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Recife, PE
2018
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO
Recife, PE
2018
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Universidade de Pernambuco – Recife
CDD: 628
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me iluminar e me dar força em tantos momentos durante
estes dois anos. Tudo que faço é por Ele e para Ele
A minha mãe, Catiele, Avó, Joana e Tia Claudia por todo o incentivo, confiança e amor que
sempre me deram. Sem elas na minha vida não conseguiria nada.
A meus Irmãos, Alexson e Karla Laís que sempre me apoiaram em orações e palavras de
incentivo.
A minha esposa, Katerine Karla por me aguentar, apoiar e aconselhar nos momentos difíceis
dessa jornada.
A minha orientadora Simone Rosa da Silva pela orientação e confiança. A meu Co-Orientador
Jaime Cabral por todo apoio e confiança. A Marcos e Regina pelo apoio e paciência em passar
todo conhecimento adquirido sobre o modelo SWMM. Assim como a todos os professores e
funcionários do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade de
Pernambuco.
A Empresa Geosistemas por todo apoio nessa jornada difícil e desgastante. Em especial a
diretora Ângela Paula e aos companheiros de trabalhos: Josefa (Pipoca) e Armindo.
A meus amigos que sempre me incentivaram: Arícia, Dione, Felipe, Fábia, Victor, Rodrigo,
José Carlos, agradeço pela infinita paciência, pela parceria e força em todos os momentos, até
quando tão longe.
Por fim agradeço a todos que colaboraram direta ou indiretamente na execução deste trabalho.
RESUMO
As cidades brasileiras vem sofrendo com intensos alagamentos, principalmente devido à urbanização
acelerada e não planejada. A cidade do Recife, se tratando de uma planície costeira, com cotas muito
próxima do nível do mar tem o agravamento do número de alagamentos. O estudo tem por objetivo
identificar técnicas compensatórias de drenagem urbana para um ponto crítico de alagamento situado
na Rua Professor Benedito Monteiro, no Bairro da Madalena em Recife/PE. Para atingir tal meta,
foram realizadas as seguintes etapas: levantamento de dados coletados em campo e disponíveis na
Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (EMLURB), modelagem hidrológico- hidráulica com o
uso do modelo hidrológico SWMM (Storm Water Management Model) desenvolvido pela U. S. EPA
(United States Enviromental Protection Agency). Foi avaliado o impacto da diminuição do pico de
chuva na redução dos alagamentos locais, através de simulações de: ajustes na rede de drenagem e
implantação de pavimentos permeáveis. Foram comparados três cenários para os eventos de
precipitações dos dias 09 e 30 de Maio de 2016: a rede de drenagem totalmente obstruída, rede
desobstruída e rede desobstruída com aplicação de pavimento permeável nos estacionamentos da
Escola Politécnica de Pernambuco e Clube Internacional. Para o evento ocorrido no dia 09 de Maio de
2016 obteve-se a uma redução de 80,65% do volume total acumulado de alagamento comparando-se
aos cenários pré e pós desobstrução e 84,00% de redução do volume total acumulado comparando o
cenário da rede obstruída com a rede desobstruída aplicando pavimento permeável. Para a chuva do
dia 30 de Maio houve uma redução de 61,93% do volume total acumulado de alagamento
comparando-se os cenários pré e pós desobstrução e 67,54% de redução do volume total acumulado
comparando o cenário da rede obstruída com a rede desobstruída aplicando pavimento permeável.
Diante dos resultados, conclui-se que considerando o cenário simulado da aplicação do pavimento
permeável com a rede de drenagem totalmente desobstruída e o cenário simulado da rede totalmente
desobstruída pode-se afirmar que não haveria alagamentos nos eventos dos dias 09 e 30 de Maio de
2016 na área em estudo, confirmando assim a necessidade da manutenção periódica da rede garantindo
assim sua eficiência hidráulica.
Brazilian cities have been suffering from heavy flooding, mainly due to accelerated and unplanned
urbanization. The city of Recife, if it is a coastal plain, with quotas very close to the level of the sea
has the aggravation of the number of floods. The objective of this study was to identify compensatory
drainage techniques for a critical flooding point located at Rua Professor Benedito Monteiro, in the
Madalena neighborhood of Recife / PE. In order to achieve this goal, the following steps were taken:
survey of data collected in the field and available at the Urban Maintenance and Cleaning Company
(EMLURB), hydrological-hydraulic modeling using the SWMM (Storm Water Management Model)
hydrologic model developed by the US EPA (United States Environmental Protection Agency). The
impact of the decrease of the rainfall peak on the reduction of local floods was evaluated through
simulations of: drainage network adjustments and permeable pavement implantation. Three scenarios
for the rainfall events of May 09 and 30, 2016 were compared: the totally obstructed drainage
network, unobstructed net and unobstructed network with application of permeable pavement in the
parking lots of the Polytechnic School of Pernambuco and Clube Internacional. For the event occurred
on May 9, 2016, a reduction of 80.65% of the total accumulated flood volume was obtained,
comparing to the pre- and post-obstruction scenarios and 84.00% reduction of the total accumulated
volume, comparing the network scenario obstructed with unobstructed netting applying permeable
pavement. For the rainfall of May 30th, there was a 61.93% reduction in the total accumulated volume
of flooding, comparing the pre- and post-obstruction scenarios and 67.54% reduction in the total
accumulated volume, comparing the obstructed network scenario with the unobstructed netting
applying permeable floor. In view of the results, it is concluded that considering the simulated
scenarios of the application of the permeable pavement with the totally unobstructed drainage network
and the simulated scenario of the totally unobstructed network it can be stated that there would be no
flooding in the events of May 09 and 30, 2016 in the study area, thus confirming the need for periodic
maintenance of the network, thus ensuring its hydraulic efficiency.
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................12
1.1 Objetivos............................................................................................................................14
2 REVISÃO DA LITERATURA...........................................................................................15
3 METODOLOGIA................................................................................................................37
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................................56
4.4 Calibração..........................................................................................................................73
4.5 Validação............................................................................................................................75
4.7 Medidas realizadas para melhoria da rede de drenagem da Rua Prof. Benedito
Monteiro...................................................................................................................................89
REFERÊNCIAS......................................................................................................................96
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, o Brasil e os demais países emergentes tem apresentado uma elevada taxa
de crescimento urbano não planejado, diferente dos países desenvolvidos, nos quais há um
planejamento no desenvolvimento das cidades. No Brasil ocorre uma ocupação desordenada,
principalmente nas periferias como áreas de morro e ribeirinhas. O efeito da
impermeabilização e desmatamento de vastas áreas, que antes atuavam como obstáculos
naturais para a água é catastrófico, pois contribui para o aumento do escoamento superficial, a
antecipação do pico do hidrograma, aumento da frequência de cheias, diminuição da
infiltração da água que compromete o ciclo hidrológico e aumento das ilhas de calor.
Alves et al. (2016) afirmam que o crescimento urbano representa uma tendência importante
neste século, principalmente em pequenas e médias cidades dos países em desenvolvimento.
Esta tendência conduz a um incremento de áreas impermeáveis, produzindo mudanças de
padrões hidrológicos e o aumento dos volumes de escoamento e descargas de pico. Além
disso, as mudanças na distribuição das chuvas também estão relacionados com a maior
urbanização que afeta os microclimas. Estudos recentes sugerem para o futuro o aumento de
intensidades de precipitação devido às alterações climáticas em todo o mundo.
1.1 OBJETIVOS
O presente trabalho visa propor alternativas compensatórias para drenagem urbana na Rua
Professor Benedito Monteiro, no Bairro da Madalena, em Recife, visando a diminuição dos
alagamentos na área em estudo.
Visando atender o objetivo geral será necessário atingir os objetivos específicos listados
abaixo:
2 REVISÃO DA LITERATURA
Desde os tempos remotos o homem sempre ocupa as várzeas dos rios, aproveitando as
condições de relevo mais planos, e aproveitando as condições de solos mais férteis para
agricultura, como também a facilidade para captação de água. Como exemplo pode-se citar a
região da Mesopotâmia que se desenvolveu entre os rios Tigres e Eufrates, que no passado
essa região foi habitada por Sumérios, Acádios, Babilônios, Assírios e Caldeus
(TOMINAGA, 2013).
