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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO

Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil

ALISSON CAETANO DA SILVA

MODELAGEM HIDROLÓGICA- HIDRÁULICA PARA ATENUAÇÃO


DE ALAGAMENTOS NO ENTORNO DA ESCOLA POLITÉCNICA DE
PERNAMBUCO

Recife, PE

2018
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO

Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil

ALISSON CAETANO DA SILVA

MODELAGEM HIDROLÓGICA- HIDRÁULICA PARA ATENUAÇÃO


DE ALAGAMENTOS NO ENTORNO DA ESCOLA POLITÉCNICA DE
PERNAMBUCO

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação em


Engenharia Civil, da Escola Politécnica de Pernambuco
da Universidade de Pernambuco para obtenção do título
de Mestre em Engenharia.

Área de Concentração: Construção Civil

Orientador: Profª. Drª. Simone Rosa da Silva

Co-orientador: Profª. Dr. Jaime Joaquim da Silva


Pereira Cabral

Recife, PE

2018
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Universidade de Pernambuco – Recife

Silva, Alisson Caetano da


S586m Modelagem hidrológica-hidráulica para atenuação de
alagamentos no entorno da Escola Politécnica de
Pernambuco. / Alisson Caetano da Silva. – Recife: UPE,
Escola Politécnica, 2018.
101 f.: il

Orientadora: Dra. Simone Rosa da Silva


Co-Orientador: Dr. Jaime Joaquim da S. Pereira Cabral
Dissertação (Mestrado - Construção Civil) Universidade
de Pernambuco, Escola Politécnica, Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil, 2018.

1. Drenagem Urbana. 2. Modelo Hidrológico-


Hidráulico. 3. SWMM. I. Engenharia Civil – Dissertação. II.
Silva, Simone Rosa da (orient.). III. Cabral, Jaime Joaquim
da S. Pereira (co-orient.). IV. Universidade de Pernambuco,
Escola Politécnica, Mestrado em Construção Civil. V.
Título.

CDD: 628
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me iluminar e me dar força em tantos momentos durante
estes dois anos. Tudo que faço é por Ele e para Ele

A minha mãe, Catiele, Avó, Joana e Tia Claudia por todo o incentivo, confiança e amor que
sempre me deram. Sem elas na minha vida não conseguiria nada.

A meus Irmãos, Alexson e Karla Laís que sempre me apoiaram em orações e palavras de
incentivo.

A minha esposa, Katerine Karla por me aguentar, apoiar e aconselhar nos momentos difíceis
dessa jornada.

A minha orientadora Simone Rosa da Silva pela orientação e confiança. A meu Co-Orientador
Jaime Cabral por todo apoio e confiança. A Marcos e Regina pelo apoio e paciência em passar
todo conhecimento adquirido sobre o modelo SWMM. Assim como a todos os professores e
funcionários do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade de
Pernambuco.

A Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (EMLURB), na pessoa do engenheiro Pedro


Oliveira da Silva e a técnica Jeane.

A Empresa Geosistemas por todo apoio nessa jornada difícil e desgastante. Em especial a
diretora Ângela Paula e aos companheiros de trabalhos: Josefa (Pipoca) e Armindo.

A meus amigos que sempre me incentivaram: Arícia, Dione, Felipe, Fábia, Victor, Rodrigo,
José Carlos, agradeço pela infinita paciência, pela parceria e força em todos os momentos, até
quando tão longe.

Por fim agradeço a todos que colaboraram direta ou indiretamente na execução deste trabalho.
RESUMO

As cidades brasileiras vem sofrendo com intensos alagamentos, principalmente devido à urbanização
acelerada e não planejada. A cidade do Recife, se tratando de uma planície costeira, com cotas muito
próxima do nível do mar tem o agravamento do número de alagamentos. O estudo tem por objetivo
identificar técnicas compensatórias de drenagem urbana para um ponto crítico de alagamento situado
na Rua Professor Benedito Monteiro, no Bairro da Madalena em Recife/PE. Para atingir tal meta,
foram realizadas as seguintes etapas: levantamento de dados coletados em campo e disponíveis na
Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (EMLURB), modelagem hidrológico- hidráulica com o
uso do modelo hidrológico SWMM (Storm Water Management Model) desenvolvido pela U. S. EPA
(United States Enviromental Protection Agency). Foi avaliado o impacto da diminuição do pico de
chuva na redução dos alagamentos locais, através de simulações de: ajustes na rede de drenagem e
implantação de pavimentos permeáveis. Foram comparados três cenários para os eventos de
precipitações dos dias 09 e 30 de Maio de 2016: a rede de drenagem totalmente obstruída, rede
desobstruída e rede desobstruída com aplicação de pavimento permeável nos estacionamentos da
Escola Politécnica de Pernambuco e Clube Internacional. Para o evento ocorrido no dia 09 de Maio de
2016 obteve-se a uma redução de 80,65% do volume total acumulado de alagamento comparando-se
aos cenários pré e pós desobstrução e 84,00% de redução do volume total acumulado comparando o
cenário da rede obstruída com a rede desobstruída aplicando pavimento permeável. Para a chuva do
dia 30 de Maio houve uma redução de 61,93% do volume total acumulado de alagamento
comparando-se os cenários pré e pós desobstrução e 67,54% de redução do volume total acumulado
comparando o cenário da rede obstruída com a rede desobstruída aplicando pavimento permeável.
Diante dos resultados, conclui-se que considerando o cenário simulado da aplicação do pavimento
permeável com a rede de drenagem totalmente desobstruída e o cenário simulado da rede totalmente
desobstruída pode-se afirmar que não haveria alagamentos nos eventos dos dias 09 e 30 de Maio de
2016 na área em estudo, confirmando assim a necessidade da manutenção periódica da rede garantindo
assim sua eficiência hidráulica.

Palavras chave: Drenagem Urbana. Modelo Hidrológico- Hidráulico. SWMM.


ABSTRACT

Brazilian cities have been suffering from heavy flooding, mainly due to accelerated and unplanned
urbanization. The city of Recife, if it is a coastal plain, with quotas very close to the level of the sea
has the aggravation of the number of floods. The objective of this study was to identify compensatory
drainage techniques for a critical flooding point located at Rua Professor Benedito Monteiro, in the
Madalena neighborhood of Recife / PE. In order to achieve this goal, the following steps were taken:
survey of data collected in the field and available at the Urban Maintenance and Cleaning Company
(EMLURB), hydrological-hydraulic modeling using the SWMM (Storm Water Management Model)
hydrologic model developed by the US EPA (United States Environmental Protection Agency). The
impact of the decrease of the rainfall peak on the reduction of local floods was evaluated through
simulations of: drainage network adjustments and permeable pavement implantation. Three scenarios
for the rainfall events of May 09 and 30, 2016 were compared: the totally obstructed drainage
network, unobstructed net and unobstructed network with application of permeable pavement in the
parking lots of the Polytechnic School of Pernambuco and Clube Internacional. For the event occurred
on May 9, 2016, a reduction of 80.65% of the total accumulated flood volume was obtained,
comparing to the pre- and post-obstruction scenarios and 84.00% reduction of the total accumulated
volume, comparing the network scenario obstructed with unobstructed netting applying permeable
pavement. For the rainfall of May 30th, there was a 61.93% reduction in the total accumulated volume
of flooding, comparing the pre- and post-obstruction scenarios and 67.54% reduction in the total
accumulated volume, comparing the obstructed network scenario with the unobstructed netting
applying permeable floor. In view of the results, it is concluded that considering the simulated
scenarios of the application of the permeable pavement with the totally unobstructed drainage network
and the simulated scenario of the totally unobstructed network it can be stated that there would be no
flooding in the events of May 09 and 30, 2016 in the study area, thus confirming the need for periodic
maintenance of the network, thus ensuring its hydraulic efficiency.

Keywords: Urban Drainage. Hydraulic-Hydrological Model. SWMM.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Crescimento populacional da cidade do Recife 13


Figura 2 - Efeito cumulativo do hidrograma relacionado aos 19
impactos do processo de urbanização
Figura 3 - Hidrograma para situação anterior e posterior à 19
urbanização
Figura 4 - Alterações hidrológicas devido à urbanização 21
Figura 5 - Processos urbanos e seus impactos no ciclo hidrológico 21
Figura 6 - Modelo de reservatório não-linear 26
Figura 7 - Pavimento Permeável 31
Figura 8 - Piscinão Parque Pinheiros – Taboão da Serra – SP 32
Figura 9 - Distribuição espacial dos municípios que apresentam 34
problemas de assoreamento da rede de drenagem no
Brasil no período de 2003 a 2007
Figura 10 - Localização do ponto crítico de alagamento 37
Figura 11 - Localização do ponto crítico de alagamento em relação 38
aos bairros vizinhos
Figura 12 - Bairros do Recife no ano de 1906 39
Figura 13 - Área impermeabilizada entre os anos de 2002 e 2016 40
no bairro da Madalena
Figura 14 - Recorte do cadastro do sistema de drenagem em 42
ambiente CAD
Figura 15 - Instalação do infiltrômetro de Duplo Anel 47
Figura 16 - Acréscimo de água nos anéis 47
Figura 17 - Correção dos níveis no Porto da Cidade do Recife 49
Figura 18 - Localização do Nó 10 51
Figura 19 - Representação do cálculo do volume de inundação para 52
a lâmina máxima de alagamento
Figura 20 - Modelo digital do terreno na área de entorno ao ponto 56
crítico de alagamento estudado
Figura 21 - Estacionamento do Clube Internacional em frente a 57
Escola Politécnica de Pernambuco em 09/05/2016
Figura 22 - Cruzamento da Rua Benfica com a Rua Professor 57
Benedito Monteiro em 30/05/2016
Figura 23 - Poço de visita na Praça Euclides da Cunha (Praça do 58
Clube Internacional) em 09/07/2016
Figura 24 - Chegada da drenagem existente da praça em 59
09/07/2016
Figura 25 - Saída canaleta em 09/07/2016 59
Figura 26 - Lixo e sedimentos acumulados na caixa coletora na 59
praça Euclides da Cunha em 09/07/2016
Figura 27 - PV na rua Benedito Monteiro próximo da esquina com 60
a rua Benfica mostrando lixo e água retida, além das
galerias em paralelo em 10/07/2016
Figura 28 - Limpeza dos poços de visita da Rua Prof. Benedito 60
Monteiro, observando-se grande quantidade de
resíduos sólidos em 10/07/2016
Figura 29 - Limpeza dos poços de visita da Rua Prof. Benedito 60
Monteiro, observando-se grande quantidade de lama
em 10/07/2016
Figura 30 - Canaleta existente no trecho final da Rua Prof. Bendito 61
Monteiro em 10/07/2016
Figura 31 - Poço de visita obstruído no canteiro central da Av. 61
Abdias de Carvalho em 10/07/2016
Figura 32 - Acesso à parte coberta do Canal ao destino final da 62
drenagem. em 10/07/2016
Figura 33 - Distância da parte descoberta do canal ao destino final 62
da drenagem em 10/07/2016
Figura 34 - Interior do canal do Sport em 10/07/2016 62
Figura 35 - Mapeamento dos principais elementos de drenagem da 64
área em estudo
Figura 36 - Delimitação das Subáreas de contribuição 65
Figura 37 - Rede de drenagem no modelo SWMM 66
Figura 38 - Áreas permeáveis na bacia de contribuição em estudo 67
Figura 39 - Curva de infiltração dos três pontos ensaiados e 68
coeficiente de determinação
Figura 40 - Parâmetros de infiltração inseridos no modelo 69
Figura 41 - Precipitação no dia 09 de Maio de 2016 70
Figura 42 - Precipitação no dia 30 de Maio de 2016 71
Figura 43 - Gráfico com a relação precipitação x maré do dia 72
09/05/2016
Figura 44 - Gráfico com a relação precipitação x maré do dia 73
30/05/2016
Figura 45 - Hidrograma no Nó 10 com base nas condições pré e 77
pós desobstrução do sistema, para o evento de 09 de
maio de 2016
Figura 46 - Volume acumulado de alagamento de alagamento no 77
Nó 10 com base nas condições pré e pós desobstrução
do sistema, para o evento de 09 de maio de 2016
Figura 47 - Lâmina d’água de alagamento no Nó 10 com base nas 79
condições pré e pós desobstrução do sistema, para o
evento de 09 de maio de 2016
Figura 48 - Hidrograma no Nó 10 com base nas condições pré e 78
pós desobstrução do sistema, para o evento de 30 de
maio de 2016
Figura 49 - Volume de acumulado de alagamento no Nó 10 com 79
base nas condições pré e pós desobstrução do sistema,
para o evento de 30 de maio de 2016
Figura 50 - Lâmina d’água de alagamento no Nó 10 com base nas 79
condições pré e pós desobstrução do sistema, para o
evento de 30 de maio de 2016
Figura 51 - Áreas dos estacionamentos que foram aplicados o 84
pavimento permeável
Figura 52 - Hidrograma de alagamento no Nó 10 com base nas 86
condições de aplicação do pavimento permeável para o
evento de 09 de maio de 2016
Figura 53 - Volume acumulado de alagamento no Nó 10 com base 86
nas condições de aplicação do pavimento permeável
para o evento de 09 de maio de 2016
Figura 54 - Lâmina d’água de alagamento no Nó 10 com base nas 87
condições de aplicação do pavimento permeável para o
evento de 09 de maio de 2016
Figura 55 - Hidrograma de alagamento no Nó 10 com base nas 87
condições de aplicação do pavimento permeável para o
evento de 30 de maio de 2016
Figura 56 - Volume acumulado de alagamento no Nó 10 com base 88
nas condições de aplicação do pavimento permeável
para o evento de 30 de maio de 2016
Figura 57 - Lâmina d’água de alagamento no Nó 10 com base nas 88
condições de aplicação do pavimento permeável para o
evento de 30 de maio de 2016
Figura 58 - Abertura do canteiro central 89
Figura 59 - Construção do poço de visita 89
Figura 60 - Verificação das dimensões do poço de visita 90
Figura 61 - Implantação das tampas do Poço 90
Figura 62 - Novo poço de visita finalizado 90
Figura 63 - Abertura do acesso à parte coberta do canal do Sport 91
Figura 64 - Levantamento da cota de topo do acesso à parte coberta 91
do canal
Figura 65 - Laje que cobre o canal do Sport 91
Figura 66 - Novo Poço de visita finalizado na parte coberta do 91
canal do Sport
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Principais elementos da rede de microdrenagem 16


Tabela 2 - Modelos hidrológicos aplicados à drenagem urbana 24
Tabela 3 - Resumo das características dos modelos hidrológicos 24
Tabela 4 - Legislações sobre medidas compensatórias de 32
drenagem urbana no Brasil
Tabela 5 - Instruções para rotinas e frequências mínimas de 34
inspeção do sistema de drenagem Urbana
Tabela 6 - Procedimento de limpeza para as estruturas do sistema 36
de drenagem
Tabela 7 - Parâmetros físicos de entrada do SWMM 43
Tabela 8 - Resumo dos parâmetros para simulação do pavimento 55
permeável
Tabela 9 - Comprimentos e dimensões da rede de drenagem 67
levantados em campo
Tabela 10 - Parâmetros físicos das subáreas de contribuição 69
Tabela 11 - Alturas de maré para os dias 8; 9 e 10 de Maio de 71
2016
Tabela 12 - Alturas de maré para o dia 30 de Maio de 2016 71
Tabela 13 - Coeficiente de rugosidade de Manning e altura de 73
sedimentação iniciais
Tabela 14 - Principais resultados obtidos para o evento do dia 74
09/05/2016
Tabela 15 - Principais resultados obtidos para o evento do dia 75
30/05/2016
Tabela 16 - Distribuição das áreas impermeáveis em cada sub- 83
bacia
Tabela 17 - Distribuição das áreas de pavimento permeável em 83
cada sub-bacia
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................12

1.1 Objetivos............................................................................................................................14

1.1.1 Objetivo geral...................................................................................................................14

1.1.2 Objetivo específico..........................................................................................................14

2 REVISÃO DA LITERATURA...........................................................................................15

2.1 Drenagem urbana.............................................................................................................15

2.2 A urbanização e seus efeitos nas inundações..................................................................17

2.3 Modelagem Hidrológico-hidráulico.................................................................................22

2.4 SWMM (Storm Water Management Model)………….........……..…………...………..25

2.5 Medidas de Controle.........................................................................................................30

2.6 Manutenção de Redes de Drenagem...............................................................................33

3 METODOLOGIA................................................................................................................37

3.1 Caracterização da área em estudo...................................................................................37

3.1.1 Características Gerais.......................................................................................................37

3.1.2 Histórico da Ocupação.....................................................................................................38

3.2 Articulação com o órgão gestor da drenagem urbana do Recife..................................41

3.3 Levantamento de Campo..................................................................................................41

3.4 Seleção do Modelo Hidrológico-hidráulico a ser utilizado............................................42

3.5 Parâmetros Físicos do Modelo e Variáveis de Entrada.................................................43

3.5.1 Delimitação e caracterização das subáreas......................................................................43

3.5.2 Taxa de infiltração...........................................................................................................46

3.5.3 Eventos de Precipitação...................................................................................................48

3.5.4 Curva de Maré..................................................................................................................48

3.6 Montagem da rede............................................................................................................50

3.7 Calibração do Modelo Hidrológico-hidráulico...............................................................50


3.8 Validação do Modelo Hidrológico-hidráulico................................................................52

3.9 Alternativas para atenuação dos alagamentos...............................................................53


3.10 Alternativas Compensatórias em Drenagem Urbana..................................................53

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................................56

4.1 Diagnóstico da Rede de Drenagem Existente.................................................................56

4.2 Áreas de contribuição e seus parâmetros físicos ...........................................................65

4.3 Dados Pluviométricos e Curvas de Marés......................................................................70

4.4 Calibração..........................................................................................................................73

4.5 Validação............................................................................................................................75

4.6 Simulação com Medidas para Atenuação dos Alagamentos.........................................76

4.6.1 Simulação da Rede de Drenagem Após a Desobstrução.................................................76

4.6.2 Simulação da Rede de Drenagem Após a Desobstrução com Pavimento Permeável......82

4.7 Medidas realizadas para melhoria da rede de drenagem da Rua Prof. Benedito
Monteiro...................................................................................................................................89

5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................92

5.1 Sugestões para trabalhos futuros.....................................................................................95

REFERÊNCIAS......................................................................................................................96

APÊNDICE A - PLANTA CADASTRAL DA REDE DE DRENAGEM NA ÁREA


DE ESTUDO..........................................................................................................................101
12

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o Brasil e os demais países emergentes tem apresentado uma elevada taxa
de crescimento urbano não planejado, diferente dos países desenvolvidos, nos quais há um
planejamento no desenvolvimento das cidades. No Brasil ocorre uma ocupação desordenada,
principalmente nas periferias como áreas de morro e ribeirinhas. O efeito da
impermeabilização e desmatamento de vastas áreas, que antes atuavam como obstáculos
naturais para a água é catastrófico, pois contribui para o aumento do escoamento superficial, a
antecipação do pico do hidrograma, aumento da frequência de cheias, diminuição da
infiltração da água que compromete o ciclo hidrológico e aumento das ilhas de calor.

