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América Latina, mais além da urbanização dependente

Article · January 2008

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Ester Limonad
Universidade Federal Fluminense
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América Latina mais além da urbanização dependente?
Ester Limonad
Professora Associada I
Programa de Pós-Graduação em Geografia
Universidade Federal Fluminense
Pesquisadora do CNPq

LIMONAD, E. América Latina mais além da urbanização dependente? Trabalho apresentado na mesa
redonda "Projeções do urbano: tendências estruturais e racionalidades alternativas". VI Encontro Nacional da
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Geografia, Niterói: ANPEGE/UFF/CLACSO, 2007.

Três grandes indagações movem a reflexão neste ensaio. É possível falar de cidades
latino-americanas, de uma urbanização latino-americana? No passado aparentemente sim,
mas e hoje, o que mudou? Enfim como trabalhar com isso? Embora não haja uma pretensão
aqui em responder a tais indagações, o objetivo deste ensaio é tecer algumas considerações
de cunho teórico-metodológico e buscar elementos que subsidiem a compreensão das
tendências recentes da urbanização latino-americana, com base em uma leitura em estudos
e dados relacionados a esta temática.
Há alguns anos (1960-1990) diversos autores1, assinalavam, como traços específicos
da urbanização dos chamados países em desenvolvimento ou dependentes2, e por
conseguinte dos países latino-americanos: o caráter acelerado do crescimento urbano, a
redefinição das áreas rurais com a perda das identidades locais, a marcada migração das
áreas rurais para os centros urbanos primazes, a expressiva concentração demográfica em
áreas metropolitanas ou capitais nacionais, a dimensão dessas áreas metropolitanas, as
elevadas taxas de crescimento demográfico e profundas desigualdades sócio-espaciais no
acesso a oportunidades, bens e serviços, que se expressavam através da existência de
assentamentos insalubres (favelas, villas miseria, callampas, etc) e elevados níveis de
pobreza, desemprego e violência.
Assim, ao se abordar a urbanização da América Latina procedia-se, inicialmente, a
uma diferenciação em relação aos chamados países centrais para a seguir recorrer a um
conjunto de características balizado por estatísticas de organismos internacionais e mostrar
como tal ou qual cidade-capital inseria-se ou não no modelo de uma assim chamada
urbanização dependente. Tal procedimento permitia homogeneizar, sob um mesmo rótulo,
a rica diversidade de países que compõe a América Latina, como se todos, do México à
Argentina e do Brasil à Dominica, correspondessem a uma mesma formação sócio-
histórica, a uma mesma realidade econômico-social, que permitiria obliterar suas
especificidades histórico-geográficas, suas semelhanças e suas diferenças.
As transformações decorrentes da III revolução industrial, a globalização dos
mercados, a formação de alianças e blocos econômicos supranacionais contribuíram para
redesenhar o mapa do mundo, alterar a divisão internacional do trabalho e para acentuar as
diferenças e particularidades sócio-espaciais entre os países latino-americanos. Alteraram-
se, deste modo, a distribuição espacial das atividades produtivas e da população, resultando
em uma re-organização do espaço social. A acentuada concentração urbana e produtiva do
passado cedeu lugar, em várias partes do mundo, de leste a oeste e de norte a sul, a uma
dispersão espacial da urbanização, das plantas industriais e dos estabelecimentos vis a vis a
uma concentração das sedes das empresas e centros administrativos, como assinalam
diversos autores de vários países3. Processos que soém ser caracterizados como expressão
da emergência de "novas" formas de urbanização4 e que estão em parte relacionados às
formas contemporâneas de regionalização e de organização das atividades produtivas
propiciadas pelo desenvolvimento do meio técnico-científico-informacional, em que as
verticalidades tendem a ser substituídas pelas horizontalidades (SANTOS, 1996;
HARVEY, 1989; LIPIETZ e LEBORGNE, 1988).
Tais transformações impõem sérios obstáculos para a compreensão do status quo na
América Latina e apontam para a necessidade de se buscar parâmetros e indicadores que
incorporem a diversidade de situações, possibilitem reconhecer diferenças e que, ao mesmo
tempo, não permitam a substituição de um rótulo “urbanização dependente” por outro,
igualmente homogeneizante e redutor da diversidade.
A leitura recente dos países latino-americanos aponta para uma ampla diversidade e
complexidade de situações, que à primeira vista fazem com que cada caso apareça como
específico e particular, como sóe suceder no caso do rural no México, no Equador ou na
Bolívia, o que contribui para uma multiplicação de abordagens descritivas particulares
circunscritas a realidades locais e regionais. A proliferação de estudos sobre a
deslocalização industrial, reestruturação produtiva, novas formas de urbanização, formação
de clusters turísticos internacionais, dispersão urbana, extensificação da urbanização e o
novo caráter do rural revela que, sem dúvida, algo mudou no cenário latino-americano.
Mudanças em parte corroboradas por dados e estatísticas internacionais (ONU, CEPAL,
órgãos censitários dos diversos países, etc). Portanto, se até meados de 1980 era possível
falar de uma urbanização latino-americana, hoje isso já não parece mais cabível, ao menos
nos moldes dos paradigmas pretéritos do que se definia então por uma urbanização latino-
americana e do que se compreende por rural e urbano.
De certa forma o esforço feito aqui de sistematizar uma série de observações tem por
origem um sentimento de mal-estar. Um mal-estar fundado na resistência de muitas leituras
à percepção de que algo de fato mudou. O mero exame das imagens noturnas do continente
latino americano deixa patente a dispersão da ocupação no território brasileiro e mexicano
em contraste com a concentração da ocupação urbana em outros países do continente, em
particular na América Central, Argentina, Chile, Peru e Uruguai. Os dados demográficos de
países com aglomerações urbanas metropolitanas (AUM) com mais de um milhão de
habitantes em 2000, expostos na tabela 1, revelam que deveras algo mudou em relação ao
período 1960-1980, em termos da concentração demográfica da população em cidades
primazes.
