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Brazilian Journal of Development

O NAPNE como instrumento de inclusão escolar na rede federal de educação.

NAPNE as an instrument for school inclusion in the federal education network.


DOI:10.34117/bjdv6n5-514

Recebimento dos originais: 13/04/2020


Aceitação para publicação: 26/05/2020

Mariana da Silva de Lima


Formação acadêmica: Mestra em Biotecnologia pela Universidade Federal do Ceará
Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
Endereço institucional: Rua Francisco da Rocha Martins, s/ nº. Bairro Pabussu, Caucaia, CE. cep:
61609-090
e-mail: marianalima@ifce.edu.br

RESUMO
O relato de experiência descreve as atividades exitosas desenvolvidas no Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Ceará, campus Caucaia, resultado de um ano de atuação do Núcleo de
Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas, NAPNE.
A discussão a respeito da questão da inclusão é algo que deve ser trabalhado em todos os setores das
instituições de ensino. Professores, por exemplo, são profissionais que devem estar inseridos nessa
discussão por sua responsabilidade como formadores de opinião. Adicionalmente, os estudantes devem
trabalhar as questões das barreiras comunicativas e atitudinais. Todos os atores são importantes para
garantir uma escola que promova o aprendizado de maneira verdadeiramente democrática e igualitária.
As intervenções foram feitas por meio do projeto de extensão Debates Inclusivos, que teve por objetivo
levar discussões qualificadas para a comunidade escolar do IFCE Caucaia sobre a inclusão de pessoas
com necessidades específicas. O projeto possibilitou a promoção de palestras e mesas redondas com a
participação de especialistas e pessoas com vivências reais a respeito do assunto. Todos os eventos foram
feitos com a participação dos estudantes, sempre estimulando as discussões de maneira dinâmica e
participativa.
Os resultados mostraram que a temática da acessibilidade dentro da escola precisa ser abordada de
maneira freqüente ao longo de todos os níveis da educação dos estudantes, a fim de priorizar uma
formação mais humana dos indivíduos, contribuindo também com a superação de preconceitos no âmbito
escolar e acadêmico.

Palavras-chave: Educação inclusiva, Acessibilidade, Educação e direitos humanos.

ABSTRACT
The experience report describes the successful activities developed at the Federal Institute of Education,
Science and Technology of Ceará, campus Caucaia, the result of a year of activity by the Center for
Assistance to People with Specific Needs, NAPNE.
The discussion on the issue of inclusion is something that must be worked on in all sectors of educational
institutions. Teachers, for example, are professionals who must be included in this discussion because of
their responsibility as opinion makers. In addition, students must address issues of communicative and

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attitudinal barriers. All actors are important to ensure a school that promotes learning in a truly
democratic and egalitarian way.
The interventions were made through the Inclusive Debates extension project, which aimed to bring
qualified discussions to the school community of IFCE Caucaia about the inclusion of people with
specific needs. The project made it possible to promote lectures and round tables with the participation
of specialists and people with real experiences on the subject. All events were held with the participation
of students, always stimulating discussions in a dynamic and participatory way.
The results showed that the theme of accessibility within the school needs to be addressed frequently
throughout all levels of student education, in order to prioritize a more humane formation of individuals,
also contributing to overcoming prejudices in the school and academic.

Keywords: Inclusive education, Accessibility, Education and human rights.