Alves et al. (2016) afirmam que o crescimento urbano representa uma tendência importante
neste século, principalmente em pequenas e médias cidades dos países em desenvolvimento.
Esta tendência conduz a um incremento de áreas impermeáveis, produzindo mudanças de
padrões hidrológicos e o aumento dos volumes de escoamento e descargas de pico. Além
disso, as mudanças na distribuição das chuvas também estão relacionados com a maior
urbanização que afeta os microclimas. Estudos recentes sugerem para o futuro o aumento de
intensidades de precipitação devido às alterações climáticas em todo o mundo.

O problema da urbanização já existe na Região Metropolitana do Recife (RMR), que


representa 3% do território do Estado e concentra 42% da população do Estado e mais da
metade do PIB estadual (IBGE, 2010). Tal concentração se deu de maneira desordenada e
rápida, levando uma boa parte da população a ocupar áreas de riscos como morros e áreas
ribeirinhas. Segue na Figura 1 crescimento populacional da cidade do Recife (COUTINHO,
2011).
13

Figura 1 – Crescimento populacional da cidade do Recife

Fonte: (IBGE, 2010)

O problema na cidade do Recife se agrava graças as condições topográficas. O relevo é


formado por dois grupos: as planícies localizadas na porção Centro-Leste e os morros
adjacentes nas porções Norte, Oeste e Sul. A área de planície, no geral, apresenta cotas que
variam de 0 a 5 m, podendo atingir valores um pouco superiores e até negativos. Por sua vez,
os morros formam um arco em volta da baixada e têm cotas que variam entre 30 m e 100 m
(CABRAL et al., 2001). Além da problemática da topografia pode se somar as chuvas
intensas que chegam a 200 mm em menos de 24 horas entre os meses de maio e agosto.
Tratando-se de uma cidade costeira, as marés também são fator importante e na preamar
podem alcançar 2,70m, reduzindo drasticamente a descarga dos destinos finais das drenagens
existentes.

Nesse contexto o presente trabalho visa apresentar medidas compensatórias em drenagem


urbana de um ponto crítico de alagamento localizado no Recife, situado na Rua Professor
Benedito Monteiro. O referido ponto foi definido juntamente com a Secretaria de Infraestrutura
e Serviços Urbanos, através da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (EMLURB), da
Prefeitura do Recife, pois é uma importante via, que serve de alternativa para o fluxo de veículos
da Rua Benfica com a Avenida Eng. Abdias de Carvalho. Além disso ali localizam-se instituições
de ensino em dias de chuvas intensas essa importante rua acaba sofrendo alagamentos, que
causam inúmeros transtornos a todos que precisam chegar ou passar na mesma .
14

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

O presente trabalho visa propor alternativas compensatórias para drenagem urbana na Rua
Professor Benedito Monteiro, no Bairro da Madalena, em Recife, visando a diminuição dos
alagamentos na área em estudo.

1.1.2 Objetivo específico

Visando atender o objetivo geral será necessário atingir os objetivos específicos listados
abaixo:

 Realizar diagnóstico da situação atual do ponto crítico estudado identificando as


possíveis causas dos alagamentos;
 Avaliar o funcionamento dos sistemas de micro e macrodrenagem do local de estudo;
 Analisar cenários simulados através da modelagem hidrológica-hidráulica na área
estudada, com base nos dados levantados;
15

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Drenagem urbana

Desde os tempos remotos o homem sempre ocupa as várzeas dos rios, aproveitando as
condições de relevo mais planos, e aproveitando as condições de solos mais férteis para
agricultura, como também a facilidade para captação de água. Como exemplo pode-se citar a
região da Mesopotâmia que se desenvolveu entre os rios Tigres e Eufrates, que no passado
essa região foi habitada por Sumérios, Acádios, Babilônios, Assírios e Caldeus
(TOMINAGA, 2013).

A base para os sistemas clássicos de drenagem urbana, que são amplamente utilizados no
Brasil vieram do conceito higienista, cujo principal preceito era a evacuação rápida das águas
pluviais e servidas pelos condutos de drenagem, afastando da população a possibilidade de
contato com a presença nociva da água e minimizando a ocorrência de doenças de veiculação
hídrica. Mas constatou-se tempos depois ser um risco a saúde pública utilizar águas fluviais
para higiene e evacuação dos esgotos cloacais (TOMINAGA, 2013).

Drenagem urbana é o conjunto de medidas com o objetivo de minimizar os riscos e diminuir


os prejuízos causados pelas inundações, possibilitando um desenvolvimento urbano
harmônico, articulado e sustentável (PORTO et al., 1993).

O sistema clássico de drenagem pode ser classificado como microdrenagem e macrodrenagem


e serão descritos a seguir.

 Microdrenagem

Segundo Tominaga (2013) a rede de microdrenagem é composta pelo sistema de condutos e


canais nos loteamentos ou na rede primária urbana associada ao sistema viário. Para Amaral
(2014) o termo microdrenagem aplica-se a áreas onde o escoamento natural não é bem
definido, portanto acaba sendo determinado pela ocupação do solo.

Segue na tabela 1 um quadro resumo com os principais elementos da rede de microdrenagem.


16

Tabela 1 – Principais elementos da rede de microdrenagem


Terminologia Descrição
Galeria Canalizações utilizadas para a condução das águas pluviais que
adentram o sistema por meio das bocas-de-lobo e das ligações
privadas.
Poços de Visita Dispositivos localizados em pontos estratégicos do sistema de
galerias para permitirem a inspeção e limpeza. Estes dispositivos
devem ser posicionados, em média a cada 100m, ao longo do
sistema, para facilitar a inspeção e limpeza, ou em pontos onde
ocorre mudança de direção, declividade e/ou diâmetro das
galerias.
Trecho Porção da galeria situada entre dois poços de visita.
Bocas-de-lobo Dispositivos localizados nas sarjetas, em pontos estrategicamente
localizados para captação de águas pluviais. Podem ser do tipo:
com grande entrada, com grade lateral, com grade e entrada lateral
e de fenda longitudinal.
Condutos de Ligação Canalizações que conduzem as águas pluviais captadas nas bocas-
de-lobo para as caixas de ligações ou poços de visita a jusante.
Caixas de Ligação ou de Caixas de concreto ou alvenaria, sem tampão externo ou visitável
Passagem ao nível da rua.
Meios-Fios Estruturas dispostas entre o passeio e a via de rodagem, paralelas
ao eixo da rua e cuja face superior posiciona-se no mesmo nível do
passeio.
Sarjetas Canais situados junto ao meio-fio e ao longo da via, que recebem
as águas do escoamento superficial e as conduz para os locais de
captação (bocas-de-lobo).
Sarjetões Calhas localizadas nos cruzamentos de vias, que conduzem o fluxo
das águas na travessia de ruas transversais ou desviam o fluxo de
um lado para outro da rua. Os sarjetões podem ser formados pela
própria pavimentação ou de concreto.
Estruturas de Dissipação Devem ser utilizadas nas saídas das galerias em cursos d’água para
de Energia Hidráulica evitar a erosão causada pela concentração do escoamento pluvial.
Condutos Forçados Elementos que conduzem as águas pluviais sob pressão diferente
da atmosférica.
Estações de Equipamentos utilizados para conduzir as águas pluviais em locais
Bombeamento onde o escoamento por gravidade não é possível.
Fonte: Bidone e Tucci, (1995) e FCTH, (1999).

 Macrodrenagem

A distinção entre macrodrenagem e microdrenagem nem sempre é clara, mas pode-se


caracterizar macrodrenagem os escoamentos em fundos de vale, que normalmente são bem
definidos, mesmo que não correspondam a um curso d’água perene (AMARAL, 2014).

Tominaga (2013) cita que a macrodrenagem tem por função servir de destino final para toda a
rede de microdrenagem, que é a rede de drenagem que compreende as intervenções de fundos
17

de vale e é constituída pelos canais com dimensões maiores do que os condutos de


microdrenagem, além da rede de córregos, riachos e rios urbanos.

As obras de macrodrenagem são em geral constituídas por:


Grandes galerias;
Canais naturais e construídos;
Adequação e manutenção de reservatórios para controle de inundações;
Dispositivos de proteção à erosão (drenos sub-horizontais, muros de arrimo, etc.);
Reposição de vegetação em áreas erodidas e nas várzeas.

2.2 A Urbanização e seus efeitos nas inundações

Barrella (2001) define bacia hidrográfica como sendo um conjunto de terras drenadas por um
rio e seus afluentes, formada nas regiões mais altas do relevo por divisores de água, onde as
águas das chuvas, ou escoam superficialmente formando os riachos e rios, ou infiltram no
solo para a formação de nascentes e do lençol freático. As águas superficiais escoam para as
partes mais baixas do terreno, formando riachos e rios, sendo que as cabeceiras são formadas
por riachos que brotam em terrenos íngremes das serras e montanhas e à medida que as águas
dos riachos descem, juntam-se a outros riachos, aumentando o volume e formando os
primeiros rios que continuam seus trajetos recebendo água de outros tributários, formando
rios maiores até chegarem no oceano.

Segundo Coutinho (2011), os efeitos do avanço da urbanização sobre o ciclo hidrológico das
bacias hidrográficas modificam as características naturais da mesma, pois observa-se que com
o aumento gradativo da impermeabilização, ocorre uma progressiva diminuição da infiltração
rasa e profunda, diminuindo consequentemente a recarga dos lençóis de águas subterrâneas.
Além disso, ressalta-se também uma diminuição da cobertura vegetal e o conteúdo de água no
solo da bacia hidrográfica.

As enchentes em áreas urbanas são consequência de dois processos que ocorrem isolados ou
em conjunto:

i) Enchentes em áreas ribeirinhas – as enchentes naturais que atingem a população


que ocupa os leitos de rios por falta de planejamento do uso do solo;
ii) Urbanização – são as enchentes provocadas pela urbanização. (TUCCI; PORTO;
BARROS, 1995, p.16)
18

Quando a precipitação é intensa e o solo não tem capacidade de infiltrar, grande parte do
volume escoa para o sistema de drenagem, superando sua capacidade natural de escoamento.
O excesso do volume que não consegue ser drenado ocupa a várzea inundando de acordo com
a topografia das áreas próximas aos rios. Este tipo de inundações é denominado de inundação
ribeirinha e geralmente ocorre em bacias de médio a grande porte (> 500 km²) (TUCCI,
2004a).

Com o acelerado desenvolvimento das cidades, os rios urbanos passaram a inundar com maior
frequência. Este processo ocorre graças à impermeabilização que acelera o escoamento de
conduto e canais. A quantidade de água que chega ao mesmo tempo no sistema de drenagem é
maior produzindo assim, inundações com maior frequência comparada à situações anteriores,
quando a superfície era mais permeável e o escoamento se dava por ravinamento natural.
Esses tipos de inundações são devido à urbanização e ocorrem geralmente em pequenas
bacias urbanas (1 – 100 km², a exceção são grandes cidades como São Paulo) (TUCCI,
2004a).

Esse trabalho irá estudar mais a fundo as inundações causadas pelo processo de urbanização
desordenado das cidades.

Com o desenvolvimento urbano, ocorre a impermeabilização do solo através de


telhados, ruas calçadas e pátios, entre outros. Dessa forma, a parcela da água que
infiltra passa a escoar pelos condutos, aumentando o escoamento superficial. O
volume que escoava lentamente pela superfície do solo e ficava retido pelas plantas,
com a urbanização, passa a escoar no canal, exigindo maior capacidade de
escoamento das seções. (TUCCI; PORTO; BARROS, 1995, p.17)

Tucci (2013) afirma que as intervenções citadas aliadas ao processo desordenado da ocupação
urbana provocam o aumento da velocidade de escoamento das águas pluviais, redução do
tempo de concentração na bacia, aumento e antecipação na vazão de pico, a qual pode ter seu
valor aumentado em até seis vezes (Figura 2).
19

Figura 2 - Efeito cumulativo do hidrograma relacionado aos impactos do processo de urbanização.

Fonte: Tucci (2013).

Um aspecto que deve ser levado em consideração com a impermeabilização gerada pela
urbanização é a frequência com que eventos de chuva geram escoamento superficial. Eventos
com tempo de retorno baixos tendem a ter maiores impactos pela falta de superfície
permeável. O processo de urbanização provoca, além da geração do escoamento superficial,
um acréscimo em seus tempos de base devido ao maior volume de água. Segue na Figura 3
características do hidrograma pré-urbanização e pós-urbanização (CANHOLI, 2013).

Figura 3 – Hidrograma para situação anterior e posterior à urbanização

Fonte: (TUCCI, 2005a)

Nota-se pela figura acima que o impacto a jusante é inevitável, pois com o aumento do
escoamento superficial, a capacidade de escoamento de canais, rios, córregos e
microdrenagem podem ser superadas (SILVA JUNIOR, 2015).
20

Canholi (2013) afirma que a impermeabilização das superfícies pelo avanço da urbanização
impede o armazenamento de água no solo e, por conseguinte dos aquíferos, diminuindo o
escoamento de base dos córregos, tendo influência direta no regime de escoamento e na
qualidade das águas.

A área impermeável é o parâmetro mais importante do escoamento de base porque define a


repartição entre o volume superficial e subterrâneo. Quanto maior o escoamento superficial,
maiores são as vazões de cheia da bacia. Uma cidade com grande área impermeável deverá ter
um maior volume de escoamento superficial e vazão máxima, o que implica em altos custos
em obras de drenagem urbana e potenciais impactos sobre a população e infraestrutura
(MENEZES FILHO; TUCCI, 2012).

Barbedo et al. (2013) avaliaram diferentes abordagens para a mitigação de riscos de


inundações, através de simulação de vários cenários de urbanização, comparando os seus
impactos na ocorrência localizada de cheias na cidade de Paraty. Concluíram que os valores
encontrados evidenciam que a ocupação da planície a montante da área urbana consolidada,
conforme previsto no plano diretor atualmente em discussão, irá agravar os riscos de
inundação em diversas áreas do centro urbano.

Em relação aos efeitos da urbanização, também merece destaque a influência do crescimento


populacional no aumento proporcional da geração de resíduos sólidos que, se destinados
inadequadamente, tornam-se um componente complicador ao escoamento pluvial devido a
obstrução da entrada dos dutos, acabando por contribuir tanto para ampliação da poluição dos
recursos hídricos como o aumento dos fenômenos de cheias urbanas (SILVA; SANTIAGO,
2007). Segue na Figura 4 as modificações ocorridas no ambiente quando passam da condição
rural à condição urbana.
21

Figura 4 – Alterações hidrológicas devido à urbanização

Fonte: Tucci (2005b)


Na figura 5 fica evidente a diminuição da evapotranspiração da condição rural para a urbana.
Maiores taxas de evapotranspiração, graças à presença da vegetação nas condições rurais
significa ar mais frio, evitando o fenômeno das “ilhas de calor” nas cidades. Percebe-se a
redução de 50% para 32% do escoamento subterrâneo e também o alto escoamento
superficial. Segue na Figura 5 os efeitos causados pela urbanização no ciclo hidrológico.
Figura 5 – Processos urbanos e seus impactos no ciclo hidrológico

Fonte: Hall (1984) apud Tucci (2004a)


22

Vale destacar na figura 6, como consequências da urbanização, o aumento dos picos de


cheias, a diminuição da recarga das águas subterrâneas, problemas de controle de inundações,
escoamento superficial direto aumenta, todos esses processos geram impactos enormes na
vida da população das grandes e médias cidades.