TABELA 1: América Latina, Aglomerações Urbanas Metropolitanas com mais de um milhão de habitantes - Taxa
de Urbanização, População Total, Urbana e Participação Percentual na população nacional, segundo os últimos
censos nacionais (ver respectivas notas de fim)
% DA POPULAÇÃO POPULAÇÃO
>AUM >AUM > AUMs Maior Total AUM Total Taxa
PAÍS Núcleo>AUM n°
/>AUMs URB. /Total /Tot AUM Nacional Urban
(1)/(2) (1)/(3) (2)/(3) (1) (2) (3)
Brasil5 São Paulo 35,65 12,91 10,49 29,43 17 17.813.234 49.970.180 169.799.170 81,25
México 6 México 54,91 24,47 18,28 33,29 9 18.396.677 33.501.764 100.638.078 74,70
Colômbia7 Bogotá 47,96 24,72 18,38 38,31 5 7.881.156 16.431.287 42.888.592 74,35
Argentina8 Buenos Aires 81,97 35,34 31,61 38,56 3 11.460.575 13.980.838 36.260.130 89,44
Venezuela9 Caracas 47,09 13,79 12,48 26,50 3 2.876.858 6.109.326 23.054.210 90,49
Equador10 Guayaquil 59,22 27,35 16,72 28,23 2 2.032.270 3.431.648 12.156.608 61,13
Bolívia11 La Paz-El Alto 56,28 27,82 17,37 30,85 2 1.436.935 2.552.994 8.274.325 62,42
Peru12 Lima-Callao 100,00 39,98 29,69 29,69 1 7.765.085 7.765.085 26.152.265 74,26
Chile13 Santiago 100,00 42,92 40,10 40,10 1 6.061.185 6.061.185 15.116.435 93,43
Guatemala14 Guatemala 100,00 41,33 19,07 19,07 1 2.142.695 2.142.695 11.237.196 46,14
El Salvador 15 San Salvador 100,00 62,39 31,82 31,82 1 2.260.892 2.260.892 7.104.999 51,00
Nicarágua16 Managua 100,00 63,19 35,34 35,34 1 1.817.096 1.817.096 5.142.098 55,92
Paraguai17 Asunción 100,00 55,64 31,48 31,48 1 1.612.751 1.612.751 5.122.982 56,58
Costa Rica18 San José 100,00 59,83 35,32 35,32 1 1.345.750 1.345.750 3.810.179 59,03
Uruguai19 Montevideo 100,00 55,37 50,82 50,82 1 1.647.077 1.647.077 3.241.003 91,78

Uma breve leitura dessa tabela indica que:


• São Paulo, embora seja a segunda maior AUM da América Latina, é a que apresenta
menor concentração demográfica em relação à população total (10,49%), urbana
(12,91%) e a outras AUMs do Brasil (35,65%), em comparação com a concentração
demográfica nas principais AUMs dos outros países considerados. Em particular, em
relação à Cidade do México que concentra 54,91% da população das nove AUMs
mexicanas consideradas.
• O Brasil (29,43%) e a Venezuela (26,50%) apresentam menor concentração de
população nas AUMs em comparação com outros países, com taxas de urbanização
superiores a 70% e com uma rede urbana mais estruturada, como são os casos da
Argentina (38,56%), Chile (40,10%), Colômbia (38,31%), México (33,29%) e Uruguai
(50,82%).
• Argentina, Peru, Chile e Uruguai, não obstante apresentem elevadas taxas de
urbanização, sua respectiva capital nacionais mantém uma acentuada primazia,
concentrando mais de 35% da população urbana e mais de 31,61% da população
nacional.
• A despeito das taxas de urbanização acima de 50%, Peru (74,26%), Equador (61,13%),
Bolívia (62,42%) e Paraguai (56,58%) possuem economias que têm por base
atividades agrárias e extrativas, em que pese as definições censitárias de rural e urbano
nesses países20.
• Entre os países com taxas de urbanização superiores a 70% e com mais de três AUM
com um milhão de habitantes, o Brasil (29,43%), México (33,29%), Colômbia
(38,31%), Argentina (38,56%) e Venezuela (26,50%) são os que apresentam uma
menor concentração demográfica nas AUMs. Dentre esses países o Brasil é o que
possui um maior grau de dispersão na ocupação urbana de seu território com dezessete
AUMS espalhadas de norte a sul. Enquanto no México, Colômbia, Argentina e
Venezuela observa-se uma concentração espacial das AUMs. No México a maioria das
AUMs encontra-se na área central e noroeste do país. Na Colômbia quatro das cinco
AUMs situam-se em uma mesma área andina. Na Argentina as três maiores AUMs
estão concentradas em um raio de seiscentos quilômetros e na Venezuela observa-se
uma intensa ocupação no litoral.
Essas mudanças no padrão de concentração e dispersão da população evidenciam que
houve mudanças em relação ao padrão de urbanização pretérito, que eventualmente podem
estar relacionadas a processos mais gerais em várias escalas. Urge, portanto, proceder a
uma releitura dos processos em curso na América Latina, seja para dar conta da
complexidade que ora se apresenta, seja para ultrapassar as fronteiras que encerram a
reflexão geográfica aos limites nacionais. Cabe, destarte, proceder a um esforço em realizar
uma releitura vinda de dentro de modo a conseguir superar visões ideologizantes e
homogeneizantes informadas por comparações e paradigmas importados.
Cabe de início esclarecer que, embora seja mister proceder a uma abordagem em
profundidade sobre a urbanização na América Latina, não cabe fazê-lo aqui. Serão feitas,
portanto, algumas observações que julgamos pertinentes e necessárias para embasar e
delimitar uma abordagem crítica. Tais observações estão calcadas em uma leitura de
diversos processos em curso, de modo a encontrar um eixo de reflexão que permita
ultrapassar o campo meramente descritivo dos fenômenos. Não se trata, portanto, de cair no
extremo de uma investigação de casos particulares, de cunho empírico-positivista, mas sim
de procurar perceber as diferenças e especificidades regionais. Trata-se de buscar um
denominador comum, cujo teor não pode ser desvendado, nem apenas, a partir de um único
campo do conhecimento, nem exclusivamente a partir de determinantes econômicos ou
mundiais, ainda mais considerando-se a relevância analítica dos vínculos população-
território na produção social do espaço, como mediadores e determinantes fundamentais da
reprodução social da família, da força de trabalho e, inclusive, dos meios de produção.