1 INTRODUÇÃO
A Educação em Direitos Humanos (E.D.H.) é apresentada, segundo a legislação nacional e
internacional pertinente ao tema, como sendo uma vertente da educação necessária para o exercício pleno
da cidadania (RODRIGUES; LAPA, 2018). Ela é baseada em diversos princípios, dentre os quais
podemos citar a dignidade da pessoa humana, a igualdade de direitos e a valorização das diferenças entre
os indivíduos (BRASIL, 2012). Para que esses princípios possam ser observados na prática, é necessário
que a educação seja pensada de maneira democrática, tanto na construção dos currículos como nas
metodologias a serem aplicadas. Em outras palavras é imperativo que todos possam se sentir
contemplados na abordagem dos conteúdos e possam ter real acesso aos mesmos. Não faz sentido
trabalhar E.D.H. apenas na teoria. É preciso pensá-la na prática do cotidiano escolar.
Um dos assuntos relevantes a serem tratados ao se pensar em E.D.H. é a inclusão de pessoas com
deficiência de maneira adequada na sociedade (NETO et. al., 2018). Quando se pensa em inclusão é
comum pensarmos apenas na superação de barreiras físicas e arquitetônicas. Porém, uma sociedade
realmente inclusiva deve trabalhar também a superação de barreiras atitudinais entre as pessoas, ou seja,
combater a exclusão, discriminação e o desfavorecimento em geral que pessoas com deficiência sofrem
cotidianamente, e muitas vezes propositalmente. A falta de compreensão a respeito das diferenças e
peculiaridades de uma pessoa com deficiência pode vir a ser fonte de negação dos direitos mais básicos
como educação, trabalho e liberdade. Para transpor essa barreira em nossa sociedade de uma maneira
mais ampla, é preciso que essas questões sejam abordadas na educação formal dos indivíduos.
Para que um modelo de sociedade mais humano seja alcançado, iniciativas que foquem nas
instituições de ensino são importantes. Assim, na tentativa de suprir essa necessidade quanto a
abordagem das questões acerca da inclusão, é que foram implrementados os Núcleos de Atendimento

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às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNEs). Esse Núcleo tem a proposta de trabalhar dentro
das instituições de ensino básico e superior incentivando a cultura da inclusão na instituição (COSTA,
2011). Sua constituição deve ser heterogênea, buscando sempre a contribuição de servidores e alunos,
além de também ser interessante que membros da comunidade externa possam colaborar com as ações
dos NAPNES.
Logo, com a finalidade de iniciar atividades que promovam uma educação mais humana e
inclusiva, em 2017 O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) campus
Caucaia, implementou o seu NAPNE. Esse trabalho trata da descrição do primeiro ano de atuação da
equipe desse Núcleo (gestão 2017-2018).

2 OBJETIVOS
De maneira geral, o projeto Diálogos Inclusivos e as demais intervenções do NAPNE tiveram
como objetivo promover e fortalecer a cultura da inclusão no IFCE campus Caucaia. Especificamente,
os objetivos a serem alcançados foram:
Desenvolver momentos de discussão acerca das questões de inclusão nos espaços educativos, por
meio de palestras, com a participação de profissionais da área e comunidade escolar do IFCE;
Contribuir para o conhecimento dos estudantes acerca dos diversos tipos de deficiência física e
os desafios de um portador de deficiência física;
Fomentar a sensibilização de estudantes e servidores para com a questão da inclusão escolar.

3 METODOLOGIA
As primeiras intervenções do NAPNE campus Caucaia tiveram início em Abril de 2017, por meio
do projeto Diálogos Inclusivos. Ao longo de um ano, foram realizadas um total de cinco atividades, sendo
uma campanha, três eventos com palestras diversas, relatos de vida ou oficinas e uma mesa-redonda.
Além disso, o NAPNE também atuou paralelamente por meio de outros tipos de contribuições em
eventos institucionais já tradicionais como o Universo IFCE e o Encontro pedagógico. Além de contribuir
também com momentos semanais de capacitação dos servidores por meio do Café com libras. Essas
ações serão melhor detalhadas posteriormente.
Inicialmente uma divulgação acerca do NAPNE foi feita na comunidade acadêmica, em parceria
com o setor de comunicação social da instituição. Panfletos informativos foram produzidos a respeito do

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NAPNE, sua importância e atribuições, além de no material impresso conter também uma chamada para
estudantes e servidores interessados em participar do recém formado Núcleo.
Após a divulgação, as atividades planejadas foram postas em prática.

4 CAMPANHA DE SENSIBILIZAÇÃO
A primeira atividade planejada foi uma campanha de sensibilização. Essa atividade abordou os diferentes
tipos de necessidades específicas por meio de banners educativos, que foram fixados em locais
estratégicos como refeitório, área de convivência, corredores do bloco didático, recepção e próximo à
sala da assistência estudantil. Em cada banner constava o nome e a descrição da necessidade específica,
além de uma ilustração de um adolescente. O material ficou durante todo o mês de agosto de 2017 nas
dependências do campus. A percepção dos estudantes acerca da campanha seria posteriormente analisada
durante o evento do NAPNE no mês de setembro do mesmo ano.