Em contrapartida, o poder público já se mobiliza para minimizar a impermeabilização


desenfreada das grandes cidades. Um exemplo que pode ser citado é a criação da Lei de Uso e
Ocupação do Solo da Cidade do Recife (LUOS), instituída pela Lei n°16.176/96, que
estabelece no Art. 65, o percentual mínimo da área do terreno a ser mantida em suas
condições naturais, tratada com vegetação e variável por zona, definido como Taxa de Solo
Natural (TSN) (RECIFE, 1996a).

2.3 Modelagem Hidrológica-hidráulica

Para Rennó e Soares (2010), um modelo hidráulico-hidrológico é um conjunto de equações e


procedimentos que procura simular o comportamento da água desde a precipitação até a saída
dela do sistema.

Collodel (2009) afirma que os modelos hidrológicos, acompanhados do monitoramento


hidrológico, são ferramentas importantes no planejamento urbano, além de prognosticar os
efeitos causados pela urbanização nas bacias hidrográficas. Neves, Villanueva e Tucci (2001),
afirmam que os modelos são ferramentas úteis para representar as diferentes combinações de
escoamento proveniente dos impactos do crescimento urbano e levar em conta a grande
diversidade física do sistema.

Collodel (2009), Tucci (2004b) e Shinma (2011), estabelecem critérios de classificação dos
modelos hidrológicos que estão resumidos a seguir:

Segundo sua função, os modelos podem ser de comportamento, otimização e planejamento.


Os modelos de comportamento descrevem o comportamento de um sistema, prognosticando a
resposta deste quando estiver sujeito a diferentes entradas ou a modificações em suas
características. Os modelos de otimização são utilizados para obtenção das melhores soluções
para problemas específicos de Recursos Hídricos. Os modelos de planejamento buscam
23

soluções hidráulicas, hidrológicas e econômicas, envolvendo também considerações sócio-


econômicas e ambientais (COLLODEL, 2009; TUCCI, 2004b; SHINMA, 2011).

Levando em consideração as variáveis de seus resultados, os modelos podem ser estocásticos


ou determinísticos. Se o modelo considerar alguma variável com comportamento aleatório,
ele é definido estocástico. Se o modelo desconsiderar o conceito de probabilidade, é definido
com determinístico (COLLODEL, 2009; TUCCI, 2004b; SHINMA, 2011).

Por sua forma de construção podem ser empíricos ou conceituais. Os modelos empíricos
utilizam valores observados em suas simulações, sendo bastante simples e específicos para
cada região e situação. Os modelos conceituais são baseados em processos físicos, e são mais
complexos e simulam diversas situações (COLLODEL, 2009; TUCCI, 2004b; SHINMA,
2011).

Pela forma de utilização de dados podem ser discretos ou contínuos. Os modelos são
considerados contínuos quando os fenômenos forem representados continuamente no tempo, e
discretos quando as mudanças ocorrerem em tempos discretos (COLLODEL, 2009; TUCCI,
2004b; SHINMA, 2011).

Quanto à variabilidade espacial admitida pelos parâmetros, os modelos podem ser


concentrados, semi-distribuídos ou distribuídos. Os modelos concentrados consideram a bacia
como um todo homogêneo, em que as variáveis de entrada e saída não variam no espaço. Os
modelos semi-distribuídos consideram a variabilidade espacial das variáveis, ficando mais
próximo da realidade (COLLODEL, 2009; TUCCI, 2004b; SHINMA, 2011).

Pela existência de dependência temporal os modelos podem ser estacionários ou dinâmicos.


Os modelos estacionários descrevem as variáveis num determinado momento enquanto os
modelos dinâmicos descrevem ao longo do tempo (COLLODEL, 2009; TUCCI, 2004b;
SHINMA, 2011).

Segundo a propagação do escoamento os modelos podem ser de armazenamento ou


hidrodinâmico. Os modelos de armazenamento consideram somente os efeitos de
armazenamento na atenuação e deslocamento da onda de cheia, desprezam os efeitos do atrito
levados em conta pela equação da quantidade de movimento. Os modelos que utilizam as
24

equações de Saint Venant são chamados de hidrodinâmicos e subdividem-se em simplificados


ou completos. Os modelos simplificados usam simplificações dos termos das equações do
escoamento ou análise simplificada do escoamento sob pressão. Os modelos hidrodinâmicos
são completos quando resolvem as equações de Saint Venant sem simplificações e são
capazes de representar qualquer fenômeno que acontece na propagação de escoamento em
condutos, principalmente em situações críticas, como condutos sob pressão e efeitos a jusante
como o remanso. Exemplos de modelos simplificados e completos são modelo de onda
cinemática e de onda dinâmica, respectivamente (COLLODEL, 2009; TUCCI, 2004b;
SHINMA, 2011).

Collodel (2009) lista os modelos hidrológicos mais utilizados em drenagem urbana. Segue na
tabela 2, os modelos e respectivos autores e ano de criação. O mesmo autor faz um resumo
das características de alguns modelos que comprovam a abrangência e flexibilidade do
SWMM, apresentadas na tabela 3.
Tabela 2 – Modelos hidrológicos aplicados à drenagem urbana
Código Nome Agência Criadora Ano
MOUSE ModellingofUrbanSewer DHI 1985
CHM Chicago HydrographMethod City of Chicago 1959
ILLUDAS Illinois Urban Drainage Area Simulator Ill. WaterSurvey 1972
STORM Storage, Treatment, Overflow Runoff Model CorpsofEngineers 1974
TR-55 SCS Technical Release 5S SCS 1975
DR3M Distributed Rounting Rainfall-Runoff Model USGS 1978
IPH-2 Instituto de Pesquisa Hidráulicas IPH-UFRGS 1981
SWMM StormWater Management Model EPA 1971
Fonte: Collodel (2009).

Tabela 3 – Resumo das características dos modelos hidrológicos


Modelos
Capacidades de simulação
CHM ILLUDAS STORM IPH-2 SWMM
Múltiplas sub-bacias x x - x x
Entrada de diversos hidrogramas x - - x x
Evaporação x - x - x
Degelo - x x - x
Escoamento de base x x - x x
Escoamento de superfícies x x x x x
impermeáveis
Escoamento de superfícies permeáveis x x x x x
Áreas diretamente conectadas - x - - x
Balanço hídrico entre eventos x - x x x
Escoamento em sarjetas x x x - x
Propagação em galerias x x x x x
Múltiplas seções transversais - - - - x
Escoamento sob pressão - - - - x
25

Modelos
Capacidades de simulação
CHM ILLUDAS STORM IPHS1 SWMM
Derivação - x x x x
Estações elevatórias - x - - x
Armazenamento - x x x x
Cálculo de nível - x - x x
Cálculo de velocidades - x - x x
Simulação contínua - - x x x
Escolha do passo de tempo x x - x x
Cálculo de projetos x x - x x
Código computacional disponível x x x x x
Fonte: Collodel (2009).

Deve-se destacar a maior abrangência nas capacidades das simulações do modelo SWMM
(Storm Water Management Model), desenvolvido pela Enviromental Protection Agency–
EPA-USA em 1971 e vem sendo aprimorado ao longo dos anos em diversas versões. Além da
grande abrangência o SWMM é de domínio público e apresenta relativa simplicidade na
operação, logo por esses motivos foi escolhido para ser ferramenta principal desse trabalho.

2.4 SWMM (Storm Water Management Model)

O Storm Water Management Model – SWMM (Modelo de Gestão Urbana – SWMM), é um


modelo dinâmico chuva-vazão que simula a quantidade e a qualidade do escoamento
superficial, especialmente em áreas urbanas. O módulo de transporte hidráulico do SWMM
simula o percurso destas águas através de um sistema composto por tubulações, canais,
dispositivos de armazenamento e tratamento, bombas e elemento de regulação.

O SWMM foi desenvolvido em 1971, sofrendo desde então diversas atualizações. É


amplamente utilizado em várias partes do mundo para planejamento, análise e projetos de
sistemas de drenagem de águas pluviais em áreas urbanas, sistemas coletores de águas
residuais, também aplicados em áreas não urbanas.

Collodel (2009) afirma que a simulação do escoamento superficial é realizada considerando


que as sub-bacias se comportam como reservatórios não lineares, representados pela
combinação das equações de Manning e da continuidade. Shinma (2011) cita que cada
superfície de subárea é tratada como um reservatório não-linear. As entradas de vazão
resultam da precipitação e afluências de subáreas a montante. As saídas de vazão são
infiltração, evaporação e escoamento superficial. A vazão de saída é calculada quando há o
26

trasbordamento deste reservatório. Segue na Figura 6 a representação do modelo de


reservatório não-linear.

Figura 6 – Modelo de reservatório não-linear

Fonte: (ROSMAN; HUBER, 2016)

O reservatório não linear é definido a partir da combinação da equação da continuidade com a


equação de Manning. A vazão é gerada pela equação de Manning (equação 1):

1
𝑄 = 𝑊. 𝑛 (𝑑 − 𝑑𝑝)5/3 𝑆 1/2 (Equação 1)

Onde:
Q = Vazão, em m³/s;
W = largura da sub-bacia, em m;
n = coeficiente de rugosidade de Manning, m-1/3s;
d = Profundidade de água, em m;
dp = profundidade do armazenamento em depressão, em m;
S = declividade da sub-bacia, em m/m.

A seguir são citados alguns trabalhos encontrados na literatura que utilizam similaridades com
as técnicas ou foco dessa pesquisa.

Garcia e Paiva (2005), utilizando o modelo SWMM, realizaram estudo da sensibilidade dos
parâmetros e da influência do grau de discretização da bacia na simulação de eventos e análise
das mudanças ocorridas nos hidrogramas de cheia causados pelo processo de urbanização
para a bacia hidrográfica do Arroio Cancela, nos anos de 1980, 1992 e 2004 com dados de uso
27

e ocupação do solo. O modelo SWMM apresentou bons resultados na calibração de seus


parâmetros, chegando a um coeficiente de correlação R, com valor médio de 0,95. Na análise
de uso e ocupação do solo foi constatado que a bacia hidrográfica do Arroio Cancela
apresenta processo acelerado de urbanização, com o aumento das áreas impermeáveis de
24%, entre 1980 e 2004, onde a maior parcela de impermeabilização ocorreu entre 1992 e
2004, com taxa de impermeabilização de 1,3% ao ano. Na vazão de pico observou-se um
aumento médio de 42,4% entre os anos de 1980 e 1992, e 49,1% entre 1992 e 2004.
Constatou-se que as maiores modificações nos hidrogramas ocorrem nos períodos de maiores
taxas de impermeabilização, indicando os impactos no processo de urbanização sobre a vazão
de pico e o volume escoado.

Barco, Wong e Stenstrom (2008) usaram o SWMM e GIS aplicados a uma grande bacia
urbana em West, Los Angeles. O SIG (Sistema de Informações Geográficas) foi usado para
processar e gerar os dados de entrada da distribuição da precipitação. Quatro parâmetros do
SWMM foram utilizados para calibração: impermeabilização, armazenamento de depressão,
largura e coeficiente de Manning. O armazenamento de depressão e a impermeabilização
foram os que se mostraram mais sensíveis e são os parâmetros que afetam diretamente o
escoamento total e pico do fluxo. Chegou-se à conclusão que o acoplamento do SIG ao
SWMM, cria uma ferramenta de modelagem útil que pode ser usada para grandes bacias
hidrográficas urbanas e o tempo necessário para a gestão dos dados calibrados é drasticamente
reduzido pelo SIG.
Silva (2010) simulou técnicas não convencionais no meio urbano a partir do modelo
hidrológico SWMM, para atenuar inundações, provocadas por chuvas intensas, ocorridas na
sub-bacia do canal da SANBRA localizado na zona oeste da cidade do Recife/PE. As técnicas
utilizadas foram reservatórios em lotes, reservatórios em setores da sub-bacia ao longo da
rede de micro drenagem, (online) e na sub-bacia ao longo do curso do canal aproveitando uma
área remanescente para transformá-la numa bacia de detenção. A bacia de detenção na sub-
bacia foi o resultado mais eficaz, reduzindo o pico de vazão em 55% em média. A detenção
em lotes obteve melhor eficiência quando os micro reservatórios tem a função de retenção da
água, chegando a reduzir as vazões de pico em 83%.

Huong e Pathirana (2013) usaram o modelo SWMM para simular o quanto o avanço da
urbanização na cidade de Can Tho (a maior cidade no delta do Rio Mekong, no Vietnã) pode
28

elevar o escoamento superficial devido à impermeabilização, à intensidade das chuvas devido


as ilhas de calor urbano e aumento dos riscos das inundações. O crescimento da cidade foi
projetada até o ano de 2100 com base em padrões de crescimento histórico. Os resultados
mostraram que, sob o cenário combinado de mudança significativa no nível do rio, (devido ao
mar, impelida pelo clima o aumento do nível e aumento do fluxo no Mekong), as inundações
na cidade de Can Tho poderiam aumentar.

Peplau e Neves (2014) apresentam uma proposta de definição da vazão específica de restrição
em uma bacia hidrográfica urbana a partir da capacidade máxima do escoamento de seu canal
de macrodrenagem e dos condicionantes atuais de uso e ocupação do solo. Para tal objetivo
foram realizados modelagem hidrológico-hidrodinâmica, simulação para verificação da
capacidade do canal, vazões de restrição e coeficientes de escoamento pela capacidade do
canal, vazão e coeficiente de escoamento de pré-urbanização pelo método racional. Os
referidos autores utilizaram o software SWMM para simulação de cenários definidos em
função do tempo de retorno da precipitação e o nível de jusante na foz do riacho escolhido,
denominado Riacho do Sapo. Os resultados mostraram ser razoável que o método racional
estime bem a vazão de pré-urbanização para TR=10 anos e duração de 1 h. Nesse caso a
vazão de restrição pela capacidade máxima do canal pode atingir o dobro ou até o triplo do
valor calculado simulando a vazão de pré-urbanização.

Kim et al. (2014), usaram o modelo hidrológico SWMM para simular um estacionamento
subterrâneo, como um reservatório de detenção na porção Sul (ocidental) de Daegu, Coréia,
onde há ocorrências de inundações urbanas severas. Foi observado que o parâmetros do
SWMM podem ser calibrados a partir de observações de inundações, pois de outra forma não
seria possível, pois os fluxos das galerias de águas pluviais não são monitorados internamente.

Yang, Li e Wang (2014), simularam com o auxílio do SWMM vários cenários com períodos
de retorno, graus de urbanização e diâmetros de tubos diferentes na região de Zhengzhou,
China. O estudo mostrou que o alagamento urbano tem uma relação estreita com a expansão e
disposição urbana. Foram usados períodos de recorrência de 2 anos, 10 anos e 100 anos para
precipitações numa superfície com um runoff de 82% simulando um período pós urbanização.
Os resultados foram 2,5 vezes, 1,8 vezes e 1,3 vezes de proporções, respectivamente, na área
da superfície impermeável em relação ao período pré urbanização.
29

Silva Junior (2015) utilizou o modelo hidrológico (SWMM) para simular alternativas
compensatórias em drenagem urbana num ponto crítico localizado no cruzamento da Avenida
João de Barros com a Rua Joaquim Felipe, no bairro da Soledade em Recife/ PE. A calibração
do modelo, feita a partir da situação observada no ano de 2015, apresentou coeficientes de
correlação de 0,97 e 0,96 para períodos de recorrência de dois e cinco anos, respectivamente.
Foram simuladas duas alternativas diferentes: a primeira foi a readequação da rede de
drenagem existente, chegando a reduções de 37% e 58% nos volumes de alagamento para
tempos de recorrência de 2 anos e 5 anos, respectivamente. A segunda alternativa foi a
concepção de um reservatório de detenção na rede existente cuja simulação para um evento de
período de retorno de cinco anos reduziu cerca de 38% o volume observado em 2015.

Mahunguana e Bravo (2015) avaliaram, com o auxílio do modelo SWMM, os efeitos da


discretização espacial da bacia, da discretização temporal, posição do pico dos hietogramas e
das principais características do hidrograma resultante do projeto. O impacto do valor adotado
nesses critérios de projeto é ainda avaliado no dimensionamento hidráulico do sistema de
macrodrenagem dos bairros suburbanos de Mavalane e Maxaquene, localizados na cidade de
Maputo em Moçambique. Os resultados mostraram que os efeitos da discretização espacial da
bacia são os que mais influenciam na característica do hidrograma de projeto e
consequentemente no dimensionamento hidráulico da macrodrenagem.