A base para os sistemas clássicos de drenagem urbana, que são amplamente utilizados no
Brasil vieram do conceito higienista, cujo principal preceito era a evacuação rápida das águas
pluviais e servidas pelos condutos de drenagem, afastando da população a possibilidade de
contato com a presença nociva da água e minimizando a ocorrência de doenças de veiculação
hídrica. Mas constatou-se tempos depois ser um risco a saúde pública utilizar águas fluviais
para higiene e evacuação dos esgotos cloacais (TOMINAGA, 2013).
Microdrenagem
Macrodrenagem
Tominaga (2013) cita que a macrodrenagem tem por função servir de destino final para toda a
rede de microdrenagem, que é a rede de drenagem que compreende as intervenções de fundos
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Barrella (2001) define bacia hidrográfica como sendo um conjunto de terras drenadas por um
rio e seus afluentes, formada nas regiões mais altas do relevo por divisores de água, onde as
águas das chuvas, ou escoam superficialmente formando os riachos e rios, ou infiltram no
solo para a formação de nascentes e do lençol freático. As águas superficiais escoam para as
partes mais baixas do terreno, formando riachos e rios, sendo que as cabeceiras são formadas
por riachos que brotam em terrenos íngremes das serras e montanhas e à medida que as águas
dos riachos descem, juntam-se a outros riachos, aumentando o volume e formando os
primeiros rios que continuam seus trajetos recebendo água de outros tributários, formando
rios maiores até chegarem no oceano.
Segundo Coutinho (2011), os efeitos do avanço da urbanização sobre o ciclo hidrológico das
bacias hidrográficas modificam as características naturais da mesma, pois observa-se que com
o aumento gradativo da impermeabilização, ocorre uma progressiva diminuição da infiltração
rasa e profunda, diminuindo consequentemente a recarga dos lençóis de águas subterrâneas.
Além disso, ressalta-se também uma diminuição da cobertura vegetal e o conteúdo de água no
solo da bacia hidrográfica.
As enchentes em áreas urbanas são consequência de dois processos que ocorrem isolados ou
em conjunto:
Quando a precipitação é intensa e o solo não tem capacidade de infiltrar, grande parte do
volume escoa para o sistema de drenagem, superando sua capacidade natural de escoamento.
O excesso do volume que não consegue ser drenado ocupa a várzea inundando de acordo com
a topografia das áreas próximas aos rios. Este tipo de inundações é denominado de inundação
ribeirinha e geralmente ocorre em bacias de médio a grande porte (> 500 km²) (TUCCI,
2004a).
Com o acelerado desenvolvimento das cidades, os rios urbanos passaram a inundar com maior
frequência. Este processo ocorre graças à impermeabilização que acelera o escoamento de
conduto e canais. A quantidade de água que chega ao mesmo tempo no sistema de drenagem é
maior produzindo assim, inundações com maior frequência comparada à situações anteriores,
quando a superfície era mais permeável e o escoamento se dava por ravinamento natural.
Esses tipos de inundações são devido à urbanização e ocorrem geralmente em pequenas
bacias urbanas (1 – 100 km², a exceção são grandes cidades como São Paulo) (TUCCI,
2004a).
Esse trabalho irá estudar mais a fundo as inundações causadas pelo processo de urbanização
desordenado das cidades.
Tucci (2013) afirma que as intervenções citadas aliadas ao processo desordenado da ocupação
urbana provocam o aumento da velocidade de escoamento das águas pluviais, redução do
tempo de concentração na bacia, aumento e antecipação na vazão de pico, a qual pode ter seu
valor aumentado em até seis vezes (Figura 2).
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Um aspecto que deve ser levado em consideração com a impermeabilização gerada pela
urbanização é a frequência com que eventos de chuva geram escoamento superficial. Eventos
com tempo de retorno baixos tendem a ter maiores impactos pela falta de superfície
permeável. O processo de urbanização provoca, além da geração do escoamento superficial,
um acréscimo em seus tempos de base devido ao maior volume de água. Segue na Figura 3
características do hidrograma pré-urbanização e pós-urbanização (CANHOLI, 2013).
Nota-se pela figura acima que o impacto a jusante é inevitável, pois com o aumento do
escoamento superficial, a capacidade de escoamento de canais, rios, córregos e
microdrenagem podem ser superadas (SILVA JUNIOR, 2015).
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Canholi (2013) afirma que a impermeabilização das superfícies pelo avanço da urbanização
impede o armazenamento de água no solo e, por conseguinte dos aquíferos, diminuindo o
escoamento de base dos córregos, tendo influência direta no regime de escoamento e na
qualidade das águas.
Collodel (2009), Tucci (2004b) e Shinma (2011), estabelecem critérios de classificação dos
modelos hidrológicos que estão resumidos a seguir:
Por sua forma de construção podem ser empíricos ou conceituais. Os modelos empíricos
utilizam valores observados em suas simulações, sendo bastante simples e específicos para
cada região e situação. Os modelos conceituais são baseados em processos físicos, e são mais
complexos e simulam diversas situações (COLLODEL, 2009; TUCCI, 2004b; SHINMA,
2011).
Pela forma de utilização de dados podem ser discretos ou contínuos. Os modelos são
considerados contínuos quando os fenômenos forem representados continuamente no tempo, e
discretos quando as mudanças ocorrerem em tempos discretos (COLLODEL, 2009; TUCCI,
2004b; SHINMA, 2011).
Collodel (2009) lista os modelos hidrológicos mais utilizados em drenagem urbana. Segue na
tabela 2, os modelos e respectivos autores e ano de criação. O mesmo autor faz um resumo
das características de alguns modelos que comprovam a abrangência e flexibilidade do
SWMM, apresentadas na tabela 3.
Tabela 2 – Modelos hidrológicos aplicados à drenagem urbana
Código Nome Agência Criadora Ano
MOUSE ModellingofUrbanSewer DHI 1985
CHM Chicago HydrographMethod City of Chicago 1959
ILLUDAS Illinois Urban Drainage Area Simulator Ill. WaterSurvey 1972
STORM Storage, Treatment, Overflow Runoff Model CorpsofEngineers 1974
TR-55 SCS Technical Release 5S SCS 1975
DR3M Distributed Rounting Rainfall-Runoff Model USGS 1978
IPH-2 Instituto de Pesquisa Hidráulicas IPH-UFRGS 1981
SWMM StormWater Management Model EPA 1971
Fonte: Collodel (2009).
Modelos
Capacidades de simulação
CHM ILLUDAS STORM IPHS1 SWMM
Derivação - x x x x
Estações elevatórias - x - - x
Armazenamento - x x x x
Cálculo de nível - x - x x
Cálculo de velocidades - x - x x
Simulação contínua - - x x x
Escolha do passo de tempo x x - x x
Cálculo de projetos x x - x x
Código computacional disponível x x x x x
Fonte: Collodel (2009).
Deve-se destacar a maior abrangência nas capacidades das simulações do modelo SWMM
(Storm Water Management Model), desenvolvido pela Enviromental Protection Agency–
EPA-USA em 1971 e vem sendo aprimorado ao longo dos anos em diversas versões. Além da
grande abrangência o SWMM é de domínio público e apresenta relativa simplicidade na
operação, logo por esses motivos foi escolhido para ser ferramenta principal desse trabalho.
1
𝑄 = 𝑊. 𝑛 (𝑑 − 𝑑𝑝)5/3 𝑆 1/2 (Equação 1)
Onde:
Q = Vazão, em m³/s;
W = largura da sub-bacia, em m;
n = coeficiente de rugosidade de Manning, m-1/3s;
d = Profundidade de água, em m;
dp = profundidade do armazenamento em depressão, em m;
S = declividade da sub-bacia, em m/m.
A seguir são citados alguns trabalhos encontrados na literatura que utilizam similaridades com
as técnicas ou foco dessa pesquisa.