Trata-se, por conseguinte, de transitar dialeticamente entre o geral e o particular, buscando
proceder a uma leitura dos processos sem perder de vista as especificidades.
Enfim, embora tenhamos clareza das dificuldades de construir um olhar de dentro
com base em um pensamento crítico latino-americano é nossa intenção caminhar nessa
perspectiva. O desafio que ora se impõe para a reflexão é ultrapassar as descrições de
especificidades locais e buscar conseguir vislumbrar os processos, sem com isso perder de
vista a complexidade. Lembrando, principalmente, que "a recusa ao processo é também a
recusa à atualidade e, por conseguinte, é uma recusa à teorização". (SANTOS, 2006, p.20).
Entender a urbanização na América Latina contemporânea significa, por conseguinte,
buscar compreender a estruturação territorial recente à luz do que ocorreu no passado, uma
vez que a urbanização pode ser entendida como um processo de estruturação do território,
senão enquanto o processo por excelência. Cabe, portanto, não cair na tentação de resvalar
para o economicismo e evitar prender a reflexão sobre a urbanização de forma exclusiva à
industrialização. Historicamente, a industrialização por si só não é a única indutora da
urbanização (LEFEBVRE, 1969) e, tampouco, explica o surgimento das cidades latino-
americanas, embora sem dúvida integre e tenha contribuído para potencializar o processo
de urbanização em diversos países latino-americanos, em particular a partir da
implementação da substituição de importações em meados do século XX.
Para falar de uma urbanização latino-americana é premente, portanto, uma releitura
dos fenômenos e dos processos vinda de dentro, uma leitura do sul (CICOLLELA, 2007)
de modo a superar os paradigmas hegemônicos cristalizados. A compreensão dos
fenômenos exige superar o impasse entre o particular e o geral. Neste sentido, a despeito da
crise contemporânea dos paradigmas, a abordagem crítica ainda tem a contribuir, uma vez
que a complexidade e o universal se manifestam no singular. Para escapar às armadilhas
impostas pelo empiricismo, superar as limitações do economicismo e as restrições das
abordagens localizadas é necessário realizar um esforço para enxergar e perceber o
universal, os processos nas particularidades. Transitar entre uma ordem próxima e uma
ordem distante, entre a reprodução do cotidiano e a reprodução da totalidade, entre os
processos específicos e particulares e os processos mais gerais, em um constante ir e vir
entre escalas e tempos distintos.
As condições gerais de produção necessárias para o desenvolvimento do capitalismo
nessa etapa pós III revolução industrial, marcada pela instanteneidade das comunicações,
flexibilização da produção, crescente mobilidade espacial do capital impõem que se
considere o papel de outras atividades, ditas improdutivas, na estruturação do território,
notadamente dos serviços, das atividades de turismo receptivo internacional e, em
particular, do capital financeiro. Atividades essas que se articulam através de corporações
transnacionais em redes multiescalares e multisetoriais e se apropriam de distintos
territórios em vários países.
Após décadas de ditadura e de autoritarismo Brasil, Argentina, México e Chile
atingiram um patamar de desenvolvimento e modernização que os diferencia de países
como o Equador, a Bolívia e o Uruguai. Ainda mais considerando-se que partir das duas
últimas décadas do século XX a estruturação territorial de alguns países latino-americanos,
como o Brasil, México e Colômbia, começou a se complexificar e diversificar. Muito
embora a maioria dos países latino-americanos ainda hoje exiba as marcas herdadas do
passado colonial, quando o espaço de produção encontrava-se estruturado qual uma bacia
de drenagem para o exterior com algumas poucas cidades primazes, que centralizavam a
produção do interior, concentravam a riqueza e a escoavam para as respectivas metrópoles.
Estruturação essa que se manteve, ainda que parcialmente, no decorrer do século XX, em
que as capitais nacionais passaram a concentrar a produção, o excedente nacional e grande
parte da população.
A revolução industrial, informacional e biotecnológica impactou estes países de
forma diferenciada e a não ser por algumas raras exceções, contribuiu para o surgimento de
novas centralidades e para aumentar a diversidade de situações. As antigas "repúblicas de
banana", subdesenvolvidas e dependentes tornaram-se objeto da atenção de corporações
transnacionais e conquistaram distintas inserções nos fluxos globais e na divisão
internacional do trabalho como pólos de turismo internacional ou como enclaves de
produtores e fornecedores de manufaturados destinados ao consumo internacional.
A disseminação localizada de clusters turísticos de porte internacional, de
maquiladoras21 e a implantação de plantas industriais especializadas e localizadas
geograficamente para atender mercados supralocais, regionais e supranacionais
contribuíram para alterar a face de vários países latino-americanos. As atividades de
turismo de porte internacional têm um papel preponderante na urbanização, em particular
no Caribe22. Embora o turismo internacional não se constitua na principal atividade
econômica da maioria dos países da América Latina, que responde por cerca de 8% do
turismo internacional, a partir de 1995 observa-se a formação de clusters turísticos globais
no Caribe, na Costa Rica, México, litoral da Colômbia, Venezuela e Nordeste do Brasil.
Diversos países do Caribe, em particular, por ordem de importância, a República
Dominicana, Porto Rico, México e Cuba, foram responsáveis por 80% da receita gerada em
atividades de turismo na região, superando destinos mais tradicionais ao gosto norte-
americano como as Bahamas, Jamaica e Ilhas Virgens (JAYAWARDENA, 2003).
Inclusive as atividades de turismo superaram a participação da produção de bananas no
produto interno bruto em países antes explorados pela United Fruit Company como são os
casos da Costa Rica (LUMSDON & SWIFT, 1998) e da República Dominicana
(FREITAG, 1994), romancizados por Miguel Angél Asturias em sua trilogia bananeira
(Viento fuerte, El Papa Verde e Los ojos de los enterrados).