Oliveira (2017) identificou, com o auxílio do SWMM, técnicas compensatórias de drenagem


urbana viáveis para um ponto crítico de alagamento situado na Avenida Doutor José Rufino,
no bairro do Jiquiá em Recife/PE. Após a calibração e validação do modelo os resultados
obtidos indicaram que a alteração da cota de fundo do conduto não melhoraria a situação de
alagamento no local, porém com a utilização de um reservatório de retenção, diminuiriam as
vazões resultantes do pico de chuva de eventos críticos, e consequentemente haveria redução
dos alagamentos locais.
30

2.5 Medidas de controle

Medidas de controle de cheias são conjuntos de métodos estruturais e não estruturais que tem
o objetivo de diminuir os efeitos danosos das enchentes nas áreas urbanas e rurais.
(BARBOSA, 2006)

As medidas para controle de cheias podem ser classificadas como estruturais e não-
estruturais. As estruturais modificam em geral as características hidráulicas dos cursos de
água e envolvem na maioria das vezes obras que atenuam o efeito das inundações. Segundo
Barbosa (2006) as medidas estruturais são medidas físicas de engenharia desenvolvidas pela
sociedade para reduzir o risco de enchentes. Essas medidas podem ser extensivas ou
intensivas. As medidas extensivas são aquelas que agem na bacia, procurando modificar as
relações entre precipitação e vazão, como modificação da cobertura vegetal no solo, que reduz
e retarda os picos de enchente e controla a erosão da bacia. As medidas intensivas são aquelas
que agem no rio e podem ser medidas que aceleram, retardam ou desviam o escoamento.

As medidas não-estruturais não envolvem obras, mas são tão importantes quanto as
estruturais, pois defendem na sua concepção a melhor convivência da população com as
cheias, educando a mesma com relação a mecanismos de geração do escoamento superficial e
como reduzir seu impacto negativo. São formadas basicamente por soluções indiretas, como
por exemplo, aquelas destinadas ao controle do uso e ocupação do solo (nas várzeas e nas
bacias) ou à diminuição da vulnerabilidade dos ocupantes das áreas de risco das
consequências das inundações. Envolvem aspectos de natureza cultural e participação do
público, indispensável para a implantação, com o investimento de recursos leve, baseado
principalmente na conscientização e educação das pessoas, rede de monitoramento e previsão
de alerta, controle do desmatamento e plano diretor de drenagem (KOBAYASHI, et al., 2008;
KRüGER; DZIEDZIC, 2010).

Atualmente no Brasil a política de controle dos impactos na drenagem ainda se baseia no


conceito higienista, o qual tem por premissa principal o rápido escoamento da água
precipitada. Em países desenvolvidos este conceito vem sendo abandonado desde o início da
década de 1970 (BAPTISTA et al., 2005).
31

Para Baptista et al. (2005) a solução higienista de drenagem urbana (também denominada
tradicional ou clássica) apenas transfere os problemas de montante para jusante, visando
exclusivamente à solução quantitativa. Para transportar todo o volume transferido é necessário
ampliar a capacidade de condutos e canais ao longo de todo o seu trajeto dentro da cidade, até
um local onde o seu efeito de ampliação não atinge a população. A irracionalidade dos
projetos leva a custos insustentáveis, podendo chegar a dez vezes maior do que o custo de
amortecer o pico dos hidrogramas e diminuir a vazão máxima para jusante através de uma
detenção.

Segundo Tucci (2013), o paradoxo é que países desenvolvidos verificaram que os custos de
canalização e condutos eram muito altos e abandonaram esse tipo de solução, enquanto que os
países em desenvolvimento adotam sistematicamente essas medidas, perdendo duas vezes:
custos muito maiores e aumento dos prejuízos. Assim, os países desenvolvidos desde os anos
70 vêm investindo em medidas compensatórias que tem como principal foco a detenção e
infiltração minimizando os efeitos da urbanização na bacia. Segundo o Plano Diretor de
Drenagem Urbana da Cidade Porto Alegre (2005) essas medidas podem ser classificadas de
acordo com o componente de drenagem envolvido no controle: na fonte, na microdrenagem e
na macrodrenagem e estão descritas a seguir.

 Na fonte: é o tipo de controle que atua sobre o lote, praças e passeios, que pode ser
detenção em lote ou o uso de áreas de infiltração para receber água de áreas
impermeáveis, recuperando a capacidade de infiltração da bacia. Este tipo de medida é
aplicado somente na fonte, como o pavimento permeável (Figura 7);
Figura 7 – Pavimento Permeável

Fonte: (KRüGER; DZIEDZIC, 2010)


32

 Na microdrenagem: é o controle que age sobre o hidrograma resultante de um


parcelamento ou mesmo mais de um parcelamento, em função da área, que pode ser
de detenção, quando o reservatório é mantido a seco e controla apenas o volume
(Figura 8) ou de retenção quando é mantido com lâmina de água e controla também a
qualidade de água, mas requer maior volume;
Figura 8 –Piscinão Parque Pinheiros – Taboão da Serra - SP

Fonte: KOBAYASHI,et al. (2008).


 Na macrodrenagem: é o controle sobre áreas acima de 2 km² ou dos principais riachos
urbanos.

Apesar da larga aplicação de técnicas higienistas no Brasil, nota-se o esforço de alguns


municípios para a modernização de suas políticas públicas em relação à drenagem urbana,
visto que o número de desastres ocorridos devido ao aumento dos alagamentos vem se
intensificando. Foi exposto na tabela 4 um breve resumo com os principais municípios do
Brasil que implantaram leis que regulamentam a aplicação de técnicas compensatórias
modernas.
Tabela 4 – Legislações sobre medidas compensatórias de drenagem urbana no Brasil
Cidade Ano Assunto
Lei n° 13.276/01, que torna obrigatório o uso de
São Paulo 2002
“piscininhas”.
Lei nº 12.526, com o objetivo de implantar reservatórios de
detenções em empreendimentos com áreas impermeabilizadas
São Paulo 2007
maiores que 500 m² ou em reformas com impermeabilização
superior a 100m²

Lei nº 4.393, que torna obrigatório a implantação de


Rio de Janeiro 2004 reservatórios para construções residenciais com mais de 50
famílias ou comércios com mais de 50m².
33

Cidade Ano Assunto


Lei nº 18.112, denominada lei do telhado verde define que
para lotes, edificados ou não, com mais de 500m², que tenha
Recife 2015 área impermeabilizada superior a 25% da área total do lote
deverão ser executados reservatórios de águas pluviais como
condição para aprovação do projeto inicial.

Lei nº 5.617, prevê a obrigação do uso de reservatórios de


Guarulhos – SP 1997 detenção de águas pluviais para imóveis com área superior a 1
hectare, com a possibilidade de reutilização destas águas.

Decreto nº 176, torna obrigatória a implantação de


reservatórios de detenção em ampliações e/ou reformas,
Curitiba 2007 independente do uso e localização, que impermeabilizarem
área igual ou superior a 3.000,00m², ou que apresentarem
redução da taxa de permeabilidade de 25%.
Fonte- Silva Junior (2015) e Oliveira (2017)

2.6 Manutenção de redes de drenagem

As grandes cidades vem sofrendo principalmente com a falta de manutenção da rede


drenagem pluvial, segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico de 2008 (IBGE,
2010). No Brasil 92,6% dos municípios que fizeram manutenção em suas redes de drenagem
adotaram o método da varrição e limpeza de ruas. Se for levado em consideração as grandes
Regiões, a proporção variou de 88,4%, na Região Sul, a 96,0%, na região Norte, sendo que a
Região Nordeste ficou acima da média nacional, levando em consideração esse método de
manutenção. Os dados apresentados são positivos e a técnica de limpeza e varrição deve ser
acoplada a outros métodos como desobstrução da rede de drenagem e educação ambiental da
população.

Conforme IBGE (2010), 39,5% dos municípios brasileiros declaram sofrer problemas de
assoreamento na rede de drenagem, que não está associado diretamente a falta de manutenção,
mas a outros fatores como topografia, clima, características dos solos, ocupações
desordenadas, desmatamento, entre outros, que acabam contribuindo para o processo de
assoreamento. Segue, na Figura 9, a distribuição espacial dos municípios que apresentam
problemas de assoreamento.
34

Figura 9 – Distribuição espacial dos municípios que apresentam problemas de assoreamento da rede
de drenagem no Brasil no período de 2003 a 2007.

Fonte: IBGE (2010)


A cidade do Recife apresenta diretrizes para atividades de inspeção, limpeza e reparos de
componentes do sistema de drenagem, porém pouco detalhadas em relação à frequência e ao
número mínimo de inspeções e limpeza da rede de drenagem. Por esse motivo foram
estabelecidos os procedimentos adotados pelo plano de Drenagem Urbana da Cidade de São
Paulo publicado no ano de 2012.

Segundo o Plano de Drenagem da Cidade de São Paulo, os procedimentos de rotina para


manutenção são aplicados as Sarjetas, Bocas de lobo, Bueiros e Galerias, Canais abertos e
fechados, Reservatórios de Armazenamento e equipamentos eletrônicos como bombas,
painéis eletrônicos, tubulações, comportas, etc. Na tabela 5 seguem instruções como rotinas e
frequência mínima para execução de inspeção do sistema de drenagem e quais sistemas
devem ser submetidos a essa inspeção.
Tabela 5 – Instruções para rotinas e frequências mínimas de inspeção do sistema de drenagem urbana
Estrutura Rotina Frequência Mínima
Sarjetas Inspecionar os pontos de acesso bem como a A cada 60 dias
superfície na área dos pontos de acesso.
Atenção especial deve ser dada aos danos ou
bloqueios.
35

Estrutura Rotina Frequência Mínima


Inspecionar revestimento das estruturas A cada 60 dias
para determinar quaisquer danos e
deteriorações.
Procurar por obstruções causadas por
A cada 60 dias
Sarjetas acúmulo de resíduos e sedimentos.
Inspecionar os pontos de acesso bem
como a superfície na área dos pontos de
A cada 60 dias.
acesso. Atenção especial deve ser dada
aos danos ou bloqueios.
Inspecionar revestimento das estruturas
para determinar quaisquer danos e A cada 60 dias
deteriorações.
Bocas de lobo, Procurar por obstruções causadas por
bueiros, galerias A cada 60 dias
acúmulo de resíduos e sedimentos
e canais abertos e Nos períodos de estiagem
fechados inspecionar mensalmente. Durante o
Inspecionar o revestimento do
período chuvoso, as inspeções
reservatório para determinar quaisquer
deverão ser quinzenais ou
danos e deteriorações.
imediatamente após a ocorrência de
evento chuvoso.
Nos períodos de estiagem
inspecionar mensalmente. Durante o
período chuvoso, as inspeções
deverão ser quinzenais ou
imediatamente após a ocorrência de
Verificar se ocorre acúmulo de detritos ou
evento chuvoso. Nos períodos de
decomposição anaeróbia no reservatório.
estiagem inspecionar mensalmente.
Durante o período chuvoso, as
inspeções deverão ser quinzenais ou
imediatamente após a ocorrência de
evento chuvoso.
Nos períodos de estiagem
inspecionar mensalmente. Durante o
No caso de reservatório de retenção, período chuvoso, as inspeções
verificar se ocorre proliferação de algas. deverão ser quinzenais ou
imediatamente após a ocorrência de
Reservatórios de
evento chuvoso.
armazenamento
Nos períodos de estiagem
inspecionar mensalmente. Durante o
Inspecionar grades de retenção de
período chuvoso, as inspeções
resíduos para garantir que elas estão livres
deverão ser quinzenais ou
de detritos e lixo.
imediatamente após a ocorrência de
evento chuvoso.
Nos períodos de estiagem a cada 60
Inspecionar estruturas de controle,
dias, e sempre que for efetuada
equipamentos hidromecânicos (válvulas,
alguma manobra (enchimento ou
registros, comportas, stop-logs ou outros
esvaziamento) durante o período
existentes).
chuvoso.
Na estiagem a cada 60 dias e no
Inspecionar os equipamentos
período chuvoso, as inspeções
eletromecânicos existentes no reservatório
deverão ser realizadas sempre logo
(bombas, quadros de comando, chaves de
após ocorrer alguma operação no
acionamento, setores de monitoramento).
reservatório.
36

Estrutura Rotina Frequência Mínima


Nos períodos de estiagem
Inspecionar mensalmente, nos períodos de
inspecionar mensalmente. Durante o
estiagem, bombas hidráulicas, registros,
período chuvoso, as inspeções
Equipamentos motores elétricos, quadros de comando e
deverão ser quinzenais ou
eletromecânicos chaves de acionamento, bem como outros
imediatamente após a ocorrência de
elementos existentes na casa de bombas
evento chuvoso em que se observar
(sensores de monitoramento, iluminação,
alagamento na área de controle dos
etc.).
equipamentos hidromecânicos.
Fonte: Plano Diretor da Cidade de São Paulo (2012)

O mesmo plano também estabelece procedimentos para limpeza das estruturas do sistema de
drenagem bem como a rotina e frequência mínima para tais serviços (Tabela 6).

Tabela 6 – Procedimento de limpeza para as estruturas do sistema de drenagem


Estrutura Rotina Frequência Mínima
Limpar sedimentos acumulados e Diariamente de forma continua
Sarjetas
resíduos sólidos.
Bocas de lobo, A cada 60 dias, com devida atenção
bueiros, galerias e Limpar sedimentos acumulados e nos períodos de chuva.
canais abertos e resíduos sólidos.
fechados
Limpar sedimentos, resíduos sólidos e Nos períodos de estiagem limpar
Reservatórios de outros detritos acumulados. mensalmente. Durante o período
armazenamento Remover vegetação. chuvoso, após a ocorrência de cada
Desinfecção da área do reservatório. evento de chuva.
Fonte: Plano Diretor da Cidade de São Paulo (2012)
37

3 METODOLOGIA

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO


3.1.1 Características Gerais

Para a realização deste trabalho, optou-se em estudar um ponto crítico de alagamento,


localizado na cidade do Recife, no bairro da Madalena, mais especificamente na Rua
Professor Benedito Monteiro (Figura 10). A área em estudo situa-se na 4ª Região Político-
Administrativa (RPA) da cidade do Recife, que abrange 12 bairros: Cordeiro; Ilha do Retiro;
Iputinga; Madalena; Prado; Torre; Zumbi; Engenho do Meio; Torrões; Caxangá; Cidade
Universitária; Várzea.

A área em estudo localiza-se próximo a três dos principais bairros da cidade do Recife, (Ilha
do Retiro, Derby e Paissandu), sendo que o destino final da drenagem existente da Rua
Professor Benedito Monteiro é o canal do Sport no Bairro da Ilha do Retiro, tendo como
afluente o Rio Capibaribe (Figura 11).

Segundo o Censo do IBGE (2010), o bairro da Madalena possui uma população de 23.082
habitantes que corresponde a 1,5% dos habitantes da cidade do Recife e uma área de 183
hectares. O bairro da Ilha do Retiro, onde está localizado o destino final da drenagem, possui
uma área de 54 hectares e uma população de 3740 habitantes segundo o Censo do IBGE
(2010).
Figura 10 – Localização do ponto crítico de alagamento

Fonte: Elaborado pelo autor


38

Figura 11 – Localização do ponto crítico de alagamento em relação aos bairros vizinhos

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de imagem do Google Earth (2016).

3.1.2 Histórico da ocupação

Segundo Silva e Bitoun (2007), com o surgimento das Usinas, após 1885, deu-se o primeiro
surto de migração para a cidade do Recife. A causa foi a concentração de terras por parte das
Usinas e refinarias, que expulsou os caboclos e antigos escravos, que nelas viviam. Nesse
período funcionavam nas várzeas do Capibaribe 16 engenhos, entre eles o engenho Madalena.

Em 27/04/1896, pela Lei n.º 95, foram criados os distritos de Madalena e Torre e anexados ao
município de Recife, assim inicia-se a história de ocupação do bairro onde localiza-se a área
desse estudo (RECIFE, 2018b). Segue na Figura 12 parte dos bairros da Madalena, Derby,
Ilha do Retiro, Capunga e Joana Bezerra, produzido a partir dos levantamentos feitos por Sir
Douglas Fox e H. Michell Whitley, membros do Instituto de Engenharia Civil de Londres no
ano de 1906.
39

Figura 12 – Bairros do Recife no ano de 1906

Fonte: Labtopope (2017)

De acordo com o Censo do IBGE (2010) a Taxa Média Geométrica de Crescimento Anual da
População no ano 2000 até 2010 foi de 1,55 %, porém conforme apresentado na Figura 13 a
intensa ocupação do solo por empreendimentos como hipermercados e edificações
diminuíram significativamente a taxa de solo natural dos arredores da área em estudo.

Levando em consideração os 3 quarteirões que delimitam a Rua Prof. Benedito Monteiro,


entre os anos de 2002 e 2016 cerca de 32% do área foi impermeabilizada, ficando
praticamente impermeável toda a área. Como consequência, houve um aumento considerável
do escoamento superficial e da frequência de alagamentos na região.
40

Figura 13 – Área impermeabilizada entre os anos de 2002 e 2016 no bairro da Madalena.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de imagens do Google Earth (2002) e (2016).
41

3.2 Articulação com o órgão gestor da drenagem urbana do Recife

Inicialmente foram realizadas reuniões com o órgão gestor de drenagem urbana do Recife,
EMLURB, para definição do ponto crítico de alagamento a ser estudado. Concomitantemente,
ocorreram alguns eventos de precipitações no mês de Maio de 2016 que tiveram por
consequência o alagamento da Rua Professor Benedito Monteiro, no bairro da Madalena,
onde localiza-se a Escola Politécnica de Pernambuco (POLI). Em dois desses eventos as aulas
da POLI foram suspensas devido ao nível d'água ter atingido o saguão do Bloco principal,
impedindo a circulação de pessoas no local e entre alguns blocos. Cabe ressaltar que a POLI
teve em 2016, com uma média de 3326 alunos matriculados no primeiro e segundo semestres
do mesmo ano.