5 SETEMBRO AZUL
No calendário inclusivo setembro é um mês significativo pois no dia 10 se comemora o dia
universal da Libras, dia 21 é o dia nacional de luta das pessoas com deficiência (pcd) e dia 26 foi instituído
o dia nacional do surdo. Assim, o mês de setembro foi escolhido para a realização do evento intitulado
Setembro Azul. Esse evento foi realizado em dois dias consecutivos. No primeiro dia da atividade, que
ocorreu em 21 de setembro de 2017, a equipe do NAPNE promoveu uma manhã com estudantes e
servidores da comunidade escolar do IFCE. A primeira palestra foi facilitada pelo intérprete da Reitoria
do IFCE, que abordou o tema “O tradutor/intérprete de libras e sua atuação no IFCE. A seguir, um
estudante do curso de licenciatura letras/libras do IFCE/UFSC tratou em uma segunda palestra do tema
“Porque um dia para o surdo?”. Posteriormente, no dia 22 de setembro uma das integrantes do NAPNE,
que é professora de libras do IFCE, facilitou uma oficina de libras para o público interessado. Ambas as
atividades eram abertas também para o público da comunidade externa.

6 DIA INTERNACIONAL DA SÍNDROME DE DOWN


O evento em alusão ao dia internacional da Síndrome de Down ocorreu no dia 27 de março de
2018. A ação foi promovida no auditório do campus, com a participação principalmente dos estudantes,
que foram liberados das aulas convencionais para que se fizessem presentes na atividade. Para tanto, foi

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necessário uma ampla divulgação nas redes sociais e também nas salas de aula, com certa antecedência,
para garantir a participação de um maior número de alunos e adesão dos docentes.
O primeiro momento da atividade foi facilitado por uma das professoras de biologia do IFCE,
Dra. em genética pela UFMG e com longa atuação na militância pela inclusão de pessoas com
deficiência. Ela explicou os fundamentos genéticos da Síndrome de Down para os estudantes de maneira
bastante didática e positiva. O segundo momento foi a palestra intitulada “O cotidiano e a superação de
barreiras impostas pela sociedade”. A facilitadora foi uma autora e palestrante experiente sobre o tema,
com Síndrome de Down, e que sensibilizou muito os participantes do evento. Ao final das exposições
foi aberto um espaço de manifestação para público.

7 A IMPORTÂNCIA DA LIBRAS PARA A COMUNIDADE SURDA BRASILEIRA


Em 17 de abril de 2018 no IFCE de Caucaia ocorreu o evento intitulado “A importância da libras
para a comunidade surda brasileira”. A atividade consistiu em uma mesa-redonda com três participantes
convidados: uma professora de libras do IFCE, licenciada em letras libras pela UFC; uma professora do
Instituto Cearense de Educação de Surdos, que inclusive é surda e também abordou algumas experiências
pessoais para o público e um servidor técnico-administrativo (intérprete de libras) da Universidade
Federal do Ceará (UFC).
O evento foi aberto com a fala da vice-coordenadora do NAPNE, diretora da Coordenação
Técnico-pedagógica do IFCE campus Caucaia, e militante da causa na defesa da inclusão escolar. A
seguir, os convidados iniciaram suas explanações. Ambos os convidados se manifestaram ao longo do
evento na língua brasileira de sinais (libras) sendo traduzidos pela intérprete do campus Caucaia.
O primeiro tema apresentado no evento foi a diferença entre o português e a libras. Esse tema
despertou bastante interesse em todo o público e a forma participativa com a qual a convidada abordou
o tema contribuiu ainda mais para o envolvimento das pessoas presentes, principalmente os participantes
do corpo discente. A seguir, os convidados abordaram um tema de cunho mais pessoal, que foi a
importância da libras para a inclusão dos surdos na sociedade. A convidada surda abordou diversas de
suas experiências pessoais e explicou como a libras é necessária para a garantia de direitos das pessoas
surdas e mudas. Outros subtemas importantes discutidos foram a personalidade da pessoa surda, a
importância da fluência em libras para educar de maneira eficiente e a importância da libras nas relações
familiares.

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Ao final da explanação dos convidados foi aberto espaço para as manifestações e contribuições
do público.