Garcia e Paiva (2005), utilizando o modelo SWMM, realizaram estudo da sensibilidade dos
parâmetros e da influência do grau de discretização da bacia na simulação de eventos e análise
das mudanças ocorridas nos hidrogramas de cheia causados pelo processo de urbanização
para a bacia hidrográfica do Arroio Cancela, nos anos de 1980, 1992 e 2004 com dados de uso
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Barco, Wong e Stenstrom (2008) usaram o SWMM e GIS aplicados a uma grande bacia
urbana em West, Los Angeles. O SIG (Sistema de Informações Geográficas) foi usado para
processar e gerar os dados de entrada da distribuição da precipitação. Quatro parâmetros do
SWMM foram utilizados para calibração: impermeabilização, armazenamento de depressão,
largura e coeficiente de Manning. O armazenamento de depressão e a impermeabilização
foram os que se mostraram mais sensíveis e são os parâmetros que afetam diretamente o
escoamento total e pico do fluxo. Chegou-se à conclusão que o acoplamento do SIG ao
SWMM, cria uma ferramenta de modelagem útil que pode ser usada para grandes bacias
hidrográficas urbanas e o tempo necessário para a gestão dos dados calibrados é drasticamente
reduzido pelo SIG.
Silva (2010) simulou técnicas não convencionais no meio urbano a partir do modelo
hidrológico SWMM, para atenuar inundações, provocadas por chuvas intensas, ocorridas na
sub-bacia do canal da SANBRA localizado na zona oeste da cidade do Recife/PE. As técnicas
utilizadas foram reservatórios em lotes, reservatórios em setores da sub-bacia ao longo da
rede de micro drenagem, (online) e na sub-bacia ao longo do curso do canal aproveitando uma
área remanescente para transformá-la numa bacia de detenção. A bacia de detenção na sub-
bacia foi o resultado mais eficaz, reduzindo o pico de vazão em 55% em média. A detenção
em lotes obteve melhor eficiência quando os micro reservatórios tem a função de retenção da
água, chegando a reduzir as vazões de pico em 83%.
Huong e Pathirana (2013) usaram o modelo SWMM para simular o quanto o avanço da
urbanização na cidade de Can Tho (a maior cidade no delta do Rio Mekong, no Vietnã) pode
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Peplau e Neves (2014) apresentam uma proposta de definição da vazão específica de restrição
em uma bacia hidrográfica urbana a partir da capacidade máxima do escoamento de seu canal
de macrodrenagem e dos condicionantes atuais de uso e ocupação do solo. Para tal objetivo
foram realizados modelagem hidrológico-hidrodinâmica, simulação para verificação da
capacidade do canal, vazões de restrição e coeficientes de escoamento pela capacidade do
canal, vazão e coeficiente de escoamento de pré-urbanização pelo método racional. Os
referidos autores utilizaram o software SWMM para simulação de cenários definidos em
função do tempo de retorno da precipitação e o nível de jusante na foz do riacho escolhido,
denominado Riacho do Sapo. Os resultados mostraram ser razoável que o método racional
estime bem a vazão de pré-urbanização para TR=10 anos e duração de 1 h. Nesse caso a
vazão de restrição pela capacidade máxima do canal pode atingir o dobro ou até o triplo do
valor calculado simulando a vazão de pré-urbanização.
Kim et al. (2014), usaram o modelo hidrológico SWMM para simular um estacionamento
subterrâneo, como um reservatório de detenção na porção Sul (ocidental) de Daegu, Coréia,
onde há ocorrências de inundações urbanas severas. Foi observado que o parâmetros do
SWMM podem ser calibrados a partir de observações de inundações, pois de outra forma não
seria possível, pois os fluxos das galerias de águas pluviais não são monitorados internamente.
Yang, Li e Wang (2014), simularam com o auxílio do SWMM vários cenários com períodos
de retorno, graus de urbanização e diâmetros de tubos diferentes na região de Zhengzhou,
China. O estudo mostrou que o alagamento urbano tem uma relação estreita com a expansão e
disposição urbana. Foram usados períodos de recorrência de 2 anos, 10 anos e 100 anos para
precipitações numa superfície com um runoff de 82% simulando um período pós urbanização.
Os resultados foram 2,5 vezes, 1,8 vezes e 1,3 vezes de proporções, respectivamente, na área
da superfície impermeável em relação ao período pré urbanização.
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Silva Junior (2015) utilizou o modelo hidrológico (SWMM) para simular alternativas
compensatórias em drenagem urbana num ponto crítico localizado no cruzamento da Avenida
João de Barros com a Rua Joaquim Felipe, no bairro da Soledade em Recife/ PE. A calibração
do modelo, feita a partir da situação observada no ano de 2015, apresentou coeficientes de
correlação de 0,97 e 0,96 para períodos de recorrência de dois e cinco anos, respectivamente.
Foram simuladas duas alternativas diferentes: a primeira foi a readequação da rede de
drenagem existente, chegando a reduções de 37% e 58% nos volumes de alagamento para
tempos de recorrência de 2 anos e 5 anos, respectivamente. A segunda alternativa foi a
concepção de um reservatório de detenção na rede existente cuja simulação para um evento de
período de retorno de cinco anos reduziu cerca de 38% o volume observado em 2015.
Medidas de controle de cheias são conjuntos de métodos estruturais e não estruturais que tem
o objetivo de diminuir os efeitos danosos das enchentes nas áreas urbanas e rurais.
(BARBOSA, 2006)
As medidas para controle de cheias podem ser classificadas como estruturais e não-
estruturais. As estruturais modificam em geral as características hidráulicas dos cursos de
água e envolvem na maioria das vezes obras que atenuam o efeito das inundações. Segundo
Barbosa (2006) as medidas estruturais são medidas físicas de engenharia desenvolvidas pela
sociedade para reduzir o risco de enchentes. Essas medidas podem ser extensivas ou
intensivas. As medidas extensivas são aquelas que agem na bacia, procurando modificar as
relações entre precipitação e vazão, como modificação da cobertura vegetal no solo, que reduz
e retarda os picos de enchente e controla a erosão da bacia. As medidas intensivas são aquelas
que agem no rio e podem ser medidas que aceleram, retardam ou desviam o escoamento.
As medidas não-estruturais não envolvem obras, mas são tão importantes quanto as
estruturais, pois defendem na sua concepção a melhor convivência da população com as
cheias, educando a mesma com relação a mecanismos de geração do escoamento superficial e
como reduzir seu impacto negativo. São formadas basicamente por soluções indiretas, como
por exemplo, aquelas destinadas ao controle do uso e ocupação do solo (nas várzeas e nas
bacias) ou à diminuição da vulnerabilidade dos ocupantes das áreas de risco das
consequências das inundações. Envolvem aspectos de natureza cultural e participação do
público, indispensável para a implantação, com o investimento de recursos leve, baseado
principalmente na conscientização e educação das pessoas, rede de monitoramento e previsão
de alerta, controle do desmatamento e plano diretor de drenagem (KOBAYASHI, et al., 2008;
KRüGER; DZIEDZIC, 2010).
Para Baptista et al. (2005) a solução higienista de drenagem urbana (também denominada
tradicional ou clássica) apenas transfere os problemas de montante para jusante, visando
exclusivamente à solução quantitativa. Para transportar todo o volume transferido é necessário
ampliar a capacidade de condutos e canais ao longo de todo o seu trajeto dentro da cidade, até
um local onde o seu efeito de ampliação não atinge a população. A irracionalidade dos
projetos leva a custos insustentáveis, podendo chegar a dez vezes maior do que o custo de
amortecer o pico dos hidrogramas e diminuir a vazão máxima para jusante através de uma
detenção.