Diante do impacto dos alagamentos na comunidade acadêmica da POLI, bem como no


funcionamento dos estabelecimentos de ensino em seu entorno, decidiu-se estudar este ponto,
visando propor medidas compensatórias para a atenuação do alagamento na Rua Professor
Benedito Monteiro.

O cadastro da rede de drenagem de águas pluviais da área em estudo foi fornecido pela
EMLURB. Como o cadastro era da década de 80 foi necessária a atualização em campo de
todo o levantamento a fim de melhorar a precisão e qualidade dos resultados finais das
simulações hidrológicas-hidráulicas.

3.3 Levantamento Topográfico em Campo

Os trabalhos de campo objetivaram: o levantamento das informações para cadastramento da


rede, incluindo localização dos PV’s (coordenadas e altitude), dimensão e posição das galerias
(altura da geratriz inferior da galeria até o fundo do PV, diâmetro das galerias que chegam e
que sai do PV, altura da geratriz superior das galerias até a tampa do PV) e dos canais
existentes na rede de drenagem. A equipe da EMLURB esteve presente em todas as vistorias
providenciando tanto a limpeza da rede, como apoio para abertura dos poços de visita para o
levantamento cadastral.

Figura 14 mostra um recorte do cadastro do sistema de águas pluviais existente na Rua


Professor Benedito Monteiro e utilizado na modelagem.
42

Figura 14 – Recorte do cadastro do sistema de drenagem em ambiente CAD.

Fonte: Elaborado pelo autor.

3.4 Seleção do Modelo Hidrológico-Hidráulico a ser utilizado

A aplicação de um modelo hidrológico-hidráulico além de facilitar a compreensão dos


resultados ainda facilita a identificação de medidas compensatórias que venham atenuar os
alagamentos na área em estudo.

O modelo SWMM foi selecionado devido à quantidade de dados disponíveis serem


suficientes para gerar simulações que retratem a realidade. Collodel (2009), destaca a maior
abrangência e flexibilidade de simulação do SWMM comparado a modelos hidrológico -
hidráulico como o STORM e ILLUDAS. Segundo Tominaga (2013), o SWMM é capaz de
modelar medidas de controle na fonte como: células de biorretenção (jardins de chuva,
telhados verdes), trincheiras de infiltração, pavimentos porosos, barris de chuva (cisternas ou
micro reservatórios) e valas vegetais, além disso, possui recursos de modelagem como chuva
variável no tempo, evaporação da água de superfície, interceptação de chuva a partir de
armazenamento em depressão, infiltração de chuvas em camadas de solo não saturados,
percolação de água infiltrada em camadas subterrâneas, interação entre as águas subterrâneas
e o sistema de drenagem e amortecimento não linear em reservatório, destacando assim como
43

completo é o modelo SWMM. Pode-se afirmar que o SWMM apresenta todas as


características necessárias para o desenvolvimento deste trabalho. Como citado no capítulo 2,
o SWMM possui uma ampla aplicação por pesquisadores de todo o mundo em casos
semelhantes aos do estudo proposto.

3.5 Parâmetros Físicos do Modelo e Variáveis de Entrada

Os parâmetros físicos das subáreas estão listados na tabela 7, bem como suas siglas e
unidades.
Tabela 7 – Parâmetros físicos de entrada do SWMM
Parâmetros Sigla Unidade
Área A ha
Largura W m
Declividade D %
Áreas Impermeáveis AI %
Coeficiente de rugosidade de Manning (n)- Área impermeável NI m-1/3s
Coeficiente de rugosidade de Manning (n)- Área permeável NP m-1/3s
Profundidade de armazenamento em depressões- Área impermeável PI mm
Profundidade de armazenamento em depressões- Área permeável PA mm
Taxa de Infiltração I mm/h
Fonte: Adaptado de Roesner (2001)

Além dos parâmetros citados anteriormente, o modelo SWMM necessita de séries variáveis
que compreendem dados de entrada como curva de maré e precipitação dos dias de estudo que
estão detalhados a seguir.

3.5.1 Delimitação e caracterização das subáreas

Com o cadastro da área de estudo em ambiente CAD fornecido pela EMLURB, o cadastro da
microdrenagem levantado em campo, as curvas de níveis, MDT (Modelo Digital do Terreno)
e visitas realizadas ao local de estudo foi definida a bacia e sub-bacias de contribuição da Rua
Professor Benedito Monteiro.

O método para a delimitação das áreas de contribuição de uma bacia urbana é um pouco
diferente das bacias rurais, pois os divisores de água nas cidades devem ser traçados ao longo
de quadras e podem tornar-se complexos, devido às correções topográficas, cortes e aterros
realizados para as edificações. Para contornar a complexidade da análise, considera-se que
cada trecho de sarjeta receba as águas pluviais da quadra adjacente. A delimitação das
subáreas levou em consideração os lotes e cumeeiras das edificações existentes.
44

 Largura média das subáreas

Para obtenção deste parâmetro foi utilizada a fórmula da largura do retângulo equivalente de
cada subárea, conforme aplicado por Collodel (2009), Oliveira (2017) e Silva Junior (2015).
A largura é função do coeficiente de compacidade que por sua vez é função das áreas e dos
perímetros das sub-bacias. Os dados necessários para obtenção dos resultados foram extraídos
do cadastro da região e imagens geo referenciadas no ambiente CAD. Seguem as equações 2 e
3 da largura equivalente e coeficiente de compacidade, respectivamente.

𝐾𝑐√𝐴 1,128 2
𝐿= [1 − √1 − ( ) ] (Equação 2)
1,12 𝐾𝑐

𝑃
𝐾𝑐 = 0,282 (Equação 3)
√𝐴

Sendo: A – área da subárea, em km²;


P – perímetro da subárea, em km;
L – largura média, em m;
Kc – Coeficiente de compacidade.

 Declividade superficial das subáreas

A Declividade é calculada entre a diferença de cotas de topo dos poços de visita dividido pela
distância entre os mesmo. Para a definição das declividades das subáreas foram utilizados o
perfilamento a laser do tipo Modelo Digital do Terreno (MDT), realizado em 2014. Além
dessa base topográfica, também foram utilizados os nivelamentos das cotas de topo dos poços
de visita do cadastro da rede de drenagem existente, obtidos em levantamentos de campo.
Com o MDT pode-se gerar curvas de níveis e assim obter as declividades de cada sub-bacia.
Na tabela 10 se encontram os resultados das declividades superficiais de cada sub-bacia.
45

 Coeficiente de rugosidade de Manning

O coeficiente de rugosidade é a medida das asperezas das paredes dos canais e tubos de
drenagem e o coeficiente de Manning é o mais utilizado por ter sido experimentado desde
canais de dimensões minúsculas até grandes canais, com resultados coerentes entre o projeto e
a obra construída. Este parâmetro foi estimado com base em características observadas nas
vistorias em campo. Considerando-se que as ruas são asfaltadas em Concreto Betuminoso a
Quente (CBUQ) e o estacionamento do Clube Internacional está revestido em paralelepípedo,
adotou-se o coeficiente de rugosidade de Manning (n=0,024) para áreas impermeáveis,
conforme utilizado por Canholi (2005), Silva (2010) e Silva Junior (2015). Para as áreas
permeáveis adotou-se o coeficiente de rugosidade de Manning (n=0,15), segundo Canholi
(2005), Silva (2010) e Silva Junior (2015). Segue na Equação 4 a fórmula do coeficiente de
Manning.

1
1 6
𝐶= [𝑅𝐻 ] (Equação 4)
𝑛

Sendo: C – Coeficiente de Manning, em m-1/3s;


n – Coeficiente de rugosidade de Ganguillet e Kutter;
RH – Raio hidráulico, em metros.

 Altura do armazenamento em depressões

Este parâmetro consiste na capacidade de retenção de água de chuva na superfície. Para a


profundidade de armazenamento, utilizou os valores conforme os trabalhos de Silva (2010),
Silva Júnior (2015) e Oliveira (2017), sendo então 2,54 mm para áreas impermeáveis e 5 mm
para áreas permeáveis.

 Percentual de áreas Impermeáveis das Sub-bacias

Para determinação do percentual de áreas impermeáveis das sub-bacias, que é definida pela
razão entre a área de solo impermeável pela área total das sub-bacias. Foram utilizadas as
ortofotos da cidade do Recife, referentes ao ano de 2013, disponibilizadas na plataforma
eletrônica da Prefeitura do Recife. A validação desses dados foi realizada através de visitas a
46

campo e imagens do Google Earth referentes ao ano de 2016. As imagens foram exportadas e
georreferenciadas para o software Civil 3D e todas as áreas permeáveis delimitadas nesta
base.

3.5.2 Taxa de infiltração

A infiltração da chuva para a zona não saturada do solo da subárea permeável pode ser
descrita no SWMM mediante três modelos diferentes:
 Modelo de infiltração Horton;
 Modelo de infiltração Green-Ampt;
 Modelo de Infiltração baseado na Curva Número do SCS.

Dentre eles optou pelo modelo de Horton devido à facilidade na definição dos parâmetros
para a modelagem que este modelo possui. A equação do método de Horton assume que a
infiltração, se inicia com uma taxa 𝑙𝑜 e decresce exponencialmente com o tempo t, conforme
observa-se nas Equações 5 e 6. Depois de um tempo variável, quando a umidade do solo
atinge um grau elevado (próximo da saturação), a taxa de infiltração converge para um valor
constante 𝑙𝑏.
𝑙𝑡 = 𝑙𝑏+(𝑙𝑜−𝑙𝑏)exp(−𝑘×𝑡) (Equação 5)

𝑘 = (𝑙o−𝑙𝑏)𝐹𝑐 (Equação 6)

Onde:
𝑙𝑡 – taxa de infiltração no tempo (mm/h);
𝑙𝑏 – taxa de infiltração final (mm/h);
𝑙𝑜 – taxa de infiltração inicial (mm/h);
t – tempo (h);
k – coeficiente de decaimento (𝑠-1).
Fc - é dado como a área sob a curva da taxa de infiltração, obtida a partir da integração da
equação da curva ajustada (Figura 41), variando no intervalo de tempo de realização do ensaio.

Os ensaios de infiltração foram realizados na Praça Euclides da Cunha, localizada na Rua


Benfica, numa parte com solo sem vegetação em uma área próxima ao ponto de alagamento
estudado, a partir de três pontos dispostos na forma de um triângulo. Não foi medida a
47

umidade inicial do solo, mas foi considerado um período de três dias sem chuva para a
realização do ensaio para garantir o solo seco.

O ensaio de infiltração com infiltrômetro de Duplo Anel, que foi escolhido dentre os vários
tipos de infiltrômetros disponíveis, consiste em dois anéis (40 e 20 cm de diâmetro e 30 cm de
altura), que são instalados de forma concêntrica e enterrados a 15 cm (Figura 15). O anel
externo tem como finalidade reduzir o efeito da dispersão lateral da água infiltrada do anel
interno, motivo este que levou a escolha do tipo de infiltrômetro. Após limpeza superficial do
solo, cravaram-se no solo os cilindros externo e interno. Colocou-se água nos cilindros
externo e interno (Figura 16), com leituras realizadas somente no cilindro interno, pois o
externo é utilizado apenas para que seja neutralizado o efeito da infiltração lateral.

Figura 15 – Instalação do infiltrômetro de Duplo Figura 16 – Acréscimo de água nos anéis.


Anel

Fonte: Acervo pessoal. Fonte: Acervo pessoal.

A partir da leitura inicial da altura de água (5 cm de lâmina d’água), iniciou-se a contagem de


tempo para a infiltração da água no solo, com reposição dos 5cm inicias de água sempre que o
solo ficava exposto. Os tempos decorridos entre as adições de água eram cronometrados e a
repetição deste procedimento continuou até que as leituras de tempo repetissem por pelo
menos três vezes.
48

3.5.3 Eventos de Precipitação

Os dados de precipitação utilizados foram obtidos do monitoramento realizado pelo Centro


Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN), na estação
pluviométrica localizada no bairro da Boa Vista, nas coordenadas 291611,94 E e 9107591,25
S. Os eventos escolhidos foram os ocorridos nos dias 09 e 30 de Maio de 2016, cujos
alagamentos provocados pelas chuvas motivou o cancelamento das aulas pela diretoria da
Escola Politécnica de Pernambuco nas referidas datas.

O modelo SWMM oferece 3 opções de formatos para os dados de chuva que são: pela
intensidade, em que cada valor de precipitação é uma taxa média durante uma unidade de
tempo, em (pol/h) ou (mm/hora); pela lâmina de precipitação que é dado em (pol) ou (mm) ou
pelo valor acumulado que representa a precipitação acumulada que tem ocorrido desde o
início da última série de valores de zero (em polegadas ou milímetros). Como o CEMADEN
fornece seus dados em milímetros foi escolhido o formato do tipo Volume para os dados de
chuva.

O tempo de retorno da chuva foi calculado pela nova equação IDF do Recife (equação 7),
disponibilizada pela EMLURB, que será amplamente difundida pelo Plano Diretor de
Drenagem Urbana do Recife, atualmente em elaboração.

611,3425 𝑥 𝑇𝑟 0,1671
𝑖= (Equação 7)
(𝑡+7,3069)0,6348

Sendo: i – intensidade de chuva, em mm/h;


Tr - Tempo de Retorno, em anos;
t – Duração da chuva, em minutos.

3.5.4 Curva de Maré

A maior parte da rede de drenagem da cidade do Recife sofre com o impacto do ciclo das
marés que, dependendo da época do ano, chegam até a 3,0m de altura, que são as marés de
Sizígia. Como a cidade é uma planície, com cotas negativas em algumas áreas, os trechos à
49

jusante da maioria dos canais e, por consequência, das redes de galerias, acabam perdendo
cota nos instantes de máximas marés e assim diminuindo sua capacidade de descarga.

Como o sistema de drenagem estudado tem como destino final o canal do Sport, que por sua
vez deságua no Rio Capibaribe, foi necessário a aplicação das curvas das marés, para os dias
09 e 30 de Maio de 2016, no exutório do modelo SWMM.
Os registros dos níveis de marés foram obtidos na tábua de maré do Porto do Recife,
disponibilizado no site da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN). Como o DHN utiliza
o Sistema de Referencial de Nível da Marinha foi preciso fazer uma adequação dos níveis das
marés somando 0,250m para coincidir com os níveis da Prefeitura do Recife, visto que o
levantamento cadastral da rede de drenagem foi realizado no referencial da Prefeitura do
Recife. Segue na Figura 17 um esquema que relaciona as diferenças dos RN do IBGE,
Marinha e Prefeitura do Recife. O RN de partida para o esquema foi a cota 3,563m do IBGE
na chapa cravada na soleira do portão principal do prédio na Rua Vital de Oliveira, 32. O zero
da Marinha está 1,122m abaixo do zero do IBGE e 0,25m acima do zero da Prefeitura da
Cidade do Recife.

Figura 17 – Correção dos níveis no Porto da Cidade do Recife

Fonte: Elaborado pelo autor.


50

3.6 Montagem da rede

Com o cadastro da rede de drenagem atualizado foi possível montar a rede de águas pluviais
para aplicar o modelo SWMM, inserindo os objetos junções ou Nós e Condutos. Tais objetos
funcionam como camadas que lhe foram atribuídas informações cadastrais que serão
detalhadas a seguir:

 Junções/Nós: São objetos que representam os poços de visita existentes na rede de


drenagem. Os dados cadastrais inseridos são as cotas de radier ou cotas de fundo do
PV e profundidade máxima da junção que representa a altura do poço. Todos os PV’s
da rede de drenagem existente foram inseridos no modelo.
 Tipo do elemento condutor: Para esse objeto determina-se qual o tipo de elemento
condutor utilizado na rede de drenagem, tubo, canal, canaleta, calha. Além de
determinar o tipo deve-se determinar as dimensões das seções e comprimento
levantadas no cadastro da rede e rugosidade do material. Para este estudo a rugosidade
inicial foi considera 0,014 que é amplamente utilizada em dispositivos de drenagem
em concreto que, conforme verificado em campo, é o tipo do material da rede em
estudo. O comprimento dos elementos condutores é a distância entre os PV’s de
montante e jusante consecutivos do sistema de drenagem e podem ser obtidas
diretamente do levantamento cadastral. Como havia muito sedimentos em todo o
sistema, verificado em campo que a altura de sedimentos inicial foi de 20 cm, esse
dado variou de acordo com a calibração, assim como a rugosidade do conduto.

3.7 Calibração do Modelo Hidrológico-Hidráulico

Após a inserção dos parâmetros e variáveis de entrada no modelo, discutido nos itens
anteriores, foi realizada a calibração do modelo com base no evento extremo de precipitação
ocorrido em 09 de maio de 2016.