Com o desenvolvimento de modalidades alternativas de turismo (ecoturismo,
aventura, etc.) diversas capitais nacionais de países da América Central converteram-se em
pólos receptores e bases de operações de incursões turísticas oriundas em sua maior parte
dos Estados Unidos, como é o caso de Belize, Costa Rica, El Salvador, Honduras e
Guatemala (INMAN et al., 2002).
Na América do Sul, também, pode-se observar processos semelhantes, ainda que em
menor escala, na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador e Venezuela. No
caso do Brasil e no do México, devido às suas dimensões territoriais formaram-se enclaves
turísticos globais em diversas áreas litorâneas, que além de propiciar o crescimento
demográfico de diversos centros urbanos tem levado à ocupação dispersa das áreas
litorâneas por condomínios fechados e resorts. No caso do Brasil a maior parte dos resorts
de corporações transnacionais encontra-se na costa do Nordeste, enquanto no México
alguns dos principais destinos turísticos internacionais dividem-se entre a Costa do Pacífico
(Acapulco e Puerto Vallarta) e o Caribe (Cancún, Cozumel e Playa del Carmen).
No México e no Brasil, respectivamente nos casos de Cancún e do Nordeste, observa-
se a ocupação agressiva de extensas áreas relativamente preservadas, com baixa densidade
demográfica, reduzida ocupação, por condomínios fechados e grandes resorts. Essas bolhas
de consumo e turismo global são implantadas através da ação massiva e combinada de
programas de desenvolvimento e investimento de governos nacionais23 e de estratégias de
investimento de corporações transnacionais, que operam em múltiplas escalas, como por
exemplo através de acordos de franquias de turismo multinacional combinadas com
investimentos da indústria do turismo de elite doméstico. Contribui, ainda para isso o
reduzido grau de organização social dos habitantes locais e a desarticulação prévia das
relações tradicionais de produção, pesca artesanal e de lavouras de subsistência24.
Em decorrência diversos locais com belezas naturais e temperaturas amenas, em
vários países, convertem-se em simulacros da realidade local, ao recriarem a natureza e a
"cor local" em ambientes seguros, estéreis e controlados de modo a garantir a segurança e
permitir que turistas estrangeiros, norte-americanos e europeus, sintam-se em casa, sem
necessitar trocar dinheiro ou falar outro idioma. Ao mesmo tempo em que esses locais
convertem-se em objeto de consumo exclusivo para o turismo internacional, tornam-se
possíveis de serem vistos, mas não usufruídos. Tornam-se, assim, lugares inacessíveis para
os que neles trabalham e para os antigos habitantes locais, transmutados em prestadores de
serviços que não requerem qualificação profissional.
O espaço de produção de relações subsistência de comunidades rurais, indígenas e de
pescadores converte-se simultaneamente em espaço de consumo transnacional para o prazer
de milhões de turistas e em espaço de trabalho para milhares de imigrantes. (TORRES
2002). Desagregam-se as relações tradicionais de produção com a perda das identidades
locais e impactos diretos sobre o meio ambiente.
Vis a vis ao desenvolvimento dos clusters turísticos e como desdobramento das
formas de produção flexível (HARVEY, 1989; MÉNDEZ, 1997; OFFE, 1984), nos últimos
anos formaram-se economias de enclave, em áreas geograficamente localizadas, com a
implantação de indústrias de diversos setores e tipos destinadas a abastecer o mercado
mundial. As maquiladoras, circunscritas ao México até meados da década de 1980,
difundiram-se na América Central, no âmbito das políticas de cooperação norte-americanas
da United States Agency for International Development (USAID), a partir de 1987, quando
diversos países da área aprovaram leis para atrair o investimento privado do exterior (OIT,
1998). Assim, com o apoio governamental foram criadas zonas de livre comércio nas
capitais nacionais de vários países centroamericanos, onde foram implantados parques
industriais destinados a abrigar as maquiladoras de corporações transnacionais
majoritariamente do setor de confecções. Contribuíram, ainda, para isso entre outros fatores
a proximidade aos Estados Unidos, a disponibilidade de mão de obra barata e altamente
produtiva, a ausência de quotas de importação, a disponibilidade de serviços de baixo custo
(OIT, 1998) e o reduzido grau de organização sindical.
Entre os principais exportadores maquiladores transnacionais para os Estados Unidos,
na última década, estão a República Dominicana, Guatemala, El Salvador, Honduras, Costa
Rica e Nicarágua. Aí se encontram maquiladoras transnacionais que produzem e fornecem
produtos para marcas internacionais famosas de confecções e acessórios (Dior, Gap,
Wrangler, Levi Strauss, Fruit of the Loom, Liz Claibourne, Adidas, Nike, etc.). A título de
exemplo, cabe mencionar que na Costa Rica 60% das maquiladoras são norte-americanas,
enquanto em Honduras 40% são norte-americanas seguidas por empresas da Coréia do Sul,
Taiwan, Singapura, China e Hong Kong. Sendo que as companhias asiáticas foram
responsáveis por mais de 90% das manifestações trabalhistas na América Central devido às
condições sub-humanas de trabalho impostas aos trabalhadores, na contramão das
conquistas sindicais dos trabalhadores asiáticos em seus países de origem (OIT, 1998).
A implantação das maquiladoras nos principais centros urbanos de vários países da
América Central conjugada à formação de clusters turísticos globais e a desagregação das
relações tradicionais de produção remanescentes, após décadas de exploração da United
Fruit Company suscitaram um intenso crescimento demográfico e expansão das áreas
urbanas das capitais nacionais, com a perda das identidades locais, desaparecimento da
produção agrícola de subsistência, acirramento das desigualdades sociais, formação de
assentamentos insalubres e aumento da violência, uma vez que os Estados nacionais não se
encontravam preparados para dar conta destas transformações. (MONTOYA, 2005).
