não pontuais da água.
Isso é resultado de diversas práticas comumente utilizadas neste tipo de atividade agrícola, como o
uso de pesticidas e a demasiada aplicação de fertilizantes no solo. Ambas as práticas geram uma
quantidade excessiva de nutrientes em suspensão que terão como destino corpos hídricos utilizados
para abastecimento da população (ANDRADE, 2009). A bacia hidrográfica do rio Acaraú é uma das
áreas mais pressionadas ambientalmente por atividades agrícolas desenvolvidas no Ceará nos últimos
anos.
A água de um dos afluentes pertencentes ao rio Acaraú, o Jaibaras, também tem sua qualidade
alterada pela ação antrópica desmedida. A nascente deste rio se situa na serra da Ibiapaba, e o curso
do rio cruza os municípios de Graça, Pacujá, Mucambo e Cariré, chegando ao distrito de Jaibaras
(município de Sobral). Nesta área o rio é represado pelo açude Ayres de Souza, cuja as águas
abastecem a cidade de Sobral e o distrito de Jaibaras (CEARÁ, 2004). NETO et al. (2008) realizaram
um estudo onde a sustentabilidade das atividades agrícolas praticadas no entorno deste reservatório
foi mensurada. Em sua pesquisa, estes autores consideraram diversas variáveis sócio-ambientais,
entre os quais estava a variável disponibilidade hídrica. O resultado foi um índice que indicava um
estado de atividade insustentável. ANDRADE et al. (2010), estudaram o nível de impacto que a
agricultura irrigada pode causar nos corpos hídricos subterrâneos da região. Os pesquisadores
encontraram níveis preocupantes de concentrações de nitrato no lençol freático da localidade.
Concluíram que o aumento dos níveis desta substância estava relacionada ao uso de agrotóxicos para
a produção agrícola no Distrito de Irrigação do Baixo Acaraú, pois as regiões com maiores
concentrações de nitrato se localizam em áreas mais próximas a esse distrito de irrigação. Além disso,
eles também relataram problemas de contaminação do lençol freático resultantes do uso de fossas
sépticas pela população.
As áreas de proteção permanente (APPs), elemento fundamental para a manutenção da
qualidade da água, tem sido desmatada e desrespeitada de diversas formas ao longo do curso do rio
Acaraú. Para analisar essa problemática, OLIVEIRA (2014) estudou o estado das APPs ao longo do
rio e a qualidade da água, demonstrando como ambas estão intimamente relacionadas. No estudo em
questão foram observados o uso do solo e a cobertura vegetal às margens do rio, relacionando-os aos
parâmetros de qualidade da água das áreas pesquisadas. Os parâmetros utilizados no estudo foram
baseados na Resolução Conama nº 357, de 17/03/2005, que traz os parâmetros e os respectivos usos

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adequados da água. Como resultado, o autor encontrou níveis de coliformes termotolerantes, bem
como níveis de fósforo, completamente em desacordo com os níveis adequados para consumo.
Observaram também que a cobertura vegetal que predomina nas margens do rio é a classe “caatinga
esparsa”, vegetação em estado de reconstituição e distribuída de forma aberta. A classe “solo exposto”
foi a que atingiu o segundo lugar em cobertura nas áreas de APP, onde deveria haver mata ciliar
nativa. Ambos os resultados são a consequência de intensa atividade antrópica já relatada na região
por outras pesquisas.
Os estudos apresentados demonstram que ainda há muito a fazer para que a Política Nacional
de Recursos Hídricos possa ser de fato cumprida em sua totalidade. Mesmo com alguns avanços
importantes na política de gerenciamento de recursos hídricos, é necessário que poder público e
população possam reconhecer as fragilidades ambientais da bacia do Rio Acaraú. Ambos os aspectos,
qualitativos e quantitativos devem ser considerados, para que soluções eficientes possam ser
construídas coletivamente, respeitando as peculiaridades de cada localidade da bacia e utilizando
também suas potencialidades de recuperação.

4 CONCLUSÃO
O rio Acaraú, um rio importante para o Estado do Ceará, tem sido degradado com o
desenvolvimento desenfreado em torno de suas margens. A agricultura irrigada, por conta do uso
inadequado de agroquímicos, tem sido uma das atividades que preocupam na região. Adicionalmente,
a falta de infraestruturada de saneamento básico, o desmatamento e a disposição de resíduos sólidos
também se mostraram fatores de degradação ambiental preocupantes.
É necessária uma nova forma de pensar desenvolvimento local, não apenas pela garantia de
um meio ambiente equilibrado, algo que é direito de todos, mas pela saúde da população. Importante
salientar que a saúde dos indivíduos se relaciona fortemente com a qualidade ambiental e sem um
meio ambiente sadio, tampou teremos a garantia de uma vida equilibrada.

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