Em razão da área de estudo não dispor de sensores de nível ou medidores de vazão,


necessários para se processar um estudo de sensibilidade, calibração e validação dos
parâmetros, optou-se por realizar uma calibração simplificada do modelo. Esta calibração se
baseia no ajuste do volume máximo de alagamento e altura máxima de alagamento simulados
aos observados durante a ocorrência do evento considerado, conforme metodologia aplicada
51

por Silva (2010), Silva Júnior (2015) e Oliveira (2017). O ponto de controle selecionado para
a calibração foi o poço de visita, denominado de “Nó 10” (Figura 18), que encontra-se
localizado em frente ao Bloco B da Escola Politécnica de Pernambuco nas coordenadas (
290200,119 E; 9108633,073 N), pois se caracteriza como o ponto de alagamento mais crítico
da área estudada. No processo de calibração foram ajustados os parâmetros de entrada
coeficiente de Manning e altura de sedimentação, conforme metodologia aplicada por Silva
(2010), Silva Júnior (2015) e Oliveira (2017).
Figura 18 - Localização do Nó 10.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A calibração do modelo foi obtida por meio de um processo expedito visando representar o
atual funcionamento do sistema de forma a obter compatibilidade do volume máximo de
alagamento e da altura máxima de alagamento simulados com os observados nas vistorias
procedidas no local durante o evento de chuva considerado. Para isso, considerou-se a
inundação da junção “Nó 10” definida como ponto de controle, e realizou-se a manipulação
dos parâmetros referentes ao coeficiente de rugosidade de Manning para os condutos e à
altura da camada de sedimento depositado nos condutos.

O cálculo do volume máximo de alagamento foi estimado a partir da relação entre a lâmina
d’água e a área de alagamento. O valor da lâmina d’água foi obtido através de vistorias
52

realizadas durante a ocorrência das inundações. A área de alagamento foi determinada a partir
de observações em campo, com o auxílio do Modelo Digital do Terreno (MDT) da área em
estudo e com o Software ArcGis foi calculado o volume máximo de alagamento, conforme
demonstra a Figura 19.

Figura 19 – Representação do cálculo do volume de inundação para a lâmina máxima de alagamento

Fonte: Elaborado pelo autor a partir do ArcGis (2017).

Não foi possível realizar a calibração ideal, que seria manter um experimento em pequenas
dimensões com todas as variáveis controladas.

Quando se tem disponibilidade de fazer um experimento em laboratório em condições


controladas é possível fazer uma calibração muito mais precisa, no entanto as cidades são
extremamente complexas, não é possível fazer experimentos com controle em todas as
variáveis. Sendo assim, é preciso aproveitar ao máximo as informações disponíveis e fazer
inferências sobre outras variáveis que não foi possível medir diretamente.

Apesar desta calibração não ser a ideal, é a forma que tem sido empregada nas cidades de
vários estados brasileiros, porque a situação real é complexa, envolve uma grande área e tem
muitos fatores intermitentes.

3.8 Validação do Modelo Hidrológico-Hidráulico

Após a calibração do modelo, se deu início à fase de validação, a qual consistiu na simulação
do alagamento ocorrido no evento de precipitação do dia 30 de Maio de 2016. Este evento de
precipitação foi escolhido em razão do grande alagamento ocorrido na área em estudo, além
do fato de ter ocorrido antes da desobstrução da rede de drenagem realizada pela EMLURB
nos dia 09 e10 de Julho de 2016.
53

Para a validação do modelo foram comparados o volume e lâmina máximas de alagamento


simulados com os observados no ponto de controle denominado “Nó 10” para o evento do dia
30 de Maio de 2016. Foram utilizados os parâmetros da fase de calibração e os dados de
entrada referentes à precipitação e à curva de maré do evento do dia 30 de Maio de 2016.

3.9 Alternativas para atenuação dos alagamentos

Após as etapas de calibração e validação do modelo, foram estabelecidas duas alternativas


com o objetivo de atenuar os alagamentos da área em estudo:

 A simulação da rede de drenagem sem nenhum lixo, ou seja, após a desobstrução de


toda a rede de drenagem, para os eventos de precipitações ocorridos nos dias 09 e 30
de Maio de 2016.
 Simulação da rede de drenagem após a desobstrução e aplicação do pavimento
permeável, para os eventos de chuva intensa dos dias 09 e 30 de Maio de 2016.

No final foram avaliados os impactos das medidas aplicadas na área em estudo: a redução da
área de alagamento, a cota máxima de enchente e a diminuição da descarga à jusante.

3.10 Alternativas Compensatórias em Drenagem Urbana

A solução adotada para a atenuação dos alagamentos na área em estudo foi o pavimento
permeável pela existência de grandes áreas de estacionamento existentes tanto na Escola
Politécnica de Pernambuco como no Clube Internacional. Descartou-se outras soluções, como
um reservatório de detenção pela dificuldade de área para implantação do reservatório e
custos da obra.

O tipo de pavimento asfáltico permeável considerado neste estudo se assemelha ao estudado


por Virgiliis (2009), Pinto (2011) e Tominaga (2013), aplicado no estacionamento do
Laboratório de Hidráulica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Além do
pavimento já ter sido simulado como medida compensatória por Tominaga (2013).
54

Conforme adotado por Tominaga (2013), a camada de reservação foi de 150mm, que condiz
com especificações adotadas pela Prefeitura de São Paulo. Foram consideradas bases
drenantes e resistentes para comportar tráfico leve a médio do tipo macadame betuminoso e
hidráulico.

Todos os valores de entrada adotados na simulação do cenário que corresponde a implantação


do pavimento permeável foram referenciados por Tominaga (2013), ASCE (1992), Ferguson
(2005) e Urbonas e Stanre (1993). Segue na tabela 8 o resumo com os dados necessários para
simulação.
55

Tabela 8 – Resumo dos parâmetros para simulação do pavimento permeável

Valor adotado para a medida de


Camada Parâmetro controle
Valores Unidade
Altura do armazenamento
2,54 mm
superficial

Fração da cobertura vegetal 0 -


Superficial
Rugosidade superficial 0,03 m-1/3s

Declividade superficial 0,50 %

Profundidade da camada 50,00 mm

Índices de vazios 0,25 -

Pavimento Fração da superfície impermeável 0 -

Permeabilidade da camada 5.655,60 mm/hora

Fator de colmatação 0 -

Altura da camada 150,00 mm

Armazenamento Índices de vazios 0,67 -

Fator de colmatação 0 -

Expoente de drenagem 2,72 mm/hora


Sistema de
Coeficiente de drenagem 0,50 -
Drenos
Altura do dreno acima do fundo da
0 mm
camada

Fonte: Tominaga (2013).


56

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Diagnóstico da rede de drenagem existente

O primeiro passo para se conhecer a dinâmica do escoamento superficial da área estuda é


conhecer a topografia da região. Sabe- se que grande parte da cidade do Recife possui relevo
relativamente plano com cotas que variam de 0 a 5 metros, podendo atingir valores um pouco
superiores. Sabendo disso, para uma análise do local em estudo, a topografia da área foi
obtida a partir do site de informações geográficas da cidade do Recife (Prefeitura do Recife –
ESIG). A partir do dado disponibilizado, as curvas de topografia a cada 1 metro foram
vetorizadas em ambiente CAD, e foi gerado um Modelo Digital do Terreno (MDT) no Civil
3D. A Figura 20 mostra o resultado deste procedimento, indicando o ponto crítico de
alagamento estudado.

Figura 20 – Modelo digital do terreno na área de entorno ao ponto crítico de alagamento estudado.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Na figura 20, o azul mais claro indica as áreas mais baixas da região e o ponto crítico
57

de alagamento encontra-se localizado exatamente dentro desta região mais baixa, ou seja, se
não houver uma captação eficiente das águas em dias de chuvas intenses a possibilidade de
alagamentos nesta área é grande.

Assim nos meses de inverno, entre Maio e Agosto, de 2016, as ruas no entorno da Escola
Politécnica da UPE ficaram completamente alagadas. A lâmina de água chegou a 69,5 cm em
alguns trechos das ruas, em eventos de chuva ocorridos nos dias 09 e 30 de Maio de 2016,
invadindo o prédio da escola, o que causou a suspensão das aulas, conforme apresentado nas
Figuras 21 e 22.

Figura 21 – Estacionamento do Clube Internacional em frente à Escola Politécnica de


Pernambuco em 09/05/2016

Fonte: Acervo pessoal.

Figura 22 – Cruzamento da Rua Benfica com a Rua Professor Benedito Monteiro em


30/05/2016

Fonte: Acervo pessoal.


58

Os trabalhos de campo ocorreram inicialmente nos dias 09 e 10 de julho de 2016 e foi


realizado um levantamento geral das condições do sistema de drenagem no entorno da Escola
Politécnica com apoio da equipe da EMLURB que fez a limpeza de todo o sistema de
drenagem da área em estudo.

Foi verificado que a drenagem existente na praça Euclides da Cunha (Praça do Clube
Internacional) encontrava-se em boas condições, com escoamento eficiente das águas
pluviais, sem alagamentos significativos nos arredores da praça. Na praça existem duas redes,
uma nova de PVC de diâmetro de 300 mm e outra de concreto mais velha de 300mm (Figura
23).

Figura 23 – Poço de visita na Praça Euclides da Cunha (Praça do Clube Internacional) em


09/07/2016.

Fonte: Acervo pessoal.

A drenagem existente na praça chega numa canaleta na esquina da Rua Heitor Filho e segue
até o Rio Capibaribe, conforme apresentado nas Figuras 24 e 25.

Apesar das boas condições de escoamento várias caixas coletoras ainda apresentavam muito
lixo e sedimentos acumulados no decorrer do tempo (Figura 26).
59

Figura 24 – Chegada da drenagem existente na Figura 25 - Saída canaleta em 09/07/2016.


praça em 09/07/2016.

Fonte: Acervo pessoal. Fonte: Acervo pessoal.

Figura 26 – Lixo e sedimentos acumulados na caixa coletora na praça Euclides da Cunha em


09/07/2016.

Fonte: Acervo pessoal.

A rua Benfica, no trecho do Clube Internacional até a ponte do Derby, comporta-se como um
divisor de águas, de modo que a drenagem da rua Professor Benedito Monteiro direciona-se
para o outro lado e deságua no canal do Sport. Verificou-se que o trecho mais a montante da
60

rede de drenagem é composto por duas galerias de 600 mm de diâmetro em paralelo. Os


poços de visita da rua Benedito Monteiro apresentavam água estagnada, após vários dias sem
chuva indicando que existia alguma obstrução que impedia o escoamento (Figura 27).

Figura 27 – PV na rua Benedito Monteiro próximo da esquina com a rua Benfica mostrando lixo e
água retida, além das galerias em paralelo em 10/07/2016.

Galerias em paralelo

Fonte: Acervo pessoal.

Em geral, verificou-se que o sistema de drenagem apresentava nesta ocasião muito acúmulo
de sedimentos, e muitos resíduos sólidos, principalmente garrafas plásticas. (Figuras 28 e 29)

Figura 28 – Limpeza dos poços de visita da Rua Figura 29 – Limpeza dos poços de visita da Rua
Prof. Benedito Monteiro, observando-se grande Prof. Benedito Monteiro, observando-se grande
quantidade de resíduos sólidos em 10/07/2016 quantidade de lama em 10/07/2016

Fonte: Acervo pessoal. Fonte: Acervo pessoal.


61

No último trecho da rua Prof. Benedito Monteiro já nas mediações da Faculdade de Ciências
da Administração de Pernambuco (FCAP), após as galerias de diâmetro 600 mm existe uma
canaleta nas dimensões de 1,20m x 1,60 m (Figura 30).

Figura 30 – Canaleta existente no trecho final da Rua Prof. Bendito Monteiro em 10/07/2016.

Fonte: Acervo pessoal.

Mais à jusante, no canteiro central da Avenida Abdias de Carvalho, existe um PV que chamou
atenção, pois no meio dele passa uma adutora da COMPESA de 800 mm deixando só uma
pequena distância entre a adutora e o fundo do PV, estrangulando-o. Na ocasião, devido à
falta de manutenção estava totalmente obstruído. Os PVs à jusante do encontrado no canteiro
central apresentavam apenas um pouco de água, bem menos que os localizados na Rua da
Escola Politécnica de Pernambuco (Figura 31).

Figura 31 – Poço de visita obstruído no canteiro central da Av. Abdias de Carvalho em 10/07/2016.

A Jusante da rede
com pouca água

A Montante da rede obstruída

Fonte: Acervo pessoal.


62

Outro grande gargalo foi a quantidade de resíduos sólidos encontrado na intersecção (ponto de
afluência) da galeria da Abdias de Carvalho com o canal do Sport. O ponto de deságue no
canal fica a cerca de 30,00 metros da parte descoberta do canal tornando quase impossível o
acesso para a limpeza. A Figura 32 mostra o acesso a parte coberta do canal do Sport e a
Figura 33 apresenta a medição da distância entre o acesso a parte coberta do canal e o destino
final da drenagem proveniente da Rua da POLI. A Figura 34 mostra a parte coberta do canal
internamente.

Figura 32 – Acesso a parte coberta do Canal ao Figura 33 – Distância da parte descoberta do canal em
destino final da drenagem. em 10/07/2016.
10/07/2016.

Fonte: Acervo pessoal. Fonte: Acervo pessoal.

Figura 34 – Interior do canal do Sport em 10/07/2016.

Fonte: Acervo pessoal.


63

O diagnóstico dos principais problemas de acordo com os levantamentos de campo


compreende:

- Quantidade excessiva de lixo e sedimentos composta por garrafas plásticas, embalagens de


picolé, saquinhos de pipoca e papel em geral descartados pela população, que durante o
período chuvoso é arrastado para o sistema de drenagem.

- Bloqueio do fluxo das galerias de drenagem devido a uma adutora de 0,80 metro de
diâmetro da concessionária de abastecimento de água que passa pelo canteiro central da Av
Abdias de Carvalho.

- Impossibilidade de limpeza da saída da galeria no canal que passa ao lado do Sport Clube
devido ao longo trecho do canal coberto com placa de concreto.

Na Figura 35 foi apresentado um mapeamento dos principais elementos de drenagem


estudados.
64

Figura 35 - Mapeamento dos principais elementos de drenagem da área em estudo.

Fonte: Elaborado pelo autor.


65

4.2 Áreas de contribuição e seus parâmetros físicos

As subáreas foram obtidas no ambiente CAD a partir das unibases do local estudado, tendo
como base a delimitação dos lotes, quadras e cumeeiras das edificações, bem como a
topografia da área e os subsistemas de microdrenagem existentes, a partir do cadastro de
drenagem disponibilizado pela EMLURB. Em alguns casos, com a ausência do cadastro da
rede de drenagem, utilizaram-se apenas as curvas de níveis obtidas através do Modelo Digital
do Terreno (MDT) e a configuração das quadras e lotes, além de inspeções em campo, para a
delimitação das subáreas.

Como pode-se observar no Apêndice A, que apresenta o cadastro da rede de drenagem do


local de estudo, as caixas coletoras do sistema de drenagem estão localizadas exclusivamente
na Rua Professor Benedito Monteiro, por isso as áreas de contribuições se restringiram aos
lotes que foram a rua. A Figura 36 apresenta as 6 subáreas utilizadas na modelagem.

Figura 36 – Delimitação das Subáreas de contribuição

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de imagem do Google Earth (2016).


66

Na Figura 37 é apresentado o lay-out da rede de drenagem implantado no ambiente SWMM,


com base nas informações inseridas sobre os nós, condutos e características das subáreas.

Figura 37 – Rede de drenagem no modelo SWMM.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A tabela 9 apresenta os diâmetros e comprimentos da rede de drenagem levantados em


campo.
67

Tabela 9 – Comprimentos e dimensões da rede de drenagem levantados em campo


Condutos Diâmetro (m) Base x Altura (m) Comprimento(m)
0,60 362
Galerias
1,00 98
Canais/Canaletas 1,20 x 1,60 82
Total(m) 542
Fonte: Elaborado pelo autor

Após a delimitação das áreas de contribuições foram definidos os valores de entrada dos
parâmetros do modelo SWMM. O percentual de áreas impermeáveis de cada sub-bacia foi
definido a partir da análise das imagens de satélites do ano de 2016, conforme Figura 38.
Nota-se que a maior parte da bacia de contribuição apresenta-se totalmente impermeável,
chegando a 100 % na sub-bacia 6.

Figura 38 – Áreas permeáveis na bacia de contribuição em estudo

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de imagem do Google Earth (2016).


68

Definidos os percentuais de áreas impermeáveis foram inseridos no modelo os dados


referentes à taxa de infiltração obtidos pela realização do ensaio com infiltrômetro de Duplo
Anel. A Figura 39 apresenta o gráfico com a curva média de infiltração resultante dos 3
pontos ensaiados, definindo o comportamento da taxa de infiltração em função do tempo de
realização dos ensaios, e o coeficiente de determinação (R²) da curva.