Segundo Tucci (2013), o paradoxo é que países desenvolvidos verificaram que os custos de
canalização e condutos eram muito altos e abandonaram esse tipo de solução, enquanto que os
países em desenvolvimento adotam sistematicamente essas medidas, perdendo duas vezes:
custos muito maiores e aumento dos prejuízos. Assim, os países desenvolvidos desde os anos
70 vêm investindo em medidas compensatórias que tem como principal foco a detenção e
infiltração minimizando os efeitos da urbanização na bacia. Segundo o Plano Diretor de
Drenagem Urbana da Cidade Porto Alegre (2005) essas medidas podem ser classificadas de
acordo com o componente de drenagem envolvido no controle: na fonte, na microdrenagem e
na macrodrenagem e estão descritas a seguir.
Na fonte: é o tipo de controle que atua sobre o lote, praças e passeios, que pode ser
detenção em lote ou o uso de áreas de infiltração para receber água de áreas
impermeáveis, recuperando a capacidade de infiltração da bacia. Este tipo de medida é
aplicado somente na fonte, como o pavimento permeável (Figura 7);
Figura 7 – Pavimento Permeável
Conforme IBGE (2010), 39,5% dos municípios brasileiros declaram sofrer problemas de
assoreamento na rede de drenagem, que não está associado diretamente a falta de manutenção,
mas a outros fatores como topografia, clima, características dos solos, ocupações
desordenadas, desmatamento, entre outros, que acabam contribuindo para o processo de
assoreamento. Segue, na Figura 9, a distribuição espacial dos municípios que apresentam
problemas de assoreamento.
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Figura 9 – Distribuição espacial dos municípios que apresentam problemas de assoreamento da rede
de drenagem no Brasil no período de 2003 a 2007.
O mesmo plano também estabelece procedimentos para limpeza das estruturas do sistema de
drenagem bem como a rotina e frequência mínima para tais serviços (Tabela 6).
3 METODOLOGIA
A área em estudo localiza-se próximo a três dos principais bairros da cidade do Recife, (Ilha
do Retiro, Derby e Paissandu), sendo que o destino final da drenagem existente da Rua
Professor Benedito Monteiro é o canal do Sport no Bairro da Ilha do Retiro, tendo como
afluente o Rio Capibaribe (Figura 11).
Segundo o Censo do IBGE (2010), o bairro da Madalena possui uma população de 23.082
habitantes que corresponde a 1,5% dos habitantes da cidade do Recife e uma área de 183
hectares. O bairro da Ilha do Retiro, onde está localizado o destino final da drenagem, possui
uma área de 54 hectares e uma população de 3740 habitantes segundo o Censo do IBGE
(2010).
Figura 10 – Localização do ponto crítico de alagamento
Segundo Silva e Bitoun (2007), com o surgimento das Usinas, após 1885, deu-se o primeiro
surto de migração para a cidade do Recife. A causa foi a concentração de terras por parte das
Usinas e refinarias, que expulsou os caboclos e antigos escravos, que nelas viviam. Nesse
período funcionavam nas várzeas do Capibaribe 16 engenhos, entre eles o engenho Madalena.
Em 27/04/1896, pela Lei n.º 95, foram criados os distritos de Madalena e Torre e anexados ao
município de Recife, assim inicia-se a história de ocupação do bairro onde localiza-se a área
desse estudo (RECIFE, 2018b). Segue na Figura 12 parte dos bairros da Madalena, Derby,
Ilha do Retiro, Capunga e Joana Bezerra, produzido a partir dos levantamentos feitos por Sir
Douglas Fox e H. Michell Whitley, membros do Instituto de Engenharia Civil de Londres no
ano de 1906.
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De acordo com o Censo do IBGE (2010) a Taxa Média Geométrica de Crescimento Anual da
População no ano 2000 até 2010 foi de 1,55 %, porém conforme apresentado na Figura 13 a
intensa ocupação do solo por empreendimentos como hipermercados e edificações
diminuíram significativamente a taxa de solo natural dos arredores da área em estudo.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de imagens do Google Earth (2002) e (2016).
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Inicialmente foram realizadas reuniões com o órgão gestor de drenagem urbana do Recife,
EMLURB, para definição do ponto crítico de alagamento a ser estudado. Concomitantemente,
ocorreram alguns eventos de precipitações no mês de Maio de 2016 que tiveram por
consequência o alagamento da Rua Professor Benedito Monteiro, no bairro da Madalena,
onde localiza-se a Escola Politécnica de Pernambuco (POLI). Em dois desses eventos as aulas
da POLI foram suspensas devido ao nível d'água ter atingido o saguão do Bloco principal,
impedindo a circulação de pessoas no local e entre alguns blocos. Cabe ressaltar que a POLI
teve em 2016, com uma média de 3326 alunos matriculados no primeiro e segundo semestres
do mesmo ano.
O cadastro da rede de drenagem de águas pluviais da área em estudo foi fornecido pela
EMLURB. Como o cadastro era da década de 80 foi necessária a atualização em campo de
todo o levantamento a fim de melhorar a precisão e qualidade dos resultados finais das
simulações hidrológicas-hidráulicas.
Os parâmetros físicos das subáreas estão listados na tabela 7, bem como suas siglas e
unidades.
Tabela 7 – Parâmetros físicos de entrada do SWMM
Parâmetros Sigla Unidade
Área A ha
Largura W m
Declividade D %
Áreas Impermeáveis AI %
Coeficiente de rugosidade de Manning (n)- Área impermeável NI m-1/3s
Coeficiente de rugosidade de Manning (n)- Área permeável NP m-1/3s
Profundidade de armazenamento em depressões- Área impermeável PI mm
Profundidade de armazenamento em depressões- Área permeável PA mm
Taxa de Infiltração I mm/h
Fonte: Adaptado de Roesner (2001)
Além dos parâmetros citados anteriormente, o modelo SWMM necessita de séries variáveis
que compreendem dados de entrada como curva de maré e precipitação dos dias de estudo que
estão detalhados a seguir.
Com o cadastro da área de estudo em ambiente CAD fornecido pela EMLURB, o cadastro da
microdrenagem levantado em campo, as curvas de níveis, MDT (Modelo Digital do Terreno)
e visitas realizadas ao local de estudo foi definida a bacia e sub-bacias de contribuição da Rua
Professor Benedito Monteiro.
O método para a delimitação das áreas de contribuição de uma bacia urbana é um pouco
diferente das bacias rurais, pois os divisores de água nas cidades devem ser traçados ao longo
de quadras e podem tornar-se complexos, devido às correções topográficas, cortes e aterros
realizados para as edificações. Para contornar a complexidade da análise, considera-se que
cada trecho de sarjeta receba as águas pluviais da quadra adjacente. A delimitação das
subáreas levou em consideração os lotes e cumeeiras das edificações existentes.
44
Para obtenção deste parâmetro foi utilizada a fórmula da largura do retângulo equivalente de
cada subárea, conforme aplicado por Collodel (2009), Oliveira (2017) e Silva Junior (2015).
A largura é função do coeficiente de compacidade que por sua vez é função das áreas e dos
perímetros das sub-bacias. Os dados necessários para obtenção dos resultados foram extraídos
do cadastro da região e imagens geo referenciadas no ambiente CAD. Seguem as equações 2 e
3 da largura equivalente e coeficiente de compacidade, respectivamente.
𝐾𝑐√𝐴 1,128 2
𝐿= [1 − √1 − ( ) ] (Equação 2)
1,12 𝐾𝑐
𝑃
𝐾𝑐 = 0,282 (Equação 3)
√𝐴
A Declividade é calculada entre a diferença de cotas de topo dos poços de visita dividido pela
distância entre os mesmo. Para a definição das declividades das subáreas foram utilizados o
perfilamento a laser do tipo Modelo Digital do Terreno (MDT), realizado em 2014. Além
dessa base topográfica, também foram utilizados os nivelamentos das cotas de topo dos poços
de visita do cadastro da rede de drenagem existente, obtidos em levantamentos de campo.
Com o MDT pode-se gerar curvas de níveis e assim obter as declividades de cada sub-bacia.
Na tabela 10 se encontram os resultados das declividades superficiais de cada sub-bacia.