No México as maquiladoras implantadas nas áreas fronteiriças com os Estados
Unidos, durante a década de 1970, contribuíram para articular de norte a sul uma rede de
cidades ao North American Free Trade Agreement (NAFTA) (MONTOYA, 2005) e
propiciar o crescimento de cidades como Tijuana e Juárez. Mais tarde avançaram pelo
interior rumo ao sul, em particular Puebla e Yucatán. Em contraste com esse crescimento
das maquiladoras verifica-se, a partir da década de 1980, uma expansão demográfica e
econômica relacionada ao crescimento da indústria manufatureira e expansão do setor de
serviços, que reforçou a concentração econômica na Cidade do México e em sua área
metropolitana, que recebeu mais de 60% dos investimentos estrangeiros entre 1994-2001
(PARNREITER 2002).
No Brasil, por sua vez, até a última década do século XX, conforme assinala Araújo
(2000) verificava-se uma “quase” especialização regional25, que se rompe com a nova
divisão internacional do trabalho, das novas condições de produção, das necessidades do
capital e das disputas inter regionais. A partir de 1995 verifica-se através de acordos
localizados e investimentos diretos um movimento de dispersão concentrada caracterizado
por uma dispersão geográfica de um amplo leque de plantas industriais em pontos
selecionados do território nacional (ilhas de prosperidade) e uma reconcentração econômica
e financeira das sedes administrativas e financeiras no Sudeste, particularmente em São
Paulo (LENCIONI, 2004). O Brasil deixou de ser um mero fornecedor de matérias-primas,
alimentos in natura e semimanufaturados, embora as commodities, como a soja, ainda
ocupem o primeiro lugar nas exportações. Atualmente a bandeja comercial brasileira
engloba uma série de produtos de alto valor agregado como aviões, automóveis, caminhões
e aves entre outros. A produção deixou de restringir-se ao mercado interno ou a América do
Sul e já alcançou, além da América Latina, os países árabes, alguns países africanos a
União Européia, a Rússia, a China e mesmo os Estados Unidos – por vezes através de
marcas maquiladas.
No Brasil (LIMONAD, 2007) e no México (PARNREITER, 2002; SEDESOL,
CONAPO e INEGI, 2004) a dispersão espacial e diversificação das atividades produtivas
contribuíram para exponenciar a urbanização e para expandir diversos centros urbanos com
um conseqüente aumento das áreas metropolitanas com mais de um milhão de habitantes,
muitas vezes acompanhado por um crescimento das cidades de porte médio. Por outra parte
nos países da América Central observa-se a expansão dos principais centros urbanos em
razão da instalação de maquiladoras e atividades de turismo com uma expressiva
concentração da população urbana nas capitais nacionais.
Em contraste com as transformações e processos verificados na América Central,
Caribe, Brasil e México, pouco mudou nos outros países latino-americanos. Por um lado
têm-se países onde ainda prevalecem relações tradicionais de produção com base em
atividades extrativas e agrícolas e que buscam por mudanças como é o caso da Bolívia. E,
por outro tem-se países que embora tenham se desenvolvido, permanecem com o território
relativamente despovoado e com uma forte concentração demográfica e econômica nos
centros primazes a despeito do desenvolvimento econômico e social alcançado, como são
os casos da Argentina, Chile e Uruguai, que mantêm, de certa forma, o padrão de
urbanização latino-americano dependente desenhado nos anos 1970.
A despeito de muitos desses países partilharem uma herança colonial similar,
acentuaram-se sobremaneira as diferenças e particularidades entre eles, o que os coloca em
patamares distintos de desenvolvimento econômico e social. Mais do que nunca, muitas
cidades e regiões mantêm relações econômicas mais fortes com outras aglomerações fora
de sua área de influência do que com núcleos mais próximos. A compreensão dos processos
locais e nacionais passa necessariamente pelo entendimento não só do contexto global -
regional em que se inserem, mas pela recuperação do processo histórico de sua formação. A
Geografia nesse sentido tem uma enorme contribuição a dar em termos teórico-
metodológicos para a construção de novos paradigmas analíticos que dêem conta da
diversidade e heterogeneidade de situações conformadas por distintos processos sócio-
espaciais em várias escalas.
Para contemplar a diversidade de situações e as especificidades histórico-geográficas
da urbanização contemporânea dos diversos países latino-americanos é necessário ter em
conta ao menos a escala de análise, a inserção e o contexto regional e a condição de
centralidade desses países. Esses aspectos, por si só envolvem um amplo espectro de vieses
de reflexão. A escala de análise – envolve além da relação local-regional, as interações que
se estabelecem espacialmente entre os distintos atores sociais, que permitem visualizar o
grau de concentração espacial da população e das atividades produtivas, que se traduzem
respectivamente em uma densidade demográfica e em uma densidade produtiva e técnica.
A inserção e o contexto regional concernem às especificidades da formação territorial e da
produção social do espaço, que se traduzem em uma densidade sócio-espacial relacionada à
presença de condições gerais de produção e à disponibilidade de recursos naturais. A
condição de centralidade envolve o estudo da direção e o sentido dos fluxos sociais e
econômicos relacionados à mobilidade espacial do trabalho e do capital, que permitem
identificar as relações de dominação e subordinação, que se estabelecem entre os diversos
países bem como entre os vários centros urbanos.