8 COISAS DE CEGO
Fechando o projeto Diálogos inclusivos, em 29 de maio de 2018 a equipe do NAPNE promoveu
a vivência intitulada “Coisas de cego”. O nome faz alusão à característica peculiar do evento, onde o
convidado, um músico e palestrante sobre as vivências e superações de uma pessoa com cegueira, levou
vários de seus instrumentos musicais adaptados e objetos do cotidiano modificados para reconhecimento
pelo tato, demonstrando as maneiras de se adaptar à sua realidade e superar adversidades. O convidado
também relatou suas vivências pessoais, como uma pessoa com cegueira deve ser conduzida de maneira
adequada, quais os vícios de tratamento mais comuns que incomodam as pessoas com cegueira e também
relatou exemplos positivos que vivenciou e realizou ao longo da vida.
Esse evento foi uma das atividades cuja as quais mais se viu participação e interação com o
público e o convidado.
Na Tabela abaixo temos o planejamento sistematizado dos eventos do projeto Diálogos
Inclusivos.

Planejamento sistematizado do projeto Diálogos Inclusivos.


Objetivos a serem
Eventos em 2017 e 2018 Estratégia de apresentação
alcançados
Possibilitar o conhecimento
Uso de Banners sobre as das necessidades
Campanha de
necessidades específicas específicas mais
sensibilização
mais comuns frequentemente observadas
no cotiano.
Palestras sobre a
importância do intérprete, Introduzir conhecimentos
Setembro Azul Oficina de libras para básicos da linguagem
comunidade interna e brasileira de sinais
externa

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Palestra técnica sobre a Fomentar o conhecimento


síndrome, sobre a Síndrome de Down
Dia Internacional da Relato de Experiências de Desenvolver a empatia no
Síndrome de Down uma pessoa com S. de que se refere à situação de
Down. pessoas com Síndrome de
Down
Apresentar à comunidade
A importância da Libras Mesa-redonda sobre a
escolar e ao público externo
para a comunidade surda importância da Libras para
as vivências de pessoas que
brasileira a garantia de direitos.
se comunicam pela Libras
Envolver o público de
Vivência prática sobre as
maneira lúdica nas
Coisas de Cego experiências de um artista
experiências de vida de
(músico) com cegueira.
pessoas com cegueira

9 OUTRAS AÇÕES DO NAPNE CAUCAIA


Além do projeto Diálogos Inclusivos, em seu primeiro ano de gestão o NAPNE Caucaia também
atuou em outros eventos institucionais.
O primeiro evento com a participação do NAPNE foi o Encontro Pedagógico 2017. Na ocasião a
equipe articulou uma palestra sobre a importância do apoio dos docentes e demais servidores às ações
do NAPNE. A seguir, foi sugerida uma atividade prática para os docentes participantes. A atividade
consistiu em testar a acessibilidade arquitetônica do campus Caucaia, propondo aos docentes que
tentassem se deslocar, a partir da recepção do campus, para alguma das salas de aula e para cantina. Os
professores que aceitaram participar teriam que realizar a atividade em cadeira de rodas, enquanto outros
teriam que se deslocar com os olhos vendados e uma bengala.
A segunda participação da equipe foi na organização do evento intitulado Universo IFCE, evento
que ocorreu em novembro de 2018. Este evento é uma atividade desenvolvida anualmente em todos os
campi do IFCE para apresentar a instituição ao público externo. Na ocasião a vice-coordenadora
apresentou as ações do Núcleo, os parceiros e alguns resultados.