45
O coeficiente de rugosidade é a medida das asperezas das paredes dos canais e tubos de
drenagem e o coeficiente de Manning é o mais utilizado por ter sido experimentado desde
canais de dimensões minúsculas até grandes canais, com resultados coerentes entre o projeto e
a obra construída. Este parâmetro foi estimado com base em características observadas nas
vistorias em campo. Considerando-se que as ruas são asfaltadas em Concreto Betuminoso a
Quente (CBUQ) e o estacionamento do Clube Internacional está revestido em paralelepípedo,
adotou-se o coeficiente de rugosidade de Manning (n=0,024) para áreas impermeáveis,
conforme utilizado por Canholi (2005), Silva (2010) e Silva Junior (2015). Para as áreas
permeáveis adotou-se o coeficiente de rugosidade de Manning (n=0,15), segundo Canholi
(2005), Silva (2010) e Silva Junior (2015). Segue na Equação 4 a fórmula do coeficiente de
Manning.
1
1 6
𝐶= [𝑅𝐻 ] (Equação 4)
𝑛
Para determinação do percentual de áreas impermeáveis das sub-bacias, que é definida pela
razão entre a área de solo impermeável pela área total das sub-bacias. Foram utilizadas as
ortofotos da cidade do Recife, referentes ao ano de 2013, disponibilizadas na plataforma
eletrônica da Prefeitura do Recife. A validação desses dados foi realizada através de visitas a
46
campo e imagens do Google Earth referentes ao ano de 2016. As imagens foram exportadas e
georreferenciadas para o software Civil 3D e todas as áreas permeáveis delimitadas nesta
base.
A infiltração da chuva para a zona não saturada do solo da subárea permeável pode ser
descrita no SWMM mediante três modelos diferentes:
Modelo de infiltração Horton;
Modelo de infiltração Green-Ampt;
Modelo de Infiltração baseado na Curva Número do SCS.
Dentre eles optou pelo modelo de Horton devido à facilidade na definição dos parâmetros
para a modelagem que este modelo possui. A equação do método de Horton assume que a
infiltração, se inicia com uma taxa 𝑙𝑜 e decresce exponencialmente com o tempo t, conforme
observa-se nas Equações 5 e 6. Depois de um tempo variável, quando a umidade do solo
atinge um grau elevado (próximo da saturação), a taxa de infiltração converge para um valor
constante 𝑙𝑏.
𝑙𝑡 = 𝑙𝑏+(𝑙𝑜−𝑙𝑏)exp(−𝑘×𝑡) (Equação 5)
𝑘 = (𝑙o−𝑙𝑏)𝐹𝑐 (Equação 6)
Onde:
𝑙𝑡 – taxa de infiltração no tempo (mm/h);
𝑙𝑏 – taxa de infiltração final (mm/h);
𝑙𝑜 – taxa de infiltração inicial (mm/h);
t – tempo (h);
k – coeficiente de decaimento (𝑠-1).
Fc - é dado como a área sob a curva da taxa de infiltração, obtida a partir da integração da
equação da curva ajustada (Figura 41), variando no intervalo de tempo de realização do ensaio.
umidade inicial do solo, mas foi considerado um período de três dias sem chuva para a
realização do ensaio para garantir o solo seco.
O ensaio de infiltração com infiltrômetro de Duplo Anel, que foi escolhido dentre os vários
tipos de infiltrômetros disponíveis, consiste em dois anéis (40 e 20 cm de diâmetro e 30 cm de
altura), que são instalados de forma concêntrica e enterrados a 15 cm (Figura 15). O anel
externo tem como finalidade reduzir o efeito da dispersão lateral da água infiltrada do anel
interno, motivo este que levou a escolha do tipo de infiltrômetro. Após limpeza superficial do
solo, cravaram-se no solo os cilindros externo e interno. Colocou-se água nos cilindros
externo e interno (Figura 16), com leituras realizadas somente no cilindro interno, pois o
externo é utilizado apenas para que seja neutralizado o efeito da infiltração lateral.
O modelo SWMM oferece 3 opções de formatos para os dados de chuva que são: pela
intensidade, em que cada valor de precipitação é uma taxa média durante uma unidade de
tempo, em (pol/h) ou (mm/hora); pela lâmina de precipitação que é dado em (pol) ou (mm) ou
pelo valor acumulado que representa a precipitação acumulada que tem ocorrido desde o
início da última série de valores de zero (em polegadas ou milímetros). Como o CEMADEN
fornece seus dados em milímetros foi escolhido o formato do tipo Volume para os dados de
chuva.
O tempo de retorno da chuva foi calculado pela nova equação IDF do Recife (equação 7),
disponibilizada pela EMLURB, que será amplamente difundida pelo Plano Diretor de
Drenagem Urbana do Recife, atualmente em elaboração.
611,3425 𝑥 𝑇𝑟 0,1671
𝑖= (Equação 7)
(𝑡+7,3069)0,6348
A maior parte da rede de drenagem da cidade do Recife sofre com o impacto do ciclo das
marés que, dependendo da época do ano, chegam até a 3,0m de altura, que são as marés de
Sizígia. Como a cidade é uma planície, com cotas negativas em algumas áreas, os trechos à
49
jusante da maioria dos canais e, por consequência, das redes de galerias, acabam perdendo
cota nos instantes de máximas marés e assim diminuindo sua capacidade de descarga.
Como o sistema de drenagem estudado tem como destino final o canal do Sport, que por sua
vez deságua no Rio Capibaribe, foi necessário a aplicação das curvas das marés, para os dias
09 e 30 de Maio de 2016, no exutório do modelo SWMM.
Os registros dos níveis de marés foram obtidos na tábua de maré do Porto do Recife,
disponibilizado no site da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN). Como o DHN utiliza
o Sistema de Referencial de Nível da Marinha foi preciso fazer uma adequação dos níveis das
marés somando 0,250m para coincidir com os níveis da Prefeitura do Recife, visto que o
levantamento cadastral da rede de drenagem foi realizado no referencial da Prefeitura do
Recife. Segue na Figura 17 um esquema que relaciona as diferenças dos RN do IBGE,
Marinha e Prefeitura do Recife. O RN de partida para o esquema foi a cota 3,563m do IBGE
na chapa cravada na soleira do portão principal do prédio na Rua Vital de Oliveira, 32. O zero
da Marinha está 1,122m abaixo do zero do IBGE e 0,25m acima do zero da Prefeitura da
Cidade do Recife.
Com o cadastro da rede de drenagem atualizado foi possível montar a rede de águas pluviais
para aplicar o modelo SWMM, inserindo os objetos junções ou Nós e Condutos. Tais objetos
funcionam como camadas que lhe foram atribuídas informações cadastrais que serão
detalhadas a seguir:
Após a inserção dos parâmetros e variáveis de entrada no modelo, discutido nos itens
anteriores, foi realizada a calibração do modelo com base no evento extremo de precipitação
ocorrido em 09 de maio de 2016.
por Silva (2010), Silva Júnior (2015) e Oliveira (2017). O ponto de controle selecionado para
a calibração foi o poço de visita, denominado de “Nó 10” (Figura 18), que encontra-se
localizado em frente ao Bloco B da Escola Politécnica de Pernambuco nas coordenadas (
290200,119 E; 9108633,073 N), pois se caracteriza como o ponto de alagamento mais crítico
da área estudada. No processo de calibração foram ajustados os parâmetros de entrada
coeficiente de Manning e altura de sedimentação, conforme metodologia aplicada por Silva
(2010), Silva Júnior (2015) e Oliveira (2017).
Figura 18 - Localização do Nó 10.
A calibração do modelo foi obtida por meio de um processo expedito visando representar o
atual funcionamento do sistema de forma a obter compatibilidade do volume máximo de
alagamento e da altura máxima de alagamento simulados com os observados nas vistorias
procedidas no local durante o evento de chuva considerado. Para isso, considerou-se a
inundação da junção “Nó 10” definida como ponto de controle, e realizou-se a manipulação
dos parâmetros referentes ao coeficiente de rugosidade de Manning para os condutos e à
altura da camada de sedimento depositado nos condutos.