As densidades e a intensidade das interações são essenciais para estabelecer
diferenciações entre os países para se alcançar uma regionalização. As densidades
produtiva e técnica traduzem-se em redes e formas de articulação sócio-espacial. A
densidade técnica tem por base a existência de infraestruturas de suporte, transmissão e
abastecimento de energia, comunicações, transportes e água (práticas espaciais que mediam
as relações e facultam a reprodução da família, força de trabalho e meios de produção)
enquanto a densidade produtiva está relacionada à existência de indústrias e
estabelecimentos produtivos necessários à reprodução do capital em geral. Os sentidos e
intensidades das interações que se estabelecem entre os diversos países constituem um
elemento a mais para a percepção das diferenças existentes no quadro regional da América
Latina. Portanto, a articulação entre a escala de análise, a inserção e o contexto regional e a
condição de centralidade permite pensar a estruturação territorial, estabelecer
diferenciações e escapar de categorizações que tendem a gerar uma tábula rasa da
urbanização latino-americana. De modo a poder avançar na reflexão sobre o que mudou na
urbanização na América Latina e permitir uma sistematização das informações convém
proceder a uma tentativa de regionalização, não nos moldes tradicionais, mas a partir de
padrões estabelecidos preliminarmente em linhas gerais delineadas com base na
identificação de processos e dinâmicas comuns. Essas linhas gerais comportam, em si
mesmas, situações variadas e heterogêneas, distintos estágios de desenvolvimento e
processos históricos diferenciados. Tal diversidade permite inclusive subdividir, entre si ou
internamente, em outras tantas regionalizações os países considerados em cada padrão. Não
obstante o presente esforço de regionalização careça de uma recuperação dos processos
históricos e das especificidades regionais, em um primeiro momento e em uma leitura
rápida, a partir da perspectiva assinalada, é possível identificar grosso modo ao menos
quatro tipos distintos de urbanização e de estruturação territorial na América Latina,
assinalados adiante em uma gradação que vai do extrativista agro-exportador ao que se
poderia caracterizar como semi-hegemônico, sem querer com isso remeter a uma retomada
da teoria da dependência26 ou ainda à discussão da economia-mundo27 de Imannuel
Wallerstein.
• Extrativista e agro-exportador, esse padrão abarca um espectro variado de países como
a Bolívia, Equador, Guiana, Haiti, Paraguai, Peru e Suriname, que apresentam em
comum mais de 50% de taxa de urbanização, reduzido grau de atividade industrial e
baixa densidade técnica. A produção industrial destina-se a atender de forma quase
exclusiva às demandas do mercado interno. A cidade primaz, concentra a maior parte
da população urbana e uma reduzida parcela da população nacional com elevada
densidade demográfica e reduzida densidade produtiva e técnica nos principais centros
urbanos. Prevalecem no campo relações tradicionais de produção.
• Urbano-industrial incipiente setorizado e subordinado ao capital transnacional, típico
dos países da América Central e Caribe polarizados por Miami nos Estados Unidos.
Esse padrão se caracteriza pela primazia de um centro urbano, via de regra a capital
nacional, que concentra mais de 60% da população urbana e conta com elevada
densidade demográfica e produtiva com infraestruturas concentradas, com profundas
desigualdades regionais, precárias condições de vida e reprodução da força de
trabalho. Integram este padrão países em que prevaleceu, até o último quartel do
século XX, o modelo agrário-exportador combinado com alguma atividade turística.
Nesses países as corporações transnacionais controlam a maior parte das atividades
produtivas nos setores industrial e de serviços de turismo internacional. A produção
industrial se encontra concentrada e especializada em setores específicos: confecções
de marcas internacionalmente famosas, componentes eletrônicos e turismo
internacional. A maioria das fábricas é maquiladora onde predominam relações de
trabalho semelhantes ou piores do que às das plantas industriais localizadas em
Taiwan, Singapura, etc, em que não se respeitam os direitos dos trabalhadores (falta de
segurança no emprego, jornadas de trabalho extensas em locais insalubres, ausência de
locais de descanso e alimentação, etc) e o salário médio é em torno de três dólares por
uma jornada de doze horas de trabalho. A totalidade da produção destina-se a atender a
demandas internacionais sem chegar a constituir mercados locais.
• Urbano-industrial com interações regionais e internacionais que compreende uma parte
dos países da América do Sul: Argentina, Chile, Colômbia, Venezuela e Uruguai.
Esses países se caracterizam por apresentar de um a cinco grandes centros urbanos
com elevada densidade demográfica e produtiva, que concentram a maior parte da
população nacional e das infraestruturas técnicas, mantendo-se todavia uma forte
primazia da capital nacional ou do principal centro urbano. A produção industrial e de
serviços estão direcionadas majoritariamente para responder as demandas do mercado
interno, seguidas pelo mercado externo. Esses países possuem interações em termos de
comércio exterior com os países mais próximos (Argentina, Chile e Uruguai por um
lado e por outro lado Colômbia e Venezuela, Venezuela e Bolívia). Parte das fábricas
são montadoras e embora exportem produtos industrializados manufaturados o maior
peso das exportações relaciona-se ao setor de commodities,grãos, cereais, alimentos e
bebidas, com exceção da Venezuela devido à produção de petróleo. Nas atividades
produtivas há uma participação significativa do capital nacional, por vezes associado
ao capital transnacional. Nesses países já houve uma acumulação prévia de condições
gerais para o desenvolvimento do capitalismo e pode-se observar um avanço nas
condições de vida e reprodução da força de trabalho.
• Urbano-industrial semi-hegemônico em que se situam o Brasil e o México. Esse
padrão se caracteriza pela existência de diversos centros urbanos de grande e médio
porte com elevada densidade demográfica, produtiva e técnica. Nestes países observa-
se uma dispersão territorial da população e das atividades produtivas, com um leque de
produção diversificado direcionado para atender a uma demanda diversificada de
mercados locais, regionais e internacionais, em conseqüência possuem um amplo leque
de relações internacionais, colocando-se por vezes como hegemônicos em relação a
outros países latino-americanos. Nas atividades produtivas há uma participação
significativa de diversos capitais. As redes técnicas e de infraestruturas apresentam
uma maior capilaridade. Os países desse padrão alcançaram um patamar mais
avançado em termos do desenvolvimento econômico, embora perdurem as
desigualdades sociais.
A região, como fato político, e a regionalização como construção analítica aparecem
assim como uma necessidade para dar suporte à reflexão sobre a urbanização
contemporânea nos países latino-americanos. Não se trata porém da região clássica vista
como um continuum de áreas em que as regionalizações ocorrem horizontalmente, ao
contrário evidencia-se a necessidade de pensar a região a partir das relações de poder e das
interações verticais e horizontais que se estabelecem em diversas escalas. Interações estas
propiciadas pelo desenvolvimento do meio técnico-científico informacional, que as tornam
particulares e específicas desta etapa do capitalismo, e que tem por base as relações de
subordinação e hegemonia assim como as formas de resistência, movimentos sociais, que
garantem a manutenção de territorialidades que escapam às tendências dominantes.