Figura 39 – Curva de infiltração dos três pontos ensaiados e coeficiente de determinação.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Notou-se que os três pontos ensaiados apresentam comportamentos homogêneos,


provavelmente pela proximidade dos mesmos. Assim foi utilizada a curva de infiltração, que
levou em consideração todos os pontos dos três ensaios realizados e apresentou um
coeficiente de determinação (R²=0,8936) e equação resultante mostrada na Figura 41.

Com base na equação da curva de infiltração apresentada, ajustada à equação de Horton, foi
possível a obtenção dos parâmetros necessários para a alimentação do modelo: as taxas
máxima e mínima de infiltração (295,08 mm/h e 211,96 mm/h, respectivamente), e o
coeficiente de decaimento (0,163) (Figura 41).

Assim, uma vez obtidos os parâmetros de infiltração, que serviram de dados de entrada para
as simulações hidrológico - hidráulico realizados neste trabalho, a Figura 40 mostra a inserção
destes parâmetros na plataforma do modelo SWMM
69

Figura 40 - Parâmetros de infiltração inseridos no modelo.

Fonte: Elaborado pelo autor


Na tabela 10 apresenta-se um quadro resumo com os demais parâmetros definidos para as seis
áreas de estudo, conforme descrito na metodologia e necessário para as simulações no modelo
SWMM.

Tabela 10 – Parâmetros físicos das subáreas de contribuição

Armazenamento
Manning (n) Impermeável (m-1/3s)
impermeável das subáreas (%)

Manning (n) Permeável (m-1/3s)


Declividade Superficial (%)

em depressões
AC -Área de Contribuição

Coeficiente de rugosidade de

Coeficiente de rugosidade de
Porcentagem de área

(mm)
Largura Média (m)
Área (ha)

Impermeável

Permeável

1 0,94 43,80 0,50 50,56 0,024 0,15 2,54 5,00

2 1,26 49,50 0,025 98,32 0,024 0,15 2,54 5,00

3 0,20 35,80 0,025 96,33 0,024 0,15 2,54 5,00

4 0,83 49,40 0,25 99,59 0,024 0,15 2,54 5,00

5 1,54 58,20 0,50 80,49 0,024 0,15 2,54 5,00

6 1,15 53,00 0,50 100 0,024 0,15 2,54 5,00

Fonte: Elaborado pelo autor.


70

4.3 Dados Pluviométricos e Curvas de Marés

Os dados pluviométricos foram obtidos do pluviômetro da CEMADEN, localizado na estação


da Boa Vista. As chuvas ocorridas nos dias 09 e 30 de Maio de 2016 foram escolhidas para
simulação no SWMM pelas intensidades, ambas da ordem de 160 mm para o total diário. As
Figuras 41 e 42 mostram os hietogramas de precipitações. O evento ocorrido no dia 09 de
Maio de 2016 ocasionou diversos transtornos na Região Metropolitana do Recife. Com
duração de 21 horas, e um total de 162,40 mm de precipitação, apresentou um tempo de
retorno de 2 anos, calculado pela equação IDF da cidade do Recife. A cidade do Recife sofreu
novamente no dia 30 de Maio de 2016, dessa vez com uma intensidade bem maior de chuva,
sendo precipitado 178,20 mm em apenas 12 horas, compreendidas entre as 6:00 e 17:00 horas,
tendo o pico das 7:30 as 9:00 da manhã com 74,40 mm. O tempo de Retorno desse evento foi
de 10 anos.

Figura 41 – Precipitação no dia 09 de Maio de 2016

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados da estação Boa Vista.


71

Figura 42 – Precipitação no dia 30 de Maio de 2016

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados da estação Boa Vista.

Para as curvas de marés, também foram considerados os eventos os dias 09 e 30 de Maio de


2016, tabelas 11 e 12 respectivamente. No dia 9 de Maio, como aconteceram apenas 3
registros, sendo 2 preamares e 1 baixa-mar, foi necessária a utilização de dados dos dias 8 e
10 de Maio para realizar a interpolação das alturas das curvas.

Tabela 11 – Alturas de maré para os dias 8; 9 e 10 de Maio de 2016


DATA HORA ALTURA (m)
08/05/2016 23:30 0,20
09/05/2016 05:36 2,50
09/05/2016 11:56 0,10
09/05/2016 18:06 2,30
10/05/2016 00:17 0,30
Fonte: Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN).

Tabela 12 – Alturas de maré para o dia 30 de Maio de 2016


DATA HORA ALTURA (m)
30/05/2016 04:30 0,70
30/05/2016 10:45 2,00
30/05/2016 17:15 0,60
30/05/2016 23:24 1,90
Fonte: Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN).
72

Após a interpolação dos pontos de preamar e baixa-mar do evento ocorrido no dia 09 de Maio
de 2016, confrontou-se a curva de maré com as precipitações (Figura 43) notando uma
proximidade do pico da precipitação, ocorrido as 15:00 h, e a preamar com altura de 2,30 m
as 18:06h. Embora haja uma diferença de 3 horas entre o pico da precipitação e a preamar, a
chuva continuou ao longo do dia, dificultando assim a diminuição dos alagamentos até que a
maré baixasse, a partir das 19:00h.

Figura 43 – Gráfico com a relação precipitação x maré do dia 09/05/2016

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para o dia 30 de Maio de 2016 o alagamento foi maior, em relação ao do dia 09 do mesmo
mês, pois se concentrou em curto espaço de tempo, chegando a precipitar 53,6 mm em apenas
1 hora. Devido à grande intensidade da chuva, a área em estudo passou por mais um dia de
alagamentos e transtornos para todos. A maré, por sua vez, teve papel importante na
manutenção do alagamento por quase coincidir a preamar de 2,00m as 10:45h da manhã com
o pico da precipitação que ocorreu as 9:00h da manhã, conforme apresentado na Figura 44.
73

Figura 44 – Gráfico com a relação precipitação x maré do dia 30/05/2016

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.4 Calibração

Realizou-se a calibração dos parâmetros de entrada do modelo conforme definido no capítulo


3 (coeficiente de Manning e altura de sedimentação, apresentados os valores iniciais na tabela
13) para o evento ocorrido no dia 09 de maio de 2016. O objetivo foi aproximar ao máximo os
resultados gerados (volume máximo de alagamento e lâmina d’água máxima) por tais
parâmetros com a realidade local.

Tabela 13 – Coeficiente de rugosidade de Manning e altura de sedimentação iniciais

PARÂMETRO VALOR INICIAL


Coeficiente de rugosidade de Manning 0,013
Altura de sedimentação 0,000
Fonte: Elaborado pelo autor.

O ponto de controle utilizado foi o poço de visita denominado Nó 10, localizado em frente ao
Bloco B da Escola Politécnica de Pernambuco. Sendo este ponto de alagamento o mais crítico
da área estudada.
74

O primeiro passo para a calibração foi o levantamento de informações, como fotos e vídeos
do alagamento ocorrido no dia 09 de Maio de 2016, evento este escolhido para realização da
calibração, além de observações no local no dia do evento. Obteve-se 11.219,65 m² como a
área de alagamento e uma altura máxima de lâmina d’água observada de 91,5 cm, gerando um
volume de 7.797,66 m³. Durante a calibração conseguiu-se alcançar uma altura de alagamento
simulada de 87,4 cm no ponto de controle (Nó 10).

Na tabela 14 pode-se observar os resultados da simulação. No término da etapa de calibração


obteve-se um erro médio de continuidade para escoamento superficial de 0% e 0,69% para
propagação de vazão.

Tabela 14 – Principais resultados obtidos para o evento do dia 09/05/2016

ASPECTOS OBSERVADO SIMULADO


Lâmina d’água máxima (m) 0,915 0,874
Volume máximo de inundação (m³) 7.797,66 7.823,00
Erros de Escoamento superficial 0%
continuidade
Propagação de vazão 0,69%
Fonte: Elaborado pelo autor.

No que se refere aos erros de continuidade encontrados durante o processo de simulação


(definido pela diferença, em porcentagem, entre a quantidade armazenada inicialmente mais o
fluxo que entra e a quantidade armazenada no final mais o fluxo que sai), os mesmos se
encontram dentro do limite da aceitabilidade, apresentando valores menores que 10%, este
limite de erro de continuidade nas simulações foram utilizados por Silva (2010), Oliveira
(2017), Silva Junior (2015), Formiga et al. (2016), Rossman e Huber (2016). Diante disso,
pode-se constatar que a qualidade da simulação foi boa, com erros pequenos na equação do
balanço de massa (continuidade) para o escoamento superficial e para a propagação de vazão,
considerando que os dados de entrada foram informados corretamente.

Isso mostra que, apesar de a calibração obtida ser definida como um processo expedito, um
vez que, conforme já comentado, procurou-se ajustar os volumes simulados aos observados
apenas no ponto de controle, a diferença relativa entre as condições simuladas e observadas se
mostrou satisfatória, com uma diferença próxima de zero entre os valores observados e
simulados.
75

4.5 Validação

Calibrado o modelo partiu-se para a validação do mesmo, através de outro evento extremo
ocorrido no dia 30 de Maio de 2016. Como citado no item 3.7 da metodologia foram
utilizados os mesmos dados de saída para a validação do modelo SWMM (Lâmina d’água
máxima e volume máximo de alagamento), porém sem alterar parâmetros físicos, apenas
séries de precipitação e curva de maré para o evento pré definido.

Como o evento no dia 30 de Maio de 2016 resultou num total pluviométrico um pouco maior
do que o ocorrido no dia 09 do mesmo mês, a área de alagamento e, consequentemente, o
volume máximo de alagamento e lâmina d’água máxima de alagamento também foram
maiores. Os valores observados em 30 de Maio correspondem a uma área de alagamento de
18.227 m² e uma altura máxima de lâmina d’água observada de 1,07 m, gerando um volume
de 10.307,00 m³.

A tabela 15 mostra os resultados da validação do modelo. Com erros médios de continuidade


para o escoamento superficial de 0% e propagação de vazão de 0,67%.

Tabela 15 – Principais resultados obtidos para o evento do dia 30/05/2016

ASPECTOS OBSERVADO SIMULADO


Lâmina máxima de inundação (m) 1,071 1,107
Volume máximo de inundação (m³) 10.307,00 10.047,00
Erros de Escoamento superficial 0%
continuidade
Propagação de vazão 0,67%
Fonte: Elaborado pelo autor.

Pode-se observar que lâmina máxima de inundação e volume máximo de inundação


simulados estão bem próximos dos observados validando assim o modelo. Os erros de
continuidade estão bem abaixo dos 10%, que foi o limite utilizado por Silva (2010), Oliveira
(2017), Silva Junior (2015), Formiga et al. (2016), Rossman e Huber (2016), garantindo assim
que os dados de entrada foram inseridos corretamente.
76

4.6 Simulação com Medidas para Atenuação dos Alagamentos

4.6.1 Simulação da Rede de Drenagem Após a Desobstrução

Após o modelo ser calibrado e validado, foram simulados cenários com medidas para
atenuação dos alagamentos no ponto crítico estudado. O primeiro cenário simulado, para os
eventos dos dias 09 e 30 de Maio de 2016, foi considerando a rede de drenagem totalmente
desobstruída, condição está ocorrida após as ações da EMLURB, realizadas a partir do dia 09
de Julho 2016 quando foi realizada a primeira campanha de limpeza do sistema. A campanha
estendeu-se por vários meses e foi concluída em meados do mês de Maio de 2017 com a
limpeza do Canal do Sport, destino final da drenagem existente na área em estudo.

Nas vistorias em campo foi observado que a rede estava completamente obstruída, com isso
havia uma perda na eficiência da rede de drenagem que é composta por duas galerias de
diâmetro de 0,60 m da Rua Benfica até a Rua José Múcio Monteiro no início do quarteirão da
FCAP, a partir desse ponto a rede de galerias aflui a uma canaleta com dimensões de 1,20 x
1,60m e a partir da Av. Abdias de Carvalho segue com galerias de diâmetro de 1,00m até o
canal do Sport.

Foram comparados os resultados do Hidrograma de alagamento, Volume acumulado de


alagamento e Lâmina d’água de alagamento no ponto de controle (Nó 10), para os eventos de
09 e 30 de Maio de 2016, pré e pós desobstrução do sistema de drenagem. Seguem os
resultados das simulações nas Figuras 45 a 50.
77

Figura 45 – Hidrograma de alagamento no Nó 10 com base nas condições pré e pós desobstrução do
sistema, para o evento de 09 de maio de 2016.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 46 – Volume acumulado de alagamento no Nó 10 com base nas condições pré e pós
desobstrução do sistema, para o evento de 09 de maio de 2016.

Fonte: Elaborado pelo autor.


78

Figura 47 – Lâmina d’água de alagamento no Nó 10 com base nas condições pré e pós desobstrução
do sistema, para o evento de 09 de maio de 2016.

Fonte: Elaborado pelo autor.


Figura 48 – Hidrograma de alagamento no Nó 10 com base nas condições pré e pós desobstrução do
sistema, para o evento de 30 de maio de 2016.

Fonte: Elaborado pelo autor.


79

Figura 49 - Volume de acumulado de alagamento no Nó 10 com base nas condições pré e pós
desobstrução do sistema, para o evento de 30 de maio de 2016.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 50 – Lâmina d’água de alagamento no Nó 10 com base nas condições pré e pós desobstrução
do sistema, para o evento de 30 de maio de 2016.

Fonte: Elaborado pelo autor.


80

A figura 45 mostra os hidrogramas de alagamento pré e pós desobstrução da rede de


drenagem para o evento do dia 09 de Maio de 2016. No hidrograma pré desobstrução pode-se
observar que o alagamento começa no início da precipitação, às 01:45 horas, e acompanha
todo o evento de precipitação com comportamentos parecidos, comprovando a ineficiência da
rede de drenagem. O pico de vazão para esse cenário aconteceu às 15:45 horas com uma
vazão de 0,0379m³/s, a vazão de alagamento termina as 21:15 horas. O hidrograma para o
cenário pós desobstrução só aparece vazão de alagamento às 14:15 horas e termina as 21:15
horas, o hidrograma de alagamento mostra a vazão quando o sistema começa a alagar, ou seja,
mesmo chovendo desde o início do dia só começou a aparecer alagamento às 14:15 da tarde
com pico de 0,0172m³/s, ou seja houve uma redução de 12:30 horas no tempo de alagamento.

Na figura 46 observa-se os gráficos dos volumes acumulados de alagamento para os cenários


pré e pós desobstrução da rede de drenagem para o evento do dia 09 de Maio de 2016. Para o
cenário pré desobstrução o volume de alagamento inicia às 01:45 hora mesmo horário do
início da vazão de alagamento. Chegando a um volume total acumulado de 32632,87m³. Para
o cenário pós desobstrução observa-se que o volume de alagamento acumulado inicia às 14:15
horas, assim como o anterior, inicia no mesmo horário da vazão de alagamento. Com volume
total acumulado de 6312,32m³.

Na figura 47 pode-se observar o gráfico da lâmina d’água de alagamento para os cenários pré
e pós desobstrução da rede de drenagem para o evento do dia 09 de Maio de 2016. O gráfico
representa a lâmina d’água acima da cota de topo do Nó 10, logo para o cenário pré
desobstrução mostra o início do alagamento as 2:00 horas. A lâmina máxima de alagamento
aparece às 21:15 horas com 0,874m. Para o cenário pós desobstrução só observa-se lâmina
d’água as 14:15 horas. O valor máximo da lâmina d’água chegou a 0,236m às 21:15 horas.

A figura 48 mostra os hidrogramas de alagamento pré e pós desobstrução da rede de


drenagem para o evento do dia 30 de Maio de 2016. No hidrograma pré desobstrução pode-se
observar que o alagamento começa às 06:30 h meia hora após o início da precipitação, e
acompanha todo o evento de precipitação com comportamentos parecidos, comprovando a
ineficiência da rede de drenagem. O pico de vazão para esse cenário aconteceu às 10:00 h
simultaneamente ao pico da precipitação, com uma vazão de 0,1181m³/s, a vazão de
81

alagamento termina às 21:45 h. O hidrograma para o cenário pós desobstrução só aparece


vazão de alagamento às 07:15 h e termina às 15:15 h, com pico de 0,0341m³/s, ou seja houve
uma redução de 7 horas no tempo de alagamento.

Na figura 49 observa-se os gráficos dos volumes acumulados de alagamento para os cenários


pré e pós desobstrução da rede de drenagem para o evento do dia 30 de Maio de 2016. Para o
cenário pré desobstrução o volume de alagamento começa a acumular as 6:30 horas mesmo
horário de início da vazão de alagamento. Chegando a um volume acumulado de 56078,16m³.
Para o cenário pós desobstrução observa-se que o volume de alagamento começa a acumular
às 7:15 h, no mesmo horário de início da vazão de alagamento. Para esse cenário chegou-se a
um volume acumulado de 21346,38m³.

Na figura 50 pode-se observar o gráfico da lâmina d’água de alagamento para os cenários pré
e pós desobstrução da rede de drenagem para o evento do dia 30 de Maio de 2016. Para o
cenário pré desobstrução mostra o início da lâmina d’água as 6:30. A lâmina máxima de
alagamento aparece às 13:30 h com 1,107m. Para o cenário pós desobstrução só observa-se
lâmina d’água as 7:15 horas. O valor máximo da lâmina d’água chegou a 0,442m às 15:30 h.