O cálculo do volume máximo de alagamento foi estimado a partir da relação entre a lâmina
d’água e a área de alagamento. O valor da lâmina d’água foi obtido através de vistorias
52
realizadas durante a ocorrência das inundações. A área de alagamento foi determinada a partir
de observações em campo, com o auxílio do Modelo Digital do Terreno (MDT) da área em
estudo e com o Software ArcGis foi calculado o volume máximo de alagamento, conforme
demonstra a Figura 19.
Não foi possível realizar a calibração ideal, que seria manter um experimento em pequenas
dimensões com todas as variáveis controladas.
Apesar desta calibração não ser a ideal, é a forma que tem sido empregada nas cidades de
vários estados brasileiros, porque a situação real é complexa, envolve uma grande área e tem
muitos fatores intermitentes.
Após a calibração do modelo, se deu início à fase de validação, a qual consistiu na simulação
do alagamento ocorrido no evento de precipitação do dia 30 de Maio de 2016. Este evento de
precipitação foi escolhido em razão do grande alagamento ocorrido na área em estudo, além
do fato de ter ocorrido antes da desobstrução da rede de drenagem realizada pela EMLURB
nos dia 09 e10 de Julho de 2016.
53
No final foram avaliados os impactos das medidas aplicadas na área em estudo: a redução da
área de alagamento, a cota máxima de enchente e a diminuição da descarga à jusante.
A solução adotada para a atenuação dos alagamentos na área em estudo foi o pavimento
permeável pela existência de grandes áreas de estacionamento existentes tanto na Escola
Politécnica de Pernambuco como no Clube Internacional. Descartou-se outras soluções, como
um reservatório de detenção pela dificuldade de área para implantação do reservatório e
custos da obra.
Conforme adotado por Tominaga (2013), a camada de reservação foi de 150mm, que condiz
com especificações adotadas pela Prefeitura de São Paulo. Foram consideradas bases
drenantes e resistentes para comportar tráfico leve a médio do tipo macadame betuminoso e
hidráulico.
Fator de colmatação 0 -
Fator de colmatação 0 -
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura 20 – Modelo digital do terreno na área de entorno ao ponto crítico de alagamento estudado.
Na figura 20, o azul mais claro indica as áreas mais baixas da região e o ponto crítico
57
de alagamento encontra-se localizado exatamente dentro desta região mais baixa, ou seja, se
não houver uma captação eficiente das águas em dias de chuvas intenses a possibilidade de
alagamentos nesta área é grande.
Assim nos meses de inverno, entre Maio e Agosto, de 2016, as ruas no entorno da Escola
Politécnica da UPE ficaram completamente alagadas. A lâmina de água chegou a 69,5 cm em
alguns trechos das ruas, em eventos de chuva ocorridos nos dias 09 e 30 de Maio de 2016,
invadindo o prédio da escola, o que causou a suspensão das aulas, conforme apresentado nas
Figuras 21 e 22.
Foi verificado que a drenagem existente na praça Euclides da Cunha (Praça do Clube
Internacional) encontrava-se em boas condições, com escoamento eficiente das águas
pluviais, sem alagamentos significativos nos arredores da praça. Na praça existem duas redes,
uma nova de PVC de diâmetro de 300 mm e outra de concreto mais velha de 300mm (Figura
23).
A drenagem existente na praça chega numa canaleta na esquina da Rua Heitor Filho e segue
até o Rio Capibaribe, conforme apresentado nas Figuras 24 e 25.
Apesar das boas condições de escoamento várias caixas coletoras ainda apresentavam muito
lixo e sedimentos acumulados no decorrer do tempo (Figura 26).
59
A rua Benfica, no trecho do Clube Internacional até a ponte do Derby, comporta-se como um
divisor de águas, de modo que a drenagem da rua Professor Benedito Monteiro direciona-se
para o outro lado e deságua no canal do Sport. Verificou-se que o trecho mais a montante da
60
Figura 27 – PV na rua Benedito Monteiro próximo da esquina com a rua Benfica mostrando lixo e
água retida, além das galerias em paralelo em 10/07/2016.
Galerias em paralelo
Em geral, verificou-se que o sistema de drenagem apresentava nesta ocasião muito acúmulo
de sedimentos, e muitos resíduos sólidos, principalmente garrafas plásticas. (Figuras 28 e 29)
Figura 28 – Limpeza dos poços de visita da Rua Figura 29 – Limpeza dos poços de visita da Rua
Prof. Benedito Monteiro, observando-se grande Prof. Benedito Monteiro, observando-se grande
quantidade de resíduos sólidos em 10/07/2016 quantidade de lama em 10/07/2016
No último trecho da rua Prof. Benedito Monteiro já nas mediações da Faculdade de Ciências
da Administração de Pernambuco (FCAP), após as galerias de diâmetro 600 mm existe uma
canaleta nas dimensões de 1,20m x 1,60 m (Figura 30).
Figura 30 – Canaleta existente no trecho final da Rua Prof. Bendito Monteiro em 10/07/2016.
Mais à jusante, no canteiro central da Avenida Abdias de Carvalho, existe um PV que chamou
atenção, pois no meio dele passa uma adutora da COMPESA de 800 mm deixando só uma
pequena distância entre a adutora e o fundo do PV, estrangulando-o. Na ocasião, devido à
falta de manutenção estava totalmente obstruído. Os PVs à jusante do encontrado no canteiro
central apresentavam apenas um pouco de água, bem menos que os localizados na Rua da
Escola Politécnica de Pernambuco (Figura 31).
Figura 31 – Poço de visita obstruído no canteiro central da Av. Abdias de Carvalho em 10/07/2016.
A Jusante da rede
com pouca água
Outro grande gargalo foi a quantidade de resíduos sólidos encontrado na intersecção (ponto de
afluência) da galeria da Abdias de Carvalho com o canal do Sport. O ponto de deságue no
canal fica a cerca de 30,00 metros da parte descoberta do canal tornando quase impossível o
acesso para a limpeza. A Figura 32 mostra o acesso a parte coberta do canal do Sport e a
Figura 33 apresenta a medição da distância entre o acesso a parte coberta do canal e o destino
final da drenagem proveniente da Rua da POLI. A Figura 34 mostra a parte coberta do canal
internamente.
Figura 32 – Acesso a parte coberta do Canal ao Figura 33 – Distância da parte descoberta do canal em
destino final da drenagem. em 10/07/2016.
10/07/2016.
- Bloqueio do fluxo das galerias de drenagem devido a uma adutora de 0,80 metro de
diâmetro da concessionária de abastecimento de água que passa pelo canteiro central da Av
Abdias de Carvalho.
- Impossibilidade de limpeza da saída da galeria no canal que passa ao lado do Sport Clube
devido ao longo trecho do canal coberto com placa de concreto.
As subáreas foram obtidas no ambiente CAD a partir das unibases do local estudado, tendo
como base a delimitação dos lotes, quadras e cumeeiras das edificações, bem como a
topografia da área e os subsistemas de microdrenagem existentes, a partir do cadastro de
drenagem disponibilizado pela EMLURB. Em alguns casos, com a ausência do cadastro da
rede de drenagem, utilizaram-se apenas as curvas de níveis obtidas através do Modelo Digital
do Terreno (MDT) e a configuração das quadras e lotes, além de inspeções em campo, para a
delimitação das subáreas.
Após a delimitação das áreas de contribuições foram definidos os valores de entrada dos
parâmetros do modelo SWMM. O percentual de áreas impermeáveis de cada sub-bacia foi
definido a partir da análise das imagens de satélites do ano de 2016, conforme Figura 38.
Nota-se que a maior parte da bacia de contribuição apresenta-se totalmente impermeável,
chegando a 100 % na sub-bacia 6.
Com base na equação da curva de infiltração apresentada, ajustada à equação de Horton, foi
possível a obtenção dos parâmetros necessários para a alimentação do modelo: as taxas
máxima e mínima de infiltração (295,08 mm/h e 211,96 mm/h, respectivamente), e o
coeficiente de decaimento (0,163) (Figura 41).