(RIBEIRO, 2004). A construção das regionalizações parte, assim, de uma continuidade que
se estabelece em termos de processos e de interações diversas, em termos de
simultaneidades e centralidades e não de continuidades e contigüidades físicas.
Por outro lado a abordagem da urbanização em múltiplas escalas de reflexão
apresenta-se como prioritária para não circunscrever o pensamento à especificidades e
particularidades locais e não perder de vista a diversidade e o movimento geral da
reprodução da totalidade que cada realidade particular integra de forma singular.
Nesse movimento geral percebe-se que o capitalismo nos países latino-americanos
tem por traço característico um caráter incompleto, porém suficiente para atender as
necessidades de reprodução geral do capitalismo nessa etapa. Esse caráter inacabado e
incompleto se expressa nas formas que assume a modernidade no Brasil, e porque não na
América Latina? Modernidade essa que é constituída por temporalidades diversas
relacionadas à sua absorção pelos diferentes grupos sociais (MARTINS, 2000, p.35). Essas
temporalidades diversas combinadas com as práticas espaciais de distintos grupos sociais
manifestam-se nas formas de urbanização, na distribuição espacial e organização
contemporânea das atividades produtivas, e em particular, nas condições de reprodução
social da família e da força de trabalho.
A urbanização, a organização das cidades e do território nos países da América Latina
são marcadas de forma dialética por mudanças na forma e por uma permanência das
estruturas. Há uma modernidade aparente nas formas, que além de não atingir e nem chegar
a transformar as estruturas contribui para a persistência e aprofundamento das
desigualdades sociais e espaciais. De fato as transformações acarretadas pelo
desenvolvimento do capitalismo não possuem o mesmo alcance e atingem de forma
diferenciada as distintas esferas da reprodução da vida social e seus respectivos espaços.
Enquanto distintos capitais, seus executivos e as elites nacionais gozam nos países latino-
americanos de condições técnicas gerais semelhantes àquelas vigentes nos países centrais
hegemônicos e /ou em seus países de origem bem como de condições diferenciais de
exploração da força de trabalho, o mesmo não se verifica com a mesma amplitude e
abrangência para todos os setores e classes sociais.
O acesso às benesses do desenvolvimento e da modernização nesses países
usualmente não se estende a todas as classes sociais, que permanece restrito aos setores
sociais mais privilegiados. Mantêm-se as estruturas de dominação e os hábitos arraigados
que entram em conflito com a urbanidade que se alastra pelo território facilitada pela
desagregação das relações tradicionais de produção e pela perda das identidades locais.
A superação destas contradições passa necessariamente não só pela transformação
social, pela construção de uma outra sociedade, de um outro espaço. Isso exige que se tenha
clareza sobre os processos em curso e requer a superação de visões arraigadas do caráter
contemporâneo da urbanização, que permanecem presas a definições geograficamente
localizadas do que seja rural e urbano. Se a contradição urbano e rural se esvai com a
urbanização da sociedade, o que se aprofunda de forma dialética é a contradição
urbanidade-ruralidade, que se traduz no conflito entre as práticas espaciais próprias de
distintos grupos sociais e na disputa localizada por espaços de vida e trabalho.
A construção de uma nova sociedade, de um novo espaço permeia não apenas uma
compreensão ao nível das contradições na esfera da reprodução das relações gerais de
produção e da força de trabalho, mas também, principalmente, na esfera da reprodução da
família e das práticas espaciais que conformam o cotidiano, que no caso da América Latina
marcam de forma indelével e definitiva caráter incompleto de sua modernidade.
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1
como por exemplo Manuel Castells (1973) ao tratar da questão urbana e Janice Perlman (1990, p.4) ao
assinalar as tendências mundiais de crescimento urbano relacionadas às migrações campo-cidade.
2
A respeito da teoria da dependência ver os trabalhos de: Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto (1970);
Anibal Pinto (1970). Ou a leitura crítica de Lúcio Kowarick (1975) a respeito das teorias da dependência e da
marginalidade social.
3
Ver a esse respeito a argumentação desenvolvida no trabalho No todo acaba en Los Angeles (LIMONAD,
2007c).
4
As condições gerais de produção impostas pelas transformações decorrentes da revolução informacional e
da acumulação flexível geram uma dispersão espacial da produção e da população. Tem-se, assim, com o
novo modelo produtivo uma reorganização do espaço social de vida e trabalho configurando, uma
estruturação territorial dispersa, em contraposição à lógica concentradora do período fordista-taylorista
anterior. Resulta daí: a) o surgimento de novas formas urbanas: um novo urbano/novo rural (urbanização
dispersa, extensiva, etc) com a formação de condomínios fechados, enclaves urbanos no campo e uma
urbanização incompleta. b) alteram-se as centralidades e a simultaneidade, rompem-se as antigas hierarquias,
formam-se novas regionalizações e alianças em diversas escalas.
5
Fonte: IBGE (2000) Aglomerações Urbanas Metropolitanas com mais de um milhão de habitantes: Belém
(1.795.536), Belo Horizonte (4.357.942), Brasília (2.952.276), Campinas (2.338.148), Curitiba (2.768.394),
Fortaleza (2.984.689), Goiânia (1.639.516), Natal (1.097.273), Porto Alegre (3.718.778), Salvador
(3.021.572), Baixada Santista (1.476.820), São Luís (1.070.688), Recife (3.337.565), Rio de Janeiro
(10.710.515), São Paulo (17.878.703), Teresina (1.008.198) e Vitória (1.438.596). Isso sem considerar que,
em 2.000, a cidade de Manaus, capital do Amazonas, concentrava 1.565.709 habitantes, correspondentes a
50,50% da população estadual.