Os resultados obtidos para a rede pós-desobstrução no evento do dia 09 de Maio de 2016 para
pico de vazão de alagamento, volume acumulado de alagamento e lâmina d’água mostram
como é importante a manutenção da drenagem urbana garantindo sua eficiência. O pico do
hidrograma de alagamento foi reduzido 54,61%, passando de 0,0379m³/s para 0,0172m³/s. O
volume total acumulado diminuiu 80,65%, com uma redução de 26320,55m³. Além da lâmina
d’água máxima que passou de 0,874m para 0,236m diminuindo 73,00%.

Em relação ao evento ocorrido no dia 30 de Maio de 2016, como o tempo de retorno foi bem
maior do que no dia 09 do mesmo mês, TR = 10 anos, e a intensidade também, com mais de
50 mm precipitados em uma hora, o alagamento atingiu o seu pico muito rápido, em apenas 3
horas, como pode ser visto na figura 48, que apresenta o hidrograma referente ao alagamento
no Nó 10. Porém, os resultados mostram-se significativos comparando o cenário pré-
desobstrução da rede de drenagem com o pós-desobstrução, com uma redução de 61,93% no
82

volume acumulado de alagamento. O pico do hidrograma de alagamento passou de


0,1181m³/s para 0,0341m³/s comparando o cenário pré- desobstrução com o pós desobstrução.
A redução da lâmina d’água máxima foi de 1,107m para 0,442 m, diminuindo 60,00%.

Portanto com a desobstrução da rede de drenagem, levando em consideração os eventos


simulados, haveria uma redução significativa nos alagamentos na área em estudo. A rede de
drenagem se mostrou subdimensionada para o evento do dia 30 de Maio de 2016, por se tratar
de um evento atípico com TR de 10 anos, projetos de microdrenagem são feitos para TR de 5
anos, justificando assim a raridade desse evento. Diante disso, foi simulado outro cenário com
a aplicação de pavimento permeável nos estacionamentos da Escola Politécnica de
Pernambuco e Clube Internacional, diminuindo assim a vazão de entrada no sistema.

4.6.2 Simulação da Rede de Drenagem Após a Desobstrução com Pavimento Permeável

Conforme metodologia proposta, os locais de implantação do pavimento permeável foram os


estacionamentos da Escola Politécnica de Pernambuco e do Clube Internacional, por
apresentarem um fluxo menor de tráfego e limitações de cargas, sendo que a maioria dos
veículos que ocupam as vagas são veículos de passeio. A área total proposta para implantação
do pavimento permeável é de 7324,01 m², representando 12,31 % da área total da bacia
hidrográfica de contribuição. Segue na tabela 16 o percentual de área impermeável de cada
sub-bacia. Na tabela 17 as áreas permeáveis e os valores de área de pavimento permeável para
cada sub-bacia assim como os valores dos ajustes de área impermeável após a aplicação do
pavimento. Os ajustes de percentuais de áreas impermeáveis ocorrem pelo aumento da área
permeável em cada sub-bacia pela aplicação do pavimento permeável.
83

Tabela 16 – Distribuição das áreas impermeáveis em cada sub-bacia

ÁREA % ÁREA IMPER. EM


SUB-BACIA ÁREA (ha)
IMPERMEÁVEL (ha) RELAÇAO AO
TOTAL
1 0,94 0,47 50,56

2 1,26 1,24 98,32

3 0,20 0,20 96,33

4 0,83 0,82 99,59

5 1,54 1,24 80,49

6 1,15 1,15 100

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 17 – Distribuição das áreas de pavimento permeável em cada sub-bacia

SUB-BACIA ÁREA DE PAV PERM % DE ÁREA DE PAV. AJUSTE % DE


(ha) PERM IMPERMEÁVEL
1 0,0072 0,76 49,80

2 0,57 45,47 52,85

3 0,04 23,78 72,52

4 0,10 12,27 87,32

5 0,00 0,00 80,49

6 0,00 0,00 100

Fonte: Elaborado pelo autor.

A Figura 51 mostra os estacionamentos que tiveram seus revestimentos substituídos por


pavimento permeável na simulação realizada.
84

Figura 51 – Áreas dos estacionamentos simulado com pavimento permeável

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de imagem do Google Earth (2016).

O hidrograma de alagamento, volume acumulado de alagamento e lâmina d’água para o


cenário com a rede de drenagem desobstruída com a aplicação do pavimento permeável nos
eventos do dia 09 e 30 de Maio de 2016, são apresentados da Figura 52 a 57. Nas mesmas
figuras, permaneceram os cenários de pré-desobstrução e pós-desobstrução, para comparação.

Para o evento do dia 09 de Maio de 2016, conforme apresentado nas figuras 52; 53 e 54, a
redução do pico da vazão foi 60,68%, passando de 0,0379 m³/s para 0,0149 m³/s, comparando
os cenários pré-desobstrução com a rede desobstruída mais implantação do pavimento
permeável. A redução do pico de vazão foi de 13,37 %, passando de 0,0172m³/s para
0,0149m³/s, comparando o cenário pós-desobstrução com a rede desobstruída mais
implantação do pavimento permeável. Houve uma redução de 84,00% do volume total de
alagamento, diminuindo um volume de 27411,72m³, comparando os cenários pré-
desobstrução com a rede desobstruída mais implantação do pavimento permeável. O volume
total de alagamento passou de 6312,32m³ para 5221,15m³, comparando o cenário pós-
desobstrução com a rede desobstruída mais implantação do pavimento permeável. Já a lâmina
d’água de alagamento foi reduzida em 77,57%, comparado os cenários pré-desobstrução com
85

a rede desobstruída mais implantação do pavimento permeável. Comparando o cenário pré-


desobstrução com o de pavimento permeável a lâmina d’água de alagamento passou de
0,874m para 0,196m.

Para o evento do dia 30 de Maio de 2016, conforme apresentado nas figuras 55; 56 e 57, a
redução do pico da vazão foi 74,51%, passando de 0,1181 m³/s para 0,0301 m³/s, comparando
os cenários pré-desobstrução com a rede desobstruída mais implantação do pavimento
permeável. A redução do pico de vazão foi de 11,73 %, passando de 0,0341m³/s para
0,0301m³/s, comparando o cenário pós-desobstrução com a rede desobstruída mais
implantação do pavimento permeável. Houve uma redução de 67,54% do volume total de
alagamento, passando de 56078,20m³ para 18201,80m³, comparando os cenários pré-
desobstrução com a rede desobstruída mais implantação do pavimento permeável. O volume
total de alagamento passou de 21346,40m³ para 18201,80m³, comparando o cenário pós-
desobstrução com a rede desobstruída mais implantação do pavimento permeável.
Comparando o cenário pré-desobstrução com a rede desobstruída mais implantação do
pavimento permeável a lâmina d’água de alagamento passou de 1,107m para 0,392m,
chegando a uma redução de 64,60%. Já a lâmina d’água de alagamento foi reduzida em
11,40%, comparado o cenário pós-desobstrução com a rede desobstruída mais implantação do
pavimento permeável.

Como já era esperado para os dois eventos houve uma redução no alagamento comparando os
cenários pós desobstrução com o pós desobstrução mais o pavimento permeável, porém
observou-se uma pequena redução de apenas 4% em média. Pode-se notar pela proximidade
dos gráficos em roxo que representam o cenário pós desobstrução mais pavimento permeável
com os gráficos em vermelho com linha tracejada que representam o cenário pós
desobstrução.
86

Figura 52 – Hidrograma de alagamento no Nó 10 com base nas condições de aplicação do pavimento


permeável para o evento de 09 de maio de 2016.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 53 – Volume acumulado de alagamento no Nó 10 com base nas condições de aplicação do


pavimento permeável para o evento de 09 de maio de 2016.

Fonte: Elaborado pelo autor.


87

Figura 54 – Lâmina d’água de alagamento no Nó 10 com base nas condições de aplicação do


pavimento permeável para o evento de 09 de maio de 2016.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 55 – Hidrograma de alagamento no Nó 10 com base nas condições de aplicação do pavimento


permeável para o evento de 30 de maio de 2016.

Fonte: Elaborado pelo autor.


88

Figura 56 – Volume acumulado de alagamento no Nó 10 com base nas condições de aplicação do


pavimento permeável para o evento de 30 de maio de 2016.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 57 – Lâmina d’água de alagamento no Nó 10 com base nas condições de aplicação do


pavimento permeável para o evento de 30 de maio de 2016.

Fonte: Elaborado pelo autor.


89

4.7 Medidas realizadas para melhoria da rede de drenagem da Rua Prof. Benedito
Monteiro

Nas vistorias em campo foram identificados dois grandes gargalos na rede de drenagem:

- bloqueio do fluxo de águas pluviais das galerias de drenagem devido a uma adutora de 0,80
metros de diâmetro da concessionária de abastecimento de água que passa pelo canteiro
central da Av. Abdias de Carvalho;

- impossibilidade de limpeza da saída da galeria no canal que passa ao lado do Sport Clube
devido ao longo trecho do canal coberto com placa de concreto até encontrar o destino final
de drenagem, aproximadamente 30,00 metros.

Foram realizadas junto com a equipe da EMLURB, além da desobstrução dos pontos citados,
pequenas obras que facilitam manutenções futuras nesses dois pontos críticos encontrados.

Para o canteiro central da Av. Abdias de Carvalho foi construído uma grande abertura no
poço de visita com placas móveis de concreto, nas dimensões de 1,30 x 2,30m, para limpeza
por completo da rede de drenagem que passa pela adutora da Compesa, que pode ser visto nas
figuras 58; 59; 60; 61 e 62. Antes o acesso ao poço era feito por meio de uma boca de PV com
0,60 m de diâmetro, dificultando muito a manutenção do local.

Figura 58 – Abertura do canteiro central. Figura 59 – Construção do poço de visita.

Fonte: Acervo pessoal. Fonte: Acervo pessoal.


90

Figura 60 – Verificação das dimensões do poço Figura 61 – Implantação das tampas do Poço.
de visita.

Fonte: Acervo pessoal. Fonte: Acervo pessoal.

Figura 62 – Novo poço de visita finalizado.

Fonte: Acervo pessoal.

Para solucionar a impossibilidade de acesso a parte coberta do canal do Sport foi construído
um acesso em um dos canteiros de retorno que ficam sobre a laje do canal, há 15m da parte
descoberta do canal, viabilizando assim manutenções futuras e dando outra alternativa de
acesso antes restrita pela parte descoberta do canal do Sport (FIGURAS 63; 64; 65 e 66).
91

Figura 63 – Abertura do acesso à parte coberta do Figura 64 – Levantamento da cota de topo do


canal do Sport. acesso à parte coberta do canal.

Fonte: Acervo pessoal. Fonte: Acervo pessoal.

Figura 65 – Laje que cobre o canal do Sport. Figura 66 – Novo Poço de visita finalizado na
parte coberta do canal do Sport.

Fonte: Acervo pessoal. Fonte: Acervo pessoal.


92

5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A falta de manutenção periódica nas estruturas públicas é comum em muitas cidades e ao


longo dos anos diminui a vida útil das obras. A rede de drenagem, em geral, não é prioridade
na ordem de investimentos em manutenção dos governos.

Como resultado do diagnóstico dos alagamentos no ponto crítico estudado nas vistorias em
campo com o apoio da EMLURB, foram identificados como principais aspectos que causam
alagamentos na Rua Professor Bendito Monteiro:

- falta de educação da população que não destina adequadamente resíduos como garrafas
plásticas, embalagens de picolé, saquinhos de pipoca e papel em geral. Nas chuvas, o material
abandonado nas calçadas e vias é arrastado para o sistema de drenagem provocando obstrução
das galerias;

- necessidade do cumprimento de um calendário de limpeza periódica do sistema de


drenagem;

- bloqueio do fluxo de águas pluviais das galerias de drenagem devido a uma adutora de 0,80
metros de diâmetro da concessionária de abastecimento de água que passa pelo canteiro
central da Av. Abdias de Carvalho;

- impossibilidade de limpeza da saída da galeria no canal que passa ao lado do Sport Clube
devido ao longo trecho do canal coberto com placa de concreto até encontrar o destino final
de drenagem, aproximadamente 30,00 metros.

Foi avaliado o funcionamento dos sistemas de micro e macrodrenagem do local em estudo nas
vistorias em campo e com as simulações no SWMM. Pode-se concluir que a rede de
drenagem está apta hidraulicamente para atender ao escoamento de vazões no local, após sua
desobstrução.

No presente estudo foram propostas duas alternativas visando a diminuição dos alagamentos.
Pode-se comprovar que com a primeira alternativa que foi a simples desobstrução da rede de
93

drenagem já seria suficiente para atenuar os alagamentos da área em estudo. Os resultados


obtidos para a rede pós-desobstrução no evento do dia 09 de Maio de 2016 para pico de vazão
de alagamento, volume acumulado de alagamento e lâmina d’água mostram como é
importante a manutenção da drenagem urbana garantindo sua eficiência. O pico do
hidrograma de alagamento foi reduzido 54,61%. O volume total acumulado diminuiu 80,65%
e a lâmina d’água máxima diminuiu 73,00%. Em relação ao evento ocorrido no dia 30 de
Maio de 2016, houve uma redução de 61,93% no volume acumulado de alagamento. Além da
redução da lâmina d’água máxima de 1,107m para 0,442 m, diminuindo 60,00%. Todos esses
resultados só com a rede de drenagem funcionando sem desobstruções, ou seja, os
alagamentos seriam praticamente resolvidos na área em estudo.

A segunda alternativa foi a simulação da rede desobstruída com a aplicação do pavimento


permeável nos estacionamentos da POLI e Clube Intencional. Como esperado os resultados
foram um pouco melhores do que os anteriores mencionados apenas com a desobstrução da
rede. Com a redução de 77,57% da lâmina d’água no evento ocorrido no dia 09 de Maio de
2016 e uma redução de 64,60% de redução da lâmina d’água no evento do dia 30 de Maio de
2016. Notou-se uma diferença de 4,0% em média na redução da lâmina d’água comparando
os cenários da rede desobstruída com a rede desobstruída mais aplicação do pavimento
permeável, conclui-se que o impacto na redução dos alagamentos com aplicação do
pavimento permeável seria pequeno no estudo, inviabilizando o investimento aplicado na
implantação, além de cuidados com a manutenção para evitar o efeito da colmatação e assim a
redução de sua vida útil.

Os alagamentos na área não ocorreram devido ao subdimensionamento da rede de drenagem,


ou pelo recalque de algum poço de visita que por consequência poderia resultar numa
declividade negativa de jusante para montante da rede, mas pela simples falta de manutenção
da rede de drenagem.

Outro fator importante observado nas campanhas de vistorias da rede de drenagem foi a falta
de educação ambiental da população que usa a Rua Prof. Benedito Monteiro. Medidas não
estruturantes como palestras de conscientização, campanhas na rua com os estudantes que
frequentam a região, para educação ambiental, seria de grande valor para a manutenção da
rede de drenagem.
94

No ano de 2017 houve eventos intensos como o ocorrido no dia 21 de Julho, com 70 mm
precipitados em apenas um dia, que ocasionou vários transtornos com diversos pontos da
cidade do Recife alagados, mas a Rua Prof. Benedito Monteiro não sofreu alagamentos. Nesta
data a rede de drenagem já tinha passado pelas campanhas de desobstrução, o que comprova
que com a rede desobstruída os alagamentos ocorreriam com menor frequência e também
como a manutenção é importante para o bom funcionamento de serviços tão básicos e uteis
com a drenagem urbana nas cidades. Além disso vale salientar as melhorias realizadas na rede
de drenagem em parceria com a EMLURB, como a ampliação da abertura do acesso ao poço
de visita no canteiro central da Av. Abdias de Carvalho, construção de um acesso a parte
coberta do canal do Sport e desobstrução de toda a rede existente, foram de fundamental
importância a parceria entre órgãos públicos de manutenção urbana, como a EMLURB, com
instituições de ensino superior e pesquisa como a Escola Politécnica de Pernambuco podem
proporcionar resultados práticos de engenharia e a melhoraria da vida da comunidade local.
95

5.1 Sugestões para trabalhos futuros

A cidade do Recife possui 159 pontos de alagamentos, catalogados como críticos (EMLURB,
2013), desta forma este estudo pode ser replicado nesses pontos, desde que as características
do local permitam a simulação de um pavimento permeável. Outras medidas compensatórias
também podem ser simuladas de acordo com as características locais, como os reservatórios
de detenção e as valas de infiltração.

Pode-se também simular outras medidas compensatórias para o local de estudo medindo seus
impactos na atenuação dos alagamentos.

A calibração usada no estudo foi simplificada, por isso pode-se usar o tipo de calibração
cruzada para estudos futuros que além de calibrar para o evento do dia 9 de Maio de 2016 e
validar a calibração para o evento ocorrido no dia 30 de Maio de 2016, faria o caminho
inverso, calibrando o modelo para o evento de 30 de Maio de 2016 e validando para o evento
de 9 de Maio de 2016. Reforçando ainda mais a calibração do modelo.
96

REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A – PLANTA CADASTRAL DA DRENAGEM EXISTENTE NA ÁREA DE


ESTUDO

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