Assim, uma vez obtidos os parâmetros de infiltração, que serviram de dados de entrada para
as simulações hidrológico - hidráulico realizados neste trabalho, a Figura 40 mostra a inserção
destes parâmetros na plataforma do modelo SWMM
69
Armazenamento
Manning (n) Impermeável (m-1/3s)
impermeável das subáreas (%)
em depressões
AC -Área de Contribuição
Coeficiente de rugosidade de
Coeficiente de rugosidade de
Porcentagem de área
(mm)
Largura Média (m)
Área (ha)
Impermeável
Permeável
Após a interpolação dos pontos de preamar e baixa-mar do evento ocorrido no dia 09 de Maio
de 2016, confrontou-se a curva de maré com as precipitações (Figura 43) notando uma
proximidade do pico da precipitação, ocorrido as 15:00 h, e a preamar com altura de 2,30 m
as 18:06h. Embora haja uma diferença de 3 horas entre o pico da precipitação e a preamar, a
chuva continuou ao longo do dia, dificultando assim a diminuição dos alagamentos até que a
maré baixasse, a partir das 19:00h.
Para o dia 30 de Maio de 2016 o alagamento foi maior, em relação ao do dia 09 do mesmo
mês, pois se concentrou em curto espaço de tempo, chegando a precipitar 53,6 mm em apenas
1 hora. Devido à grande intensidade da chuva, a área em estudo passou por mais um dia de
alagamentos e transtornos para todos. A maré, por sua vez, teve papel importante na
manutenção do alagamento por quase coincidir a preamar de 2,00m as 10:45h da manhã com
o pico da precipitação que ocorreu as 9:00h da manhã, conforme apresentado na Figura 44.
73
4.4 Calibração
O ponto de controle utilizado foi o poço de visita denominado Nó 10, localizado em frente ao
Bloco B da Escola Politécnica de Pernambuco. Sendo este ponto de alagamento o mais crítico
da área estudada.
74
O primeiro passo para a calibração foi o levantamento de informações, como fotos e vídeos
do alagamento ocorrido no dia 09 de Maio de 2016, evento este escolhido para realização da
calibração, além de observações no local no dia do evento. Obteve-se 11.219,65 m² como a
área de alagamento e uma altura máxima de lâmina d’água observada de 91,5 cm, gerando um
volume de 7.797,66 m³. Durante a calibração conseguiu-se alcançar uma altura de alagamento
simulada de 87,4 cm no ponto de controle (Nó 10).
Isso mostra que, apesar de a calibração obtida ser definida como um processo expedito, um
vez que, conforme já comentado, procurou-se ajustar os volumes simulados aos observados
apenas no ponto de controle, a diferença relativa entre as condições simuladas e observadas se
mostrou satisfatória, com uma diferença próxima de zero entre os valores observados e
simulados.
75
4.5 Validação
Calibrado o modelo partiu-se para a validação do mesmo, através de outro evento extremo
ocorrido no dia 30 de Maio de 2016. Como citado no item 3.7 da metodologia foram
utilizados os mesmos dados de saída para a validação do modelo SWMM (Lâmina d’água
máxima e volume máximo de alagamento), porém sem alterar parâmetros físicos, apenas
séries de precipitação e curva de maré para o evento pré definido.
Como o evento no dia 30 de Maio de 2016 resultou num total pluviométrico um pouco maior
do que o ocorrido no dia 09 do mesmo mês, a área de alagamento e, consequentemente, o
volume máximo de alagamento e lâmina d’água máxima de alagamento também foram
maiores. Os valores observados em 30 de Maio correspondem a uma área de alagamento de
18.227 m² e uma altura máxima de lâmina d’água observada de 1,07 m, gerando um volume
de 10.307,00 m³.
Após o modelo ser calibrado e validado, foram simulados cenários com medidas para
atenuação dos alagamentos no ponto crítico estudado. O primeiro cenário simulado, para os
eventos dos dias 09 e 30 de Maio de 2016, foi considerando a rede de drenagem totalmente
desobstruída, condição está ocorrida após as ações da EMLURB, realizadas a partir do dia 09
de Julho 2016 quando foi realizada a primeira campanha de limpeza do sistema. A campanha
estendeu-se por vários meses e foi concluída em meados do mês de Maio de 2017 com a
limpeza do Canal do Sport, destino final da drenagem existente na área em estudo.
Nas vistorias em campo foi observado que a rede estava completamente obstruída, com isso
havia uma perda na eficiência da rede de drenagem que é composta por duas galerias de
diâmetro de 0,60 m da Rua Benfica até a Rua José Múcio Monteiro no início do quarteirão da
FCAP, a partir desse ponto a rede de galerias aflui a uma canaleta com dimensões de 1,20 x
1,60m e a partir da Av. Abdias de Carvalho segue com galerias de diâmetro de 1,00m até o
canal do Sport.
Figura 45 – Hidrograma de alagamento no Nó 10 com base nas condições pré e pós desobstrução do
sistema, para o evento de 09 de maio de 2016.
Figura 46 – Volume acumulado de alagamento no Nó 10 com base nas condições pré e pós
desobstrução do sistema, para o evento de 09 de maio de 2016.
Figura 47 – Lâmina d’água de alagamento no Nó 10 com base nas condições pré e pós desobstrução
do sistema, para o evento de 09 de maio de 2016.
Figura 49 - Volume de acumulado de alagamento no Nó 10 com base nas condições pré e pós
desobstrução do sistema, para o evento de 30 de maio de 2016.
Figura 50 – Lâmina d’água de alagamento no Nó 10 com base nas condições pré e pós desobstrução
do sistema, para o evento de 30 de maio de 2016.
Na figura 47 pode-se observar o gráfico da lâmina d’água de alagamento para os cenários pré
e pós desobstrução da rede de drenagem para o evento do dia 09 de Maio de 2016. O gráfico
representa a lâmina d’água acima da cota de topo do Nó 10, logo para o cenário pré
desobstrução mostra o início do alagamento as 2:00 horas. A lâmina máxima de alagamento
aparece às 21:15 horas com 0,874m. Para o cenário pós desobstrução só observa-se lâmina
d’água as 14:15 horas. O valor máximo da lâmina d’água chegou a 0,236m às 21:15 horas.
Na figura 50 pode-se observar o gráfico da lâmina d’água de alagamento para os cenários pré
e pós desobstrução da rede de drenagem para o evento do dia 30 de Maio de 2016. Para o
cenário pré desobstrução mostra o início da lâmina d’água as 6:30. A lâmina máxima de
alagamento aparece às 13:30 h com 1,107m. Para o cenário pós desobstrução só observa-se
lâmina d’água as 7:15 horas. O valor máximo da lâmina d’água chegou a 0,442m às 15:30 h.
Os resultados obtidos para a rede pós-desobstrução no evento do dia 09 de Maio de 2016 para
pico de vazão de alagamento, volume acumulado de alagamento e lâmina d’água mostram
como é importante a manutenção da drenagem urbana garantindo sua eficiência. O pico do
hidrograma de alagamento foi reduzido 54,61%, passando de 0,0379m³/s para 0,0172m³/s. O
volume total acumulado diminuiu 80,65%, com uma redução de 26320,55m³. Além da lâmina
d’água máxima que passou de 0,874m para 0,236m diminuindo 73,00%.