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10 RESULTADOS
A publicação deste relato de experiência referente a um ano de gestão do NAPNE campus Caucaia
tem como finalidade disponibilizar propostas a serem desenvolvidas no âmbito escolar, para incentivar
a superação de barreiras atitudinais, as quais muitas vezes se apresentam na vida cotidiana de pessoas
portadoras de deficiência física.
Os resultados das intervenções foram bastante satisfatórios, tendo o público se manifestado
positivamente tanto durante as atividades quanto posteriormente.
O resultado de nossa primeira atividade, a campanha de sensibilização, resultou em interessantes
manifestações dos estudantes. Alguns realmente passaram a se interessar mais pelo assunto.
Nossa análise acerca da satisfação dos demais eventos foi qualitativa, sendo observados alguns
depoimentos de estudantes durante as palestras ou mesmo individualmente, com integrantes do NAPNE.
Miranda (2010) realizou um estudo no Paraná a fim de compreender como experiências práticas
contribuem para uma educação inclusiva efetiva. Os resultados de sua pesquisa mostraram que o convívio
conjunto com pessoas com deficiência e vivências práticas são de extrema importância para o
desenvolvimento de noções de solidariedade e igualdade. Em nosso primeiro ano de gestão a proposta
foi iniciar a valorização da cultura da inclusão na escola. O feedback de alunos e servidores a todos os
eventos sugere que o objetivo foi alcançado. No entanto, sabemos que os esforços não devem se
concentrar em atividades pontuais, mas que devemos avançar principalmente no que concerne ao
ingresso de pessoas com deficiência na instituição e na correção das barreiras arquitetônicas.
A experiência prática de mobilidade no campus dos docentes durante o encontro pedagógico
mostrou que o IFCE Caucaia ainda tem muito a fazer para adequar os espaços para pessoas com
deficiência. Os professores que tentaram se locomover com a cadeira de rodas sentiram dificuldades
durante a subida de rampas, visto que o grau de inclinação naquela ocasião não era a adequada. No
entanto, conseguiram acessar as salas de aula, banheiros e laboratórios, mostrando que a largura das
portas não seria um problema para um cadeirante no campus. A mobilidade dos professores com venda
nos olhos e bengala foi mais difícil por conta da ausência de piso adaptado para a orientação de cegos.
Essa experiência no encontro pedagógico foi considerada uma das mais exitosas visto que após
essa atividade o diretor do campus solicitou um estudo técnico dos arquitetos da reitoria para as devidas
adequações na estrutura dos blocos. Ainda em 2018 uma série de modificações foi feita para a melhoria
da acessibilidade. Adicionalmente gestão atual do NAPNE tem feito um trabalho importante de
atendimento às pessoas com necessidades específicas que fazem parte do corpo discente da instituição.

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Assim, acreditamos que esse primeiro ano de ações da equipe foi importante para semear um
trabalho que tem gerado bons resultados como o reconhecimento da necessidade de apoio de toda a
comunidade escolar à causa de uma educação verdadeiramente inclusiva.

11 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A forma como a gestão do primeiro ano do NAPNE planejou e trabalhou para desenvolver a
cultura da inclusão no IFCE Caucaia oportunizou um importante aprendizado para todos, servidores e
estudantes. As discussões promovidas ao longo dos eventos foram muito construtivas e se mostraram
fonte de informações relevantes sobre as vivências de pessoas com deficiência.
A metodologia do projeto se mostrou bem sucedida no que concerne à sensibiização da
comunidade escolar. No entanto, como já mencionado, é preciso um comprometimento de toda a
comunidade para a construção de espaços educacionais onde todos, sem distinção, possam aprender e se
desenvolver com igual oportunidades, tendo também seus seus direitos efetivamente protegidos.
A escola é uma amostra da sociedade. Tanto os valores sociais são refletidos no âmbito escolar
como também as instituições educacionais têm o potencial de transformar comportamentos, ainda que
localmente. Portanto, é necessário um esforço conjunto, respeito às políticas públicas que objetivam
atender pessoas com deficiência e à legislação vigente acerca da inclusão escolar. A formação dos
NAPNEs nas instituições de ensino é sinal de que estamos avançando.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos
Humanos. Parecer CNE/CP, 2012. Disponível em: http://bit.ly/2rlymlq . Acesso em 27 mai 2019.
COSTA, G. M. A. Núcleo de atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais
(NAPNE): ações para a inclusão em uma instituição de ensino profissional do Estado de
Pernambuco. 2011. 133p. Dissertação (Mestrado em Educação Brasileira) – Faculdade de Educação,
Universidade Federal de Alagoas. Maceió. 2011.
MIRANDA, C.R.S. Educação inclusiva na escola: saberes construídos. 2010. 104p. Dissertação
(Mestrado em Educação Brasileira) - Universidade Estadual de Londrina. 2010.
NETO, A. O. S., et. al..Educação inclusiva: uma escola para todos.
Revista Educação Especial. Santa Maria. v. 31, n. 60, p. 81-92, jan./mar.2018

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RODRIGUES; H. W., LAPA, F.B. O que é ensinar direitos humanos? A educação em direitos humanos
e suas diferentes nuances: formar o cidadão, formar o professor, formar o jurista. In: HOLANDA, A. P.
A. et. al. Direitos Humanos: Histórico e contemporaneidade. Edição especial VII Conferência
Internacional de Direitos Humanos da OAB – Brasília: Conselho Federal da OAB, 2018.

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