6
Fonte: INEGI (2000). As áreas metropolitanas com mais de um milhão de habitantes do México são:
México (18.396.677), Guadalajara (3.699.136), Monterrey (3.299.302), Puebla-Tlaxcala (1.885.321), Toluca
(1.451.801), Tijuana (1.274.240), León (1.269.179), Juarez (1.218.817) e Laguna (1.007.291) (Fonte:
SEDESOL, CONAPO e INEGI, 2004). A população urbana foi calculada de acordo com a definição
censitária do Mexico (aglomerados com mais de 2.500 habitantes) e com base no trabalho de CONAPO,
(s.d.).
7 Fonte: DANE (2005). Áreas Metropolitanas: Bogotá, Cali (2.530.756), Medellin (3.312.165) (Área
Metropolitana del Valle de Aburrá), Barranquilla (1.694.879) e Bucamaranga (1.012.331)
8 Fonte: INDEC (2001). Conurbano de Cordoba (1.368.301) e de Rosario (1.161.188)
9 Fonte: INE (2001a). Área Metropolitana de Maracaibo (1.788.615) Área Metropolitana de Valencia
(1.443.853))
10 Fonte: INEC (2001). Distrito metropolitano de Quito (1399378).
11 Fonte: INE (2001b). Principais aglomerações urbanas: La Paz com El Alto (população urbana 2.552.994) e
Santa Cruz de La Sierra (população urbana 1.116.059).
12 Fonte: INEI (2005). A área metropolitana de Lima, uma das oito maiores das Américas, é constituída pelas
Provincias de Lima (6.954.517) e Callao (810.568) de acordo com o D.S.n. 011-72 - PM de 25 de abril de
1972. Provincia Arequipa (861.746), que faz parte do Departamento de Arequipa.
13 Fonte: INE (2002a). Dados da cidade de Santiago do Chile foram obtidos em
http://www.municipalidaddesantiago.cl/comuna/comuna_caracteristicas.php) área conurbada da metrópole de
Santiago (5.428.590) e cotejados CEPAL/ECLAC (2005).
14 Fonte: INE (2002b). População metropolitana calculada com base na população urbana dos municípios
componentes da Área Metropolitana da Ciudad da Guatemala (AMG) (Guatemala, Villa Nueva, San Miguel
Petapa, Mixco, San Juan Sacatepequez, San José Pinula, Santa Catarina Pinula, Fraijanes, San Pedro
Ayampuc, Amatitlán, Villa Canales y Chinautl) população total dos municipios da AMG era de 2.424.501
habitantes em 2001.
15 Fonte: DGEC. Estimativa censitária para 2007. Último censo realizado em 1992 (taxa de urbanização=
51%).
16 Fonte: INEC (2005).
17 Fonte: DGEEC (2002) e (2005) Área Metropolitana de Asunción comprende a população total do distrito
homônimo, a população total dos distritos de San Lorenzo, Lambaré, Fernando de Mora, Luque, Capiatá,
Mariano Roque Alonso e Villa Elisa; acrescida da população urbana dos distritos de Ñemby, Limpio, San
Antonio, Areguá, e de Villa Hayes.
18 Fonte: INEC (2000).
19 Fonte: INE (2004) População da Zona Metropolitana de Montevideo calculada com base nos dados de INE
(2005): Área Metropolitana de Montevideo constituida pela população urbana do Departamento homônimo e
pelas localidades de: Las Piedras, Pando, La Paz, Progreso, Juan Antonio Artigas, Paso de Carrasco, Camino
a Maldonado Km. 22.5, Solymar, Villa Crespo e San Andrés, Paso del Andaluz, Parque Carrasco, Colonia
Nicolich, Lagomar, Sauce Joaquín Suárez, San José de Carrasco, Lomas de Solymar, Toledo, Barra de
Carrasco Shangrilá, Villa Aeroparque, Villa San José, Aeropuerto Nacional de Carrasco e Instituto Adventista
todas do Departamento de Canelones.
20
Ver a respeito dessas diferenças os critérios expostos no anexo de CEPAL/ECLAC (2005)
21
As maquiladoras são fábricas contratadas por corporações transnacionais para realizar partes do processo de
produção. As corporações transnacionais abastecem as maquiladoras com produtos semi-montados, como
roupas e componentes eletrônicos para que os finalizem e exportem. (MATTSON, 2007).
22
Apenas para ilustrar a dimensão da atividade turística no Caribe, cabe destacar, segundo dados da
Organização de Turismo do Caribe, em 2002, que só Cancún e Cozumel, no Mexico, hospedaram cerca de
quatro milhões de turistas e receberam cerca de de dois milhões de passageiros de cruzeiros marítimos
internacionais.
23
O Fondo Nacional de Turismo (FONATUR) no México foi responsável pelo planejamento e implantação
de Cáncun, alémde outros pólos turísticos, com a meta de separar e os espaços e segregar os espaços turisticos
e evitar a formação de villas miseria. Ver a respeito do plano do FONATUR o trabalho de PÉREZ
VILLEGAS, G. e CARRASCAL (2000, pp. 149-153)
No caso do Brasil o PRODETUR – Nordeste, implementado a partir da década de 1990, no âmbito dos planos
federais "Brasil em Ação", "Avança Brasil", durante os governos do Presidente Fernando Henrique Cardoso,
e "Brasil para Todos", durante o governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva, teve um papel fundamental
na viabilização da Costa dos Coqueiros da Bahia como destino turístico internacional. Ver a respeito Limonad
(2007a, 2007b).
24
ver a respeito da Costa dos Coqueiros no Brasil os trabalhos de: Limonad (2007a, 2007b), e a respeito de
Cancún o trabalho de Torres & Momsem (2005).
25
Derivada da prática de planejamento governamental orientada pela visão de uma complementaridade inter
regional, que buscou dividir o Brasil em regiões especializadas (o Sudeste Industrial, o Centro-Oeste e o Sul
como fronteira agropecuária, o Nordeste com bens intermediários químicos (BA) e têxteis (CE e RN) e o
Norte como área de mineração e extração de produtos primários. (LIMONAD, 2004). Ver ainda MOREIRA
(2004).
26
Ver nota 2.
27
Wallerstein considera que para se estudar o caráter capitalista de uma sociedade é necessário fazê-lo desde
o nível de um sistema mundial, por entender que devems er deixados de lado sistemas menores.

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