Em relação ao evento ocorrido no dia 30 de Maio de 2016, como o tempo de retorno foi bem
maior do que no dia 09 do mesmo mês, TR = 10 anos, e a intensidade também, com mais de
50 mm precipitados em uma hora, o alagamento atingiu o seu pico muito rápido, em apenas 3
horas, como pode ser visto na figura 48, que apresenta o hidrograma referente ao alagamento
no Nó 10. Porém, os resultados mostram-se significativos comparando o cenário pré-
desobstrução da rede de drenagem com o pós-desobstrução, com uma redução de 61,93% no
82
Para o evento do dia 09 de Maio de 2016, conforme apresentado nas figuras 52; 53 e 54, a
redução do pico da vazão foi 60,68%, passando de 0,0379 m³/s para 0,0149 m³/s, comparando
os cenários pré-desobstrução com a rede desobstruída mais implantação do pavimento
permeável. A redução do pico de vazão foi de 13,37 %, passando de 0,0172m³/s para
0,0149m³/s, comparando o cenário pós-desobstrução com a rede desobstruída mais
implantação do pavimento permeável. Houve uma redução de 84,00% do volume total de
alagamento, diminuindo um volume de 27411,72m³, comparando os cenários pré-
desobstrução com a rede desobstruída mais implantação do pavimento permeável. O volume
total de alagamento passou de 6312,32m³ para 5221,15m³, comparando o cenário pós-
desobstrução com a rede desobstruída mais implantação do pavimento permeável. Já a lâmina
d’água de alagamento foi reduzida em 77,57%, comparado os cenários pré-desobstrução com
85
Para o evento do dia 30 de Maio de 2016, conforme apresentado nas figuras 55; 56 e 57, a
redução do pico da vazão foi 74,51%, passando de 0,1181 m³/s para 0,0301 m³/s, comparando
os cenários pré-desobstrução com a rede desobstruída mais implantação do pavimento
permeável. A redução do pico de vazão foi de 11,73 %, passando de 0,0341m³/s para
0,0301m³/s, comparando o cenário pós-desobstrução com a rede desobstruída mais
implantação do pavimento permeável. Houve uma redução de 67,54% do volume total de
alagamento, passando de 56078,20m³ para 18201,80m³, comparando os cenários pré-
desobstrução com a rede desobstruída mais implantação do pavimento permeável. O volume
total de alagamento passou de 21346,40m³ para 18201,80m³, comparando o cenário pós-
desobstrução com a rede desobstruída mais implantação do pavimento permeável.
Comparando o cenário pré-desobstrução com a rede desobstruída mais implantação do
pavimento permeável a lâmina d’água de alagamento passou de 1,107m para 0,392m,
chegando a uma redução de 64,60%. Já a lâmina d’água de alagamento foi reduzida em
11,40%, comparado o cenário pós-desobstrução com a rede desobstruída mais implantação do
pavimento permeável.
Como já era esperado para os dois eventos houve uma redução no alagamento comparando os
cenários pós desobstrução com o pós desobstrução mais o pavimento permeável, porém
observou-se uma pequena redução de apenas 4% em média. Pode-se notar pela proximidade
dos gráficos em roxo que representam o cenário pós desobstrução mais pavimento permeável
com os gráficos em vermelho com linha tracejada que representam o cenário pós
desobstrução.
86
4.7 Medidas realizadas para melhoria da rede de drenagem da Rua Prof. Benedito
Monteiro
Nas vistorias em campo foram identificados dois grandes gargalos na rede de drenagem:
- bloqueio do fluxo de águas pluviais das galerias de drenagem devido a uma adutora de 0,80
metros de diâmetro da concessionária de abastecimento de água que passa pelo canteiro
central da Av. Abdias de Carvalho;
- impossibilidade de limpeza da saída da galeria no canal que passa ao lado do Sport Clube
devido ao longo trecho do canal coberto com placa de concreto até encontrar o destino final
de drenagem, aproximadamente 30,00 metros.
Foram realizadas junto com a equipe da EMLURB, além da desobstrução dos pontos citados,
pequenas obras que facilitam manutenções futuras nesses dois pontos críticos encontrados.
Para o canteiro central da Av. Abdias de Carvalho foi construído uma grande abertura no
poço de visita com placas móveis de concreto, nas dimensões de 1,30 x 2,30m, para limpeza
por completo da rede de drenagem que passa pela adutora da Compesa, que pode ser visto nas
figuras 58; 59; 60; 61 e 62. Antes o acesso ao poço era feito por meio de uma boca de PV com
0,60 m de diâmetro, dificultando muito a manutenção do local.
Figura 60 – Verificação das dimensões do poço Figura 61 – Implantação das tampas do Poço.
de visita.
Para solucionar a impossibilidade de acesso a parte coberta do canal do Sport foi construído
um acesso em um dos canteiros de retorno que ficam sobre a laje do canal, há 15m da parte
descoberta do canal, viabilizando assim manutenções futuras e dando outra alternativa de
acesso antes restrita pela parte descoberta do canal do Sport (FIGURAS 63; 64; 65 e 66).
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Figura 65 – Laje que cobre o canal do Sport. Figura 66 – Novo Poço de visita finalizado na
parte coberta do canal do Sport.
Como resultado do diagnóstico dos alagamentos no ponto crítico estudado nas vistorias em
campo com o apoio da EMLURB, foram identificados como principais aspectos que causam
alagamentos na Rua Professor Bendito Monteiro:
- falta de educação da população que não destina adequadamente resíduos como garrafas
plásticas, embalagens de picolé, saquinhos de pipoca e papel em geral. Nas chuvas, o material
abandonado nas calçadas e vias é arrastado para o sistema de drenagem provocando obstrução
das galerias;
- bloqueio do fluxo de águas pluviais das galerias de drenagem devido a uma adutora de 0,80
metros de diâmetro da concessionária de abastecimento de água que passa pelo canteiro
central da Av. Abdias de Carvalho;
- impossibilidade de limpeza da saída da galeria no canal que passa ao lado do Sport Clube
devido ao longo trecho do canal coberto com placa de concreto até encontrar o destino final
de drenagem, aproximadamente 30,00 metros.
Foi avaliado o funcionamento dos sistemas de micro e macrodrenagem do local em estudo nas
vistorias em campo e com as simulações no SWMM. Pode-se concluir que a rede de
drenagem está apta hidraulicamente para atender ao escoamento de vazões no local, após sua
desobstrução.
No presente estudo foram propostas duas alternativas visando a diminuição dos alagamentos.
Pode-se comprovar que com a primeira alternativa que foi a simples desobstrução da rede de
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Outro fator importante observado nas campanhas de vistorias da rede de drenagem foi a falta
de educação ambiental da população que usa a Rua Prof. Benedito Monteiro. Medidas não
estruturantes como palestras de conscientização, campanhas na rua com os estudantes que
frequentam a região, para educação ambiental, seria de grande valor para a manutenção da
rede de drenagem.
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No ano de 2017 houve eventos intensos como o ocorrido no dia 21 de Julho, com 70 mm
precipitados em apenas um dia, que ocasionou vários transtornos com diversos pontos da
cidade do Recife alagados, mas a Rua Prof. Benedito Monteiro não sofreu alagamentos. Nesta
data a rede de drenagem já tinha passado pelas campanhas de desobstrução, o que comprova
que com a rede desobstruída os alagamentos ocorreriam com menor frequência e também
como a manutenção é importante para o bom funcionamento de serviços tão básicos e uteis
com a drenagem urbana nas cidades. Além disso vale salientar as melhorias realizadas na rede
de drenagem em parceria com a EMLURB, como a ampliação da abertura do acesso ao poço
de visita no canteiro central da Av. Abdias de Carvalho, construção de um acesso a parte
coberta do canal do Sport e desobstrução de toda a rede existente, foram de fundamental
importância a parceria entre órgãos públicos de manutenção urbana, como a EMLURB, com
instituições de ensino superior e pesquisa como a Escola Politécnica de Pernambuco podem
proporcionar resultados práticos de engenharia e a melhoraria da vida da comunidade local.
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A cidade do Recife possui 159 pontos de alagamentos, catalogados como críticos (EMLURB,
2013), desta forma este estudo pode ser replicado nesses pontos, desde que as características
do local permitam a simulação de um pavimento permeável. Outras medidas compensatórias
também podem ser simuladas de acordo com as características locais, como os reservatórios
de detenção e as valas de infiltração.
Pode-se também simular outras medidas compensatórias para o local de estudo medindo seus
impactos na atenuação dos alagamentos.
A calibração usada no estudo foi simplificada, por isso pode-se usar o tipo de calibração
cruzada para estudos futuros que além de calibrar para o evento do dia 9 de Maio de 2016 e
validar a calibração para o evento ocorrido no dia 30 de Maio de 2016, faria o caminho
inverso, calibrando o modelo para o evento de 30 de Maio de 2016 e validando para o evento
de 9 de Maio de 2016. Reforçando ainda mais a calibração do modelo.
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